A campanha “Vidas Negras” lançada pelas Nações Unidas, discute a realidade
enfrentada por milhões de brasileiros, e com um alerta, a cada 23 minutos, um jovem
negro é assassinado no brasil. Os números são do mapa da violência feito pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso). E essa população marginalizada que é o alvo da violência perpetrada tanto na colonização, passando pelo entulho da ditadura com os autos de resistências. Todos os anos mais de 40 mil pessoas são assassinadas no país destes, 23 mil são jovens negros. Até o final de 2021, se este cenário não mudar, morrerão 43 mil pessoas de 12 a 18 anos, três vezes mais negros do que brancos, de cada mil adolescentes brasileiros, quatro serão assassinados antes de completar 19 anos. A morte do jovem nem nunca comove (((Citação))) porque o negro está na marginalidade, então ele morreu porque era um precário, sem valor social. Segundo a campanha, para 56% da população brasileira, a morte violenta de um jovem negro choca menos a sociedade do que a morte de um jovem branco, percepção que retrata o como se enxerga hoje a relação entre racismo e violência. Os preconceitos aumentam a discriminação racial, e fazem com que os jovens negros sejam as principais vítimas. Segundo a ONU, para haver mudanças é preciso trabalhar a representatividade afrodescendente, e assim quebrar a indiferença com que se encara um problema que deveria ser de todos. Antes de falarmos sobre os ventres que parem filhos circunscrito à perseguição, os precários, é curioso e pretendemos nos concentrar nesse aspecto do deixar morrer, é o quão sintomático, sob o sintagma do não sujeito, a facilidade em deixar morrer, a falta de complexidade do viver bem, é colocado por Butler na perspectiva da ausência de luto produzida pelas mortes dos outros. Não é o choro e simplesmente o lamento individual, não que isso não seja importante, entretanto, para o caso em análise na obra da autora, em que tomaremos como comparação das mortes de populações árabes em bombardeios feitos pelos Estados Unidos, e de palestinos nas incursões de Israel. E se transpormos ao Brasil-São Paulo-Capão-Redondo, podemos traçar um paralelo de sujeitos sem nome, que são noticiados nos canais sensacionalistas como gente invisível, meramente números, e não identificadas e reconhecidas como vidas viáveis, ou vidas aceitáveis de serem vividas. Logo, por elas não se faz luto. Deberíamos entonces evaluar y oponer las condiciones bajo las cuales ciertas vidas humanas son más vulnerables que otras, y ciertas muertes más dolorosas que otras. ¿De dónde podría surgir un principio que nos comprometa a proteger a otros de la violencia que hemos sufrido, si no es de asumir una vulnerabilidad humana en común?
Así, si la violencia se ejerce contra sujetos irreales, desde el punto de vista de la
violencia no hay ningún daño o negación posibles desde el momento en que se trata de vidas ya negadas. Pero dichas vidas tienen una extraña forma de mantenerse animadas, por lo que deben ser negadas una y otra vez. Son vidas para las que no cabe ningún duelo porque ya estaban perdidas para siempre o porque más bien nunca "fueron", y deben ser eliminadas desde el momento en que parecen vivir obstinadamente en ese estado moribundo