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HISTÓRIA DA UMBANDA

Desenvolvido e Ministrado por Alexandre Cumino

Aula Digitada 01 Parte 04


Obs.: este documento é a transcrição fiel do discurso das vídeo-aulas, portanto poderá conter erros gramaticais
mantendo a originalidade da origem.

Origem Indígena: “O Umbandista não precisa de uma catedral, como só o gênio humano é capaz
de construir... o Umbandista precisa apenas de um pouquinho da natureza, como só Deus foi capaz de
criar”, palavras de Pai Ronaldo Linares, presidente da Federação Umbandista do grande ABC e
responsável pelo Santuário Nacional da Umbanda.
Então, o que falar sobre a origem Indígena na Umbanda? Talvez o que mais nos chame a atenção
sobre a origem Indígena na Umbanda é a Linha dos Caboclos, a presença de Caboclos, muitos dos
Caboclos na Umbanda se apresentam como índios. No entanto, é fundamental entender que nem todo
Caboclo foi índio. No entanto, apesar de que nem todo Caboclo foi índio, o grau Caboclo, essa
identificação como Caboclo tem uma ligação forte com o Orixá Oxóssi que é o Orixá das matas. E aqui a
influência Indígena da Umbanda nos mostra entre outras coisas, a percepção, o respeito por uma
cultura, assim como na influência afro, a gente pode dizer também que a Linha dos Pretos-Velhos nos
ensina entre outras coisas a respeitar uma cultura diferente, a cultura Afro e, também, respeitar o
mais velho, junto inserido na imagem do Preto-Velho está todo um contexto de um arquétipo daquele
que foi escravo nessa terra, nesse chão e que foi batizado, que reza para os Orixás e que se mantém
Cristão ao mesmo tempo. Na presença do Caboclo a gente percebe o amor à natureza, o contato com a
natureza, o respeito à cultura Indígena e a identificação de que essa cultura Indígena, que essa
influência Indígena na Umbanda nos fala de uma forma de enxergar a vida de uma maneira mais
natural, mais simples, a simplicidade da vida. Quando eu digo que nem todo Caboclo foi índio entre
outras coisas a gente pode citar a manifestação do Caboclo das Sete Encruzilhadas, quando ele
incorporou pela primeira vez em Zélio de Moraes, Caboclo das Sete Encruzilhadas, ele diz assim: “Que
ele foi o Frei Gabriel de Malagrida”, então, perguntam pra ele, qual é o seu nome? Ele diz: -“Se eu
preciso ter um nome me chamem de Caboclo das Sete Encruzilhadas porque não haverão caminhos
fechados para mim” - Então, ali quando ele diz: “...não haverão caminhos fechado, que ele é o Caboclo
das Sete Encruzilhadas”, ele está revelando que esse nome é simbólico. O nome “Sete Encruzilhadas”
simboliza os sete caminhos que existem, que vão se relevar como os sete sentidos da vida. Então, ele é
o Caboclo que trabalha nos sete sentidos da vida, nos sete caminhos e que nesses sete sentidos da vida
do ser, do ser humano não haverá caminhos fechados. Isso tudo é extremamente simbólico, Caboclo das
Sete Encruzilhadas nunca foi nome de batismo, ele diz que em alguma encarnação já teria sido índio
mas não necessariamente alguém precisa ter sido índio para se chamar ou se identificar como Caboclo
Pena Branca, Pena Vermelha, Pena Amarela, Pena Roxa porque não foi nome de batismo ou Caboclo
Sete Penas. E mesmo um Caboclo Ubirajara ou um Caboclo Cobra Coral ou Caboclo Araribóia que é
conhecido na história do Brasil, existiu o Caboclo Araribóia, mas, quantos médiuns incorporam Caboclo
Araribóia, Ubirajara, Urubatão, Icaraí milhares e milhares e milhares de médiuns, onde esse nome é
uma chave. O nome do Caboclo revela qual força, qual campo ele trabalha. Por isso, a gente indica o
curso de “Teologia de Umbanda” pra fazer isso tudo de uma forma mais profunda. Onde Caboclo Pena
Branca esse nome diz que ele é um Caboclo de Oxóssi na vibração de Oxalá, Pena Vermelha – Caboclo
de Oxóssi na vibração de Ogum, Caboclo Sete Montanhas – Caboclo de Xangô, Caboclo Sete Pedreiras –
Caboclo de Xangô e de Iansã, então, os nomes são simbólicos.
Então, as entidades de Umbanda são entidades anônimas se identificando por meio de nomes
extremamente simbólicos. A presença do Caboclo, ela lembra sim, a presença de uma cultura Indígena,
ela é influência Indígena, mas, não apenas o Caboclo. Essa cultura, esses valores das práticas do índio,
prática religiosa do índio. O que é prática religiosa do índio? É Xamanismo. Então, meus irmãos a
Umbanda tem em si muito do que ancestralmente foi praticado por Xamãs, aqui no Brasil por Pajés. O
que é de mais próximo de cultura Indígena da Umbanda, a gente pode citar o Catimbó. O Catimbó é
uma religião que surge no Nordeste, que é muito praticada no Pernambuco, que tem na cidade de
Alhandra uma das suas fontes principais o Catimbó como religião, ele é o encontro da cultura do Índio
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com a cultura do Europeu. Mas de qual cultura Indígena? A cultura do ritual do Toré. Então, existe um
ritual Indígena chamado Toré, que é aquele no qual os índios bebem, tomam uma bebida sagrada de
Jurema – e olha a palavra, Jurema, é o nome de uma árvore, é nome de uma bebida, é o nome de um
ritual – o Catimbó é chamado de a Linha dos Mestres da Jurema e Jurema é, também, o nome da
Cabocla Jurema. Então, Jurema é muito presente na Umbanda, a influência Indígena é muito presente
na Umbanda. O encontro da cultura do índio com o Europeu fez surgir o Catimbó e a gente vai ver no
Catimbó semelhanças incríveis com a Umbanda. Catimbó não é Umbanda, mas é uma religião, deve ser
respeitada e é muito semelhante com a Umbanda. Inclusive, no Catimbó nós vimos a manifestação de
Caboclos que também se manifestam na Umbanda. Eu vejo Caboclo Tupinambá trabalhando no
Catimbó, Maria Padilha trabalhando no Catimbó, mas, também, vejo no Catimbó a presença de Mestre
Carlos, Mestre Bem-Te-Vi, Mestre Tertuliano, Mestre Caolho e vejo no Catimbó a presença do Mestre Zé
Pelintra, que é um Mestre do Catimbó, que vem trabalhar na Umbanda, que trabalha na Linha de Preto-
Velho, na Linha de Exu, na Linha de Baiano, em qualquer Linha porque ele é um Mestre do Catimbó.
Então, a Umbanda também recebeu influência da cultura Indígena, a Umbanda também canta pra
Jurema, a Umbanda também fala do Juremar, a Umbanda fala das ervas da Jurema, a Umbanda traz
esse universo rico da natureza e nos leva para buscar na natureza os valores de nossos Pais e Mães
Orixás. Então, Umbanda recebeu influências do, desse Xamanismo Indígena, da cultura Indígena. E,
diga-se de passagem, o Xamanismo entre todas as religiões, o Xamanismo é a religião mais antiga que
ainda é praticada pelo homem. A palavra Xamã, Xamanismo vem da cultura Siberiana e ela identifica
esse homem que entra em transe. O que é o Xamã? É esse praticante, esse místico que quando ele
entra em transe ou o espírito do Xamã sai do corpo e vai para outros mundos buscar informações, ou o
corpo do Xamã é visitado por um outro Espírito. Então, de forma milenar, desde que o mundo é mundo,
que homem é homem, já existia o Xamanismo como a prática mais antiga e milenar espiritual e
religiosa do homem que é o Xamanismo. E no Xamanismo nós vamos encontrar o Xamã incorporando
espírito. E isso do ponto de vista de cultura Indígena é também a prática do índio, na qual, o Pajé
incorpora espírito, o Pajé fale com espírito, o Pajé faz uma magia. E a gente encontra, e aí tem um
ponto entre a Umbanda e a sua raiz Indígena, a Umbanda e sua influência Indígena. Então, a Umbanda
reverência à natureza, ensina o respeito por todas as culturas e traz como um dos seus valores essa
cultura, essa riqueza cultural Indígena. E não apenas porque a cultura Brasileira é fruto dessas culturas,
mas, também uma homenagem, é também uma homenagem àquele que era o dono da terra, uma
homenagem àquele que já existia nessa terra antes do Europeu aqui aportar, com todos os seus valores
e, também, é uma homenagem às culturas nativas, a cultura nativa de todos os outros continentes, a
cultura nativa da América do Norte, da América Central, da América do Sul, a cultura nativa de Maias,
de Incas e de Asteca e uma lembrança de que mesmo as práticas nativas e os praticantes de religiões e
religiosidade nativas, desse e de outros continentes também tem uma porta aberta na religião de
Umbanda para se manifestar. Por meio da Linha de Caboclos, a gente recebe espíritos que já foram
índios, já foram nativos de muitas outras culturas e recebemos espíritos acima de tudo, que não
importando quais foram suas outras encarnações se identificam com o mistério de Oxóssi, se
identificam com esse mistério, com esse grau e tem outorga (licença) para se manifestar como Caboclo
na religião de Umbanda aonde uma ou outra palavra nativa é utilizada, mas, principalmente, se vê
muitas vezes o respeito a Deus pelo nome de Tupã. Então, sendo ou não índio ou Indígena, Caboclo nos
traz alguns valores de uma cultura da terra, de uma cultura simples, de amor à terra que é essa cultura
nativa ou Indígena.
Muito obrigado e até o próximo bloco.

DIGITAÇÃO – Equipe Umbanda EAD

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