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São Paulo, Segunda-feira, 27 de Setembro de 1999

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Rio (dia 5) e SP (dias 6 e 7) recebem récitas de um dos


melhores conjuntos sinfônicos da história
Filarmônica de Viena vem ao Brasil
em outubro
Associated Press

Regidos por Lorin


Maazel,
componentes da
Orquestra
Filarmônica de
Viena se
apresentam no
Concerto de Ano
Novo de 1995, em
Viena

JOÃO BATISTA NATALI


da Reportagem Local

A Orquestra Filarmônica de Viena, considerada há mais de


um século e por ampla unanimidade como um dos melhores e
mais importantes conjuntos sinfônicos do mundo, vem ao
Brasil no começo de outubro para três récitas (duas em SP,
uma no Rio).
O primeiro concerto será apresentado no dia 5, no Teatro
Municipal do Rio. Depois, dias 6 e 7, é a vez de SP ver/ouvir
a Filarmônica, na Sociedade de Cultura Artística.
As duas récitas paulistanas serão na Sala São Paulo, da
Estação Júlio Prestes, com ingressos já esgotados. Só é
possível obter entradas para o concerto no Rio.
A filarmônica esteve pela última vez no Brasil no início dos
anos 20. Chegará agora com 123 músicos, sob a regência de
Lorin Maazel, 69, e com dois programas. No primeiro,
composições de Brahms, Ravel e Stravinski. No segundo,
peças de Richard Strauss, cujos 50 anos de morte estão sendo
comemorados e que foi, entre 1906 e 1944, um dos regentes
mais convidados pela orquestra.
A exemplo da Filarmônica de Berlim -que chegará ao Brasil
pela primeira vez no ano que vem, na temporada do
Mozarteum Brasileiro-, a Filarmônica de Viena é um
paradigma obrigatório na história do sinfonismo.
Criada em 1842, coube a ela as primeiras interpretações
públicas de cerca de 50 obras de primeira linha no repertório
mundial, como duas das quatro sinfonias de Brahms, de
quatro das nove sinfonias de Bruckner e da "Sinfonia nº 9",
de Mahler (1912).
Esses marcos não seriam mais que saudosismos se os seus
músicos não tivessem se preservado, após episódios
traumáticos, como o esfacelamento do Império Austro-
Húngaro ou a anexação da Áustria pela Alemanha nazista,
como referência da excelência musical, como agentes da
identidade cultural de um país de dimensões hoje
relativamente modestas no centro da Europa.
Para tanto, pesa a manutenção de uma forte cultura interna,
responsável por uma sonoridade peculiar, em que os
instrumentistas mais experientes emergem entre os recém-
contratados.
A filarmônica mantém uma ligação bastante estreita com a
Ópera Estatal de Viena. A ópera tem por atribuição selecionar
os candidatos que integrarão os naipes da orquestra. Em troca
disso, são os músicos da orquestra que participam de suas
montagens líricas -cerca de 50 por ano, com em média sete
récitas cada uma.
Essa dupla vocação -ópera e concerto- permite que a
filarmônica não perca em momento algum seu estilo
"narrativo", o que supõe uma utilização mais sutil e carregada
de cores de seus metais e um fraseado bastante diferenciado
das cordas.
Essas características tornam a sonoridade de Viena facilmente
reconhecível, cortejada pelos compositores e atraente para
qualquer solista de prestígio.
Viena é uma cooperativa autogerida. E que optou, desde
1933, por não ter um diretor musical. Está sempre aberta a
uma pluralidade de influências, sem sucumbir às
idiossincrasias de um único grande maestro.
É por fim uma das mais prestigiadas instituições artísticas
européias. Foi objeto de 39 livros. E, como produto austríaco
de exportação, realiza o Concerto de Ano Novo -não é
comprado por nenhuma TV brasileira-, que atinge todo ano
entre 800 milhões e 1,2 bilhão de telespectadores.

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