Você está na página 1de 27

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO

INSTITUTO DE CIÊNCIAS NATURAIS E TECNOLÓGICAS


DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM
CURSO DE ENFERMAGEM
DISCIPLINA: PROCESSO DE CUIDAR II: SEMIOLOGIA E SEMIOTÉCNICA

DOCENTE: PROFª ESP. SOLANGE DA SILVA LIMA

TEMA:FUNDAMENTOS TEÓRICOS E SONDAGEM VESICAL DE DEMORA, DE ALÍVIO E


IRRIGAÇÃO VESICAL
CARGA HORÁRIA: 5HS

ANATOMIA URINARIA:

Todo o sangue bombeado pelo coração é filtrado pelos rins constantemente.


Aproximadamente 1% do volume filtrado nas 24 horas torna-se urina. A urina é composta
quase que totalmente por água. O organismo elimina não só o excesso de água, mas também
toxinas, eletrólitos (particularmente o sódio e o potássio) e medicamentos. Este processo tem um
objetivo: o de manter o corpo em equilíbrio, proporcionando condições para as atividades
corriqueiras. Juntamente com o fígado, os rins são os principais depuradores do nosso organismo.
Para pessoas que não têm problemas na micção (ato de urinar), este é um evento tão corriqueiro que
até passa despercebida. De modo geral e em condições normais, o indivíduo urina de 4 a 8 vezes
durante o tempo de vigília (período em que está acordado) e não acorda à noite para urinar, embora
levantar uma vez não seja considerado anormal.
Uma vez formada, a urina é transportada dos rins para a bexiga através dos ureteres, que são
condutos que unem estes dois órgãos. A bexiga, por sua vez, cumpre outro papel: o de
armazenamento urinário. Se assim não fosse, toda a urina produzida seria constantemente
eliminada, tornando a vida seriamente inconveniente e desconfortável. Entretanto, para que a bexiga
armazene de modo competente a urina sem que haja vazamentos, uma estrutura complexa é
necessária: a uretra.
Esta não é somente um conduto que transporta a urina da bexiga ao meio exterior. Nela
existem mecanismos de controle da micção chamados esfíncteres. Desses mecanismos, parte
depende da vontade do indivíduo (voluntário), portanto, controláveis, e parte têm caráter automático
e inconsciente, exercido sob o comando do sistema nervoso autônomo (involuntário).
A rigor, qualquer problema neurológico que tenha repercussão no sistema urinário, pode
resultar em Bexiga Neurogênica (BN) de variados tipos e graus. Mas também há pacientes que
apresentam alterações urinárias compatíveis com BN, entretanto, sem ser identificada uma causa
neurológica. Neste caso. a denominação passa a ser Bexiga Neurogênica Não-Neurogênica ou
idiopática (de causa desconhecida). Independente de ser congênita ou adquirida, as causas mais
frequentemente responsáveis por BN em meu dia-a-dia como Urologista são: Acidente Vascular
Cerebral (AVC), Trauma Raquimedular (TRM), Trauma Crânio-encefálico (TCE), Doença de
Parkinson, Doença de Alzheimer, Esclerose Múltipla, Tumores do SN, Paralisia Cerebral,
Mielomeningocele (MMC), Mielorradiculopatias e Neuropatia Diabética. Certamente há outras
causas, menos frequentes, que serão abordadas posteriormente.
A denominação Neurogênica significa: de origem neurológica (genesis: origem, natureza).
Embora não seja apropriado, já que, concomitantemente, além das desordens neurogênicas da
bexiga, há também as do mecanismo esfincteriano uretral, a denominação é internacionalmente
adotada. Congrega os distúrbios urinários decorrentes das mais variadas alterações neurológicas.
Essas alterações podem estar relacionadas ao sistema nervoso central (encéfalo e medula espinhal)
ou periférico (nervos). As causas podem ser: degenerativas, vasculares, tumorais, infecciosas,
traumáticas, metabólicas ou auto-imunes. A intensidade dos distúrbios urinários está diretamente
relacionada ao tipo, grau e localização da afecção neurológica. Basicamente há duas classes de
sintomas urinários resultantes: retenção ou incontinência. Ocasionalmente pode haver, em um
mesmo paciente, alternância ou simultaneidade dessas alterações.
Até há duas décadas, os conhecimentos sobre funcionamento do sistema urinário eram
limitados, resultando em enganos de diagnóstico e de condução terapêutica. Entretanto, com a
rápida e consistente evolução da Medicina em todas as suas áreas, a fisiologia da micção começou
a ser revelada com maior clareza. Ainda falta muito a ser esclarecido, porém, hoje, está à nossa
disposição uma elevada gama de informações, permitindo diagnósticos mais precisos e tratamentos
mais eficazes. E mais: as previsões dos eventos médicos de determinadas doenças, que podem
ocorrer em curto, médio e longos prazos, está bem mais confiável. Isto é denominado prognóstico.
Desta forma, fica cada vez mais claro que, como em qualquer outra área, a prevenção de
complicações clínicas precoces e tardias, aliada a uma melhor qualidade de vida, é um dos mais
importantes objetivos da Medicina, senão o principal. Ao longo das semanas, várias matérias,
considerações e atualizações em Bexiga Neurogênica serão reportas nesta página। Participe
perguntando, relatando experiências, enviando novidades, sugerindo ou corrigindo.

Disfunção miccional 

Bexiga Neurogênica

Controle neurológico do trato urinário inferior (TUI) 

 Complexo
 Integra vários sistemas em diferentes níveis.
o Armazenamento.
o Esvaziamento.
o Controle adequado.

O ciclo da micção 

 O armazenamento de urina e a micção ocorrem através de uma atividade coordenada


envolvendo:
o Bexiga (músculo liso)
o Uretra (músculo liso e estriado)
o Assoalho pélvico (músculo estriado)

 Viktrup L, et al. Prim Care Update Ob/Gyns 2003;10:261-4


 

O ciclo normal da micção 

Viktrup L, et al. Prim Care Update Ob/Gyns 2003;10:261-4


Inervação do trato urinário  

Receptores muscarínicos e nicotínicos 

Receptores alfa adrenérgicos 

Outros

Classificação das disfunções miccionais. 

SIC - Descreve o comportamento do detrusor e da uretra.

 Detrusor
o Normal
o Hiperativo- Instável, Hiper-reflexo
o Hipoativo – Hipocontráctil, Arrefléxico

 Sensibilidade
o Normal
o Hipersensibilidade
o Hiposensibilidade

 Uretra
o Normal
o Hiperaciva
 - Sincrôca com o detrusor
 Assincrônica com o detrusor
 Não relaxamento do colo vesical
 Dissinergia do esfíncter externo
o Hipoativa

Etiologia da disfunção miccional crônica 

Classificação etiológica da disfunção miccional crónica.  

 Orgânica  
o Neurológica  
o Não neurológica  
 Inflamações (cistite intersticial)  
 Infecções (TBC, cistite)  
 Enfermidades do TUI (HBP, estenose uretral, esclerose do colo, etc.)  
 Lesões postraumáticas  
 Lesões congênitas (valvulas de uretra posterior)  
 Neoplasias  
 Funcionais  
o Alterações miogênicas  
o Alterações dos reflexos miccionais  
o Alterações da neurotransmissão  
 Psicológicas  

História 

 Dificuldades.
 Diários miccionais.
 História.
o Doenças neurológicas.
o Trauma
o Cirurgias
o Outras doenças.
o Alterações concomitantes
o Medicações concomitantes.
 Freqüência, urgência, urge-incontinência, manobras que desencadeiam a micção, jato
urinário

Exame Físico 

 Exame urológico.
 Status mental.
 Exame motor.
 Exame do sensório.
 Reflexos.

Exames Laboratoriais 
 Exames laboratoriais (infecção, hematúria, proteinúria).

 Provas de função renal.


o Ureia.
o Creatinina.
o DCE.
o Cintilografia

Exames de imagem, endoscopia. 

 Trato urinário superior

 Trato urinário Inferior

Urodinâmica. 

 Avaliação urodinâmica é a reprodução dos sintomas  do paciente sob condições


controladas. 

 Caracterização da função do detrusor e da função esfincteriana.

 Indicação formal na suspeita de disfunção neurológica


Urofluxometria. 

 Registro do resultado entre dois parâmetros desconhecidos (contração vesical e resistência


ao fluxo da urina).

Normal 

Intermitente sugerindo micção através de Valsalva 

Inespecífico

Cistometria. 

 Avaliação componente passivo durante o enchimento.


 Valor limitado como procedimento isolado.
o Estudos miccionais.
o Vídeo.

Detrusor normal.  

o Armazenamento, pressão.
o Ausência de contrações involuntárias.
o Micção, contração adequada.
o Supressão voluntária.

Bexiga estável

Detrusor hiper-reativo. 

o Contrações involuntárias
o Armazenamento, pressões elevadas.
 Hiperatividade.
 Baixa complacência.

Contrações não-inibidas 

Diminuição da complacência 

Dissinergia

Detrusor hipo-reativo.  

o Ausência de atividade não inibida.


o Contração inadequada.

 arreflexia.
 bexiga não-contrátil
Uretra 

 Mecanismo de fechamento normal.


o Esfíncter competente em qualquer atividade.
o Relaxamento durante a micção.

 Deficiência esfincteriana.

 Dissinergia detrusor-esfincteriana

Distúrbios neurológicos, fisiopatologia 

 Lesão do neurônio motor inferior.

o Infra-sacral

 Lesões do neurônio motor  superior

o Supra-sacral
o Intracraniana

Lesão infra-sacral 

Etiologia 

 Traumatismo medular.
 Iatrogênica
 Agenesia sacral
 Mielite
 Herpes Zoster
 Tabes dorsalis
 carcinoma metastático

 Doença de disco vertebral


 Estenose espinhal
 Diabete
 Deficiência de vit. B12
 Mielodisplasia
 Esclerose múltipla

Lesão Infra-sacral - Clinica 

 Sensação preservada e incapacidade de esvaziar  (BN motora (BNM).


 Esvaziamento preservado sensibilidade comprometida (BN sensitiva (BNS).
 Geralmente lesões mistas.
 Complicações:
o BNS  crônica          comprometimento motor.
o BNM crônica          perda de sensibilidade.
Lesão Medular - História 

 Incont.urinária sem sensação de enchimento ou urgência miccional.


o A incont. ocorre por interrupção das fibras inibitórias da córtex, ponte e gânglio
simpático resultando em atividade sacral reflexa independente.
o Perda de sensação ocorre por interrupção das fibras ascendentes da coluna dorsal.

Lesão medular alta 

 Lesões acima de T6 :     


 disreflexia autonômica com cefaléia,
 corrimento nasal,
 sudorese,
 rubor,
 elevação da Ta,
 bradicardia e vasodilatação reflexas.                      

Lesões Intracranianas (Suprapontinas). 

Etiologia 

 Doença cérebro-vascular
 Parkinson
 Tumor cerebral
 Demência
 Esclerose múltipla
 Encefalite

 Coréia de Huntington
 Ataxia cerebelar
 Hidrocefalia com pressão normal.
 Shy-Drager.

Lesão Suprapontina - História 

 Freqüência urinária e urgência com ou sem incontinência. A bexiga se contrai com pequeno
volume .
 Pacientes detectam um súbito desejo miccional e freqüentemente são incapazes de controlar
em tempo.
 Função cognitiva comprometida e urinam em condições sociais inapropriadas.

Tratamento - Objetivos 

 Preservação ou melhora do Trato Urinário Superior.


 Ausência ou controle da infecção.
 Armazenamento adequado com baixa pressão
o (abaixo de 40 cm de H2O).
 Esvaziamento adequado com baixa pressão.
 Controle adequado.
 Ausência de coletores ou estomas.
 Boa adaptação e integração social.

Tratamento - O Paciente 

 Prognóstico da doença.
 Fatores limitantes.
 Status mental.
 Motivação.
 Desejo de permanecer sem dispositivos ou coletores.
 Atividade sexual.
 Confiança.
 Educação.
 A família: Interesse, confiança, cooperação.
 Aspectos econômicos
 Idade

Facilitando o armazenamento - Anticolinérgicos 

 Redução das contrações involuntárias de qualquer etiologia.


 Redução da sintomatologia.
 Aumento do volume,mas pode não haver mudança do tempo de alarme.
 Resultado? Em pacientes com diminuição da complacência.
 Parece não afetar resistência uretral.
 Resistência à atropina (liberação de neurotransmissores excitatórios não-colinérgicos).

Tolterodina 

 Tolterodine-Detrusitol®
 Maior especificidade M2
 Menor atividade M3(<secura na boca)
 1/2 vida 4 horas-diferenças relacionadas ao metabolismo hepático.
 Doses usuais 1-2 mg 2x/dia
 Detrusitol LA(cápsulas de liberação lenta): 4 mg/dia.

Retiradas devido a efeitos adversos 

Tolterodine - tolerância

Ditropan XL 

 Cápsulas de oxibutinina com liberação lenta.


 Ação por 24 horas.
 Concentrações plasmáticas estáveis após 3 dias de uso contínuo.
 Incidência de eventos adversos semelhante à Tolterodina.
 Dose usual para adultos: 10 mg/dia
Darifenacin 

 Antagonista M3 altamente seletivo.


 Menor incidência de efeitos colaterais.
 Doses usuais 7,5 a 15 mg/dia.
 Ainda não disponível no Brasil

Facilitando o armazenamento - 

 Efeitos colaterais.
o Boca seca.
o Diminuição da transpiração.
o Visão borrada.
o Taquicardia.
o Sonolência.
o Hipotensão postural (bloqueio ganglionar).
o Impotência (altas doses).
 Contra-indicado em pacientes com glaucoma ou severa obstrução do T.U.I.

Tratamento medicamentoso intravesical   

 Realizado através de instilação intravesical de substâncias.

 Mais utilizadas.
o Oxibutinina
o Capsaicina
o Resiniferotoxina.

Tratamento medicamentoso por aplicações na parede vesical  

 Toxina botulínica.

o Aumento da capacidade cistométrica.


o Continência em até 80% dos pacientes com lesão medular.
o Diminuição da necessidade de anticolinérgicos.
o Efeitos transitórios (9 meses), tratamento deve ser repetido.
o Poucos efeitos colaterais.

Tratamento - detrusor hiperativo. 

 Cirúrgico.
o Rizotomia
o Ampliação vesical.
o Substituição vesical.
 Morbidade.
 Cateterismo intermitente: esvaziamento incompleto ocorre em 50%
dos pacientes.
 Muco.
 Infecção urinária.
 Tumores (10 a 20 anos).

Contornando o problema. 

 HORMONIO ANTIDIURÉTICO.
o Spray intranasal – 10 a 40 µg.
o VO – 100 a 400 µg.
o Efeito por 7 a 12 horas.
 Restrição hídrica.
 Diuréticos

Promovendo o esvaziamento

Aumento da contratilidade -  

Parassimpaticomiméticos. 

 Acetilcolina.
o Sem uso clínico devido a sua ação central e ganglionar.
o Rapidamente hidrolisada pela acetilcolinesterase.

Aumento da contratilidade -  

Parassimpaticomiméticos. 

 Cloridrato de Betanechol (Liberan ®).


o Ação relativamente seletiva sobre a bexiga e intestino com pequeno efeito
cardiovascular.
o Colinesterase resistente.
o Efeitos diferentes sobre  o músculo liso atônico, descompensado ou normal.
o Uso indicado em lesões do neurônio motor inferior.
o Dose: Adultos 100 a 200 mg/dia.

Aumento da contratilidade -  

Parassimpaticomiméticos. 

 Metoclopramida (Plasil ®).


o Antagonista da dopamina com propriedades colinérgicas:
 aumentando a liberação de acetilcolina
 sensibilização dos receptores muscarínicos do músculo liso.
o Estudo preliminares: aumento da contratilidade do detrusor Mitchell & Venable
1985.

Contrações reflexas. 
 Em muitos casos de traumatismo raquimedular ou doenças caracterizadas por hiper-reflexia,
a estimulação certas áreas correspondentes aos dermátomos sacrais e lombares pode
promover contrações vesicais reflexas.

o Estimulação rítmica efeitos de somação nos receptores de tensão da parede vesical


resultando em descarga aferente que ativa o arco reflexo vesical.

Compressão externa, Valsalva 

 Credé (compressão manual da bexiga)


o Mais efetiva em pacientes com hipotonia e resistência uretral diminuída ou próxima
ao normal podendo gerar uma pressão de 50 cm de H20.
 Valsalva
 Refluxo contraindicação relativa.
 Não deve ser usado em pacientes com diminuição de complacência (pressões intravesicais
elevadas e risco de dano ao trato urinário superior).

Diminuindo a resistência ao esvaziamento - alfa-bloqueadores. 

Doxazosina

    Unoprost 2-4 mg/dia

    Carduran XL® comprimidos de 4 mg liberação lenta. 

 Alfasozina (Xatral OD®)


o Dose:  10 mg 1x/dia  

 Tamsulosina (Secotex®, Ominic®, Contiflo OD®

    Dose 0,4 mg 1x/dia. 

Alfa-bloqueadores. 

 Alfazozina (Xatral OD®)


o Dose:  10 mg 1x/dia

 Tamsulosina (Secotex®)

    Dose 0,4 mg 1x/dia

Diminuindo a resistência ao esvaziamento ao nível do  Esfíncter estriado 

 Benzodiazepínicos.
o Ação predominante no SNC.
o Potencializa a ação do GABA nos sítio pré e pós sinapticos.
o Diazepam(Valium®) 4-40 mg/dia, Lader 1987.
o Poucos estudos comprovando a eficácia.
o Provavelmente ineficientes no controle da dissinergia detrusor esfincteriana clássica.

Diminuindo a resistência ao esvaziamento ao nível do Esfíncter estriado 

 Baclofen.
o Ação predominante ao nível do SNC
o Agonista GABA
o Dose inicial: 5 mg 2x/dia com aumento a cada 3 dias até máximo de 20 mg 4x/dia
o 73% dos pacientes com disfunção secundária a trauma medular agudo e crônico,
apresentam respostas. Florante et.al. 1980.
o EC: insônia, vermelhidão, prurido,cansaço, fraqueza.

Diminuindo a resistência ao  nível do Esfíncter estriado 

 Dantrolene (Dantrium®).
o Ação periférica: promove  a liberação intracelular de cálcio inibindo a excitação-
contração.
o Bloqueio da liberação do cálcio não é completo e a contração nunca é abolida
completamente.
o Redução do reflexo maior que da contração voluntária, provavelmente por maior
ação nas fibras tipo rápido.
o Dose: Adultos 25 mg/dia, aumentos de 25 mg cada 4-7 dias até máximo de 400mg
em 4 doses.
o EC:fraqueza, sudorese, euforia, diarréia, hepatotoxicidade (2x/maior em mulheres).

Facilitando o esvaziamento 

 Esfincterotomia.
 Indicações: falhas com anticolinérgicos e autocateterismo.
 Objetivos:
o  Estabilização ou melhora da função renal.
o Estabilização ou cura do refluxo vesico-ureteral.
o Controle da infecção.
o Diminuição do leak point.
o Preservar a complacência.
o Eliminar o autocateterismo.

Falhas de esvaziamento 

 Esfincterotomia

     resultados.

o 70-90%,
 Barret et al, 1998.

    complicações
o hemorragia 12 a 26% (transfusão 5-20%)
o disfunção erétil 3 a 65%.
 Chancellor et al, 1999. 

Falhas de esvaziamento 

 Esfincterotomia medicamentosa.
 Toxina botulínica-A.
o Schurch et al 1996.
 21 de 24% melhora com diminuição  significativa do RPM.
 Efeitos 3 a 9 meses.
 Reações alérgicas e imunes infreqüentes. 

Falhas de esvaziamento. 

 Stent uretral - UroLume®.


o Resultados semelhantes esfincterotomia
 Complicações     
 Estenose 3,1%.
 Incrustração 6%. 
o Sucesso 5 anos.
 71.9% - 1 stent.
 21,9% - 2 stent.
 6,2% - 3 stent.
 Chancellor et al, 1999.

Falhas de esvaziamento. 

 Cistoplastia de redução.
o Ressecção do doma vesical.
o Algum sucesso na bexiga hipotônica ou atônica.
o As vezes associada a incisão do colo vesical em homens.
 Mioplastia vesical.

Falhas de esvaziamento 

 Estimulação sacral seletiva.


o Resultados persistentes após 6 meses.
 Shaker and Hassouna,J Urol 159:1476-1478, 1998.
 20 pacientes:
 Fluxo pré 0 ml/s, pós médio: 13,9 ml/s.
 Resíduo médio pré: 78% do volume miccional, pós: 5 a 10% e menor que
100ml em todos os pacientes.

 
 CATETERISMO INTERMITENTE.
o Manter volumes fisiológicos.
o Cuidados gerais.
o Sonda 12 – 14 Fr.

 Complicações:
 Falsa via.
 Perfuração vesical.

Cateterismo intermitente

Facilitando o armazenamento Aumentando o resistência uretral. 

 Fármacos.
o Agentes alfa-adrenérgicos
o Antidepressivos tricíclicos.
o Duloxetina
o Antagonistas beta-adrenérgicos.
o Estrógeno.

Aumentando a resistência uretral 


 Efedrina.
o Liberação periférica de NA
 25 a 50 mg 4x/dia.
 Pseudoefedrina (Sudafed ®).
o 30 a 60 mg 4 x/dia.
 Imipramina.
o Também diminuição da contratilidade vesical.
o 75 mg/dia.

 Aumentando a resistência uretral 


 Cloridrato de Fenilpropanolamina (Descon®).
o Propriedades da Efedrina com mesmo efeito periférico e menor estimulação central.
o 25 a 50 mg e cápsulas de liberação lenta com 75 mg.
o Dosagem: 50 mg 2x/dia.
 Midodrin.
o Longa ação.
o 5 mg 2x/dia.

Duloxetina 

 Inibidor da recaptação de serotonina e noradrenalina.


 Ação predominantemente central, segmento sacral da medula (pudendo), estimulando o
esfíncter estriado.
 Ação secundária periférica estimulando a musculatura lisa uretral.
o Incontinência urinária de esforço

Facilitando o armazenamento – cirurgia uretral 

 Suspensão vesico-uretral.
 Sling.
 Fechamento do colo vesical.
 Esfínter artificial.
 Reconstrução do colo vesical.
 Mioplastia para reconstrução funcional do esfíncter.  

Contornando o problema. 

 HORMONIO ANTIDIURÉTICO.
o Spray intranasal – 10 a 40 µg.
o VO – 100 a 400 µg.
o Efeito por 7 a 12 horas.
 Restrição hídrica.
 Diuréticos

Compressão não cirúrgica. 

 Dispositivos vaginais oclusivos.


 Presários.
 Plugs uretrais.
 Microbalões peri-uretrais.
 Teflon.
 Colágeno.

Importante 

 Seja qual for a forma de tratamento utilizado, a pressão intravesical deverá permanecer
baixa, preservando a função do trato urinário superior

Mudança do tratamento 

 Deterioração do trato urinário superior.


 Infecção recorrente ou febre.
 Deterioração do trato urinário inferior.
 Armazenamento inadequado.
 Esvaziamento inadequado.
 Controle inadequado.
 Efeitos colaterais.
 Alterações cutâneas provocadas por dispositivos ou secundárias à incontinência.

A bexiga tem a capacidade de distender progressivamente com um discreto aumento da pressão,


propriedade essa conhecida como complacência. Não se sabe até que ponto a complacência
representa um fenômeno miogênico ou neurogênico. A medida que a bexiga enche, ocorre um
aumento da atividade do nervo pudendo que resulta em contração do assoalho pélvico (Reflexo
Guardião), ambos controlados através de centro pontinos. Vias descendentes serotoninérgicas
parecem inibir os motoneurônios vesicais, aumentar a contração do assoalho pélvico e diminuir  o
impulso aferente a nível sacral.
A micção está primariamente sobre controle parassimpático com modulações oriundas do tronco
cerebral e centros corticais. Em condições apropriadas as inibições suprapontinas são suprimidas e
centro pontino é a tivado induzindo a micção. O relaxamento do assoalho pévico é mediado por
interneurônios GABA-nérgicos nos segmentos sacrais, sob controle do núcleo de Barrington. Há
evidências sugerindo que o relaxamento do músculo liso uretral é mediado pela liberação de óxido
nítrico. 

Os achados clínicos tipicamente dependem da localização da lesão, entretanto, freqüentemente os


pacientes com lesões neurológicas se apresentam com alterações complexas que resultam de lesões
completas e incompletas nos vários níveis de controle do trato urinário inferior. Muitas vezes os
pacientes são avaliados tardiamente e apresentam alterações resultantes de complicações como
refluxo vesico-ureteral, infecções urinárias, insuficiência renal, etc.

A obtenção da história pode ser dificultada por  alterações do humor, afasia ou demência.

Diários miccionais podem ser muito úteis caracterizando hábitos alimentares, freqüência, volume
das micções, urgência, episódios de urgência, urge-incontinência, dor, etc.

A função sexual deve ser avaliada. 95% dos pacientes com lesões supra-sacrais apresentam ereções
reflexas , porém a disfunção erétil, quando presente, pode traduzir problemas vasculares  não
relacionados à lesão neurológica.

A presença de obstipação pode comprometer a função ao do trato urinário , abolindo o reflexo


miccional, resultando em dificuldade de esvaziamento vesical, especialmente em homens. 

A avaliação urodinâmica engloba medidas de extrema simplicidade como o registro de diários


miccionais até complexas avaliações monitorizadas por microcomputadores ligados a periféricos
que convertem as variações de pressão em dados. O estudo pode ser acompanhado através de
imagens obtidas por intensificadores de imagem e/ou ecografia, permitindo uma avaliação visual da
pelve e trato urinário  inferior. Conceitualmente pode-se entender as conseqüências de lesões
completas em vários níveis do sistema nervoso.

A transecção medular suprasacral completa não só elimina qualquer inibição de centros


suprapontinos mas  também, resulta em perda do atividade pontina facilitatória comprometendo a
sustentação da contração vesical. A função do esfíncter uretral estriado também é afetada levando a
uma “dissinergia”entre a contração vesical e o relaxamento dessa estrutura. 

Lesões supra-pontinas resultam hiper-reflexia vesical uma vez que há uma abolição das influencias
suprapontinas inibitoras. Como regra, não há dissinergia detrusor-esfincteriana.

Lesões infrasacrais incluindo o cone medular afetam primariamente a inervação periférica ou o arco
reflexo sacral. Podem ser motoras e ou sensitivas e, dependendo da extensão,  resultam em uma
bexiga acontrátil com uma função normal ou relaxamento das estruturas de continência (esfínceter
denervado ou hipoativo’.

 O controle do centro pontino da micção por centros mais superiores é extremamente complexo e
lesões desse tipo freqüentemente causam hiper-reflexia com diminuição da capacidade vesical. OS
infartos cerebelares por outro lado frequentemente se traduzem por arreflexia vesical.
 

BEXIGA NEUROGÊNICA – TRATAMENTO AMBULATORIAL


A bexiga neurogênica é a perda da função normal da bexiga provocada pela lesão de uma parte do
sistema nervoso.
A bexiga neurogênica pode ser decorrente alguma doença, de uma lesão ou de um defeito congênito
que afeta o cérebro, a medula espinhal ou os nervos que se dirigem à bexiga, seu esfíncter ou a
ambos. A bexiga neurogênica pode ser hipoativa, nos casos de lesão nervosa periférica ou da
medula sacral, isto é, o órgão é incapaz de contrair (não contrátil) e é incapaz de esvaziar
adequadamente, ou pode ser hiperativa (espástica), esvaziando por reflexos incontroláveis.
Normalmente, a bexiga hipoativa é decorrente da interrupção dos nervos que a inervam. Nas
crianças, a causa mais comum é um defeito congênito da medula espinhal como, por exemplo, a
espinha bífida ou a mielomeningocele (protrusão da medula espinhal através das vértebras). A
bexiga hiperativa comumente é decorrente da interrupção do controle normal da bexiga pela medula
espinhal cervical ou torácica. As causas mais comuns são as lesões ou um distúrbio (p.ex., esclerose
múltipla) que afetam a medula espinhal, os quais também podem acarretar paralisia dos membros
inferiores (paraplegia) ou dos membros superiores e inferiores (quadriplegia). Freqüentemente, esse
tipo de lesão inicialmente faz com que a bexiga torne-se flácida durante dias, semanas ou meses (a
fase de choque). Posteriormente, a bexiga torna-se hiperativa e esvazia sem controle voluntário. Na
bexiga hiperativa, geralmente os reflexos osteotendinosos são exaltados. Os sintomas variam de
acordo como o fato de a bexiga ser hipoativa ou hiperativa. Como a bexiga hipoativa comumente
não chega a esvaziar, ela dilata até tornar-se muito volumosa. Este aumento de volume geralmente é
indolor, pois a bexiga expande lentamente e possui pouca ou nenhuma atividade nervosa local.
Algumas vezes, a bexiga permanece dilatada, mas, constantemente, ela deixa escapar uma pequena
quantidade de urina (incontinência por transbordamento). As infecções vesicais são comuns em
indivíduos com bexiga hipoativa, pois o acúmulo de urina residual na bexiga cria as condições que
estimulam o crescimento bacteriano. Pode ocorrer formação de cálculos na bexiga, sobretudo
quando o indivíduo apresenta uma infecção crônica da bexiga que exige uma sonda de demora. Os
sintomas de uma infecção da bexiga podem variar dependendo do grau de atividade nervosa que
resta. A bexiga hiperativa pode encher e esvaziar sem controle e com graus variáveis de “alerta”,
pois ela contrai e esvazia por reflexo, ou seja, involuntariamente. Quando existe uma bexiga
hipoativa ou hiperativa, a pressão e o refluxo de urina da bexiga através dos ureteres podem lesar os
rins. Nos indivíduos com lesão medular, a contração da bexiga e o relaxamento do esfíncter vesical
podem não estar coordenados e, conseqüentemente, a pressão na bexiga permanece elevada e não
permite que a urina saia dos rins. A principal causa de bexiga neurogênica na infância é a
mielodisplasia, que têm na meningocele e mielomeningocele as anomalias encontradas com maior
freqüência. O principal sintoma da bexiga neurogênica, independente da sua etiologia, é a
incontinência urinária, a qual pode ser verdadeira ou paradoxal. A última refere-se à perda de urina
que ocorre apesar de encontrar-se a bexiga cheia. A incontinência de esforço é pouco encontrada na
infância. No diagnóstico diferencial da bexiga hipoativa, freqüentemente, o médico pode palpar
uma bexiga volumosa durante o exame da região abdominal inferior. Os estudos radiográficos
utilizando um contraste injetado por meio da via intravenosa (urografia intravenosa) ou através de
um cateter diretamente na bexiga (cistografia) e na uretra (uretrografia) fornecem informações
adicionais. As radiografias podem revelar o tamanho dos ureteres e da bexiga e, possivelmente,
cálculos e lesões renais. Além disso, elas podem prover ao médico algumas informações sobre a
função renal. A ultra-sonografia fornece informações similares. A cistoscopia é um procedimento,
normalmente indolor, que permite ao médico observar diretamente o interior da bexiga com o
auxílio de um tubo de visualização flexível, o qual é inserido através da uretra. A quantidade de
urina que permanece na bexiga após a micção - volume residual - pode ser mensurada através da
passagem de um cateter vesical (sonda vesical) para drenar a urina. A pressão no interior da bexiga
e da uretra pode ser medida conectando-se o cateter a um medidor (cistometrografia). A função
renal deve ser rigorosamente monitorizada, com ultrassonografia, dosagens de uréia e creatinina e
clearance de creatinina. Uma infecção renal é tratada imediatamente. A ingestão de 8 copos de
líquido por dia é recomendada. Um indivíduo com paralisia deve ser mudado de posição
freqüentemente e os outros são estimulados a deambular o mais breve possível. O uso de
antibióticos está indicado nos pacientes que apresentam infecção urinária. Os que apresentam
infecção recorrente, hidronefrose e/ou refluxo vésico-ureteral podem ser incluídos em programas de
profilaxia antibiótica em longo prazo, utilizando- se doses mínimas de fármacos bem tolerados. Os
mais utilizados são a associação sulfatrimetoprim e a nitrofurantoína.. Nos casos de baixa
capacidade e baixa complacência vesical que não respondem aos anticolinérgicos e/ou ao CIL,
indica-se ampliação vesical. Naqueles em que há insuficiência do esfíncter uretral externo, indica-se
um procedimento cirúrgico que resulte no aumento da resistência uretral. Não devem ser
submetidos a tratamento por antibióticos os pacientes que apresentem bacteriúria assintomática,
com cultura positiva para E. coli,devendo-se somente aumentar a ingesta hídrica e o número de
cateterismos diários nesses casos . Pacientes que apresentam evidências de refluxo vesico-ureteral
devem utilizar antibiótico como medida profilática.
TRATAMENTO :
1-TREINAMENTO VESICAL
Quando a causa da bexiga hipoativa é uma lesão neurológica, pode-se passar um cateter pela uretra
para drenar a bexiga contínua ou intermitentemente. Após a lesão, o cateter é utilizado assim que
possível para impedir que os músculos da bexiga sejam lesados pela dilatação excessiva e para
evitar infecção urinária. A manutenção de uma sonda de demora (permanente) causa menos
problemas físicos na mulher que no homem. Em um homem, ela pode causar inflamação da uretra e
do tecido circunjacente. No entanto, tanto para os homens quanto para as mulheres, é preferível o
uso de um cateter que possa ser passado periodicamente pelo próprio paciente (4 a 6 vezes ao dia) e
removido após o esvaziamento da bexiga (auto cateterismo intermitente limpo).Os indivíduos com
bexiga hiperativa também podem necessitar da passagem de uma sonda para drenagem quando os
espasmos do esfíncter vesical impedem o seu esvaziamento completo. Para os homens com
quadriplegia que não conseguem realizar a autosondagem, pode ser necessária a realização da
secção do esfíncter vesical (anel muscular que fecha um orifício), para permitir o esvaziamento da
bexiga. Ao serem comparados os efeitos do treinamento vesical e do uso de anticolinérgicos, o
primeiro promoveu efeitos, no mínimo, semelhantes e, em alguns estudos, melhores, além de mais
prolongados do que drogas como flavoxato, imipramina e oxibutinina. Foi preconizado, com base
em publicações referentes a exercícios da musculatura esquelética de outras partes do corpo, que
devem ser executadas três seqüências de exercícios, com 8 a 12 contrações máximas de baixa
velocidade, sustentadas por 6 a 8 segundos cada, 3 a 4 vezes por semana, por um período de 15 a 20
semanas. Esse treinamento deve ser assistido por um profissional com conhecimento específico da
área de enfermagem. O ideal é que seja realizado treinamento dos profissionais de enfermagem para
que em cada Regional de Saúde existam dois deles capazes de realizar as orientações aos pacientes
quanto ao treinamento vesical.
2- MEDICAMENTOS :
Devem ser utilizados em casos de bexiga neurogênica espástica ou hiperatividade detrusora,
comprovada por estudo urodinâmico ou diante de um quadro clínico compatível com hiperatividade
detrusora , caracterizado por incontinência com aumento da freqüência miccional, bexiga de parede
espessada ao ultrassom ou lesão comprovada do trato piramidal .
ANTICOLINÉRGICOS
As contrações vesicais são decorrentes do estímulo colinérgico dos receptores muscarínicos M2 e
M3. Os anticolinérgicos provocam inibição destes receptores, diminuindo a amplitude das
contrações, aumentando o volume da primeira contração e a capacidade funcional da bexiga . Os
anticolinérgicos foram associados com o aumento no volume residual e xerostomia. Essas drogas
estão contra-indicadas nos casos de glaucoma de ângulo fechado, não operado, e em pacientes com
risco de retenção urinária.
1a escolha - OXIBUTININA
É uma amina terciária que, além do efeito antimuscarínico, apresenta também ação como relaxante
muscular e anestésico local. Juntamente com a tolterodina, é considerada uma droga de primeira
escolha no tratamento da bexiga hiperativa. A dosagem pode variar de 2,5 mg, duas vezes ao dia, a
5 mg, três vezes ao dia. Em crianças utiliza-se 0,8 mg/Kg/dia em solução .Outras formas de
utilização da oxibutinina foram propostas, como a instilação intravesical, supositórios (via retal) e a
via transdérmica.
ANTIDEPRESSIVOS
Várias drogas antidepressivas têm demonstrado efeito clínico no tratamento da bexiga hiperativa,
sendo a imipramina a droga mais utilizada para este propósito. A imipramina na dose de 25 a 75
mg, uma vez ao dia, tem como mecanismo de ação o efeito antimuscarínico e o bloqueio da
recaptação de serotonina e noradrenalina, que suportam sua utilização para o tratamento da bexiga
hiperativa. Embora estudos tenham demonstrado o efeito benéfico desta droga, eventos adversos,
principalmente cardiovasculares, têm limitado seu uso. A amitriptilina pode ter a mesma indicação,
principalmente se o desejo é contrair o esfíncter vesical.
ANTIBIÓTICOS:
O uso de antibióticos está indicado nos pacientes que apresentam infecção urinária. Os que
apresentam infecção recorrente, hidronefrose e/ou refluxo vésico-ureteral podem ser incluídos em
programas de profilaxia antibiótica em longo prazo, utilizando- se doses mínimas de fármacos bem
tolerados. Os mais utilizados são a associação sulfatrimetoprim e a nitrofurantoína.. Nos casos de
baixa capacidade e baixa complacência vesical que não respondem aos anticolinérgicos e/ou ao
CIL, indica-se ampliação vesical. Naqueles em que há insuficiência do esfíncter uretral externo,
indica-se um procedimento cirúrgico que resulte no aumento da resistência uretral. Não devem ser
submetidos a tratamento por antibióticos os pacientes que apresentem bacteriúria assintomática ,
com cultura positiva para E. coli,devendo-se somente aumentar a ingesta hídrica e o número de
cateterismos diários nesses casos . Pacientes que apresentam evidências de refluxo vesico-ureteral
devem utilizar antibiótico como medida profilática.
3-TRATAMENTO MINIMAMENTE INVASIVO
O uso dessas substâncias intravesicais no tratamento da bexiga hiperativa (BH) é baseado na
suposição de que pequenas fibras aferentes não-mielinizadas (fibras–C) seriam responsáveis por um
aumento da excitabilidade do detrusor. Em bexigas normais, o estímulo aferente do reflexo da
micção é conduzido principalmente por fibras mielinizadas tipo A-Delta, enquanto as fibras–C
estão inativas. Em situações como infecção urinária e lesão medular, as fibras–C tornam-se ativas e
há aumento do seu número.
TOXINA BOTULÍNICA (TB)
É uma neurotoxina produzida pelo Clostridium botulinum. O uso da TB na musculatura detrusora
para o tratamento da bexiga hiperativa, em geral, é realizado pela aplicação da toxina em 30 pontos
diferentes da parede vesical sob visão endoscópica1. Evita- se o trígono vesical devido à
possibilidade de paralisia da sua musculatura, o que poderia levar à ocorrência de refluxo vésico-
ureteral. Os efeitos colaterais da TB são raros. Antes da aplicação da TB, todos os pacientes devem
ser alertados da possibilidade de hipocontratilidade do detrusor, com subseqüente necessidade de
autocateterismo, até que os efeitos da toxina regridam. TB deve ser evitada em pacientes com
doenças neuromusculares, como miastenia gravis e em uso de aminoglicosídeos, que podem
potencializar a fraqueza neuromuscular. A dose de Toxina Botulínica do tipo A que deve ser
utilizada é de 300 unidades em adultos e 100 unidades em crianças , semestral ou anualmente.
4-INVESTIGAÇÃO RADIOLÓGICA
A principal investigação por método de imagem a ser realizada no paciente o paciente portador de
bexiga neurogênica deve ser a ultra-sonografia do aparelho urinário. Com isto, estuda-se a anatomia
e podem-se detectar alterações do tipo hidronefrose, de espessura da parede vesical e resídua
urinário. Por ser exame não-invasivo, deve ser o primeiro a ser realizado. A uretrocistografia
miccional tem a finalidade de detectar a presença de refluxo vésico-ureteral, bem como a existência
de divertículos. A urografia excretora deve ser reservada para casos especiais. A cintilografia renal
com DMSA e o estudo renal dinâmico com DTPA ou MAG3 devem fazer parte da avaliação da
criança com bexiga neurogênica, quando houver sinais de refluxo vésico-ureteral ou dilatação da
vias excretoras.
(*) Autocateterismo vesical com técnica limpa no Domicílio
Dispensação, padronização, fluxos e rotinas técnicas da SES-DF

MOROÓKA M, FARO ACM. A técnica limpa do autocateterismo vesical intermitente: descrição


do procedimento realizado pelos pacientes com lesão medular. Rev Esc Enferm USP 2002.
I Consenso Brasileiro - Incontinência urinária, Uroneurologia,Disfunções Miccionais. São Paulo:
1999.
LAPIDES J., DIOKNO A.C., SILBER S.M., LOWE B.S. Clean, intermittent self-catheterization in
the treatment of urinary tract disease. J Urol 1972
FARO A.C.M. O ensino de reabilitação: expectativas de estudantes de enfermagem. Rev Esc
Enferm USP 1996;
FARO A.C.M. A disfunção sexual enquanto diagnóstico de enfermagem - características
definidoras encontradas em lesados medulares. Rev Esc Enferm USP 1995.
ILLANES R.G. Experiência con cateterismo intermitente. Ver Chilena Urologia 1986
LELIS M.A.S. Cateterismo vesical intermitente – técnica limpa: caracterização da prática
vivenciada por um grupo de pacientes [dissertação]. São Paulo: Escola de Enfermagem da
Universidade de São Paulo; 1998.
MOORE K.N. Intermittent self-catheterization: research-based practice. Br J Nurs 1995

A medicação só deve ser utilizada em um dos horários de realização da técnica,


preferencialmente durante a noite. Nos demais horários de realização do auto-cateterismo a
técnica deve ser feita sem a introdução da a medicação, instilando-se, somente, a água fervida.

Bexiga Hipoativa
Aumento de volume, incontinência por transbordamento, lesão nervosa periférica ou de medula
sacral, estudo urodinâmico comprovando

Bexiga Hiperativa
Incontinência com aumento da freqüência miccional , síndrome piramidal em mmii associada,US
com parede vesical espessa ou estudo urodinâmico comprovando
Avaliação laboratorial
US de vias urinárias Uretrocistografia miccional Estudo Urodinâmico Uréia e creatinina EAS e
urocultura Autocateterismo limpo (*) Treinamento vesical Fisioterapia com eletroestimulação e
Bio-feedback
Tratamento medicamentoso
Oxibutinina
Imipramina
Amitriptilina
I TU
Antibioticoterapia Escolhido por urinocultura Antibioticoprofilaxia
Refluxo Vésicoureteral
1o - Oxibutinina intravesical
2o - Toxina Botulínica
Intravesical

SONDAGENS

Apesar de termos inúmeros tipos de sondas e diferentes locais para utilizá-los, iremos nos deter
basicamente nas sondagens vesical, gastrointestinal e retal. Importante é a conceituação correta de
sonda e cateter, que freqüentemente são utilizados para funções semelhantes. Sonda é definida
como um tubo que se introduz em canal do organismo, natural ou não para reconhecer-lhe o estado,
extrair ou introduzir algum tipo de matéria. Na definição de cateter temos: instrumento tubular que
é inserido no corpo para retirar líquidos, introduzir sangue, soro, medicamentos e efetuar
investigações diagnósticas.

SONDAGEM VESICAL

Quando a urina não pode ser eliminada naturalmente, deve ser drenada artificialmente através de
sondas ou cateteres que podem ser introduzidos diretamente na bexiga, ureter ou pelve renal. A
sondagem vesical é a introdução de uma sonda ou cateter na bexiga, que pode ser realizada através
da uretra ou por via supra-púbica, e tem por finalidade a remoção da urina. Suas principais
indicações são: obtenção de urina asséptica para exame, esvaziar bexiga em pacientes com retenção
urinária, em preparo cirúrgico e mesmo no pós operatório, para monitorizar o débito urinário
horário e em pacientes inconscientes, para a determinação da urina residual ou com bexiga
neurogênica que não possuam um controle esfincteriano adequado.

A sondagem vesical pode ser dita de alívio, quando há a retirada da sonda após o
esvaziamento vesical, ou de demora, quando há a necessidade de permanência da mesmo. Nestas
sondagens de demora, a bexiga não se enche nem se contrai para o seu esvaziamento, perdendo com
o tempo, um pouco de sua tonicidade e levando à incapacidade de contração do músculo detrursor;
portanto antes da remoção de sonda vesical de demora, o treinamento com fechamento e abertura da
sonda de maneira intermitente, deve ser realizada para a prevenção da retenção urinária.
Sonda vesical de alívio Sondas vesicais de demora de duas e três vias vias

Quando há a necessidade de uma sonda de demora, é imperativo a utilização de um sistema


fechado de drenagem, que consiste de uma sonda ou cateter de demora, um tubo de conexão e uma
bolsa coletora que possa ser esvaziada através de uma valva de drenagem, tudo isto para a redução
do risco de infecção (ilustração abaixo).

O risco de infecção é inerente ao procedimento; a colonização bacteriana ocorre na metade dos


pacientes com sonda de demora por duas semanas e praticamente em todos os pacientes após seis
semanas de sondagem. Sabe-se que as infecções do trato urinário são responsáveis por um terço de
todas as infecções hospitalares, e que na grande maioria das vezes existiu um procedimento
invasivo do trato urinário, pois nesses procedimentos os microorganismos podem ter acesso ao trato
urinário através da uretra no momento da sondagem, através da delgada camada de líquido uretral
externo à sonda e através da luz interna da sonda após contaminação. Este índice de infecção
acontece mesmo com a obediência de todos os preceitos de uma boa técnica de sondagem vesical.

DRENAGEM VESICAL SUPRA-PÚBICA - É realizada através da introdução de um cateter


após uma incisão ou punção na região supra-púbica, a qual é preparada cirurgicamente, sendo que o
cateter é posteriormente conectado à um sistema de drenagem fechado. Suas indicações principais
são pacientes com retenção urinária por obstrução uretral sem possibilidades de cateterização, em
pacientes com neoplasia de próstata ou em pacientes com plegias, ou seja quando há necessidade de
uso crônico da sonda. São várias as vantagens da drenagem supra-púbica: os pacientes são capazes
de urinar mais precocemente, é mais confortável do que uma sonda de demora trans-uretral,
possibilita maior mobilidade ao paciente, maior facilidade de troca da sonda e principalmente
apresenta um menor risco de infecção urinária. Como desvantagem é ser um método cirúrgico.

Drenagem vesical supra-púbica

TIPOS DE SONDAS OU CATETERES - variam de modelos e materiais, de acordo com o tipo


de sondagem, se de alívio ou de demora. Para as sondagens de alívio, as mais utilizadas são a sonda
de nelaton; para as sondagens de demora temos as sondas de duas vias, como a de Foley (figura
abaixo) ou a de três vias para lavagem vesical.

PROCEDIMENTO - quanto ao material necessário: pacote esterilizado contendo: cuba rim,


campo fenestrado, pinça, gaze, ampola de água destilada, seringa de 10 ml e cuba redonda, e ainda:
sonda vesical, luvas esterilizadas, frasco com solução antisséptica (PVPI), saco plástico, recipiente
para a coleta de urina e lubrificante (xylocaína esterilizada).

De início devemos ao paciente uma orientação sobre as necessidades e técnicas. Após


lavagem adequada das mãos, deve-se reunir todo o material necessário para o procedimento. O
isolamento do paciente nos quartos comunitários é humano. Quanto à melhor posição, é para as
mulheres a ginecológica e para os homens o decúbito dorsal com as pernas afastadas. Após a
abertura do pacote de cateterismo, calçar luvas estéreis.
Nas mulheres, realizar antissepsia da região pubiana, grandes lábios e colocar campo
fenestrado; entreabrir os pequenos lábios e fazer antissepsia do meato uretral, sempre no sentido
uretra-ânus, levando em consideração de que a mão em contato com esta região é contaminada e
não deve voltar para o campo ou sonda. Introduzir a sonda lubrificada no meato urinário até a
verificação da saída de urina. Se for uma sonda de Foley, insuflar o balão de segurança com água
destilada, obedecendo o volume identificado na sonda. Conectar à extensão, fixar a sonda e reunir o
material utilizado. Se for uma sonda de alívio, aguardar esvaziar a bexiga e remover imediatamente
a sonda.

Nos homens, após a antissepsia da região púbica, realiza-se o mesmo no pênis, inclusive a glande
com movimentos circulares, e para a passagem do cateter, traciona-se o mesmo para cima,
introduzindo-se a sonda lentamente.

Nas sondagens vesicais de demora, com o sistema de drenagem fechado, deve-se observar algumas
regras para diminuição do risco de infecção do trato urinário: nunca elevar a bolsa coletora acima
do nível vesical; limpeza completa duas vezes ao dia ao redor do meato uretral; nunca desconectar o
sistema de drenagem fechado, e a troca do sistema deve ser realizado a cada sete dias na mulher e a
cada 15 dias no homem, ou na vigência de sinais inflamatórios.

SONDAGEM GASTROINTESTINAL

A passagem de sonda gastrointestinal é a inserção de uma sonda de plástico ou de borracha,


flexível, pela boca ou pelo nariz, cujos objetivos são:

1. descomprimir o estômago
2. remover gás e líquidos
3. diagnosticar a motilidade intestinal
4. administrar medicamentos e alimentos
5. tratar uma obstrução ou um local com sangramento
6. obter conteúdo gástrico para análise

TIPOS DE SONDAS - Enfatizaremos as mais utilizadas que são as sondas nasogástricas, sendo as
mais utilizadas para descompressão, aspiração e irrigação (lavagem): Levin, gástrica simples de
Salem, Miller-Abbott e outras; para administração de alimentos e medicamentos: Levin,
nutriflex, Dobhoff e para controle de sangramento de varizes esofageanas: Sengstaken-
Blakemore.

Sonda de Levin - possui uma luz única, manufaturada com plástico ou borracha, com aberturas
localizadas próxima à ponta; as marcas circulares contidas em pontos específicos da sonda servem
como guia para sua inserção (figura 1)

Sonda gástrica simples - É uma sonda naso-gástrica radiopaca de plástico claro, dotada de duas
luzes, usada para descomprimir o estômago e mantê-lo vazio.

Sonda de Dobhoff – Sonda utilizada com freqüência para alimentação enteral, sendo que como
característica possui uma ponta pesada e flexível (figura 2)
Sonda Nutriflex - possui 76 cm de comprimento e uma ponta pesada de mercúrio para facilitar a
inserção.

Sonda de Sengstaken-Blakemore - é uma sonda utilizada especificamente para o tratamento de


sangramentos de varizes esofageanas, possuindo três luzes com dois balões, sendo uma luz para
insuflar o balão gástrico e outra para o balão esofageano.

Sonda de Miller-Abbott - é de duas luzes, sendo uma para introdução de mercúrio ou ar no balão
do final da sonda e a outra para aspiração.

Figura 1 Figura 2

PROCEDIMENTOS

1. orientação ao paciente sobre o procedimento


2. lavagem das mãos
3. reunir o material e levar até o paciente: sonda, copo com água, seringa de 20 ml, gazes,
lubrificante hidrossolúvel (xylocaína geléia) esparadrapo, estetoscópio e luvas.
4. posicionar o paciente em Fowler ou decúbito dorsal
5. medir o comprimento da sonda: da ponta do nariz até a base da orelha e descendo até o final
do esterno, marcando-se com uma tira de esparadrapo
6. Aplicar spray anestésico na orofaringe para facilitar a passagem e reprimir o reflexo do
vômito.
7. lubrificar cerca dos 10 cm. iniciais da sonda com uma substância solúvel em água (K-Y gel),
introduzir por uma narina, e após a introdução da parte lubrificada, flexionar o pescoço de
tal forma que o queixo se aproxime do tórax. Solicitar para o paciente que faça movimentos
de deglutição, durante a passagem da sonda pelo esôfago, observando se a mesma não está
na cavidade bucal.
8. introduzir a sonda até a marca do esparadrapo.
9. fixar a sonda, após a confirmação do seu posicionamento.
Fixação

COMPROVAÇÃO DE CORRETO POSICIONAMENTO

1. Teste da audição: colocar o diafragma do estetoscópio na altura do estômago do paciente e


injetar rapidamente 20 cc de ar pela sonda, sendo que o correto é a audição do ruído
característico.

2. Aspiração do conteúdo: aspirar com uma seringa o conteúdo gástrico e determinar do seu
pH. O pH do conteúdo gástrico é ácido (aproximadamente 3), do aspirado intestinal é pouco
menos ácido (aproximadamente 6,5) e do aspirado respiratório é alcalino (7 ou mais);
também está confirmado o correto posicionamento, se com a aspiração verificarmos restos
alimentares.

3. Teste do borbulhamento: colocar a extremidade da sonda em um copo com água, sendo


que se ocorrer borbulha, é sinal que está na traquéia.

4. Verificação de sinais: Importância para sinais como tosse, cianose e dispnéia.

SONDAGEM RETAL

A mais importante utilização da sonda retal é para a lavagem intestinal, que possui como por
finalidade: eliminar ou evitar a distensão abdominal e flatulência, facilitar a eliminação de fezes,
remover sangue nos casos de melena e preparar o paciente para cirurgia, exames e tratamento do
trato intestinal.

PROCEDIMENTOS

1. orientar o paciente
2. preparo do material: forro, vaselina ou xylocaína geléia, papel higiênico, comadre, biombos,
sonda retal, gaze, equipo de soro e luvas.
3. lavar as mãos e utilizar luvas
4. adaptar a sonda retal à solução prescrita e ao equipo de soro
5. colocar o paciente na posição de Sims
6. lubrificar cerca de 10 cm da sonda com vaselina
7. afastar os glúteos e introduzir a sonda
8. no caso de lavagem intestinal, abrir o equipo, deixar escoar o líquido, fechar o equipo após e
término, retirar a sonda e encaminhar o paciente ao banheiro ou colocá-lo em uma comadre.

Você também pode gostar