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O filme contemporâneo "O poço", ao dramatizar o excesso de alimentos nos primeiros

níveis e a escassez desses nas camadas mais profundas de uma prisão dividida
verticalmente, retrata a desigualdade social que gera a fome. Analogamente, no que
tange o combate às dificuldades do acesso à alimentos no Brasil, observa-se a
influência das diferenças de classes, em consonância aos impactos do desperdício de
comida na existência dessa problemática.

Vale evidenciar, primeiramente, que a desigualdade social é um fator relevante na


análise desse problema. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-
IBGE, 1% da população brasileira possui um rendimento 34 vezes maior que 50% da
parcela mais pobre do país. Além disso, ainda de acordo com o IBGE, cerca de ¼ das
pessoas têm renda inferior à 500 reais mensais. Nesse âmbito, esses indivíduos
economicamente carentes são distanciados do direito ao acesso à alimentação,
promulgado na constituição, haja vista o alto preço dos alimentos, ocasionado pela
crescente exportação que diminui a oferta nacional e, de forma consequencial, eleva
o valor dos produtos alimentícios, como afirmou o filósofo Adam Smith quando
redigiu sobre a lei da oferta e procura.

Ademais, somado às diferenças econômicas, o desperdício contribui para esse


cenário exponencialmente. Dados do IBGE mostram que mais de 20 milhões de toneladas
de alimentos são desperdiçados anualmente no Brasil. Desse modo, pode-se analisar
que as ações individuais também agravam a situação da fome, uma vez que o descarte
desnecessário gera a necessidade de recompra, com isso a procura por produtos
alimentícios aumenta e, outra vez, a oferta permanece baixa, elevando o preço da
comida e diminuindo a possibilidade da população mais pobre de adquirir esse bem.

Entende-se, portanto, que as diferenças sociais e o desperdício de alimento


corroboram para o aumento da fome no Brasil. Para que o país diminua os índices de
desnutrição, emerge que o Ministério Público, por meio de verbas orçamentais,
auxilie projetos de Organizações Não Governamentais- ONGs que visem elevar o número
de pessoas com acesso à alimentação, construindo restaurantes populares e
refeitórios com valores acessíveis. Para mais, urge que o Ministério da Cidadania,
em conjunto aos canais midiáticos, por intermédio de comerciais televisivos e
publicações nos sites oficiais do governo, conscientize a população, instruindo-a
acerca das medidas necessárias para diminuir o descarte desnecessário, gerando uma
maior acessibilidade aos alimentos.
Na obra cinematográfica da Netflix, "O Poço", busca retratar a fome em sua versão
mais nítida, ao modo que ela atua com voracidade sob os indivíduos, mas também,
demonstra como a ignorância individual corrobora para o martírio da coletividade.
Sob o cenário atual, é similarmente perceptível as condutas já citadas, tal que são
notáveis agravantes, pois acarretam no sofrimento das camadas mais vulneráveis,
devido: ao persistente individualismo e ausência de alteridade. Logo, é de suma
relevância reverberar sobre os parâmetros que agregam para a continuidade de tal
banalização.

Sob esse espectro, a fome advém de inúmeros fatores pragmáticos em que estão
interligados a toda a composição social. Assim também, pode-se afirmar que a
ausência de compreensão maximiza o aumento da fome, pois há um consumo excessivo,
por conseguinte, o desperdício também se torna abundante por parte da população,
sendo que- minuciosas vezes- os alimentos são reaproveitados. Dessa maneira, é
fundamental a conscientização coletiva para auxiliar as pessoas que sofrem
diarimente com esse desequilíbrio alimentício.

Além disso, o egocentrismo se faz presente no mundo pós-moderno, de modo que a


importância com, exclusivamente, si mesmo torna-se extremamente apático em relação
aos emblemas do mundo externo. Em conformidade ao pensamento de Emmanuel Levinas-
filósofo frânces- é preciso entender a ética da alteridade para a progressão da
humanidade, ou seja, o desprendimento de concepções individualistas e colocar-se no
lugar do outro é essencial para compreender o contexto em que se passa. Dessa
forma, a reflexão é, sobretudo, o meio para a transformação social.

É evidente que notável parcela da população sofre, abruptamente, com a fome, o que
propõe a ideia de segregação, em virtude de serem camadas que vivem na obscuridão
social. Urge que a ONU em conjunto com indústrias alimentícias, busquem por meio do
reaproveimento e com contribuições estatais e empresariais a redução dos casos de
fome instalados pelo globo terrestre, a partir da distribuição de alimentos em
áreas carentes e propagação por mídias digitais da conscientização para a tentativa
de inibir essa destemperança, a fim de proporcionar ascensão para as pessoas que se
sucedem a esse advento e lapidar a empatia social, dessa forma impedindo a
progressão de mais 'poços' na comunidade global.

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