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Legislação - As Mudanças Nos Crimes Sexuais Promovidas Pela Lei Nº 13.718 - 2018
Legislação - As Mudanças Nos Crimes Sexuais Promovidas Pela Lei Nº 13.718 - 2018
(http://www.crianca.mppr.mp.br/)
Legislação: As mudanças nos crimes sexuais promovidas pela Lei nº 13.718/2018
Lei nº 13.718/2018: Tipifica os crimes de importunação sexual e de divulgação de cena de estupro, torna pública
incondicionada a natureza da ação penal dos crimes contra a liberdade sexual e dos crimes sexuais contra
vulnerável, estabelece causas de aumento de pena para esses crimes e define como causas de aumento de pena o
estupro coletivo e o estupro corretivo; revogando o dispositivo de "ofensa ao pudor".
Importunação sexual
Art. 215-A. Praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a própria
lascívia ou a de terceiro:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato não constitui crime mais grave.
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Art. 215-A. Praticar contra alguém e sem a Art. 233. Praticar ato obsceno em lugar
sua anuência ato libidinoso com o objetivo de público, ou aberto ou exposto ao público:
satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, multa.
se o ato não constitui crime mais grave.
O sujeito passivo é determinado (uma pessoa Sujeito passivo é a coletividade (crime vago).
determinada ou um grupo de pessoas
determinado).
A conduta não precisa ter sido praticada em Para que o crime se configure, é
lugar público, ou aberto ou exposto a público. indispensável que o ato obsceno tenha sido
Ex: pode ser praticado no interior de uma praticado em lugar público, ou aberto ou
casa. exposto ao público.
Para que o crime se configure, é Não importa se houve ou não anuência das
indispensável que o ato libidinoso tenha sido pessoas que estavam presentes. Se o ato
praticado contra alguém que não concordou obsceno foi praticado em lugar público, ou
com isso. A análise da anuência ou não da aberto ou exposto ao público, haverá o crime.
pessoa atingida é fundamental.
Tentativa
Na teoria, é possível. Isso porque se trata de crime plurissubsistente.
Crime plurissubsistente é aquele no qual a execução pode ser fracionada em vários atos.
Ação penal
Trata-se de crime de ação pública INCONDICIONADA.
A partir da Lei nº 13.718/2018, todos os crimes contra a dignidade sexual são crimes de ação pública incondicionada (art.
225 do CP).
Infração de médio potencial ofensivo
A importunação sexual possui pena de 1 a 5 anos de reclusão. Logo, classifica-se como infração de médio potencial
ofensivo. Isso significa que é possível a concessão de suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei nº 9.099/95).
Não se trata de crime hediondo
Dos delitos contra a dignidade sexual, apenas o estupro (art. 213, caput e §§1º e 2º) e o estupro de vulnerável (art. 217-A,
caput e §§1º, 2º, 3º e 4º) são crimes hediondos.
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Pergunta: houve abolitio criminis? Os indivíduos que estavam respondendo ou já haviam sido condenados por
importunação ofensiva ao pudor foram beneficiados com a Lei nº 13.718/2018 e poderão pedir o reconhecimento de
abolito criminis?
NÃO. A conduta descrita no art. 61 do DL 3.688/41 passou a ser prevista no art. 215-A do Código Penal, ainda que com
outra redação mais abrangente.
Desse modo, não houve houve abolitio criminis, mas sim continuidade normativo-típica.
O princípio da continuidade normativa ocorre "quando uma norma penal é revogada, mas a mesma conduta continua
sendo crime no tipo penal revogador, ou seja, a infração penal continua tipificada em outro dispositivo, ainda que
topologicamente ou normativamente diverso do originário." (Min. Gilson Dipp, em voto proferido no HC 204.416/SP).
Logo, para as pessoas que estavam respondendo ou haviam sido condenadas pelo art. 61 do DL 3.688/41 antes da Lei nº
13.654/2018, nada muda.
Os indivíduos que ejacularam nas vítimas ou que praticaram frotteurismo antes do dia 25/09/2018 poderão
responder pelo crime do art. 215-A do CP?
NÃO. Somente podem responder pelo art. 215-A do CP aqueles que praticaram a conduta a partir do dia 25/09/2018 (se
foi no dia 25/09/2018, já incide o art. 215-A).
Como a Lei nº 13.718/2018 incluiu uma nova infração penal (art. 215-A do CP) mais grave que a contravenção penal do
art. 61, ela representa novatio legis in pejus (lei penal mais grave), não podendo retroagir para alcançar situações
pretéritas (art. 5º, XL, da CF/88).
II - Novo crime: divulgação de cena de estupro ou de cena de estupro de vulnerável, de cena de sexo ou de
pornografia
A Lei nº 13.718/2018 acrescentou um novo delito no art. 218-C do Código Penal:
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O agente divulga uma fotografia ou vídeo que Aqui não tem nada a ver com estupro.
contém uma cena de estupro (relação sexual O agente divulga uma fotografia ou vídeo que
sem consentimento) ou uma cena que faça contém uma cena de sexo (consensual),
apologia ou induza a prática de estupro. nudez ou pornografia.
A divulgação é feita sem o consentimento da
pessoa que aparece na fotografia ou vídeo.
Ex: agente divulga na deep web vídeo no qual Ex: Isabela e Ricardo são namorados e
um homem mantém relação sexual com uma costumam filmar alguns atos sexuais que
mulher que, por estar completamente praticam. Isabela termina o relacionamento e
embriagada, não tinha o necessário Ricardo, como forma de vingança, divulga os
discernimento para a prática do ato nem vídeos em um site pornográfico na internet.
podia oferecer resistência.
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Esta primeira situação é objetiva no sentido Esta segunda situação é subjetiva, aqui
de que não envolve a intenção do agente. Se entendida como algo que envolve a intenção
o sujeito mantém ou manteve relação íntima do agente.
de afeto com a vítima, ele já receberá o Na prática, esta segunda hipótese servirá
aumento da pena mesmo que não haja para punir os casos de sujeitos que não
provas que revelem qual foi a sua intenção ao mantinham relação íntima de afeto com a
divulgar o vídeo ou a fotografia. Agiu bem o vítima.
legislador ao prever assim porque evita uma Ex: Pedro trabalha com Lúcia na mesma
difícil discussão sobre a intenção do agente. empresa. Ambos disputaram uma promoção.
Ex: ex-namorado que divulga fotografias Pedro divulga na lista de e-mail do trabalho
eróticas de sua ex-namorada. fotografias de Lúcia nua como forma de
vingança por ter perdido a promoção para
ela.
Exclusão de ilicitude
§2º Não há crime quando o agente pratica as condutas descritas no caput deste artigo em publicação de natureza
jornalística, científica, cultural ou acadêmica com a adoção de recurso que impossibilite a identificação da vítima,
ressalvada sua prévia autorização, caso seja maior de 18 (dezoito) anos.
O §2º traz duas situações. Não haverá o crime se:
• o agente divulga a fotografia ou o vídeo em publicação de natureza jornalística, científica, cultural ou acadêmica sem
identificar a vítima;
• o agente divulga a fotografia ou o vídeo em publicação de natureza jornalística, científica, cultural ou acadêmica
identificando a vítima, desde que ela seja maior de 18 anos e tenha dado autorização para isso.
Em nenhuma hipótese será permitida a identificação da vítima se ela for menor de 18 anos, sendo nulo seu consentimento
ou de seus representantes legais.
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Uma outra alteração promovida pela Lei nº 13.718/2018 foi no crime de estupro de vulnerável.
O estupro de vulnerável é previsto no art. 217-A ao Código Penal:
Estupro de vulnerável
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
§1º Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência
mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer
resistência.
§2º (VETADO)
§3º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos.
§4º Se da conduta resulta morte:
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
Esse tipo proíbe, portanto, manter relação sexual (conjunção carnal ou outros atos libidinosos) com pessoa que é
vulnerável. Vale ressaltar que será caracterizado o crime mesmo que não tenha havido violência ou grave ameaça.
Quem é vulnerável para os fins do art. 217-A do CP?
1) Pessoa menor de 14 anos;
2) Pessoa que, por apresentar alguma enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a
prática do ato;
3) Pessoa que, por qualquer causa, não pode oferecer resistência. Ex: em estado de coma.
Toda pessoa com enfermidade ou deficiência mental será considerada vulnerável, para os fins do art. 217-A do
CP?
NÃO. Pela leitura do §1º do art. 217-A do CP, pode-se concluir que a pessoa com enfermidade ou deficiência mental
somente será considerada vulnerável para fins de estupro de vulnerável se ela não tiver "o necessário discernimento para
a prática do ato".
Se o agente praticar conjunção carnal (penetração vaginal) ou outro ato libidinoso (ex: coito anal) com uma
pessoa vulnerável, haverá o crime do art. 217-A do CP mesmo que a vítima consinta (concorde) com o ato sexual?
Esse tema foi exaustivamente discutido no que tange às pessoas menores de 14 anos. Suponhamos, por exemplo, que
Beatriz (13 anos de idade) pratica sexo com Rodolfo (seu namorado de 18 anos). Neste caso, ele terá cometido o crime de
estupro de vulnerável mesmo que essa relação sexual tenha sido consentida? Imagine que Rodolfo seja o segundo
namorado da moça e que ela já tenha tido relações sexuais com seu primeiro namorado. Mesmo assim Rodolfo terá
praticado o crime?
A resposta é sim.
O STJ apreciou o tema e, a fim de que não houvesse mais dúvidas quanto a isso, editou um enunciado nos seguintes
termos:
Súmula 593-STJ: O crime de estupro de vulnerável se configura com a conjunção carnal ou prática de ato libidinoso com
menor de 14 anos, sendo irrelevante eventual consentimento da vítima para a prática do ato, sua experiência sexual
anterior ou existência de relacionamento amoroso com o agente.
O Congresso Nacional decidiu incorporar na legislação esse entendimento e acrescentou o §5º ao art. 217-A do CP
repetindo, em parte, a conclusão da súmula
Art. 217-A. (...)
§5º As penas previstas no caput e nos §§1º, 3º e 4º deste artigo aplicam-se independentemente do consentimento da
vítima ou do fato de ela ter mantido relações sexuais anteriormente ao crime. (Inserido pela Lei nº 13.718/2018)
Consentimento e pessoas com deficiência
Se você observar a Súmula 593 do STJ verá que ela tratou apenas de uma das hipóteses de pessoa vulnerável, qual seja,
a pessoa menor de 14 anos.
O novo §5º, por sua vez, levou o entendimento exposto na súmula para as outras duas situações de vulnerabilidade
previstas no §1º do art. 217-A:
• Pessoa que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato;
• Pessoa que, por qualquer causa, não pode oferecer resistência.
Deve-se ter muito cuidado com a aplicação deste §5º para as pessoas com deficiência. Isso porque em regra, a pessoa
com deficiência possui os mesmos direitos de que dispõe uma pessoa sem deficiência. Nesse sentido é o art. 4º da Lei nº
13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com deficiência):
Art. 4º Toda pessoa com deficiência tem direito à igualdade de oportunidades com as demais pessoas e não sofrerá
nenhuma espécie de discriminação.
Isso significa que, em regra, a pessoa com deficiência pode fazer livremente suas escolhas diárias bem como decidir
autonomamente sobre os destinos de sua vida, tendo, inclusive, liberdade sexual, conforme prevê expressamente o art. 6º,
II, da Lei nº 13.146/2015:
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Art. 6º A deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa, inclusive para:
(...)
II - exercer direitos sexuais e reprodutivos;
Logo, o simples fato de ter havido sexo consensual com pessoa com deficiência não gera o crime de estupro de
vulnerável. É necessário que a pessoa com deficiência seja vulnerável, ou seja, que ela não tenha o necessário
discernimento para a prática do ato.
Assim, a interpretação do §5º do art. 217-A, no caso de pessoas com deficiência, deve ser a seguinte: a pena prevista no
§1º do art. 217-A aplica-se independentemente do consentimento da vítima ou do fato de ela ter mantido relações sexuais
anteriormente ao crime se a pessoa com deficiência não puder dar um consentimento válido em virtude de não ter o
necessário discernimento para a prática do ato.
Por outro lado, se a pessoa com deficiência tiver discernimento para a prática do ato, seu consentimento será sim válido e
irá excluir o crime do art. 217-A do CP, considerando que, neste caso, a pessoa com deficiência não será vulnerável.
IV - Nova causa de aumento de pena para os estupros coletivo e corretivo (art. 226 do CP)
O art. 226 do Código Penal traz algumas causas de aumento de pena para os crimes sexuais.
A Lei nº 13.718/2018 acrescenta uma nova causa de aumento de pena punindo com mais rigor o estupro "coletivo" e o
estupro "corretivo".
Veja o inciso IV que foi inserido pela Lei nº 13.718/2018:
Art. 226. A pena é aumentada:
I - de quarta parte, se o crime é cometido com o concurso de 2 (duas) ou mais pessoas;
II - de metade, se o agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador,
preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título tiver autoridade sobre ela;
III - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
IV - de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado:
Estupro coletivo
a) mediante concurso de 2 (dois) ou mais agentes;
Estupro corretivo
b) para controlar o comportamento social ou sexual da vítima.
(Inciso IV inserido pela Lei nº 13.718/2018)
O estupro coletivo (inciso IV, "a") é cometido necessariamente com o concurso de 2 pessoas. Como compatibilizá-
lo com o inciso I do art. 226? Quando se aplica um ou o outro?
• Inciso IV, "a": aplicado apenas para os casos de estupro (arts. 213 e 217-A do CP). Isso porque o nomen iuris da causa
de aumento fala em "estupro coletivo" e "estupro corretivo".
• Inciso I: aplicado para os casos demais crimes contra a dignidade sexual.
Em que consiste esse estupro corretivo?
Rogério Sanches explica com maestria o tema:
"Já a majorante do estupro corretivo abrange, em regra, crimes contra mulheres lésbicas, bissexuais e transexuais, no qual
o abusador quer "corrigir" a orientação sexual ou o gênero da vítima. A violação tem requintes de crueldade e é motivada
por ódio e preconceito, justificando a nova causa de aumento. A violência é usada como um castigo pela negação da
mulher à masculinidade do homem. Uma espécie doentia de ‘cura’ por meio do ato sexual à força. A característica desta
forma criminosa é a pregação do agressor ao violentar a vítima.
Os meios de comunicação indicam casos em que os agressores chegam a incitar a "penetração
corretiva" em grupos das redes sociais e sites na internet (o que, isoladamente, pode caracterizar o crime do art. 218-C -
apologia ou induzimento à prática do estupro - caso sejam veiculados fotografias ou registros audiovisuais)." (Lei
13.718/18: Introduz modificações nos crimes contra a dignidade sexual. Disponível em:
http://meusitejuridico.com.br/2018/09/25/lei-13-71818-introduz-modificacoes-nos-crimes-contra-dignidade-sexual/
(http://meusitejuridico.com.br/2018/09/25/lei-13-71818-introduz-modificacoes-nos-crimes-contra-dignidade-sexual/). Acesso
em 02/10/2018).
Infelizmente são cada vez mais comuns esses abomináveis casos havendo relatos de lésbicas que foram estupradas por
homens que diziam agora você "vai aprender aprender a gostar de homem" ou "agora você vira mulher de verdade"
(https://universa.uol.com.br/noticias/redacao/2017/11/02/vai-virar-mulher-de-verdade-estupro-corretivo-vitimiza-mulheres-
lesbicas.htm)
V - Novas causas de aumento de pena para os crimes contra a dignidade sexual (art. 234-A do CP)
O art. 234-A do Código Penal traz duas causas de aumento de pena para os crimes contra a dignidade sexual. Tais
hipóteses foram alteradas pela Lei nº 13.718/2018:
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Art. 234-A. Nos crimes previstos neste Título Art. 234-A. Nos crimes previstos neste Título
(crimes contra a dignidade sexual) a pena é (crimes contra a dignidade sexual) a pena é
aumentada: aumentada:
(...) (...)
III - de metade, se do crime resultar gravidez; III - de metade a 2/3 (dois terços), se do crime
e resulta gravidez;
IV - de um sexto até a metade, se o agente IV - de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o
transmite à vitima doença sexualmente agente transmite à vítima doença
transmissível de que sabe ou deveria saber sexualmente transmissível de que sabe ou
ser portador. deveria saber ser portador, ou se a vítima é
idosa ou pessoa com deficiência.
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O certo é que o legislador fez uma opção e acabou com a ação penal condicionada nos crimes sexuais. São todos eles
agora delitos de ação pública incondicionada. Obviamente que, na prática, a vítima ainda continuará tendo certa
autonomia. Isso porque a maioria desses delitos ocorrem às escondidas, sem testemunhas, cabendo a decisão à vítima se
irá levar tal fato ao conhecimento das autoridades.
Vigência
A Lei nº 13.718/2018 entrou em vigor na data de sua publicação (25/09/2018). Como se trata de lei penal mais gravosa
(novatio legis in pejus), ela é irretroativa, não alcançando fatos praticados antes da sua vigência.
Essa regra de irretroatividade vale, inclusive, para as ações penais. Assim, por exemplo, se, em 24/09/2018, o agente
cometeu contra uma mulher maior de 18 anos um assédio sexual (art. 216-A do CP), a ação penal continua sendo pública
condicionada à representação.
Sobre o autor:
Márcio André Lopes Cavalcante.
Juiz Federal. Foi Defensor Público, Promotor de Justiça e Procurador do Estado.
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