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XXXII

EXAME

DIREITO

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


CONSTITUCIONAL

ATUALIZADO COM: INCLUI:


• EC n. 101/2019 (Acumulação de • Quadros de ATENÇÃO
APOSTILA
cargos para os Militares)
INTEGRADA
COM O APP! • Tabelas Comparativas
• Lei n. 13.714/2018 (Acesso à saúde
pública sem documentação) • Esquemas Didáticos

• Referências a temas cobrados em


provas anteriores

OABNAMEDIDA.COM.BR
SUMÁRIO
1.  CONSTITUIÇÃO
1.1.  CONCEITO
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1.2.  CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES


1.3.  ELEMENTOS DA CONSTITUIÇÃO
1.4.  HISTÓRICO DAS CONSTITUIÇÕES

2.  PODER CONSTITUINTE


2.1.  PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO
2.2.  PODER CONSTITUINTE DECORRENTE
2.3.  PODER CONSTITUINTE DERIVADO

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2.4.  LIMITES PARA REFORMA DA CONSTITUIÇÃO

3.  EFICÁCIA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS


3.1.  NORMAS DE EFICÁCIA PLENA, CONTIDA E LIMITADA
3.2.  RECEPÇÃO CONSTITUCIONAL
3.3.  REPRISTINAÇÃO
3.4.  DESCONSTITUCIONALIZAÇÃO

4.  NEOCONSTITUCIONALISMO E CONSTITUCIONALISMO


5.  PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
6.  DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
6.1.  DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
6.2.  DIREITOS SOCIAIS
6.3.  NACIONALIDADE
6.3.1  NACIONALIDADE PRIMÁRIA NO BRASIL
6.3.2  BRASILEIRO NATO E NATURALIZADO
6.3.3  SITUAÇÃO JURÍDICA ESPECIAL DOS NACIONAIS PORTUGUESES
6.3.4  TRATAMENTO JURÍDICO DIFERENCIADO ENTRE BRASILEIRO NATO E NATURALIZADO
6.3.5  PERDA DA NACIONALIDADE
6.4.  DIREITOS POLÍTICOS
6.5.  PARTIDOS POLÍTICOS

7.  REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS


7.1.  MANDADO DE SEGURANÇA
7.2.  HABEAS CORPUS
7.2.1  CONSIDERAÇÕES GERAIS
7.2.2  COMPETÊNCIA
7.3.  HABEAS DATA
7.4.  AÇÃO POPULAR
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Alteração Legislativa Atenção Exemplo
7.5.  MANDADO DE INJUNÇÃO
7.6.  AÇÃO CIVIL PÚBLICA

8.  ORGANIZAÇÃO DO ESTADO


8.1.  DISPOSIÇÕES GERAIS
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8.2.  REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIA


8.2.1  COMPETÊNCIAS DOS ESTADOS-MEMBROS
8.2.2  COMPETÊNCIAS DOS MUNICÍPIOS
8.2.3  COMPETÊNCIAS DO DISTRITO FEDERAL
8.2.4  COMPETÊNCIAS DA UNIÃO
8.2.4.1  COMPETÊNCIAS MATERIAIS EXCLUSIVAS
8.2.4.2  COMPETÊNCIAS MATERIAIS COMUNS

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8.2.4.3  COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS PRIVATIVAS
8.2.4.4  COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS CONCORRENTES
8.3.  DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS

9.  INTERVENÇÃO FEDERAL


10.  ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
11.  ORGANIZAÇÃO DOS PODERES
11.1.  PODER LEGISLATIVO
11.1.1  COMPOSIÇÃO
11.1.2  MESAS DA CÂMARA E DO SENADO
11.1.3  CPI
11.1.4  PROCESSO LEGISLATIVO ORDINÁRIO
11.1.5  PROCESSO LEGISLATIVO SUMÁRIO
11.1.6  PROCESSOS LEGISLATIVOS ESPECIAIS
11.1.7  IMUNIDADES DOS CONGRESSISTAS
11.1.8  FISCALIZAÇÃO CONTÁBIL, FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
11.2.  PODER EXECUTIVO
11.2.1  PRESIDENTE DA REPÚBLICA
11.2.2  CONSELHO DA REPÚBLICA E CONSELHO DE DEFESA
11.3.  PODER JUDICIÁRIO
11.3.1  CONSIDERAÇÕES GERAIS
11.3.2  CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA
11.3.3  DEMAIS ÓRGÃOS DO PODER JUDICIÁRIO
11.3.4  SÚMULA VINCULANTE

12.  CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE


12.1.  CONSIDERAÇÕES GERAIS

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12.2.  FORMAS DE CONTROLE
12.2.1  CONSIDERAÇÕES GERAIS
12.2.2  CONTROLE DIFUSO
12.2.3  CONTROLE CONCENTRADO
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12.2.3.1  ADI
12.2.3.2  ADC
12.2.3.3  ADPF
12.2.3.4  ADO
12.3.  AMICUS CURIAE
12.4.  MEDIDA CAUTELAR

13.  FUNÇÕES ESSENCIAIS DA JUSTIÇA

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13.1.  MINISTÉRIO PÚBLICO
13.2.  ADVOCACIA PÚBLICA
13.3.  DEFENSORIA PÚBLICA

14.  DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS


14.1.  ESTADO DE DEFESA
14.2.  ESTADO DE SÍTIO

15.  ORDEM ECONÔMICA E FINANCEIRA


15.1.  PRINCÍPIOS GERAIS
15.2.  POLÍTICA URBANA
15.3.  POLÍTICA AGRÍCOLA E FUNDIÁRIA E REFORMA AGRÁRIA
15.4.  SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

16.  ORDEM SOCIAL

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1.  CONSTITUIÇÃO
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1.1.  CONCEITO

Sentido sociológico: tem como principal defensor Ferdinand Lassalle, segundo o qual a
constituição, para ser efetiva, deve representar a soma dos fatores reais de poder que regem a
sociedade. Sem essa representação de poderes, Lassalle considerava a constituição como uma
simples folha de papel, que dependeria das vontades políticas para ser ou não cumprida. Essa
concepção está ultrapassada.

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Sentido político: principal defensor Carl Schimitt, para quem a constituição seria a “decisão
política fundamental de um povo”, devendo tratar da estrutura de Estado, sua organização política
e assegurar e definir direitos e garantias fundamentais. Seu conceito de constituição corresponde
às normas materialmente constitucionais. Acrescenta ainda que há na constituição a presença de
“leis constitucionais”, que são aquelas que, apesar de consagradas em seu texto, não decorrem de
uma decisão política fundamental.

Sentido jurídico: principal defensor Hans Kelsen, que entende que a constituição é a norma
jurídica no seu mais alto grau hierárquico, seguida dos atos normativos primários (leis ordinárias
e complementares, MP, resoluções etc.) e estes pelos atos normativos secundários (decretos
regulamentares, portarias etc.).

Sentido culturalista: constituição é produto de um fato cultural, produzido pela sociedade e


que sobre ela pode influir. Trata-se de um conjunto de normas fundamentais, condicionadas pela
cultura total, e ao mesmo tempo condicionantes desta.

1.2.  CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES

QUANTO AO CONTEÚDO: a) Material: são as regras que se referem à matéria tipicamente


constitucional, como forma de estado, forma de governo e regime de governo; b) Formal: são
regras que não se referem à matéria tipicamente constitucional.

QUANTO À FORMA: a) Escrita: representa um documento solene, com regras sistematizadas e


organizadas; b) Não-escrita: baseia-se sobretudo nos usos e costumes, de modo que suas regras
não estão fixadas em um texto único. (Exemplo: Constituição da Inglaterra).

QUANTO À EXTENSÃO: a) Analítica (expansiva): trata-se de constituição extensa, que abriga


assuntos que não são essenciais para o Estado (Ex.: art. 242, § 2º, da CF1); b) Sintética (concisa):
1 Art. 242 da CF/88. O princípio do art. 206, IV, não se aplica às instituições educacionais oficiais
criadas por lei estadual ou municipal e existentes na data da promulgação desta Constituição, que não sejam
total ou preponderantemente mantidas com recursos públicos.
§ 1º O ensino da História do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes culturas e etnias para
a formação do povo brasileiro.
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é aquela que é reduzida, priorizando os assuntos essenciais do Estado.

QUANTO AO MODO DE ELABORAÇÃO: a) Histórica (costumeira): decorre de uma lenta evolução


histórica, como no caso da Constituição da Inglaterra; b) Dogmática: decorre de trabalho legislativo
específico, refletindo os dogmas de determinado momento histórico. Todas as constituições
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brasileiras foram dogmáticas.

QUANTO À ALTERABILIDADE: a) Rígida: possui um procedimento mais rigoroso para a


alteração de suas normas do que o procedimento destinado à alteração das demais leis; b) Flexível:
não possui sistema diferenciado para alteração das normas constitucionais; c) Semirrígida
(semi-flexível) TEMA COBRADO NO XXI EXAME DA OAB/FGV: possui dois procedimentos
diferentes para a alteração das normas da constituição, sendo um mais rígido para alteração
das regras materialmente constitucionais e um flexível para a alteração das regras formalmente
constitucionais; d) Super-rígida: além de possuir um procedimento mais rígido para a alteração

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de suas normas, possui dispositivos que não podem ser alterados (cláusulas pétreas), como no
caso da Constituição de 1988 e e) Imutáveis: são as constituições que não admitem alteração.

QUANTO À ORIGEM: a) Outorgadas: são aquelas que são impostas pela vontade do governante,
sem oportunidade de representação popular. Chama-se, tecnicamente, Carta e não Constituição;
b) Promulgadas: são elaboradas pelos representantes do povo; c) Cesarista (Bonapartistas):
elaborada pelo governante, mas referendada posteriormente por meio de referendo.

QUANTO À FUNÇÃO: a) Garantista: limita o poder do Estado, fixando garantias e direitos


fundamentais ao povo; b) Dirigente: organiza o Estado e estabelece normas de ação (programáticas)
a serem seguidas pelo Estado.

QUANTO À IDEOLOGIA: a) Ortodoxa: fundada em apenas uma ideologia; b) Eclética: formada


por diversas ideologias , como a Constituição Federal de 1988.

1.3.  ELEMENTOS DA CONSTITUIÇÃO

ORGÂNICOS: representam as regras materialmente constitucionais, como as normas de


organização do Estado e do Poder;

LIMITATIVOS: representam as regras que limitam o poder do Estado, como os direitos e


garantias fundamentais;

SÓCIO-IDEOLÓGICOS: são as normas que revelam o compromisso entre o Estado individualista


e o Estado Social, como os princípios da ordem econômica e social;

DE ESTABILIZAÇÃO CONSTITUCIONAL: são as normas destinadas a solucionar os conflitos


da própria constituição, como as regras referentes ao processo de emenda à Constituição a ao
controle de constitucionalidade;

FORMAIS DE APLICABILIDADE: são as normas que se referem à aplicação das normas


constitucionais, como o preâmbulo e as disposições constitucionais transitórias.

§ 2º O Colégio Pedro II, localizado na cidade do Rio de Janeiro, será mantido na órbita federal.
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1.4.  HISTÓRICO DAS CONSTITUIÇÕES

CONSTITUIÇÃO DE 1824 – Primeira constituição do Brasil, outorgada por Dom Pedro I


(constituição do Império). Principais características: Estado centralizado, instituição do Poder
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Moderador, exercido pelo Imperador, ou seja, havia quatro poderes (Executivo, Legislativo,
Judiciário e Moderador), voto censitário e Estado confessionário (religião oficial era o catolicismo).

CONSTITUIÇÃO DE 1891 – Primeira Constituição após a proclamação da República. Foi


promulgada e possuiu as seguintes características: aboliu o Poder Moderador, adotou o sistema
presidencialista, instituiu o voto “universal”, mas com exceções (como no caso dos analfabetos) e
instituiu o Estado Laico.

CONSTITUIÇÃO DE 1934 – A segunda Constituição da República foi elaborada em 1934,


representando a concretização dos primeiros anos de Getúlio Vargas no Poder. Teve como características:

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a constitucionalização de direitos sociais (principalmente direitos trabalhistas), a criação da Justiça
Eleitoral, do sufrágio feminino, do voto secreto, do mandado de segurança e da ação popular e
estabeleceu dois instrumentos de reforma constitucional: a revisão e a emenda constitucional.

CONSTITUIÇÃO DE 1937 – Trata-se de uma constituição outorgada pelo próprio Getúlio Vargas
para garantir sua permanência no poder. O regime implantado, conhecido como Estado Novo,
tinha como características: Concentração de poderes ao chefe do Executivo, abolição dos partidos
políticos e da liberdade de imprensa, mandato presidencial prorrogado até a realização de um
plebiscito (que nunca foi realizado), estabelecimento da pena de morte, extinção do federalismo e
do direito de greve do trabalhador.

CONSTITUIÇÃO DE 1946 – Constituição promulgada após o processo de redemocratização


surgido com a queda de Vargas, tendo contemplado um rol de direitos e garantias individuais.
Principais características: restituição do bicameralismo, previsão da função social da propriedade,
possibilitando a sua desapropriação por interesse social, inclusão de um título atinente à família, à
cultura e à educação, garantia de direito à greve e a livre associação sindical, assegura a liberdade de
expressão e opinião, estabelece o equilíbrio entre os poderes e prevê expressamente o mandado de
segurança para proteger direito líquido e certo não amparado por habeas corpus e a ação popular.

CONSTITUIÇÃO DE 1967- Elaborada durante a ditadura militar, representa um documento


autoritário que foi complementado por emendas e atos institucionais ditatoriais. Principais
características: aumentou os poderes da União e do Poder Executivo, atribuiu ao Poder Executivo
a competência para legislar em matéria de orçamento e segurança, previu a ação de suspensão
de direitos políticos e individuais e a eleição indireta para Presidente da República, instituiu a pena
de morte para crimes de segurança nacional e permitiu a expropriação. Houve ainda a criação dos
Atos Institucionais, sendo o mais conhecido o Ato Institucional n. 5, que determinou o fechamento
do Congresso Nacional, a cassação dos mandatos eletivos, a suspensão dos direitos políticos e
liberdades individuais, bem como a proibição de manifestações públicas.

CONSTITUIÇÃO DE 1969 – Para muitos considerada apenas uma Emenda à Constituição de 1967,
teve como principais características o aumento do prazo do mandato presidencial para cinco anos,
eleições indiretas para a função de governador de Estado e a extinção das imunidades parlamentares.

CONSTITUIÇÃO DE 1988 – A Constituição Federal de 1988 representa a concretização


democrática e a institucionalização dos direitos humanos no Brasil. Além de estender a dimensão
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dos direitos e garantias fundamentais, acrescentando os direitos sociais aos direitos civis e
políticos, o que corrobora o princípio da indivisibilidade e interdependência dos direitos humanos,
institui o princípio da aplicabilidade imediata dessas normas, conforme §1º de seu artigo 5º. A
Constituição dispõe, ainda, que os direitos e garantias expressos em seu texto “não excluem outros
decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a
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República Federativa do Brasil seja parte” (art. 5º, § 2º), ou seja, estende a proteção constitucional
aos direitos enunciados nos tratados internacionais em que o Brasil seja parte, tema que será
analisado posteriormente, em tópico específico.

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2.  PODER CONSTITUINTE


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2.1.  PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO

O poder constituinte originário inaugura uma nova constituição, podendo ser a primeira
constituição de um Estado, ou uma nova constituição de um Estado já existente.

As principais características do poder constituinte originário são:

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• Inicial: não deriva de nenhum outro poder anterior, inaugurando uma nova ordem
jurídica.

• Autônomo: não se subordina a nenhuma ordem, podendo eleger com liberdade as


ideias e valores que serão inseridos no texto constitucional.

• Ilimitado: é considerado um poder soberano, não sofrendo limitações jurídicas.

• Incondicionado: não se sujeita a regras pré-determinadas.

• Inalienável: a titularidade do poder constituinte originário não pode ser transferida.

É importante destacar que, atualmente, a ideia de que o poder constituinte originário é


ilimitado é muito criticada, uma vez que ele deveria ao menos respeitar a “cláusula de proibição
de retrocesso”, também chamada de efeito cliquet, segundo a qual a concretização dos direitos
sociais, prevista em cláusulas abertas, não pode retroceder (vedação do retrocesso social).

2.2.  PODER CONSTITUINTE DECORRENTE

O poder constituinte decorrente é o responsável pela elaboração das constituições estaduais,


tendo previsão no art. 11 do ADCT e no art. 25, caput, da CF/88.

Art. 25, caput, da CF/88: Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis
que adotarem, observados os princípios desta Constituição.

Art. 11 do ADCT: Cada Assembleia Legislativa, com poderes constituintes, elaborará a


Constituição do Estado, no prazo de um ano, contado da promulgação da Constituição
Federal, obedecidos os princípios desta.

Parágrafo único. Promulgada a Constituição do Estado, caberá à Câmara Municipal, no


prazo de seis meses, votar a Lei Orgânica respectiva, em dois turnos de discussão e
votação, respeitado o disposto na Constituição Federal e na Constituição Estadual.

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No que concerne ao poder constituinte decorrente, é importante destacar o princípio da
simetria, que exige que o poder constituinte derivado observe os princípios fundamentais e as
regras de organização existentes na Constituição Federal, para que não haja incongruências
desarrazoadas TEMA COBRADO NOS EXAMES XX E XXVII DA OAB/FGV.
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2.3.  PODER CONSTITUINTE DERIVADO

É considerado o poder de reforma da constituição já existente e possui as seguintes características:

• Secundário: nasce na constituição, ou seja, é um poder de direito reconhecido no


próprio texto constitucional.

• Condicionado: deve respeitar as formas e condições estabelecidas na constituição federal.

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• Limitado: possui limites fixados no texto constitucional (Ex.: cláusulas pétreas).

A reforma constitucional é dividida em duas espécies: a revisão constitucional e a emenda constitucional.

A emenda constitucional é considerada o poder de reforma permanente, que deve respeitar o


procedimento e as condições previstas na Constituição.

Já a revisão constitucional, prevista no art. 3º do ADCT, diz respeito à possibilidade de alteração


do texto da constitucional após o período de 5 anos da promulgação da constituição, pelo voto da
maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral.

Sessão unicameral não se confunde com sessão conjunta. Na sessão unicameral, deputados
e senadores votam como se fizessem parte de uma mesma casa, enquanto que na sessão
conjunta, deputados e senadores se reúnem e debatem, mas cada qual vota com seus pares.

2.4.  LIMITES PARA REFORMA DA CONSTITUIÇÃO

Vejamos o teor do art. 60 da CF/88:

Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:

I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal;

II - do Presidente da República;

III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação,


manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.

§ 1º - A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de


estado de defesa ou de estado de sítio.

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§ 2º - A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois
turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos
respectivos membros.

§ 3º - A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados


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e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem.

§ 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:

I - a forma federativa de Estado;

II - o voto direto, secreto, universal e periódico;

III - a separação dos Poderes;

IV - os direitos e garantias individuais.

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§ 5º - A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada
não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa.

Da análise do artigo supratranscrito, é possível concluir que existem as seguintes espécies


de limites para a reforma da Constituição: a) limites procedimentais, b) limites circunstancias e c)
limites materiais.

2.4.1.  LIMITES PROCEDIMENTAIS.

Conforme previsto no art. 60, I a III, da CF/88, são os seguintes legitimados para propor projeto
de emenda constitucional:

1) O Presidente da República;

2) 1/3, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal;

3) Mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-


se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.

O parlamentar individualmente, portanto, não poderá apresentar uma PEC.

A Câmara dos Deputados é a casa onde se inicia a análise das propostas de emendas
constitucionais, salvo quando o projeto for apresentado pelos senadores, hipótese em que será
inicialmente analisada no Senado.

Conforme previsto no §2º do art. 60, a proposta será discutida e votada em cada Casa do
Congresso Nacional, em 2 (dois) turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, 3/5
(três quintos) dos votos dos respectivos membros.

A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado
Federal, com o respectivo número de ordem (§ 3º do art. 60 da CF/88).

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Enquanto as leis ordinárias são promulgadas pelo Presidente da República, as emendas
constitucionais são promulgadas pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal
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2.4.2.  LIMITES CIRCUNSTANCIAIS

De acordo com o art. 60, § 1º, da CF/88, a Constituição não poderá ser emendada na vigência
de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio. TEMA COBRADO NO XIII
EXAME DA OAB/FGV.

Cessada a intervenção ou a situação excepcional, o poder de reforma se restabelece.

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2.4.3.  LIMITES TEMPORAIS

De acordo com o §5º do art. 60 da CF/88, a matéria constante de proposta de emenda rejeitada
ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa.

A sessão legislativa corresponde ao período anual de reunião do Congresso Nacional, que tem
início no dia 2 de fevereiro e vai até 17 de julho, reiniciando-se em 1º de agosto, indo até 22 de
dezembro.

Cada sessão legislativa, portanto, tem dois períodos legislativos (2 de fevereiro até 17 de julho
e 1º de agosto até 22 de dezembro).

A sessão legislativa não se confunde com a legislatura. Isso porque a legislatura é considerada
o período de quatro anos, que corresponde ao mandato do deputado. O senador exerce seu
mandato em 8 anos, o que corresponde a duas legislaturas.

2.4.4.  LIMITES MATERIAIS

As limitações materiais são divididas em limitações materiais expressas (cláusula pétrea) e implícitas.

Limitações implícitas: Decorrem da interpretação do próprio texto da Constituição, como nos


seguintes casos:

• Exercente do poder de reforma: não é possível emenda constitucional que objetive


retirar do Congresso Nacional o seu poder de reforma.
• Procedimento da emenda constitucional: não é possível uma emenda constitucional
que objetive retirar a maior complexidade do próprio procedimento de emenda
constitucional, tornando-o igual ao da lei ordinária.

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Limitações expressas (Cláusulas Pétreas): dispõe o art. 60, §4º da CF:

Art. 60.(…)

§ 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:


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I - a forma federativa de Estado;

II - o voto direto, secreto, universal e periódico;

III - a separação dos Poderes;

IV - os direitos e garantias individuais.

As cláusulas pétreas são consideradas o “núcleo duro” da Constituição Federal, não podendo,
em hipótese alguma, ser abolidas por emenda constitucional.

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• Forma federativa de Estado: os entes federados possuem autonomia política e
administrativa, ou seja, não existe relação de dependência/hierarquia entre eles.

O regime de governo (presidencialismo / parlamentarismo) e a forma de governo (monarquia


/ república) não são cláusulas pétreas.

• Voto direto, secreto, universal e periódico: o voto é o instrumento por meio do qual
o cidadão exerce a capacidade eleitoral ativa, uma das duas capacidades do direito de
sufrágio, que a abrange o direito de votar e de ser votado.

DIRETO O voto deve ser realizado diretamente pelo eleitor, sem nenhum intermediário.

SECRETO O voto é sigiloso, não podendo ser revelado

UNIVERSAL Não há distinção econômica ou social para o direito de voto, estabelecendo-se


um limite etário.

PERIÓDICO As eleições devem ser periódicas, sendo vedado o mandato vitalício.

A obrigatoriedade do voto não é considerada cláusula pétrea. Assim, é possível uma emenda
constitucional que transforme o voto obrigatório em facultativo. TEMA COBRADO NO
XXV EXAME DA OAB/FGV.

• Separação dos Poderes: com base no sistema dos freios e contrapesos, cada um
dos três poderes possui funções típicas e atípicas. O Poder Executivo, além da típica
função administrativa, também desempenha funções atípicas (legislativa – ex.: edita
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Medida Provisória e lei delegada e jurisdicional – função julgadora no âmbito do
processo administrativo); o Poder Legislativo, além das suas típicas funções normativa
e fiscalizatória, exerce funções administrativas (administra seu pessoal) e jurisdicionais
(julga autoridades em crimes de responsabilidade); e o Poder Judiciário, além de sua
função jurisdicional típica, exerce função administrativa e legislativa (ex.: elabora seus
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regimentos internos). O sistema de freios e contrapesos garante o equilíbrio e harmonia


entre os Poderes, por meio do estabelecimento de controles recíprocos.
• Direitos e garantias individuais: o inciso IV do § 4º do art. 60 se valeu da expressão
“direitos e garantias individuais”. Por esse motivo, há divergência doutrinária se
apenas os direitos previstos no art. 5º da Constituição Federal estariam protegidos
pela imutabilidade ou os direitos sociais também seriam considerados cláusulas
pétreas. Uma primeira corrente, restritiva, entende que, se a redação do inciso se
referiu apenas a direitos e garantias individuais, propositalmente não quis abranger
outros direitos. Outra corrente, que reputamos mais adequada, entende que a norma

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disse menos do que deveria, devendo haver a incidência dos princípios da proibição do
retrocesso social e interdependência dos direitos humanos, de modo que os direitos
sociais também devem ser considerados cláusulas pétreas.

MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL: a “mutação constitucional”, também chamada de “processo


oblíquo de adaptação”, ocorre quando há uma alteração do sentido da norma constitucional sem
qualquer mudança no seu texto, adequando-a aos novos valores e costumes da sociedade. A título
de exemplo, o conceito de casa previsto no art. 5º, XI, da CF/88, limitava-se inicialmente à ideia
de residência/domicilio, entretanto, em razão da mutação constitucional, o conceito é atualmente
ampliado para abranger outros locais, como escritórios e demais ambientes de trabalho, quarto
de hotel, trailer, etc. TEMA COBRADO NO XXVI EXAME DA OAB/FGV.

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3.  EFICÁCIA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS


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3.1.  NORMAS DE EFICÁCIA PLENA, CONTIDA E LIMITADA

Segundo a doutrina tradicional, existem normas constitucionais de eficácia plena, eficácia


limitada e eficácia contida.

• Normas de eficácia plena: possuem todos os elementos necessários e suficientes para


a produção de seus efeitos, ou seja, não precisam de outra lei que as complemente. São

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normas de aplicabilidade direta, imediata e integral TEMA COBRADO NO XIV EXAME DA
OAB/FGV.
• Normas de eficácia contidas: possuem aplicabilidade direta e imediata, mas o legislador
pode restringir a sua eficácia, por isso também são chamadas de normas redutíveis. Assim,
a própria norma constitucional permite que a lei ordinária limite o seu alcance, como no caso
do inciso LVIII do art. 5º da CF/88, que dispõe: “O civilmente identificado não será submetido
a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei”. TEMA COBRADO NO XVI
EXAME DA OAB/FGV.
• Normas de eficácia limitada: são aquelas que dependem de regulamentação posterior
para produzirem todos os seus efeitos, ou seja, são normas incompletas, que dependem
da atuação do legislador ordinário, como no caso do art. 7º, XI, da CF/88, que dispõe que,
independentemente do salário, o trabalhador tem direito “a participação nos lucros, ou
resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da
empresa, conforme definido em lei”. As normas de eficácia limitada são divididas em:

a) Normas de princípio institutivo: o legislador constituinte estabelece o conteúdo


geral de estruturação de órgãos, entidades ou institutos, para que o legislador ordinário os
estruture em definitivo, como no caso dos artigos 33 e 88 da CF/88:

Art. 33 da CF/88 - A lei dispora sobre a organização administrativa e judiciária dos Territórios.

Art. 88 da CF/88 - A lei disporá sobre a criação e extinção de Ministérios e órgãos da


administração pública

b) Normas de princípio programático: estabelecem programas e diretrizes que devem


ser buscados e alcançados pelo poder público, como a valorização do trabalho, o direito à
saúde, o combate ao analfabetismo, etc.

Art. 196 da CF/88: A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante
políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros
agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção,
proteção e recuperação.

Art. 205 da CF/88: A educação, direito de todos e dever do Estado e da família,


será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
15
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação
para o trabalho.

Registra-se, ainda, que há as denominadas normas de eficácia exaurida, que são aquelas que
já produziram os efeitos desejados, como alguns artigos do ADCT.
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As normas contidas no texto constitucional e as do ADCT possuem o mesmo status jurídico


das demais normas constitucionais, ou seja, não há hierarquia entre elas. Assim sendo,
havendo conflitos entre essas normas, deve incidir a disposição mais específica (princípio da
especialidade). TEMA COBRADO NO XXI EXAME DA OAB/FGV.

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3.2.  RECEPÇÃO CONSTITUCIONAL

Com o advento de uma nova constituição, há o fenômeno da ab-rogação (revogação integral),


que revoga a eficácia da constituição anterior TEMA COBRADO NO XXVI EXAME DA OAB/FGV.

No entanto, se uma lei ordinária anterior se mostrar compatível materialmente com a nova
constituição, ela será recebida por esta, pois há o fenômeno da recepção constitucional. Por
outro lado, se a lei não for compatível materialmente com a nova constituição, a norma não será
recepcionada (“não recepção”) TEMA COBRADO NO XXV EXAME DA OAB/FGV.

A recepção constitucional, portanto, assegura a preservação, continuidade e eficácia do


ordenamento jurídico infraconstitucional anterior à nova constituição que com ela se mostra
materialmente compatível. A recepção também será verificada sempre que sobrevier uma nova
emenda constitucional.

É importante destacar, ainda, que o Supremo Tribunal Federal passou a admitir a ADPF como
instrumento capaz de decidir abstratamente se uma lei foi recepcionada ou não pela Constituição.

O mais importante em relação ao fenômeno da recepção é a compatibilidade material, já


que eventual incompatibilidade formal será superada. A título de exemplo, o Código Tributário
Nacional, que nasceu como lei ordinária, foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988 como lei
complementar, já que, de acordo com a Constituição, trata-se de matéria reservada à lei complementar.

3.3.  REPRISTINAÇÃO

A repristinação é o fenômeno pelo qual a constituição, expressamente, prevê a restauração


da vigência de uma lei que havia sido revogada pela constituição anterior. Deve-se atentar que a
Constituição não possui força repristinatória automática, ou seja, uma lei revogada pela constituição
anterior não volta a entrar em vigor automaticamente com a nova constituição.

3.4.  DESCONSTITUCIONALIZAÇÃO

A teoria da desconstitucionalização dispõe que as normas da constituição anterior seriam


16
rebaixadas à categoria de normas infraconstitucionais com o advento de uma nova constituição,
desde que sejam com ela compatíveis formalmente.

A teoria da desconstitucionalização não é aceita no ordenamento jurídico brasileiro, uma vez que
existe o fenômeno da ab-rogação, salvo se a nova norma constitucional for expressa nesse sentido.
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4.  NEOCONSTITUCIONALISMO E CONSTITUCIONALISMO


OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

Entende-se por Constitucionalismo o movimento jurídico e político deflagrado com o objetivo


de limitar o Poder do Estado por meio de uma constituição escrita. O termo “constitucionalismo”,
portanto, se contrapõe ao absolutismo, trazendo limites contra o arbítrio do poder do Estado.

Já a ideia de neoconstitucionalismo, ou constitucionalismo contemporâneo, tem sua origem


no período histórico pós 2ª Guerra Mundial, e objetiva garantir a maior eficácia possível
da constituição, sobretudo a maior eficácia dos direitos fundamentais. Suas principais
características são: a) proclama a primazia do princípio da dignidade da pessoa humana; b)

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enaltece a força normativa da constituição; c) extensão da constituição em todas as áreas
jurídicas (constitucionalização do direito) e d) reaproximação entre direito e moral, superando a
ideia clássica do positivismo TEMA COBRADO NO XVII EXAME DA OAB/FGV.

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5.  PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988


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O tema “princípios fundamentais” corresponde ao Título I da Constituição Federal de 1998


e abrange os quatro primeiros artigos, sendo importante a diferenciação entre fundamentos,
objetivos e os princípios que regem a república federativa nas relações internacionais.

Recomendamos a leitura atenta aos artigos abaixo transcritos.

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e

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Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem
como fundamentos:

I - a soberania;

II - a cidadania;

III - a dignidade da pessoa humana;

IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

V - o pluralismo político.

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes
eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o


Executivo e o Judiciário.

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;

II - garantir o desenvolvimento nacional;

III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;

IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e
quaisquer outras formas de discriminação.

Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos
seguintes princípios:

I - independência nacional;

II - prevalência dos direitos humanos;

III - autodeterminação dos povos;

IV - não-intervenção;
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V - igualdade entre os Estados;

VI - defesa da paz;

VII - solução pacífica dos conflitos;


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VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;

IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;

X - concessão de asilo político.

Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica,


política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma
comunidade latino-americana de nações.

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6.  DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS


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Direitos e garantias são conceitos que não se confundem. Enquanto os direitos são disposições
que garantem a existência de determinada prerrogativa, as garantias são elementos assecuratórios,
que garantem a proteção dos direitos.

6.1.  DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS

O caput do art. 5º da Constituição Federal elenca 5 (cinco) direitos fundamentais: vida, liberdade,

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igualdade, segurança e propriedade.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida,
à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

Como o princípio da isonomia vem disposto no “caput” do artigo, ele vai orientar a interpretação
de todos os seus incisos.

Atente-se que a norma diz que os direitos são garantidos “aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País”. No entanto, entende-se que os estrangeiros que estão temporariamente no
Brasil também são salvaguardados pelo artigo 5º da CF/88.

Vejamos os incisos mais importantes do art. 5º para a prova da OAB:

I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;

Trata-se do princípio da igualdade, não se justificando qualquer discriminação infundada entre


homens e mulheres. Isso não significa, entretanto, que não possa haver diferença no tratamento
entre gêneros, já que muitas vezes o tratamento diferenciado é que garante a igualdade material.
A título de exemplo, a CLT estipula que o limite de peso a ser carregado por uma mulher é inferior
ao limite a ser suportado pelo homem. A regra é constitucional porque, em razão da diferença
física existente entre homens e mulheres, é natural que estas devam carregar menos peso do que
os homens. Nesse caso, portanto, o tratamento diferenciado é que garante a igualdade material
entre os gêneros.

IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

Aquele que manifestar seu pensamento, portanto, deve se identificar. A identificação da


identidade é importante porque aquele que transmitir o pensamento ultrapassando os limites
legais poderá ser responsabilizado civil e criminalmente.

V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por


dano material, moral ou à imagem;

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O inciso V é uma decorrência lógica do inciso IV, já que aquele que se sentir desrespeitado pela
manifestação do pensamento de outrem, terá direito de resposta, assegurando-se ainda eventual
indenização por dano material, moral ou à imagem.

VII – É assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades
OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

civis e militares de internação coletiva; TEMA COBRADO NO XXIX EXAME DA


OAB/FGV.

Apesar de o Brasil ser um Estado Laico, assegura-se o direito de prestação de assistência


religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva TEMA COBRADO NO XIX EXAME
DA OAB/FGV.

VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção
filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos
imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei.

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O inciso VIII assegura a negativa de cumprimento de uma obrigação legal por motivo de
convicção filosófica ou política, mas, nesse caso, se a pessoa não cumprir prestação alternativa,
poderá ser punida. A título de exemplo, se alguém se negar a prestar o serviço militar por motivos
de convicção filosófica ou política e não cumprir obrigação alternativa, poderá ter a suspensão ou
perda de seus direitos políticos (art. 15, IV, da CF/88).

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado
o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

Assegura-se, portanto, indenização por dano moral e material, ou seja, ambos os danos são cumuláveis.

XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem


consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para
prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;

Segundo jurisprudência do STF, o conceito de casa compreende qualquer compartimento


habitado como, por exemplo, os quartos de hotel, pensão, motel e hospedaria ou, ainda, qualquer
outro local privado não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade, como o
escritório de um advogado. É importante memorizar ainda que a prisão obedecendo a mandado
judicial pode ocorrer apenas no período diurno. Além disso, se houver consentimento do morador,
não há que se falar em violação de domicilio. TEMA COBRADO NO VI EXAME DA OAB/FGV.

XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados


e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses
e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução
processual penal;

A inviolabilidade da correspondência, ao contrário do que parece dizer o inciso, não é absoluta.


Nesse sentido, o STF já decidiu ser possível a interceptação de comunicação epistolar do preso
se houver razões de segurança pública. Além disso, a Constituição Federal autoriza a restrição do
sigilo epistolar durante o Estado de Defesa e no Estado de Sítio.

XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao


público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião
anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à
22
autoridade competente;

A Constituição Federal assegura o direito de reunião pacífica sem necessidade de autorização.


Entretanto, a reunião depende de comunicação prévia e não pode frustrar reunião anteriormente
convocada para o mesmo local TEMA COBRADO NOS EXAMES XII, XIV E XXVI DA OAB/FGV.
OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;

A Constituição Federal veda expressamente a associação de caráter paramilitar, considerada


aquela cujos membros se valem de armas e técnicas policiais ou militares para a realização de seus
objetivos, sem, contudo, pertencerem ao Estado TEMA COBRADO NO III EXAME DA OAB/FGV.

XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de


autorização , sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento.

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A criação de associação independe de autorização estatal, sendo proibida a interferência no
seu funcionamento TEMA COBRADO NO XXVII EXAME DA OAB/FGV.

XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades


suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;

As associações podem ter suas atividades suspensas por decisão judicial, mas para serem
dissolvidas exige-se decisão transitada em julgado.

XX- ninguém poderá ser compelido a associar-se ou permanecer associado.

XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade


para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente.

XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou


utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em
dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição TEMA COBRADO NO
XXIV EXAME DA OAB/FGV.

XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de


propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;

DESAPROPRIAÇÃO REQUISIÇÃO
Se refere apenas a bens. Se refere a bens ou serviços.

Trata-se de aquisição da propriedade, por meio de Não há transferência da propriedade, mas apenas o
uma transferência compulsória. seu uso ou ocupação temporária.

Necessidades permanentes. Necessidades transitórias. Ocorre em situações


emergenciais, como no caso de um policial que ocupa
uma casa para investigar um sequestro ocorrido na
residência vizinha.

Depende de acordo ou processo judicial. Autoexecutoriedade, já que se trata de


situação emergencial.

Sempre haverá indenização, que deve ser A indenização só é devida posteriormente e caso
justa e prévia. haja dano.
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XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela
família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua
atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;

Apenas a pequena propriedade rural que for trabalhada pela família não será objeto de
OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva. Débitos que não
estejam relacionados com a atividade produtiva poderão ensejar penhora.

XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse
particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei,
sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à
segurança da sociedade e do Estado; TEMA COBRADO NO XXIX EXAME DA
OAB/FGV.

O direito à informação não é absoluto, uma vez que pode ser negado nas hipóteses em que

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o sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. Não depende, entretanto, de
qualquer autorização excepcional. TEMA COBRADO NO XIV EXAME DA OAB/FGV.

XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:

a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade


ou abuso de poder;

b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e


esclarecimento de situações de interesse pessoal;

A alínea “a” se refere ao direito de petição, que pode ser exercido por brasileiro, estrangeiro,
pessoa física ou jurídica, capazes e incapazes. Se houver recusa acerca das informações
solicitadas, caberá Mandado de Segurança, sem prejuízo da responsabilidade civil. O direito de
petição é exercido independentemente do pagamento de taxa. TEMA COBRADO NO XXVIII
EXAME DA OAB/FGV.

A Alínea “b” se refere ao direito de obter certidão, que também será gratuito.

XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;

O inciso XXXV consagra o princípio da inafastabilidade ou indeclinabilidade jurisdicional.

XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;

Considera-se ato jurídico perfeito aquele capaz de produzir seus efeitos por respeitar todos os
requisitos exigidos em lei. Direito adquirido, por sua vez, é um direito subjetivo já definitivamente
incorporado ao patrimônio jurídico de alguém, ainda que não consumado. Coisa julgada, por fim, é
qualidade da sentença que torna imutáveis e indiscutíveis seus efeitos após o trânsito em julgado
da decisão. Desse modo, um direito assegurado por decisão judicial transitada em julgado não
pode ser prejudicado por lei posterior TEMA COBRADO NO XV EXAME DA OAB/FGV.

XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;

Tribunal de exceção é aquele criado temporariamente para julgar um caso após o crime
ter sido cometido, como no caso do Tribunal de Nuremberg. TEMA COBRADO NO XXIV
24
EXAME DA OAB/FGV.

XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena


de reclusão, nos termos da lei;
OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática


da tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos
como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que,
podendo evitá-los, se omitirem;

XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou


militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático;

Apenas a prática de racismo e a ação de grupos armados contra a ordem constitucional que
são imprescritíveis.

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XLVII - não haverá penas:

a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;

b) de caráter perpétuo;

c) de trabalhos forçados;

d) de banimento;

e) cruéis;

A figura do banimento representa o envio compulsório do brasileiro ao estrangeiro, o que foi


institucionalizada pelo Ato Institucional n. 13, de 05/09/1969. Com a Constituição Federal de 1988,
previu-se no art. 5º, inciso XLVII, alínea ‘d’, a proibição da pena de banimento. Destaca-se ainda que
a CF/88 autoriza a pena de morte no Brasil apenas em caso de guerra declarada.

LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum,


praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;

Brasileiro nato nunca será extraditado. Já o brasileiro naturalizado será extraditado quando:(a)
em caso de crime comum, praticado antes da naturalização e (b) depois da naturalização, em caso
de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei
TEMA COBRADO NO XXV EXAME DA OAB/FGV.

LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião;

Independentemente da nacionalidade, ninguém será extraditado pela prática de crime político


ou de opinião TEMA COBRADO NO VI EXAME DA OAB/FGV.

LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença


penal condenatória;

O Supremo Tribunal Federal fixou entendimento, no final de 2019, que o início da execução da
pena condenatória somente pode ocorrer após trânsito em julgado da decisão.
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LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados
imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada;

LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado,
sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado;
OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu
interrogatório policial;

LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento
voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;

O inciso sob análise dispõe que ninguém será preso por dívida civil, salvo nos casos do
depositário infiel e da dívida alimentar. Entretanto, o Pacto de São José da Costa Rica admite
a prisão civil apenas na hipótese de dívida alimentar. Assim, levando-se em conta o caráter

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supralegal do Pacto de São José da Costa Rica, o Supremo Tribunal Federal firmou entendimento
de que a prisão do depositário infiel não será mais aplicada no Brasil, já que o Pacto internacional
teria revogou toda a legislação infraconstitucional que regulamentava a matéria.

LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei:

a) o registro civil de nascimento;

b) a certidão de óbito;

A isenção, de acordo com o texto constitucional, se aplica apenas àqueles reconhecidamente pobres.

LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração


do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.

A Constituição Federal, além de assegurar o acesso ao Poder Judiciário, garante a efetividade


do trâmite dos processos judiciais e administrativos por meio da duração razoável do processo e
da celeridade TEMA COBRADO NO IV EXAME DA OAB/FGV.

6.2.  DIREITOS SOCIAIS

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia,


o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à
infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.

O direito social ao transporte foi acrescido ao art. 6 º pela EC n. 90 de 2015.

Os direitos sociais impõem ao Estado não apenas a abstenção, mas a necessidade de atuação,
ou seja, são direitos prestacionais, conforme podemos verificar, de forma exemplificativa, nos
artigos abaixo transcritos.

Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais
e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso
universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
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Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida
e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Os direitos sociais são direitos fundamentais, ligados ao princípio da dignidade da pessoa humana.
OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

Nesse sentido, entendemos que não é possível a redução do seu conteúdo por Emenda Constitucional,
sob pena de caracterizar nítido retrocesso social (princípio da vedação do retrocesso social).

6.3.  NACIONALIDADE

Considera-se nacionalidade o vínculo jurídico-político entre um indivíduo e determinado Estado.


A nacionalidade pode ser primária (originária) ou secundária (adquirida)

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Para a determinação da nacionalidade primária, existem dois critérios básicos:

1) Critério Ius sanguinis: considera-se nacional o descendente de pais nacionais,


independentemente do local de nascimento.

2) Critério Ius soli: considera-se nacional aquele que nasce no território do Estado,
independentemente da nacionalidade de seus pais.

Já a nacionalidade secundária diz respeito à naturalização, que decorre de um fato voluntário:


o pedido de naturalização.

6.3.1.  NACIONALIDADE PRIMÁRIA NO BRASIL

De acordo com o art. 12, I, da CF/88, são brasileiros natos:

“a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde
que estes não estejam a serviço de seu país;

b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer


deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil;

c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam


registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República
Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela
nacionalidade brasileira; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 54, de 2007)”.

A alínea “a” adotou o critério ius soli. Assim, a pessoa nascida no Brasil será considerada
brasileiro nato, salvo se os seus pais forem estrangeiros e ambos estiverem a serviço de seu país
de origem2 TEMA COBRADO NO V EXAME DA OAB/FGV .

2 Se o estrangeiro estiver no território brasileiro a serviço de um organismo internacional do qual o


Brasil faça parte (ONU, UNESCO, etc.), ele não será considerado a serviço de seu país de origem.

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• Um casal de franceses vive no Brasil e trabalha em uma empresa multinacional francesa.
Se o casal tiver um filho no Brasil, a criança será considerada brasileira nata, pois os pais
não estão a serviço da França e sim de uma empresa privada.
OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

• Pai é um cônsul norte americano no Brasil e se casa com uma argentina que trabalha para
a Petrobras. Se o casal tiver um filho no território brasileiro, ele terá nacionalidade originaria
brasileira, porque apenas o pai está a serviço de seu país (EUA).

A alínea ‘b’, por sua vez, adotou o critério ius sanguinis, desde que um dos pais esteja a serviço
do país, o que engloba serviço diplomático ou serviço público de qualquer natureza prestado a órgão
da Administração, centralizada ou descentralizada, da União, Estados, Distrito Federal ou Município.

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


Banco do Brasil abriu uma agência na França e nomeou um funcionário de carreira para ser
gerente. Se esse funcionário tiver um filho na França, a criança será brasileira, pois, se está
a serviço de sociedade de economia mista, está tratando de interesses do Brasil. Serviço,
portanto, é interpretado como interesse.

Por fim, a alínea ‘c’ prevê duas hipóteses: ius sanguinis + registro ou ius sanguinis + vínculo
territorial + “opção”

c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam


registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República
Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela
nacionalidade brasileira; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 54, de 2007)

Os requisitos são:

(a) nascido no estrangeiro, de pai ou mãe brasileiro, basta um;

(b1) registro consular. O registro da criança no consulado é suficiente para a aquisição


da nacionalidade, não havendo necessidade de residir no Brasil.

OU

(b2) residência no Brasil + “opção”, em qualquer tempo, após a maioridade civil (ato
personalíssimo), perante juiz federal (art. 109, V, da CF – não é de forma livre, pois
se trata de um processo de jurisdição voluntária, com homologação ou transcrição),
declarando unilateralmente a vontade de conservar a nacionalidade primária.

6.3.2.  BRASILEIRO NATURALIZADO

Art. 12. São brasileiros:

II - naturalizados:

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a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de
países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;

b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa


do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que
OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

requeiram a nacionalidade brasileira. (Redação dada pela Emenda Constitucional de


Revisão nº 3, de 1994)

A naturalização é o modo secundário de obtenção da nacionalidade.

A naturalização ordinária se refere à alínea “a” do Inciso II do art. 12 da CF/88 e decorre


de um fato voluntário, devendo a pessoa preencher os requisitos da Lei e fazer uma postulação
administrativa, perante o Ministro da Justiça.

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


Os requisitos estão previstos na Lei nº 13.445/2017:

Art. 65. Será concedida a naturalização ordinária àquele que preencher as seguintes condições:

I - ter capacidade civil, segundo a lei brasileira;

II - ter residência em território nacional, pelo prazo mínimo de 4 (quatro) anos;

III - comunicar-se em língua portuguesa, consideradas as condições do naturalizando; e

IV - não possuir condenação penal ou estiver reabilitado, nos termos da lei.

Art. 66. O prazo de residência fixado no inciso II do caput do art. 65 será reduzido para,
no mínimo, 1 (um) ano se o naturalizando preencher quaisquer das seguintes condições:

II - ter filho brasileiro;

III - ter cônjuge ou companheiro brasileiro e não estar dele separado legalmente ou de
fato no momento de concessão da naturalização;

V - haver prestado ou poder prestar serviço relevante ao Brasil; ou

VI - recomendar-se por sua capacidade profissional, científica ou artística.

Parágrafo único. O preenchimento das condições previstas nos incisos V e VI do caput


será avaliado na forma disposta em regulamento.

Não existe direito subjetivo à naturalização ordinária. Conceder ou não a naturalização é um ato de
império, com discricionariedade do Estado, de modo que não há direito de se socorrer ao Judiciário.

• Para os estrangeiros originários de países de língua portuguesa são exigidos


apenas dois requisitos: residir no país há mais de um ano ininterrupto e ter idoneidade
moral TEMA COBRADO NO XXVI EXAME DA OAB/FGV.

• Para os portugueses, basta que tenham residência permanente no Brasil e, desde que haja
reciprocidade em favor de brasileiros, eles terão os mesmos direitos, salvo em alguns casos
previstos na Constituição (quase nacionalidade, conforme abaixo estudado).
29
A naturalização extraordinária, por sua vez, diz respeito ao inciso II, “b”, do art. 12 da CF/88,
com correspondência no art. 67 da Lei n. 13.445/2017:

Art. 12 da CF/88 - São brasileiros:


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II - naturalizados:

b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa


do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que
requeiram a nacionalidade brasileira.

Art. 67 da Lei n. 13.445/2017 - A naturalização extraordinária será concedida a pessoa


de qualquer nacionalidade fixada no Brasil há mais de 15 (quinze) anos ininterruptos e
sem condenação penal, desde que requeira a nacionalidade brasileira.

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


O dispositivo declara que são brasileiros naturalizados os estrangeiros, desde que requeiram.
Nessa hipótese, portanto, há direito subjetivo à naturalização extraordinária, desde que observados
os seguintes requisitos:

(A) temporal: residentes no Brasil há mais de 15 anos;

(B) idoneidade: ausência de condenação penal;

(C) requerimento expresso.

Se o estrangeiro for absolvido em relação ao processo criminal e cumprir os demais requisitos


acima listados, terá direito à naturalização TEMA COBRADO NO XV EXAME DA OAB/FGV.

Quando a Constituição ou a lei utilizam a palavra “brasileiro”, estão tratando dos brasileiros
natos e naturalizados.

Muito importante registar ainda que a Lei n. 13.445/2017 passou a prever mais duas hipóteses
de naturalização:

• Naturalização especial (art. 68): poderá ser concedida ao estrangeiro que se encontre
em uma das seguintes situações: I - seja cônjuge ou companheiro, há mais de 5 (cinco)
anos, de integrante do Serviço Exterior Brasileiro em atividade ou de pessoa a serviço
do Estado brasileiro no exterior; ou II - seja ou tenha sido empregado em missão
diplomática ou em repartição consular do Brasil por mais de 10 (dez) anos ininterruptos.

De acordo com art. 69 da Lei n. 13.445/2017, são requisitos para a concessão da naturalização
especial: I - ter capacidade civil, segundo a lei brasileira; II - comunicar-se em língua portuguesa,
consideradas as condições do naturalizando; e III - não possuir condenação penal ou estiver
reabilitado, nos termos da lei.

30
• Naturalização provisória (art. 70): poderá ser concedida ao migrante criança ou
adolescente que tenha fixado residência em território nacional antes de completar 10
(dez) anos de idade e deverá ser requerida por intermédio de seu representante legal.
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A naturalização provisória poderá ser convertida em definitiva se o naturalizando expressamente


assim o requerer no prazo de 2 (dois) anos após atingir a maioridade.

6.3.3.  SITUAÇÃO JURÍDICA ESPECIAL DOS NACIONAIS PORTUGUESES

Art. 12. (…)

§ 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos
previstos nesta Constituição.

Em relação ao português residentes no Brasil, este não necessita naturalizar-se para auferir
os direitos correspondentes à condição de naturalizado, bastando, para tanto, que tenha residência
permanente no Brasil e haja reciprocidade de tratamento. Trata-se da hipótese que a doutrina
chama de “quase nacionalidade”, já que os portugueses não precisam ter a naturalização brasileira
para exercerem os mesmos direitos dos brasileiros naturalizados.

6.3.4.  TRATAMENTO JURÍDICO DIFERENCIADO ENTRE BRASILEIRO NATO


E NATURALIZADO

Dispõe o art. 12, § 2º, da CF, que a lei infraconstitucional não pode estabelecer distinção entre
brasileiros natos e naturalizados, restando apenas à Constituição fazê-lo.

Art. 12. (…)

§ 2º - A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados,


salvo nos casos previstos nesta Constituição.

• ACESSO A CARGOS PÚBLICOS TEMA COBRADO NOS EXAMES VII, XII E XVI DA OAB/FGV.

§ 3º - São privativos de brasileiro nato os cargos:

I - de Presidente e Vice-Presidente da República;

II - de Presidente da Câmara dos Deputados;

III - de Presidente do Senado Federal;

IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;

V - da carreira diplomática;

VI - de oficial das Forças Armadas.

VII - de Ministro de Estado da Defesa (Incluído pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999)
31
Trata-se de rol taxativo, sendo que todos os cargos acima relacionados dizem respeito à
soberania nacional.

Algumas observações são importantes:


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• O cargo de Senador ou Deputado Federal pode ser ocupado por brasileiro


naturalizado, mas apenas o brasileiro nato pode ocupar o cargo de Presidente Câmara
ou do Senado TEMA COBRADO NO XVI EXAME DA OAB/FGV.

• O Presidente e os demais ministros do STJ podem ser brasileiros naturalizados.

• O Presidente do CNJ deve ser brasileiro nato, já que se trata de cargo ocupado pelo
Presidente do Supremo Tribunal Federal;

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


Em relação ao inciso V (carreiras diplomáticas), observe-se que Ministro das Relações Exteriores,
“chefe” das carreiras diplomáticas, pode ser brasileiro nato ou naturalizado, enquanto que os demais
membros da carreira diplomática devem ser brasileiros natos. Trata-se de uma incoerência, já que,
se o hierarquicamente inferior não pode ser naturalizado, não tem sentido o chefe ser.

Com relação ao Inciso VI, apenas os oficiais das forças armadas que devem ser brasileiros natos.

Já no que tange ao inciso VII, o cargo de Ministro de Estado da Defesa deve ser ocupado apenas por
brasileiro nato, uma vez que é o superior hierárquico dos Comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica.

• PROPRIEDADE DE EMPRESA JORNALÍSTICA (ART. 222 DA CF)

Art. 222. A propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e


imagens é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, ou de
pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede no País.

§ 1º Em qualquer caso, pelo menos setenta por cento do capital total e do capital
votante das empresas jornalísticas e de radiodifusão sonora e de sons e imagens
deverá pertencer, direta ou indiretamente, a brasileiros natos ou naturalizados há mais
de dez anos, que exercerão obrigatoriamente a gestão das atividades e estabelecerão o
conteúdo da programação.

§ 2º A responsabilidade editorial e as atividades de seleção e direção da programação


veiculada são privativas de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, em
qualquer meio de comunicação social.

§ 3º Os meios de comunicação social eletrônica, independentemente da tecnologia


utilizada para a prestação do serviço, deverão observar os princípios enunciados no
art. 221, na forma de lei específica, que também garantirá a prioridade de profissionais
brasileiros na execução de produções nacionais.

§ 4º Lei disciplinará a participação de capital estrangeiro nas empresas de que trata o § 1º.

§ 5º As alterações de controle societário das empresas de que trata o § 1º serão


comunicadas ao Congresso Nacional.
32
Segundo a redação do artigo 222 da CF/88, apenas brasileiros natos ou naturalizados há mais de
10 anos podem ser proprietários de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens.

Além disso, ao menos 75% do capital total e do capital votante dessas empresas deverá
pertencer, direta ou indiretamente, a brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, que
OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

exercerão obrigatoriamente a gestão das atividades e estabelecerão o conteúdo da programação


TEMA COBRADO NO XXII EXAME DA OAB/FGV.

6.3.5.  PERDA DA NACIONALIDADE

Art. 12. (…)

§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade
nociva ao interesse nacional;

II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:

a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira;

b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em


estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício
de direitos civis; (Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)

O inciso I se refere ao brasileiro naturalizado que pratica atividade nociva ao interesse nacional,
caso em que terá sua naturalização cancelada por meio de sentença judicial.

O inciso II, por sua vez, trata da perda da nacionalidade por quem adquire outra voluntariamente,
admitindo-se duas exceções (alíneas “a” e “b”):

• Quando houver o reconhecimento da nacionalidade originária pela lei estrangeira.

• Quando houver a imposição de naturalização no país estrangeiro, como condição para


o exercício de direitos civis. A expressão “para o exercício de direitos civis” vem sendo
interpretada de forma ampla, incluindo, por exemplo, os casos de atletas profissionais
que precisam da naturalização estrangeira para continuar jogando no clube no exterior.

6.4.  DIREITOS POLÍTICOS

Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e
secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:

I - plebiscito;

II - referendo;

III - iniciativa popular.

A soberania popular representa a possibilidade de participação do povo no poder, o que é


33
exercido por meio de direito de sufrágio (direito de votar e ser votado), plebiscitos, referendos, bem
como por meio da iniciativa popular de lei.

Art. 14
OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

(...)

§ 1º O alistamento eleitoral e o voto são:

I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;

II - facultativos para:

a) os analfabetos;

b) os maiores de setenta anos;

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.

A capacidade eleitoral ativa (direito de votar) é denominada de alistabilidade. Conforme


mencionado em tópico anterior, o voto no Brasil deve ser: direto (exceção para o caso dos cargos
de Vice-Presidente e Presidente da República vagarem nos dois últimos anos do mandato); secreto;
universal e periódico. Além disso o voto é obrigatório para aqueles que possuem mais de 18 e
menos 70 anos, e facultativo para aqueles que possuem entre 16 e 18 anos, acima de 70 anos e
para os analfabetos (serão facultativos tanto o alistamento eleitoral quanto o voto).

VOTO OBRIGATÓRIO VOTO FACULTATIVO

Maiores de 18 anos e menores de 70 anos Pessoas entre 16 e 18 anos

Maiores de 70 anos

Analfabetos

§ 2º Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do serviço


militar obrigatório, os conscritos.

Além dos estrangeiros, os conscritos, durante o serviço militar obrigatório, não podem se
alistar como eleitores, ou seja, são inalistáveis. O conceito de conscrito abrange todos aqueles
que estão prestando o serviço militar, incluindo médicos, dentistas, farmacêuticos e veterinários.

§ 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei:

I - a nacionalidade brasileira;

II - o pleno exercício dos direitos políticos;

III - o alistamento eleitoral;

34
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição TEMA COBRADO NO XIX EXAME
DA OAB/FGV ;

V - a filiação partidária; Regulamento


OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

VI - a idade mínima de:

a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador;

b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal;

c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-
Prefeito e juiz de paz;

d) dezoito anos para Vereador.

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


A elegibilidade, por sua vez, representa o direito de ser votado, isto é, a capacidade eleitoral
passiva. A Constituição Federal estabelece limites etários para determinados cargos, conforme
quadro abaixo elaborado TEMA COBRADO NO XIII EXAME DA OAB/FGV.

Presidente e Vice-Presidente da República e Senador 35 ANOS

Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal 30 ANOS

Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz 21 ANOS

Vereador 18 ANOS

§ 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.

Os inelegíveis são os analfabetos e os inalistáveis (estrangeiros, à exceção dos portugueses,


e conscritos durante o serviço militar obrigatório).

Assim, são inalistáveis e inelegíveis apenas os estrangeiros e os conscritos TEMA COBRADO


NO III EXAME DA OAB/FGV.

§ 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os


Prefeitos e quem os houver sucedido, ou substituído no curso dos mandatos poderão
ser reeleitos para um único período subseqüente. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 16, de 1997)

A impossibilidade de reeleição se refere a mais de duas eleições consecutivas, não havendo


impedimento a que o candidato concorra a eleições alternadas.

§ 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de


Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos
até seis meses antes do pleito.

A Constituição Federal exige a renúncia ao mandato até 06 (seis) meses antes da eleição,
35
quando o candidato pretender concorrer a cargo diferente do que vinha exercendo.

§ 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes


consangüíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República,
de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem
OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de
mandato eletivo e candidato à reeleição.

O § 7º se refere à inelegibilidade em razão do parentesco (ou inexigibilidade reflexa), que atinge


o parente do detentor do cargo de chefe do Executivo, na respectiva localidade onde é exercido o
mandato. Não se insere nessa proibição o parentesco com sobrinho, já que se trata de parente na
linha colateral de terceiro grau TEMA COBRADO NOS EXAMES IX, XXVI E XXXI DA OAB/FGV.

§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições:

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade;

II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se
eleito, passará automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.

§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua


cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício
de mandato considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade
das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função,
cargo ou emprego na administração direta ou indireta.

§ 10. O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze
dias contados da diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder econômico,
corrupção ou fraude TEMA COBRADO NO XIII EXAME DA OAB/FGV.

§ 11. A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo de justiça, respondendo


o autor, na forma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé.

PERDA OU SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS

Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará
nos casos de:

I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado;

II - incapacidade civil absoluta;

III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos;

IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos


do art. 5º, VIII;

V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º TEMA COBRADO NO V


EXAME DA OAB/FGV.

O artigo ora transcrito prevê a possibilidade de perda ou suspensão dos direitos políticos, devendo-se atentar
que os incisos I e III exigem sempre o trânsito em julgado TEMA COBRADO NO IV EXAME DA OAB/FGV.
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A Constituição Federal veda expressamente a cassação dos direitos políticos, ou seja, os direitos
políticos poderão sempre ser readquiridos.
OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

6.5.  PARTIDOS POLÍTICOS

Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos,


resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo,
os direitos fundamentais da pessoa humana e observados os seguintes preceitos
TEMA COBRADO NO XIV EXAME DA OAB/FGV.

I - caráter nacional;

II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


ou de subordinação a estes;

III - prestação de contas à Justiça Eleitoral;

IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei.

§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna,
organização e funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas
coligações eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em
âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer
normas de disciplina e fidelidade partidária. (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 52, de 2006)

§ 2º Os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma da lei civil,


registrarão seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral.

§ 3º Os partidos políticos têm direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao


rádio e à televisão, na forma da lei.

§ 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos de organização paramilitar.

Os partidos políticos são pessoas jurídicas de direito privado (art. 1º da Lei nº 9096/1995),
possuem abrangência nacional, não podem ser organizados para fins paramilitares, são proibidos
de receber recursos financeiros de governo estrangeiro, prestam contas à Justiça Eleitoral e
têm direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da
lei TEMA COBRADO NO X EXAME DA OAB/FGV.

37
7

7.  REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS


OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

7.1.  MANDADO DE SEGURANÇA

LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não
amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade
ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
atribuições do Poder Público;

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


O Mandado de Segurança é ação judicial a ser utilizada quando direito líquido e certo (capaz
de ser demonstrado independente de ulterior dilação probatória) do indivíduo for violado por ato
de autoridade governamental (autoridade pública de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios, e das respectivas autarquias, fundações públicas, empresas
públicas e sociedades de economia mista) ou de agente de pessoa jurídica privada que esteja, por
delegação, no exercício de atribuição do Poder Público, contra o qual não seja oponível habeas
corpus ou habeas data (caráter residual). Uma das características, portanto, do mandado de
segurança é a subsidiariedade, já que ele somente será cabível quando não for possível resguardar
o direito por meio de habeas corpus ou habeas data.

De acordo com a súmula nº 625 do STF, controvérsia sobre matéria de direito NÃO impede
concessão de mandado de segurança TEMA COBRADO NO X EXAME DA OAB/FGV.

Possuem legitimidade ativa para impetrar mandado de segurança pessoa física ou jurídica
titulares do direito violado. Tem-se, ainda, a possibilidade da legitimidade extraordinária diante da
inércia do titular do direito principal, conforme previsto no art. 3º da Lei nº 12.016/09: “o titular de
direito líquido e certo decorrente de direito, em condições idênticas, de terceiro poderá impetrar
Mandado de Segurança a favor do direito originário, se o seu titular não o fizer no prazo de 30
(trinta) dias, quando notificado judicialmente”.

O mandado de segurança não deve ser impetrado em face da pessoa jurídica de direito público,
mas sim da autoridade coatora (pessoa física que concretiza a ilegalidade ou abuso de poder)

Além disso, o mandado de segurança poderá ser repressivo (o ato ilegal ou abuso de poder
já foi praticado) ou preventivo (objetiva-se justamente evitar a prática do ato ilegal ou abuso de
poder).

Art. 23 (Lei nº 12.016/09): O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á


decorridos 120 (cento e vinte) dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado.

O prazo decadencial do mandado de segurança, portanto, será de 120 dias contados da ciência
do ato impugnado. O Supremo Tribunal Federal entendeu que a fixação do prazo decadencial de
120 dias pela legislação ordinária se trata de regra constitucional (Súmula nº 632).
38
Em caso de urgência, permite-se que o mandado de segurança seja impetrado por telegrama,
radiograma, fax ou outro meio eletrônico de autenticidade comprovada.

Ressalta-se, ainda, que, de acordo com o art. 5º da Lei nº 12.016/2009, o mandado de segurança
não será concedido quando se tratar: I - de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito
OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

suspensivo, independentemente de caução; II - de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito
suspensivo e III - de decisão judicial transitada em julgado.

Os processos de mandado de segurança e os respectivos recursos terão prioridade sobre


todos os atos judiciais, salvo habeas corpus. No caso de indeferimento da inicial pelo juiz de
primeiro grau, caberá apelação e, quando a competência para o julgamento do mandado de
segurança couber originariamente a um dos tribunais, do ato do relator caberá agravo para o
órgão competente do tribunal que integre.

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


Não será concedida medida liminar que tenha por objeto a compensação de créditos tributários,
a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação ou equiparação de
servidores públicos e a concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de
qualquer natureza (§ 2º do art. 7º da Lei nº 12.016/2009).

Deve-se lembrar, ainda, que não cabem, no processo de mandado de segurança, a interposição
de embargos infringentes e a condenação ao pagamento dos honorários advocatícios, sem prejuízo
da aplicação de sanções no caso de litigância de má-fé (art. 25 da Lei nº 12.016/2009).

MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO

Art. 21 (Lei nº 12.016/09): O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por
partido político com representação no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses
legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária, ou por organização
sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento
há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou
de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos seus estatutos e desde que
pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial.

O mandado de segurança coletivo possui previsão apenas na legislação infraconstitucional e


poderá ser impetrado por: partido político com representação no Congresso Nacional e organização
sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo
menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados. TEMA COBRADO
NO XVII EXAME DA OAB/FGV.

• Súmula 629 do STF: “A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de


classe em favor dos associados independe da autorização destes”. TEMA COBRADO
NO XXXI EXAME DA OAB/FGV.

• Súmula 630 do STF: “A entidade de classe tem legitimação para o mandado de segurança
ainda quando a pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria”.

39
No caso do mandado de segurança coletivo, a sentença fará coisa julgada limitadamente
aos membros do grupo ou categoria substituídos pelo impetrante. Além disso, o mandado de
segurança coletivo não induz litispendência em relação às ações individuais, mas os efeitos da
coisa julgada não beneficiarão o impetrante a título individual se não requerer a desistência de seu
mandado de segurança no prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência comprovada da impetração
OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

da segurança coletiva (§ 1º do art. 22 da Lei nº 12.016/2009).

Por fim, no mandado de segurança coletivo, a liminar só poderá ser concedida após a audiência
do representante judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se pronunciar no prazo
de 72 (setenta e duas) horas (§ 2º do art. 22 da Lei nº 12.016/2009).

7.2.  HABEAS CORPUS

7.2.1.  CONSIDERAÇÕES GERAIS

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


Art. 5, LXVII, da CF/88 - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou
se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por
ilegalidade ou abuso de poder;

O habeas corpus é o remédio constitucional, cujo ajuizamento é gratuito, que objetiva cessar
a ameaça ou coação à liberdade de ir, vir e permanecer do indivíduo, podendo ser repressivo ou
liberatório (alvará de soltura), preventivo (salvo conduto), ou suspensivo, quando houver prisão
decretada e não cumprida (contramandado de prisão) sendo possível a concessão de liminar em
qualquer dos casos.

A legitimidade ativa no habeas corpus é universal, sendo que qualquer do povo, nacional
ou estrangeiro (residente ou não no Brasil), independentemente de capacidade civil, política ou
profissional, de idade, de sexo, profissão, pode ingressar com habeas corpus, em benefício próprio
ou alheio. Destaca-se, ainda, que as pessoas jurídicas poderão ingressar com habeas corpus, desde
que em benefício de terceiro.

É importante destacar que o habeas corpus é o único remédio constitucional que dispensa a
presença de advogado.

A jurisprudência e doutrina majoritárias se posicionam favoravelmente à possibilidade


de particular figurar no polo passivo da ação de habeas corpus. Nesse sentido, destaca-se
a seguinte ementa: “HABEAS CORPUS PREVENTIVO - Impetração contra ato de particular -
Paciente que se diz na de iminência de ser internado em clínica psiquiátrica por sua esposa -
Conhecimento - Ordem, porém, denegada - Constrangimento não comprovado - Inteligência dos
arts. 153, § 20, da CF, 647 do CPP e 1.182 do CPC (Ement.) RT 552/323”. TEMA COBRADO
NO X EXAME DA OAB/FGV.

De acordo com a Súmula n. 693 do STF, “não cabe HC contra decisão condenatória a pena de
multa ou relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única
cominada”. O exemplo de crime que não tem pena de prisão é o delito de porte de drogas para uso
pessoal (art. 28, da Lei n. 11.343/06). Além disso, de acordo com a Súmula n. 695, do STF, “não
cabe HC quando já extinta a pena privativa de liberdade.”
40
Embora § 2º do art. 142 da CF/88 disponha que “ não caberá habeas corpus em relação a
punições disciplinares militares”, o STF entende que é possível a impetração para analisar a
legalidade da punição, como no caso de autoridade incompetente. TEMA COBRADO NO
IX EXAME DA OAB/FGV.
OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

7.2.2.  COMPETÊNCIA

Compete ao Supremo Tribunal Federal processar e julgar originariamente o habeas corpus


sendo paciente o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional,
os Ministros do STF e os de Estado, os Comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica, os membros
de Tribunais Superiores, dos Tribunais de Contas da União e os chefes de missão diplomática de
caráter permanente, contra ato de CPI e quando o órgão coator for Tribunal Superior. Finalmente,

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o STF deverá julgar, em recurso ordinário, o habeas corpus decidido em única instância pelos
Tribunais Superiores, se denegatória a decisão.

Compete ao Superior Tribunal de Justiça processar e julgar, originariamente, o habeas corpus


quando o coator ou paciente for Governador do Estado ou Distrito Federal, Desembargador dos
Estados ou do Distrito Federal, membro dos Tribunais de Contas dos Estados ou DF, membros
dos TRF’s, TER’s e dos TRT’s, membro dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios,
membros do Ministério Público que oficiem junto aos Tribunais, e ainda quando o coator for
tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de Estado ou Comandante da Marinha, do Exército ou da
Aeronáutica ressalvada a competência da Justiça Eleitoral. Também julgará, em recurso ordinário,
o HC decidido em única ou última instância pelos TRF’s ou pelos TJ’s do DF e Territórios, quando
a decisão for denegatória.

Compete aos Tribunais Regionais Federais processar e julgar, originariamente, o HC quando


a autoridade coatora for Juiz Federal, contra ato ilegal imputado a membro do Ministério Público
Federal que atue perante a primeira instância da Justiça Federal.

Compete aos juízes federais julgar habeas corpus em matéria criminal de sua competência ou quando
o constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição.

Compete ao juiz estadual julgar habeas corpus quando a autoridade coatora for Delegado de
Polícia ou particular.

Compete aos Tribunais de Justiça (presidente) julgar habeas corpus quando a autoridade
coatora for juiz de direito ou promotor de justiça.

7.3.  HABEAS DATA

LXXII - conceder-se-á habeas data:

a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes


de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público;

b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso,
judicial ou administrativo;
41
O habeas data objetiva proporcionar ao impetrante acesso ou retificação de dados de sua
pessoa, constantes de bancos de dados de caráter público, pouco importando se a natureza
jurídica da entidade é pública ou privada.

Além disso, de acordo com o art. 7º, III, da Lei nº 9.507/97, o habeas data poderá ser impetrado
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“para a anotação nos assentamentos do interessado, de contestação ou explicação sobre dado


verdadeiro, mas justificável e que esteja sob pendência judicial ou amigável”.

Desse modo, apesar de o art. 7º, LXXII, da CF/88 não tratar especificamente do uso
do habeas data para a complementação de dados, a lei nº 9.507/97, em seu art. 7º, III, o
fez expressamente, ampliando, portanto, o âmbito de incidência do habeas data como ação
constitucional TEMA COBRADO NO XVI EXAME DA OAB/FGV.

Qualquer pessoa lesada (física ou jurídica) terá legitimidade ativa para impetração do habeas

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data, sendo a representação por advogado obrigatória. Para sua admissibilidade, exige-se a
demonstração do direito líquido e certo e o esgotamento da via administrativa (prévio requerimento
de informações a fim de comprovar a efetiva recusa da entidade), cabendo destacar que é legítima a
negativa de informações ao impetrante quando as mesmas estiverem protegidas por sigilo.

O habeas data objetiva tutelar direito relativo à pessoa do impetrante e, por isso, não pode ser
manejado em favor de terceiro TEMA COBRADO NO V EXAME DA OAB/FGV. Entretanto,
doutrina e jurisprudência consideram possível que cônjuge, ascendentes, descendentes e
irmãos (CADI, para decorar) impetrem Habeas Data em nome do impetrante já falecido, ausente
ou incapacitado, para proteger a honra da família.

Tanto o procedimento administrativo do habeas data, quanto a respectiva ação judicial são
gratuitos, não havendo que se falar em custas ou honorários de sucumbência.

De acordo com o art. 19 da Lei nº 9.507/97, “os processos de habeas data terão prioridade
sobre todos os atos judiciais, exceto habeas-corpus e mandado de segurança. Na instância
superior, deverão ser levados a julgamento na primeira sessão que se seguir à data em que, feita
a distribuição, forem conclusos ao relator” TEMA COBRADO NO XIII EXAME DA OAB/FGV.

Para obtenção de certidões indevidamente recusadas pelo poder público ou ainda quando
a informação que se almeja é de interesse do impetrante, mas referente a terceiro, o remédio
constitucional cabível será o mandado de segurança e não o habeas data. TEMA COBRADO NO
XXVIII EXAME DA OAB/FGV.

7.4.  AÇÃO POPULAR

Art. 5º, LXXIII, da CF/88: “qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular
que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado
participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e
cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus
da sucumbência”.

A ação popular é ação de natureza coletiva destinada a anular ou declarar a nulidade de ato
42
lesivo ao patrimônio público, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio
histórico e cultural, podendo ser repressiva ou preventiva. A ilegalidade e a lesividade, portanto,
são requisitos para sua admissibilidade.

Somente o cidadão poderá propor ação popular, ou seja, ela não pode ser proposta por pessoa
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jurídica, inalistados, inalistáveis e estrangeiros. Além disso, a súmula n. 365 do STF é enfática ao
afirmar que pessoa jurídica não tem legitimidade para propor ação popular TEMA COBRADO
NO X EXAME DA OAB/FGV.

O Ministério Público não pode propor, mas pode assumir o andamento e dar execução a
decisão da ação popular, conforme previsto no art. 9º da Lei nº 4.717/65: “Se o autor desistir da
ação ou der motiva à absolvição da instância, serão publicados editais nos prazos e condições
previstos no art. 7º, inciso II, ficando assegurado a qualquer cidadão, bem como ao representante
do Ministério Público, dentro do prazo de 90 (noventa) dias da última publicação feita, promover o

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prosseguimento da ação.” TEMA COBRADO NO XXIX EXAME DA OAB/FGV.

Conforme art. 19, § 2º, da Lei nº 4.717/65, das sentenças e decisões proferidas contra o autor da
ação e suscetíveis de recurso, poderá recorrer qualquer cidadão e também o Ministério Público.

No polo passivo da ação deverão constar o Poder Público, os agentes que determinaram ou
celebraram o ato e eventuais beneficiários do ato lesivo.

O prazo para ajuizamento da ação é de 05 anos TEMA COBRADO NO XI EXAME DA


OAB/FGV, a contar da realização do ato impugnado, e a competência para processar e julgar
a ação popular é definida pela origem do ato a ser anulado (Verba Federal – Justiça Federal,
Verba Estadual – Justiça Estadual) TEMA COBRADO NO XXIX EXAME DA OAB/FGV.

O foro especial por prerrogativa de função não alcança as ações populares. Os Tribunais
não detêm, portanto, competência originária para julgar ação popular contra atos de autoridade
pública. Assim, se ajuizada contra o Presidente da República, por exemplo, será julgada pelo juiz
federal da seção judiciária onde o ato se consumou, e não pelo STF.

A gratuidade da justiça se aplica à ação popular apenas para o autor da ação, mas haverá
pagamento de custas e ônus sucumbenciais se demonstrada má-fé TEMA COBRADO NO XIV
EXAME DA OAB/FGV.

Será admitida a repropositura da ação popular caso seja julgada improcedente por
insuficiência de provas. O prazo de contestação é de 20 dias prorrogáveis por mais 20, sendo
comum a todos os interessados.

7.5.  MANDADO DE INJUNÇÃO

Art. 5 º, LXXI, da CF/88: conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma
regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e
das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.
43
O mandado de injunção objetiva conferir efetividade ao texto constitucional. Terá cabimento
quando houver inviabilização do exercício de um direito ou liberdade constitucional, ou prerrogativa
inerente à nacionalidade, à soberania e à cidadania, decorrente de falta de norma regulamentadora.

Suprindo uma omissão de mais de 25 anos, foi editada a Lei n. 13.300/2016, que finalmente
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regulamentou o mandado de injunção.

Dentre os principais pontos trazidos pela nova lei, destacamos os seguintes:

• Possibilidade de concessão do mandado de injunção não só em caso de omissão


total, mas também omissão parcial, desde que inviabilize o exercício dos direitos e
liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania
e à cidadania.
• São legitimados para o mandado de injunção, como impetrantes, as pessoas naturais

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ou jurídicas que se afirmam titulares dos direitos, das liberdades ou das prerrogativas
inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania e, como impetrado, o Poder, o
órgão ou a autoridade com atribuição para editar a norma regulamentadora.
• Se manifestamente incabível ou improcedente será indeferida a inicial, cabendo
recurso de agravo em 5 dias para o órgão colegiado competente (art. 6º).
• Se recebida a inicial, o impetrado será notificado para prestar informações no prazo
de 10 dias (art. 5º, I), e o órgão que faz parte o impetrado será cientificado para que,
querendo, possa ingressar no feito (art. 5º, II). Findo o prazo para apresentação das
informações, será ouvido o Ministério Público, que opinará em 10 (dez) dias, após o
que, com ou sem parecer, os autos serão conclusos para decisão.
• Sobre a Decisão no mandado de injunção, a Lei n. 13.300/2016 estabelece a
possibilidade de duas etapas, devendo a decisão: I - determinar prazo razoável para
que o impetrado promova a edição da norma regulamentadora; II - caso não seja
suprida a mora legislativa no prazo determinado, estabelecer as condições em que se
dará o exercício dos direitos, das liberdades ou das prerrogativas reclamados ou, se
for o caso, as condições em que poderá o interessado promover ação própria visando
a exercê-los.

Será dispensada a determinação da primeira etapa quando comprovado que o impetrado deixou
de atender, em mandado de injunção anterior, ao prazo estabelecido para a edição da norma.
Pode-se dizer que a primeira etapa é a adoção da teoria não concretista (o Poder Judiciário
apenas comunica a omissão) e a segunda etapa é aplicação da teoria concretista (o judiciário
edita regras para viabilizar o direito). TEMA COBRADO NO XXII EXAME DA OAB/FGV.

• Os efeitos da decisão, como regra geral, serão “inter partes”, aplicando-se somente
ao impetrante, mas, dependendo do caso, poderá ser fixado efeito “ultra partes” ou
“erga omnes”, quando isso for inerente ou indispensável ao exercício do direito, da
liberdade ou da prerrogativa objeto da impetração.
• Admite-se expressamente o mandado de injunção coletivo, sendo legitimados,
além daqueles previsto para o mandado de segurança coletivo (partido político com
representação no Congresso Nacional e organização sindical, entidade de classe
44
ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano),
também o Ministério Público e a Defensoria Pública. TEMA COBRADO NO XXX
EXAME DA OAB/FGV.
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A Lei nº 13.300/2016 não trata da possibilidade de concessão de medida liminar, o que fortalece
o posicionamento atual do STF no sentido de que não é possível a concessão de liminar em
sede de mandado de injunção.

7.6.  AÇÃO CIVIL PÚBLICA

A ação civil pública é o instrumento processual criado pela Lei nº 7.347/85 para garantir a

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tutela jurisdicional de interesses transindividuais.

Têm legitimidade para propor a ação civil pública o Ministério Público, a Defensoria Pública,
a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; autarquia, empresa pública, fundação ou
sociedade de economia mista e a associação que, concomitantemente esteja constituída há pelo
menos 1 (um) ano nos termos da lei civil inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção
ao patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre
concorrência, aos direitos de grupos raciais, étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico,
estético, histórico, turístico e paisagístico.

O Ministério Público, se não intervier no processo como parte, atuará obrigatoriamente


como fiscal da lei.

A ACP é admitida como instrumento de controle de constitucionalidade, desde que a arguição


incidental de inconstitucionalidade seja invocada como causa de pedir, servindo de fundamento ao
pedido principal, o qual pode coincidir com o de decretação da inconstitucionalidade

45
8

8.  ORGANIZAÇÃO DO ESTADO


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8.1.  DISPOSIÇÕES GERAIS

A organização da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito


Federal e os Municípios, todos autônomos.

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Se criados, os Territórios Federais integram a União, mas não são considerados entes federados,
porque não são dotados de autonomia.

Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem


a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população
diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar,
conforme § 3º do art. 18 da CF/88. TEMA COBRADO NOS EXAMES V E XVIII DA OAB/FGV.

A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios, serão feitas por


lei estadual, dentro do período determinado por Lei Complementar Federal, e dependerão de
consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação
dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei, conforme § 4º do
art. 18 da CF/88 TEMA COBRADO NO XIII EXAME DA OAB/FGV.

De acordo com o art. 19 da CF/88, a União, os Estados o Distrito Federal e os Municípios


não poderão: I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o
funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança,
ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público; II - recusar fé aos documentos
públicos; III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.

8.2.  REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIA

Apesar de não existir hierarquia entre os entes federados, a Constituição Federal estabeleceu
diferentes campos materiais e legislativos de atuação para cada um dos entes, baseado sobretudo
no princípio da predominância do interesse, conforme doravante estudado.

8.2.1.  COMPETÊNCIAS DOS ESTADOS-MEMBROS

Como regra geral, os Estados possuem competências remanescentes, ou seja, quando a


atribuição, além de não ser vedada, não for entregue expressamente à União ou aos Municípios, é
porque pertence ao Estado. (art. 25. § 1º).

Entre as atribuições dos Estados expressas na Constituição Federal estão a criação de


46
municípios, respeitados os requisitos do art. 18, §4º; a exploração direta, ou mediante concessão, dos
serviços locais de gás canalizado (art. 25, §2º) e a criação de região metropolitana ou aglomeração
urbana (art. 25, §3 º).

Além disso, de acordo com a jurisprudência do STF, seriam competências dos Estados- Membros
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legislar sobre transporte público intermunicipal (ADI 845) e a contratação de controladores de


velocidade para fins de fiscalização nas rodovias estaduais (ADI 2665/SC);

8.2.2.  COMPETÊNCIAS DOS MUNICÍPIOS

Compete aos Munícipios legislar sobre assuntos de interesse local, como coleta do lixo,
ordenação do solo urbano, transporte público intramunicipal e horário de funcionamento de
estabelecimentos comerciais (Súmula n. 645 do STF).

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• Súmula 646 do STF - Ofende o princípio da livre concorrência lei municipal que impede a
instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em determinada área.

• Súmula 19 do STJ - A fixação do horário bancário, para atendimento ao público, é da


competência da União.

É importante destacar que os Municípios podem legislar sobre competência legislativa


concorrente (art. 24), desde que seja no interesse local e suplementando a legislação federal e
estadual no que couber (art. 30, I e II da CF/88).

Art. 30. Compete aos Municípios:

I - legislar sobre assuntos de interesse local;

II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;

III - instituir e arrecadar os TRIBUTOS DE SUA COMPETÊNCIA, bem como aplicar suas
rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos
prazos fixados em lei;

IV - criar, organizar e suprimir DISTRITOS, observada a legislação estadual;

V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os


serviços públicos de interesse local, incluído o de TRANSPORTE COLETIVO, que tem
caráter essencial;

VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, programas de


EDUCAÇÃO INFANTIL e de ENSINO FUNDAMENTAL;

VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de


ATENDIMENTO À SAÚDE da população;

VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante


planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano;
47
A súmula Vinculante n. 49 do STF dispõe que : “Ofende o princípio da livre concorrência lei
municipal que impede a instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em
determinada área” TEMA COBRADO NO XXVII EXAME DA OAB/FGV.
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IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação


e a ação fiscalizadora federal e estadual.

8.2.3.  COMPETÊNCIAS DO DISTRITO FEDERAL

A competência do Distrito Federal é cumulativa, pois envolve atribuições Estaduais e Municipais.

8.2.4.  COMPETÊNCIAS DA UNIÃO

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A União possui competências materiais (administrativas) e legislativas. As competências
materiais subdividem-se em exclusivas (art. 21) e comuns (art. 23), enquanto que as competências
legislativas subdividem-se em privativas (art. 22) e concorrentes (art. 24).

8.2.4.1.  COMPETÊNCIAS MATERIAIS EXCLUSIVAS

As competências materiais exclusivas estão enumeradas no art. 21, da CF/88 e não podem ser
delegadas, já que tratam de soberania, segurança do Estado, manutenção do pacto federativo e
outras atribuições exclusivas da União.

Art. 21. Compete à União:

I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações internacionais;

II - declarar a guerra e celebrar a paz;

III - assegurar a defesa nacional;

IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que for-ças estrangeiras


transitem pelo território nacional ou nele perma-neçam temporariamente;

V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a intervenção federal;

VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material bélico;

VII - emitir moeda;

VIII - administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as operações de natureza


financeira, especialmente as de crédito, câmbio e capitalização, bem como as de seguros
e de previdên-cia privada;

IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordena-ção do território e de


desenvolvimento econômico e social;

X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional;


48
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços
de telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos serviços,
a criação de um órgão regulador e outros aspectos institucionais; (EC 8/95:)

XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão:


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a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens; (EC 8/95:)

b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamen-to energético dos cursos


de água, em articulação com os Esta-dos onde se situam os potenciais hidroenergéticos;

c) a navegação aérea, aeroespacial e a infra-estrutura aeropor-tuária;

d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros e fronteiras


nacionais, ou que transponham os limites de Estado ou Território;

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e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacio-nal de passageiros;

f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;

XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público do Distrito Federal e


dos Territórios e a Defensoria Pública dos Territórios; (EC 69/2012)

XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar
do Distrito Federal, bem como prestar assis-tência financeira ao Distrito Federal para a
execução de serviços públicos, por meio de fundo próprio; (EC 19/1998)

XV - organizar e manter os serviços oficiais de estatística, geo-grafia, geologia e


cartografia de âmbito nacional;

XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de diversões públicas e de programas


de rádio e televisão;

XVII - conceder anistia;

XVIII - planejar e promover a defesa permanente contra as cala-midades públicas,


especialmente as secas e as inundações;

XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios


de outorga de direitos de seu uso; (Regulamento)

XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento


básico e transportes urbanos;

XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema nacional de viação;

XXII - executar os serviços de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras; (EC 19/1998)

XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer


monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a
industrialização e o co-mércio de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os
seguintes princípios e condições:

a) toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins pacíficos
e mediante aprovação do Congresso Nacional;
49
b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercialização e a utilização de
radioisótopos para a pesquisa e usos médicos, agrícolas e industriais; (EC 49/2006)

c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, comer-cialização e utilização


de radioisótopos de meia-vida igual ou inferior a duas horas; (EC 49/2006)
OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa; (EC 49/2006)

XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho;

XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercício da atividade de garimpagem,


em forma associativa.

8.2.4.2.  COMPETÊNCIAS MATERIAIS COMUNS

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O art. 23 da CF/88 enumera as competências comuns (valores clássicos, morais e éticos, como
cuidar do meio ambiente, zelar pelos idosos, crianças e adolescentes etc.), ressaltando que a
atuação de um ente federado não exclui a atuação dos demais, devendo a lei complementar fixar
normas para a cooperação entre eles.

Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:

I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e conservar
o patrimônio público;

II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras


de deficiência;

III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e


cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;

IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros


bens de valor histórico, artístico ou cultural;

V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação e à ciência;

VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;


TEMA COBRADO NO XII EXAME DA OAB/FGV.

VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;

VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimento alimentar;

IX - promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições


habitacionais e de saneamento básico;

X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização, promovendo a


integração social dos setores desfavorecidos;

XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração


de recursos hídricos e minerais em seus territórios;

XII - estabelecer e implantar política de educação para a segurança do trânsito.


50
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a
União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do
desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional.

8.2.4.3.  COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS PRIVATIVAS


OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

As competências privativas da União estão descritas no art. 22 da CF/88, lembrando que


poderão ser delegadas aos Estados-membros por lei complementar federal, para tratar de
questões específicas.

São requisitos para a delegação: existência de LEI COMPLEMENTAR, ISONOMIA (delegação


feita a um Estado alcança a todos, inclusive o Distrito Federal) e QUESTÕES ESPECÍFICAS, ou
seja, a União não pode delegar a matéria toda dos incisos do art. 22, mas somente questões

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específicas das matérias ali elencadas.

A título de exemplo, legislar sobre Direito do Trabalho é competência privativa da União. A Lei
Complementar n. 103/200 “autoriza os Estados e o Distrito Federal a instituir o piso salarial a que
se refere o inciso V do art. 7º da Constituição Federal, por aplicação do disposto no parágrafo único
do seu art. 22”. O piso salarial, portanto, por se tratar de tema específico do direito do trabalho,
pode ter delegado por lei complementar.

Caso outro Ente Federativo tente legislar sobre matéria de competência privativa da União,
haverá vício formal orgânico de inconstitucionalidade.

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:

I - direito Civil, Comercial, Penal, Processual, Eleitoral, Agrário, Marítimo, Aeronáutico,


Espacial e do Trabalho;

Método para memorizar: “CAPACETE PM”: Civil, Agrário, Penal, Aeronáutico, Comercial, Eleitoral,
Trabalho, Espacial, Processual, Marítimo.

ATENÇÃO: a competência para legislar sobre direito processual é privativa da União (art. 22, I,
da CF/88), mas a competência para legislar sobre procedimento é concorrente (art. 24, XI, da
CF/88), cabendo à União legislar sobre normas gerais, conforme art. 24, parágrafo único, da
CF/88 TEMA COBRADO NO IV EXAME DA OAB/FGV.

II - desapropriação; TEMA COBRADO NO IX EXAME DA OAB/FGV.

III - requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e em tempo de guerra;

IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;

V - serviço postal;
51
VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos metais;

VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência de valores;

VIII - comércio exterior e interestadual; TEMA COBRADO NO VII EXAME DA OAB/FGV.


OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

IX - diretrizes da política nacional de transportes;

X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, aérea e aeroespacial;

XI - trânsito e transporte; TEMA COBRADO NOS EXAMES V, IX E XV DA OAB/FGV.

XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;

XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização;

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XIV - populações indígenas;

XV - emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de estrangeiros;

XVI - organização do sistema nacional de emprego e condições para o exercício de profissões;

XVII - organização judiciária, do Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios


e da Defensoria Pública dos Territórios, bem como organização administrativa destes;
(EC 69/2012)

XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia nacionais;

XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da poupança popular;

XX - sistemas de consórcios e sorteios;

XXI - normas gerais de organização, efetivos, material bélico, garantias, convocação e


mobilização das POLÍCIAS MILITARES e CORPOS DE BOMBEIROS MILITARES;

XXII - competência da polícia federal e das polícias rodoviária e ferroviária federais;

XXIII - seguridade social;

XXIV - diretrizes e bases da educação nacional;

XXV - registros públicos;

XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;

XXVII – normas gerais de LICITAÇÃO e CONTRATAÇÃO, em todas as modalidades, para


as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados,
Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas
públicas e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III; (EC 19/1998)

XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa marítima, defesa civil e


mobilização nacional;

XXIX - propaganda comercial.

52
Parágrafo único. LEI COMPLEMENTAR poderá autorizar OS ESTADOS a legislar sobre
QUESTÕES ESPECÍFICAS das matérias relacionadas neste artigo.

O STF possui entendimento (ADI nº 1007) de que apenas a União pode legislar sobre mensalidade
escolar, uma vez que se trata de direito obrigacional que possui natureza contratual, ínsita ao
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direito civil. (art. 22, I, da Constituição Federal) TEMA COBRADO NO II EXAME DA OAB/FGV.

8.2.4.4.  COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS CONCORRENTES

Nesse caso, a competência da União limita-se a estabelecer normas gerais.

Inexistindo lei federal (norma geral), os Estados e o Distrito Federal poderão exercer a
competência legislativa plena. Se a União resolver legislar sobre norma geral, a norma geral que

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


o Estado (ou DF) havia elaborado terá a sua eficácia suspensa (não revogação), no ponto em que
for contrária à nova lei federal. Caso não seja conflitante, passam a conviver perfeitamente a norma
geral federal e a estadual (ou distrital). Por outro lado, se a norma geral federal que suspendeu
a eficácia da norma geral estadual for revogada por outra norma geral federal que não contrarie
a norma geral feita pelo Estado, esta última voltará a produzir efeitos TEMA COBRADO NOS
EXAMES X E XVIII DA OAB/FGV.

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:

I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;

II - orçamento;

III - juntas comerciais;

IV - custas dos serviços forenses;

V - produção e consumo;

VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos
naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição TEMA COBRADO NO
XXVII EXAME DA OAB/FGV;

VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;

VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de


valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;

IX - educação, cultura, ensino e desporto;

X - criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas causas;

XI - procedimentos em matéria processual;

XII - previdência social, proteção e defesa da saúde;

XIII - assistência jurídica e Defensoria pública;

XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência;


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XV - proteção à infância e à juventude;

XVI - organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis.

§ 1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a


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estabelecer normas gerais.

§ 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência
suplementar dos Estados.

§ 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência


legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.

§ 4º - A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei


estadual, no que lhe for contrária.

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


8.3.  DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS

DISTRITO FEDERAL TERRITÓRIOS

Vedada divisão em Municípios Podem ser divididos em Municípios

Regido por lei orgânica, votada em dois turnos com As contas do Governo do Território serão
interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços submetidas ao Congresso Nacional, com parecer
da Câmara Legislativa, que a promulgará, atendidos os prévio do Tribunal de Contas da União.
princípios estabelecidos nesta Constituição.

Competências legislativas reservadas aos Estados e Nos Territórios Federais com mais de cem
Municípios TEMA COBRADO NO XIX EXAME mil habitantes, além do Governador nomeado
na forma desta Constituição, haverá órgãos
DA OAB/FGV. judiciários de primeira e segunda instância,
membros do Ministério Público e defensores
públicos federais; a lei disporá sobre as eleições
para a Câmara Territorial e sua competência
deliberativa.

54
9

9.  INTERVENÇÃO FEDERAL


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A intervenção federal somente poderá ser efetivada nas hipóteses taxativamente descritas na
Constituição Federal e será sempre temporária.

A União terá competência para intervir nos Estados membros, Distrito Federal e Municípios dos
Territórios Federais, se estes assim forem divididos.

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


União não pode intervir em munícipios localizados em Estados, mas apenas nos municípios dos
Territórios, conforme art. 35 da CF/88. TEMA COBRADO NO XIV EXAME DA OAB/FGV.

Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:

I - manter a integridade nacional;

II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra;

III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;

IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação ;

V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que:

a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo
motivo de força maior;

b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição,


dentro dos prazos estabelecidos em lei;

VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial;

VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:

a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;

b) direitos da pessoa humana;

c) autonomia municipal;

d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta.

e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais,


compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento
do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 29, de 2000)

55
Integridade nacional (inciso I): não é possível a separação dos Entes da Federação, uma vez
que a União é indissolúvel. Assim, qualquer movimento capaz de caracterizar a secessão pode
justificar a intervenção federal TEMA COBRADO NO XXVIII EXAME DA OAB/FGV.
Repelir invasão estrangeira ou interna (inciso II): trata-se de situação emergencial, em que há
OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

invasão estrangeira ou invasão de um Estado em outro.


Grave comprometimento da ordem pública (inciso III): pressupõe que o comprometimento
seja grave, não conseguindo o Estado reverter a situação sozinho.
Coação sobre qualquer um dos Poderes (inciso IV): os Poderes, conforme art. 2º da CF/88, são
independentes e harmônicos entre si. Desse modo, se um dos Poderes se sentir ameaçado pelo
outro poderá requerer a intervenção federal, para restabelecer a harmonia e independência.
Reorganizar as finanças da unidade da Federação que: a) suspender o pagamento da dívida
fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior; b) deixar de entregar

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em
lei (inciso V);
Prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial (Inciso VI); em relação à execução
de lei federal, citamos como exemplo o caso objeto de questão no XIV Exame da OAB/FGV, em que
determinado Estado X, sob o pretexto de celeridade e efetividade, realizava apenas contratações
diretas, sem a aplicação da Lei Federal de Licitações e Contratos Administrativos (Lei n. 8.666/93)
Já em relação ao descumprimento de ordem ou decisão judicial, os casos mais comuns são o
descumprimento intencional de ordem de pagamento de precatório e o não fornecimento de força
policial para o cumprimento da ordem judicial.
Assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais: a) forma republicana,
sistema representativo e regime democrático; b) direitos da pessoa humana; c) autonomia municipal;
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta; e) aplicação do mínimo exigido
da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferências,
na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde: São os
denominados princípios constitucionais sensíveis, cuja violação enseja a propositura de uma ação
interventiva (Lei n. 12.562/11), que tem como único legitimado o Procurador-Geral da República.

A intervenção federal acarreta a suspensão temporária da autonomia do Estado em que


houve a intervenção.

A doutrina classifica a intervenção federal em espontânea e provocada. Na primeira hipótese, a


intervenção é decretada de oficio pelo Presidente da República, sem necessidade de provocação,
enquanto que, na intervenção provocada, a intervenção depende da provocação, que pode ser feita
por solicitação ou requisição.

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INTERVENÇÃO ESPONTÂNEA INTERVENÇÃO PROVOCADA (INCISOS
(INCISOS I, II, III E V) IV, VI E VII)

I - manter a integridade nacional; IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas
OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidades da Federação.


unidade da Federação em outra; VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão
III - pôr termo a grave comprometimento da judicial;
ordem pública; VII - assegurar a observância dos seguintes princípios
V - reorganizar as finanças da unidade da constitucionais:
Federação que: a) forma republicana, sistema representativo e regime
a) suspender o pagamento da dívida fundada democrático;
por mais de dois anos consecutivos, salvo b) direitos da pessoa humana;
motivo de força maior; c) autonomia municipal;
b) deixar de entregar aos Municípios receitas d) prestação de contas da administração pública, direta e

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


tributárias fixadas nesta Constituição, dentro indireta.
dos prazos estabelecidos em lei;
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de
impostos estaduais, compreendida a proveniente de
transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino
e nas ações e serviços públicos de saúde.

• Procedimento Intervenção Espontânea

Em qualquer um dos casos de intervenção espontânea (incisos I, II, III e V), apesar de ser
decretada de ofício, há necessidade de se ouvir o Conselho da República e o Conselho da Defesa
Nacional, que emitirão parecer, com natureza meramente opinativa (não vinculatória).

Além disso, a intervenção está sujeita à avaliação do Congresso Nacional no prazo de 24 horas (art.
36, § 1º), já que possui competência exclusiva para aprovar a intervenção federal (art. 49, IV, da CF).

Art. 36. A decretação da intervenção dependerá:

§ 1º - O decreto de intervenção, que especificará a amplitude, o prazo e as condições de


execução e que, se couber, nomeará o interventor, será submetido à apreciação do Congresso
Nacional ou da Assembleia Legislativa do Estado, no prazo de vinte e quatro horas.

Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:

IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o estado de sítio, ou


suspender qualquer uma dessas medidas;

Se o Congresso não aprovar, a intervenção estará suspensa e, se o Presidente não cumprir a


decisão de suspensão da intervenção, haverá crime de responsabilidade.

• Procedimento Intervenção Provocada

No caso do Inciso IV do art. 34 da CF, deve-se observar o procedimento previsto no art. 36 da CF/88:

Art. 34

(...)
57
IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação.

Art. 36. A decretação da intervenção dependerá:

I - no caso do art. 34, IV, de solicitação do Poder Legislativo ou do Poder Executivo


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coacto ou impedido, ou de requisição do Supremo Tribunal Federal, se a coação for


exercida contra o Poder Judiciário;

Assim, se a coação ocorrer no Poder Legislativo ou no Poder Executivo, o poder coacto


deve encaminhar solicitação de intervenção federal ao Presidente da República, que avaliará a
necessidade da intervenção e, se for caso, a decretará.

Entretanto, se a coação for exercida contra o Poder Judiciário, o órgão prejudicado solicitará
a intervenção ao Supremo Tribunal Federal que avaliará o caso e, se entender necessário,

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


encaminhará requisição de intervenção ao Presidente da República que, neste caso, fica obrigado
a decretar a intervenção, sob pena de crime de responsabilidade.

Em ambas as hipóteses a intervenção ficará sujeita à avaliação do Congresso Nacional, que decidirá
no prazo de 24 horas. Se o Congresso não aprovar a intervenção, esta deverá ser suspensa e, se o
Presidente não cumprir a decisão de suspensão da intervenção, haverá crime de responsabilidade.

No que diz respeito ao Inciso VI, segunda parte, referente à execução de ordem ou decisão
judicial, o procedimento possui previsão no art. 36, II, da CF/88:

Art. 34

(...)

VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial;

Art. 36. A decretação da intervenção dependerá:

II - no caso de desobediência a ordem ou decisão judiciária, de requisição do Supremo


Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do Tribunal Superior Eleitoral;

Nessa hipótese, caberá requisição do STF, STJ ou TSE, a depender da matéria, e o presidente
será obrigado a decretar a intervenção, não havendo controle posterior do Congresso Nacional
( TEMA COBRADO NO XVI EXAME DA OAB/FGV).

No caso de coação do Poder Judiciário, o decreto interventivo deve ser apreciado pelo Congresso
Nacional no prazo de 24h. Já no caso de intervenção em razão de descumprimento de ordem
judicial, o decreto interventivo não fica sujeito à apreciação do Congresso Nacional.

Ação direta de inconstitucionalidade interventiva

Nos casos dos incisos VI, primeira parte, e VII, deve-se observar o procedimento do § 3º do art.
36 da CF/88:

58
Art. 34

VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial;

VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:


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a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;

b) direitos da pessoa humana;

c) autonomia municipal;

d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta.

e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais,


compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.

Art. 36. A decretação da intervenção dependerá:

§ 3º - Nos casos do art. 34, VI e VII, ou do art. 35, IV, dispensada a apreciação pelo
Congresso Nacional ou pela Assembleia Legislativa, o decreto limitar-se-á a suspender a
execução do ato impugnado, se essa medida bastar ao restabelecimento da normalidade.

A ação direta de inconstitucionalidade interventiva é um pressuposto para decretação de


intervenção federal nos casos de violação aos princípios constitucionais sensíveis e de recusa à
execução de lei federal.

Trata-se de ação ajuizada no STF (controle concentrado concreto) e que tem como único
legitimado ativo o Procurador-Geral da República.

Nessas hipóteses, o Presidente da República somente poderá decretar a intervenção após o


provimento da Representação Interventiva pelo Supremo Tribunal Federal.

Portanto, no caso de violação aos princípios constitucionais sensíveis e de recusa à execução de


lei federal, a intervenção federal dependerá de Representação do Procurador Geral da República
devidamente provida pelo STF TEMA COBRADO NO XXV EXAME DA OAB/FGV.

59
10

10.  ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

Embora o tema “administração pública” seja tratado de forma mais aprofundada no material
de direito administrativo, algumas questões trazidas pela Constituição não podem passar
despercebidas para a prova de direito constitucional da OAB. Vejamos os principais pontos:

• De acordo com o art. 37, caput, da CF/88, a administração pública direta e indireta de
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá
aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. (Método
para memorização: LIMPE).

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


• É garantido o acesso a cargos, empregos e funções na Administração Pública direta e indireta
a brasileiros (natos ou naturalizados) e a estrangeiros (ex. professores universitários). A
criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções públicas é de competência
do Congresso, exercida por meio de lei que será de iniciativa privativa do Presidente da
República quando se tratar de Administração Direta e Autárquica. Já a extinção de funções
ou cargos vagos é de competência privativa do Presidente, exercida por decreto autônomo.
A criação e extinção de Ministérios e órgãos da Administração Pública é de competência do
Congresso Nacional, exercida por lei de iniciativa privativa do Presidente da República.
• Concursos públicos: a regra geral é que a investidura em cargo ou emprego público
depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, sendo
que o prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez,
por igual período (art. 37, I e II, da CF/88). Entretanto, a emenda constitucional 51/2006
passou a permitir a admissão de agentes comunitários de saúde e agentes de combate às
endemias por meio de processo seletivo público (sem concurso), de acordo com a natureza
e complexidade de suas atribuições e requisitos específicos para sua atuação.
• Cargo em comissão e função de confiança: os cargos em comissão deverão ser preenchidos
por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei
(salvo cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração, no qual se
dispensa concurso público), podendo ser exonerado do cargo pela mesma autoridade que
o nomeou independentemente de processo administrativo disciplinar (PAD), ao contrário
do que ocorre no caso de destituição, equivalente a demissão, em que, por se tratar de ato
punitivo, depende de prévio processo administrativo disciplinar. Já as funções de confiança
devem recair sobre servidor ocupante de cargo efetivo (concursado).

Funções de confiança e os cargos em comissão destinam-se apenas às atribuições de direção,


chefia e assessoramento TEMA COBRADO NO III EXAME DA OAB/FGV.

• Direito de greve: há previsão constitucional do exercício de direito de greve pelos servidores


públicos, entretanto, referida norma é de eficácia limitada, isto é, depende de regulamentação
por lei específica. Assim, tendo em vista a omissão legislativa desde 1988, o STF, julgando
mandado de injunção em 25 de outubro de 2007, decidiu, atribuindo efeito concretista,
direto, erga omnes ao remédio constitucional, aplicar ao servidor público a Lei 7.783/99, que
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regulamenta o direito de greve dos trabalhadores celetistas da iniciativa privada.

O Supremo Tribunal Federal fixou as seguintes teses, com repercussão geral, no que se refere
ao direito de greve dos servidores públicos:
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• “A justiça comum, federal ou estadual, é competente para julgar a abusividade de greve


de servidores públicos celetistas da Administração pública direta, autarquias e fundações
públicas” (RE 846854/SP).

• “A administração pública deve proceder ao desconto dos dias de paralisação decorrentes


do exercício do direito de greve pelos servidores públicos, em virtude da suspensão do vínculo
funcional que dela decorre. É permitida a compensação em caso de acordo. O desconto será,
contudo, incabível se ficar demonstrado que a greve foi provocada por conduta ilícita do

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


Poder Público” (RE 693456/RJ).

Aos servidores militares é vedada a sindicalização e o direito de greve, conforme art. 142, § 3º,
IV, da CF/88 TEMA COBRADO NO XXV EXAME DA OAB/FGV.

• Subsídio e Remuneração: o subsídio é um valor fixado em parcela única, vedado qualquer


acréscimo, enquanto que a remuneração representa a soma do salário base acrescido das
vantagens pessoais.

É vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de


remuneração de pessoal do serviço público, conforme art. 37, XIII, da CF/88.

• Acumulação de cargos: é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto,


quando houver compatibilidade de horários, nos seguintes casos: a) a de dois cargos de
professor; b) um cargo de professor com outro de técnico ou científico; c) a de dois cargos
ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas; d) a de
vereador; e) a de magistrado ou promotor com a de magistério.

• Acumulação de cargos para os militares: a EC nº 77/2014 alterou o inciso III do § 3º do


art. 142 da CF/88, permitindo que os Militares das Forças Armadas (Exército, Marinha e
Aeronáutica) acumulassem os cargos/empregos de profissionais da saúde, com profissões
regulamentadas, já que se referiu apenas à alínea “c” do inciso XVI do art. 37 da CF/88.

Como não havia qualquer menção aos Militares Estaduais e do Distrito Federal (Policiais
e Bombeiros Militares), foi ediatada a EC nº 101/2019 para autorizá-los a acumularem os
cargos do inciso XI do art. 37, o que incluiria, em tese, o cargo de professor, cargos técnicos ou
científicos, bem como o cargo/emprego privativo de profissionais de saúde, com profissões
regulamentadas. Para que a acumulação seja possível, deverá haver compatibilidade de
horários, com a “prevalência da atividade militar.”

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• Quanto ao servidor eleito, valem as seguintes regras: a) cargo do Executivo ou Legislativo
federal, estadual ou distrital – será obrigatoriamente afastado de seu cargo, emprego ou
função pública percebendo, obrigatoriamente, a remuneração do cargo eletivo; b) Prefeito
– será obrigatoriamente afastado de seu cargo, emprego ou função pública, podendo,
entretanto, optar pela remuneração do cargo do qual foi afastado, c) Vereador – poderá
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(na verdade deverá) acumular o cargo eletivo com o anteriormente ocupado caso haja
compatibilidade horária, bem como as respectivas remunerações, podendo optar pela
remuneração do cargo do qual será afastado, em caso de incompatibilidade horária.

• Estabilidade: é adquirida pelo servidor ocupante de cargo efetivo após três anos de efetivo
exercício e sujeição a uma avaliação especial de desempenho. O servidor estável só perderá
o seu cargo por sentença judicial transitada em julgado; processo administrativo com ampla
defesa; insuficiência de desempenho em avaliação periódica; excesso de despesa com
pessoal.

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62
11

11.  ORGANIZAÇÃO DOS PODERES


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11.1.  PODER LEGISLATIVO

11.1.1.  COMPOSIÇÃO

O Poder Legislativo, assim como os demais poderes, exerce funções típicas e atípicas.

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• Funções típicas ou primárias: o Poder Legislativo, precipuamente, legisla, isto é, inova a
ordem jurídica criando as espécies normativas previstas no art. 59 da CF/88. Além disso,
realiza fiscalização político-administrativa (art. 58) e econômico-financeira (art. 70 a 75).

• Funções atípicas ou secundárias: de forma secundária, o Poder Legislativo exerce


funções típicas do Poder Executivo, ou seja, administra (arts. 51 e 52 – exemplo: as Mesas
da Câmara e do Senado exercem atividade administrativa) e do Poder Judiciário, isto é,
julga (exemplo: julgamento do Presidente pela prática de crime de responsabilidade).

O Poder Legislativo Federal é bicameral (Câmara dos Deputados e Senado Federal). O sistema
de eleição para a Câmara dos deputados federais é proporcional à população de cada Estado
Membro, que elegerá no mínimo 08 e no máximo 70 deputados para um mandato de 4 anos (art. 45
da CF/88). Para o Senado Federal, o sistema de representação é paritário, devendo cada Estado
e o Distrito Federal eleger 3 (três) Senadores com dois suplentes, para um mandato de 8 anos.
A representação de cada Estado e do Distrito Federal será renovada de quatro em quatro anos,
alternadamente, por um e dois terços.

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CÂMARA DOS SENADO FEDERAL
DEPUTADOS

COMPOSIÇÃO Idade mínima: 21 anos Idade mínima: 35 anos


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Brasileiro nato ou Brasileiro nato ou naturalizado


naturalizado

Presidente do Senado: Brasileiro Nato


Presidente da Câmara:
Brasileiro NATO
Quantidade: cada estado e o DF tem
3 senadores.
Quantidade: mínimo 8 e
máximo 70

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Representação: PARITÁRIA

Representação:
PROPORCIONAL Mandato: 8 anos, 2 legislaturas e 8
sessões legislativas

Mandato: 4 anos, 1 legislatura


e 4 sessões legislativas Renovação a cada eleição → PARCIAL
→ 1/3 e 2/3

Renovação a cada eleição →


TOTAL

SISTEMA Sistema Proporcional. É o Sistema Majoritário SIMPLES: é o


ELEITORAL sistema utilizado para todos os adotado no SENADO, também chamado
cargos do Legislativo, exceto de majoritário PURO ou de maioria
Senador. Cada partido terá simples. Vence a eleição quem tem
direito a tantas vagas quantas mais votos, sem a necessidade de
forem as vezes que fizer o maioria absoluta e pouco importando
quociente eleitoral, que nada a diferença de votos do primeiro para
mais é do que o produto da o segundo colocado. Em caso de
divisão do número de votos empate, o candidato mais velho é eleito.
válidos pelo número de cadeiras
que estão sendo disputadas.

• COMPETÊNCIA PRIVATIVA DA UNIÃO

Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados:

I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o


Presidente e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado;

II - proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas


ao Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa;

III - elaborar seu regimento interno;

IV – dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou


64
extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para
fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de
diretrizes orçamentárias;

V - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII.


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• COMPETÊNCIA PRIVATIVA DO SENADO

Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:

I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de


responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do
Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles;

II processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho

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Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral
da República e o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade;

III - aprovar previamente, por voto secreto, após argüição pública, a escolha de:

a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição;

b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo Presidente da República;

c) Governador de Território;

d) Presidente e diretores do banco central;

e) Procurador-Geral da República;

f) titulares de outros cargos que a lei determinar;

IV - aprovar previamente, por voto secreto, após argüição em sessão secreta, a escolha
dos chefes de missão diplomática de caráter permanente;

V - autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União, dos


Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios;

VI - fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o montante da dívida
consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

VII - dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito externo e
interno da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas autarquias
e demais entidades controladas pelo Poder Público federal;

VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia da União em


operações de crédito externo e interno;

IX - estabelecer limites globais e condições para o montante da dívida mobiliária dos


Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por


decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal;

XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exoneração, de ofício, do Procurador-
Geral da República antes do término de seu mandato;
65
XII - elaborar seu regimento interno;

XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou


extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para
fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de
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diretrizes orçamentárias; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

XIV - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII.

XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tributário Nacional, em sua


estrutura e seus componentes, e o desempenho das administrações tributárias da
União, dos Estados e do Distrito Federal e dos Municípios.

Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, funcionará como Presidente o do
Supremo Tribunal Federal, limitando-se a condenação, que somente será proferida por
dois terços dos votos do Senado Federal, à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos,

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis.

O Poder Legislativo Estadual é unicameral (Assembleia Legislativa), sendo os deputados


estaduais eleitos pelo sistema proporcional para um mandato de 4 anos. No Distrito Federal, o
sistema também é unicameral (Câmara Legislativa) e os Deputados Distritais também são eleitos
pelo sistema proporcional para um mandato de 4 anos.

Na esfera Municipal, o Poder Legislativo é composto pela Câmara Municipal e os vereadores


são eleitos pelo sistema proporcional para um mandato de 4 anos. O número de vereadores deve
ser fixado na lei orgânica do Munícipio, observando-se os limites fixados no art. 29 da Constituição
Federal TEMA COBRADO NO XXIII EXAME DA OAB/FGV.

11.1.2.  MESAS DA CÂMARA E DO SENADO

O Poder Legislativo da União é composto por 3 (três) Mesas: da Câmara, do Senado e do


Congresso Nacional. As Mesas exercem atribuições administrativas e os seus membros terão
mandato de 2 (dois) anos, sendo vedada a reeleição para o mesmo cargo na eleição imediatamente
ssubsequente (art. 57, §4º, da CF/88) TEMA COBRADO NO XXIX EXAME DA OAB/FGV. A Mesa do
Congresso Nacional será presidida pelo Presidente do Senado Federal, e os demais cargos serão
exercidos, alternadamente, pelos ocupantes de cargos equivalentes na Câmara dos Deputados e
no Senado Federal.

As mais relevantes atribuições das Mesas da Câmara e do Senado são a promulgação de Emendas
Constitucionais e o ajuizamento de Ações Impugnativas de Controle de Constitucionalidade.

Destaque-se, ainda, que as Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal poderão
encaminhar pedidos escritos de informações a Ministros de Estado, importando em crime de
responsabilidade a recusa, ou o não atendimento, no prazo de 30 dias, bem como a prestação de
informações falsas (art. 50, § 2º, da CF/88) TEMA COBRADO NO XXIII EXAME DA OAB/FGV.

11.1.3.  COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO (CPI)

• A CPI’s serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou
separadamente, mediante requerimento de 1/3 de seus membros, para apuração de fato determinado
66
(o que não impede a investigação de outros conexos durante os trabalhos) e por prazo certo (que
pode ser prorrogado dentro da legislatura), sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao
Ministério Público para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.
• As CPI’s terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, entretanto, deve-
OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

se observar a cláusula da reserva de jurisdição, isto é, certas medidas somente poderão ser
adotadas por membros do Poder Judiciário, como por exemplo a interceptação telefônica e a
determinação de indisponibilidade de bens. As decisões da CPI deverão ser fundamentadas,
sendo que seus atos não se encontram imunes ao controle de legitimidade pelo Poder
Judiciário. Vale ressaltar ainda que a CPI dispõe de competência para investigar até mesmo
fatos que já sejam objeto de inquéritos policiais ou processos judiciais.
• A CPI tem atribuição para: convocar investigados e testemunhas; determinar as
diligências que entender necessárias; requisitar de repartições públicas documentos
e informações de seu interesse; investigar negócios realizados entre particulares;
determinar a condução coercitiva de testemunha, diante de recusa de comparecimento;

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


determinar a quebra de sigilo bancário (deve ser aprovada por maioria absoluta dos
membros da CPI), fiscal e telefônico (relativo a dados e registros o que é diferente de
interceptação telefônica) TEMA COBRADO NO XVII EXAME DA OAB/FGV.
• A CPI não tem atribuição para: decretar a busca e apreensão domiciliar de documentos;
decretar a indisponibilidade de bens; decretar a prisão do depoente, salvo em caso de
flagrante; determinar a interceptação telefônica; apurar a responsabilidade civil ou criminal
do investigado.

11.1.4.  PROCESSO LEGISLATIVO ORDINÁRIO

O processo legislativo ordinário é aquele referente à elaboração de lei ordinária ou


complementar e desdobra-se nas seguintes fases:
Fase Introdutória ou de Iniciativa: a iniciativa de lei poderá ser parlamentar (qualquer
membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso
Nacional) ou extraparlamentar (Presidente da República, PGR, STF e Tribunais Superiores
e cidadãos - 1% do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não
menos que 0,3% dos eleitores de cada um deles) TEMA COBRADO NO V EXAME DA OAB/
FGV. Em regra, a iniciativa de lei será exercida junto à Câmara dos Deputados. O Senado
Federal somente será a casa iniciadora quando o projeto de lei for apresentado por um
senador ou por uma comissão do senado.

INICIATIVA PARLAMENTAR INICIATIVA EXTRAPARLAMENTAR

Qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Presidente da República


Deputados, do Senado Federal ou do Congresso
Nacional
Procurador Geral da República

STF e Tribunais Superiores e cidadãos

1% do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por


cinco Estados, com não menos que 0,3% dos eleitores de
cada um deles

67
Com relação aos Municípios, o art. 29, XIII, da CF/88, prevê que a iniciativa popular de projetos de lei
de interesse específico do Município, da cidade ou de bairros, será feita através de manifestação de,
pelo menos, cinco por cento do eleitorado TEMA COBRADO NO VIII EXAME DA OAB/FGV.
OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

MATÉRIAS DE INICIATIVA PRIVATIVA DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA

São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que:

I - fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas;

II - disponham sobre:

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e autárquica ou aumento de sua
remuneração; TEMA COBRADO NOS EXAMES III E XX DA OAB/FGV.

b) organização administrativa e judiciária, matéria tributária e orçamentária, serviços públicos e pessoal da


administração dos Territórios;

c) servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade e
aposentadoria; TEMA COBRADO NO VIII EXAME DA OAB/FGV.

d) organização do Ministério Público e da Defensoria Pública da União, bem como normas gerais para a
organização do Ministério Público e da Defensoria Pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios;

e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública, observado o disposto no art. 84, VI
(decreto autônomo);

f) militares das Forças Armadas, seu regime jurídico, provimento de cargos, promoções, estabilidade,
remuneração, reforma e transferência para a reserva.

A discussão e votação dos projetos de lei de iniciativa do Presidente da República, do Supremo


Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores terão início na Câmara dos Deputados TEMA
COBRADO NOS EXAMES II E VIII DA OAB/FGV.

Fase Constitutiva: esta fase compreende três atuações distintas: 1) deliberação, 2) votação, 3)
sanção ou veto.

• Deliberação: é a discussão do projeto de lei, realizada pelas comissões. O presidente da casa


legislativa define em quais comissões temáticas o projeto de lei será avaliado (a deliberação
da Comissão de Constituição e Justiça é sempre obrigatória). A CCJ faz controle político
preventivo de constitucionalidade. É político porque feito no Poder Legislativo, e preventivo
porque se dá em relação a projeto de lei.
68
• Votação: após a discussão na Comissão de Constituição e Justiça (faz controle preventivo de
constitucionalidade), o projeto segue para a Casa iniciadora, onde ele poderá ser aprovado
(por maioria simples se lei ordinária e maioria absoluta se lei complementar) ou rejeitado.
Se o projeto for aprovado, será encaminhado para a Casa revisora, mas, se for rejeitado, será
arquivado, aplicando-se o princípio da irrepetibilidade (art. 67 da CF/88), isto é, somente
OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

poderá constituir objeto de novo projeto, na mesma sessão legislativa, mediante proposta
da maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas do Congresso Nacional (o que
não é possível no caso de PEC, quando o princípio é aplicável de forma absoluta) TEMA
COBRADO NO XX EXAME DA OAB/FGV.

Na casa revisora, o projeto poderá ser rejeitado (arquivado), aprovado sem emendas (será
encaminhado para o Executivo) ou aprovado com emendas, hipótese em que o projeto volta para a
Casa iniciadora para apreciação das emendas. A casa iniciadora será responsável pela avaliação
das emendas em bloco, ou seja, deve aprová-las ou rejeitá-las na totalidade, salvo se houver pedido
de destaque, que é uma solicitação aprovada na Casa para que determinada emenda seja votada

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


em separado. A casa iniciadora não pode fazer subemendas (“emendas das emendas”).

• Sanção ou Veto: Após encaminhado o projeto para o Presidente da República, ele terá 15
dias para a sanção ou veto.

Decorrido o prazo de quinze dias, o silêncio do Presidente da República importará sanção tácita
TEMA COBRADO NO XIX EXAME DA OAB/FGV.

Características do veto: pode ser total, quando alcança o projeto de lei por inteiro, ou parcial,
quando atinge uma parcela do projeto de lei, não podendo atingir palavras ou expressões isoladas,
mas somente o artigo, o inciso ou a alínea por completo. Além disso, o veto poderá ser jurídico, quando
baseado na inconstitucionalidade (modalidade de controle preventivo de constitucionalidade) ou
político, quando baseado na contrariedade ao interesse público. O veto deve ser sempre motivado,
devendo o Presidente da República apresentar os motivos do veto para o Presidente do Senado
Federal no prazo de 48 horas. O veto desmotivado, ou seja, sem a apresentação dos motivos,
importa em sanção tácita.

O veto pode ser derrubado em sessão conjunta1 do Congresso Nacional pelo voto da maioria
absoluta de Deputados Federais e Senadores, devendo a votação ser ABERTA TEMA
COBRADO NO EXAME II DA OAB/FGV.

Caso o veto seja derrubado o projeto será encaminhado ao Presidente da República para
promulgação TEMA COBRADO NO XIV EXAME DA OAB/FGV.

1 Sessão unicameral não se confunde com sessão conjunta. Na unicameral, os deputados


e senadores votam como se fizessem parte de uma mesma casa, já na sessão conjunta,
deputados e senadores reunidos debatem, mas cada qual vota com seus pares.

69
Fase complementar (Promulgação e Publicação): compreende a promulgação e a publicação
da lei. Com a promulgação se declara a existência da lei, enquanto com a publicação marca sua
obrigatoriedade, respeitado o vacatio legis. Se a lei não for promulgada dentro de quarenta e oito
horas pelo Presidente da República, o Presidente do Senado a promulgará, e, se este não o fizer
em igual prazo, caberá ao Vice-Presidente do Senado fazê-lo.
OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

A Emenda Constitucional será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado
Federal (art. 60. §3º); o Decreto Legislativo pelo Presidente do Congresso Nacional; e a resolução
pelo Presidente do órgão que a edita. A publicação da lei é requisito para a entrada em vigor e
consequente produção de seus efeitos.

LEI COMPLEMENTAR VERSUS LEI ORDINÁRIA

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


A iniciativa da lei complementar é a mesma da lei ordinária, o que também, em regra, ocorre com
seu procedimento, salvo em relação a sua aprovação, que ocorrerá por maioria absoluta. A Constituição
Federal determina quais as matérias que se sujeitam a lei complementar. Vejamos algumas delas
TEMA COBRADO NO III EXAME DA OAB/FGV:

• Finanças Públicas (art. 163, I, da CF/88)

• Dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias, fundações e demais entidades
controladas pelo Poder Público;

• Emissão e resgate de títulos da dívida pública;

• Criação de Territórios, transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origem.

• Autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias legislativas privativas da União

• Instituir nos Estados regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões

• Organização e competência dos tribunais, dos juízes de direito e das juntas eleitorais.

• Exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a organização do plano plurianual

O Supremo Tribunal Federal entende que não existe hierarquia entre lei complementar e ordinária,
tendo em vista que ambas retiram seu fundamento de validade da Constituição Federal. Quando certa
matéria é reservada à lei complementar nenhum outro ato normativo poderá tratar do assunto, sob
pena de inconstitucionalidade. Por outro lado, a Lei Complementar pode tratar de matéria residual
(normalmente da Lei Ordinária) sem ser invalidada, o que se dá por uma questão de economia legislativa,
e não de hierarquia. Neste caso, esta lei será apenas formalmente complementar, pois materialmente ela
será uma lei ordinária e, como consequência, poderá ser posteriormente revogada por outra lei ordinária.
TEMA COBRADO NO XXIX EXAME DA OAB/FGV:

70
11.1.5.  PROCESSO LEGISLATIVO SUMÁRIO

Art. 64 da CF/88 -. A discussão e votação dos projetos de lei de iniciativa do Presidente


da República, do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores terão início na
Câmara dos Deputados.
OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 1º O Presidente da República poderá solicitar urgência para apreciação de projetos


de sua iniciativa.

§ 2º Se, no caso do § 1º, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal não se manifestarem
sobre a proposição, cada qual sucessivamente, em até quarenta e cinco dias, sobrestar-
se-ão todas as demais deliberações legislativas da respectiva Casa, com exceção das
que tenham prazo constitucional determinado, até que se ultime a votação.

§ 3º A apreciação das emendas do Senado Federal pela Câmara dos Deputados far-se-á

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


no prazo de dez dias, observado quanto ao mais o disposto no parágrafo anterior.

§ 4º Os prazos do § 2º não correm nos períodos de recesso do Congresso Nacional, nem


se aplicam aos projetos de código.

Desse modo, são pressupostos para instauração do processo legislativo sumário o projeto
de lei apresentado pelo Chefe do Executivo e a sua solicitação de urgência. Cada uma das Casas
Legislativas terá o prazo de 45 dias para se manifestar sobre a proposição sob pena de trancamento
de pauta, com exceção das demais matérias que tenham prazo constitucional determinado (ex.
Medidas Provisórias). Se houver emenda no Senado o projeto retorna à Câmara, que terá 10 dias
para se manifestar.

O regime de urgência constitucional pode ser requerido apenas pelo Presidente da República nos
projetos de lei de sua própria iniciativa TEMA COBRADO NO XXVI EXAME DA OAB/FGV.

PROCESSOS LEGISLATIVOS ESPECIAIS

São aqueles que não seguem o procedimento ordinário ou comum, como no caso das emendas
constitucionais, leis delegadas, decretos legislativos e resoluções.

• EMENDAS CONSTITUCIONAIS

São legitimados para apresentação de proposta de Emenda Constitucional:

• 1/3, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal;

• Presidente da República;

• Mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-


se cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. TEMA COBRADO NO VII
EXAME DA OAB/FGV.

71
Para sua aprovação, deverá ocorrer deliberação em 02 turnos em cada uma das Casas
Legislativas, considerando-se aprovada quando obtiver em ambas, pelo menos 3/5 dos votos dos
membros de cada uma delas (maioria qualificada), após o que deverá ser promulgada pelas Mesas
da Câmara e do Senado. Caso rejeitada, será arquivada, não podendo ser objeto de nova proposta
na mesma sessão legislativa, em observância ao princípio da “irrepetibilidade absoluta”. Por meio
OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

das Emendas Constitucionais é que se manifesta o poder constituinte reformador ou derivado,


que sofre limitações circunstanciais (intervenção federal, estado de sítio e estado de defesa),
materiais (cláusulas pétreas – art. 60, §4º, da CF – voto secreto e universal, forma federativa de
Estado, repartição dos poderes, e direitos e garantias individuais). São ainda limitações materiais
implícitas ao poder de reforma, as emendas que pretendam retirar do Congresso Nacional o
poder de reforma constitucional, que ampliem ou restrinjam o rol de legitimados à propositura da
emenda, e que alterem qualquer aspecto do processo legislativo estabelecido no art. 60, da CF/88.

• MEDIDA PROVISÓRIA

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


Constitui espécie normativa primária, uma vez que retira seu fundamento de validade
diretamente no texto constitucional. Não é lei, mas tem força de lei. É um ato normativo elaborado
e editado pelo Presidente da República de forma monocrática e unipessoal, sem a interferência
de qualquer outro poder. A Medida Provisória produz efeitos imediatamente, a partir de sua edição,
mesmo antes da apreciação pelo legislativo, devendo o Congresso Nacional ser comunicado
imediatamente de sua edição. São pressupostos constitucionais da medida provisória a relevância
e urgência. Urgência significa que a regulamentação não pode aguardar a elaboração de lei nem
mesmo pelo processo legislativo sumário. Existe a possibilidade de haver controle jurisdicional dos
pressupostos, de modo excepcional, quando há situação de evidente abuso do poder de legislar
decorrente da flagrante inocorrência de um ou de ambos os pressupostos.

As medidas provisórias devem ser imediatamente submetidas ao Congresso Nacional que terá
o prazo de 60 dias, prorrogáveis por mais 60 dias, para apreciá-la (prazo para apreciação). Esse
prazo não corre durante o recesso do Congresso Nacional (mas a MP continua produzindo
efeitos), sendo que a prorrogação por mais 60 dias, quando necessária, será automática. Se a
medida provisória não for apreciada em 45 dias contados de sua publicação entrará em regime
de urgência, sobrestando a pauta da Casa onde estiver tramitando, ressaltando que não há
contagem de novo prazo de 45 dias no Senado.

APROVAÇÃO OU REJEIÇÃO DA MEDIDA PROVISÓRIA: a Câmara dos Deputados será sempre a


casa iniciadora. A aprovação pode se dar com ou sem alterações. A rejeição pode ser expressa ou
tácita (por decurso de prazo).

a) Aprovação sem alterações: nesse caso, a Câmara dos Deputados, como casa iniciadora, e o
Senado Federal, como casa revisora, aprovaram integralmente o texto da MP. Não há encaminhamento
ao Presidente da República para sanção ou veto, pois o ato por ele editado foi aprovado sem qualquer
modificação. A promulgação é feita pelo Presidente do Congresso Nacional;

b) Aprovação com alterações: feitas as modificações na Câmara dos Deputados ou no Senado,


a Medida Provisória se transforma em Projeto de Lei de conversão, devendo seguir o trâmite
legislativo ordinário, inclusive no que diz respeito à sanção ou veto presidencial.

72
c) Rejeição expressa: ocorre quando qualquer uma das casas rejeita a MP, durante seu período
de eficácia (60 + 60 dias).

d) Rejeição tácita (ou por decurso de prazo): se no período de eficácia a MP não é convertida
em lei, nem rejeitada expressamente, haverá a rejeição tácita.
OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

Após a rejeição, expressa ou tácita, da MP, deve-se aguardar por 60 dias a elaboração de um
Decreto Legislativo pelo Congresso Nacional regulamentando as situações decorrentes da MP. Se
o Decreto Legislativo não for feito, a MP seguirá regulamentando apenas as relações jurídicas dela
decorrentes.

LIMITES MATERIAIS DA MEDIDA PROVISÓRIA: podem ser implícitos (competências exclusivas


do Congresso Nacional e privativas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, conforme
artigos 49 a 52, da CF/88) ou explícitos, conforme art. 62, §1º, art. 25, §2º e art. 246 da CF/88, abaixo

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


transcritos:

Art. 62. § 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: MP - MP/LD

I – relativa a:

a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral;


TEMA COBRADO NO III EXAME DA OAB/FGV.

b) direito penal, processual penal e processual civil;

c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de


seus membros;

d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e


suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, § 3º ; TEMA COBRADO NO
XXXI EXAME DA OAB/FGV.

II – que vise a detenção ou sequestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro


ativo financeiro; TEMA COBRADO NO XXVIII EXAME DA OAB/FGV.

III – reservada a lei complementar;

IV – já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e pendente de


sanção ou veto do Presidente da República.

§ 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os


previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro
seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada.

Art. 25. § 2º - Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os


serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória
para a sua regulamentação.

Art. 246. É vedada a adoção de medida provisória na regulamentação de artigo da


Constituição cuja redação tenha sido alterada por meio de emenda promulgada entre 1º
de janeiro de 1995 até a promulgação desta emenda, inclusive.

73
• LEIS DELEGADAS

São elaboradas pelo Presidente da República, que para tanto, deve solicitar delegação ao
Congresso Nacional, que será concedida por meio de resolução, onde deverá ser especificado
o conteúdo e os termos para seu exercício (art. 68, §2º, da CF). Os limites materiais das leis
OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

delegadas são muito semelhantes aos das Medidas Provisórias. Alguns itens, todavia, são
distintos, destacando-se os direitos individuais que não podem ser objeto de lei delegada, mas não
há qualquer vedação que impeça Medida Provisória de tratar do assunto TEMA COBRADO NO
XXII EXAME DA OAB/FGV.

Art. 68 da CF/88 - As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República,


que deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional.

§ 1º Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


Nacional, os de competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal,
a matéria reservada à lei complementar, nem a legislação sobre:

I - organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de


seus membros;

II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais;

III - planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos.

§ 2º A delegação ao Presidente da República terá a forma de resolução do Congresso


Nacional, que especificará seu conteúdo e os termos de seu exercício.

§ 3º Se a resolução determinar a apreciação do projeto pelo Congresso Nacional, este a


fará em votação única, vedada qualquer emenda.

• DECRETOS LEGISLATIVOS

São atos exclusivos do Congresso Nacional (realizados obrigatoriamente por meio da atuação
de suas duas Casas) para o tratamento de matérias da sua competência exclusiva, para os quais
a Constituição Federal dispensa sanção presidencial, como a aprovação definitiva de tratados,
acordos e atos internacionais celebrados pela República Federativa e a apreciação do decreto
interventivo TEMA COBRADO NO IX EXAME DA OAB/FGV.

• RESOLUÇÕES

Espécies normativas que têm como objetivo veicular matéria privativa do Senado ou da Câmara,
isto é, são deliberações de uma das Casas do Congresso Nacional, ou do próprio Congresso, para
dispor sobre assuntos políticos e administrativos de sua competência, como aquelas matérias
constantes nos arts. 51 e 52, da CF/88. A resolução, em regra, produz efeitos internos, ou seja,
dentro de cada casa legislativa.

Enquanto as resoluções podem ser expedidas pela Câmara dos Deputados, pelo Senado
Federal ou pelo Congresso Nacional, os Decretos Legislativos são atos privativos do Congresso
Nacional. A promulgação da resolução será efetivada pelo Presidente da respectiva Casa.
74
11.1.6.  IMUNIDADES DOS CONGRESSISTAS

Desde a expedição do diploma, os Deputados e Senadores serão submetidos a julgamento


perante o Supremo Tribunal Federal TEMA COBRADO NO XIX EXAME DA OAB/FGV.
OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

No entanto, existem algumas imunidades, que são prerrogativas vinculadas ao cargo e não
privilégios vinculados à pessoa, que devem ser analisadas.

Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de
suas opiniões, palavras e votos.

§ 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a


julgamento perante o Supremo Tribunal Federal.

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


§ 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser
presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos
dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus
membros, resolva sobre a prisão.

§ 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após


a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por
iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros,
poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação.

§ 4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável


de quarenta e cinco dias do seu recebimento pela Mesa Diretora.

§ 5º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato.

§ 6º Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações


recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que
lhes confiaram ou deles receberam informações.

§ 7º A incorporação às Forças Armadas de Deputados e Senadores, embora militares e


ainda que em tempo de guerra, dependerá de prévia licença da Casa respectiva.

§ 8º As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante o estado de sítio,


só podendo ser suspensas mediante o voto de dois terços dos membros da Casa
respectiva, nos casos de atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que
sejam incompatíveis com a execução da medida.

IMUNIDADE MATERIAL (INVIOLABILIDADE - § 2º do art. 53 da CF/88): também chamada de


imunidade real, absoluta ou substancial, afasta a responsabilidade civil (dano moral), penal (crimes
contra a honra), disciplinar ou política por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos, desde
que guardem relação com o exercício da atividade legislativa, não alcançando manifestações
proferidas com finalidade político-eleitoral. Segundo o STF, quando o parlamentar está no recinto
do congresso, presume-se o exercício da função e ele fica amparado pela imunidade material. No
entanto, quando o congressista estiver fora da casa legislativa, a incidência da imunidade dependerá
da comprovação de que o parlamentar estava no exercício da função TEMA COBRADO NOS
EXAMES XVI E XXXI DA OAB/FGV. O suplente, enquanto não estiver no exercício do cargo,
da função parlamentar, não gozará da imunidade material. A inviolabilidade se inicia com
75
a posse, acobertando o parlamentar até o último dia do mandato. Beneficiam-se desta
imunidade os parlamentares federais (art. 53 da CF/88), estaduais (art. 27 da CF/88) e
municipais, estes apenas dentro do território do município (art. 29 da CF/88).
OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

IMUNIDADE FORMAL (§ 3º do art. 53 da CF/88): divide-se em a) imunidade formal relativa à


prisão (art. 53, §2º, da CF/88), em que o parlamentar, desde a expedição do diploma, não poderá
ser preso, salvo na hipótese de flagrante de crime inafiançável, hipótese em que a manutenção
da prisão dependerá de autorização por voto aberto da maioria absoluta dos membros da
Casa Legislativa respectiva - para onde os autos deverão ser remetidos no prazo de 24 horas e
b) imunidade formal relativa ao processo, prevista no art. art. 53. § 3º, da CF/88, segundo o qual
“recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o
Supremo Tribunal Federal dará ciência à casa respectiva, que, por iniciativa de partido político
nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final,
sustar o andamento da ação” TEMA COBRADO NO XI EXAME DA OAB/FGV. Assim, nos

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


crimes praticados após a diplomação, a imunidade formal relativa ao processo torna possível a
sustação do andamento do processo penal no âmbito do poder judiciário, suspendendo igualmente
a prescrição enquanto durar o mandato. A sistemática da ação penal contra parlamentar após a
diplomação segue o seguinte rito: a ação se inicia no STF (sem necessidade de autorização da Casa
Legislativa respectiva), cabendo ao tribunal comunicar o fato à Casa do Congresso Nacional a que
pertencer o acusado, podendo um partido político com representação, a qualquer tempo antes da
decisão definitiva, apresentar à mesa da Casa Legislativa pedido de sustação do andamento da
ação, que poderá ser deferido mediante voto da maioria absoluta dos membros da Casa. A votação
será ostensiva e no prazo de 45 dias. A imunidade formal só alcança os crimes praticados após
a diplomação, não impedindo a instauração ou possibilitando a suspensão do inquérito policial
contra o congressista.

Não há qualquer imunidade se o crime praticado pelo deputado federal ou senador ocorreu
antes da diplomação. Por outro lado, se o crime for praticado após a diplomação, a imunidade
consistirá na possibilidade de sustação da ação penal em andamento perante o STF, não sendo
possível a suspensão da execução da pena.

Os deputados estaduais e distritais possuem as mesmas imunidades que os congressistas,


enquanto que os vereadores possuem apenas imunidade material, ou seja, não possuem
imunidade formal.

11.1.7.  FISCALIZAÇÃO CONTÁBIL, FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

De acordo com o art. 70 da CF/88, a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional


e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade,
legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo
Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.

Registra-se que qualquer pessoa, física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde,
gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome
desta, assuma obrigações de natureza pecuniária deve se submeter à prestação de contas (parágrafo único
76
do art. 70).

O controle externo será realizado com o auxílio do Tribunal de Contas da União, cuja competência
possui previsão no art. 71, in verbis:
OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio
do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:

I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante


parecer prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento;

II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e


valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades
instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem
causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


TEMA COBRADO NO XXI EXAME DA OAB/FGV.

III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer
título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas
pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão,
bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as
melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato concessório;

IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal,


de Comissão técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil,
financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos
Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II;

V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a


União participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo;

VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante


convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito
Federal ou a Município;

VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de


suas Casas, ou por qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil,
financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e
inspeções realizadas;

VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de


contas, as sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa
proporcional ao dano causado ao erário;

IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao


exato cumprimento da lei, se verificada ilegalidade;

X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à


Câmara dos Deputados e ao Senado Federal;

XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados.

§ 1º No caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pelo Congresso


Nacional, que solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis.
77
§ 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de noventa dias, não
efetivar as medidas previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito.

§ 3º As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia


de título executivo.
OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 4º O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, trimestral e anualmente, relatório


de suas atividades.

É importante destacar, ainda, que, quando estiver em sua função fiscalizatória, o TCU pode
fazer o controle de constitucionalidade em relação à legislação que baseia a análise, conforme
Súmula 347 do STF: “O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a
constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Público”.

Com relação aos Municípios, a sua fiscalização será exercida pelo Poder Legislativo Municipal,

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


mediante controle externo, e pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo Municipal, na
forma da lei (art. 31, caput, da CF/88).

A Constituição Federal vedou a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos de Contas


Municipais, não impondo, contudo, a extinção dos órgãos já existentes (§ 4º do art. 31). Assim,
apenas os Tribunais de Contas Municipais existentes anteriormente à Constituição Federal de 1988
que poderão continuar funcionando.

Por sua vez, o § 2º do art. 31 dispõe que “o parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre
as contas que o Prefeito deve anualmente prestar, só deixará de prevalecer por decisão de dois
terços dos membros da Câmara Municipal” TEMA COBRADO NO XXI EXAME DA OAB/FGV.

Registra-se, ainda, que as contas dos Municípios ficarão, durante sessenta dias, anualmente, à
disposição de qualquer contribuinte, para exame e apreciação, o qual poderá questionar-lhes a legitimidade,
nos termos da lei (§ 3º do art. 31 da CF/88) TEMA COBRADO NO XXIV EXAME DA OAB/FGV.

11.2.  PODER EXECUTIVO

O Poder Executivo possui como função típica gerenciar e administrar o Estado, tendo o Brasil
adotado o sistema Presidencialista, em que há identidade entre o Chefe de Governo e de Estado,
pois é o Presidente da República que realiza ambas as funções.

SISTEMA PARLAMENTARISTA SISTEMA PRESIDENCIALISTA

A chefia é dual, pois o Chefe de Estado é A chefia é una, logo há identidade entre o Chefe
diferente do Chefe de Governo. O Chefe de Estado de Governo e de Estado, pois é o Presidente da
pode ser o Monarca ou o Presidente da República República que realiza ambas as funções. Quando
(dependendo da forma de governo), enquanto que o exerce a chefia de Estado, está representando a
Chefe de Governo é o primeiro ministro (integrante República Federativa do Brasil e quando exerce
do Parlamento e só se elege e governa se possui a chefia de Governo, está representando a União.
maioria parlamentar). Assim, no Parlamentarismo, O Presidente se elege e governa mesmo que
uma parcela das funções executivas (chefia não possua o apoio da maioria do Parlamento
de governo) é exercida pelo Primeiro Ministro.

78
O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República, que é auxiliado pelos Ministros de
Estado, que são nomeados e exonerados ad nutum pelo Presidente da República, independentemente
de motivação.

11.2.1.  PRESIDENTE DA REPÚBLICA:


OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

REQUISITOS DE ELEGIBILIDADE (ALISTABILIDADE): deve ser brasileiro nato (art. 12, §3º);
idade mínima de 35 anos (comprovada na data da posse, segundo o Código Eleitoral, Art. 11, §2º);
filiação partidária há pelo menos 1 ano e pleno exercício dos direitos políticos.
ELEIÇÃO: adota-se o sistema eleitoral majoritário absoluto, ou seja, o candidato deve obter
a maioria absoluta dos votos válidos em primeiro ou segundo turnos. Este mesmo sistema é
utilizado nas eleições de Governador e nas eleições de Prefeitos dos municípios com mais de 200
mil eleitores. TEMA COBRADO NO VI EXAME DA OAB/FGV.

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


MAJORITÁRIO ABSOLUTO MAJORITÁRIO SIMPLES

Exigência de que, para que o candidato seja eleito, Será eleito o candidato mais votado,
atinja no mínimo a maioria absoluta dos votos válidos. independentemente do percentual de votos, não há
Caso nenhum dos candidatos atingir essa votação, segundo turno
haverá, necessariamente, segundo turno. Períodos
eleitorais: 1º e último domingo de outubro

Presidente da República, Governador, Prefeitos em Prefeitos de municípios com menos de 200.000


municípios com mais de 200.000 eleitores eleitores, e senador

LICENÇA: exigida nos casos em que a ausência do país for superior a 15 dias. Se o Presidente
ou vice se ausentarem do país por mais de 15 dias, sem licença, a ausência deverá ser interpretada
como Renúncia.
POSSE: a posse ocorre no dia 1º de janeiro do ano subsequente às eleições, em sessão do
Congresso Nacional. Se não houver o comparecimento do Presidente, do Vice ou de ambos, e
houver justificativa, aguarda-se o comparecimento pelo tempo que for necessário. Se não houver
justificativa, aguarda-se 10 dias, quando então o cargo do ausente será declarado vago. Se ambos
os cargos ficarem vagos, far-se-ão novas eleições em até 90 dias.
IMPEDIMENTO e VACÂNCIA: impedimento compreende os afastamentos temporários do
Presidente, como na hipótese de ausência do País, situações em que caberá ao Vice-Presidente
substituí-lo no exercício pleno da Presidência. O Presidente e o Vice-Presidente da República não
poderão, sem licença do Congresso Nacional, ausentar-se do País por período superior a quinze
dias, sob pena de perda do cargo (CF, art. 83). Em caso de duplo impedimento (Presidente e Vice),
a linha de substituição presidencial é a seguinte: (1) Presidente da Câmara dos Deputados; (2)
Presidente do Senado Federal; (3) Presidente do Supremo Tribunal Federal. A vacância, por outro
lado, representa a impossibilidade definitiva de exercício do mandato (morte, renúncia, perda
do cargo, etc.). Em caso de dupla vacância, se esta ocorrer nos primeiros 2 anos do mandato,
serão realizadas eleições diretas em 90 dias e, se ela ocorrer nos dois últimos anos do mandato,
serão realizadas eleições indiretas pelo Congresso Nacional em 30 dias TEMA COBRADO NOS
EXAMES VII, XIII E XVIII DA OAB/FGV.
O Presidente possui foro especial por prerrogativa de função perante o Supremo Tribunal
79
Federal para crimes comuns relacionados à função, e perante o Senado para crimes de
responsabilidade, sendo que neste caso a condenação se limita à perda do cargo com inabilitação
para o exercício de função pública por 08 anos (Lei nº 1.079/50 – Lei de responsabilidade – não
se aplicando a lei de improbidade). O processo por crime comum relacionados à função ou de
responsabilidade praticado pelo Presidente depende de autorização prévia de 2/3 dos membros
OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

da Câmara, e uma vez concedida a autorização, o julgamento será feito pelo Senado (crime de
responsabilidade) ou pelo STF (crime comum), devendo o Presidente ser afastado de suas funções
por 180 dias. No caso de crime de responsabilidade, embora o julgamento seja pelo Congresso,
funcionará como presidente o do STF TEMA COBRADO NOS EXAMES V E XVII DA OAB/FGV.

Se o crime comum praticado pelo Presidente da República for estranho a suas funções, como
no caso de homicídio praticado contra um parente por motivos pessoais, ele será criminalmente
processado somente após o término do mandato, vigorando a denominada “irresponsabilidade
penal relativa do Presidente da República” (art. 86, § 4º, da CF/88). TEMA COBRADO NO

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


XX EXAME DA OAB/FGV.

De acordo com o art. 85 da CF/88, são crimes de responsabilidade os atos do Presidente da


República que atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra:

I - a existência da União;

II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e


dos Poderes constitucionais das unidades da Federação; TEMA COBRADO NO IV
EXAME DA OAB/FGV.

III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;

IV - a segurança interna do País;

V - a probidade na administração;

VI - a lei orçamentária;

VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.

Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei especial, que estabelecerá as
normas de processo e julgamento.

O rol do art. 85 é meramente exemplificativo, sendo possível lei especial (atualmente a Lei nº
1.079/50) atribuir outras condutas capazes de configurar crime de responsabilidade.

O Presidente da República não dispõe de imunidade em face das ações judiciais que visem
imputar-lhe responsabilidade civil ou tributária.
As funções típicas do Poder Executivo são instituir as políticas públicas de governo e atender
aos comandos legais, e estão especificamente enumeradas no art. 84 da CF/88.
O parágrafo único desse mesmo artigo permite que as atribuições previstas nos incisos VI (Decreto
Autônomo), XII (conceder indulto e comutar penas) e XXV (prover cargos públicos federais, na forma da lei)
sejam delegadas aos Ministros de Estado, ao PGR e AGU TEMA COBRADO NO XIII EXAME DA OAB/FGV.
80
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:

(...)

VI – dispor, mediante decreto, sobre:


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a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento


de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos;

b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;

XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos
instituídos em lei;

XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma da lei;

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos termos do art. 62;

XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta Constituição.

Parágrafo único. O Presidente da República poderá delegar as atribuições mencionadas


nos incisos VI, XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral
da República ou ao Advogado-Geral da União, que observarão os limites traçados nas
respectivas delegações.

A extinção de cargo público federal na forma da lei, a rigor, não é atribuição delegável, uma
vez que o parágrafo único do art. 84 se refere apenas à primeira parte do inciso XXV, ou seja, ao
provimento dos cargos. Assim, o Presidente poderia apenas, pelo inciso VI, delegar a atribuição
para extinguir um cargo público, desde que ele esteja vago e a extinção se dê por decreto.

Entretanto, a FGV vem considerando correta a afirmação genérica de que o disposto no inciso XXV
(prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma da lei), é matéria delegável, sem o rigor da
distinção feita pelo parágrafo único. TEMA COBRADO NOS EXAMES II, XIII e XXVII DA OAB/FGV.

11.2.2.  CONSELHO DA REPÚBLICA E CONSELHO DE DEFESA

São órgãos de consulta do Presidente da República para assuntos constitucionalmente determinados.

Art. 89. O Conselho da República é órgão superior de consulta do Presidente da


República, e dele participam:

I - o Vice-Presidente da República;

II - o Presidente da Câmara dos Deputados;

III - o Presidente do Senado Federal;

IV - os líderes da maioria e da minoria na Câmara dos Deputados;

V - os líderes da maioria e da minoria no Senado Federal;

VI - o Ministro da Justiça;
81
VII - seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e cinco anos de idade, sendo dois
nomeados pelo Presidente da República, dois eleitos pelo Senado Federal e dois eleitos
pela Câmara dos Deputados, todos com mandato de três anos, vedada a recondução.

Art. 90. Compete ao Conselho da República pronunciar-se sobre:


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I - intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio;

II - as questões relevantes para a estabilidade das instituições democráticas.

§ 1º O Presidente da República poderá convocar Ministro de Estado para participar da reunião


do Conselho, quando constar da pauta questão relacionada com o respectivo Ministério.

§ 2º A lei regulará a organização e o funcionamento do Conselho da República.

Do Conselho de Defesa Nacional

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


Art. 91. O Conselho de Defesa Nacional é órgão de consulta do Presidente da República
nos assuntos relacionados com a soberania nacional e a defesa do Estado democrático,
e dele participam como membros natos:

I - o Vice-Presidente da República;

II - o Presidente da Câmara dos Deputados;

III - o Presidente do Senado Federal;

IV - o Ministro da Justiça;

V - o Ministro de Estado da Defesa; (Redação dada pela Emenda Constitucional


nº 23, de 1999)

VI - o Ministro das Relações Exteriores;

VII - o Ministro do Planejamento.

VIII - os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. (Incluído pela Emenda


Constitucional nº 23, de 1999)

§ 1º Compete ao Conselho de Defesa Nacional:

I - opinar nas hipóteses de declaração de guerra e de celebração da paz, nos termos


desta Constituição;

II - opinar sobre a decretação do estado de defesa, do estado de sítio e da intervenção federal;

III - propor os critérios e condições de utilização de áreas indispensáveis à segurança


do território nacional e opinar sobre seu efetivo uso, especialmente na faixa de
fronteira e nas relacionadas com a preservação e a exploração dos recursos naturais
de qualquer tipo;

IV - estudar, propor e acompanhar o desenvolvimento de iniciativas necessárias a


garantir a independência nacional e a defesa do Estado democrático.

§ 2º A lei regulará a organização e o funcionamento do Conselho de Defesa Nacional.


82
Conselho da República: composto pelo Vice-Presidente da República, pelo Presidente da Câmara, pelo
Presidente do Senado, pelos líderes das maiorias e minorias na Câmara e no Senado, pelo Ministro da Justiça
e por 06 cidadãos brasileiros natos. Será obrigatoriamente consultado nos casos de intervenção federal,
decretação de estado de sítio e de defesa; e de questões relevantes para a estabilidade das instituições
democráticas.
OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

Conselho de Defesa: composto pelo Vice-Presidente da República, pelo Presidente da Câmara, pelo
Presidente do Senado, pelo Ministro da Justiça, da Defesa, das relações exteriores, do planejamento e
por comandantes da marinha, aeronáutica e exército. Será consultado nos assuntos relacionados com
a soberania nacional e a defesa do Estado democrático, devendo opinar sobre a decretação do estado
de defesa, do estado de sítio e da intervenção federal TEMA COBRADO NO XV EXAME DA OAB/FGV.

11.3.  PODER JUDICIÁRIO

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


11.3.1.  CONSIDERAÇÕES GERAIS

São características do Judiciário a inércia, a substitutividade e a definitividade (estabilidade


das relações sociais alcançada com a coisa julgada).

A Constituição Federal outorga ao Poder Judiciário autonomia administrativa e financeira a fim de


garantir independência no exercício de suas funções, sem a ingerência dos poderes Legislativo e Executivo.

O ingresso na carreira da magistratura dar-se-á mediante concurso público de provas e


títulos, exigindo-se do bacharel em direito no mínimo 03 anos de atividade jurídica.

As garantias do Poder Judiciário têm o objetivo de manutenção da independência prevista no art.


2º, da CF/88 e se dividem em dois grupos: a) garantias institucionais: se referem ao Poder Judiciário
como um todo e tem a finalidade de manter a independência do órgão judicial frente ao legislativo e ao
executivo. Se dividem em autonomia administrativa (autogoverno dos Tribunais – o judiciário elege seus
órgãos diretivos próprios e regulamenta sua organização interna pelos Regimentos Internos) e financeira
(orçamento próprio dentro daquele da União e dos Estados Membros), b) garantias funcionais: asseguram
a independência do membro do Poder Judiciário. Dividem-se em garantia de independência (vitaliciedade,
inamovibilidade e irredutibilidade de subsídios) e de imparcialidade (art. 95, parágrafo único, da CF/88).

A inamovibilidade pode ser excepcionada no caso de relevante interesse público e desde que a
remoção seja aprovada pela maioria absoluta do tribunal ou do CNJ, conforme artigos. 95, II e
93, VIII, da CF/88. TEMA COBRADO NO VIII EXAME DA OAB/FGV.

VITALICIEDADE ESTABILIDADE

Alcançada após dois anos de estágio probatório Atingida após três anos de efetivo exercício

Apenas agentes políticos são dotados de vitaliciedade É atributo do servidor público em sentido estrito
(magistrados, membros do Ministério Público e
Conselheiros do Tribunal de Contas).

Perda do cargo apenas por sentença judicial com Poderá perder o cargo por sentença judicial,
83
trânsito em julgado processo administrativo e corte de despesas.
O art. 93, XI, da CF/88 prevê a criação de órgão especial para os casos de tribunais com mais
de 25 membros. O órgão especial será composto pelo mínimo de 11 e o máximo de 25 membros,
sendo que 50% destes são os mais antigos do Tribunal, e os outros 50% são eleitos pelo próprio
Tribunal por meio de votação. O órgão especial exerce atribuições administrativas e jurisdicionais
delegadas da competência do Tribunal pleno. O órgão especial poderá ainda, dentre outras funções,
OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

declarar a inconstitucionalidade de determinada norma (art. 97).

11.3.2.  CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA

O Conselho Nacional de Justiça, introduzido pela EC n. 45/2004, pertence à estrutura do


Poder Judiciário, mas não possui competência jurisdicional, tendo como finalidade garantir o
controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário, bem como a fiscalização
do cumprimento dos deveres funcionais por parte dos magistrados TEMA COBRADO NO XX
EXAME DA OAB/FGV.

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


Art. 103-B.

§ 4º Compete ao Conselho o controle da atuação administrativa e financeira do Poder


Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de
outras atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura:

I - zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo cumprimento do Estatuto da


Magistratura, podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou
recomendar providências;

II - zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a


legalidade dos atos administrativos praticados por membros ou órgãos do Poder
Judiciário, podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as
providências necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da competência do
Tribunal de Contas da União;

III receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Poder Judiciário,
inclusive contra seus serviços auxiliares, serventias e órgãos prestadores de serviços
notariais e de registro que atuem por delegação do poder público ou oficializados,
sem prejuízo da competência disciplinar e correicional dos tribunais, podendo avocar
processos disciplinares em curso e determinar a remoção, a disponibilidade ou a
aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar
outras sanções administrativas, assegurada ampla defesa;

IV representar ao Ministério Público, no caso de CRIME contra a administração pública


ou de abuso de autoridade;

V rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de juízes e


membros de tribunais julgados há menos de um ano; TEMA COBRADO NO II
EXAME DA OAB/FGV.

VI elaborar semestralmente relatório estatístico sobre processos e sentenças


prolatadas, por unidade da Federação, nos diferentes órgãos do Poder Judiciário;

VII elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar necessárias, sobre a
situação do Poder Judiciário no País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar
mensagem do Presidente do Supremo Tribunal Federal a ser remetida ao Congresso
84
Nacional, por ocasião da abertura da sessão legislativa.

O CNJ é composto por 15 membros, com mandato de 2 anos, sendo permitida uma única recondução.

Art. 103-B. O Conselho Nacional de Justiça compõe-se de 15 (quinze) membros com


OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

mandato de 2 (dois) anos, admitida 1 (uma) recondução, sendo: (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 61, de 2009)

I - o Presidente do Supremo Tribunal Federal;

II - um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indicado pelo respectivo tribunal;

III - um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, indicado pelo respectivo tribunal;

IV - um desembargador de Tribunal de Justiça, indicado pelo Supremo Tribunal Federal;

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


V - um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal Federal;

VI - um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça;

VII - um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça;

VIII - um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho;

IX - um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho;

X - um membro do Ministério Público da União, indicado pelo Procurador-Geral da República;

XI - um membro do Ministério Público estadual, escolhido pelo Procurador-Geral da


República dentre os nomes indicados pelo órgão competente de cada instituição estadual;

XII - dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;

XIII - dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um pela
Câmara dos Deputados e outro pelo Senado Federal.

As ações contra o Conselho Nacional de Justiça serão processadas e julgadas pelo Supremo
Tribunal Federal.

11.3.3.  DEMAIS ÓRGÃOS DO PODER JUDICIÁRIO

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA - composto por 33 Ministros, dos quais, 1/3 são juízes do
TRF; 1/3 Desembargadores dos Tribunais de Justiça; 1/6 de advogados e 1/6 de membros do
MP. O Superior Tribunal de Justiça será composto por membros do Poder Judiciário na seguinte
proporção: 1/3 (um terço) dentre juízes dos Tribunais Regionais Federais e 1/3 (um terço) dentre
desembargadores dos Tribunais de Justiça, indicados em lista tríplice elaborada pelo próprio
Tribunal. Não se exige, portanto, que esses magistrados sejam juízes de carreira, ou seja, é possível
que um membro do Ministério Público passe a compor um Tribunal pelo quinto constitucional e,
posteriormente, venha integrar o STJ nas vagas reservadas aos magistrados. TEMA COBRADO
NO XII EXAME DA OAB/FGV.

85
PRINCIPAIS COMPETÊNCIAS DOS STJ

ORIGINÁRIA JULGAR EM GRAU DE RECURSO


OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

• Nos crimes comuns, os Governadores dos JULGAR EM RECURSO ORDINÁRIO


Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos
de responsabilidade, os desembargadores dos
Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito • Habeas corpus decididos em única ou última
Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos instância pelos Tribunais Regionais Federais
Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito
Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Federal e Territórios, quando a decisão for
Eleitorais e do Trabalho, os membros dos denegatória;
Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios
e os do Ministério Público da União que oficiem
perante tribunais; TEMA COBRADO NO VIII • Mandados de segurança decididos em única

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


EXAME DA OAB/FGV. instância pelos Tribunais Regionais Federais
ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito
Federal e Territórios, quando denegatória a
• Mandados de segurança e os habeas data decisão;
contra ato de Ministro de Estado, dos Comandantes
da Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do
próprio Tribunal; TEMA COBRADO NO XVI • As causas em que forem partes Estado
estrangeiro ou organismo internacional,
EXAME DA OAB/FGV. de um lado, e, do outro, Município ou
pessoa residente ou domiciliada no País;
(Atenção: Conforme art. 102, I, “e”, da
• Habeas corpus, quando o coator ou CF/88, compete originariamente ao STF
paciente for qualquer das pessoas submetidas julgar o litígio entre Estado estrangeiro ou
ao julgamento pelo STJ pela prática de crime organismo internacional e a União, o Estado,
comum ou responsabilidade ou quando o coator o Distrito Federal ou o Território). TEMA
for tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de
Estado ou Comandante da Marinha, do Exército COBRADO NO X EXAME DA OAB/FGV.
ou da Aeronáutica, ressalvada a competência da
Justiça Eleitoral;
• JULGAR EM RECURSO ESPECIAL

• Conflitos de competência entre quaisquer


tribunais, bem como entre tribunal e juízes a • As causas decididas, em única ou última
ele não vinculados e entre juízes vinculados a instância, pelos Tribunais Regionais Federais
tribunais diversos (se o conflito envolver o STJ a ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito
competência será do STF) Federal e Territórios, quando a decisão
recorrida:

• Mandado de injunção, quando a elaboração


da norma regulamentadora for atribuição de órgão, a) contrariar tratado ou lei federal, ou
entidade ou autoridade federal, da administração negar-lhes vigência;
direta ou indireta, excetuados os casos de
competência do Supremo Tribunal Federal e dos
órgãos da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da b) julgar válido ato de governo local
Justiça do Trabalho e da Justiça Federal; contestado em face de lei federal;

• Homologação de sentenças estrangeiras e a c) der a lei federal interpretação divergente


concessão de exequatur às cartas rogatórias. da que lhe haja atribuído outro tribunal.

86
PRINCIPAIS COMPETÊNCIAS DO STF

ORIGINÁRIA EM GRAU DE RECURSO


OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

Nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice- JULGAR EM RECURSO ORDINÁRIO
Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios
Ministros e o Procurador-Geral da República; O habeas corpus, o mandado de
segurança, o habeas data e o mandado
de injunção decididos em única
Nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, instância pelos Tribunais Superiores, se
os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército denegatória a decisão;
e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, da CF/88, os
membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da
União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente; O crime político;

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


JULGAR EM RECURSO
O habeas corpus, sendo paciente qualquer das pessoas referidas EXTRAORDINÁRIO
nos itens anteriores; o mandado de segurança e o habeas data
contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos as causas decididas em única ou
Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, última instância, quando a decisão recorrida:
do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal
Federal;
Contrariar dispositivo
desta Constituição;
O litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a
União, o Estado, o Distrito Federal ou o Território; Declarar a inconstitucionalidade de
tratado ou lei federal;

As causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Julgar válida lei ou ato de
Distrito Federal, ou entre uns e outros, inclusive as respectivas governo local contestado em face
entidades da administração indireta; desta Constituição.

Julgar válida lei local contestada


A extradição solicitada por Estado estrangeiro; em face de lei federal

Habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o


coator ou o paciente for autoridade ou funcionário cujos atos estejam
sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se
trate de crime sujeito à mesma jurisdição em uma única instância;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 22, de 1999)

Revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados;

Reclamação para a preservação de sua competência e garantia da


autoridade de suas decisões

Ação em que todos os membros da magistratura sejam direta ou


indiretamente interessados, e aquela em que mais da metade dos
membros do tribunal de origem estejam impedidos ou sejam direta
ou indiretamente interessados;

87
ORIGINÁRIA EM GRAU DE RECURSO

Os conflitos de competência entre o Superior Tribunal


de Justiça e quaisquer tribunais, entre Tribunais
OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

Superiores, ou entre estes e qualquer outro tribunal;

O pedido de medida cautelar das ações diretas de


inconstitucionalidade;

O mandado de injunção, quando a elaboração da


norma regulamentadora for atribuição do Presidente
da República, do Congresso Nacional, da Câmara dos
Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma
dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


União, de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio
Supremo Tribunal Federal;

As ações contra o CNJ e contra o CNMP.

Compete ao STF julgar o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a União,
o Estado, o Distrito Federal ou o Território (art. 102, I, “e”, CF). Por outro lado, se o conflito
envolver Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município, ou pessoa domiciliada ou
residente no País, o processo é de competência do juiz federal (art. 109, II, da CF/88), mas, em
caso de recurso, este será de competência do STJ (art. 105, II, “c”, CF). TEMA COBRADO
NO XX EXAME DA OAB/FGV.

• Ação movida pela Itália em face da União – Competência do STF

• Ação movida pela Itália em face do Município X – Competência do juiz federal, mas eventual
recurso vai ser julgado diretamente pelo STJ (recurso ordinário constitucional).

TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS – compostos por no mínimo 07 juízes, entre 30 e 65 anos de


idade, respeitando-se a regra do quinto constitucional. A competência dos Tribunais Regionais Federais
se encontra enumerada no art. 108, da CF/88, e dos juízes federais no art. 109, também da CF/88, que
dita que a estes compete processar e julgar as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa
pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as
de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho. Na
ausência de Justiça Federal no domicílio do Autor, a ação poderá ser processada e julgada na Justiça
Estadual, com recurso ao respectivo TRF. TEMA COBRADO NO XIII EXAME DA OAB/FGV.

O Procurador Geral da República é legitimado para intentar perante o STJ, em qualquer fase do
processo ou inquérito que implique grave violação de direitos humanos, demonstrada a inércia
das autoridades estaduais, o deslocamento de competência da Justiça Estadual para a Justiça
Federal (federalização).
88
TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO - composto por 27 Ministros entre 35 e 65 anos de
idade, observando-se o quinto constitucional, enquanto os Tribunais Regionais do Trabalho serão
constituídos por no mínimo 07 juízes, também respeitando-se a regra do quinto constitucional (01
será membro do MPT e 01 será advogado). Nas Comarcas não abrangidas pela Justiça do Trabalho,
sua jurisdição poderá ser atribuída a juízes de direito. A competência da Justiça do Trabalho se
OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

encontra prevista no art. 114, da CF.


TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL - composto por no mínimo 07 membros, sendo: 03 membros
do STF, 02 membros do STJ e 02 advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral,
indicados pelo STF e nomeados pelo Presidente da República. Os TRE’s serão formados por 02
Desembargadores do TJ, 02 Juízes de direito, um juiz do TRF e 02 advogados de notável saber
jurídico nomeados pelo Presidente da República e indicados pelo TJ.
SUPERIOR TRIBUNAL MILITAR - composto por 15 Ministros nomeados pelo Presidente da
República, sendo 03 oficiais-generais da marinha, quatro dentre oficiais-generais do exército, três
dentre oficiais-generais da aeronáutica, e cinco dentre civis maiores de 35 anos, sendo que destes

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


03 serão advogados, 01 será juiz auditor militar e 01 representante do MPM, todos com mais de 10
anos de efetivo exercício (art. 123).

11.3.4.  SÚMULA VINCULANTE

Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante
decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria
constitucional, aprovar SÚMULA que, a partir de sua publicação na imprensa oficial,
terá EFEITO VINCULANTE em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à
administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem
como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. TEMA
COBRADO NO VI EXAME DA OAB/FGV

§ 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas


determinadas, acerca das quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre
esses e a administração pública que acarrete grave insegurança jurídica e relevante
multiplicação de processos sobre questão idêntica.

§ 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a aprovação, revisão ou


cancelamento de súmula poderá ser provocada por aqueles que podem propor a ação
direta de inconstitucionalidade.

§ 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou


que indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que,
julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial
reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula,
conforme o caso.

A súmula vinculante, como o nome sugere, possui efeito vinculante, o que a torna de
observância obrigatória para os demais órgãos do Poder Judiciário, Administração Pública direita
e indireta nas três esferas, bem como para o Poder Legislativo.

No entanto, os Poderes Executivo e Legislativo não ficam vinculados quando estão exercendo
atividade legislativa de produção normativa (confecção de norma), para evitar a chamada “fossilização
da Constituição”. A título de exemplo, a edição da medida provisória se insere na função atípica
89
legislativa do Poder Executivo, motivo pelo qual, neste caso, a súmula vinculante não interfere na
atuação do Presidente da República TEMA COBRADO NOS EXAMES VIII, XI E XIX DA OAB/FGV.

O STF pode atuar de ofício (quando um próprio ministro da corte apresenta a proposta), ou por
provocação, nos termos do art. 103-A, §2º, da CF/88.
OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

Possuem legitimidade para propor a edição, revisão e cancelamento de súmula vinculante os


legitimados à propositura das ações do controle concentrado, bem como os seguintes: (1) o Defensor
Púbico Geral da União, (2) os Tribunais e (3) os Municípios – que têm legitimidade incidental (só
podem apresentar proposta se antes forem parte em processo que discuta o tema da proposta),
enquanto os demais têm legitimidade autônoma (art. 3º, VI e XI e §1º da Lei nº 11.417/06).

LEGITIMADOS PARA PROPOR A EDIÇÃO, REVISÃO CANCELAMENTO DE SÚMULA VINCULANTE


TEMA COBRADO NO XV EXAME DA OAB/FGV

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


LEGITIMADOS DO ART. 103 LEGITIMADOS ACRESCIDOS PELA
(CONTROLE CONCENTRADO) LEI Nº 11.417/06

• Presidente da República; • Defensor Público-Geral da União;

• Mesa do Senado Federal; • Tribunais Superiores, os Tribunais de Justiça


de Estados ou do Distrito Federal e Territórios,
os Tribunais Regionais Federais, os Tribunais
• Mesa da Câmara dos Deputados; Regionais do Trabalho, os Tribunais Regionais
Eleitorais e os Tribunais Militares.

• Mesa de Assembleia Legislativa ou da


Câmara Legislativa do Distrito Federal; • Município poderá propor, incidentalmente no
curso de processo em que seja parte

• Governador de Estado ou do Distrito Federal;

• Procurador-Geral da República;

• Conselho Federal da Ordem dos Advogados


do Brasil;

• Partido político com representação no


Congresso Nacional;

• Confederação sindical ou entidade de classe


de âmbito nacional.

Se houver descumprimento ou desrespeito, ou mesmo aplicação indevida da súmula vinculante, é cabível


reclamação constitucional ao STF, para cassar a decisão reclamada ou anular o ato administrativo. Contra
ato ou omissão da administração pública, a admissibilidade da reclamação está sujeita à comprovação prévia
de esgotamento das vias administrativas TEMA COBRADO NO XXV EXAME DA OAB/FGV.

90
12

12.  CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE


OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

12.1.  CONSIDERAÇÕES GERAIS

As normas do ordenamento jurídico formam uma estrutura escalonada, devendo a norma de


hierarquia inferior guardar relação de compatibilidade com a norma de hierarquia superior. A
verificação da compatibilidade entre a lei e a Constituição Federal é denominada de controle de
constitucionalidade TEMA COBRADO NO XVIII EXAME DA OAB/FGV.

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


TIPOS DE INCONSTITUCIONALIDADE:

INCONSTITUCIONALIDADE INCONSTITUCIONALIDADE
POR AÇÃO POR OMISSÃO

Decorre de um comportamento estatal positivo, Decorre da omissão legislativa diante de uma


em que um ato normativo é editado em afronta ao norma constitucional de eficácia limitada, que
texto constitucional. depende de regulamentação posterior para
produzir todos os seus efeitos. Enquanto a
regulamentação não vem, há dois instrumentos
jurídicos tendentes a combater a omissão: a) Ação
Direita de Inconstitucionalidade por Omissão e b)
Mandado de Injunção.

ESPÉCIES DE INCONSTITUCIONALIDADE POR AÇÃO DO PODER PÚBLICO

INCONSTITUCIONALIDADE INCONSTITUCIONALIDADE
FORMAL MATERIAL

Ocorre quando há desrespeito à regra de repartição de Ocorre quando a lei viola conteúdo da
competência legislativa ou à regra de procedimento de Constituição Federal.
elaboração da espécie legislativa.

MOMENTO DO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

PREVENTIVO REPRESSIVO

É aquele que alcança projetos de lei ou propostas Ocorre depois que a norma passou pelo processo
de Emenda à Constituição, isto é, ocorre no curso legislativo. É o controle difuso ou concentrado.
do processo legislativo. O controle preventivo é feito
preferencialmente por órgãos políticos (veto político
e atuação das Comissões de Constituição, Justiça e
Cidadania), em homenagem à separação dos poderes.

91
Existe uma situação excepcional em que o controle será preventivo e jurídico. Ocorre quando
o parlamentar, na defesa de seu direito líquido e certo ao devido processo legislativo (que
nada mais é do que o direito de só participar de um processo legislativo hígido, que respeite
estritamente as regras procedimentais postas na Constituição – art. 47; 59 a 69), impetra
OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

mandado de segurança no órgão judiciário competente.

12.2.  FORMAS DE CONTROLE

12.2.1.  CONSIDERAÇÕES GERAIS

Existem basicamente dois sistemas de controle de constitucionalidade: a) controle concentrado,


também denominado de abstrato, reservado ou de via de ação e b) controle difuso, também

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


chamado de concreto, aberto ou de via de exceção.

No controle difuso, a análise da constitucionalidade do ato normativo pode ser feita por qualquer
juiz como pressuposto para a análise de um caso concreto, ou seja, a inconstitucionalidade da
norma é elemento básico para que o juiz possa decidir a questão objeto da lide.

Já no controle concentrado, objetiva-se a análise de inconstitucionalidade em abstrato


de determinada norma diretamente pelo Supremo Tribunal Federal, ou seja, a questão da
inconstitucionalidade é o objeto principal do processo e terá efeito vinculante em relação aos
demais órgãos.

CONTROLE DIFUSO CONTROLE CONCENTRADO

JULGAMENTO Julgamento pode ser feito por Reservado ao STF (tutela da Constituição
qualquer juiz Federal), ou aos Tribunais de Justiça Estaduais
(tutela das constituições estaduais).

CONTROLE Feito de forma concreta, O controle é realizado abstratamente


uma vez que a questão da diretamente pelo STF (ou pelos tribunais de
constitucionalidade deve ser justiça, no caso de análise de compatibilidade
analisada como pressuposto para da norma com a constituição estadual) e o
o julgamento do objeto principal do julgamento terá efeito vinculante. A questão
processo. A inconstitucionalidade, da inconstitucionalidade, portanto, é o objeto
portanto, é declarada de forma principal do processo.
incidental.

PROCESSO Processo é subjetivo, ou Processo é objetivo, ou seja, não existe


seja, existe uma lide (autor e uma lide propriamente dita, uma vez que
réu) e a inconstitucionalidade é a ação objetiva assegurar a supremacia da
analisada incidentalmente. ordem constitucional.

EFEITOS Efeito ex tunc e inter partes. O efeito da decisão atinge todas as


pessoas, ou seja, é erga omnes. Além disso,
a decisão terá feitos ex tunc.

92
12.2.2.  CONTROLE DIFUSO

O controle difuso pode ser provocado por qualquer ação judicial individual ou coletiva que
tenha por finalidade solucionar conflitos de interesses, sendo a questão da inconstitucionalidade
OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

tratada na causa de pedir.

A inconstitucionalidade, portanto, não é o objetivo da ação, mas a sua análise é essencial para
a solução da lide. Esta forma de provocação do controle difuso é chamada via de exceção ou defesa.

O efeito da decisão judicial no controle difuso é inter partes, ou seja, a norma declarada
incidentalmente inconstitucional terá seus efeitos apenas no caso concreto. Na decisão judicial,
portanto, a questão da inconstitucionalidade não aparece no dispositivo e sim na fundamentação

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


No caso da ação civil pública, cuja legislação prevê que a decisão terá efeito erga omnes, o
Supremo Tribunal Federal entendeu que a questão da inconstitucionalidade poderá constar
apenas na causa de pedir, nunca no pedido, sob pena de ocorrer usurpação da competência do
Supremo Tribunal Federal.

Os tribunais também exercem o controle difuso, proferindo declarações incidentais de


inconstitucionalidade para os casos concretos. Entretanto, no controle difuso, os tribunais deverão
observar o disposto no art. 97 da CF/88, que consagra a cláusula da reserva de plenário, segundo
o qual os tribunais somente poderão declarar a inconstitucionalidade de leis e atos normativos
pelo voto da maioria absoluta de seus membros (do pleno) ou pelo órgão especial3. Órgão
especial é aquele instituído nos tribunais com mais de 25 julgadores para o exercício das funções
administrativa e jurisdicionais que seriam do pleno.

Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do
respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei
ou ato normativo do Poder Público.

A cláusula da reserva de plenário decorre da necessidade de garantir estabilidade à ordem jurídica,


a fim de que fique patente a posição do Tribunal sobre a questão. Caso a competência para analisar a
inconstitucionalidade seja dos órgãos fracionários dos Tribunais (turmas, câmaras, etc.) e se entender
pela inconstitucionalidade, deverá o órgão fracionário remeter o processo ao Pleno, o que se denomina
cisão funcional de competência. TEMA COBRADO NOS EXAMES II, IX E XVII DA OAB/FGV.

Assim, de acordo com a Súmula Vinculante n° 10, o órgão fracionário deve respeitar a reserva de
plenário se pretender, no caso concreto afastar a incidência de uma lei, no todo ou em parte, ainda que
não mencione expressamente a inconstitucionalidade TEMA COBRADO NO XXI EXAME DA OAB/FGV.

Súmula Vinculante 10: Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a
decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público, afasta sua incidência,
no todo ou em parte.

3 Órgão especial é aquele instituído nos tribunais com mais de 25 julgadores para o exercício das
funções administrativa e jurisdicionais que seriam do pleno.
93
O Supremo Tribunal Federal também exerce o controle difuso ao julgar casos concretos,
podendo, após declarar incidentalmente a inconstitucionalidade, comunicar sua decisão ao Senado,
a quem cabe editar resolução nos termos do art. 52, X, da CF, suspendendo a execução da norma
declarada inconstitucional TEMA COBRADO NO II EXAME DA OAB/FGV.
OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

12.2.3.  CONTROLE CONCENTRADO

As ações que provocam o controle abstrato formam um processo objetivo, ou seja, um processo
onde não se discute casos concretos, interesses das partes. Promove apenas uma discussão
abstrata da inconstitucionalidade ou da constitucionalidade da norma.

12.2.3.1.  AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE (ADI)

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


Na ação direta de inconstitucionalidade há o controle abstrato da norma diretamente no
Supremo Tribunal Federal, conforme previsto no art. 102 da CF, com o objetivo de assegurar a
supremacia da Constituição Federal.

EFEITOS: os efeitos são erga omnes, ex tunc (retroage) e vinculante em relação aos órgãos
do Poder Judiciário e da Administração Pública federal, estadual, municipal e distrital, mas não
vincula o Poder Legislativo sob pena de “fossilização” da Constituição TEMA COBRADO NOS
EXAMES XXIII, XXVII E XXX DA OAB/FGV.
PARAMETRICIDADE: representa os atos normativos que podem ser objeto de controle de
constitucionalidade. Como regra geral, podem ser objeto de ADI as leis ou atos normativos federais
ou estaduais (lei ou ato normativo municipal não pode ser objeto de ADI). O Supremo Tribunal
Federal firmou entendimento no sentido de que apenas os atos autônomos (primários) são objeto
de ação direta, motivo pelo qual atos regulamentares (regulamentos em geral) não podem ter sua
constitucionalidade questionada por ADI, salvo no caso do decreto autônomo, já que se trata de ato
que inova o ordenamento jurídico .

Decreto autônomo (inova o ordenamento jurídico), medida provisória (ato normativo federal) e
emenda constitucional podem ser objeto de Ação Direta de Inconstitucionalidade.

LEGITIMIDADE: a Constituição Federal prevê a existência de 9 (nove) legitimados para a


propositura de ADI:

Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de


constitucionalidade: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

I - o Presidente da República;

II - a Mesa do Senado Federal;

III - a Mesa da Câmara dos Deputados;

IV - a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal;


(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

94
V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)

VI - o Procurador-Geral da República;
OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;

VIII - partido político com representação no Congresso Nacional;

IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.

Segundo a jurisprudência do STF, a legitimidade pode ser classificada em: a) legitimados


universais e b) legitimados especiais.

Os legitimados universais são aqueles que podem ajuizar a ação sem necessidade de demonstrar

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


pertinência temática, ou seja, podem impugnar qualquer ato normativo TEMA COBRADO NO VII
EXAME DA OAB/FGV.

Já os legitimados especiais são aqueles que devem demonstrar pertinência temática, ou seja,
a existência de vínculo entre a norma questionada e o objetivo institucional do legitimado TEMA
COBRADO NO XXIX EXAME DA OAB/FGV. .

LEGITIMADOS UNIVERSAIS LEGITIMADOS ESPECIAIS

• Presidente da República (inciso I); • Governador estadual e do Distrito


Federal (inciso V);

• Mesas do Senado e da Câmara (incisos II e III);


• Mesa da Assembleia Legislativa e da
Câmara Legislativa (inciso IV);
• Procurador Geral da República (inciso VI);

• Confederação sindical (inciso IX);


• Conselho Federal da OAB (inciso VII);

• Partido político com representação no Congresso


Nacional (inciso VIII).

Em que pese o Conselho Nacional da OAB seja representante de classe em âmbito nacional, ele
é legitimado universal, ou seja, não precisa demonstrar pertinência temática.

Como regra geral, as decisões em controle de constitucionalidade possuem efeito retroativo


(“ex tunc”). No entanto, o Supremo Tribunal Federal pode, em sede de ADI, modular os efeitos
temporais da decisão, conforme art. 27 da Lei nº 9.868/99:

“Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista razões


de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal
Federal, por maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela
declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou
95
de outro momento que venha a ser fixado” (TEMA COBRADO NO VIII EXAME DA OAB)

PODEM SER OBJETO DE ADI NÃO PODEM SER OBJETO DE ADI


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• Emendas constitucionais; • Normas anteriores à Constituição Federal:


Essas normas são “revogadas” ou “não
recepcionadas” pela Constituição, ou seja,
• Leis complementares; não são consideradas “inconstitucionais”.
No entanto, podem ser objeto de ADPF ou de
controle difuso.
• Leis ordinárias;
• Atos normativos secundários, uma vez que
retiram seu fundamento imediato da lei e,
• Leis delegadas;
portanto, não podem inovar na ordem jurídica;

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


• Medidas provisórias;
• Leis Municipais e Distritais de natureza
Municipal: o STF entende ainda que não pode
a Constituição Estadual atribuir ao Tribunal de
• Decretos legislativos; Justiça competência para processar e julgar
representação de inconstitucionalidade de
lei ou ato normativo MUNICIPAL em face da
• Resoluções; Constituição FEDERAL (seria usurpação de
competência do STF);

• Regulamentos autônomos;
• Propostas de demanda constitucional/
projetos de lei;
• Legislação estadual (Constituição estadual,
legislação ordinária e regulamentos autônomos);
• Súmulas, o que inclui as Súmulas Vinculantes.
TEMA COBRADO NO VI EXAME DA
• Legislação distrital (da competência OAB/FGV.
legislativa estadual);

• Lei revogada ou qualquer norma que tenha


• Tratados internacionais incorporados. exaurido seus efeitos.

Para o STF, se houver a revogação do texto normativo objeto do controle abstrato de


constitucionalidade, mesmo que haja efeitos residuais concretos , a ADI deverá ser extinta em
razão da perda do objeto TEMA COBRADO NO XIV EXAME DA OAB/FGV.

12.2.3.2.  AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE

A Ação Declaratória de Constitucionalidade foi criada pela EC n. 03/93 e tem como objetivo a
declaração da constitucionalidade de determinada lei ou ato normativo.

Os legitimados para a ADC são os mesmos da ADI. Além disso, as Ações Declaratória de
Constitucionalidade e de Inconstitucionalidade (ADI e ADC) possuem caráter dúplice ou ambivalente,
conforme previsto no art. 24 da Lei n. 9.868/99.

Art. 24. Proclamada a constitucionalidade, julgar-se-á improcedente a ação direta ou


96
procedente eventual ação declaratória; e, proclamada a inconstitucionalidade, julgar-
se-á procedente a ação direta ou improcedente eventual ação declaratória.

Desse modo, se uma lei é questionada ao mesmo tempo por uma ADI e por uma ADC, as duas
ações devem ser reunidas e julgadas conjuntamente e, se uma ação for julgada procedente, a outra
OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

ação vai ser julgada necessariamente improcedente, já que a mesma lei não pode ser, ao mesmo
tempo, constitucional e inconstitucional.

O pressuposto de ajuizamento da ADC é a existência de uma controvérsia judicial relevante


sobre a aplicação do dispositivo objeto da ação, devendo a petição inicial indicar, conforme art.
14, III da Lei n. 9.868/99, o dispositivo da lei ou do ato normativo questionado e os fundamentos
jurídicos do pedido, com suas especificações.

12.2.3.3.  ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


Art. 102 da CF/88 - Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da
Constituição, cabendo-lhe:

§ 1.º A arguição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta


Constituição, será apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei.
(Transformado em § 1º pela Emenda Constitucional nº 3, de 17/03/93)

O objeto da Ação de Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) pode ser o


mesmo de uma ADI, incluindo ainda: a) lei ou ato normativo municipal TEMA COBRADO NO XVIII
EXAME DA OAB/FGV, b) atos anteriores à Constituição e c) todo e qualquer ato do Poder Público.

Entretanto, não é qualquer norma que ofende a Constituição que pode ser objeto de ADPF,
mas apenas aquelas que descumprem preceito fundamental, o que, segundo a doutrina, inclui os
direitos e garantias fundamentais, as cláusulas pétreas, os princípios fundamentais e os princípios
constitucionais sensíveis (art. 34, VII, da CF/88).

De acordo com o art. 4º, § 1º, da Lei n. 9.882/99, a ADPF possui caráter de subsidiariedade ou residual, ou
seja, caberá apenas se não for hipótese de ADI TEMA COBRADO NOS EXAMES XIII E XXVIII DA OAB/FGV.

12.2.3.4.  ADI POR OMISSÃO (ADO)

Art. 103 da CF/88 - Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória
de constitucionalidade: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

§ 2º - Declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva norma


constitucional, será dada ciência ao Poder competente para a adoção das providências
necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias.

A Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão é o meio processual utilizado no controle de


constitucionalidade concentrado nas hipóteses de omissão legiferante dos poderes constituídos,
o que a doutrina denominada de “síndrome da inefetividade das normas constitucionais”. Recebida
a inicial, o relator solicita informações ao Poder ou órgão omisso. Não há participação do AGU
apresentando defesa (o AGU só participa de ADINs que questionam normas, e não falta de normas).
O Supremo admite a participação do amicus curiae e cabe ao PGR emitir parecer.
97
A decisão do Supremo tem os seguintes efeitos: a) efeito declaratório: o Supremo declara a
inconstitucionalidade da omissão e b) efeito mandamental: o Supremo dá ciência de sua decisão
ao Poder ou órgão competente para sanar a omissão.

Se o omisso for órgão administrativo, a própria constituição prevê que o Supremo fixará o
OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

prazo de 30 dias para que a omissão seja resolvida.

Não confundir ADO com o mandado de injunção.

ADI POR OMISSÃO MANDADO DE INJUNÇÃ0

Controle Abstrato Controle Concreto

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


Legitimidade ativa prevista no art. 103 CF/88 • Legitimidade ativa individual
(mesma da ADI)

• Legitimidade ativa Coletiva

Ciência – órgão administrativo - 30 dias A Lei n. 13.300/2016 estabelece duas etapas,


em relação à decisão: I - determinar prazo razoável
para que o impetrado promova a edição da norma
regulamentadora; II - caso não seja suprida a mora
legislativa no prazo determinado, estabelecer as
condições em que se dará o exercício dos direitos,
das liberdades ou das prerrogativas reclamados
ou, se for o caso, as condições em que poderá o
interessado promover ação própria visando a
exercê-los.

Cabe liminar Não cabe liminar

12.3.  AMICUS CURIAE

Trata-se de um auxiliar do juízo, que trará informações relevantes que ajudarão o Supremo
Tribunal Federal a julgar o caso. O ingresso do amicus curiae é definido pelo Relator do
processo, que levará em consideração 3 (três) requisitos (os dois primeiros são legais, o terceiro,
jurisprudencial): 1) relevância da matéria; 2) representatividade do postulante e 3) pertinência
temática (demonstração de que a entidade/órgão tem relação com o tema).

Na Ação Declaratória de Inconstitucionalidade, a participação do amicus curiae está


expressamente prevista art. 7º, §2º Lei n. 9.868/99, mas a sua presença é admitida nas demais
ações (ADC, ADO e ADPF) por analogia.

12.4.  MEDIDA CAUTELAR

Lei n. 9.868/99

98
Art. 10. Salvo no período de recesso, a MEDIDA CAUTELAR na ação direta será concedida
por decisão da MAIORIA ABSOLUTA dos membros do Tribunal, observado o disposto no
art. 22, após a audiência dos órgãos ou autoridades dos quais EMANOU a lei ou ato
normativo impugnado, que deverão pronunciar-se no prazo de cinco dias.
OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 1º O relator, julgando indispensável, ouvirá o Advogado-Geral da União e o Procurador-


Geral da República, no prazo de três dias.

§ 2º No julgamento do pedido de medida cautelar, será facultada sustentação oral


aos representantes judiciais do REQUERENTE e das AUTORIDADES ou ÓRGÃOS
responsáveis pela expedição do ato, na forma estabelecida no Regimento do Tribunal.

§ 3º Em caso de EXCEPCIONAL URGÊNCIA, o Tribunal poderá deferir a medida cautelar


SEM A AUDIÊNCIA dos órgãos ou das autoridades das quais emanou a lei ou o ato
normativo impugnado.

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


Art. 11. CONCEDIDA a medida cautelar, o Supremo Tribunal Federal fará PUBLICAR
em seção especial do Diário Oficial da União e do Diário da Justiça da União a parte
dispositiva da decisão, no prazo de dez dias, devendo solicitar as informações à
autoridade da qual tiver emanado o ato, observando-se, no que couber, o procedimento
estabelecido na Seção I deste Capítulo.

§ 1º A medida cautelar, dotada de EFICÁCIA CONTRA TODOS, será concedida com efeito
EX NUNC, salvo se o Tribunal entender que deva conceder-lhe EFICÁCIA RETROATIVA.

§ 2º A CONCESSÃO da medida cautelar TORNA APLICÁVEL A LEGISLAÇÃO ANTERIOR


acaso existente, salvo expressa manifestação em sentido contrário.

A cautelar é cabível em todas as ações do controle concentrado (ADI, ADC, ADO e ADPF), desde
que presentes os pressupostos do fumus boni iuris e do periculum in mora. A decisão cautelar
possui efeitos erga omnes, vinculante e ex nunc.

Além disso, provocará a suspensão dos processos que tramitam no controle difuso com o
mesmo objeto da ação principal, bem como a suspensão da vigência da norma atacada, com
efeito represtinatório, ou seja, a concessão da cautelar torna aplicável a legislação anterior, acaso
existente, salvo expressa manifestação do STF em sentido contrário.

99
13

13.  FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA


OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

13.1.  MINISTÉRIO PÚBLICO

São princípios institucionais do Ministério Público: unidade (os ramos do Ministério Público
e seus membros integram um só órgão, sob única direção do Procurador Geral), indivisibilidade
(os membros do MP não se vinculam aos processos em que atuam, podendo ser substituídos uns
pelos outros) e independência funcional (abrange a independência financeira e administrativa).

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


São garantias dos membros do Ministério Público: vitaliciedade, inamovibilidade, salvo no
caso de interesse público após decisão por voto da maioria absoluta do Conselho Superior do MP
e irredutibilidade de subsídio.

O Conselho Nacional do Ministério Público, criado pela EC 45/2004, será composto por 14
membros (PGR; 04 membros do MPU; 03 do MPE; 02 juízes indicados, 01 pelo STF e outro pelo ST;
02 advogados indicados pela OAB; 02 cidadãos indicados, 01 pela Câmara e outro pelo Senado)
nomeados pelo Presidente da República após aprovação pela maioria absoluta do Senado, para
exercício da função por 02 anos, admitida 01 (uma) recondução. O CNMP tem como função o
controle da atuação administrativa e financeira do MP e o cumprimento dos deveres funcionais de
seus membros.

13.2.  ADVOCACIA PÚBLICA

Cabe à Advocacia Pública representar judicial e extrajudicialmente a União, bem como prestar
as atividades de consultoria e assessoramento jurídico do poder Executivo.

É chefiada pelo Advogado Geral da União, cargo de livre nomeação e exoneração do Presidente
da República, entre cidadãos maiores de 35 anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada. A
execução da dívida ativa de natureza tributária cabe à Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, em
relação à União, e às Procuradorias dos Estados, em relação a estes.

13.3.  DEFENSORIA PÚBLICA

A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado,


incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do regime democrático, fundamentalmente, a
orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e
extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados,
na forma do inciso LXXIV do art. 5º da Constituição Federal.

Cabe ressaltar que EC n. 80/2014 estendeu à Defensoria os princípios institucionais da unidade,


indivisibilidade e da independência funcional.

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14

14.  DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS


OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

14.1.  ESTADO DE DEFESA

Art. 136. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho


de Defesa Nacional, decretar estado de defesa para preservar ou prontamente
restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social
ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades
de grandes proporções na natureza.

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


§ 1º O decreto que instituir o estado de defesa determinará o tempo de sua duração,
especificará as áreas a serem abrangidas e indicará, nos termos e limites da lei, as
medidas coercitivas a vigorarem, dentre as seguintes:
I - restrições aos direitos de:
a) reunião, ainda que exercida no seio das associações;
b) sigilo de correspondência;
c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica;
II - ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, na hipótese de calamidade
pública, respondendo a União pelos danos e custos decorrentes.
§ 2º O tempo de duração do estado de defesa não será superior a trinta dias, podendo
ser prorrogado uma vez, por igual período, se persistirem as razões que justificaram a
sua decretação.
§ 3º Na vigência do estado de defesa:
I - a prisão por crime contra o Estado, determinada pelo executor da medida, será por
este comunicada imediatamente ao juiz competente, que a relaxará, se não for legal,
facultado ao preso requerer exame de corpo de delito à autoridade policial;
II - a comunicação será acompanhada de declaração, pela autoridade, do estado físico e
mental do detido no momento de sua autuação;
III - a prisão ou detenção de qualquer pessoa não poderá ser superior a dez dias, salvo
quando autorizada pelo Poder Judiciário;
IV - é vedada a incomunicabilidade do preso.
§ 4º Decretado o estado de defesa ou sua prorrogação, o Presidente da República, dentro
de vinte e quatro horas, submeterá o ato com a respectiva justificação ao Congresso
Nacional, que decidirá por maioria absoluta.
§ 5º Se o Congresso Nacional estiver em recesso, será convocado, extraordinariamente,
no prazo de cinco dias.
§ 6º O Congresso Nacional apreciará o decreto dentro de dez dias contados de seu
recebimento, devendo continuar funcionando enquanto vigorar o estado de defesa.
§ 7º Rejeitado o decreto, cessa imediatamente o estado de defesa.

101
A decretação do Estado de Defesa é incumbência do Presidente da República, após oitiva do
Conselho da República e do Conselho de Defesa Nacional, com o objetivo de preservar ou restabelecer a
ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave ou iminente instabilidade institucional ou atingidas
por calamidade de grandes proporções na natureza (art. 136, caput, da CF/88).
OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

O decreto do Presidente da República determinará as áreas atingidas, bem como o tempo


de duração e as medidas coercitivas a serem adotadas e será submetido dentro de 24 horas ao
Congresso Nacional, que rejeitará ou aprovará a decretação do estado de defesa por votação da
maioria absoluta de seus membros, no prazo de dez dias, devendo continuar funcionando enquanto
vigorar o estado de defesa.

Durante o estado de defesa, que não poderá ser superior a 30 dias, podendo ser prorrogado
1 (uma) vez por igual período, permite-se restrições aos direitos de reunião, ainda que exercida
no seio das associações; de sigilo de correspondência e de sigilo de comunicação telegráfica e

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


telefônica TEMA COBRADO NO XXVI EXAME DA OAB/FGV.

Além disso, permite-se a ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, na hipótese
de calamidade pública, respondendo a União pelos danos e custos decorrentes. TEMA COBRADO
NO XXX EXAME DA OAB/FGV.

Se o prazo de decretação do estado de defesa, mesmo com a prorrogação de 30 dias, não for
suficiente para por termo à situação que o ensejou, poderá ser decretado o estado de sítio, respeitadas
as formalidades do art. 137 da CF/88 TEMA COBRADO NO XX EXAME DA OAB/FGV.

Em caso de prisão durante o estado de defesa, é vedada a incomunicabilidade do preso.

14.2.  ESTADO DE SÍTIO

Art. 137. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho


de Defesa Nacional, solicitar ao Congresso Nacional autorização para decretar o estado
de sítio nos casos de:
I - comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a
ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa;
II - declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira.
Parágrafo único. O Presidente da República, ao solicitar autorização para decretar
o estado de sítio ou sua prorrogação, relatará os motivos determinantes do pedido,
devendo o Congresso Nacional decidir por maioria absoluta.
Art. 138. O decreto do estado de sítio indicará sua duração, as normas necessárias a sua
execução e as garantias constitucionais que ficarão suspensas, e, depois de publicado, o
Presidente da República designará o executor das medidas específicas e as áreas abrangidas.
§ 1º - O estado de sítio, no caso do art. 137, I, não poderá ser decretado por mais de
trinta dias, nem prorrogado, de cada vez, por prazo superior; no do inciso II, poderá ser
decretado por todo o tempo que perdurar a guerra ou a agressão armada estrangeira.
§ 2º - Solicitada autorização para decretar o estado de sítio durante o recesso parlamentar,
o Presidente do Senado Federal, de imediato, convocará extraordinariamente o
102
Congresso Nacional para se reunir dentro de cinco dias, a fim de apreciar o ato.
§ 3º - O Congresso Nacional permanecerá em funcionamento até o término das
medidas coercitivas.
Art. 139. Na vigência do estado de sítio decretado com fundamento no art. 137, I, só
OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

poderão ser tomadas contra as pessoas as seguintes medidas:


I - obrigação de permanência em localidade determinada;
II - detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por crimes comuns;
III - restrições relativas à inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das comunicações,
à prestação de informações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão, na
forma da lei;
IV - suspensão da liberdade de reunião;
V - busca e apreensão em domicílio;

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


VI - intervenção nas empresas de serviços públicos;
VII - requisição de bens.
Parágrafo único. Não se inclui nas restrições do inciso III a difusão de pronunciamentos
de parlamentares efetuados em suas Casas Legislativas, desde que liberada pela
respectiva Mesa.

A decretação do estado de sítio, portanto, além da oitiva do Conselho da República e do Conselho


de Defesa Nacional, depende de autorização prévia do Congresso Nacional e se justifica nas hipóteses
de: I) comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia
de medida tomada durante o estado de defesa, devendo durar no prazo máximo de 30 dias e II) nos
casos de declaração de estado de guerra ou de resposta a agressão armada estrangeira, hipóteses
em que o estado de sítio pode dura por todo o tempo que perdurar a guerra ou a agressão armada
estrangeira.

Durante a decretação do estado de sítio, permite-se a restrição de uma gama maior de direitos
em comparação ao estado de defesa, conforme art. 139 da CF/88, acima transcrito.

• Estado de defesa e de sítio são limites circunstanciais ao poder constituinte derivado.

• No estado de defesa, o Presidente primeiro o decreta e depois encaminha ao Congresso


Nacional para aprovação (art. 136, §4º, da CF/88), ao passo que no estado de sítio a
autorização do Congresso Nacional é a anterior a sua decretação TEMA COBRADO NO
XIV EXAME DA OAB/FGV.

• A Mesa do Congresso Nacional, ouvidos os líderes partidários, designará Comissão


composta de cinco de seus membros para acompanhar e fiscalizar a execução das medidas
referentes ao estado de defesa e ao estado de sítio.

103
15

15.  ORDEM ECONÔMICA E FINANCEIRA


OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

15.1.  PRINCÍPIOS GERAIS

De acordo com o art. 170 da CF/88, a ordem econômica, fundada na valorização do trabalho
humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames
da justiça social, observados os seguintes princípios:

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


a) soberania nacional;

b) propriedade privada;

c) função social da propriedade;

d) livre concorrência;

e) defesa do consumidor;

f) defesa do meio ambiente;

g) redução das desigualdades regionais e sociais;

h) busca do pleno emprego;

i) tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis


brasileiras e que tenham sua sede e administração no país.

É ainda assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente


de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei (art. 173, parágrafo único, da CF/88).

Ressalvados os casos previstos na Constituição Federal, a exploração direta de atividade


econômica pelo Estado somente será permitida quando necessária aos imperativos da segurança
nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei (art. 173 da CF/88). TEMA
COBRADO NO XXIX EXAME DA OAB/FGV.

As empresas públicas e as sociedades de economia mista e suas subsidiárias que explorem


atividade econômica estão sujeitas: ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive
quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários; à licitação e contratação
de obras, serviços, compras e alienações, observados os princípios da Administração Pública.

As Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista exploradoras de atividade econômica


não poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos às do setor privado. Por outro lado, não
104
se sujeitam à responsabilidade civil objetiva.

15.2.  POLÍTICA URBANA


OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais
de ordenação da cidade expressas no plano diretor, obrigatório para os Municípios com mais de
20.000 habitantes (art. 182, §2°, da CF).

Importante salientar ainda que, de acordo com o § 4º do art. 182 da CF/88, é facultado ao Poder
Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da
lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova
seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:

I - parcelamento ou edificação compulsórios;

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;

III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão


previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em
parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros
legais TEMA COBRADO NO XI EXAME DA OAB/FGV.

Em caso de desapropriação pelo não cumprimento do plano diretor, a indenização será paga
em títulos da dívida pública (art. 182, §4º, II, da CF/88) e não em dinheiro.

15.3.  DA POLÍTICA AGRÍCOLA E FUNDIÁRIA E DA REFORMA AGRÁRIA

A propriedade rural cumpre sua função social, segundo o disposto no art. 186, da CF, quando,
simultaneamente, preenche os seguintes requisitos:

a) aproveitamento racional e adequado;

b) utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação ambiental;

c) observância das disposições que regulam as relações de trabalho;

d) exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.

Caso a propriedade não cumpra sua função social, compete à União desapropriar por
interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural mediante prévia e justa indenização
em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo
de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei,

105
devendo as benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro (art. 184, caput e §1º,
da CF/88) TEMA COBRADO NO XI EXAME DA OAB/FGV.

São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária: I - a pequena e média propriedade
OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

rural, assim definida em lei, desde que seu proprietário não possua outra e II - a propriedade produtiva.

15.4.  SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

Para a prova da OAB, a informação mais importante que o aluno deve memorizar é que o
sistema financeiro nacional será regulado por leis complementares que disporão, inclusive, sobre
a participação do capital estrangeiro nas instituições que o integram.

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]

106
16

16.  ORDEM SOCIAL


OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

Abaixo destacamos, de forma resumida, os pontos mais importantes sobre o tema.

SEGURIDADE SOCIAL (art. 194 da CF/88) - A seguridade social compreende um conjunto


integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os
direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. Desse modo, a seguridade social
abrange saúde, previdência e assistência social TEMA COBRADO NO XXI EXAME DA OAB/FGV.

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


SAÚDE - A saúde é direito de todos e dever do Estado, representando um direito social e, segundo
o art. 199 da CF/88, livre à assistência privada. As instituições privadas podem participar de forma
complementar ao sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito
público ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos TEMA
COBRADO NOS EXAMES XXIII E XXX EXAME DA OAB/FGV. Entretanto, a Constituição Federal veda
a destinação de recursos públicos para auxílios ou subvenções às instituições privadas com fins
lucrativos, bem como a participação direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros na
assistência à saúde no País, salvo nos casos previstos em lei. O Sistema Único de Saúde (SUS)
tem suas atribuições enumeradas no art. 200 da CF/88, onde se destaca inclusive a colaboração na
proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho TEMA COBRADO NO IX EXAME DA
OAB/FGV.

Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei:

I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a


saúde e participar da produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos,
hemoderivados e outros insumos;

II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde


do trabalhador;

III - ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde;

IV - participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico;

V - incrementar, em sua área de atuação, o desenvolvimento científico e tecnológico e a


inovação; Redação dada pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015)

VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional,


bem como bebidas e águas para consumo humano;

VII - participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de


substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos;

VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho.

A Lei n. 13.714/2018 acrescentou o parágrafo único ao art. 19 da Lei n. 8.742/93 (LOAS),


estabelecendo que as pessoas em situação de vulnerabilidade ou risco social deverão ter
acesso integral à saúde pública mesmo que não apresentem documento de inscrição no SUS. 107
PREVIDÊNCIA SOCIAL - A previdência social será organizada sob a forma de regime geral,
de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio
financeiro e atuarial. Trata-se, portanto, de uma espécie de seguro público de filiação obrigatória
que se destinará a proteger o segurado de diversos riscos sócias e econômicos (doença, invalidez,
morte, idade avançada, desemprego involuntário, etc.).
OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

ASSISTÊNCIA SOCIAL – A assistência social integra a seguridade social e se destinada a


atender, independentemente de contribuição, as necessidades básicas dos indivíduos que não
podem prover o próprio sustento. De acordo com o art. 203 da CF/88, a assistência social será
prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem
por objetivos: I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; II -
o amparo às crianças e adolescentes carentes; III - a promoção da integração ao mercado de
trabalho; IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção
de sua integração à vida comunitária; V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à
pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei TEMA COBRADO NO
XXV EXAME DA OAB/FGV. A assistência social possui regulamentação na Lei nº 8.742/93 (Lei
Orgânica da Assistência Social – LOAS).
EDUCAÇÃO – A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida
e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa,
seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. O acesso ao
ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo e o seu não oferecimento, ou sua
oferta irregular, importa responsabilidade da autoridade competente. Entre os princípios da
Educação enumerados no art. 206 da CF/88 destaca-se a sua gratuidade nos estabelecimentos
oficiais. Desse modo, não poderá ser feita qualquer cobrança, inclusive de matrícula, nos
estabelecimentos oficias de ensino público, conforme inclusive sedimentado na Súmula
Vinculante nº 12 do STF: “A cobrança de taxa de matrícula nas universidades públicas viola o
disposto no art. 206, IV, da Constituição Federal”. TEMA COBRADO NO XII EXAME DA OAB/FGV.
O art. 208 da CF/88 estabelece que o dever do Estado com a educação será efetivado mediante a
garantia de: I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de
idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade
própria TEMA COBRADO NO XXIV EXAME DA OAB/FGV; II - progressiva universalização do
ensino médio gratuito; III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,
preferencialmente na rede regular de ensino; IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às
crianças até 5 (cinco) anos de idade; V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa
e da criação artística, segundo a capacidade de cada um; VI - oferta de ensino noturno regular,
adequado às condições do educando; VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da
educação básica, por meio de programas suplementares de material didático escolar, transporte,
alimentação e assistência à saúde. Ressalta-se ainda que o acesso ao ensino obrigatório e gratuito
é direito público subjetivo (§ 1º do art. 208), sendo que o seu não-oferecimento Poder Público,
ou sua oferta irregular, importa responsabilidade da autoridade competente (§ 2º do art. 208).
O § 1º do art. 210 da CF/88, por sua vez, estabelece que o ensino religioso, de
matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das escolas
públicas de ensino fundamental TEMA COBRADO NO XXIII EXAME DA OAB/FGV.
Além disso, os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil
(art. 211, §2º, da CF/88) e os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente no ensino
fundamental e médio (art. 211, §3º, da CF/88). Na prestação do ensino fundamental, além da
utilização obrigatória da língua portuguesa, é assegurada às comunidades indígenas a utilização
de suas línguas maternas.
DESPORTO - O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições
desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei. Trata-se de
108
um limite ao princípio do inafastabilidade ou indeclinabilidade jurisdicional. O inciso II do art. 217
da CF/88, por sua vez, estabelece que é dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e
não-formais, observada a destinação de recursos públicos para a promoção prioritária do desporto
educacional e, em casos específicos, para a do desporto de alto rendimento; TEMA COBRADO NO
XXX EXAME DA OAB/FGV
OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

FAMÍLIA, CRIANÇA, ADOLESCENTE, JOVEM e IDOSO: É dever da família, da sociedade e do


Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à
saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito,
à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. Os pais têm o dever de
assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os
pais na velhice, carência ou enfermidade. Além disso, a família, a sociedade e o Estado possuem
o dever de amparar as pessoas idosas, sendo que os programas de amparo aos idosos serão
executados preferencialmente em seus lares e aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


a gratuidade dos transportes coletivos urbanos.
ÍNDIOS – Recomendamos a leitura dos artigos abaixo reproduzidos para a prova da OAB/FGV.

Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças
e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam,
competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.

§ 1º São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles habitadas em


caráter permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à
preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias a
sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições.

§ 2º As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se a sua posse


permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos
lagos nelas existentes.

§ 3º O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos os potenciais energéticos, a


pesquisa e a lavra das riquezas minerais em terras indígenas só podem ser efetivados
com autorização do Congresso Nacional, ouvidas as comunidades afetadas, ficando-
lhes assegurada participação nos resultados da lavra, na forma da lei.

§ 4º As terras de que trata este artigo são inalienáveis e indisponíveis, e os direitos


sobre elas, imprescritíveis.

§ 5º É vedada a remoção dos grupos indígenas de suas terras, salvo, “ad referendum”
do Congresso Nacional, em caso de catástrofe ou epidemia que ponha em risco sua
população, ou no interesse da soberania do País, após deliberação do Congresso
Nacional, garantido, em qualquer hipótese, o retorno imediato logo que cesse o risco
TEMA COBRADO NO XXIII EXAME DA OAB/FGV.

§ 6º São nulos e extintos, não produzindo efeitos jurídicos, os atos que tenham por objeto
a ocupação, o domínio e a posse das terras a que se refere este artigo, ou a exploração
das riquezas naturais do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes, ressalvado relevante
interesse público da União, segundo o que dispuser lei complementar, não gerando a
nulidade e a extinção direito a indenização ou a ações contra a União, salvo, na forma da

109
lei, quanto às benfeitorias derivadas da ocupação de boa fé.

§ 7º Não se aplica às terras indígenas o disposto no art. 174, § 3º e § 4º.

Art. 232. Os índios, suas comunidades e organizações são partes legítimas para ingressar
OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

em juízo em defesa de seus direitos e interesses, intervindo o Ministério Público em


todos os atos do processo.

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]

110
BIBLIOGRAFIA

• LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 22ª. ed. rev. atual. e ampl. São
Paulo: Saraiva, 2018.
OAB NA MEDIDA | DIREITO CONSTITUCIONAL

• BARROSO, Luiz Roberto. Curso de Direito Constitucional Contemporâneo. 4ª ed. São


Paulo: Saraiva, 2013.
• BRANCO, Paulo Gustavo; MENDES, Gilmar Ferreira. Curso de Direito Constitucional.
8ªed. São Paulo: Saraiva, 2013
• BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Constitucional. 22ª ed. São Paulo: Saraiva,
2010.
• NOVELINO, Marcelo. Manual de Direito Constitucional. 8ªed. São Paulo: Método, 2012.
• TAVARES, André Ramos. Curso de Direito Constitucional. 15ª. ed. São Paulo: Saraiva,

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


2017.
• VIEIRA, Oscar Vilhena. Direitos Fundamentais: uma leitura da jurisprudência do STF.
São Paulo: Malheiros, 2006.
• SILVA, Jose Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 32ª.ed. São Paulo:
Malheiros, 2009.

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