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XXXII

EXAME

PROCESSO

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


CIVIL
ATUALIZADO COM: INCLUI:
• Lei nº 13.894/2019 (competência, • Quadros de ATENÇÃO
APOSTILA
prioridade de tramitação e
INTEGRADA
intervenção do MP nos processos • Tabelas Comparativas
COM O APP!
com violência doméstica)
• Esquemas Didáticos
• Lei nº 13.793/2019 (Acesso a autos
Digitais)
• Referências a temas cobrados
em provas anteriores

OABNAMEDIDA.COM.BR
SUMÁRIO
1.  NORMAS FUNDAMENTAIS E A APLICAÇÃO DAS NORMAS PROCESSUAIS
2.  JURISDIÇÃO
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3.  COMPETÊNCIA
4.  SUJEITOS DO PROCESSO
4.1.  PARTES E PROCURADORES
4.2.  LITISCONSÓRCIO
4.3.  INTERVENÇÃO DE TERCEIROS

5.  DESPESAS, HONORÁRIOS DE ADVOGADO E MULTA


6.  JUSTIÇA GRATUITA

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7.  JUIZ E AUXILIARES DA JUSTIÇA
8.  MINISTÉRIO PÚBLICO
9.  DEFENSORIA PÚBLICA
10.  ATOS PROCESSUAIS
10.1.  FORMA DOS ATOS PROCESSUAIS
10.2.  COMUNICAÇÃO DOS ATOS
10.3.  NULIDADES

11.  TUTELA PROVISÓRIA


11.1.  TUTELA DE URGÊNCIA
11.2.  TUTELA DE EVIDÊNCIA

12.  FORMAÇÃO, SUSPENSÃO E EXTINÇÃO DO PROCESSO


13.  PROCEDIMENTO COMUM
13.1.  PETIÇÃO INICIAL
13.2.  IMPROCEDÊNCIA LIMINAR DO PEDIDO
13.3.  AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO OU MEDIAÇÃO
13.4.  CONTESTAÇÃO
13.5.  RECONVENÇÃO
13.6.  REVELIA
13.7.  PROVIDÊNCIA PRELIMINARES
13.8.  JULGAMENTO CONFORME O ESTADO DO PROCESSO
13.9.  AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO
13.10.  PROVAS

14.  SENTENÇA E COISA JULGADA


14.1.  SENTENÇA
14.2.  REMESSA NECESSÁRIA
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Alteração Legislativa Atenção Exemplo
14.3.  COISA JULGADA

15.  LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA


16.  CUMPRIMENTO DE SENTENÇA
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17.  RECURSOS
17.1.  PRINCÍPIOS MAIS IMPORTANTES
17.2.  EFEITOS RECURSAIS
17.3.  PRESSUPOSTOS RECURSAIS
17.4.  RECURSOS EM ESPÉCIE
17.4.1  APELAÇÃO
17.4.2  AGRAVO DE INSTRUMENTO

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17.4.3  AGRAVO INTERNO
17.4.4  EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
17.4.5  RECURSO EXTRAORDINÁRIO E ESPECIAL
17.4.6  EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA
17.4.7  RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL

18.  INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS


19.  PROCEDIMENTOS ESPECIAIS
20.  PROCESSO DE EXECUÇÃO
20.1.  CONSIDERAÇÕES GERAIS
20.2.  PENHORA
20.3.  EMBARGOS À EXECUÇÃO
20.4.  MEIOS DE EXPROPRIAÇÃO DOS BENS

21.  AÇÃO RESCISÓRIA


22.  LEGISLAÇÃO ESPECIAL
22.1.  JUIZADOS ESPECIAIS
22.2.  AÇÃO REVISIONAL DE ALUGUEL
22.3.  ALIMENTOS GRAVÍDICOS
22.4.  PROCESSO ELETRÔNICO
22.5.  MANDADO DE SEGURANÇA
22.6.  AÇÃO POPULAR
22.7.  AÇÃO CIVIL PÚBLICA

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1.  NORMAS FUNDAMENTAIS E APLICAÇÃO DAS NORMAS PROCESSUAIS


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1.1.  NORMAS FUNDAMENTAIS

O código de processo civil de 2015 criou uma categoria de normas fundamentais, dispostas nos
artigos 1 ao 12, sendo que, entre as normas estabelecidas, destacamos aquelas que entendemos
mais importantes para a prova da OAB/FGV:

Art. 3º Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito.

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§ 1º É permitida a arbitragem, na forma da lei.

§ 2º O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos.

§ 3º A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos


deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do
Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial.

Estabeleceu-se, portanto, a necessidade de se estimular a autocomposição das partes, dever


que incumbe não apenas ao Estado, mas a todos os participantes do processo, incluindo os
magistrados e membros do ministério público.

Art. 4º As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito,
incluída a atividade satisfativa.

Trata-se da consagração do princípio da primazia da decisão do mérito, isto é, deve-se priorizar


as decisões que apreciam o mérito em detrimento daquelas que extinguem o processo sem
resolução do mérito.

Cita-se como exemplo de aplicação do princípio da primazia da decisão do mérito o disposto


no art. 321 do CPC/2015, que dispõe que o juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os
requisitos dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar
o julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a
complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado.

Art. 6º Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em
tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva.

O artigo acima transcrito tem por objetivo transformar o processo em um ambiente cooperativo,
assegurando lealdade e equilíbrio entre as partes e orientando o juiz a ter comportamento de
esclarecimento e de auxílio, para evitar obstáculos processuais desnecessários.

Art. 7º É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos


e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de
sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório.

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A norma estabelece em sua primeira parte o princípio da igualdade processual, segundo
o qual as partes devem ser tratadas de forma isonômica, levando-se em consideração a suas
desigualdades. Nesse sentido, o art. 1.048 do CPC/2015 estabelece que terão prioridade de
tramitação: I) os procedimentos judiciais regulados pelo ECA, II) os processos que figure como
parte, ou interessado, pessoa com idade igual ou superior a 60 anos ou portadora de doença grave
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e III) os processos em que figure como parte a vítima de violência doméstica e familiar, nos termos
da Lei Maria da Penha.

A segunda parte do art. 7º, por sua vez, impõe ao juiz o dever de zelar pelo efetivo contraditório,
sendo um exemplo de sua aplicação a possibilidade de o juiz dilatar o prazo para a contestação
quando o autor juntar dezenas de documentos na inicial.

Outro exemplo em que o juiz deve zelar pelo contraditório efetivo diz respeito ao contido no

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inciso VI do art. 139 do CPC/2015, in verbis: O juiz dirigirá o processo conforme as disposições
deste Código, incumbindo-lhe: (...) VI - dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de
produção dos meios de prova, adequando-os às necessidades do conflito de modo a conferir
maior efetividade à tutela do direito;

Art. 9º Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida.

Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica:

I - à tutela provisória de urgência;

II - às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e III;

III - à decisão prevista no art. 701.

Não é possível, portanto, que uma decisão seja prejudicial à parte que não foi previamente
ouvida. Em outras palavras, o juiz apenas poderá decidir de forma desfavorável a uma parte se
lhe conceder a possibilidade de defesa.

Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento
a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda
que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício.

Trata-se de artigo que concretiza o princípio do contraditório e consagra o dever de consulta


do juiz, para se evitar decisões surpresas. Assim, as partes têm o direito de se manifestar sobre
qualquer questão que seja relevante para o processo, ainda que a questão seja passível de
conhecimento de ofício pelo juiz, como por exemplo nos casos que envolvam o pronunciamento de
prescrição ou decadência.

Art. 12. Os juízes e os tribunais atenderão, preferencialmente, à ordem cronológica de


conclusão para proferir sentença ou acórdão.

§ 1º A lista de processos aptos a julgamento deverá estar permanentemente à disposição


para consulta pública em cartório e na rede mundial de computadores.

§ 2º Estão excluídos da regra do caput:

I - as sentenças proferidas em audiência, homologatórias de acordo ou de improcedência


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liminar do pedido;

II - o julgamento de processos em bloco para aplicação de tese jurídica firmada em


julgamento de casos repetitivos;

III - o julgamento de recursos repetitivos ou de incidente de resolução de demandas repetitivas;


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IV - as decisões proferidas com base nos arts. 485 (extinção do processo sem resolução
de mérito) e 932 (decisão do relator em grau de recurso);

V - o julgamento de embargos de declaração;

VI - o julgamento de agravo interno;

VII - as preferências legais e as metas estabelecidas pelo Conselho Nacional de Justiça;

VIII - os processos criminais, nos órgãos jurisdicionais que tenham competência penal;

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IX - a causa que exija urgência no julgamento, assim reconhecida por decisão fundamentada.

§ 3º Após elaboração de lista própria, respeitar-se-á a ordem cronológica das conclusões


entre as preferências legais.

§ 4º Após a inclusão do processo na lista de que trata o § 1º, o requerimento formulado


pela parte não altera a ordem cronológica para a decisão, exceto quando implicar a
reabertura da instrução ou a conversão do julgamento em diligência.

§ 5º Decidido o requerimento previsto no § 4º, o processo retornará à mesma posição


em que anteriormente se encontrava na lista.

§ 6º Ocupará o primeiro lugar na lista prevista no § 1º ou, conforme o caso, no § 3º,


o processo que:

I - tiver sua sentença ou acórdão anulado, salvo quando houver necessidade de


realização de diligência ou de complementação da instrução;

II - se enquadrar na hipótese do art. 1.040, inciso II.

Desse modo, a partir do código de processo civil de 2015, o juiz tem o dever de observar a
ordem cronológica de conclusão para proferir a decisão judicial, como forma de se prestigiar
os princípios da igualdade e da duração razoável do processo. Essa regra, entretanto, se aplica
apenas às decisões finais, ou seja, não vale para as decisões interlocutórias de forma geral.

Importante ainda destacar que a lista de processos aptos a julgamento deve ser pública, ficando
à disposição para consulta em cartório e na rede mundial de computadores.

1.2.  APLICAÇÃO DAS NORMAS PROCESSUAIS

De acordo com o art. 14 do CPC/2015, a norma processual não retroagirá e será aplicável
imediatamente aos processos em curso, respeitados os atos processuais praticados e as situações
jurídicas consolidadas sob a vigência da norma revogada. Em outras palavras, a lei processual
nova não interfere nos atos processuais já finalizados nem nos direitos processuais adquiridos.

Se a lei processual alterar, por exemplo, o prazo da apelação para 10 dias, a parte que já tiver
sido intimada para interpor a apelação não será afetada pela diminuição do prazo determinado 6
pela lei nova.
O art. 15 do CPC/2015, por sua vez, estabelece que na ausência de normas que regulem
processos eleitorais, trabalhistas ou administrativos, as disposições do código de processo civil
lhes serão aplicadas supletiva e subsidiariamente.
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2.  JURISDIÇÃO
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Entende-se por jurisdição a parcela do poder conferida aos órgãos do Poder Judiciário para
dizer o direito, ou seja, julgar os conflitos trazidos pelas partes, com a possibilidade de imposição
coercitiva para que haja o cumprimento das decisões proferidas (execução das decisões).

A jurisdição, como regra geral, é contenciosa (solução de conflitos), mas pode ser também
voluntária, quando houver a denominada administração pública de interesses particulares, ou
seja, nos casos em que não há propriamente um conflito de interesses, como nas alienações
judicias (art. 113 e seguintes ), testamentos e codicilos (art. 1.125 e seguintes) e nas separações

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consensuais (art. 1.120 e seguintes).

A jurisdição brasileira não é ilimitada, sendo que a competência do Poder Judiciário brasileiro
poderá ser exclusiva ou concorrente em relação à jurisdição de outro país.

COMPETÊNCIA INTERNACIONAL COMPETÊNCIA EXCLUSIVA DA


CONCORRENTE AUTORIDADE BRASILEIRA
As ações em que (art. 21 do CPC/2015): Compete à autoridade judiciária brasileira, com
exclusão de qualquer outra (art. 24 do CPC/2015):

I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade,


estiver domiciliado no Brasil; I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no
Brasil;

II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação;


II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à
confirmação de testamento particular e ao inventário e
III - o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor
no Brasil. da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha
domicílio fora do território nacional;

Ações de alimentos, quando (art. 22, I, do CPC/2015):


a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil; b) III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de
o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse união estável, proceder à partilha de bens situados
ou propriedade de bens, recebimento de renda ou no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade
obtenção de benefícios econômicos; estrangeira ou tenha domicílio fora do território
nacional.

Ações decorrentes de relações de consumo (art. 22,


II, do CPC/2015), quando o consumidor tiver domicílio
ou residência no Brasil;

Ações em que as partes, expressa ou tacitamente,


se submeterem à jurisdição nacional (art. 22, III, do
CPC/2015).

É importante salientar ainda que a jurisdição não se confunde com a arbitragem, uma vez que nesta a
pessoa que irá decidir o litígio (árbitro) é escolhida pelas próprias partes (art. 13 da Lei n. 9.307/96).
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3.  COMPETÊNCIA
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Considera-se competência a “medida da jurisdição”, ou seja, representa a parcela do poder


concedido a cada órgão do Poder Judiciário para o exercício da jurisdição.

De acordo com o art. 43 do CPC/2015, determina-se a competência no momento do registro


(apenas uma Vara) ou da distribuição da petição inicial, sendo irrelevantes as modificações do
estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem órgão judiciário
ou alterarem a competência absoluta.

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De acordo com o CPC /73, as regras sobre prevenção seriam diferentes caso os juízos fossem da
mesma comarca/subseção judiciária ou comarcas/subseções diferentes. Na primeira hipótese,
seria prevento o juiz que despachou em primeiro lugar (art. 106 do CPC/73), ao passo que, na
segunda hipótese, a citação válida que tornava prevento o juízo (art. 219 do CPC/73). Com o
novo CPC tudo mudou! Agora não há mais essa divisão entre juízos de comarcas diferentes
ou iguais e o juízo prevento será aquele perante o qual se deu o registro ou a distribuição da
petição inicial (art. 59 do NCPC). TEMA COBRADO NO XXVIII EXAME DA OAB/FGV

Assim, a partir do registro ou distribuição ocorre a perpetuação da Jurisdição, de modo que a


competência não poderá ser mais alterada, salvo no caso de supressão do órgão judiciário ou de
alteração de sua competência absoluta.

A competência é classificada em absoluta e relativa. Enquanto a primeira é fixada em razão


do interesse público, não podendo ser alterada pela vontade das partes, sendo reconhecível de
ofício pelo juiz a qualquer tempo, a segunda está relacionada a interesses privados e pode ser
modificada pela vontade das partes.

COMPETÊNCIA ABSOLUTA COMPETÊNCIA RELATIVA

Fixada em razão da matéria, da pessoa ou da função Fixada com base no valor da causa e no território

Interesse Público Interesse Privado

Alegada como questão preliminar em contestação, Alegada como questão preliminar em contestação,
ou em qualquer tempo e grau de jurisdição. sob pena de prorrogação da competência.

Pode ser conhecida de ofício Não pode ser conhecida de ofício

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A declaração da incompetência absoluta implica O reconhecimento da incompetência relativa não
remessa do processo ao Juízo competente e poderá implica anulação dos atos decisórios
gerar a anulação dos atos decisórios.
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Inderrogável por convenção das partes. Admite foro de eleição. OBS: Antes da citação,
a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode ser
reputada ineficaz de ofício pelo juiz, que determinará
a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio do
réu. Citado, incumbe ao réu alegar a abusividade da
cláusula de eleição de foro na contestação, sob pena
de preclusão (art. 63 do CPC/2015).

Alegada em preliminar de contestação ou por Se o réu não alegar a incompetência relativa,


simples petição nos autos TEMA COBRADO ocorrerá a prorrogação da competência, ou seja, o
juízo até então relativamente incompetente passará a
NO II EXAME DA OAB. ser competente para julgar a lide

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De acordo com o CPC/2015, a declaração de incompetência absoluta não possui como efeito
imediato a nulidade dos atos decisórios, já que dependerá de decisão expressa do juízo competente.
Além disso, tanto a competência relativa quanto a absoluta devem ser alegadas em preliminar
de contestação, ou seja, com o novo CPC não há mais a figura da exceção de incompetência.

Permite-se ainda a classificação da competência em originária e derivava, sendo que a primeira


está relacionada à competência para apreciação e julgamento da causa em primeira instância,
geralmente atribuída aos juízes singulares, embora haja casos em que a competência originária
é do Tribunal, como na hipótese de julgamento de ação rescisória. Já a competência derivada diz
respeito à competência para julgamento de recursos, normalmente atribuída aos Tribunais.

O código de processo civil estabelece alguns casos importantes de fixação de competência pelo
critério territorial (em regra de competência relativa), ou seja, identifica o território onde a causa
deverá ser julgada, conforme abaixo resumido:

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ESPÉCIE DE COMPETÊNCIA OBSERVAÇÕES
AÇÃO

Ação fundada em direito Competente, em regra, o Tendo mais de um domicílio, o réu será
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pessoal ou em direito real foro de domicílio do réu demandado no foro de qualquer deles.
sobre bens móveis (art. 46
do CPC/2015)
Sendo incerto ou desconhecido o
domicílio do réu, poderá ser demandado
onde for encontrado ou no foro de domicílio
do autor.

Quando o réu não tiver domicílio ou


residência no Brasil, a ação será proposta
no foro de domicílio do autor, e, se este

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também residir fora do Brasil, a ação será
proposta em qualquer foro.

Havendo 2 (dois) ou mais réus com


diferentes domicílios, serão demandados no
foro de qualquer deles, à escolha do autor.

Execução fiscal (art. 46, § Competente o foro de


5º, do CPC/2015) domicílio do réu, o de sua
residência ou o do lugar onde
for encontrado.

Ações fundadas em Competente o foro de O autor pode optar pelo foro de domicílio
direito real sobre imóveis situação da coisa. do réu ou pelo foro de eleição se o litígio
não recair sobre direito de propriedade,
vizinhança, servidão, divisão e demarcação
de terras e de nunciação de obra nova.

A ação possessória imobiliária será


proposta no foro de situação da coisa, cujo
juízo tem competência absoluta.

Inventário, partilha, Competente o foro de Se o autor da herança não possuía


arrecadação, cumprimento domicílio do autor da herança, domicílio certo, é competente:
de disposições de última no Brasil.
vontade, impugnação
ou anulação de partilha I - o foro de situação dos bens imóveis;
extrajudicial e todas as
ações em que o espólio for
réu, ainda que o óbito tenha
II - havendo bens imóveis em foros
ocorrido no estrangeiro
diferentes, qualquer destes;
(art. 48 do CPC/2015).

III - não havendo bens imóveis, o foro do


local de qualquer dos bens do espólio.

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Ação em que o ausente Foro do último domicílio
for réu (art. 49 do do ausente, que também
CPC/2015) é competente para a
arrecadação, o inventário, a
partilha e o cumprimento de
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disposições testamentárias.

Ação em que o incapaz for Foro de domicílio de seu


réu (art. 50 do CPC/2015) representante ou assistente.

Ação em que seja autora a Foro de domicílio do réu Se a União for a demandada, a ação
União (art. 51 do CPC/2015) poderá ser proposta no foro de domicílio
do autor, no de ocorrência do ato ou fato
que originou a demanda, no de situação da
coisa ou no Distrito Federal.

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Ação que seja autor Foro de domicílio do réu Se Estado ou o Distrito Federal for o
Estado ou o Distrito Federal. demandado, a ação poderá ser proposta no
foro de domicílio do autor, no de ocorrência
do ato ou fato que originou a demanda,
no de situação da coisa ou na capital do
respectivo ente federado.

Ação de divórcio, Foro de domicílio do


separação, anulação guardião de filho incapaz;
de casamento e
reconhecimento ou
dissolução de união estável Foro do último domicílio do
(art. 53, I, do CPC/2015) casal, caso não haja filho incapaz;

Foro de domicílio do réu, se


nenhuma das partes residir no
antigo domicílio do casal;

Foro do domicílio da vítima


de violência doméstica e
familiar, nos termos da Lei
Maria da Penha.

Ação em que se pedem Foro de domicílio ou


alimentos (art. 53, II, do residência do alimentando.
CPC/2015)

Ação em que for ré Foro do local onde está Quanto às obrigações que a pessoa
pessoa jurídica (art. 53, III, sua sede jurídica contraiu, a ação pode ser proposta
do CPC/2015) no foro onde se acha agência ou sucursal

Ação em que for ré Foro do local onde exerce


sociedade ou associação suas atividades
sem personalidade jurídica
(art. 53, III, do CPC/2015)

Ação que verse sobre Foro de residência do idoso


direito previsto no estatuto
do idoso

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Ação de reparação de Foro do lugar do ato ou fato
dano ou em que for réu
administrador ou gestor de
negócios alheios (art. 53, IV,
do CPC/2015).
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Ação de reparação de Foro de domicílio do autor


dano sofrido em razão ou do local do fato
de delito ou acidente
de veículos, inclusive
aeronaves (art. 53, V, do
CPC/2015).

As causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas

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na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de
trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho, serão de competência da Justiça
Federal (competência absoluta). Por esse motivo, o art. 45 do CPC/2015 dispõe que, tramitando
o processo perante outro juízo, os autos serão remetidos ao juízo federal competente se nele
intervier a União, suas empresas públicas, entidades autárquicas e fundações, ou conselho
de fiscalização de atividade profissional, na qualidade de parte ou de terceiro interveniente.
Se o juiz, ao não admitir a cumulação de pedidos em razão da incompetência para apreciar
qualquer deles, não examinará o mérito daquele em que exista interesse da União, de suas
entidades autárquicas ou de suas empresas públicas. Além disso, o juízo federal restituirá os
autos ao juízo estadual sem suscitar conflito se o ente federal cuja presença ensejou a remessa
for excluído do processo.

Conforme mencionado anteriormente, a perpetuação da jurisdição ocorre com o registro


ou distribuição da petição inicial. Entretanto, há casos em que se permite a modificação da
competência, como nas hipóteses de conexão e continência, que objetivam principalmente evitar
decisões judiciais conflitantes.

De acordo com o art. 55 do CPC/2015, reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes
for comum o pedido ou a causa de pedir, incluindo à execução de título extrajudicial e a ação de
conhecimento relativa ao mesmo ato jurídico e as execuções fundadas no mesmo título executivo.
Os processos de ações conexas devem ser reunidos para decisão conjunta, salvo se um deles já
houver sido sentenciado.

De acordo com o § 3º do art. 55 do CPC/2015, serão reunidos para julgamento conjunto os


processos que possam gerar risco de prolação de decisões conflitantes ou contraditórias caso
decididos separadamente, mesmo sem conexão entre eles.

Por outro lado, a continência entre 2 (duas) ou mais ações ocorre quando houver identidade quanto
às partes e à causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser mais amplo, abrange o das demais.

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4.  SUJEITOS DO PROCESSO


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4.1.  PARTES E PROCURADORES

Entende-se como parte do processo aquele que demanda em nome próprio a prestação
jurisdicional do Estado e a pessoa em cujo nome é demandada.

• CAPACIDADE DE SER PARTE

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Também denominada de capacidade de direito, diz respeito à possibilidade de a pessoa ocupar
o polo passivo ou ativo do processo, ou seja, de ser autor ou réu. É reconhecida a todas as pessoas
físicas desde o nascimento com vida, às pessoas jurídicas regularmente constituídas e a uma série
de entes sem personalidade jurídica, como, por exemplo, o espólio, a massa falida e o condomínio.

• CAPACIDADE PROCESSUAL (CAPACIDADE PARA ESTAR EM JUÍZO)

Para ter capacidade processual é necessário ter capacidade de fato, ou capacidade de


exercício, que se consubstancia na aptidão para a prática dos atos decorrentes da capacidade de
direito, ou seja, é necessário ser absolutamente capaz (art. 70 do CPC/2015). Os absolutamente
ou relativamente incapazes deverão ser, respectivamente, representados ou assistidos em juízo.

Se o incapaz não tiver representante legal ou se os interesses deste colidirem com os daquele,
o juiz deverá nomear curador especial enquanto durar a incapacidade.

O juiz nomeará ainda curador especial quando o réu preso for revel, ou quando o réu revel
tiver sido citado por edital ou com hora certa, lembrando-se que o curador especial atua apenas
enquanto não for constituído advogado particular TEMA COBRADO NO XI EXAME DA OAB/FGV.

Sobre a legitimidade ativa do cônjuge em juízo, o art. 73 do CPC/2015 estabelece a necessidade


de haver consentimento do outro cônjuge para propor ação que verse sobre direito real imobiliário,
salvo quando casados sob o regime de separação absoluta de bens.

O consentimento do cônjuge pode ser suprido judicialmente quando for negado sem justo
motivo, ou quando lhe seja impossível concedê-lo. Além disso, a falta de consentimento, quando
necessário e não suprido pelo juiz, invalida o processo.

Além disso, em relação à legitimidade passiva, ambos os cônjuges serão necessariamente


citados para a ação: I - que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime
de separação absoluta de bens; II - resultante de fato que diga respeito a ambos os cônjuges ou
de ato praticado por eles; III - fundada em dívida contraída por um dos cônjuges a bem da família;
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IV - que tenha por objeto o reconhecimento, a constituição ou a extinção de ônus sobre imóvel de
um ou de ambos os cônjuges.
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As regras relacionadas aos cônjuges em relação à legitimidade ativa e passiva se aplicam


também à união estável comprovada nos autos, conforme § 3º do art. 74 do CPC/2015.

Importante salientar que, verificada a incapacidade processual ou a irregularidade da


representação da parte, o juiz suspenderá o processo e designará prazo razoável para que seja
sanado o vício. Se o vício não for sanado, a consequência processual varia se o processo está na
instância originária ou em grau de recurso (art. 76, do CPC/2015).

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INSTÂNCIA ORIGINÁRIA GRAU DE RECURSO

I - o processo será extinto, se a providência I - não conhecerá do recurso, se a providência couber


cabia ao autor; ao recorrente;

II - o réu será considerado revel, se a II - determinará o desentranhamento das


providência lhe cabia TEMA COBRADO contrarrazões, se a providência couber ao recorrido.
NO II EXAME DA OAB/FGV.

III - o terceiro será considerado revel ou


excluído do processo, dependendo do polo em que
se encontre.

As partes devem ser representadas em juízo por advogado regularmente inscrito na Ordem dos
Advogados do Brasil, sendo lícito à parte postular em causa própria quando tiver habilitação legal.

Conforme previsto no art. 104 do CPC/2015, para postular em juízo, o advogado deve
necessariamente apresentar procuração, salvo para evitar preclusão, decadência ou prescrição, ou
para praticar ato considerado urgente, hipóteses em que, o advogado deverá, independentemente
de caução, exibir a procuração no prazo de 15 (quinze) dias, prorrogável por igual período por
despacho do juiz. O ato não ratificado será considerado ineficaz relativamente àquele em cujo
nome foi praticado, respondendo o advogado pelas despesas e por perdas e danos.

A procuração geral para o foro, outorgada por instrumento público ou particular assinado
pela parte, habilita o advogado a praticar todos os atos do processo, exceto receber citação,
confessar, reconhecer a procedência do pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito sobre
o qual se funda a ação, receber, dar quitação, firmar compromisso e assinar declaração de
hipossuficiência econômica, que devem constar de cláusula específica. Além disso, salvo
disposição expressa em sentido contrário constante do próprio instrumento, a procuração
outorgada na fase de conhecimento é eficaz para todas as fases do processo, inclusive para o
cumprimento de sentença.

15
É importante frisar ainda que a parte poderá revogar o mandato outorgado ao seu advogado,
hipótese em que, no mesmo ato, deverá constituir outro profissional que assuma o patrocínio da
causa Entretanto, se o novo advogado não for constituído no prazo de 15 (quinze) dias, o juiz
suspenderá o processo e designará prazo razoável para que seja sanado o vício (art. 111 c/c art.
76 do CPC/2015).
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Por outro lado, caso o advogado decida renunciar ao mandato, deverá comunicar a renúncia
ao mandante, a fim de que este nomeie sucessor, salvo quando a procuração tiver sido outorgada
a vários advogados e a parte continuar representada por outro, apesar da renúncia. Além disso,
durante os 10 (dez) dias seguintes à renúncia, o advogado continuará a representar o mandante,
desde que necessário para lhe evitar prejuízo (art. 112 do CPC/2015).

A Lei nº 13.793/2019 alterou o EAOAB e o CPC/2015, garantindo também aos advogados o

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acesso e vista dos autos judiciais eletrônicos, mesmo sem procuração, salvo quando se tratar
de processo sujeito a segredo de justiça, hipótese em que se exigirá procuração

• DEVERES DOS SUJEITOS DO PROCESSO

Conforme previsto no art. 77 do CPC/2015, são deveres das partes, de seus procuradores e de
todos aqueles que de qualquer forma participem do processo:
I - expor os fatos em juízo conforme a verdade;
II - não formular pretensão ou de apresentar defesa quando cientes de que são
destituídas de fundamento;
III - não produzir provas e não praticar atos inúteis ou desnecessários à declaração ou
à defesa do direito;
IV - cumprir com exatidão as decisões jurisdicionais, de natureza provisória ou final, e
não criar embaraços à sua efetivação;
V - declinar, no primeiro momento que lhes couber falar nos autos, o endereço
residencial ou profissional onde receberão intimações, atualizando essa informação
sempre que ocorrer qualquer modificação temporária ou definitiva;
VI - não praticar inovação ilegal no estado de fato de bem ou direito litigioso.

A violação ao disposto nos incisos IV e VI constitui ato atentatório à dignidade da justiça,


devendo o juiz, sem prejuízo das sanções criminais, civis e processuais cabíveis, aplicar ao
responsável multa de até 20 % (vinte por cento) do valor da causa, de acordo com a gravidade da
conduta. Não sendo paga no prazo a ser fixado pelo juiz, a multa será inscrita como dívida ativa da
União ou do Estado após o trânsito em julgado da decisão que a fixou, e sua execução observará o
procedimento da execução fiscal.

Registra-se ainda que não há incidência de multa por ato atentatório à dignidade da justiça
para os advogados públicos ou privados, membros da Defensoria Pública e do Ministério Público,
devendo eventual responsabilidade disciplinar ser apurada pelo respectivo órgão de classe ou
corregedoria, ao qual o juiz oficiará.

16
A multa estabelecida por ato atentatório à dignidade da justiça poderá ser fixada
independentemente da incidência das previstas nos arts. 523, § 1º (multa de 10% para
pagamento de quantia certa fixada em título executivo judicial), e 536, § 1º (multa fixada para o
cumprimento das obrigações de fazer e não fazer).
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O art. 80 do CPC/2015, por sua vez, estabelece as hipóteses que configuram litigância de má-
fé, a saber:
I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso;
II - alterar a verdade dos fatos;
III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal;
IV - opuser resistência injustificada ao andamento do processo;

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V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo;
VI - provocar incidente manifestamente infundado;
VII - interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório.

De ofício ou a requerimento, o juiz condenará o litigante de má-fé a pagar multa, que deverá
ser superior a 1% (um por cento) e inferior a 10% (dez por cento) do valor corrigido da causa, a
indenizar a parte contrária pelos prejuízos que esta sofreu e a arcar com os honorários advocatícios
e com todas as despesas que efetuou.

Quando forem 2 (dois) ou mais os litigantes de má-fé, o juiz condenará cada um na proporção
de seu respectivo interesse na causa ou solidariamente aqueles que se coligaram para lesar a
parte contrária.

Além disso, quando o valor da causa for irrisório ou inestimável, a multa poderá ser fixada em
até 10 (dez) vezes o valor do salário-mínimo.

Em relação ao valor da indenização, este será fixado pelo juiz ou, caso não seja possível
mensurá-lo, será liquidado por arbitramento ou pelo procedimento comum, nos próprios autos.

4.2.  LITISCONSÓRCIO

Entende-se por litisconsórcio a cumulação subjetiva em um dos polos do processo quando


ocorrer uma das hipóteses previstas no art. 113 do CPC/2015, a saber: I - houver comunhão de
direitos ou de obrigações relativamente à lide; II - entre as causas houver conexão pelo pedido ou
pela causa de pedir; III - ocorrer afinidade de questões por ponto comum de fato ou de direito.

O litisconsórcio poderá, portanto, ser ativo, quando houver mais de um autor, passivo, quando houver
mais de um réu, ou ainda misto, quando houver nos dois polos do processo pluralidade de sujeitos.

O litisconsórcio é classificado ainda em:

• Facultativo: decorre unicamente da vontade das partes,

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• Necessário: por disposição de lei ou quando, pela natureza da relação jurídica
controvertida, a eficácia da sentença depender da citação de todos que devam ser
litisconsortes (art. 114 do CPC/2015). TEMA COBRADO NO XXII EXAME DA OAB/
FGV
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• Unitário: quando a decisão deva ser necessariamente uniforme para todos os litisconsortes.

• Simples: quando não houver necessidade de decisão uniforme para os litisconsortes.

As classificações ora citadas podem ainda ser conjugadas, como abaixo exemplificado:

• Litisconsórcio passivo necessário e unitário, como na ação rescisória proposta


pelo Ministério Público em virtude de colusão das partes. Nesse caso, autor e réu
do processo originário serão réus no processo rescisório, sendo que a sentença

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necessariamente será uniforme para os litisconsortes passivos TEMA COBRADO
NO V EXAME DA OAB/FGV.

• Litisconsórcio ativo facultativo e unitário, como no caso dos irmãos proprietários


de um imóvel que ingressam com ação revisional de aluguel TEMA COBRADO NOS
EXAMES XIV E XXVIII DA OAB/FGV.

Conforme previsto no art. 117 do CPC/2015, os litisconsortes serão considerados, em suas


relações com a parte adversa, como litigantes distintos, exceto no litisconsórcio unitário, caso em
que os atos e as omissões de um não prejudicarão os outros, mas os poderão beneficiar.

Assim, tratando-se de litisconsórcio passivo simples, se um réu for revel e o outro contestar
a ação, o réu revel não se beneficiará da contestação feita pelo litisconsorte, permanecendo os
efeitos da revelia.

Por outro lado, tratando-se de hipótese de litisconsórcio unitário, os efeitos da revelia serão
afastados se o litisconsorte apresentar contestação TEMA COBRADO NO IV EXAME DA OAB/
FGV.

LITISCONSÓRCIO SIMPLES LITISCONSÓRCIO UNITÁRIO

A regra é a independência, ou seja, os atos de Os atos benéficos de um sempre aproveitam a todos,


um litisconsorte não prejudicam nem beneficiam mas os atos prejudiciais não prejudicam nem quem
os demais. os praticou, já que, para serem eficazes, tem que ser
praticados por todos.

Destaca-se ainda que os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios


de advocacia distintos, terão prazos contados em dobro para todas as suas manifestações,
em qualquer juízo ou tribunal, independentemente de requerimento. Essa regra, entretanto,

18
não se se aplica aos processos em autos eletrônicos, conforme § 2º do art. 229 do CPC/2015
TEMA COBRADO NOS EXAMES DA XI E XXVIII OAB/FGV.

4.3.  INTERVENÇÃO DE TERCEIRO


OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL

O código de processual civil de 2105 prevê as seguintes modalidades de intervenção de terceiro:


a) assistência, b) denunciação da lide, c) chamamento ao processo, d) incidente de desconsideração
da personalidade jurídica e f) amicus curiae.

• A oposição, que era considerada modalidade de intervenção de terceiro no CPC/1973,


passa a ser considerada no CPC/2015 uma ação de procedimento especial.

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• Não existe mais a previsão da nomeação à autoria no CPC/2015 como modalidade de
intervenção de terceiro, tendo sido substituída pelo incidente previsto nos artigos 338 e 339.

4.3.1.  ASSISTÊNCIA

Considera-se assistência a intervenção de terceiro juridicamente interessado em que a


sentença seja favorável a uma das partes, sendo admitida em qualquer procedimento e em todos
os graus de jurisdição, recebendo o assistente o processo no estado em que se encontra.

É requisito essencial para a assistência que o assistente tenha interesse jurídico na causa.

Conforme previsto no art. 120 do CPC/2015, não havendo impugnação no prazo de 15 (quinze)
dias, o pedido do assistente será deferido, salvo se for caso de rejeição liminar, ou seja, quando
ficar caracterizado que o assistente não possui interesse jurídico na lide.

Entretanto, se houver impugnação, isto é, se qualquer parte alegar que falta ao requerente
interesse jurídico para intervir, o juiz decidirá o incidente, sem suspensão do processo.

A assistência poderá ser simples ou litisconsorcial:

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ASSISTÊNCIA SIMPLES ASSISTÊNCIA LITISCONSORCIAL

Ocorre quando o assistente é um mero auxiliar O assistente litisconsorcial é


da parte principal assistida. O interesse jurídico titular do direito discutido, por isso, é
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do assistente simples baseia-se numa relação considerado litisconsorte do assistido.


jurídica mantida apenas com o assistido, que
depende ou será atingida pela decisão judicial.
Assim, o interesse jurídico do assistente
litisconsorcial nasce de uma relação jurídica que
O assistente simples exercerá os mesmos poderes ele mantém com o adversário do assistido, que é
e sujeitar-se-á aos mesmos ônus processuais que o exatamente a relação material discutida no processo.
assistido e, sendo revel ou, de qualquer outro modo,
omisso o assistido, o assistente será considerado
seu substituto processual (art. 122 do CPC/2015). Exemplo: ação de investigação de
paternidade movida pelo MP em face do
suposto pai em que o Ministério Público recebe

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A assistência simples não obsta a que a parte principal assistência litisconsorcial do suposto filho.
reconheça a procedência do pedido, desista da ação,
renuncie ao direito sobre o que se funda a ação ou transija
sobre direitos controvertidos. (Exemplo: se o assistido não
recorre, o assistente pode recorrer, mas se o assistido
renuncia ao recurso, o assistente não pode recorrer)

Transitada em julgado a sentença no processo


em que interveio o assistente, este não poderá, em
processo posterior, discutir a justiça da decisão, salvo
se alegar e provar que: I - pelo estado em que recebeu
o processo ou pelas declarações e pelos atos do
assistido, foi impedido de produzir provas suscetíveis
de influir na sentença; II - desconhecia a existência
de alegações ou de provas das quais o assistido, por
dolo ou culpa, não se valeu (art. 123 do CPC/2015).

4.3.2.  DENUNCIAÇÃO DA LIDE

A denunciação da lide permite às partes trazerem ao processo o terceiro que em razão da lei
ou do contrato é o brigado a indenizar os prejuízos da demanda.

Conforme previsto no art. 125 do CPC/2015, é admissível a denunciação da lide, promovida por
qualquer das partes:

• Ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio foi transferido


ao denunciante, a fim de que possa exercer os direitos que da evicção lhe resultam
(Exemplo: “A” compra um apartamento de “B” e “C” move ação em face de “A”,
reivindicando o bem. Nessa hipótese, “A” pode denunciar a lide de ao “B”, para no
mesmo processo exigir a indenização resultante da evicção.).

• Àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva,
o prejuízo de quem for vencido no processo, como no caso da seguradora TEMA
COBRADO NO XXIV EXAME DA OAB/FGV.

O novo código de processo civil promoveu profundas alterações no instituto da denunciação


da lide. Vejamos as principais:
20
• Deixou claro que a denunciação da lide em nenhuma hipótese é obrigatória, de modo
que aquele que denuncia da lide não pede o direito de regresso em ação autônoma.

• Prevê expressamente no § 2º do art. 125 a possibilidade de haver uma única


denunciação da lide sucessiva.
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• Esclarece que a denunciação da lide feita pelo Réu deve ser invocada em contestação
e a feita pelo autor na inicial.

• Deixa claro que, se o denunciado for revel, o denunciante, se quiser, poderá se


concentrar apenas na denunciação da lide, ou seja, o denunciante pode deixar de
prosseguir com a defesa eventualmente oferecida, e abster-se de recorrer, restringindo
sua atuação à ação regressiva (art. 128,II, do CPC/2015).

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Por fim, conforme previsto no art. 129 do CPC/2015, se o denunciante for vencido na ação
principal, o juiz passará ao julgamento da denunciação da lide. Por outro lado, se o denunciante for
vencedor, a ação de denunciação não terá o seu pedido examinado, sem prejuízo da condenação do
denunciante ao pagamento das verbas de sucumbência em favor do denunciado.

4.3.3.  CHAMAMENTO AO PROCESSO

É a modalidade de intervenção de terceiro que permite ao réu trazer os demais coobrigados


ao polo passivo do processo.

De acordo com o art. 130 do CPC/2015, o chamamento ao processo á admissível nas seguintes
hipóteses: I - do afiançado, na ação em que o fiador for réu TEMA COBRADO NOS EXAMES
XXVIII E XXX DA OAB/FGV; II - dos demais fiadores, na ação proposta contra um ou alguns deles;
III - dos demais devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns o pagamento
da dívida comum.

A citação daqueles que devam figurar em litisconsórcio passivo será requerida pelo réu na
contestação e deve ser promovida no prazo de 30 (trinta) dias, sob pena de ficar sem efeito o
chamamento. No entanto, se o chamado residir em outra comarca, seção ou subseção judiciárias,
ou em lugar incerto, o prazo será de 2 (dois) meses.

Registra-se ainda que, de acordo com o art. 132 do CPC?2015, a sentença de procedência
valerá como título executivo em favor do réu que satisfizer a dívida, a fim de que possa exigi-la,
por inteiro, do devedor principal, ou, de cada um dos codevedores, a sua quota, na proporção que
lhes tocar

4.3.4.  INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA

No direito civil, para que haja a desconsideração da personalidade jurídica deve restar
caracterizada a gestão fraudulenta, pelo desvio de finalidade ou confusão patrimonial (art. 50
do CC), enquanto que no direito do consumidor a desconsideração da personalidade jurídica é
mais simples, podendo inclusive ocorrer quando a personalidade jurídica for, de alguma forma,
obstáculo ao ressarcimento de prejuízos aos consumidores (art. 28 do CDC).

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O código de processo civil de 2015 disciplinou o procedimento a ser adotado no caso de
desconsideração da personalidade jurídica, tratando-o como uma modalidade de intervenção
de terceiro, já que, com a desconsideração, o sócio, que até então era considerado terceiro no
processo, passará a integrar a lide.
OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL

Conforme previsto no art. 133 do CPC/2015, o incidente de desconsideração da personalidade


jurídica será instaurado a pedido da parte ou do Ministério Público, quando lhe couber intervir
no processo, sendo, portanto, vedada a desconsideração ex officio. TEMA COBRADO NO XXVIII
EXAME DA OAB/FGV.

O incidente é cabível em todas as fases do processo de conhecimento, no cumprimento


de sentença e na execução fundada em título executivo extrajudicial. Entretanto, não haverá
necessidade de instauração do incidente se a desconsideração for requerida na inicial, pois, neste
caso, o processo já nasce contra as pessoas demandadas (art. 134 do CPC/2015).

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A instauração do incidente suspenderá o processo e o sócio ou a pessoa jurídica será citado para
manifestar-se e requerer as provas cabíveis no prazo de 15 (quinze) dias. Concluída a instrução,
se necessária, o incidente será resolvido por decisão interlocutória (arts. 135 e 136 do CPC/2015).

4.3.5.  AMICUS CURIAE

De acordo com o art. 138 do CPC/2015, o juiz ou o relator, considerando a relevância da


matéria, a especificidade do tema objeto da demanda ou a repercussão social da controvérsia,
poderá, por decisão irrecorrível, de ofício ou a requerimento das partes ou de quem pretenda
manifestar-se, solicitar ou admitir a participação de pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade
especializada, com representatividade adequada, no prazo de 15 (quinze) dias de sua intimação.

A intervenção do amicus curiae não implica alteração de competência nem autoriza a


interposição de recursos, ressalvadas a oposição de embargos de declaração e a possibilidade de
se recorrer da decisão que julgar o incidente de resolução de demandas repetitivas.

O amicus curiae, como regra geral, não pode recorrer, salvo para opor embargos de declaração
e para interpor recurso de decisão de incidente de resolução de demandas repetitivas

Caberá ao juiz ou ao relator, na decisão que solicitar ou admitir a intervenção, definir os poderes
do amicus curiae.

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5.  DESPESAS, HONORÁRIOS DE ADVOGADO E MULTA


OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL

As despesas abrangem as custas dos atos do processo, a indenização de viagem, a remuneração


do assistente técnico e a diária de testemunha.

Incumbe ao autor adiantar as despesas relativas a ato cuja realização o juiz determinar de ofício
ou a requerimento do Ministério Público quando sua intervenção ocorrer como fiscal da ordem
jurídica. Entretanto, a sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas que antecipou.

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Conforme art. 83 do CPC/2015, o autor, brasileiro ou estrangeiro, que residir fora do Brasil
ou deixar de residir no país ao longo da tramitação do processo, prestará caução suficiente
ao pagamento das custas e dos honorários de advogado da parte contrária nas ações que
propuser, se não tiver no Brasil bens imóveis que lhes assegurem o pagamento TEMA
COBRADO NO XX EXAME DA OAB.

Não se exigirá a caução: I - quando houver dispensa prevista em acordo ou tratado internacional
de que o Brasil faz parte; II - na execução fundada em título extrajudicial e no cumprimento de
sentença; III - na reconvenção.

Os honorários de advogado serão fixados entre o mínimo de dez e o máximo de vinte por cento
sobre o valor da condenação, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo,
sobre o valor atualizado da causa, observando-se como parâmetro: I - o grau de zelo do profissional;
II - o lugar de prestação do serviço; III - a natureza e a importância da causa; IV - o trabalho
realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.

Na ação de indenização por ato ilícito contra pessoa, o percentual de honorários incidirá sobre
a soma das prestações vencidas acrescida de 12 (doze) prestações vincendas.

Uma importante alteração trazida pelo novo código de processo civil diz respeito à
obrigatoriedade de majoração dos honorários fixados na sentença quando houver interposição
de recurso, devendo o Tribunal aumentar os honorários fixados anteriormente levando em conta
o trabalho adicional realizado em grau recursal, observado o limite máximo de 20% estabelecido
no § 2º do art. 85 do CPC/2015.

Os honorários constituem direito do advogado e têm natureza alimentar, com os mesmos


privilégios dos créditos oriundos da legislação do trabalho, sendo vedada a compensação em caso
de sucumbência parcial (art. 85, §14, do NCPC). Desse modo, a Súmula n. 306 do STJ, que permite a
compensação dos honorários advocatícios no caso de sucumbência recíproca deve ser cancelada.

De acordo com o § 17 do art. 85 do CPC/2015, os honorários também são devidos quando o


advogado atuar em causa própria.
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Importante destacar ainda que, se cada litigante for, em parte, vencedor e vencido, serão
proporcionalmente distribuídas entre eles as despesas processuais. Entretanto, se um litigante
sucumbir em parte mínima do pedido, o outro responderá, por inteiro, pelas despesas e pelos
honorários de advogado.
OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL

Além disso, concorrendo diversos autores ou diversos réus (litisconsórcio), os vencidos


respondem proporcionalmente pelas despesas e pelos honorários. Nesse caso, a sentença
deverá distribuir entre os litisconsortes, de forma expressa, a responsabilidade proporcional pelo
pagamento das verbas. No entanto, caso a distribuição não seja feita, os vencidos responderão
solidariamente pelas despesas e pelos honorários de advogado.

Havendo transação e nada tendo as partes disposto quanto às despesas, estas serão
divididas igualmente.

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O § 18 do art. 85 do CPC, por sua vez, dispõe que, se a decisão transitada em julgado for omissa
quanto ao direito aos honorários ou ao seu valor, é cabível ação autônoma para sua definição e
cobrança TEMA COBRADO NOS EXAMES XX E XXV DA OAB/FGV.

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6

6.  JUSTIÇA GRATUITA


OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL

De acordo com o § 2º do art. 98 do CPC/2015, a concessão de gratuidade da justiça, que


pode ser concedida à pessoa física ou jurídica, não afasta a responsabilidade do beneficiário pelas
despesas processuais e pelos honorários advocatícios decorrentes de sua sucumbência.

Com efeito, vencido o beneficiário da justiça gratuita, as obrigações decorrentes de sua


sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser executadas
se, nos 5 (cinco) anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o credor
demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário.

O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial, na contestação,


na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso. Se superveniente à primeira
manifestação da parte na instância, o pedido poderá ser formulado por petição simples, nos autos
do próprio processo, e não suspenderá seu curso.

O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que evidenciem a falta
dos pressupostos legais para a concessão de gratuidade, devendo, antes de indeferir o pedido,
determinar à parte a comprovação do preenchimento dos referidos pressupostos.

Deferido o pedido, a parte contrária poderá se insurgir contra a concessão da gratuidade na


contestação, na réplica, nas contrarrazões de recurso ou, nos casos de pedido superveniente ou
formulado por terceiro, por meio de petição simples, a ser apresentada no prazo de 15 (quinze)
dias, nos autos do próprio processo, sem suspensão de seu curso (art. 100 do CPC/2015). TEMA
COBRADO NO XXI EXAME DA OAB/FGV.

Contra a decisão que indeferir a gratuidade ou a que acolher pedido de sua revogação caberá
agravo de instrumento, exceto quando a questão for resolvida na sentença, contra a qual caberá
apelação (art. 101 do CPC/2015).

Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa


natural. Para a pessoa jurídica, a alegação da insuficiência deve ser acompanhada de prova
(art. 99, § 3º, do CPC/2015).

Por fim, é importante registrar que gratuidade poderá ser concedida em relação a algum ou
a todos os atos processuais, ou consistir na redução percentual de despesas processuais que o
beneficiário tiver de adiantar no curso do procedimento.

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7.  JUIZ E AUXILIARES DA JUSTIÇA


OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL

Cabe ao juiz a direção do processo, sendo que o art. 139 do CPC/2015 lhe impõe alguns deveres,
dos quais destacamos os mais importante para a prova da OAB/FGV: promover, a qualquer tempo,
a autocomposição, preferencialmente com auxílio de conciliadores e mediadores judiciais (inciso
V); dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova, adequando-
os às necessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade à tutela do direito (inciso VI);
quando se deparar com diversas demandas individuais repetitivas, oficiar o Ministério Público, a
Defensoria Pública e, na medida do possível, outros legitimados, para, se for o caso, promover a
propositura da ação coletiva respectiva (inciso X).

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O CPC/2015 deixou claro ainda a possibilidade de se responsabilizar o juiz civilmente e de
forma regressiva, quando, no exercício de suas funções, proceder com dolo ou fraude ou recusar,
omitir ou retardar, sem justo motivo, providência que deva ordenar de ofício ou a requerimento da
parte (art. 143 do CPC/2015).

Tratando-se de responsabilidade regressiva, a ação de indenização deve ser proposta


inicialmente em face da União (juiz federal) ou do Estado (juiz estadual), permitindo-se, em caso
de condenação, que o ente federativo ajuíze ação de regresso em face do magistrado.

Outro tema importante para a prova da OAB/FGV diz respeito às causas de impedimento e
suspeição do juiz previstas nos artigos 144 e 145 do CPC/2015:

IMPEDIMENTOS
Art. 144. Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas funções no processo:

I - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como
membro do Ministério Público ou prestou depoimento como testemunha;

II - de que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo proferido decisão;

III - quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado ou membro do
Ministério Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer parente, consanguíneo ou
afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive;

IV - quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou companheiro, ou parente,
consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive;
TEMA COBRADO NO XX EXAME DA OAB/FGV.
V - quando for sócio ou membro de direção ou de administração de pessoa jurídica parte
no processo;

VI - quando for herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de qualquer das partes;

VII - em que figure como parte instituição de ensino com a qual tenha relação de
emprego ou decorrente de contrato de prestação de serviços;
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VIII - em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge,
companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro
grau, inclusive, mesmo que patrocinado por advogado de outro escritório;

IX - quando promover ação contra a parte ou seu advogado.


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§ 1º Na hipótese do inciso III, o impedimento só se verifica quando o defensor público, o


advogado ou o membro do Ministério Público já integrava o processo antes do início da
atividade judicante do juiz.

§ 2º É vedada a criação de fato superveniente a fim de caracterizar impedimento do juiz.

§ 3º O impedimento previsto no inciso III também se verifica no caso de mandato


conferido a membro de escritório de advocacia que tenha em seus quadros advogado
que individualmente ostente a condição nele prevista, mesmo que não intervenha
diretamente no processo.

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SUSPEIÇÃO
Art. 145. Há suspeição do juiz:

I - amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de seus advogados;

II - que receber presentes de pessoas que tiverem interesse na causa antes ou depois
de iniciado o processo, que aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa ou
que subministrar meios para atender às despesas do litígio;

III - quando qualquer das partes for sua credora ou devedora, de seu cônjuge ou
companheiro ou de parentes destes, em linha reta até o terceiro grau, inclusive;

IV - interessado no julgamento do processo em favor de qualquer das partes.

§ 1º Poderá o juiz declarar-se suspeito por motivo de foro íntimo, sem necessidade de
declarar suas razões.

§ 2º Será ilegítima a alegação de suspeição quando:

I - houver sido provocada por quem a alega;

II - a parte que a alega houver praticado ato que signifique manifesta aceitação do arguido.

De acordo com o art. 146 do CPC/2015, a parte deve alegar no prazo de 15 (quinze) dias, a
contar do conhecimento do fato, o impedimento ou a suspeição em petição específica dirigida ao
juiz do processo, na qual indicará o fundamento da recusa, podendo instruí-la com documentos em
que se fundar a alegação e com rol de testemunhas. TEMA COBRADO NO XX EXAME DA OAB/
FGV.

Se reconhecer o impedimento ou a suspeição ao receber a petição, o juiz ordenará imediatamente


a remessa dos autos a seu substituto legal, caso contrário, determinará a autuação em apartado
da petição e, no prazo de 15 (quinze) dias, apresentará suas razões, acompanhadas de documentos
e de rol de testemunhas, se houver, ordenando a remessa do incidente ao tribunal.

Distribuído no Tribunal, o relator deverá declarar os efeitos em que o incidente será recebido,
sendo que, se for recebido sem efeito suspensivo, o processo voltará a correr e, se for recebido
com efeito suspensivo, o processo permanecerá suspenso até o julgamento do incidente.
27
Verificando que a alegação de impedimento ou de suspeição é improcedente, o tribunal rejeitá-
la-á. Por outro lado, acolhida a alegação, tratando-se de impedimento ou de manifesta suspeição,
o tribunal condenará o juiz nas custas e remeterá os autos ao seu substituto legal, devendo o
tribunal fixar o momento a partir do qual o juiz não poderia ter atuado, decretando a nulidade dos
atos praticados quando já presente o motivo de impedimento ou de suspeição.
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O art. 148 do CPC/2015 estabelece ainda que os motivos de impedimento e de suspeição se


aplicam: I - ao membro do Ministério Público; II - aos auxiliares da justiça; III - aos demais sujeitos
imparciais do processo.

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8.  MINISTÉRIO PÚBLICO


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O Ministério Público atuará na defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses
e direitos sociais e individuais indisponíveis e será intimado para, no prazo de 30 (trinta) dias,
intervir como fiscal da ordem jurídica nas hipóteses previstas em lei ou na Constituição Federal e
nos processos que envolvam: I - interesse público ou social; II - interesse de incapaz; III - litígios
coletivos pela posse de terra rural ou urbana

A participação da Fazenda Pública não configura, por si só, hipótese de intervenção do Ministério

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Público, conforme previsto no parágrafo único do art. 178 do CPC/2015.

O novo código de processo civil alterou substancialmente a antiga regra do art. 188 do CPC/73
(prazo em dobro para recorrer e em quadruplo para contestar), prevendo a que Ministério Público
gozará de prazo em dobro para manifestar-se nos autos, que terá início a partir de sua intimação
pessoal, salvo quando a lei estabelecer, de forma expressa, prazo próprio, conforme art. 188 do
CPC/2015 TEMA COBRADO NO XIV EXAME DA OAB/FGV.

Por fim, estabelece o art. 181 do CPC/2015 que o membro do Ministério Público será civil e
regressivamente responsável quando agir com dolo ou fraude no exercício de suas funções.

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9.  DEFENSORIA PÚBLICA


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A Defensoria Pública exercerá a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa
dos direitos individuais e coletivos dos necessitados, em todos os graus, de forma integral e gratuita.

A Defensoria Pública goza de prazo em dobro para todas as suas manifestações processuais,
regra que se aplica também aos escritórios de prática jurídica das faculdades de Direito
reconhecidas na forma da lei e às entidades que prestam assistência jurídica gratuita em razão de
convênios firmados com a Defensoria Pública. (art. 186).

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


A Regra do prazo em dobro se aplica a defensoria pública, ao ministério público e aos
advogados públicos.

O art. 187 do CPC/2015, por sua vez, estabelece que o membro da Defensoria Pública será civil
e regressivamente responsável quando agir com dolo ou fraude no exercício de suas funções.

A regra da responsabilidade civil regressiva se aplica aos juízes, membros do Ministério Público,
defensores públicos e aos advogados públicos.

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10.  ATOS PROCESSUAIS


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10.1.  FORMA DOS ATOS PROCESSUAIS

Dispõe o art. 188 do CPC/2015 que os atos e os termos processuais não dependem de forma
determinada, salvo quando a lei expressamente a exigir, considerando-se válidos os que, realizados
de outro modo, lhe preencham a finalidade essencial (princípio da instrumentalidade das formas).

Além disso, como regra geral, os atos processuais são públicos. Entretanto, tramitam em

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segredo de justiça os processos: I - em que o exija o interesse público ou social; II - que versem
sobre casamento, separação de corpos, divórcio, separação, união estável, filiação, alimentos e
guarda de crianças e adolescentes; III - em que constem dados protegidos pelo direito constitucional
à intimidade; IV - que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta arbitral, desde
que a confidencialidade estipulada na arbitragem seja comprovada perante o juízo (art. 189 do CPC).

Importante inovação trazida pelo novo Código de Processo Civil vem estampada em seu art.
190, segundo o qual, versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às
partes plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades
da causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes
ou durante o processo TEMA COBRADO NO XX EXAME DA OAB/FGV.

O juiz, de ofício ou a requerimento, controlará a validade das convenções, recusando-lhes


aplicação somente nos casos de nulidade ou de inserção abusiva em contrato de adesão ou em
que alguma parte se encontre em manifesta situação de vulnerabilidade.

O art. 190 do CPC/2015 representa uma grande inovação do novo código, permitindo a
realização dos denominados negócios jurídicos processuais, ou seja, permite que as partes
estipulem, nas lides que envolvam direitos que admitam autocomposição, mudanças no
procedimento, como, por exemplo, a alteração de prazos, da distribuição do ônus da prova,
da realização ou não de audiência, etc.

Os prazos processuais são contados excluindo o dia do começo e incluindo o dia de vencimento
(art. 224, caput, do CPC/2016), computando-se apenas os dias úteis (art. 219 do CPC/2015).

A contagem dos prazos em dias úteis é uma das grandes novidades do CPC/2015 e um tema
muito importante para a prova da OAB/FGV.

Vejamos abaixo as principais regras sobre forma dos atos processuais para a prova da OAB/FGV:
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• Os atos processuais serão realizados em dias úteis, das 6 (seis) às 20 (vinte)
horas. Independentemente de autorização judicial, as citações, intimações e penhoras
poderão realizar-se no período de férias forenses, onde as houver, e nos feriados
ou dias úteis fora do horário acima citado, observado a inviolabilidade do domicílio
prevista no art. 5º, inciso XI, da Constituição Federal. (art. 212, caput, CPC/2015).
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• A prática eletrônica de ato processual pode ocorrer em qualquer horário até as


24 (vinte e quatro) horas do último dia do prazo (art. 213 do CPC/2015), sendo que o
horário vigente no juízo perante o qual o ato deve ser praticado será considerado para
fins de atendimento do prazo.

• Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de advocacia


distintos, terão prazos contados em dobro para todas as suas manifestações, em
qualquer juízo ou tribunal, independentemente de requerimento. Cessa a contagem

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do prazo em dobro se, havendo apenas 2 (dois) réus, é oferecida defesa por apenas
um deles. Além disso, a regra de contagem em dobro não se aplica aos processos em
autos eletrônicos (art. 229 do CPC/2015).

A regra do prazo em dobro para litisconsortes com procuradores diferentes somente é aplicada e
os advogados pertencerem a escritórios de advocacia distintos e se o processo não for eletrônico.

• Os advogados públicos ou privados, o defensor público e o membro do Ministério


Público devem restituir os autos no prazo do ato a ser praticado. É lícito a qualquer
interessado exigir os autos do advogado que exceder prazo legal. Se, intimado, o
advogado não devolver os autos no prazo de 3 (três) dias, perderá o direito à vista
fora de cartório e incorrerá em multa correspondente à metade do salário-mínimo.
Verificada a falta, o juiz comunicará o fato à seção local da Ordem dos Advogados do
Brasil para procedimento disciplinar e imposição de multa. Se a situação envolver
membro do Ministério Público, da Defensoria Pública ou da Advocacia Pública, a
multa, se for o caso, será aplicada ao agente público responsável pelo ato (art. 234 do
CPC/2015).

Outra regra de extrema importância pra a prova da OAB diz respeito ao início da contagem do
prazo, prevista no art. 231 do CPC/2015, in verbis:

Art. 231. Salvo disposição em sentido diverso, considera-se dia do começo do prazo:

I - a data de juntada aos autos do aviso de recebimento, quando a citação ou a intimação


for pelo correio; TEMA COBRADO NO X EXAME DA OAB/FGV.
II - a data de juntada aos autos do mandado cumprido, quando a citação ou a intimação
for por oficial de justiça;

III - a data de ocorrência da citação ou da intimação, quando ela se der por ato do
escrivão ou do chefe de secretaria;

IV - o dia útil seguinte ao fim da dilação assinada pelo juiz, quando a citação ou a
intimação for por edital;

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V - o dia útil seguinte à consulta ao teor da citação ou da intimação ou ao término do
prazo para que a consulta se dê, quando a citação ou a intimação for eletrônica;

VI - a data de juntada do comunicado de que trata o art. 232 ou, não havendo esse, a data
de juntada da carta aos autos de origem devidamente cumprida, quando a citação ou a
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intimação se realizar em cumprimento de carta;

VII - a data de publicação, quando a intimação se der pelo Diário da Justiça impresso
ou eletrônico;

VIII - o dia da carga, quando a intimação se der por meio da retirada dos autos, em
carga, do cartório ou da secretaria.

§ 1º Quando houver mais de um réu, o dia do começo do prazo para contestar


corresponderá à última das datas a que se referem os incisos I a VI do caput.

§ 2º Havendo mais de um intimado, o prazo para cada um é contado individualmente.

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§ 3º Quando o ato tiver de ser praticado diretamente pela parte ou por quem, de
qualquer forma, participe do processo, sem a intermediação de representante judicial,
o dia do começo do prazo para cumprimento da determinação judicial corresponderá à
data em que se der a comunicação.

§ 4º Aplica-se o disposto no inciso II do caput à citação com hora certa.

10.2.  COMUNICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS

Os atos processuais são comunicados por ordem judicial, quando realizados dentro da área de
atuação do juiz competente, ou por carta, quando realizados fora da sua área de atuação.

Conforme previsto no art. 237 do CPC/2015, a carta poderá ser uma das seguintes espécies:

• Carta de ordem: expedida pelo Tribunal para juízo a ele vinculado para realização de
atos executivos ou materiais.

• Carta rogatória: expedida para que órgão jurisdicional estrangeiro pratique ato
de cooperação jurídica internacional, relativo a processo em curso perante órgão
jurisdicional brasileiro;

• Carta Precatória: expedida para que órgão jurisdicional brasileiro pratique ou


determine o cumprimento, na área de sua competência territorial, de ato relativo a
pedido de cooperação judiciária formulado por órgão jurisdicional de competência
territorial diversa;

• Carta arbitral: expedida para que órgão do Poder Judiciário pratique ou determine
o cumprimento, na área de sua competência territorial, de ato objeto de pedido de
cooperação judiciária formulado por juízo arbitral, inclusive os que importem efetivação
de tutela provisória TEMA COBRADO NO XXIII EXAME DA OAB/FGV.

CITAÇÃO

A citação é o ato pelo qual são convocados o réu, o executado ou o interessado para integrar
33
a relação processual, sendo indispensável para a validade do processo, ressalvadas as hipóteses
de indeferimento da petição inicial (art. 330 do CPC/2015) ou de improcedência liminar do pedido
(art. 332 do CPC/2015).

De acordo com o art. 240 do CPC/2015, a citação válida, ainda quando ordenada por juízo
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incompetente, induz litispendência, torna litigiosa a coisa e constitui em mora o devedor, salvo
os casos de inadimplemento de obrigação vinculada a termo e aquelas provenientes de ato ilícito,
em que o devedor se constitui em mora com o advento do termo e com a prática do ato ilícito,
respectivamente TEMA COBRADO NO XII EXAME DA OAB/FGV.

A citação poderá ser feita em qualquer lugar em que se encontre o réu, o executado ou o
interessado. Entretanto, não se fará a citação, salvo para evitar o perecimento do direito, nos
seguintes casos: I - de quem estiver participando de ato de culto religioso; II - de cônjuge, de
companheiro ou de qualquer parente do morto, consanguíneo ou afim, em linha reta ou na linha

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colateral em segundo grau, no dia do falecimento e nos 7 (sete) dias seguintes; III - de noivos, nos
3 (três) primeiros dias seguintes ao casamento; IV - de doente, enquanto grave o seu estado.

Além disso, quando o citando for mentalmente incapaz ou estiver impossibilitado de receber a
citação, o oficial de justiça descreverá e certificará minuciosamente a ocorrência e o juiz nomeará
médico para examinar o citando, que apresentará laudo no prazo de 5 (cinco) dias. Reconhecida
a impossibilidade, o juiz nomeará curador ao citando, devendo a citação ser feita na pessoa do
curador, a quem incumbirá a defesa dos interesses do citando.

Conforme previsto no art. 246 do CPC/2015, a citação será feita: I - pelo correio; II - por oficial
de justiça; III - pelo escrivão ou chefe de secretaria, se o citando comparecer em cartório; IV - por
edital; V - por meio eletrônico, conforme regulado em lei.

MODALIDADE DE CITAÇÃO CARACTERÍSTICAS

PELO CORREIO É a forma preferencial para que a citação seja realizada. Não
poderá ser feita, entretanto, nas ações de estado, quando o citando
for incapaz, quando o citando for pessoa de direito público, quando
o citando residir em local não atendido pela entrega domiciliar de
correspondência e quando o autor, justificadamente, a requerer de
outra forma. Nessas hipóteses, a citação deve ser feita por oficial de
justiça TEMA COBRADO NO VI EXAME DA OAB/FGV.

PELO OFICIAL DE JUSTIÇA Ocorrerá nas hipóteses previstas no CPC ou em lei, ou


quando frustrada a citação pelo correio. Quando, por 2 (duas)
vezes, o oficial de justiça houver procurado o citando em seu
domicílio ou residência sem o encontrar, deverá, havendo
suspeita de ocultação, proceder à citação por hora certa.

Nas comarcas contíguas de fácil comunicação e nas que


se situem na mesma região metropolitana, o oficial de justiça
poderá efetuar, em qualquer delas, citações, intimações,
notificações, penhoras e quaisquer outros atos executivos.

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POR EDITAL Ocorrerá quando desconhecido ou incerto o citando,
quando ignorado, incerto ou inacessível o lugar em que
se encontrar o citando ou nos casos expressos em lei.
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Considera-se inacessível, para efeito de citação por


edital, o país que recusar o cumprimento de carta rogatória.

No caso de ser inacessível o lugar em que se encontrar


o réu, a notícia de sua citação será divulgada também pelo
rádio, se na comarca houver emissora de radiodifusão.

CITAÇÃO POR HORA CERTA. Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de justiça houver procurado o

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citando em seu domicílio ou residência sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de ocultação,
intimar qualquer pessoa da família ou, em sua falta, qualquer vizinho de que, no dia útil
imediato, voltará a fim de efetuar a citação, na hora que designar. Nos condomínios edilícios ou
nos loteamentos com controle de acesso, será válida a intimação ora tratada feita a funcionário
da portaria responsável pelo recebimento de correspondência.

No dia e na hora designados, o oficial de justiça, independentemente de novo despacho,


comparecerá ao domicílio ou à residência do citando a fim de realizar a diligência. Se o citando não
estiver presente, o oficial de justiça procurará informar-se das razões da ausência, dando por feita
a citação, ainda que o citando se tenha ocultado em outra comarca, seção ou subseção judiciárias.

A citação com hora certa será efetivada mesmo que a pessoa da família ou o vizinho que
houver sido intimado esteja ausente, ou se, embora presente, a pessoa da família ou o vizinho
se recusar a receber o mandado.

Da certidão da ocorrência, o oficial de justiça deixará contrafé com qualquer pessoa da família
ou vizinho, conforme o caso, declarando-lhe o nome. O oficial de justiça fará constar do mandado
a advertência de que será nomeado curador especial se houver revelia.

INTIMAÇÃO

Intimação é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e dos termos do processo.

Importante inovação trazida pelo CPC de 2015 é a possibilidade dos advogados promoverem a
intimação do advogado da outra parte por meio do correio, juntando aos autos, em seguida, cópia
do ofício de intimação e do aviso de recebimento. O ofício de intimação deverá ser instruído com
cópia do despacho, da decisão ou da sentença.

Quando não realizadas por meio eletrônico, consideram-se feitas as intimações pela publicação
dos atos no órgão oficial.

Os advogados poderão requerer que, na intimação a eles dirigida, figure apenas o nome da
sociedade a que pertençam, desde que devidamente registrada na Ordem dos Advogados do Brasil.
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Sob pena de nulidade, é indispensável que da publicação constem os nomes das partes e de
seus advogados, com o respectivo número de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil, ou, se
assim requerido, da sociedade de advogados.
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NULIDADES

Entende-se como nulidade a ausência de requisito essencial para a validade do ato. A nulidade
poderá ser absoluta ou relativa.

NULIDADE ABSOLUTA NULIDADE RELATIVA

O ato viola norma de interesse público, Viola norma de interesse privado,

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podendo ser declarada de ofício pelo juiz. devendo ser alegada pela parte.
Não há necessidade de demonstração de
prejuízo (Exemplo: incompetência Absoluta).

Vejamos abaixo os princípios sobre as nulidades tratados no CPC/2015:

PRINCÍPIO DO INTERESSE OU BOA-FÉ: possui previsão no art. 276 do CPC/2015 e dispõe que
a nulidade do ato processual não será pronunciada se arguida por quem lhe deu causa. Salienta-se
que o princípio do interesse só alcança, evidentemente, as nulidades relativas, pois as nulidades
absolutas constituem matéria de ordem pública.

PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS: também conhecido como princípio


da finalidade, dispõe que, quando a lei prescrever que o ato deva ter determinada forma, o
juiz considerará válido a ato se, realizado de outro modo, alcançar a sua finalidade (art. 277 do
CPC/2015).

PRINCÍPIO DA CONVALIDAÇÃO OU DA PRECLUSÃO OU DA OPORTUNIDADE: está consagrado no


art. 278 do CPC/2015, segundo o qual “a nulidade dos atos deve ser alegada na primeira oportunidade
em que couber à parte falar nos autos, sob pena de preclusão.” TEMA COBRADO NO VI EXAME DA
OAB/FGV. Se a parte não suscitar a nulidade relativa na primeira oportunidade que tiver para falar
em audiência ou nos autos, haverá a convalidação do ato, ou seja, o ato anteriormente nulo passa
à condição de ato válido. Entretanto, não haverá preclusão em relação às nulidades que o juiz deva
decretar de ofício, nem prevalece a preclusão provando a parte legítimo impedimento.

PRINCÍPIO DO PREJUÍZO: também conhecido como princípio da transcendência, estabelece


que não haverá nulidade sem prejuízo manifesto às partes interessadas. É inspirado no sistema
francês (pás de nullité sans grief).

PRINCÍPIO DA UTILIDADE: Deve-se aproveitar ao máximo os atos válidos que ocorreram


posteriormente ao ato nulo. Ressalta-se ainda que os atos válidos anteriores à nulidade não serão
por ela maculados, nem aqueles que dela sejam independentes (art. 281 do CPC/2015).

PRINCÍPIO DA ECONOMIA PROCESSUAL: possui respaldo no art. 282 do CPC/2015, segundo


o qual a nulidade não será pronunciada quando for possível suprir-se a falta ou repetir-se o ato. O
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ato, portanto, não será declarado nulo se puder ser reaproveitado.

É importante destacar que o art. 279 do CPC/2015 estabelece que é nulo o processo quando o
membro do Ministério Público não for intimado a acompanhar o feito em que deva intervir. Se o
processo tiver tramitado sem conhecimento do membro do Ministério Público, o juiz invalidará os
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atos praticados a partir do momento em que ele deveria ter sido intimado. Entretanto, a nulidade só
pode ser decretada após a intimação do Ministério Público, que se manifestará sobre a existência
ou a inexistência de prejuízo.

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11.  TUTELA PROVISÓRIA


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Para entender o que é tutela provisória é importante primeiramente entender o que é tutela definitiva.

Entende-se por tutela definitiva qualquer tipo de tutela que se pretende alcançar ao final do
processo, pressupondo cognição exauriente e a formação da coisa julgada. A tutela definitiva pode
ser satisfativa (reconhecer ou efetivar um direito) ou cautelar (resguardar um direito).

Não há distinção ontológica entre tutela definitiva e provisória, mas apenas distinção em

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relação ao momento de sua concessão. A tutela provisória, portanto, é a mesma pretensão da
tutela definitiva, mas concedida de maneira sumária.

As tutelas provisórias (artigos 294 a 311 do CPC/2015) são divididas em tutela provisória de
evidência e tutela provisória de urgência.

A tutela provisória de urgência, por sua vez, é subdividida ainda em tutela antecipada e cautelar.

TUTELA PROVISÓRIA

Tutela de urgência Tutela de evidência

Antecipada Cautelar

A principal diferença entre tutela de urgência e de evidência diz respeito à existência de risco
de dano irreparável ou de difícil reparação, presente apenas na tutela de urgência, já que na tutela
de evidencia não há necessidade da demonstração de perigo.

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REQUISITOS PARA A TUTELA REQUISITOS PARA A TUTELA
DE URGÊNCIA DE EVIDÊNCIA

• Probabilidade da existência do direito • Probabilidade da existência do direito


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• Risco de dano irreparável ou de difícil reparação • Não há necessidade de demonstração de


urgência (perigo).

Na tutela de urgência, portanto, a ideia é a proteção de um direito que pode perecer em razão
das delongas inerentes ao curso do processo. Na tutela de evidência, por outro lado, embora não
exista perigo de perecimento do direito, a sua concessão é de interesse da parte para lhe permitir
usufruir de seu direito antecipadamente.

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


11.1.  TUTELA DE URGÊNCIA

No código de processo civil de 1973, para a concessão da antecipação dos efeitos da tutela eram
exigidos três requisitos: a) prova inequívoca, b) verossimilhança e c) receio de dano irreparável ou
de difícil reparação. Já para a tutela cautelar genérica exigia-se apenas o fumus boni iuris e o
periculum in mora.

O código de processo civil de 2015 unificou os requisitos de ambas as tutelas, prevendo que
para a concessão da tutela de urgência basta a presença da probabilidade do direito e o perigo de
dano ou o risco ao resultado útil do processo (art. 300 do CPC).

A principal diferença entre tutela antecipada e cautelar diz respeito à satisfatividade da medida.

TUTELA ANTECIPADA TUTELA CAUTELAR

Caráter de satisfatividade, uma vez que, Caráter de conservação do direito pleiteado,


quando concedida, equivale à pretensão do autor como no caso do pedido de arresto ou sequestro.

Como na prática muitas vezes é difícil diferenciar a tutela cautelar da antecipada, permite-se a
fungibilidade entre as medidas, ou seja, permite-se que o juiz aprecie um pedido cautelar como
tutela antecipada, e vice-versa.

Saliente-se que o § 3º do art. 303 do CPC/2015 prevê ainda um pressuposto negativo para a
concessão da tutela antecipada, qual seja, a proibição de sua concessão quando houver perigo de
irreversibilidade dos efeitos da decisão.

É importante frisar que a regra da irreversibilidade não é absoluta, cabendo ao juiz afastá-
la nos casos em que o direito discutido é proporcionalmente mais importante que a segurança
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jurídica. A título de exemplo, em eventual ação movida contra um plano de saúde, presentes os
demais requisitos da tutela de urgência, o juiz poderá conceder a tutela antecipada para que o
autor realize uma cirurgia de emergência.

Entretanto, caso a tutela de urgência concedida não seja posteriormente confirmada pela
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decisão judicial, a parte que a requereu deverá indenizar a parte contrária pelos prejuízos
causados, conforme previsto no art. 302 do CPC/2015. Trata-se de responsabilidade objetiva, uma
vez que não depende da existência de dolo ou culpa.

A tutela de urgência poderá ser requerida em caráter antecedente (requerida antes do pedido
final) ou incidente (requerida conjuntamente ou posteriormente ao pedido final).

A principal diferença entre as tutelas ocorre no procedimento em caráter antecedente.

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PROCEDIMENTO DA TUTELA PROCEDIMENTO DA TUTELA
ANTECIPADA REQUERIDA EM CAUTELAR REQUERIDA EM
CARÁTER ANTECEDENTE (ART. 303 E CARÁTER ANTECEDENTE (ART. 305 E
SEGUINTES) SEGUINTES)
• A petição inicial pode limitar-se ao requerimento • A petição inicial da ação que visa à prestação de
da tutela antecipada e à indicação do pedido de tutela cautelar em caráter antecedente indicará
tutela final, com a exposição da lide, do direito a lide e seu fundamento, a exposição sumária do
que se busca realizar e do perigo de dano ou do direito que se objetiva assegurar e o perigo de
risco ao resultado útil do processo. TEMA dano ou o risco ao resultado útil do processo.
COBRADO NO XXVII EXAME DA OAB/FGV)
• O réu será citado para, no prazo de
5 (cinco) dias, contestar o pedido e
• Concedida a tutela, o autor deverá aditar a indicar as provas que pretende produzir.
petição inicial, com a complementação de sua
argumentação, a juntada de novos documentos
e a confirmação do pedido de tutela final, em 15
(quinze) dias ou em outro prazo maior que o juiz • Não sendo contestado o pedido, os fatos
fixar. Se o autor não aditar a petição, haverá extinção alegados pelo autor presumir-se-ão aceitos
pelo réu como ocorridos, caso em que
do processo sem resolução do mérito TEMA o juiz decidirá dentro de 5 (cinco) dias.
COBRADO NOS EXAMES XXI E XXIV DA OAB/FGV.

• Contestado o pedido no prazo legal,


• Havendo o aditamento, o réu será citado e intimado observar-se-á o procedimento comum.
para a audiência de conciliação ou de mediação e, sendo
esta frustrada, será aberto o prazo para a contestação.
• Efetivada a tutela cautelar, o pedido principal
terá de ser formulado pelo autor no prazo de
• Se o réu não recorrer da decisão que concedeu 30 (trinta) dias, caso em que será apresentado
a tutela antecipada ocorrerá a estabilização nos mesmos autos em que deduzido o pedido
da decisão, extinguindo-se o processo. de tutela cautelar, não dependendo do
adiantamento de novas custas processuais.

• Qualquer das partes poderá demandar a outra


com o intuito de rever, reformar ou invalidar a • Apresentado o pedido principal, as partes serão
tutela antecipada estabilizada no prazo de 2 anos. intimadas para a audiência de conciliação ou de
mediação, por seus advogados ou pessoalmente,
sem necessidade de nova citação do réu.
• A decisão que concede a tutela não fará coisa julgada,
mas a estabilidade dos respectivos efeitos só será
afastada por decisão que a revir, reformar ou invalidar. • Não havendo autocomposição,
inicia-se o prazo para a contestação.

40
Por fim, a tutela de urgência poderá ser concedida liminarmente (sem a oitiva da parte
contrária) ou após justificação prévia.

11.2.  TUTELA DE EVIDÊNCIA


OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL

Conforme mencionado anteriormente, a tutela de evidência é espécie de tutela provisória que


pode ser concedida sem a necessidade de demonstração de perigo, isto é, sem a comprovação do
risco de dano irreparável ou de difícil reparação.

Com efeito, de acordo com o art. 311 do CPC/2015, a tutela da evidência será concedida,
independentemente da demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo,
quando:

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I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório
da parte;

II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver


tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante; TEMA
COBRADO NO XXIX EXAME DA OAB/FGV
III - se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada
do contrato de depósito, caso em que será decretada a ordem de entrega do objeto
custodiado, sob cominação de multa;

IV - a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos
do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável.

O novo código permite ainda que nas hipóteses dos incisos II e III acima transcritos, o juiz
conceda a tutela de evidência liminarmente. TEMA COBRADO NO XXVII EXAME DA OAB/FGV.

Já nas hipóteses previstas nos incisos I e IV, a concessão da tutela de evidência depende de
prévia oitiva do réu TEMA COBRADO NO XXVI EXAME DA OAB/FGV.

41
12

12.  FORMAÇÃO, SUSPENSÃO E EXTINÇÃO DO PROCESSO


OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL

O processo forma-se com o protocolo da petição inicial, passando a integrar a lide o autor e o
juiz da causa. A integração completa do processo, entretanto, ocorre apenas com a citação válida
do réu, momento em que haverá os efeitos previstos no art. 240 do CPC/2015 (induz litispendência,
torna litigiosa a coisa e constitui em mora o devedor).

Alguns eventos externos poderão causar a suspensão do processo, hipótese em é vedado


praticar qualquer ato processual, podendo o juiz, todavia, determinar a realização de atos urgentes
a fim de evitar dano irreparável, salvo no caso de arguição de impedimento e de suspeição (art.

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314 do CPC/2015).

Com base no art. 313 do CPC/2015, destacamos abaixo as principais hipótese de suspensão do processo:

PRINCIPAIS HIPÓTESES DE CONSEQUÊNCIAS


SUSPENSÃO DO PROCESSO IMPORTANTES

Morte ou pela perda da capacidade processual No caso de morte do procurador de qualquer das
de qualquer das partes, de seu representante partes, ainda que iniciada a audiência de instrução e
legal ou de seu procurador julgamento, o juiz determinará que a parte constitua
novo mandatário, no prazo de 15 (quinze) dias, ao final
do qual extinguirá o processo sem resolução de mérito,
se o autor não nomear novo mandatário, ou ordenará o
prosseguimento do processo à revelia do réu, se falecido
o procurador deste.

Convenção das partes O prazo de suspensão do processo não poderá exceder


6 meses

Arguição de impedimento ou de suspeição;

Admissão de incidente de resolução de


demandas repetitivas

Quando a sentença de mérito: a) depender do O prazo de suspensão do processo nunca poderá


julgamento de outra causa ou da declaração de exceder 1 (um) ano
existência ou de inexistência de relação jurídica
que constitua o objeto principal de outro processo
pendente; b) tiver de ser proferida somente após a
verificação de determinado fato ou a produção de
certa prova, requisitada a outro juízo

Motivo de força maior

42
Suspensão de 30 dias pelo parto ou pela Hipótese acrescida pela Lei n. 13.363/2016
concessão de adoção, quando a advogada
responsável pelo processo constituir a única
patrona da causa.
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Suspensão de 8 dias quando o advogado Hipótese acrescida pela Lei n. 13.363/2016


responsável pelo processo constituir o único
patrono da causa e tornar-se pai.

A Lei n. 13.363/2016 acrescentou os incisos IX e X ao art. 313 do CPC/2015 prevendo mais duas
hipóteses de suspensão do processo, a saber: quando a única advogada constituída realizar
adoção ou parto (30 dias) e na hipótese do único advogado constituído se tornar pai (8 dias).

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


A extinção do processo, por sua vez, dar-se-á por sentença, que poderá ser terminativa (sem
resolução do mérito) ou definitiva (com resolução do mérito).

Conforme previsto no art. 317 do CPC/2015, antes de proferir decisão sem resolução de
mérito, o juiz deverá conceder à parte oportunidade para, se possível, corrigir o vício. É
importante lembrar ainda que, no do processo ser extinto sem resolução do mérito, o autor
poderá ingressar com nova ação, que será distribuída por dependência, conforme art. 286, II,
do CPC/2015 TEMA COBRADO NOS EXAMES X E XXIII DA OAB/FGV.

43
13

13.  PROCEDIMENTO COMUM


OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL

Com o Código de Processo Civil de 2015, não há mais a antiga divisão estabelecida entre
procedimento sumário e ordinário, passando a existir apenas uma espécie de procedimento,
denominado de “procedimento comum”.

13.1.  PETIÇÃO INICIAL

A petição inicial é o ato processual que provoca o exercício da atividade jurisdicional, até então

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


inerte. Para a elaboração da petição inicial, o código de processo civil exige que a peça preencha
alguns requisitos (art. 319 do CPC/2015).

REQUISITOS DA CONSIDERAÇÕES
PETIÇÃO INICIAL IMPORTANTES

Endereçamento Deve ser dirigida ao juiz ou ao Tribunal

Qualificação Nomes, prenomes, estado civil, profissão, CPF ou


CNPJ, endereço eletrônico, domicílio e residência do
autor e do réu. Caso não disponha das informações ora
citadas, poderá o autor, na petição inicial, requerer ao juiz
diligências necessárias a sua obtenção.

Causa de Pedir Fatos e fundamentos jurídicos do pedido

Pedido A ausência de pedido gera a extinção do processo sem


resolução do mérito. Cabe salientar que o autor poderá
modificar o pedido até a citação do réu. Após a citação,
a alteração do pedido depende da concordância do réu.

Valor da causa O juiz corrigirá, de ofício e por arbitramento, o valor da


causa quando verificar que não corresponde ao conteúdo
patrimonial em discussão ou ao proveito econômico
perseguido pelo autor, caso em que se procederá ao
recolhimento das custas correspondentes (§ 3º do art.
292 do CPC/2015).

As provas com que o autor pretende demonstrar Se não houver a indicação das provas que o autor
a verdade dos fatos alegados pretende produzir, pode ocorrer a preclusão.

A opção do autor pela realização ou não de Caso o autor não tenha interesse, deverá se manifestar
audiência de conciliação ou de mediação expressamente na petição inicial

Além dos requisitos acima destacados, a petição inicial deverá ser instruída com os documentos
44
indispensáveis à propositura da ação.

Se o juiz verificar que a petição inicial não preenche os requisitos necessários, não contém os
documentos indispensáveis para sua propositura, ou apresenta defeitos e irregularidades capazes
de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a
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emende ou a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado.

Destaca-se ainda que a petição inicial será indeferida quando contiver alguns dos vícios
previstos no art. 330 do CPC.

VÍCIOS DA PETIÇÃO INICIAL CONSIDERAÇÕES

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


Inepta Considera-se inepta a petição inicial quando: I -
lhe faltar pedido ou causa de pedir; II - o pedido for
indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que
se permite o pedido genérico; III - da narração dos fatos
não decorrer logicamente a conclusão; IV - contiver
pedidos incompatíveis entre si.

A parte for manifestamente ilegítima Parte legítima é aquele que é titular da relação jurídica
material controvertida, salvo nos casos em que se
permite a legitimidade extraordinária

O autor carecer de interesse processual Interesse processual é composto pelo binômio


necessidade/utilidade

Não atendidas as prescrições dos artigos 106 e De acordo com o previsto no art. 106 do CPC, quando
321 do CPC/2015 postular em causa própria, incumbe ao advogado
declarar, na petição inicial ou na contestação, o endereço,
seu número de inscrição na Ordem dos Advogados
do Brasil e o nome da sociedade de advogados da
qual participa, para o recebimento de intimações. Se o
advogado descumprir a exigência, o juiz ordenará que
se supra a omissão, no prazo de 5 (cinco) dias, antes de
determinar a citação do réu, sob pena de indeferimento
da petição.

Já o art. 321 do CPC/2015 determina que, se o juiz


verificar que a petição inicial não preenche os requisitos
necessários, não contém os documentos indispensáveis
para sua propositura, ou apresenta defeitos e
irregularidades capazes de dificultar o julgamento de
mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze)
dias, a emende ou a complete, indicando com precisão
o que deve ser corrigido ou completado. Se o autor não
cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial.

13.2.  IMPROCEDÊNCIA LIMINAR DO PEDIDO

Estabelece o art. 332 do CPC/2015 que, nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz,
independentemente da citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar:
I - enunciado de súmula do STF ou STJ; II - acórdão proferido pelo STF ou STJ em julgamento de
45
recursos repetitivos; III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas
ou de assunção de competência; IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local
TEMA COBRADO NO XXXI EXAME DA OAB/FGV.

Além disso, conforme previsto no § 1º do art. 332, o juiz também poderá julgar liminarmente
OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL

improcedente o pedido se verificar, desde logo, a ocorrência de decadência ou de prescrição.

Contra a decisão que julgar liminarmente improcedente o pedido, caberá apelação e o juiz
poderá retratar-se em 5 (cinco) dias, conforme § 7º do art. 485 do CPC/2015. TEMA COBRADO
NOS EXAMES III, XIX E XXVI DA OAB/FGV.

Se houver retratação, o juiz determinará o prosseguimento do processo, com a citação do


réu. Por outro lado, se não houver retratação, o réu será citado para apresentar contrarrazões, no
prazo de 15 (quinze) dias.

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


13.3.  AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO OU MEDIAÇÃO

Outra grande novidade do novo código de processo civil diz respeito à necessidade da audiência
de conciliação e mediação.

Com efeito, se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o caso de
improcedência liminar do pedido, o juiz designará audiência de conciliação ou de mediação com
antecedência mínima de 30 (trinta) dias, devendo ser citado o réu com pelo menos 20 (vinte) dias
de antecedência. A intimação do autor para a audiência será feita na pessoa de seu advogado.

Poderá haver mais de uma sessão destinada à conciliação e à mediação, não podendo exceder
a 2 (dois) meses da data de realização da primeira sessão, desde que necessárias à composição
das partes (§ 4º do art. 334 do CPC/2015) TEMA COBRADO NO XXX EXAME DA OAB/FGV.

Estabelece o § 4º do art. 334 do CPC/2015 que a audiência não será realizada se ambas as
partes manifestarem, expressamente, desinteresse na composição consensual e quando não se
admitir a autocomposição.

A manifestação do desinteresse na audiência deverá ser feita pelo autor na petição inicial e pelo réu
por petição, apresentada com 10 (dez) dias de antecedência, contados da data da audiência. Havendo
litisconsórcio, o desinteresse na realização da audiência deve ser manifestado por todos os litisconsortes.

Salienta-se que o não comparecimento injustificado do autor ou do réu à audiência de conciliação


é considerado ato atentatório à dignidade da justiça e será sancionado com multa de até 2% da
vantagem econômica pretendida ou do valor da causa, revertida em favor da União ou do Estado.
(art. 334, § 8º, do CPC). TEMA COBRADO NOS EXAMES XX, XXIV, XXV E XXIX DA OAB/FGV.

13.4.  CONTESTAÇÃO

A contestação é o instrumento de defesa facultado ao réu para o exercício do direito do


contraditório e ampla defesa. Se o réu não contestar a ação, será considerado revel e presumir-
se-ão verdadeiras as alegações de fato formuladas pelo autor.

46
Como regra geral, toda a matéria de defesa deve ser alegada em contestação (princípio da
concentração da defesa ou da eventualidade). Excepcionalmente, admite-se ao réu, depois da
contestação, deduzir novas alegações quando: I - relativas a direito ou a fato superveniente; II
- competir ao juiz conhecer delas de ofício; III - por expressa autorização legal, puderem ser
formuladas em qualquer tempo e grau de jurisdição.
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Conforme disposto no art. 336 do CPC/2015, incumbe ao réu alegar, na contestação, toda a
matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito com que impugna o pedido do autor e
especificando as provas que pretende produzir. A defesa poderá compreender matéria preliminar
de mérito e de mérito.

PRELIMINAR DE MÉRITO MÉRITO

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


• Inexistência ou nulidade da citação Defesa de mérito é aquele em que se resiste à
pretensão do autor, objetivando a improcedência dos
pedidos. A defesa de mérito pode ser direta, negando-se
• Incompetência absoluta e relativa os fatos alegados pelo autor, ou indireta, hipótese em que
o réu traz fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do
direito do autor.
• Incorreção do valor da causa
Ao réu cabe impugnar especificamente todos os
fatos alegados na inicial, sob pena de se presumirem
• Inépcia da petição inicial
verdadeiros, salvo se: I - não for admissível, a seu respeito,
a confissão; II - a petição inicial não estiver acompanhada
de instrumento que a lei considerar da substância do ato;
• Perempção III - estiverem em contradição com a defesa, considerada
em seu conjunto.

• Litispendência (quando se repete ação que


está em curso, com as mesmas partes, pedido O ônus da impugnação especificada dos fatos não
e causa de pedir) se aplica ao defensor público, ao advogado dativo e ao
curador especial.

• Coisa julgada (quando se repete ação que já


foi decidida por decisão transitada em julgado)

• Conexão

• Incapacidade da parte, defeito de


representação ou falta de autorização

• Convenção de arbitragem

• Ausência de legitimidade ou de interesse


processual

• Falta de caução ou de outra prestação que a


lei exige como preliminar

• Indevida concessão do benefício de


gratuidade de justiça.

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Excetuadas a convenção de arbitragem e a incompetência relativa, todas as preliminares de
mérito podem ser conhecidas de ofício pelo juiz. Se as partes não alegarem a existência de
convenção de arbitragem, haverá aceitação da jurisdição estatal e renúncia ao juízo arbitral
TEMA COBRADO NO II EXAME DA OAB/FGV)
OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL

É importante salientar que, quando o réu alegar sua ilegitimidade, deverá indicar o sujeito
passivo da relação jurídica discutida sempre que tiver conhecimento, sob pena de arcar com as
despesas processuais e de indenizar o autor pelos prejuízos decorrentes da falta de indicação.
Trata-se de obrigação imposta pelo art. 339 do CPC/2015 e deriva do princípio da cooperação
previsto no art. 6 do CPC/2015. TEMA COBRADO NOS EXAMES XXI E XXV DA OAB/FGV.

Outra regra importante trazida pelo art. 340 do CPC/2015 diz respeito à possibilidade de,

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


havendo alegação de incompetência relativa ou absoluta, a contestação ser protocolada antes da
audiência de conciliação no foro de domicílio do réu, fato que será imediatamente comunicado ao
juiz da causa, preferencialmente por meio eletrônico TEMA COBRADO NO XXV EXAME DA OAB/
FGV.

Nesse caso, a contestação será submetida a livre distribuição ou, se o réu houver sido citado
por meio de carta precatória, juntada aos autos dessa carta, seguindo-se a sua imediata remessa
para o juízo da causa. Reconhecida a competência do foro indicado pelo réu, o juízo para o qual for
distribuída a contestação ou a carta precatória será considerado prevento.

Destaca-se ainda que após oferecida a contestação se o autor pretender desistir da ação
deverá contar com a concordância do Réu. Por outro lado, se o pedido de desistência for anterior à
apresentação da contestação, o processo será extinto sem resolução de mérito independentemente
da concordância do réu (art. 485, § 4º, do CPC/2015). TEMA COBRADO NO XIX EXAME DA OAB/
FGV.

13.5.  RECONVENÇÃO

A reconvenção é considerada uma ação do réu contra o autor no mesmo processo em que é
demandado. É uma espécie de contra-ataque, em que réu-reconvinte formula pretensão em face
do autor-reconvindo.

A reconvenção deve ser oferecida na contestação, devendo haver conexão com a ação principal
ou com o fundamento da defesa. É importante frisar, entretanto, que o réu pode propor reconvenção
independentemente de oferecer contestação (art. 343 do CPC/2015). TEMA COBRADO NOS
EXAMES XXX E XXXI EXAME DA OAB/FGV.

Na reconvenção é necessário indicar o valor da causa, com base no art. 292 do CPC/2015
TEMA COBRADO NO XXI EXAME DA OAB/FGV.

Proposta a reconvenção, o autor será intimado, na pessoa de seu advogado, para apresentar
resposta no prazo de 15 (quinze) dias.
48
A desistência da ação ou a ocorrência de causa extintiva que impeça o exame de seu mérito não
obsta ao prosseguimento do processo quanto à reconvenção TEMA COBRADO NO XII EXAME DA
OAB/FGV.

A reconvenção pode ser proposta contra o autor e terceiro e também pelo réu em litisconsórcio
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com terceiro.

Se o autor for substituto processual, o reconvinte deverá afirmar ser titular de direito em face
do substituído, e a reconvenção deverá ser proposta em face do autor, também na qualidade de
substituto processual.

13.6.  REVELIA

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


Entende-se por revelia a ausência de apresentação tempestiva da contestação. Assim, se o
réu após devidamente citado deixar de oferecer contestação será considerado revel, ainda que
apresente outras modalidades de resposta, como reconvenção e exceção.

A revelia possui dois efeitos: a) presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor e b)
dispensa de intimação formal dos atos processuais para o revel sem advogado constituído.

Entretanto, conforme previsto no art. 345 do CPC/2015, não haverá a incidência do efeito
da presunção de veracidade se: I - havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação;
II - o litígio versar sobre direitos indisponíveis; III - a petição inicial não estiver acompanhada de
instrumento que a lei considere indispensável à prova do ato; IV - as alegações de fato formuladas
pelo autor forem inverossímeis ou estiverem em contradição com prova constante dos autos.

Conforme previsto no inciso IV do art. 345 do CPC/2015, é preciso que haja o mínimo de
verossimilhança na alegação do autor para que a revelia produza efeitos, sob pena de o juiz,
ainda que o revel seja revel, julgar improcedentes os pedidos prefaciais.

Importante salientar ainda que o réu revel poderá intervir nos autos a qualquer tempo, recebendo
o processo no estado em que se encontra. A partir do momento em que o réu intervier no processo,
deverá ser intimado dos atos e prazos processuais TEMA COBRADO NO II EXAME DA OAB/FGV.

13.7.  PROVIDÊNCIA PRELIMINARES

Após o prazo para a contestação, o juiz tomará, conforme o caso, as seguintes providências preliminares:

• Se o réu for revel (não contestar a ação), mas não houver a incidência do efeito da
presunção de veracidade dos fatos, ordenará que o autor especifique as provas que
pretenda produzir, se ainda não as tiver indicado. Ao réu revel será lícita a produção
de provas, contrapostas às alegações do autor, desde que se faça representar nos
autos a tempo de praticar os atos processuais indispensáveis a essa produção.

• Se o réu alegar fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor, este


49
será ouvido no prazo de 15 (quinze) dias, permitindo-lhe o juiz a produção de prova.

• Se o réu alegar qualquer das matérias previstas como preliminares de mérito (art.
337 do CPC/2015), o juiz determinará a oitiva do autor no prazo de 15 (quinze) dias,
permitindo-lhe a produção de prova.
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• Se o juiz verificar a existência de irregularidades ou de vícios sanáveis, o juiz


determinará sua correção em prazo nunca superior a 30 (trinta) dias.

Cumpridas as providências preliminares ou não havendo necessidade delas, o juiz proferirá


julgamento conforme o estado do processo.

13.8.  JULGAMENTO CONFORME O ESTADO DO PROCESSO

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


O julgamento conforme o estado do processo representa a possibilidade de o juiz encerrar o
processo antes mesmo da fase instrutória, podendo ocorrer por decisão que extingue o ou por
sentença que julga antecipadamente totalmente ou parcialmente o mérito.

JULGAMENTO
JULGAMENTO
EXTINÇÃO DO ANTECIPADO
ANTECIPADO DO
PROCESSO PARCIAL DO
MÉRITO MÉRITO

Nas hipóteses previstas no art. O juiz julgará antecipadamente O juiz decidirá


485 do CPC o juiz extinguirá o o pedido, proferindo sentença parcialmente o mérito
processo sem resolução do mérito e com resolução de mérito, quando: quando um ou mais dos
nos casos dos incisos II e III do art. pedidos formulados
487, haverá resolução do mérito. ou parcela deles:
I - não houver necessidade
de produção de outras provas;
A decisão pode dizer respeito I ficar incontroverso;
a apenas parcela do processo,
caso em que será impugnável II - o réu for revel, ocorrer o efeito
por agravo de instrumento. previsto no art. 344 (presunção II - estiver em condições
de veracidade dos fatos) e não de imediato julgamento, nos
houver requerimento de prova termos do art. 355, ou seja,
pelo revel, na forma do art. 349. quando houver presunção
de veracidade dos fatos
em razão da revelia e o réu
revel não produzir provas.

A parte poderá liquidar


ou executar, desde logo,
a obrigação reconhecida
na decisão que julgar
parcialmente o mérito,
independentemente de
caução, ainda que haja
recurso contra essa
interposto, no caso,
agravo de instrumento.

Não ocorrendo nenhuma das hipóteses de julgamento conforme o estado do processo, deverá o
50
juiz, em decisão de saneamento e de organização do processo: I - resolver as questões processuais
pendentes, se houver; II - delimitar as questões de fato sobre as quais recairá a atividade probatória,
especificando os meios de prova admitidos; III - definir a distribuição do ônus da prova, observado
o art. 373; IV - delimitar as questões de direito relevantes para a decisão do mérito; V - designar, se
necessário, audiência de instrução e julgamento.
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No saneamento do processo, caso tenha sido determinada a produção de prova testemunhal, o


juiz fixará prazo comum não superior a 15 (quinze) dias para que as partes apresentem rol de
testemunhas. O número de testemunhas arroladas não pode ser superior a 10 (dez), sendo 3 (três),
no máximo, para a prova de cada fato. Além disso, o juiz poderá limitar o número de testemunhas
levando em conta a complexidade da causa e dos fatos individualmente considerados.

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


Destaca-se ainda que, até a citação, o autor poderá aditar ou alterar o pedido ou a causa de
pedir, independentemente de consentimento do réu.

Além disso, até o saneamento do processo, o autor poderá aditar ou alterar o pedido e a
causa de pedir, desde que com consentimento do réu, assegurado o contraditório mediante a
possibilidade de manifestação deste no prazo mínimo de 15 (quinze) dias, facultado o requerimento
de prova suplementar TEMA COBRADO NO XXVII EXAME DA OAB/FGV.

Essas regras também são aplicadas à reconvenção e à respectiva causa de pedir.

13.9.  AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO

A audiência de instrução e julgamento é considerada um ato processual complexo, na medida


em que compreende diversos atos processuais praticados pelo juiz e pelas partes, com o objetivo
de amadurecer o processo para a sentença.

A audiência de instrução tem como objetivos principais promover a tentativa de conciliação e


permitir a colheita das provas orais.

Em relação à conciliação, o art. 359 do CPC/2015 dispõe expressamente que, instalada a


audiência, o juiz tentará conciliar as partes, independentemente do emprego anterior de outros
métodos de solução consensual de conflitos, como a mediação e a arbitragem.

A respeito das provas orais, elas serão produzidas em audiência, ouvindo-se, preferencialmente
na seguinte ordem: I - o perito e os assistentes técnicos, que responderão aos quesitos de
esclarecimentos requeridos, caso não respondidos anteriormente por escrito; II - o autor e, em
seguida, o réu, que prestarão depoimentos pessoais; III - as testemunhas arroladas pelo autor e
pelo réu, que serão inquiridas.

Conforme previsto no parágrafo único do art. 361 do CPC/2015, enquanto depuserem o perito,
os assistentes técnicos, as partes e as testemunhas, não poderão os advogados e o Ministério
Público intervir ou apartear, sem licença do juiz.
51
De acordo com o art. 364 do CPC/2015, a audiência poderá ser adiada:

• Por convenção das partes;


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• Se não puder comparecer, por motivo justificado, qualquer pessoa que dela deva
necessariamente participar. Neste caso, o impedimento deverá ser comprovado até a
abertura da audiência, e, não o sendo, o juiz procederá à instrução.

• Por atraso injustificado de seu início em tempo superior a 30 (trinta) minutos do


horário marcado.

Finda a instrução, o juiz dará a palavra ao advogado do autor e do réu, bem como ao membro
do Ministério Público, se for o caso de sua intervenção, sucessivamente, pelo prazo de 20 (vinte)
minutos para cada um, prorrogável por 10 (dez) minutos, a critério do juiz. Havendo litisconsorte

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


ou terceiro interveniente, o prazo, que formará com o da prorrogação um só todo, dividir-se-á entre
os do mesmo grupo, se não convencionarem de modo diverso.

Quando a causa apresentar questões complexas de fato ou de direito, o debate oral poderá ser
substituído por razões finais escritas, que serão apresentadas pelo autor e pelo réu, bem como
pelo Ministério Público, se for o caso de sua intervenção, em prazos sucessivos de 15 (quinze) dias,
assegurada vista dos autos.

Encerrado o debate ou oferecidas as razões finais, o juiz proferirá sentença em audiência ou no


prazo de 30 (trinta) dias.

A audiência poderá ser integralmente gravada em imagem e em áudio, em meio digital ou


analógico, desde que assegure o rápido acesso das partes e dos órgãos julgadores, observada
a legislação específica. A gravação pode ser feita também pode ser realizada diretamente por
qualquer das partes, independentemente de autorização judicial.

13.10.  PROVAS

Entende-se por prova todo meio idôneo capaz de demonstrar ao juiz a ocorrência de
determinado fato. Conforme previsto no art. 369 do CPC/2015, as partes têm o direito de empregar
todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados no código,
para provar a verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na
convicção do juiz.

Apesar de a prova recair sobre fatos, o art. 376 do CPC dispõe que a parte que alegar direito
municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim
o juiz determinar.

Há, entretanto, fatos que são admitidos como verdadeiros sem a necessidade de prova. Não
52
dependem de prova:

• Fatos notórios: aqueles que aconteceram e que se tem como de conhecimento de


todos em uma época e local.
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• Fatos afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária.

• Fatos admitidos no processo como incontroversos: aqueles sobre os quais as partes


não discordam.

• Fato em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade.

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As presunções legais podem ser absolutas ou relativas. Na presunção absoluta o legislador não
admite prova em contrário do fato, por considerar irrelevante a sua discussão (ex.: presunção
de parcialidade do juiz nos casos de impedimento). Já na presunção relativa o legislador
determina que se considere o fato como ocorrido, mas admite a produção de prova em sentido
contrário (ex.: presunção de veracidade envolvendo declaração de pobreza para pedido de
judiciária gratuita).

É muito importante frisar que as partes têm a oportunidade para provar todos os fatos tratados
no processo. Entretanto, a não observância desse encargo pela parte lhe acarretará desvantagens
processuais, o que se denomina ônus da prova.

Assim, as partes possuem o encargo de comprovar os fatos trazidos no processo, sob pena de
o juiz, ao não ficar convencido dos fatos, aplicar a regra do ônus da prova na ocasião do julgamento
em desfavor da parte que não cumpriu com o encargo processual (trata-se, portanto, de uma regra
de julgamento).

A distribuição do ônus da prova possui previsão expressa no art. 373 do CPC/2015, que seguiu
as mesmas diretrizes do antigo art. 333 do CPC/1973.

Art. 373. O ônus da prova incumbe:

I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;

II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.

O CPC de 2015 estabelece ainda que, nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades
da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos
termos do art. 373, caput, ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o
juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso
em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.

Desse modo, embora a lei estabeleça previamente critérios de distribuição do ônus da prova, o
magistrado poderá alterá-lo de forma dinâmica de acordo com o caso concreto, o que se denomina
distribuição dinâmica do ônus da prova.

53
O código de processo civil anterior previa o denominado ônus estático da prova, permitindo-
se a sua inversão nos casos expressamente previstos em lei. O novo código, por sua vez,
estabeleceu a distribuição dinâmica do ônus da prova, de modo que o juiz poderá alterar as
OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL

regras previamente estabelecidas de acordo com o caso concreto.

Na hipótese de distribuição dinâmica do ônus da prova, é essencial que o juiz o faça expressamente,
permitindo à parte a produção da prova para que se livre do ônus que lhe foi atribuído, ou seja, o juiz
deve informar às partes acerca da distribuição do ônus antes da fase de instrução.

Digno de nota ainda que o § 3º do art. 373 do CPC/2015 permite a distribuição diversa do ônus
da prova também pode por convenção das partes, ou seja, por meio do negócio jurídico processual,

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


salvo quando recair sobre direito indisponível da parte ou tornar excessivamente difícil a uma
parte o exercício do direito.

Vejamos agora as principais espécies de prova.

ATA NOTARIAL

De acordo com o art. 384 do CPC;2015, a existência e o modo de existir de algum fato podem
ser atestados ou documentados, a requerimento do interessado, mediante ata lavrada por tabelião.

Além disso, dados representados por imagem ou som gravados em arquivos eletrônicos
poderão constar da ata notarial

DEPOIMENTO PESSOAL

Considera-se depoimento pessoal o meio de prova pelo qual o juiz se convence dos fatos por
meio da declaração das próprias partes.

De acordo com o art. 385 do CPC/2015, cabe à parte requerer o depoimento pessoal da outra
parte, a fim de que esta seja interrogada na audiência de instrução e julgamento, sem prejuízo do
poder do juiz de ordená-lo de ofício.

O depoimento pessoal deve ser requerido pela parte contrária e objetiva a confissão do
depoente no curso do processo.

Se a parte, pessoalmente intimada para prestar depoimento pessoal e advertida da pena de


confesso, não comparecer ou, comparecendo, se recusar a depor, o juiz aplicar-lhe-á a pena da
revelia, salvo sobre os fatos em que o art. 388 do CPC expressamente desobriga a parte a depor,
a saber: I - criminosos ou torpes que lhe forem imputados; II - a cujo respeito, por estado ou
profissão, deva guardar sigilo; III - acerca dos quais não possa responder sem desonra própria, de
seu cônjuge, de seu companheiro ou de parente em grau sucessível.

54
A regra do art. 388 do CPC/2015, que permite à parte deixar de responder sobre os fatos
elencados no próprio artigo, não se aplica às ações de estado e de família.
OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL

Conforme previsto no art. 387 do CPC/2015, a parte responderá pessoalmente sobre os fatos
articulados, não podendo servir-se de escritos anteriormente preparados, permitindo-lhe o juiz,
todavia, a consulta a notas breves, desde que objetivem completar esclarecimentos TEMA
COBRADO NO XVII EXAME DA OAB/FGV.

O depoimento pessoal não se confunde com o interrogatório, conforme demonstramos no quando abaixo.

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


DEPOIMENTO PESSOAL INTERROGATÓRIO

• Requerido pela parte contrária ou determinado de • Sempre de ofício


ofício pelo juiz.

• Pode ser realizado em qualquer momento


• Colhido apenas na audiência de instrução.

• Objetiva esclarecimentos dos fatos.


• Objetiva a confissão.

• CONFISSÃO

Conforme previsto no art. 389 do CPC/2015, há confissão quando a parte admite a verdade de
fato contrário ao seu interesse e favorável ao do adversário.

A confissão pode ser judicial ou extrajudicial e, de acordo com o art. 395 do CPC, é, em regra,
indivisível, ou seja, não pode a parte que a quiser invocar como prova aceitá-la no tópico que
a beneficiar e rejeitá-la no que lhe for desfavorável. Entretanto, a confissão poderá ser dividida
quando o confitente a ela aduzir fatos novos, capazes de constituir fundamento de defesa de direito
material ou de reconvenção.

A confissão judicial faz prova contra o confitente, não prejudicando, todavia, os litisconsortes.
Além disso, a confissão judicial poderá ser espontânea (quando não houver provocação da parte
contrária) ou provocada, quando decorrer de depoimento pessoal.

• DOCUMENTOS

Considera-se documento todo objeto capaz de provar a existência de fatos, por meio de
símbolos, fotos, sinais gráficos, etc.

Os documentos são classificados em documentos públicos e particulares.

55
Os documentos públicos são aqueles confeccionados por autoridades púbicas, presumindo-se
a sua veracidade. Já os documentos particulares são aqueles formulados pelas próprias partes ou
por terceiro não investido na atividade pública.
OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL

DOCUMENTOS PÚBLICOS DOCUMENTOS PARTICULARES

• Presunção de veracidade não só da sua • As declarações constantes do documento


formação, mas também dos fatos que o particular escrito e assinado ou somente
escrivão, o chefe de secretaria, o tabelião assinado presumem-se verdadeiras em relação
ou o servidor declarar que ocorreram em ao signatário.
sua presença.
• Quando, todavia, contiver declaração de ciência
• Quando a lei exigir instrumento público de determinado fato, o documento particular prova

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


como da substância do ato, nenhuma outra a ciência, mas não o fato em si, incumbindo o ônus
prova, por mais especial que seja, pode de prová-lo ao interessado em sua veracidade.
suprir-lhe a falta.
• O telegrama, o radiograma ou qualquer
• O documento feito por oficial público outro meio de transmissão tem a mesma força
incompetente ou sem a observância das probatória do documento particular se o original
formalidades legais, sendo subscrito pelas constante da estação expedidora tiver sido
partes, tem a mesma eficácia probatória do assinado pelo remetente.
documento particular.

Incumbe à parte instruir a petição inicial ou a contestação com os documentos destinados


a provar suas alegações. Entretanto, é lícito às partes, em qualquer tempo, juntar aos autos
documentos novos, quando destinados a fazer prova de fatos ocorridos depois dos articulados ou
para contrapô-los aos que foram produzidos nos autos.

O réu manifestar-se-á na contestação sobre os documentos anexados à inicial, e o autor


manifestar-se-á na réplica sobre os documentos anexados à contestação. Sempre que uma das
partes requerer a juntada de documento aos autos, o juiz ouvirá, a seu respeito, a outra parte,
que disporá do prazo de 15 (quinze) dias para se manifestar.

Quando o documento consistir em reprodução cinematográfica ou fonográfica, a parte deverá


juntá-lo com a inicial ou contestação, mas sua exposição será realizada em audiência, intimando-se
previamente as partes.

É importante registrar ainda que a parte poderá arguir a falsidade do documento apresentado
pela parte contrária, o que se denominada de incidente de falsidade documental, conforme artigos
430 a 433 do CPC/2015:

Art. 430. A falsidade deve ser suscitada na contestação, na réplica ou no prazo de 15


(quinze) dias, contado a partir da intimação da juntada do documento aos autos.

Parágrafo único. Uma vez arguida, a falsidade será resolvida como questão incidental,
salvo se a parte requerer que o juiz a decida como questão principal, nos termos do
56
inciso II do art. 19.

Art. 431. A parte arguirá a falsidade expondo os motivos em que funda a sua pretensão
e os meios com que provará o alegado.

Art. 432. Depois de ouvida a outra parte no prazo de 15 (quinze) dias, será realizado o
OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL

exame pericial.

Parágrafo único. Não se procederá ao exame pericial se a parte que produziu o


documento concordar em retirá-lo TEMA COBRADO NO XIV EXAME DA OAB/
FGV.
Art. 433. A declaração sobre a falsidade do documento, quando suscitada como questão
principal, constará da parte dispositiva da sentença e sobre ela incidirá também a
autoridade da coisa julgada.

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


• TESTEMUNHAS

Considera-se testemunha o terceiro em relação à lide que vem prestar depoimento em juízo,
por ter conhecimento dos fatos narrados pelas partes.

O comparecimento da testemunha é obrigatório, mas, de acordo com o art. 448 do CPC/2015,


ela não será obrigada a depor sobre fatos que: I - que lhe acarretem grave dano, bem como ao seu
cônjuge ou companheiro e aos seus parentes consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral,
até o terceiro grau; II - a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigilo.

Além disso, não poderão depor como testemunhas as pessoas impedidas, incapazes e suspeitas.

INCAPAZES (§1° DO ART. IMPEDIDAS (§2° DO ART. SUSPEITAS (§3° ART.


447 DO CPC) 447 DO CPC) 447 DO CPC)

I - o interdito por enfermidade I - o cônjuge, o companheiro, I - o inimigo da parte


ou deficiência mental; o ascendente e o descendente ou o seu amigo íntimo;
em qualquer grau e o colateral,
até o terceiro grau, de alguma
II - o que, acometido por das partes, por consanguinidade II - o que tiver
enfermidade ou retardamento ou afinidade, salvo se o exigir o interesse no litígio.
mental, ao tempo em que interesse público ou, tratando-
ocorreram os fatos, não podia se de causa relativa ao estado da
discerni-los, ou, ao tempo em que pessoa, não se puder obter de outro
deve depor, não está habilitado modo a prova que o juiz repute
a transmitir as percepções; necessária ao julgamento do mérito;

III - o que tiver menos II - o que é parte na causa;


de 16 (dezesseis) anos;

III - o que intervém em nome de uma


IV - o cego e o surdo, quando parte, como o tutor, o representante
a ciência do fato depender legal da pessoa jurídica, o juiz, o
dos sentidos que lhes faltam. advogado e outros que assistam
ou tenham assistido as partes.

Sendo necessário, o juiz pode admitir o depoimento das testemunhas menores, impedidas
57
ou suspeitas, que será prestado independentemente de compromisso, na qualidade de
informante TEMA COBRADO NO II EXAME DA OAB/FGV.

O juiz inquirirá as testemunhas separada e sucessivamente, primeiro as do autor e depois as


do réu, e providenciará para que uma não ouça o depoimento das outras. O juiz, entretanto, poderá
OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL

alterar a ordem estabelecida no caput se as partes concordarem.

A prova testemunhal deve ser requerida pelo autor na inicial e pelo réu na contestação. O
número de testemunhas arroladas não pode ser superior a 10 (dez), sendo 3 (três), no máximo,
para a prova de cada fato. O juiz poderá limitar o número de testemunhas levando em conta
a complexidade da causa e dos fatos individualmente considerados. Com o NCPC, compete
ao advogado informar ou intimar a testemunha por ele arrolada do dia, da hora e do local da

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


audiência designada, dispensando-se a intimação do juízo (art. 455 do CPC/2015).

• PERÍCIA

De acordo com o previsto no art. 156 do CPC, O juiz será assistido por perito quando a prova do
fato depender de conhecimento técnico ou científico.

Ainda que o juiz possua conhecimento especializado na área que será objeto de perícia, não
poderá aplicar os seus conhecimentos ao caso concreto, dispensando a prova pericial. Em
outras palavras, haverá nomeação de perito mesmo que o juiz tenha conhecimento técnico
sobre o objeto a ser periciado.

A prova pericial é requerida na petição inicial ou na contestação. Nomeado o perito, as partes


terão prazo de 15 dias para indicar assistentes técnicos e formular quesitos. Após a diligência, o
perito deverá apresentar o laudo técnico em cartório com pelo menos 20 dias de antecedência da
audiência de instrução e julgamento, devendo os assistentes técnicos entregar os seus parecer no
prazo de 10 dias após a intimação das partes acerca da juntada do laudo pericial.

Importante destacar que, de acordo com art. 95, caput, do CPC/2015: “cada parte adiantará a
remuneração do assistente técnico que houver indicado, sendo a do perito adiantada pela parte
que houver requerido a perícia ou rateada quando a perícia for determinada de ofício ou requerida
por ambas as partes” TEMA COBRADO NO XXVIII EXAME DA OAB/FGV)

• INSPEÇÃO JUDICIAL

Considera-se inspeção judicial o meio de prova pelo qual o juiz, de ofício ou a requerimento da
parte, pode, em qualquer fase do processo, inspecionar pessoas ou coisas, a fim de se esclarecer
sobre fato que interesse à decisão da causa.

Conforme previsto no art. 483 do CPC/2015, o juiz irá ao local onde se encontre a pessoa ou a
coisa quando: I - julgar necessário para a melhor verificação ou interpretação dos fatos que deva
58
observar; II - a coisa não puder ser apresentada em juízo sem consideráveis despesas ou graves
dificuldades; III - determinar a reconstituição dos fatos.
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Na inspeção judicial o juiz poderá ser assistido por um ou mais peritos e as partes têm sempre
direito a assistir à inspeção, prestando esclarecimentos e fazendo observações que considerem
de interesse para a causa TEMA COBRADO NO III EXAME DA OAB/FGV

• PROVA EMPRESTADA

A prova emprestada consiste na possibilidade de se transferir uma prova realizada em um


processo para outro, mediante certidão.

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


De acordo com o art. 372 do CPC/2015, o juiz poderá admitir a utilização de prova produzida
em outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado, observado o contraditório.

59
14

14.  SENTENÇA E COISA JULGADA


OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL

14.1.  SENTENÇA

A sentença pode ser conceituada como o pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts.
485 e 487 do CPC/2015, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução. Pode
ser terminativa, nos casos julgamento sem resolução do mérito, ou definitiva, quando houver resolução do mérito.

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


PRINCIPAIS HIPÓTESES DE SENTENÇA PRINCIPAIS HIPÓTESES DE
TERMINATIVA (NÃO RESOLVE O SENTENÇA DEFINITIVA (RESOLVE
MÉRITO – ART. 485 DO CPC/2015) O MÉRITO – ART. 487 DO CPC)

O juiz não resolverá o mérito quando: Haverá resolução de mérito quando o juiz:

I - indeferir a petição inicial; I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação


ou na reconvenção;
II - o processo ficar parado durante mais de 1 (um)
ano por negligência das partes e a parte, mesmo que II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a
intimada pessoalmente, não suprir a falta em 5 dias; ocorrência de decadência ou prescrição;
III - por não promover os atos e as diligências que
lhe incumbir, o autor abandonar a causa por mais de III - homologar:
30 (trinta) dias e, mesmo intimado pessoalmente, não
suprir a falta em 5 dias; a) o reconhecimento da procedência do pedido
formulado na ação ou na reconvenção;
IV - verificar a ausência de pressupostos de
constituição e de desenvolvimento válido e regular do b) a transação;
processo (pode ser reconhecida de ofício pelo juiz em
qualquer tempo de grau de jurisdição);
c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou
na reconvenção.
V - reconhecer a existência de perempção, de
litispendência ou de coisa julgada (pode ser reconhecida
de ofício pelo juiz em qualquer tempo de grau de Ressalvada a hipótese do § 1º do art. 332
jurisdição); (improcedência liminar do pedido), a prescrição e a
decadência não serão reconhecidas sem que antes
VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse seja dada às partes oportunidade de manifestar-se.
processual (pode ser reconhecida de ofício pelo juiz em
qualquer tempo de grau de jurisdição); Desde que possível, o juiz resolverá o mérito
sempre que a decisão for favorável à parte a quem
VII - acolher a alegação de existência de convenção aproveitaria eventual pronunciamento nos termos
de arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer sua do art. 485 (sem resolução do mérito).
competência;

VIII - homologar a desistência da ação;

IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada


intransmissível por disposição legal (pode ser
reconhecida de ofício pelo juiz em qualquer tempo de
grau de jurisdição); TEMA COBRADO NO XIV EXAME DA
OAB/FGV.

Observação: Se o autor der causa, por 3 (três) vezes,


a sentença fundada em abandono da causa, não poderá
propor nova ação contra o réu com o mesmo objeto,
ficando-lhe ressalvada, entretanto, a possibilidade de
alegar em defesa o seu direito.
60
Nos casos de sentença sem resolução de mérito, interposta a apelação em qualquer dos casos
de que tratam os incisos do art. 485, o juiz terá 5 (cinco) dias para retratar-se.
OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL

De acordo com o estabelecido no art. 489 do CPC/2015, são elementos essenciais da sentença
o relatório, a fundamentação e o dispositivo.

RELATÓRIO FUNDAMENTAÇÃO DISPOSITIVO

O Relatório conterá os nomes Representa a exposição dos Conclusão da decisão,


das partes, a identificação do fundamentos de fato e de direito podendo ser com ou sem
caso, com o resumo do pedido e que levaram à convicção do juiz resolução do mérito.
da contestação, e o registro das

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principais ocorrências havidas no
andamento do processo A sentença sem fundamentação Sentença sem
será nula. fundamentação é inexistente.

A sentença sem relatório será


nula.

Sobre a fundamentação da sentença, é importante destacar que o § 1° do art. 489 do CPC/2015


estabelece algumas hipóteses em que a decisão judicial não será considerada fundamentada:

Art. 489

(...)

§ 1° Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória,


sentença ou acórdão, que:

I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua


relação com a causa ou a questão decidida;

II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua


incidência no caso;

III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;

IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese,


infirmar a conclusão adotada pelo julgador;

V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus


fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta
àqueles fundamentos;

VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela


parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação
do entendimento.

Como regra geral, de acordo com o princípio da congruência, a sentença deve respeitar os
limites da lide, ou seja, deve ter simetria em relação aos pedidos formulados no processo, sendo
vedado ao juiz julgar mais, menos ou de forma diferente daquilo que fora pleiteado pelo autor.

61
Nesse sentido dispõem os artigos 141 e 492, caput, do CPC/2015.

Art. 141. O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe vedado
conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige iniciativa da parte.
OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL

Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como
condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado.

A não observância do princípio da congruência poderá gerar sentenças citra petita, ultra petita
ou extra petita.

SENTENÇA CITRA SENTENÇA ULTRA SENTENÇA EXTRA


PETITA (INFRA PETITA) PETITA PETITA

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É aquela em que o juiz deixa Juiz concede mais do que fora O juiz concede algo não
de analisar determinado pedido pleiteado pela parte (Exemplo: requerido pela parte. (Exemplo:
(Exemplo: autor formula pedidos de autor pede apenas danos autor pede apenas danos
danos materiais e morais e o juiz materiais e o juiz concede danos materiais e o juiz concede danos
concede apenas danos morais e não morais e materiais). morais).
analisa o pedido de danos materiais).

14.2.  REMESSA NECESSÁRIA

Considera-se remessa necessária a necessidade de reapreciação da sentença pelo Tribunal


ainda que não haja recursos de nenhuma das partes.

Para a prova da OAB/FGV, muito importante o conhecimento do art. 496 do CPC/2015, que
dispõe que está sujeita ao duplo grau de jurisdição obrigatória, não produzindo efeito senão depois
de confirmada pelo tribunal, a sentença:

Art. 496. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de
confirmada pelo tribunal, a sentença:

I - proferida contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas


respectivas autarquias e fundações de direito público;

II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução fiscal.

§ 1º Nos casos previstos neste artigo, não interposta a apelação no prazo legal, o juiz
ordenará a remessa dos autos ao tribunal, e, se não o fizer, o presidente do respectivo
tribunal avocá-los-á.

§ 2º Em qualquer dos casos referidos no §1º, o tribunal julgará a remessa necessária.

§ 3º Não se aplica o disposto neste artigo quando a condenação ou o proveito econômico


obtido na causa for de valor certo e líquido inferior a:

I - 1.000 (mil) salários-mínimos para a União e as respectivas autarquias e fundações


de direito público;

II - 500 (quinhentos) salários-mínimos para os Estados, o Distrito Federal, as respectivas


autarquias e fundações de direito público e os Municípios que constituam capitais dos
62
Estados; TEMA COBRADO NO XXIV EXAME DA OAB/FGV)
III - 100 (cem) salários-mínimos para todos os demais Municípios e respectivas
autarquias e fundações de direito público.
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§ 4º Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver fundada em:

I - súmula de tribunal superior; TEMA COBRADO NO VIII EXAME DA OAB/FGV.


.II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de
Justiça em julgamento de recursos repetitivos;

III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de


assunção de competência;

IV - entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito


administrativo do próprio ente público, consolidada em manifestação, parecer ou

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súmula administrativa.

14.3. COISA JULGADA

A coisa julgada pode ser classificada em coisa julgada formal e material.

COISA JULGADA FORMAL COISA JULGADA MATERIAL

Conteúdo nitidamente processual e com efeito dentro Se projeta além do processo e é autoridade
do processo, ocorrendo nas hipóteses de decisão sem da decisão proferida com resolução de mérito e
resolução do mérito transitada em julgado. Não evita, transitada em julgado, impedindo nova demanda
por si só, a propositura de nova demanda. sobre o mesmo direito já discutido.

O Código de processo civil de 2015 alterou o conceito de coisa julgada material até então
trazido pelo art. 467 do CPC/1973.

COISA JULGADA NO CPC/1973 COISA JULGADA NO CPC/2015

Art. 467. Denomina-se coisa julgada material a Art. 502. Denomina-se coisa julgada material
eficácia, que torna imutável e indiscutível a sentença, a autoridade que torna imutável e indiscutível a
não mais sujeita a recurso ordinário ou extraordinário. decisão de mérito não mais sujeita a recurso.

As principais inovações trazidas pelo novo código de processo civil foram as substituições
das palavras “eficácia” por “autoridade” e “sentença” por “decisão”. A coisa julgada, portanto, é
considerada qualidade da decisão, termo este que engloba também as decisões interlocutórias, ou
seja, existe a possibilidade de coisa julgada parcial.

Dispõe o art. 503 do CPC/2015 que “a decisão que julgar total ou parcialmente o mérito tem
força de lei nos limites da questão principal expressamente decidida”. Assim, apenas é possível
falar em coisa julgada a respeito daquilo que for expressamente decidido. Se não houve julgamento
expresso, não há que se falar em coisa julgada.
63
A principal mudança trazida pelo código de processo civil de 2015 em relação à coisa julgada
diz respeito à coisa julgada relativa a questões prejudiciais incidentais.

Com efeito, ao longo do processo, o juiz se depara com questões incidentais e questões
principais. As questões incidentais são enfrentadas para que as questões principais, relacionadas
OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL

ao objeto da demanda, sejam decididas. As questões incidentais, portanto, são analisadas na


fundamentação da sentença, enquanto que as questões principais são analisadas no dispositivo.

Em verdade, uma mesma questão pode ser tratada em um processo como questão incidental e
em outro como questão principal, o que varia de acordo com o modo que se ela apresenta na lide.
A título de exemplo, a inconstitucionalidade da lei é considerada questão principal em uma ADI,
enquanto que no controle difuso ela será uma questão incidental.

As questões prejudiciais, por sua vez, são aquelas questões que devem ser apreciadas

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previamente antes de outras questões, já que interferem no julgamento destas. As questões
prejudiciais podem ser principais ou incidentais.

O sistema jurídico tradicional brasileiro sempre entendeu que apenas as questões principais
fazem coisa julgada. O código de processo civil de 2015 rompeu com essa tradição, prevendo
expressamente a coisa julgada relativa a questões prejudiciais incidentais.

Nesse diapasão, de acordo com o § 1º do art. 503, haverá coisa julgada em relação questões
prejudiciais incidentais, se a questão for julgada expressamente e se: I - dessa resolução depender
o julgamento do mérito; II - a seu respeito tiver havido contraditório prévio e efetivo, não se
aplicando no caso de revelia; III - o juízo tiver competência em razão da matéria e da pessoa
para resolvê-la como questão principal e IV - não se aplica se no processo houver restrições
probatórias ou limitações à cognição que impeçam o aprofundamento da análise da questão
prejudicial. TEMA COBRADO NO XXII EXAME DA OAB/FGV.

Portanto, é possível afirmar que no novo CPC há dois regimes de coisa julgada: coisa julgada
das questões principais e coisa julgada relativa às questões prejudiciais incidentais.

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PRESSUPOSTOS DA COISA PRESSUPOSTOS COISA JULGADA
JULGADA DAS QUESTÕES RELATIVA ÀS QUESTÕES
PRINCIPAIS PREJUDICIAIS INCIDENTAIS
OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL

- Deve ser enfrentada expressamente - A prejudicial deve ser enfrentada expressamente na


fundamentação

- Decidida no dispositivo
- Apenas a prejudicial da qual decorra o julgamento do
mérito faz coisa julgada
- Trânsito em julgado

- A seu respeito deve ter contraditório prévio e efetivo,


não se aplicando em caso de revelia

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- o juízo deve ter competência em razão da matéria e da
pessoa para resolvê-la como questão principal (exemplo: todo
juiz pode analisar incidentalmente a inconstitucionalidade da
lei, mas apenas o STF pode julgar como questão principal).
A competência, portanto, é pressuposto para a coisa julgada
relativa às questões incidentais

- não se aplica se no processo houver restrições


probatórias ou limitações à cognição que impeçam
o aprofundamento da análise da questão prejudicial
(exemplo: questões incidentais em mandado de
segurança, que possui restrição probatória).

- trânsito em julgado

A coisa julgada relativa às prejudiciais incidentais não depende de pedido da parte, uma vez
que decorre da própria lei. Entretanto, permanece a possibilidade de a parte ajuizar uma ação
declaratória para tornar a questão incidental em principal, já que o regime da coisa julgada
principal é mais simples. Portanto, não é correto dizer que ação declaratória incidental
foi abolida, mesmo porque o novo código de processo civil prevê ao menos dois casos de
declaratória incidental: 1) incidente de falsidade de documento e 2) reconvenção declaratória.

Por fim, é importante destacar que o art. 504 do CPC/2015 estabelece que não fazem coisa
julgada: I - os motivos, ainda que importantes para determinar o alcance da parte dispositiva da
sentença; II - a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença.

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15

15.  LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA


OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL

A liquidação de sentença é momento processual onde se delimita o valor exato a ser executado.
Em outras palavras, quando a sentença for ilíquida, proceder-se-á à sua liquidação, a requerimento
do credor ou do devedor.

Registra-se por oportuno que, quando a apuração do valor depender apenas de cálculo aritmético,
o credor poderá promover, desde logo, o cumprimento da sentença (art. 509, §2º, do CPC/2015), não
sendo necessária, portanto, a liquidação TEMA COBRADO NO XVIII EXAME DA OAB/FGV.

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De acordo com o novo código de processo civil, a liquidação poderá ser por:

• ARBITRAMENTO: quando o valor a ser executado depender de parecer, documento


ou de realização de prova pericial. Ocorre quando determinado pela sentença,
convencionado pelas partes ou exigido pela natureza do objeto da liquidação (art.
509, I, do CPC/2015). De acordo com o art. 510 do CPC/2015, o juiz intimará as partes
para a apresentação de pareceres ou documentos elucidativos, no prazo que fixar,
e, caso não possa decidir de plano, nomeará perito, observando-se, no que couber, o
procedimento da prova pericial.

• PROCEDIMENTO COMUM: trata-se da conhecida liquidação por artigos que, apesar


da nova nomenclatura, foi preservada na sua essência. Ocorre quando houver
necessidade de alegar e provar fato novo, ou seja, quando o valor a ser executado
depender da comprovação de fatos não verificados no processo de conhecimento.
Neste caso, o juiz determinará a intimação do requerido, na pessoa de seu advogado
ou da sociedade de advogados a que estiver vinculado, para, querendo, apresentar
contestação no prazo de 15 (quinze) dias, observando-se, a seguir, o estabelecido no
procedimento comum.

• CÁLCULOS: não é expressamente reconhecida como modalidade de liquidação e


ocorre quando o valor a ser executado depender da realização de simples cálculo
aritmético, podendo o credor promover, desde logo, o cumprimento da sentença.

O art. 512 do CPC/2015 deixa ainda mais claro a possibilidade da denominada liquidação
provisória, ou seja, a liquidação que ocorre na pendência de recurso. Ela deve ser processada
em autos apartados no juízo de origem, cumprindo ao liquidante instruir o pedido com cópias das
peças processuais pertinentes.

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16

16.  CUMPRIMENTO DE SENTENÇA


OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL

O cumprimento de sentença é fase processual em que se busca a efetivação concreta do direito


reconhecido em título de jurídico judicial. Não se trata, portanto, de um novo processo, mas sim de
uma fase voltada ao cumprimento do título judicial.

Quando se tratar de título jurídico extrajudicial não será hipótese de cumprimento de sentença

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e sim de execução autônoma (PROCESSO DE EXECUÇÃO, estudado no item 21).

De acordo com o art. 515 do CPC/2015, são considerados títulos executivos:

I - as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de obrigação


de pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa; TEMA COBRADO NO
XXII EXAME DA OAB/FGV.
II - a decisão homologatória de autocomposição judicial;

III - a decisão homologatória de autocomposição extrajudicial de qualquer natureza;

IV - o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos


herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal;

V - o crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, emolumentos ou honorários


tiverem sido aprovados por decisão judicial;

O crédito do inciso V no CPC de 1973 era previsto com título extrajudicial e passou a ser
considerado no CPC de 2015 como título judicial.

VI - a sentença penal condenatória transitada em julgado;

VII - a sentença arbitral TEMA COBRADO NO XXIV EXAME DA OAB/FGV.


VIII - a sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça TEMA
COBRADO NO XVIII EXAME DA OAB/FGV.
X - a decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à carta rogatória
pelo Superior Tribunal de Justiça;

O cumprimento da sentença ocorrerá de acordo com a natureza da obrigação determinada no


título judicial, destacando-se as principais hipóteses para a prova da OAB/FGV:

• CUMPRIMENTO DEFINITIVO DE SENTENÇA QUE RECONHECE A EXIGIBILIDADE DE


OBRIGAÇÃO DE PAGAR QUANTIA CERTA
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De acordo com o art. 523 do CPC/2015, no caso de condenação em quantia certa, ou já fixada
em liquidação, e no caso de decisão sobre parcela incontroversa, o cumprimento definitivo da
sentença far-se-á a requerimento do exequente, sendo o executado intimado para pagar o débito,
no prazo de 15 (quinze) dias, acrescido de custas, se houver.
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Se o executado não efetuar o pagamento no prazo de 15 dias, o débito será acrescido de multa
de 10 % (dez por cento) e, também, de honorários de advogado de 10 % (dez por cento). Caso o
pagamento seja parcial, a multa e os honorários incidirão sobre o restante TEMA COBRADO NO
XXVI EXAME DA OAB/FGV.

Além das multas ora citadas, caso o executado não realize o pagamento voluntário, será
expedido, desde logo, mandado de penhora e avaliação, seguindo-se os atos de expropriação.

Após o transcurso do prazo para pagamento voluntário, inicia-se, independentemente

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da penhora ou nova intimação, o prazo de 15 (quinze) dias para que o executado apresentar,
nos próprios autos, sua impugnação, considerada o meio de defesa do executado na fase de
cumprimento de sentença.

A impugnação NÃO depende de PENHORA, além do que NÃO há necessidade de NOVA


INTIMAÇÃO, ou seja, o devedor já é intimado para pagar (em 15 dias) ou apresentar impugnação
também em 15 dias, o que equivale a 15 + 15. Não confundir a impugnação (meio de defesa) com
os embargos à execução (natureza de ação), que são apresentados na execução extrajudicial.
TEMA COBRADO NO XXIII EXAME DA OAB/FGV.

Na impugnação, o executado poderá alegar as matérias elencadas no § 1º do art. 525 do


CPC/2015:

I - falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo correu à revelia;

II - ilegitimidade de parte;

III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;

IV - penhora incorreta ou avaliação errônea;

V - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;

Conforme previsto no § 4º do art. 525 do CPC/2015, quando o executado alegar que o exequente,
em excesso de execução, pleiteia quantia superior à resultante da sentença, cumprir-lhe-á
declarar de imediato o valor que entende correto, apresentando demonstrativo discriminado e
atualizado de seu cálculo.

VI - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;

VII - qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação,


compensação, transação ou prescrição, desde que supervenientes à sentença.
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Em relação à inexigibilidade, considera-se também inexigível a obrigação reconhecida em título
executivo judicial fundado em lei ou ato normativo considerado inconstitucional pelo Supremo
Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou do ato normativo tido
pelo Supremo Tribunal Federal como incompatível com a Constituição Federal, em controle de
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constitucionalidade concentrado ou difuso, desde que a decisão do Supremo Tribunal Federal


seja anterior ao trânsito em julgado da decisão exequenda (§ 12 do art. 525)

Se a decisão referida do STF for proferida após o trânsito em julgado da decisão exequenda,
caberá ação rescisória, cujo prazo será contado do trânsito em julgado da decisão proferida
pelo Supremo Tribunal Federal (§ 15). TEMA COBRADO NO XXIX EXAME DA OAB.

Cabe destacar ainda a impugnação não é dotada de efeito suspensivo, ou seja, a sua

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apresentação não impede a prática dos atos executivos, inclusive os de expropriação, podendo
o juiz, a requerimento do executado e desde que garantido o juízo com penhora, caução ou
depósito suficientes, atribuir-lhe efeito suspensivo, se seus fundamentos forem relevantes e se o
prosseguimento da execução for manifestamente suscetível de causar ao executado grave dano de
difícil ou incerta reparação.

• CUMPRIMENTO PROVISÓRIO DE SENTENÇA QUE RECONHECE A EXIGIBILIDADE DE


OBRIGAÇÃO DE PAGAR QUANTIA CERTA

Quando a sentença for impugnada por recurso sem efeito suspensivo, a parte poderá requerer
o cumprimento provisório da decisão, que será realizado da mesma forma que o cumprimento
definitivo, inclusive com a exigência do pagamento da multa caso o executado não a pague
espontaneamente, com as seguintes adaptações:

• É responsabilidade do exequente, que se obriga, se a sentença for reformada, a


reparar os danos que o executado haja sofrido;

• Ficará sem efeito, sobrevindo decisão que modifique ou anule a sentença objeto
da execução, restituindo-se as partes ao estado anterior e liquidando-se eventuais
prejuízos nos mesmos autos. Se a sentença objeto de cumprimento provisório for
modificada ou anulada apenas em parte, somente nesta ficará sem efeito a execução;

• O levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos que importem


transferência de posse ou alienação de propriedade ou de outro direito real, ou dos
quais possa resultar grave dano ao executado, dependem de caução suficiente e
idônea, arbitrada de plano pelo juiz e prestada nos próprios autos.

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Segundo o art. 521 do CPC/2015, poderá ser dispensada a caução nos casos em que: I - o crédito
for de natureza alimentar, independentemente de sua origem; II - o credor demonstrar situação
de necessidade; III – pender o agravo de instrumento junto ao STF ou STJ; IV - a sentença a ser
provisoriamente cumprida estiver em consonância com súmula da jurisprudência do Supremo
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Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça ou em conformidade com acórdão proferido


no julgamento de casos repetitivos.

Entretanto, a exigência de caução será mantida quando da dispensa possa resultar manifesto
risco de grave dano de difícil ou incerta reparação.

• DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE RECONHEÇA A EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE


PRESTAR ALIMENTO

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O procedimento relativo ao cumprimento de sentença de obrigação de prestar alimentos varia
de acordo com o tempo do débito alimentar, se mais recente ou mais antigo.

CUMPRIMENTO DE SENTENÇA
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA SOB SOB PENA DE PENHORA (ART.
PENA DE PRISÃO (ART. 528 DO CPC). 528, § 8º, DO CPC)

• Relativo às últimas três parcelas de alimentos. • Relativo ao débito mais antigo, anterior aos
três últimos meses.

• Executado é intimado pessoalmente para pagar em


3 dias. • O executado é intimado a pagar em 15 dias
sob pena de multa de 10%, como no caso do
cumprimento de sentença que fixa obrigação
• Se o executado não pagar ou se a justificativa de pagar quantia certa.
apresentada não for aceita, o juiz, além de mandar
protestar o pronunciamento judicial, decretar-lhe-á a
prisão pelo prazo de 1 (um) a 3 (três) meses.

Cabe destacar ainda que, além dos alimentos derivados do direito de família, o código de processo
civil de 2015 trata também dos alimentos decorrentes de ato ilícito (alimentos indenizatórios),
como aqueles oriundos, por exemplo, de um acidente gravíssimo de trânsito.

Nesse caso, caberá ao executado, a requerimento do exequente, constituir capital, a exemplo de um


imóvel ou aplicação financeira, que garanta frutos suficientes para o pagamento mensal dos alimentos.

Além disso, quando o executado for funcionário público, militar, diretor ou gerente de empresa
ou empregado sujeito à legislação do trabalho, o exequente poderá requerer o desconto em folha
de pagamento da importância da prestação alimentícia.

O NCPC não trata expressamente da possibilidade de prisão civil do devedor de alimentos por
ato ilícito, havendo divergência sobre essa possibilidade.

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• CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE RECONHEÇA A EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE
FAZER OU DE NÃO FAZER

De acordo com o art. 536 do CPC/2015, quando se tratar de cumprimento de sentença que
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fixe obrigação de fazer ou de não fazer, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento da parte, para
a efetivação da tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente,
determinar as medidas necessárias à satisfação do exequente, como a imposição de multa, a
busca e apreensão, a remoção de pessoas e coisas, o desfazimento de obras e o impedimento de
atividade nociva, podendo, caso necessário, requisitar o auxílio de força policial.

Importante destacar que o rol das medidas acima citadas não é taxativo, sendo possível o
juiz determinar outras medidas aptas a assegurar a efetivação da tutela especifica. Na prática,
entretanto, o meio mais comum é a imposição de multa (astreintes).

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


A fixação da multa independe de requerimento da parte e poderá ser aplicada na fase de
conhecimento, em tutela provisória ou na sentença, ou na fase de execução, desde que seja suficiente
e compatível com a obrigação e que se determine prazo razoável para cumprimento do preceito.

Além disso, a decisão que fixa a multa é passível de cumprimento provisório, devendo ser
depositada em juízo, permitido o levantamento do valor após o trânsito em julgado da sentença
favorável à parte.

Caso o executado descumpra injustificadamente a ordem judicial em relação à obrigação de fazer


ou não fazer incidirá nas penas de litigância de má-fé, sem prejuízo de sua responsabilização
por crime de desobediência.

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17

17.  RECURSOS NO PROCESSO CIVIL


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17.1.  PRINCÍPIOS MAIS IMPORTANTES

PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO: representa a possibilidade de reapreciação de


uma decisão por um órgão de instância superior. Não se trata de princípio expresso na Constituição
Federal, uma vez que o art. 5°, LV da CF/88 se limita a dispor que “aos litigantes, em processo
judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla
defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.”

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PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO DA REFORMATIO IN PEJUS: não é possível que a situação do
recorrente seja piorada com o julgamento do próprio recurso. Entretanto, é possível que a situação
piore quando houver matéria de ordem pública, a qual é transferida para um órgão ad quem, em
virtude do efeito translativo.

PRINCÍPIO DA SINGULARIDADE, UNICIDADE RECURSAL OU UNIRRECORRIBILIDADE:


permite que apenas um único recurso seja interposto para buscar a reforma/anulação da decisão.
A possibilidade de Embargos de Declaração não é exceção ao princípio, pois não visa a reforma ou
anulação da decisão, mas a supressão de omissão, obscuridade ou contradição;

PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE RECURSAL: esse princípio admite que o recurso inadequado


seja recebido como adequado (recebido como outro recurso), desde que estejam presentes os
pressupostos do recurso correto, não haja erro grosseiro nem má-fé.

PRINCÍPIO DA TAXATIVIDADE: o rol de recursos cabíveis vem expressamente previsto de forma


taxativa no art. 994 do CPC/2015, não se admitindo a interposição de recurso não previsto em lei.

17.2.  EFEITOS RECURSAIS

EFEITO DEVOLUTIVO: a matéria é devolvida ao juízo ad quem sem interferir nos efeitos
da decisão impugnada, que poderá ser executada provisoriamente. Trata-se da regra geral no
CPC/2015.

EFEITO SUSPENSIVO: impede a produção dos efeitos da decisão impugnada do recurso até
o trânsito em julgado. Os casos em que os recursos são recebidos com efeito suspensivo estão
previstos expressamente no CPC/2015.

EFEITO TRANSLATIVO: é aquele que devolve ao tribunal toda matéria de ordem pública, ainda
que não seja impugnada.

EFEITO SUBSTITUTIVO: é aquele segundo o qual a decisão do tribunal no recurso substitui


a decisão do juiz. De acordo com o art. 1.008 do CPC/2015, o julgamento proferido pelo tribunal
substituirá a sentença ou a decisão recorrida no que tiver sido objeto de recurso.
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EFEITO EXTENSIVO: é aquele segundo o qual o litisconsorte que não recorreu será beneficiado
pelo julgamento do recurso do litisconsorte recorrente, salvo se distintos ou opostos os seus
interesses, conforme art. 1.005 do CPC/2015.

EFEITO REGRESSIVO: é aquele existente em alguns recursos que permite juízo de retratação
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para a autoridade prolatora da decisão atacada, como no caso de interposição de agravo de


instrumento e agravo regimental.

17.3.  PRESSUPOSTOS RECURSAIS

• PRESSUPOSTOS OBJETIVOS

REGULARIDADE FORMAL: o recurso interposto deve cumprir as formalidades expressamente


previstas em lei para a sua interposição.

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TEMPESTIVIDADE: o recurso deve ser interposto no prazo estabelecido pelo código de processo
civil que, como regra geral, é de 15 dias. As pessoas jurídicas de direito público, o Ministério Público
e a Defensoria Pública terão o prazo em dobro para a interposição do recurso. O termo inicial de
contagem do prazo é o primeiro dia útil subsequente à publicação.

PREPARO: o preparo engloba o pagamento das custas e do depósito recursal, sob pena de
deserção. Importante destacar que, se houver recolhimento do valor do preparo inferior ao devido, o
recorrente poderá complementá-lo no prazo de 5 (cinco) dias, sob penda de deserção. Por outro lado,
se o recorrente não recolher qualquer valor do preparo, será intimado, na pessoa de seu advogado,
para realizar o recolhimento em dobro, sob pena de deserção. São dispensados de preparo.

Não há necessidade de preparo para a oposição de embargos de declaração (art. 1.023 do


CPC/2015). Além disso, são dispensados de preparo os recursos interpostos pelo Ministério
Público, pela União, pelo Distrito Federal, pelos Estados, pelos Municípios, e respectivas
autarquias, e pelos que gozam de isenção legal (art. 1007, § 1º, do CPC/2015).

• PRESSUPOSTOS SUBJETIVOS (INTRÍNSECOS)

LEGITIMIDADE: o recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e
pelo Ministério Público, como parte ou como fiscal da ordem jurídica, conforme previsto no art. 996
do CPC/2015.

INTERESSE RECURSAL: toda vez que uma parte for sucumbente em uma determinada
pretensão, haverá interesse recursal. Entretanto, é possível que haja interesse recursal mesmo
sem haver sucumbência.

CABIMENTO: adequação entre o recurso interposto e a decisão proferida.

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17.4.  RECURSOS EM ESPÉCIE

17.4.1.  APELAÇÃO
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A apelação é o recurso cabível em face da sentença proferida em primeiro grau, com o


objetivo de reforma-la ou anulá-la. O recurso é interposto perante o juiz a quo que, após receber
as contrarrazões da parte contrária, encaminhará o processo ao Tribunal (juízo ad quem),
independentemente de juízo de admissibilidade, o qual será feiro no juízo ad quem.

Desse modo, com o novo CPC, não há mais o juízo de admissibilidade da apelação no primeiro
grau de jurisdição, devendo o juiz que proferiu a sentença encaminhar o processo, após receber
as contrarrazões, diretamente para o Tribunal (art. 1.010, § 3º). Se o juiz de primeiro realizar juízo
de admissibilidade da apelação estará usurpando competência, já que se trata de competência do

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Tribunal . TEMA COBRADO NO XXI EXAME DA OAB/FGV.

Não há mais no novo CPC a previsão do agravo retido. Sendo assim, as decisões
interlocutórias não passíveis de agravo de instrumento não ficam sujeitas à preclusão,
podendo ser suscitadas em preliminar de apelação ou contrarrazões (§ 1º do art. 1.009 do
CPC). TEMA COBRADO NO XXII EXAME DA OAB/FGV.

Recebido o recurso de apelação no Tribunal, ele será distribuído ao relator que poderá adotar
uma das seguintes condutas:

ELABORAR VOTO E SUBMETÊ-


DECIDIR MONOCRATICAMENTE LO AO COLEGIADO

• Não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado Se não for o caso de decisão monocrática,
ou que não tenha impugnado especificamente elaborará seu voto para julgamento
os fundamentos da decisão recorrida. do recurso pelo órgão colegiado.

• Negar provimento a recurso que for contrário


a: a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do
Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal;
b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal
Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em
julgamento de recursos repetitivos; c) entendimento
firmado em incidente de resolução de demandas
repetitivas ou de assunção de competência.

• Dar provimento ao recurso se a decisão recorrida


for contrária a: a) súmula do Supremo Tribunal
Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do
próprio tribunal; b) acórdão proferido pelo Supremo
Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de
Justiça em julgamento de recursos repetitivos; c)
entendimento firmado em incidente de resolução de
demandas repetitivas ou de assunção de competência.

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Com o novo CPC, não há mais o juízo de admissibilidade da apelação feito pelo juízo que proferiu
a decisão, uma vez que este deve encaminhar o processo, após receber as contrarrazões,
diretamente para o Tribunal. Em outras palavras, o juízo de admissibilidade da apelação é feito
exclusivamente pelo Tribunal. TEMA COBRADO NO XXI EXAME DA OAB/FGV.
OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL

Como regra geral a apelação possui efeito devolutivo amplo e em profundidade, de modo que
serão objeto de apreciação pelo Tribunal todas as questões suscitadas e discutidas no processo,
ainda que não tenham sido solucionadas, desde que relativas ao capítulo impugnado.

Além disso, quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas
um deles, a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais.

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A apelação, como regra geral, possui efeito suspensivo. Entretanto, poderá deixar de tê-lo nas
hipóteses expressamente previstas em lei e quando interposto em face de sentença que (art. 1.012
do CPC/2015): I - homologa divisão ou demarcação de terras; II - condena a pagar alimentos; III -
extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes os embargos do executado; IV - julga
procedente o pedido de instituição de arbitragem; V - confirma, concede ou revoga tutela provisória
e VI - decreta a interdição. TEMA COBRADO NO XXX EXAME DA OAB/FGV

É importante registrar ainda que o § 4º do art. 1.012 do CPC/2015 estabelece a possibilidade


de o relator atribuir efeito suspensivo à apelação se o apelante demonstrar a probabilidade de
provimento do recurso ou se, sendo relevante a fundamentação, houver risco de dano grave ou
de difícil reparação.

O § 3º do art. 1.013 do CPC/2015 reproduz e amplia as regras da consagrada teoria da causa


madura prevista no § 3º do art. 515 do CPC/1973, permitindo-se que o tribunal, se o processo
estiver em condições de imediato julgamento, decida desde logo o mérito, sem a necessidade de
reenvio dos autos à primeira instância.

17.4.2.  AGRAVO DE INSTRUMENTO

O agravo de instrumento é o recurso cabível contra as decisões interlocutórias que versem


sobre as matérias previstas no art. 1.015 do CPC/2015:

Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre:

I - tutelas provisórias;

II - mérito do processo;

III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem;

IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica;

V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua revogação;

VI - exibição ou posse de documento ou coisa;

VII - exclusão de litisconsorte;

75
VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio;

IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros;

X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à execução;


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XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1o;

XII - (VETADO);

XIII - outros casos expressamente referidos em lei.

Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões interlocutórias


proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no
processo de execução e no processo de inventário.

O agravo de instrumento é dirigido diretamente ao tribunal competente, devendo a petição ser

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instruída obrigatoriamente, com cópias da petição inicial, da contestação, da petição que ensejou
a decisão agravada, da própria decisão agravada, da certidão da respectiva intimação ou outro
documento oficial que comprove a tempestividade e das procurações outorgadas aos advogados
do agravante e do agravado.

Na falta da cópia de qualquer peça ou no caso de algum outro vício que comprometa a
admissibilidade do agravo de instrumento, deve o relator, antes de considerar inadmissível
o recurso, conceder o prazo de 5 (cinco) dias ao recorrente para que seja sanado vício ou
complementada a documentação exigível (§ 3º do art. 1.017 do CPC/2015).

Não sendo eletrônicos os autos o agravante deverá, no prazo de 3 (três) dias a contar da
interposição do agravo de instrumento, requerer a juntada, aos autos do processo, de cópia da
petição do agravo de instrumento, do comprovante de sua interposição e da relação dos documentos
que instruíram o recurso, sob pena de sua inadmissibilidade.

Conforme previsto no art. 1.019 do CPC/2015, recebido o agravo de instrumento no tribunal e


distribuído imediatamente, se não for o caso de aplicação do art. 932, incisos III e IV, o relator, no
prazo de 5 (cinco) dias:

• Poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso ou deferir, em antecipação de tutela,


total ou parcialmente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz sua decisão;

• Ordenará a intimação do agravado para que responda no prazo de 15 (quinze) dias,


facultando-lhe juntar a documentação que entender necessária ao julgamento do recurso;

• Determinará a intimação do Ministério Público, preferencialmente por meio


eletrônico, quando for o caso de sua intervenção, para que se manifeste no prazo de
15 (quinze) dias.

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O agravo de instrumento, como regra geral, não possui efeito suspensivo, mas o relator poderá
atribuí-lo para evitar lesão grave ou de difícil reparação. Além disso, o novo CPC permite
que o relator defira a pretensão recursal por meio de antecipação de tutela, o que a doutrina
denomina de efeito ativo do recurso.
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17.4.3.  AGRAVO INTERNO

O agravo interno é o recurso cabível contra decisão proferida pelo relator para o respectivo
órgão colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do regimento interno do tribunal
(art. 1.021 do CPC/2015).

Quando o agravo interno for declarado manifestamente inadmissível ou improcedente em

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votação unânime, o órgão colegiado, em decisão fundamentada, condenará o agravante a pagar ao
agravado multa fixada entre um e cinco por cento do valor atualizado da causa.

Nesse caso, a interposição de qualquer outro recurso está condicionada ao depósito prévio do
valor da multa, à exceção da Fazenda Pública e do beneficiário de gratuidade da justiça, que farão
o pagamento ao final.

17.4.4.  EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

Os embargos de declaração são cabíveis contra qualquer decisão judicial para: I - esclarecer
obscuridade ou eliminar contradição; II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia
se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento; III - corrigir erro material.

O prazo dos embargos de declaração é de 5 dias e ele deve ser apresentado, com indicação do erro,
obscuridade, contradição ou omissão, ao juiz que proferiu a decisão ou ao relator, no caso de acordão.

O juiz intimará o embargado para, querendo, manifestar-se, no prazo de 5 (cinco) dias, sobre os
embargos opostos, caso seu eventual acolhimento implique a modificação da decisão embargada.
Após, o juiz julgará os embargos em 5 (cinco) dias.

De acordo com o art. 1.026 do CPC/2015, os embargos de declaração não possuem efeito
suspensivo e interrompem o prazo para a interposição de recurso. Entretanto, a eficácia da decisão
monocrática ou colegiada poderá ser suspensa pelo respectivo juiz ou relator se demonstrada a
probabilidade de provimento do recurso ou, sendo relevante a fundamentação, se houver risco de
dano grave ou de difícil reparação.

Quando manifestamente protelatórios os embargos de declaração, o juiz ou o tribunal, em


decisão fundamentada, condenará o embargante a pagar ao embargado multa não excedente
a dois por cento sobre o valor atualizado da causa. Na reiteração de embargos de declaração
manifestamente protelatórios, a multa será elevada a até dez por cento sobre o valor atualizado
da causa, e a interposição de qualquer recurso ficará condicionada ao depósito prévio do valor da
multa, à exceção da Fazenda Pública e do beneficiário de gratuidade da justiça, que a recolherão
ao final. Não serão admitidos novos embargos de declaração se os 2 (dois) anteriores houverem
sido considerados protelatórios. 77
Importante destacar ainda que é possível que, durante o prazo recursal, uma parte oponha
embargos de declaração e a parte adversa interponha outro recurso. Nesse caso, duas situações
são possíveis:
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• Caso o acolhimento dos embargos de declaração implique modificação da decisão


embargada, o embargado que já tiver interposto outro recurso contra a decisão
originária tem o direito de complementar ou alterar suas razões, nos exatos limites
da modificação, no prazo de 15 (quinze) dias, contado da intimação da decisão dos
embargos de declaração (§4º do art. 1.024 do CPC/2015)

• Se os embargos de declaração forem rejeitados ou não alterarem a conclusão do


julgamento anterior, o recurso interposto pela outra parte antes da publicação do
julgamento dos embargos de declaração será processado e julgado independentemente
de ratificação (§5º do art. 1.024 do CPC/2015). TEMA COBRADO NO XXV EXAME DA OAB/FGV.

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17.4.5.  RECURSO ESPECIAL E RECURSO EXTRAORDINÁRIO

A finalidade dos recursos especial e extraordinário é garantir a uniformização do entendimento


jurisprudencial relativo a questões vinculadas à legislação federal infraconstitucional, no caso do
recurso especial, e de ordem constitucional, no caso do recurso extraordinário.

Como características comuns dos recursos especial e extraordinários destacamos as seguintes:

• Necessidade de esgotamento dos recursos ordinários, ou seja, somente quando não


for possível a interposição de nenhum outro recurso.

• Não se permite rediscussão de matéria de fato.

• Não possuem, como regra geral, efeito suspensivo.

78
RECURSO ESPECIAL (STJ) RECURSO EXTRAORDINÁRIO (STF)

CABIMENTO: causas decididas, em única ou última CABIMENTO: causas decididas em única ou


instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou última instância, quando a decisão recorrida:
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pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e a) contrariar dispositivo desta Constituição; b)
Territórios, quando a decisão recorrida: a) contrariar declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei
tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência; b) federal; c) julgar válida lei ou ato de governo local
julgar válido ato de governo local contestado em contestado em face desta Constituição e d) julgar
face de lei federal e c) der a lei federal interpretação válida lei local contestada em face de lei federal.
divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.

PROCEDIMENTO: mesmo procedimento do recurso


PROCEDIMENTO: interposto, no prazo de 15 especial, com a peculiaridade da repercussão geral.
dias, perante o presidente ou vice-presidente
do Tribunal de Origem, a depender do regime
interno do Tribunal. Parte adversa intimada a A repercussão geral será admitida por 2/3 dos
apresentar contrarrazões no prazo de 15 dias.

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ministros do STF e é irrecorrível (decisão do pleno).
Se o STF considerar que há repercussão geral, o
relator determinará a suspensão do processamento
Primeiro juízo de admissibilidade feito pelo de todos os processos pendentes, individuais ou
Tribunal a quo, devendo ser negado o seguimento coletivos, que versem sobre a questão e tramitem
nas hipóteses do art. 1.030 do CPC/2015. no território nacional. Neste caso, o processo deverá
ser julgado no prazo de 1 (um) ano e terá preferência
sobre os demais feitos, ressalvados os que
Sendo positivo o juízo de admissibilidade, o envolvam réu preso e os pedidos de habeas corpus.
processo será remetido ao STJ. Além disso, verificando
o Tribunal de origem que há grande quantidade
de recursos sobre a mesma matéria, deverá EFEITOS: recebido apenas no efeito devolutivo.
selecionar um ou mais processos representativos
encaminhando-os ao STJ (art. 1.036 do CPC). Neste
caso, os demais processos que tratam da mesma
matéria deverão ficar sobrestados até a decisão do STJ,
que deverá ser seguida nos processos sobrestados.

Não admitido o recurso especial caberá


agravo do despacho denegatório em 15 dias.

EFEITOS: recebido apenas no efeito devolutivo.

79
REPERCUSSÃO GERAL. De acordo com § 3º do art. 102 da CF/88, no recurso extraordinário,
o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas
no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente
podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus membros. O NCPC tratou da
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matéria, prevendo no § 1º do art.1.035 que, para efeito de repercussão geral, será considerada a
existência ou não de questões relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico
que ultrapassem os interesses subjetivos do processo. Além disso, haverá repercussão geral
sempre que o recurso impugnar acórdão que: I - contrarie súmula ou jurisprudência dominante
do Supremo Tribunal Federal; II - tenha sido proferido em julgamento de casos repetitivos; III -
tenha reconhecido a inconstitucionalidade de tratado ou de lei federal, nos termos do art. 97 da
Constituição Federal. A decisão do

STF que não conhece do recurso extraordinário por falta de repercussão geral será irrecorrível.
Além disso, negada a repercussão geral, o presidente ou o vice-presidente do tribunal de

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origem negará seguimento aos recursos extraordinários sobrestados na origem que versem
sobre matéria idêntica TEMA COBRADO NO IX EXAME DA OAB/FGV.

Caso haja interposição simultânea de recurso extraordinário e recurso especial, o art. 1.031
do CPC/2015 determina que os autos sejam remetidos primeiramente ao Superior Tribunal de
Justiça. Concluído o julgamento do recurso especial, os autos serão remetidos ao Supremo
Tribunal Federal para apreciação do recurso extraordinário, se este não estiver prejudicado.

Se o relator do recurso especial considerar prejudicial o recurso extraordinário, em decisão


irrecorrível, sobrestará o julgamento e remeterá os autos ao Supremo Tribunal Federal. Nesse caso,
se o relator do recurso extraordinário, rejeitar a prejudicialidade, devolverá os autos ao Superior
Tribunal de Justiça para o julgamento do recurso especial, também em decisão irrecorrível.

17.4.6.  EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA

Trata-se de recurso interposto com o objetivo de eliminar a divergência dentro do próprio STF
ou do STJ. Assim, os embargos de divergência poderão ser interpostos em face de decisão de
turma proferida em sede de recurso especial que divergir de decisão de outra turma da seção ou
de órgão especial do STJ ou de decisão proferida por turma em sede de recurso extraordinário que
divergir de decisão de outra turma do STF.

O prazo para interposição dos embargos de divergência é de 15 dias e o seu processamento


possui previsão no regulamento interno do STJ e do STF.

17.4.7.  RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL

É cabível a interposição de recurso ordinário constitucional em face das decisões de única


instância proferidas pelos Tribunais Superiores, podendo o recurso ser dirigido ao STF ou STJ, a
depender da matéria e do Tribunal que proferiu a decisão.

80
STF STJ

Mandados de segurança, os habeas Mandados de segurança decididos em única


data e os mandados de injunção decididos instância pelos tribunais regionais federais ou
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em única instância pelos tribunais pelos tribunais de justiça dos Estados e do Distrito
superiores, quando denegatória a decisão. Federal e Territórios, quando denegatória a decisão
TEMA COBRADO NO XXIX EXAME DA OAB/FGV

OBS: No caso de acolhimento parcial da pretensão


veiculada no mandado de segurança, caberá
Recurso Ordinário em relação à parte denegada,
e Recurso Extraordinário e/ou Especial em
relação ao pedido concedido, conforme a matéria.

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Processos em que forem partes, de um lado, Estado
estrangeiro ou organismo internacional e, de outro,
Município ou pessoa residente ou domiciliada no País.
TEMA COBRADO NO XIII EXAME DA OAB/FGV.

81
18

18.  IRDR
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O incidente de resolução de demandas repetitivas (IRDR) é uma das novidades do novo código
de processo civil, representando um incidente processual (não se trata de nova ação, porque
ocorre dentro de um processo já existente), que objetiva por meio de um caso piloto estabelecer
um precedente de eficácia vinculante nos limites do Tribunal de Justiça ou do Tribunal Regional
Federal para os processos repetitivos que contenham controvérsia sobre questão de direito. A
ideia é estabelecer soluções idênticas para todos os demais casos que se encaixam na situação do
caso piloto que serviu de paradigma no IRDR, evitando-se decisões conflitantes.

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Conforme previsto no art. 976 do CPC/2015, é cabível a instauração do incidente de resolução
de demandas repetitivas quando houver, simultaneamente: I - efetiva repetição de processos que
contenham controvérsia sobre a mesma questão unicamente de direito; II - risco de ofensa à
isonomia e à segurança jurídica.

Não será admitido IRDR se já houver a discussão acerca do recurso repetitivo em sede de
recurso especial ou extraordinário. Além disso, a desistência ou o abandono do processo não
impede o exame de mérito do incidente.

De acordo com o art. 977 do CPC/2015, o pedido de instauração do incidente será dirigido ao
presidente de tribunal e poderá ser formulado: pelo juiz ou relator, por ofício; pelas partes, por
petição e pelo Ministério Público ou pela Defensoria Pública, por petição. Se não for o requerente,
o Ministério Público intervirá obrigatoriamente no incidente e deverá assumir sua titularidade em
caso de desistência ou de abandono TEMA COBRADO NO XIII EXAME DA OAB/FGV.

O julgamento do incidente caberá ao órgão indicado pelo regimento interno dentre aqueles
responsáveis pela uniformização de jurisprudência do tribunal.

Admitido o incidente, o relator suspenderá os processos pendentes, individuais ou coletivos,


que tramitam no Estado ou na região, que envolvam o mesmo tema da causa piloto. Além disso,
poderá requisitar informações a órgãos em cujo juízo tramita processo no qual se discute o objeto
do incidente, que as prestarão no prazo de 15 (quinze) dias e intimará o Ministério Público para,
querendo, manifestar-se no prazo de 15 (quinze) dias (art. 982 do CPC/2015).

O § 2º do art. 982 do CPC/2015 dispõe que, durante a suspensão dos processos relacionados
à causa piloto, eventual pedido de tutela de urgência deverá ser dirigido ao juízo onde tramita o
processo suspenso.

O julgamento do incidente deverá ser realizado no prazo de 1 (um) ano e terá preferência sobre
os demais feitos, salvo as causas que envolvam réu preso e os pedidos de habeas corpus. O prazo
acima citado poderá ser prorrogado por decisão fundamentada do relator (art. 980 do CPC/2015).

Julgado o incidente, a tese jurídica será aplicada a todos os processos individuais ou coletivos
82
que versem sobre idêntica questão de direito e que tramitem na área de jurisdição do respectivo
tribunal, bem como aos casos futuros que versem idêntica questão de direito e que venham a
tramitar no território de competência do tribunal, salvo no caso de revisão pelo próprio Tribunal
(art. 985 do CPC/2015).
OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL

Não observada a tese adotada no julgamento do IRDR, caberá reclamação ao Tribunal.

Do julgamento do mérito do incidente caberá recurso extraordinário ou especial, conforme o


caso. O recurso terá efeito suspensivo, presumindo-se a repercussão geral de questão constitucional
eventualmente discutida.

Além disso, apreciado o mérito do recurso, a tese jurídica adotada pelo Supremo Tribunal

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Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça será aplicada no território nacional a todos os
processos individuais ou coletivos que versem sobre idêntica questão de direito.

83
19

19.  PROCEDIMENTOS ESPECIAIS


OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL

Os procedimentos especiais são espécies de processo de conhecimento com características


próprias (especiais), destacando-se abaixo aqueles mais importantes para a prova da OAB/FGV.

A oposição era tratada como intervenção de terceiro e passou a ser considerada procedimento
especial no novo CPC.

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19.1.  AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO

Trata-se de ação que permite ao autor consignante o reconhecimento da extinção de sua


obrigação mediante depósito judicial de valor ou coisa.

De acordo com o art. 335 do CC, a consignação é cabível: I - se o credor não puder, ou, sem justa
causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma; II - se o credor não for, nem
mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos; III - se o credor for incapaz de receber,
for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil; IV
- se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento; V - se pender
litígio sobre o objeto do pagamento.

Conforme previsto no código de processo civil de 2015, a consignação em pagamento poderá


ser judicial ou extrajudicial.

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CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO
EXTRAJUDICIAL JUDICIAL

Tratando-se de obrigação em dinheiro, poderá A ação deve ser proposta no lugar do pagamento,
OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL

o valor ser depositado em estabelecimento cessando para o devedor, à data do depósito, os juros e
bancário, oficial onde houver, situado no lugar do os riscos, salvo se a demanda for julgada improcedente.
pagamento, cientificando-se o credor por carta
com aviso de recebimento, assinado o prazo de
10 (dez) dias para a manifestação de recusa. Na petição inicial, o autor requererá o depósito da
quantia ou da coisa devida, a ser efetivado no prazo
de 5 (cinco) dias, sob pena de extinção do processo
Decorrido o prazo sem a manifestação de recusa, sem resolução do mérito, ressalvada a hipótese de
considerar-se-á o devedor liberado da obrigação, já ter consignado extrajudicialmente e a citação do
ficando à disposição do credor a quantia depositada. réu para levantar o depósito ou oferecer contestação.

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Ocorrendo a recusa, manifestada por escrito ao Na contestação, o réu poderá alegar que: I - não
estabelecimento bancário, poderá ser proposta, dentro houve recusa ou mora em receber a quantia ou a
de 1 (um) mês, a ação de consignação, instruindo- coisa devida; II - foi justa a recusa; III - o depósito não
se a inicial com a prova do depósito e da recusa. se efetuou no prazo ou no lugar do pagamento; IV - o
Não proposta a ação no prazo citado, ficará sem depósito não é integral, hipótese em que a alegação
efeito o depósito, podendo levantá-lo o depositante. somente será admissível se o réu indicar o montante
que entende devido, podendo ainda levantar,
desde logo, a quantia ou a coisa depositada, com a
consequente liberação parcial do autor, prosseguindo
o processo quanto à parcela controvertida. Se
sentença concluir pela insuficiência do depósito
determinará, sempre que possível, o montante
devido e valerá como título executivo. TEMA
COBRADO NO XII EXAME DA OAB/FGV.

Julgado procedente o pedido da ação de consignação,


o juiz declarará extinta a obrigação e condenará o réu
ao pagamento de custas e honorários advocatícios.

Conforme previsto no art. 541 do CPC/2015, tratando-se de prestações sucessivas,


consignada uma delas, pode o devedor continuar a depositar, no mesmo processo e sem mais
formalidades, as que se forem vencendo, desde que o faça em até 5 (cinco) dias contados da
data do respectivo vencimento.

Tratando-se de ação de consignação baseada no inciso IV do art. 355 do CC, ou seja, se ocorrer
dúvida sobre quem deva legitimamente receber o pagamento, o autor requererá o depósito e
a citação dos possíveis titulares do crédito para provarem o seu direito. Nesse caso, não
comparecendo pretendente algum, converter-se-á o depósito em arrecadação de coisas vagas;
comparecendo apenas um, o juiz decidirá de plano e comparecendo mais de um, o juiz declarará
efetuado o depósito e extinta a obrigação, continuando o processo a correr unicamente entre os
presuntivos credores, observado o procedimento comum.

85
19.2.  AÇÕES POSSESSÓRIAS

Considera-se posse o poder de fato que o sujeito possui sobre determinado bem, facultando-
lhe exercer alguns dos poderes próprios da propriedade (uso, gozo e disposição), sem ser
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necessariamente dono, conforme previsto no art. 1.196 do CC.

O art. 1.210 do CC, por sua vez, dispõe que o possuidor tem direito a ser mantido na posse em
caso de turbação, de ser restituído na hipótese de esbulho, e de ser segurado de violência iminente
se tiver justo receio de ser molestado.

Justamente para fazer cessar as situações previstas no art. 1.210 do CC, o possuidor direito ou
indireto poderá se valer das seguintes ações possessórias:

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AÇÃO DE AÇÃO DE INTERDITO
REINTEGRAÇÃO MANUTENÇÃO PROIBITÓRIO
DE POSSE DE POSSE

Quando houver esbulho, ou Quando houver turbação, mas Quando houver receio do
seja, perda da posse. sem a perda da posse. possuidor ser molestado na
sua posse.

Observe-se, portanto, que apenas o possuidor (direto ou indireto) tem legitimidade ativa para
ingressar com as ações possessórias TEMA COBRADO NO XII EXAME DA OAB/FGV, podendo
ainda cumular o pedido possessório com o pedido de condenação em perdas e danos (art. 555 do
CPC/2015).

Além disso, o procedimento das ações possessórias é considerado especial em razão das
seguintes peculiaridades:

• Fungibilidade das ações possessórias: conforme previsto no art. 554 do CPC/2015, a


propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz conheça
do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos pressupostos
estejam provados.

• As ações possessórias possuem natureza dúplice, podendo o réu, em contestação,


fazer pedido contra o autor, nos termos do art. 556 do CPC/2015: “É lícito ao réu,
na contestação, alegando que foi o ofendido em sua posse, demandar a proteção
possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes da turbação ou do esbulho
cometido pelo autor.”

• Possibilidade de concessão de liminar quando se tratar de ação de força nova, ou


seja, quando a ação for ajuizada dentro de um ano e dia da turbação ou do esbulho (art.
558 e 562 do CPC/2015). Em outras palavras, se a petição inicial estiver devidamente
instruída, o juiz determinará, sem a oitiva do réu, a expedição do mandado liminar de
manutenção ou de reintegração na posse TEMA COBRADO NO V EXAME DA OAB/
FGV. Em se tratando de interdito proibitório (receio do possuidor ser molestado na
posse), o juiz expedirá mandado proibitório em que se comine ao réu determinada
86
pena pecuniária caso transgrida o preceito (art. 567 do CPC/2015).

• Se a petição inicial não estiver devidamente instruída, impossibilitando que o juiz


se convença sobre a liminar, o magistrado designará uma audiência de justificação,
oportunidade em que o autor, após a citação do réu, poderá justificar previamente o
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alegado (art. 562 do CPC/2015). Quando for ordenada a justificação prévia, o prazo
para contestar contar-se-á da intimação do despacho que deferir ou não a medida
liminar, conforme art. 564, parágrafo único, do CPC/2015 TEMA COBRADO NO IV
EXAME DA OAB/FGV.

Contra as pessoas jurídicas de direito público não será deferida a manutenção ou a reintegração
liminar sem prévia audiência dos respectivos representantes judiciais (art. 562, parágrafo único,
do CPC/2015).

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19.3.  INVENTÁRIO E PARTILHA

A morte é um evento natural inevitável que acarreta diversas consequências no mundo jurídico,
entre as quais a necessidade de garantir aos herdeiros os bens deixados pelo falecido.

O inventário representa o procedimento de enumeração e descrição dos bens do falecido


para possibilitar a partilha entre os herdeiros, devendo ser instaurado dentro de 2 (dois) meses a
contar da abertura da sucessão, ultimando-se nos 12 (doze) meses subsequentes, podendo o juiz
prorrogar esses prazos, de ofício ou a requerimento de parte (art. 611 do CPC/2015).

De acordo com o CPC de 1973 era competente para o procedimento de inventário e partilha o
foro de domicílio do autor da herança e, também, o da situação dos bens ou da situação do óbito.
Com o novo CPC, independentemente do local do óbito, o foro competente para o procedimento
de inventário e partilha será o domicilio do autor da herança e, caso este não tenha domicílio
certo, será o foro de situação dos imóveis e, havendo bens em lugares diferentes, a ação poderá
ser ajuizada no foro da situação de qualquer dos bens, conforme art. 48, II, do CPC/2015.

O inventário poderá ser realizado de forma extrajudicial ou judicial, sendo obrigatório o meio
judicial quando houver testamento ou herdeiro incapaz, conforme art. 610, caput, do CPC/2015.

Tratando-se de inventário extrajudicial, este ocorrerá em cartório por meio de escritura pública,
que constituirá documento hábil para qualquer ato de registro, bem como para levantamento de
importância depositada em instituições financeiras. Salienta-se ainda que tabelião somente lavrará
a escritura pública se todas as partes interessadas estiverem assistidas por advogado ou por
defensor público, cuja qualificação e assinatura constarão do ato notarial (art. 610, § 1º e § 2º, do
CPC/2015)

87
PROCEDIMENTO EXTRAJUDICIAL DE PROCEDIMENTO JUDICIAL DE
INVENTÁRIO E PARTILHA INVENTÁRIO E PARTILHA

• Realizado em cartório, por escritura pública • Realizado por meio de processo judicial
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• Obrigatória a presença de advogado ou • Obrigatório quando houver testamento ou


defensor público interessado incapaz

Conforme previsto no art. 616 do CPC/2015, possuem legitimidade para requerer a abertura
do inventário o cônjuge ou companheiro supérstite; o herdeiro; o legatário; o testamenteiro; o
cessionário do herdeiro ou do legatário; o credor do herdeiro, do legatário ou do autor da herança;
o Ministério Público, havendo herdeiros incapazes; a Fazenda Pública, quando tiver interesse; o
administrador judicial da falência do herdeiro, do legatário, do autor da herança ou do cônjuge ou

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companheiro supérstite.

O código de processo civil de 2015 acrescentou o companheiro supérstite como legitimado para
requerer a abertura do inventário e suprimiu a regra de que o juiz pode abrir o inventário de ofício.

No procedimento do inventário e partilha é necessário a nomeação de um inventariante, que


será o responsável pela administração dos bens deixado pelo falecido, ou seja, o responsável pelo
espólio. Segundo o artigo 617 do CPC/2015, o juiz nomeará inventariante na seguinte ordem:

I - o cônjuge ou companheiro sobrevivente, desde que estivesse convivendo com o outro


ao tempo da morte deste;

II - o herdeiro que se achar na posse e na administração do espólio, se não houver


cônjuge ou companheiro sobrevivente ou se estes não puderem ser nomeados;

III - qualquer herdeiro, quando nenhum deles estiver na posse e na administração do espólio;

IV - o herdeiro menor, por seu representante legal;

V - o testamenteiro, se lhe tiver sido confiada a administração do espólio ou se toda a


herança estiver distribuída em legados;

VI - o cessionário do herdeiro ou do legatário;

VII - o inventariante judicial, se houver;

VIII - pessoa estranha idônea, quando não houver inventariante judicial.

O novo CPC inovou ao permitir que o herdeiro menor, por seu representante legal, e o
cessionário do herdeiro ou do legatário sejam nomeados como inventariantes.

O inventariante nomeado prestará, no prazo de 5 dias, compromisso de bem e fielmente


desempenhar a função, sendo que, entre suas principais atribuições destacam-se: representar o
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espólio ativa e passivamente, em juízo ou fora dele, administrar o espólio, velando-lhe os bens com
a mesma diligência que teria se seus fossem, prestar as primeiras e últimas declarações, prestar
contas de sua gestão ao deixar o cargo ou sempre que o juiz lhe determinar (art. 618 do CPC/2015).
Além disso, ouvido os interessados e com autorização do juiz, cabe ao inventariante alienar bens
de qualquer espécie; transigir em juízo ou fora dele; pagar dívidas do espólio e fazer as despesas
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necessárias para a conservação e o melhoramento dos bens do espólio (art. 619 do CPC/2015).

Dentro de 20 (vinte) dias contados da data em que prestou o compromisso, o inventariante


fará as primeiras declarações, que consistem na apresentação de todos os dados necessários
para o desenvolvimento do processo, principalmente aqueles referentes ao autor da herança, aos
herdeiros, aos bens do espólio, e às dívidas ativas e passivas, observando-se o contido no art. 620
do CPC/2015.

Elaboradas as primeiras declarações, o juiz mandará citar, para os termos do inventário e da

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partilha, o cônjuge, o companheiro, os herdeiros e os legatários e intimar a Fazenda Pública, o
Ministério Público, se houver herdeiro incapaz ou ausente, e o testamenteiro, se houver testamento.

De acordo com o art. 622 do CPC/2015, o inventariante será removido de ofício ou a


requerimento: I - se não prestar, no prazo legal, as primeiras ou as últimas declarações; II -
se não der ao inventário andamento regular, se suscitar dúvidas infundadas ou se praticar
atos meramente protelatórios; III - se, por culpa sua, bens do espólio se deteriorarem,
forem dilapidados ou sofrerem dano; IV - se não defender o espólio nas ações em que for
citado, se deixar de cobrar dívidas ativas ou se não promover as medidas necessárias para
evitar o perecimento de direitos; V - se não prestar contas ou se as que prestar não forem
julgadas boas; VI - se sonegar, ocultar ou desviar bens do espólio. Requerida a remoção com
fundamento em qualquer dos incisos do art. 622, será intimado o inventariante para, no prazo
de 15 (quinze) dias, defender-se e produzir provas, devendo o incidente da remoção correr
em apenso aos autos do inventário. Decorrido o prazo, com a defesa do inventariante ou sem
ela, o juiz decidirá. Se remover o inventariante, o juiz nomeará outro, observada a ordem
estabelecida no art. 617. O inventariante removido entregará imediatamente ao substituto
os bens do espólio e, caso deixe de fazê-lo, será compelido mediante mandado de busca e
apreensão ou de imissão na posse, conforme se tratar de bem móvel ou imóvel, sem prejuízo
da multa a ser fixada pelo juiz em montante não superior a três por cento do valor dos bens
inventariados TEMA COBRADO NO XVIII EXAME DA OAB/FGV

As partes citadas terão prazo comum de 15 dias para se manifestarem sobre as primeiras
declarações podendo arguir erros, omissões e sonegação de bens; reclamar contra a nomeação
de inventariante e contestar a qualidade de quem foi incluído no título de herdeiro, podendo o juiz
deferir as pretensões conforme quadro abaixo (art. 627 do CPC/2015).

89
ALEGAÇÃO CONSEQUÊNCIA

Arguir erros, omissões e sonegação de bens Se procedente, o juiz mandará retificar as primeiras
declarações.
OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL

Reclamar contra a nomeação de inventariante Se procedente, o juiz nomeará outro inventariante,


observada a preferência legal.

Contestar a qualidade de quem foi incluído no Verificando que a disputa sobre a qualidade de herdeiro
título de herdeiro demanda produção de provas que não a documental, o
juiz remeterá a parte às vias ordinárias e sobrestará,
até o julgamento da ação, a entrega do quinhão que na
partilha couber ao herdeiro admitido.

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


COLAÇÃO: no prazo concedido para a manifestação sobre as primeiras declarações, o cônjuge e
os descendentes têm o dever de trazerem à herança os valores das doações que receberam em
vida do de cujus, para que possam compor o valor total da legítima dos herdeiros necessários,
sob pena de sonegação (art. 639 do CPC).

Aquele que se julgar preterido poderá demandar sua admissão no inventário, desde que o
requerimento seja feito antes da partilha, devendo o juiz decidir após ouvidas as partes no
prazo de 15 (quinze) dias. Se para solução da questão for necessária a produção de provas
que não a documental, o juiz remeterá o requerente às vias ordinárias, mandando reservar,
em poder do inventariante, o quinhão do herdeiro excluído até que se decida o litígio (art. 628
do CPC/2015)

Após o prazo para as partes se manifestarem sobre as primeiras declarações, sem impugnação
ou decidida a impugnação que houver sido oposta, o juiz nomeará, se for o caso, perito para avaliar
os bens do espólio, se não houver na comarca avaliador judicial (art. 630 do CPC/2015).

Entregue o laudo de avaliação, o juiz mandará que as partes se manifestem no prazo de 15


(quinze) dias, sendo que Aceito o laudo ou resolvidas as impugnações suscitadas a seu respeito,
lavrar-se-á em seguida o termo de últimas declarações, no qual o inventariante poderá emendar,
aditar ou completar as primeiras (art. 636 do CPC/2015).

Importante salientar ainda que, antes da partilha, os credores do espólio poderão requerer ao
juízo do inventário o pagamento das dívidas vencidas e exigíveis, por meio de petição, acompanhada
de prova literal da dívida, que será distribuída por dependência e autuada em apenso aos autos do
processo de inventário.

Concordando as partes com o pedido, o juiz, ao declarar habilitado o credor, mandará que se
faça a separação de dinheiro ou, em sua falta, de bens suficientes para o pagamento. Entretanto, se
o credor requerer que, em vez de dinheiro, lhe sejam adjudicados, para o seu pagamento, os bens
já reservados, o juiz deferir-lhe-á o pedido, concordando todas as partes (art. 642 do CPC/2015).
90
Não havendo concordância de todas as partes sobre o pedido de pagamento feito pelo credor,
será o pedido remetido às vias ordinárias.
OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL

Separados os bens, tantos quantos forem necessários para o pagamento dos credores
habilitados, o juiz mandará aliená-los, observando-se as disposições relativas à expropriação.
Após, o juiz facultará às partes que, no prazo comum de 15 (quinze) dias, formulem o pedido de
quinhão e, em seguida, proferirá a decisão de deliberação da partilha, resolvendo os pedidos das
partes e designando os bens que devam constituir quinhão de cada herdeiro e legatário (art. 647,
caput, do CPC/2015).

De acordo com o parágrafo único do art. 647 do CPC/2015, o juiz poderá, em decisão
fundamentada, deferir antecipadamente a qualquer dos herdeiros o exercício dos direitos de

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


usar e de fruir de determinado bem, com a condição de que, ao término do inventário, tal bem
integre a cota desse herdeiro, cabendo a este, desde o deferimento, todos os ônus e bônus
decorrentes do exercício daqueles direitos.

19.4.  EMBARGOS DE TERCEIRO

Caso haja apreensão (penhora) de bens de pessoa que não integra a lide, o terceiro prejudicado
poderá apresentar embargos de terceiro, ação de conhecimento com procedimento especial
regulada pelos artigos 674/681 do CPC/2015.

Embargos de terceiro, portanto, não se confundem com embargos à execução.

EMBARGOS DE TERCEIRO EMBARGOS À EXECUÇÃO

• Opostos por pessoa que não integra a lide (terceiro) • Opostos pelo executado

• Podem ser apresentados na fase de conhecimento • Apresentados apenas na execução


ou de execução

Após a desconsideração da personalidade jurídica, o sócio da empresa não tem legitimidade


para opor embargos de terceiro, podendo se valer apenas dos embargos à execução.

Conforme previsto no art. 675 do CPC/2015, os embargos de terceiro podem ser opostos a
qualquer tempo no processo de conhecimento enquanto não transitada em julgado a sentença e,
no cumprimento de sentença ou no processo de execução, até 5 (cinco) dias depois da adjudicação,
da alienação por iniciativa particular ou da arrematação, mas sempre antes da assinatura da
respectiva carta. Caso identifique a existência de terceiro titular de interesse em embargar o ato,
o juiz mandará intimá-lo pessoalmente.

91
Os embargos de terceiro serão distribuídos por dependência ao juízo que ordenou a constrição
e autuados em apartado. Nos casos de ato de constrição realizado por carta, os embargos serão
oferecidos no juízo deprecado, salvo se indicado pelo juízo deprecante o bem constrito ou se já
devolvida a carta (art. 676 do CPC/2015).
OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL

O juiz poderá conceder liminarmente os embargos se reconhecer suficientemente provado o


domínio ou a posse, determinando a suspensão das medidas constritivas sobre os bens litigiosos
objeto dos embargos, bem como a manutenção ou a reintegração provisória da posse, se o
embargante a houver requerido. Nesse caso, o juiz poderá condicionar a ordem de manutenção
ou de reintegração provisória de posse à prestação de caução pelo requerente, ressalvada a
impossibilidade da parte economicamente hipossuficiente.

Os embargos poderão ser contestados no prazo de 15 (quinze) dias, findo o qual se seguirá o
procedimento comum.

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


19.5.  OPOSIÇÃO

A oposição, que era considerada modalidade de intervenção de terceiro no CPC/1973, passa a


ser considerada no CPC/2015 uma ação de procedimento especial.

Com efeito, conforme previsto no art. 682 do CPC/2015, quem pretender, no todo ou em parte,
a coisa ou o direito sobre que controvertem autor e réu poderá, até ser proferida a sentença,
oferecer oposição contra ambos.

A oposição deve ser formulada observando-se os requisitos exigidos para propositura da ação
e, após distribuída por dependência, serão os opostos citados, na pessoa de seus respectivos
advogados, para contestar o pedido no prazo comum de 15 (quinze) dias.

Se um dos opostos reconhecer a procedência do pedido, contra o outro prosseguirá o opoente.

Admitido o processamento, a oposição será apensada aos autos e tramitará simultaneamente


à ação originária, sendo ambas julgadas pela mesma sentença.

Entretanto, se a oposição for proposta após o início da audiência de instrução, o juiz suspenderá
o curso do processo ao fim da produção das provas, salvo se concluir que a unidade da instrução
atende melhor ao princípio da duração razoável do processo.

Cabendo ao juiz decidir simultaneamente a ação originária e a oposição, desta conhecerá em


primeiro lugar.

19.6.  AÇÕES DE FAMÍLIA

Nos processos contenciosos de divórcio, separação, reconhecimento e extinção de união estável,


guarda, visitação e filiação todos os esforços serão empreendidos para a solução consensual da
controvérsia, devendo o juiz dispor do auxílio de profissionais de outras áreas de conhecimento
para a mediação e conciliação.

92
Além disso, a requerimento das partes, o juiz pode determinar a suspensão do processo
enquanto os litigantes se submetem a mediação extrajudicial ou a atendimento multidisciplinar
( TEMA COBRADO NO XXVI EXAME DA OAB/FGV).

Recebida a petição inicial e, se for o caso, tomadas as providências referentes à tutela provisória,
OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL

o juiz ordenará a citação do réu para comparecer à audiência de mediação e conciliação, observado
o disposto no art. 694 do CPC/2015. A citação deverá ser na pessoa do réu e deverá ocorrer com
antecedência mínima de 15 (quinze) dias da data designada para a audiência.

Art. 694. Nas ações de família, todos os esforços serão empreendidos para a solução
consensual da controvérsia, devendo o juiz dispor do auxílio de profissionais de outras
áreas de conhecimento para a mediação e conciliação.

Parágrafo único. A requerimento das partes, o juiz pode determinar a suspensão do


processo enquanto os litigantes se submetem a mediação extrajudicial ou a atendimento

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


multidisciplinar TEMA COBRADO NO XXVII EXAME DA OAB/FGV.

Na audiência, as partes deverão estar acompanhadas de seus advogados ou de defensores


públicos. Além disso, conforme art. 696 do CPC/2015, a audiência de mediação e conciliação poderá
dividir-se em tantas sessões quantas sejam necessárias para viabilizar a solução consensual, sem
prejuízo de providências jurisdicionais para evitar o perecimento do direito.

Não realizado o acordo, passarão a incidir, a partir de então, as normas do procedimento


comum, observado o art. 335.

• Nas ações de família, o Ministério Público somente intervirá quando houver interesse de
incapaz ou quando figurar como parte vítima de violência doméstica e familiar (art. 698 )

• Quando o processo envolver discussão sobre fato relacionado a abuso ou a alienação


parental, o juiz, ao tomar o depoimento do incapaz, deverá estar acompanhado por
especialista (art. 699 do CPC/2015).

19.7.  AÇÃO MONITÓRIA

A ação monitória permite que o autor munido de prova escrita sem a eficácia de título executivo,
que traduza pagamento de quantia em dinheiro, entrega de coisa fungível ou infungível ou de bem
móvel ou imóvel, ou adimplemento de obrigação de fazer ou de não fazer, consiga satisfazer o
seu interesse sem a necessidade de se submeter a um processo de conhecimento (art. 700 do
CPC/2015).

O novo código de processo civil ampliou as hipóteses de cabimento da ação monitória, passando
a incluir a entrega de bem imóvel e de obrigação de fazer e não fazer. TEMA COBRADO
NO XXI EXAME DA OAB/FGV

93
O exemplo mais comum de ação monitória é o concernente ao cheque prescrito que, apesar de
não possuir força de título executivo, poderá ser executado de forma mais célere, pelo procedimento
especial. Aliás, dispõe a Súmula n. 531 do STJ que, em ação monitória fundada em cheque prescrito
ajuizada contra o emitente, é dispensável a menção ao negócio jurídico subjacente à emissão da cártula.
OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL

A ação monitória é proposta no foro do domicilio do réu, devendo conter: I) a importância


devida, instruindo-a com memória de cálculo; II - o valor atual da coisa reclamada e III - o conteúdo
patrimonial em discussão ou o proveito econômico perseguido (§ 2º do art. 700 do CPC/2015).

Havendo dúvida quanto à idoneidade de prova documental apresentada pelo autor, o juiz
intimá-lo-á para, querendo, emendar a petição inicial, adaptando-a ao procedimento comum (§ 2º
do art. 700 do CPC/2015).

Sendo evidente o direito do autor, o juiz deferirá a expedição de mandado de pagamento, de

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


entrega de coisa ou para execução de obrigação de fazer ou de não fazer, concedendo ao réu prazo
de 15 (quinze) dias para o cumprimento e o pagamento de honorários advocatícios de cinco por
cento do valor atribuído à causa.

Se cumprir a obrigação, o requerido ficará isento do pagamento de custas. Entretanto, caso


não cumpra a obrigação e não apresente os embargos, constituir-se-á de pleno direito o título
executivo judicial, independentemente de qualquer formalidade.

É cabível ação monitória em face da Fazenda Pública (art. 700, § 6º, do CPC/2015). No entanto, se
não forem apresentados os embargos no prazo de 15 dias, não haverá a constituição imediata
do título judicial, uma vez que serão aplicadas as regras do reexame necessário (art. 701, § 4º,
do CPC/2015).

Se requerido apresentar embargos, que poderão se fundar em qualquer matéria passível de


alegação como defesa no procedimento comum, haverá suspensão da eficácia da decisão que
determinou o cumprimento da obrigação até o julgamento em primeiro grau (§ 4º do art. 702 do
CPC/2015).

Quando o réu alegar que o autor pleiteia quantia superior à devida, cumprir-lhe-á declarar de
imediato o valor que entende correto, apresentando demonstrativo discriminado e atualizado da
dívida. Não apontado o valor correto ou não apresentado o demonstrativo, os embargos serão
liminarmente rejeitados, se esse for o seu único fundamento, e, se houver outro fundamento, os
embargos serão processados, mas o juiz deixará de examinar a alegação de excesso.

O autor terá o prazo de 15 dias para se manifestar sobre os embargos monitórios.

Se os embargos forem julgados procedentes, o processo será extinto e o autor condenado


ao pagamento de custas e de honorários. Se julgados improcedentes, o mandado monitório será
convertido em título executivo judicial, prosseguindo-se o processo para sua fase de cumprimento
de sentença. Contra a sentença que acolhe ou rejeita os embargos cabe apelação, conforme previsto
no § 9º do art. 702 do CPC/2015.
94
Se o autor propuser ação monitória indevidamente e de má-fé, o juiz o condenará a pagar, em
favor do réu, multa de até dez por cento sobre o valor da causa. Por outro lado, se o réu de má-fé
opuser embargos à ação monitória, também será condenado ao pagamento de multa de até dez
por cento sobre o valor atribuído à causa, em favor do autor (art. 702, §§ 10 e 11, do CPC/2015).
OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL

Cabe reconvenção na ação monitória, mas não cabe reconvenção à reconvenção (art. 702, § 6º,
do CPC/2015).

19.8.  DIVÓRCIO E SEPARAÇÃO CONSENSUAIS, EXTINÇÃO CONSENSUAL


DA UNIÃO ESTÁVEL E ALTERAÇÃO DO REGIME DE BENS DO MATRIMÔNIO
(JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA)

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


As ações acima mencionadas se inserem no conceito de jurisdição voluntária, que representa
a administração pública de interesse privado, ou seja, não há propriamente uma lide, mas sim a
participação do Poder Judiciário como forma de administrar o interesse dos envolvidos.

Desde a Emenda Constitucional n. 66/2010 não se vislumbrava mais a necessidade da ação de


separação judicial. Entretanto, com o novo código de processo civil a discussão foi retomada, uma
vez que o código previu expressamente o procedimento da separação.

A redação original da Constitucional Federal de 1988 exigia a separação de fato por dois anos ou
de direito por 1 ano para que se permitisse a dissolução do casamento pelo divórcio (art. 226,
§ 6º). A EC n. 66 alterou a redação do § 6º do art. 226, desvinculando o divórcio da separação
judicial, ou seja, o divórcio passou a ser permitido mesmo sem a prévia separação judicial.
Como o divórcio ficou desvinculado da separação, muitos doutrinadores passaram a defender
que a separação não seria mais possível no nosso ordenamento jurídico, entretanto, o novo
código de processo civil acabou com a divergência existente, deixando claro que a separação
judicial é ainda cabível.

Desse modo, se um casal pretende se divorciar ou separar amigavelmente e está de acordo em


relação a separação dos bens e da prestação dos alimentos poderá conseguir o seu objetivo sem
a necessidade de um processo contencioso.

Aliás, o divórcio consensual, a separação consensual e a extinção consensual de união estável,


não havendo nascituro ou filhos incapazes e observados os requisitos legais, poderão ser realizados
em cartório extrajudicial, por meio escritura pública, que não depende da homologação do Poder
Judiciário para ter efeito.

O tabelião somente lavrará a escritura se os interessados estiverem assistidos por advogado


ou por defensor público, cuja qualificação e assinatura constarão do ato notarial (art. 733, § 2º,
do CPC/2015).

95
Havendo filhos menores, nascituro, ou se o casal preferir a extinção da união estável, o
divórcio e a separação consensuais serão feitos perante o Poder Judiciário, por meio da jurisdição
voluntária, devendo a inicial ser assinada por ambos os cônjuges e contendo o quanto segue:
I - as disposições relativas à descrição e à partilha dos bens comuns; II - as disposições relativas
à pensão alimentícia entre os cônjuges; III - o acordo relativo à guarda dos filhos incapazes e ao
OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL

regime de visitas; e IV - o valor da contribuição para criar e educar os filhos (art. 731 do CPC/2015).
Preenchidos os requisitos legais, o juiz homologará a extinção da união estável, a separação ou o
divórcio e a sentença será lavada ao registro civil e de imóveis para publicidade TEMA COBRADO
NO XXV EXAME DA OAB/FGV.

No que diz respeito à ação de alteração de regime de bens do casamento, ao receber a petição
inicial, o juiz determinará a intimação do Ministério Público e a publicação de edital que divulgue a
pretendida alteração de bens, somente podendo decidir depois de decorrido o prazo de 30 (trinta)
dias da publicação do edital. Após o trânsito em julgado da sentença, serão expedidos mandados
de averbação aos cartórios de registro civil e de imóveis e, caso qualquer dos cônjuges seja

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


empresário, ao Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins (art. 734 do CPC/2015).

96
20

20.  PROCESSO DE EXECUÇÃO


OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL

20.1.  CONSIDERAÇÕES GERAIS

O processo de execução (execução autônoma) está restrito apenas à execução dos títulos
executivos extrajudiciais, já que, em relação ao título executivo judicial, a execução ocorre por meio
de cumprimento de sentença.

Desse modo, se o devedor não satisfizer obrigação certa, líquida e exigível (art. 786 do CPC/2015),

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


fundada em título jurídico extrajudicial, o credor poderá se valer do processo de execução.

O processo de execução, portanto, para ser instaurado depende da existência de título com
obrigação certa, líquida e exigível (art. 786 do CPC/2015), sendo que, se a petição inicial não
demonstrar que a obrigação satisfaz essas condições, o processo deverá ser extinto TEMA
COBRADO NO V EXAME DA OAB/FGV.

A necessidade de simples operações aritméticas para apurar o crédito exequendo não retira a
liquidez da obrigação constante do título (art. 786, parágrafo único, do CPC)

O art. 784 do CPC/2015 destaca os principais títulos executivos extrajudiciais, sem prejuízo,
entretanto, de outros que estejam previstos na legislação especial.

Art. 784. São títulos executivos extrajudiciais:

I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque;

II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor;

III - o documento particular assinado pelo devedor e por 2 (duas) testemunhas;

O documento particular assinado por 1 testemunha não é considerado título executivo


extrajudicial, podendo o credor se valer da ação monitória ou do processo de conhecimento
para cobrar o seu crédito.

IV - o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria


Pública, pela Advocacia Pública, pelos advogados dos transatores ou por conciliador ou
mediador credenciado por tribunal;

V - o contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito real de garantia
e aquele garantido por caução;

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VI - o contrato de seguro de vida em caso de morte;

VII - o crédito decorrente de foro e laudêmio;

VIII - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem


como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio;
OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL

IX - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito


Federal e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei;

X - o crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de condomínio


edilício, previstas na respectiva convenção ou aprovadas em assembleia geral, desde
que documentalmente comprovadas;

XI - a certidão expedida por serventia notarial ou de registro relativa a valores de


emolumentos e demais despesas devidas pelos atos por ela praticados, fixados nas
tabelas estabelecidas em lei;

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


XII - todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva.

Os títulos executivos extrajudiciais oriundos de país estrangeiro não dependem de homologação


para serem executados (§ 2º do art. 784 do CPC/2015). Entretanto, só terá eficácia executiva
quando satisfeitos os requisitos de formação exigidos pela lei do lugar de sua celebração e
quando o Brasil for indicado como o lugar de cumprimento da obrigação.

Importante destacar ainda que o código de processo civil estabelece que a existência de título
executivo extrajudicial não impede a parte de optar pelo processo de conhecimento, a fim de obter
título executivo judicial (art. 785 do CPC/2015).

Conforme previsto no art. 798 do CPC/2015, a petição inicial do processo de execução deve
ser instruída com: a) o título executivo extrajudicial; b) o demonstrativo do débito atualizado até a
data de propositura da ação, quando se tratar de execução por quantia certa; c) a prova de que se
verificou a condição ou ocorreu o termo, se for o caso; d) a prova, se for o caso, de que adimpliu a
contraprestação que lhe corresponde ou que lhe assegura o cumprimento, se o executado não for
obrigado a satisfazer a sua prestação senão mediante a contraprestação do exequente.

É nula a execução se: I - o título executivo extrajudicial não corresponder a obrigação certa,
líquida e exigível; II - o executado não for regularmente citado; III - for instaurada antes de se
verificar a condição ou de ocorrer o termo. A nulidade será pronunciada pelo juiz, de ofício ou
a requerimento da parte, independentemente de embargos à execução (art. 803 do CPC/2015).

O processo de execução poderá assumir espécies diferentes de procedimento, conforme


abaixo demonstrado.

98
EXECUÇÃO POR
EXECUÇÃO PARA A EXECUÇÃO DE FAZER QUANTIA CERTA
ENTREGA DE COISA E NÃO FAZER CONTRA DEVEDOR
CERTA E INCERTA SOLVENTE
OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL

Coisa Certa: devedor é citado O executado será citado para A petição inicial deve
para, em 15 dias, satisfazer a satisfazer a obrigação no prazo ser instruída com o título
obrigação (art. 806 do CPC/2015). que o juiz lhe designar, se outro extrajudicial e o montante
não estiver determinado no título atualizado da dívida.
executivo (art. 815 do CPC/2015).
O juiz poderá ainda fixar multa diária
(astreinte) para o caso de não haver a O executado será citado
entrega no prazo determinado. Ao despachar a inicial, o juiz para pagar a dívida no prazo
fixará multa (astreinte) por de 3 (três) dias, fixando-se os
período de atraso no cumprimento honorários de advogado em
da obrigação e a data a partir da 10% sobre o valor da causa.

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


Alienada a coisa quando já
litigiosa, será expedido mandado qual será devida. Se o valor da
contra o terceiro adquirente, que multa estiver previsto no título e
somente será ouvido após depositá- for excessivo, o juiz poderá reduzi- Do mandado de citação
la (art. 808 do CPC/2015). lo (art. 814 do CPC/2015). constarão, também, a ordem
de penhora e a avaliação a
serem cumpridas pelo oficial de
Coisa Incerta: se a execução recair Se o executado não satisfizer a justiça tão logo verificado o não
sobre coisa determinada pelo gênero obrigação no prazo designado, é lícito pagamento no prazo assinalado
e pela quantidade, o executado será ao exequente, nos próprios autos
citado para entregá-la individualizada, do processo, requerer a satisfação
se lhe couber a escolha. da obrigação à custa do executado Se o oficial de justiça não
ou perdas e danos, hipótese em encontrar o executado para citá-
que se converterá em indenização. lo, arrestar-lhe-á tantos bens
Além disso, se a obrigação puder quantos bastem para garantir
Se a escolha couber ao exequente,
ser satisfeita por terceiro, é lícito ao a execução (arresto executivo),
esse deverá indicá-la na petição
juiz autorizar, a requerimento do sendo que, nos 10 (dez) dias
inicial.
exequente, que aquele a satisfaça à seguintes à efetivação do arresto,
custa do executado. o oficial de justiça procurará o
executado 2 (duas) vezes em dias
Qualquer das partes poderá, no
distintos e, havendo suspeita
prazo de 15 (quinze) dias, impugnar
de ocultação, realizará a citação
a escolha feita pela outra, e o juiz
com hora certa, certificando
decidirá de plano ou, se necessário,
pormenorizadamente o ocorrido.
ouvindo perito de sua nomeação

Se o executado não
pagar no prazo de 3 dias,
haverá penhora, avaliação e
expropriação dos bens.

Se o executado pagar, os
honorários advocatícios serão
reduzidos pela metade.

O executado poderá
oferecer embargos à
execução, independentemente
da penhora.

99
20.2.  PENHORA

A penhora representa a constrição judicial do bem do executado para satisfazer o crédito


do exequente, podendo recair sobre tantos bens (presentes e futuros) quantos bastem para o
OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL

pagamento do principal atualizado, dos juros, das custas e dos honorários advocatícios.

O exequente poderá indicar na própria petição inicial os bens do executado que podem ser
penhorados. Nesse caso, a penhora recairá sobre os bens indicados pelo exequente, salvo se outros
forem indicados pelo executado e aceitos pelo juiz, mediante demonstração de que a constrição
proposta lhe será menos onerosa e não trará prejuízo ao exequente.

Registra-se ainda que o juiz pode, a qualquer tempo, determinar a intimação do executado para
indicar bens passíveis de penhora e, se este não indicar, a sua inércia poderá ser considerada ato
atentatório à dignidade da justiça, conforme art. 774, V, do CPC/2015 TEMA COBRADO NOS

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


EXAMES II E XI DA OAB/FGV.

Realizada a penhora dos bens, será feita a sua avaliação pelo próprio oficial de justiça,
dispensando-a nas hipóteses do art. 871 do CPC/2015.

Art. 871. Não se procederá à avaliação quando:

I - uma das partes aceitar a estimativa feita pela outra TEMA COBRADO NO
XXVII EXAME DA OAB/FGV

II - se tratar de títulos ou de mercadorias que tenham cotação em bolsa, comprovada


por certidão ou publicação no órgão oficial;

III - se tratar de títulos da dívida pública, de ações de sociedades e de títulos de crédito


negociáveis em bolsa, cujo valor será o da cotação oficial do dia, comprovada por
certidão ou publicação no órgão oficial;

IV - se tratar de veículos automotores ou de outros bens cujo preço médio de mercado


possa ser conhecido por meio de pesquisas realizadas por órgãos oficiais ou de anúncios
de venda divulgados em meios de comunicação, caso em que caberá a quem fizer a
nomeação o encargo de comprovar a cotação de mercado.

Parágrafo único. Ocorrendo a hipótese do inciso I deste artigo, a avaliação poderá ser
realizada quando houver fundada dúvida do juiz quanto ao real valor do bem.

Após a penhora será nomeado depositário dos bens, podendo este ser o executado se o
exequente concordar ou nos casos em que os bens forem de difícil remoção (art. 840, § 2º, do
CPC/2015).

Conforme mencionado anteriormente, se o oficial de justiça não encontrar o executado para


citá-lo, arrestar-lhe-á tantos bens quantos bastem para garantir a execução. Trata-se do arresto
executivo, que posteriormente será convertido em penhora.
100
O novo código de processo civil tratou especificamente da denominada penhora on line.
De acordo com o art. 854 do CPC/2015, para possibilitar a penhora de dinheiro em depósito ou
em aplicação financeira, o juiz, a requerimento do exequente, sem dar ciência prévia do ato ao
executado, determinará às instituições financeiras, por meio de sistema eletrônico gerido pela
autoridade supervisora do sistema financeiro nacional, que torne indisponíveis ativos financeiros
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existentes em nome do executado, limitando-se a indisponibilidade ao valor indicado na execução.

No prazo de 24 (vinte e quatro) horas a contar da resposta, de ofício, o juiz determinará o


cancelamento de eventual indisponibilidade excessiva, o que deverá ser cumprido pela instituição
financeira em igual prazo (art. 854, § 1º, do CPC/2015). TEMA COBRADO NO XXI EXAME DA
OAB/FGV.

Tornados indisponíveis os ativos financeiros do executado, este será intimado na pessoa de seu
advogado ou, não o tendo, pessoalmente, para, no prazo de 5 dias, comprovar que: I - as quantias

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tornadas indisponíveis são impenhoráveis; II - ainda remanesce indisponibilidade excessiva de
ativos financeiros.

Rejeitada ou não apresentada a manifestação do executado, converter-se-á a indisponibilidade


em penhora, sem necessidade de lavratura de termo, devendo o juiz da execução determinar à
instituição financeira depositária que, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, transfira o montante
indisponível para conta vinculada ao juízo da execução.

Conforme visto acima, antes da efetiva penhora dos ativos financeiros (penhora on line), haverá
determinação de sua indisponibilidade e o executado poderá se manifestar sobre eventuais
quantias impenhoráveis e excessivas. Apenas após a possibilidade de manifestação do
executado é que haverá a penhora.

O ordenamento jurídico prevê, entretanto, diversas hipóteses em que o bem não será sujeito à
penhora, ou seja, situações de impenhorabilidade.

As hipóteses de impenhorabilidade possuem previsão na Lei n. 8.009/90 (bem de família) e


no próprio código de processo civil.

101
LEI N. 8.009/90 (BEM DE FAMÍLIA) CPC DE 2015

O imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade De acordo com o art. 833 do CPC/2015, são
familiar, é impenhorável, salvo nas hipóteses previstas impenhoráveis:
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na própria lei. A impenhorabilidade compreende o


imóvel sobre o qual se assentam a construção, as
plantações, as benfeitorias de qualquer natureza e I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato
todos os equipamentos, inclusive os de uso profissional, voluntário, não sujeitos à execução;
ou móveis que guarnecem a casa, desde que quitados.
II - os móveis, os pertences e as utilidades
domésticas que guarnecem a residência do
executado, salvo os de elevado valor ou os
Considera-se residência um único imóvel utilizado que ultrapassem as necessidades comuns
para moradia permanente. Se houver vários imóveis correspondentes a um médio padrão de vida;
utilizados como residência, a impenhorabilidade
recairá sobre o de menor valor, salvo se outro tiver sido
registrado, para esse fim, no Registro de Imóveis III - os vestuários, bem como os pertences de uso
pessoal do executado, salvo se de elevado valor;

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Exceções: IV - Os salários, as remunerações, os proventos
de aposentadoria e as pensões de forma geral,
salvo para pagamento de pensão alimentícia,
independentemente de sua origem, bem como em
• Veículos de transporte, obras de arte e adornos relação a importâncias excedentes a 50 (cinquenta)
suntuosos (art. 2º). salários-mínimos mensais ; TEMA COBRADO
NO XXVIII EXAME DA OAB/FGV.
• Titular do crédito decorrente do financiamento V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os
destinado à construção ou à aquisição do imóvel, utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis
no limite dos créditos e acréscimos constituídos necessários ou úteis ao exercício da profissão do
em função do respectivo contrato (art. 3º, II). executado;

VI - o seguro de vida;
• Credor da pensão alimentícia, resguardados
os direitos, sobre o bem, do seu coproprietário
que, com o devedor, integre união estável ou VII - os materiais necessários para obras em
conjugal, observadas as hipóteses em que ambos andamento, salvo se essas forem penhoradas;
responderão pela dívida (art. 3º,III).
VIII - a pequena propriedade rural, assim definida
em lei, desde que trabalhada pela família;
• Cobrança de impostos, predial ou territorial,
taxas e contribuições devidas em função do imóvel IX - os recursos públicos recebidos por instituições
familiar (art. 3º,IV). privadas para aplicação compulsória em educação,
saúde ou assistência social;

• Execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido X - a quantia depositada em caderneta de poupança,


como garantia real pelo casal ou pela entidade até o limite de 40 (quarenta) salários-mínimos;
familiar (art. 3º,V).
XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos
por partido político, nos termos da lei;
• Quando o bem tiver sido adquirido com produto
de crime ou para execução de sentença penal XII - os créditos oriundos de alienação de unidades
condenatória a ressarcimento, indenização ou imobiliárias, sob regime de incorporação imobiliária,
perdimento de bens (art. 3º,VI). vinculados à execução da obra.

OBS: a impenhorabilidade não é oponível


• Obrigação decorrente de fiança concedida em à execução de dívida relativa ao próprio bem,
contrato de locação (art. 3º,VII). inclusive àquela contraída para sua aquisição.
Além disso, podem ser penhorados, à falta de
outros bens, os frutos e os rendimentos dos
bens inalienáveis.

102
Sobre o bem de família previsto na Lei n. 8.009/90 é importante destacar ainda: I) Com a
edição da LC n. 150/2015 não é mais possível penhorar bem de família para garantir crédito
de trabalhador doméstico da própria residência, II) Não se beneficiará da impenhorabilidade
aquele que, sabendo-se insolvente, adquire de má-fé imóvel mais valioso para transferir a
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residência familiar, desfazendo-se ou não da moradia antiga. Nesse caso, poderá o juiz, na
respectiva ação do credor, transferir a impenhorabilidade para a moradia familiar anterior, ou
anular-lhe a venda, liberando a mais valiosa para execução ou concurso, conforme a hipótese,
III) Se a residência familiar constituir-se em imóvel rural, a impenhorabilidade restringir-se-á
à sede de moradia, com os respectivos bens móveis, e, nos casos do art. 5º, inciso XXVI, da
Constituição, à área limitada como pequena propriedade rural.

Dispõe ainda o art. 835 do CPC/2015 uma ordem preferencial dos bens a serem penhorados. Vejamos:

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Art. 835. A penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem:

I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição financeira;

II - títulos da dívida pública da União, dos Estados e do Distrito Federal com cotação em mercado;

III - títulos e valores mobiliários com cotação em mercado;

IV - veículos de via terrestre;

V - bens imóveis;

VI - bens móveis em geral;

VII - semoventes;

VIII - navios e aeronaves;

IX - ações e quotas de sociedades simples e empresárias;

X - percentual do faturamento de empresa devedora;

XI - pedras e metais preciosos;

XII - direitos aquisitivos derivados de promessa de compra e venda e de alienação


fiduciária em garantia;

XIII - outros direitos.

Importante registrar que o § 1º do art. 835 dispõe que é prioritária a penhora em dinheiro,
podendo o juiz, nas demais hipóteses, alterar a ordem prevista de acordo com as circunstâncias do
caso concreto. Além disso, para fins de substituição da penhora, o § 2º dispõe que são equiparados
a dinheiro a fiança bancária e o seguro garantia judicial, desde que em valor não inferior ao do
débito constante da inicial, acrescido de trinta por cento.

Digno de nota ainda que, de acordo com o art. 852 do CPC/2015, o juiz poderá determinar
a alienação antecipada dos bens penhorados quando: I - se tratar de veículos automotores, de
pedras e metais preciosos e de outros bens móveis sujeitos à depreciação ou à deterioração; II -
houver manifesta vantagem TEMA COBRADO NO X EXAME DA OAB/FGV.

103
20.3.  EMBARGOS À EXECUÇÃO

Os embargos à execução representam uma espécie de ação por meio da qual o executado
poderá se opor à execução, devendo ser oferecido no prazo de 15 dias contados da citação.
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Os embargos à execução podem ser oferecidos independentemente da penhora, depósito ou


caução, conforme art. 914, caput, do CPC/2015 TEMA COBRADO NO XVII EXAME DA OAB/FGV.

O principal objetivo dos embargos é trazer elementos aptos a desconstituir a exigibilidade do


título ou a obstaculizar a execução, sendo que o art. 917 do CPC elenca, de forma não taxativa, um

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rol de matérias que podem ser alegadas, in verbis:

Art. 917. Nos embargos à execução, o executado poderá alegar:

I - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;

II - penhora incorreta ou avaliação errônea;

III - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;

Há excesso de execução quando: I - o exequente pleiteia quantia superior à do título; II - ela


recai sobre coisa diversa daquela declarada no título; III - ela se processa de modo diferente do
que foi determinado no título; IV - o exequente, sem cumprir a prestação que lhe corresponde,
exige o adimplemento da prestação do executado; V - o exequente não prova que a condição se
realizou (§ 2º do art. 917 do CPC/2015).

IV - retenção por benfeitorias necessárias ou úteis, nos casos de execução para entrega
de coisa certa;

V - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;

VI - qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa em processo de conhecimento.

Quando alegar excesso de execução, o embargante declarará na petição inicial o valor


que entende correto, apresentando demonstrativo discriminado e atualizado de seu cálculo (art.
917, § 3ª, do CPC/2015). Caso o embargante não aponte o valor correto ou não apresente o
demonstrativo, os embargos à execução serão liminarmente rejeitados, sem resolução de mérito,
se o excesso de execução for o seu único fundamento, ou serão processados, se houver outro
fundamento (art. 917, § 4º, incisos I e II, do CPC/2015), mas o juiz não examinará a alegação de
excesso de execução TEMA COBRADO NO XXXI EXAME DA OAB/FGV..

Como regra geral, os embargos à execução não possuem efeito suspensivo. Entretanto, o
juiz poderá, a requerimento do embargante, atribuir efeito suspensivo aos embargos quando
verificados os requisitos para a concessão da tutela provisória e desde que a execução já esteja
garantida por penhora, depósito ou caução suficientes.

104
Recebidos os embargos, o exequente será ouvido no prazo de 15 (quinze) dias e, após, o
juiz julgará imediatamente o pedido ou, se necessário, designará audiência. Nesse último caso,
encerrada a instrução, o juiz proferirá sentença (art. 920 do CPC/2015).
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De acordo com o art. 916 do CPC, no prazo para embargos, reconhecendo o crédito do exequente
e comprovando o depósito de trinta por cento do valor em execução, acrescido de custas e de
honorários de advogado, o executado poderá requerer que lhe seja permitido pagar o restante
em até 6 (seis) parcelas mensais, acrescidas de correção monetária e de juros de um por
cento ao mês. Essa possibilidade de parcelamento, entretanto, não se aplica ao cumprimento de
sentença (§ 7º do art. 916 do CPC/2015). TEMA COBRADO NO XXII EXAME DA OAB/FGV.

Digno de nota ainda que o exequente pode desistir da execução sem concordância do

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executado, salvo quando houver embargos veiculando questões de direito material, hipótese em
que a homologação da desistência exige a concordância do embargante TEMA COBRADO NOS
EXAMES IV E XV DA OAB/FGV.

20.4.  MEIOS DE EXPROPRIAÇÃO DOS BENS

Para garantir o direito do credor, os bens penhorados e previamente avaliados pelo oficial de
justiça serão expropriados por um dos seguintes meios (art. 825 do CPC/2015):

• Adjudicação: representa a possibilidade de aquisição do bem penhorado, por preço


não inferior ao da avaliação, pelo próprio exequente, pelos credores concorrentes que
hajam penhorado o mesmo bem, pelo cônjuge, pelo companheiro, pelos descendentes
ou pelos ascendentes do executado (art. 876 do CPC/2015). Trata-se do meio prioritário
de expropriação.

• Alienação: não efetivada a adjudicação, será feita a venda pública do bem, que
poderá ocorrer por inciativa do próprio exequente (alienação por iniciativa particular)
ou por leilão eletrônico ou presencial.

Não será aceito no leilão lance que ofereça preço vil. Considera-se vil o preço inferior ao mínimo
estipulado pelo juiz e constante do edital, e, não tendo sido fixado preço mínimo, considera-se
vil o preço inferior a 50% (cinquenta por cento) do valor da avaliação (art. 891 do CPC/2015)

• Apropriação de frutos e rendimentos de empresa ou de estabelecimentos e de


outros bens.

105
21

21.  AÇÃO RESCISÓRIA


OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL

A ação rescisória é meio processual que objetiva desconstituir decisão judicial transitada em
julgado, sendo cabível nas hipóteses expressamente previstas no art. 966 do CPC/ 2015, a saber:
I - se verificar que foi proferida por força de prevaricação, concussão ou corrupção do juiz; II - for
proferida por juiz impedido ou por juízo absolutamente incompetente; III - resultar de dolo ou
coação da parte (o CPC/73 previa apenas o “dolo”) vencedora em detrimento da parte vencida
ou, ainda, de simulação ou colusão entre as partes (o CPC/73 previa apenas “colusão”), a fim de
fraudar a lei; IV - ofender a coisa julgada; V - violar manifestamente norma jurídica; VI - for fundada
em prova cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou venha a ser demonstrada

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na própria ação rescisória TEMA COBRADO NO XXXI EXAME DA OAB/FGV; VII - obtiver o autor,
posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja existência ignorava ou de que não pôde
fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável e VIII - for fundada em erro
de fato verificável do exame dos autos TEMA COBRADO NO VII EXAME DA OAB/FGV.

Não se admite ação rescisória nas causas sujeitas ao procedimento do Juizado Especial Civil
(art. 59 da Lei n. 9.099/95)

Para os fins do inciso V do art. 966, considera-se também violação de norma jurídica a decisão
que não respeitar enunciado de súmula ou acórdão proferido em julgamento de casos repetitivos
(§ 5º do art. 966 do CPC/2015) TEMA COBRADO NO XXIII EXAME DA OAB/FGV.

Já em relação ao inciso VIII, ocorre erro de fato quando a decisão rescindenda admitir fato inexistente
ou quando considerar inexistente fato efetivamente ocorrido, sendo indispensável, em ambos os casos,
que o fato não represente ponto controvertido sobre o qual o juiz deveria ter se pronunciado.

O CPC/73 previa apenas ao cabimento da rescisória para atacar “sentença” de mérito. O


CPC/2015 alargou o conceito, passando a admiti-la em face de qualquer “decisão” de mérito, o
que engloba também as decisões interlocutórias de mérito, as decisões do relator de mérito e
os acórdãos. Além disso, o NCPC prevê expressamente a possibilidade de rescisória em face de
DECISÕES TERMINATIVAS, ou seja, decisões que não resolvem o mérito, desde que impeçam
nova propositura da demanda ou a admissibilidade do recurso correspondente (art. 966, §2º).

Conforme previsto no art. 967 do CPC/2015, possuem legitimidade para propor ação
rescisória quem foi parte no processo ou o seu sucessor a título universal ou singular, o terceiro
juridicamente interessado; o Ministério Público e aquele que não foi ouvido no processo em que
lhe era obrigatória a intervenção.

A ação rescisória deve ser proposta no prazo decadencial de 2 anos contados do trânsito
em julgado da última decisão proferida no processo, salvo quando se tratar de ação fundada em
106
prova nova, em que o termo inicial será a data de descoberta da prova nova, observado o prazo
máximo de 5 (cinco) anos, contado do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo.
Nas hipóteses de simulação ou de colusão das partes, o prazo começa a contar, para o terceiro
prejudicado e para o Ministério Público, que não interveio no processo, a partir do momento em
que têm ciência da simulação ou da colusão (art. 975, § 2º e § 3º do CPC/2015)
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O novo CPC deixou claro, ainda, que se prorroga e até o primeiro dia útil imediatamente
subsequente o prazo da rescisória quando expirar durante férias forenses, recesso, feriados ou em
dia em que não houver expediente forense (art. 975, § 1º, do CPC/2015).

Registra-se ainda que o autor da ação rescisória deve depositar 5% (cinco por cento) sobre o
valor da causa, limitado a 1.000 salários mínimos, que se converterá em multa caso a ação seja,
por unanimidade de votos, declarada inadmissível ou improcedente.

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Por outro lado, em caso de procedência, rescindindo-se a sentença e proferindo, se for o caso,
novo julgamento, o tribunal determinará a restituição ao demandante do depósito de 5% acima
mencionado, conforme art. 974 do CPC/2015 (Tema cobrado no IX exame da OAB/FGV).

Oportuno salientar também que o depósito de 5% não se aplica quando o autor for a União,
os Estados, o Distrito Federal, os Municípios, as suas respectivas autarquias e fundações de
direito público, o Ministério Público, a Defensoria Pública e aos que tenham obtido o benefício de
gratuidade da justiça (art. 968, § 1º e § 2º, do CPC/2015).

O CPC/2015 deixou expresso ainda a possibilidade de ação rescisória parcial, ou seja, de uma
parte da decisão (capítulo), conforme previsto § 3º do art. 966.

Por fim, é importante esclarecer que a propositura da ação rescisória não impede o cumprimento
da decisão que se objetiva rescindir, salvo se se for deferia a concessão de tutela provisória,
demonstrando a urgência ou evidência a depender de cada caso. Assim, suponhamos uma sentença
transitada em julgado que tenha condenado o réu a pagar danos morais e materiais. Nessa hipótese,
eventual propositura de ação rescisória pelo réu não impede, por si só, o cumprimento da sentença
antes proferida TEMA COBRADO NO XVIII EXAME DA OAB/FGV

107
22

22.  LEGISLAÇÃO ESPECIAL


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22.1.  JUIZADOS ESPECIAIS

Os juizados especiais são órgãos criados para resolver questões mais simples, desburocratizando
o processo tradicional.

Existem atualmente três juizados especiais: 1) Juizado Especial Cível (Lei n. 9.099/95), 2)
Juizado Especial da Fazenda Pública (Lei n. 12.153/2009) e 3) Juizado Especial Federal (Lei n.

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10.259/2001).

Vejamos as principais características de cada um desses juizados.

• JUIZADO ESPECIAL CÍVEL

Utilizado principalmente para causas com valor máximo de 40 salários mínimos, sendo
dispensável a presença de advogado nas causas de até 20 salários mínimos.

A petição inicial o JEC é mais simples, devendo observar apenas os requisitos do art. 14, § 1º,
quais sejam, qualificação da partes, fatos e fundamentos de forma sucinta, objeto e seu valor.

Podem ser autores no JEC as pessoas físicas capazes, microempreendedores individuais,


microempresas e empresas de pequeno porte, Microempreendedores individuais, OSCIP e
sociedade de crédito ao microempreendedor.

Entretanto, não podem ser réus no JEC o incapaz, o preso, as pessoas jurídicas de direito
público, as empresas públicas da União, a massa falida e o insolvente civil (art. 8º, caput, da Lei
n. 9.099/95).

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AUTORES NO JEC NÃO PODEM SER RÉUS

• Pessoas físicas capazes • Incapazes


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• Microempreendedores individuais, ME e EPP • Preso

• OSCIP • Pessoas Jurídicas de Direito Público

• Sociedade de crédito ao microempreendedor • Empresas públicas da União

• Massa Falida

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• Insolvente civil

A citação do réu poderá ser feita por correspondência, com aviso de recebimento em mão
própria, como também, se necessário, por oficial de justiça, independentemente de mandado ou
carta precatória.

Tratando-se de pessoa jurídica ou firma individual, a citação pode ser entregue ao encarregado
da recepção, que será obrigatoriamente identificado.

No JEC não se permite a citação por edital, intervenção de terceiro, assistência, reconvenção
(admite-se o pedido contraposto) e ação rescisória TEMA COBRADO NO II EXAME DA
OAB/FGV. Não se confunda: o litisconsórcio é permitido.

De forma simplificada o procedimento no JEC segue a seguinte ordem: petição inicial – audiência
de conciliação – audiência de instrução, onde será apresentada a defesa e feitas as provas – sentença
que deve ser líquida – possibilidade de recurso ao Colégio Recursal – cumprimento da sentença.

• O recurso no JEC deve ser interposto no prazo de 10 dias e será direcionado para o
próprio juizado e julgado por uma turma composta por três Juízes togados, em exercício
no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado. No recurso, as partes serão
obrigatoriamente representadas por advogado. Salienta-se ainda que os embargos de
declaração interrompem o prazo para a interposição de recurso (art. 50 da Lei n. 9.099/95).
TEMA COBRADO NO XXIV EXAME DA OAB/FGV.

• De acordo com o art. 55 da Lei nº 9.099/95, “a sentença de primeiro grau não condenará
o vencido em custas e honorários de advogado, ressalvados os casos de litigância de má-fé.
Em segundo grau, o recorrente, vencido, pagará as custas e honorários de advogado, que
serão fixados entre dez por cento e vinte por cento do valor de condenação ou, não havendo
condenação, do valor corrigido da causa”. Desse modo, somente o recorrente vencido pode
arcar com a sucumbência. TEMA COBRADO NO XXVI EXAME DA OAB/FGV.
109
• JUIZADO ESPECIAL DA FAZENDA PÚBLICA

É de competência dos Juizados Especiais da Fazenda Pública processar, conciliar e julgar


causas cíveis de interesse dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, até
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o valor de 60 (sessenta) salários mínimos, sendo que, se a pretensão versar sobre obrigações
vincendas, a soma de 12 (doze) parcelas vincendas e de eventuais parcelas vencidas não poderá
exceder o valor de 60 salários mínimos.

No foro onde estiver instalado Juizado Especial da Fazenda Pública, a sua competência é
absoluta, conforme previsto no art. 2º, §4º, da Lei nº 12.153/2009

Entretanto, não se incluem na competência do Juizado Especial da Fazenda Pública:

I – as ações de mandado de segurança, de desapropriação, de divisão e demarcação,

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populares, por improbidade administrativa, execuções fiscais e as demandas sobre
direitos ou interesses difusos e coletivos;

II – as causas sobre bens imóveis dos Estados, Distrito Federal, Territórios e Municípios,
autarquias e fundações públicas a eles vinculadas;

III – as causas que tenham como objeto a impugnação da pena de demissão imposta
a servidores públicos civis ou sanções disciplinares aplicadas a militares. TEMA
COBRADO NO XXIX EXAME DA OAB/FGV

Podem ser autores no Juizado Especial da Fazenda Pública as pessoas físicas e as


microempresas e empresas de pequeno porte TEMA COBRADO NO X EXAME DA OAB/FGV, e
réus os Estados, o Distrito Federal, os Territórios e os Municípios, bem como autarquias, fundações
e empresas públicas a eles vinculadas (art. 5º da Lei n. 12.153/2009).

A presença de advogado nas ações do Juizado Especial da Fazenda Pública é facultativa, ou


seja, não é obrigatória, aplicando-se subsidiariamente o art. 10 da Lei n. 10.259/2001.

Juizado Especial da Fazenda Pública não haverá prazo diferenciado para a prática de qualquer
ato processual pelas pessoas jurídicas de direito público TEMA COBRADO NO III EXAME DA
OAB/FGV, inclusive a interposição de recursos, devendo a citação para a audiência de conciliação
ser efetuada com antecedência mínima de 30 (trinta) dias (art. 7º da Lei n. 12.153/2009).

Além disso, nas causas sujeitas ao Juizado Especial da Fazenda Pública não há reexame
necessário (art. 11 da Lei n. 12.153/2009).

• JUIZADO ESPECIAL FEDERAL CÍVEL

Compete ao Juizado Especial Federal Cível processar, conciliar e julgar causas de competência
da Justiça Federal até o valor de 60 (sessenta) salários mínimos, sendo que, se a pretensão versar
sobre obrigações vincendas, a soma de doze parcelas não poderá exceder a 60 salários mínimos.
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Não estão sujeitas, entretanto, ao procedimento do Juizado Especial Federal Cível:

• As causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou


pessoa domiciliada ou residente no País (art. 109, II, da CF/88); as causas fundadas
em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo internacional
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(art. 109, III, da CF/88); a disputa sobre direitos indígenas (art. 109, XI, da CF/88).

• Ações de mandado de segurança, de desapropriação, de divisão e demarcação,


populares, execuções fiscais e por improbidade administrativa e as demandas sobre
direitos ou interesses difusos, coletivos ou individuais homogêneos.

• Demandas sobre bens imóveis da União, autarquias e fundações públicas federais;

• Ações para a anulação ou cancelamento de ato administrativo federal, salvo o de

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natureza previdenciária e o de lançamento fiscal;

• Ações que tenham como objeto a impugnação da pena de demissão imposta a


servidores públicos civis ou de sanções disciplinares aplicadas a militares.

Podem ser autores no Juizado Especial Federal Cível as pessoas físicas e as microempresas
e empresas de pequeno porte, e rés a União, autarquias, fundações e empresas públicas federais,
sendo que as partes poderão designar, por escrito, representantes para a causa, advogado ou não,
ou seja, não há necessidade de advogado.

22.2.  AÇÃO REVISIONAL DE ALUGUEL

A ação revisional de aluguel é meio processual adequado para reajustar o valor do aluguel
ao de mercado, podendo ser ajuizada tanto pelo locador quanto pelo locatário após três anos de
vigência do contrato ou do acordo anteriormente realizado, conforme art. 19 da Lei n. 8.245/91
TEMA COBRADO NO XVI EXAME DA OAB/FGV.

Não obstante a mencionada lei disponha que a ação deva respeitar o procedimento sumário,
como esse rito não está mais previsto no novo CPC, o procedimento a ser seguido é o comum, com
as adaptações da Lei n. 8.245/91, destacando-se abaixo as principais:

• A petição inicial, além dos requisitos do CPC, deverá indicar o valor do aluguel pretendido;

• O Juiz, ao designar a audiência de conciliação, fixará aluguel provisório, devido desde


a citação, que, na ação proposta pelo locador, não poderá ser excedente a 80% (oitenta
por cento) do pedido e, na ação proposta pelo locatário, não poderá ser inferior a 80%
(oitenta por cento) do aluguel vigente;

• O aluguel fixado na sentença retroage à citação.

22.3.  ALIMENTOS GRAVÍDICOS

Com a edição da Lei n. 11.804/08, a gestante poderá pleitear alimentos gravídicos, que
111
compreendem os valores suficientes para cobrir as despesas adicionais do período de gravidez e
que sejam dela decorrentes, da concepção ao parto, inclusive as referentes a alimentação especial,
assistência médica e psicológica, exames complementares, internações, parto, medicamentos e
demais prescrições preventivas e terapêuticas indispensáveis, a juízo do médico, além de outras
que o juiz considere pertinentes (art. 2º da Lei n. 11.804/08).
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Desse modo, convencido da existência de indícios da paternidade, o juiz fixará alimentos gravídicos
que perdurarão até o nascimento da criança, sopesando as necessidades da parte autora e as
possibilidades da parte ré. Após o nascimento com vida, os alimentos gravídicos ficam convertidos
em pensão alimentícia em favor do menor até que uma das partes solicite a sua revisão.

Após a fixação dos alimentos gravídicos o réu será citado para contestar no prazo de 5 dias,
aplicando-se subsidiariamente o contido na Lei n. 5.478/68 (ação de alimentos) e no CPC TEMA
COBRADO NO XVII EXAME DA OAB/FGV.

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22.4.  PROCESSO ELETRÔNICO

O processo eletrônico, regulamentado pela lei n. 11.419/2006, vem sendo amplamente utilizado
e garante a agilidade do processo judicial, destacando-se abaixo as principais regras que podem
ser cobradas no exame da OAB/FGV:

• Quando a petição eletrônica for enviada para atender prazo processual, serão
consideradas tempestivas as transmitidas até as 24 (vinte e quatro) horas do seu
último dia (art. 3º, parágrafo único, da Lei n. 11.419/2006).

• Considera-se como data da publicação o primeiro dia útil seguinte ao da


disponibilização da informação no Diário da Justiça eletrônico. Os prazos processuais
terão início no primeiro dia útil que seguir ao considerado como data da publicação (§
3º e § 4º do art. 4º, da Lei n. 11.419/2006).

• A publicação eletrônica substitui qualquer outro meio e publicação oficial, para quaisquer
efeitos legais, à exceção dos casos que, por lei, exigem intimação ou vista pessoal, conforme
§ 2º do art. 4º, da Lei n. 11.419/2006 TEMA COBRADO NO XVI EXAME DA OAB/FGV.

• Considerar-se-á realizada a intimação no dia em que o intimando efetivar a


consulta eletrônica ao teor da intimação, certificando-se nos autos a sua realização.
Caso a consulta ocorra em dia não útil, a intimação será considerada como realizada
no primeiro dia útil seguinte. Além disso, a consulta deverá ser feita em até 10 (dez)
dias corridos contados da data do envio da intimação, sob pena de considerar-se a
intimação automaticamente realizada na data do término desse prazo.

• As cartas precatórias, rogatórias, de ordem e, de um modo geral, todas as


comunicações oficiais que transitem entre órgãos do Poder Judiciário, bem como entre
os deste e os dos demais Poderes, serão feitas preferentemente por meio eletrônico
(art. 7º da Lei n. 11.419/2006).

• Os documentos produzidos eletronicamente e juntados aos processos eletrônicos


com garantia da origem e de seu signatário, na forma estabelecida nesta Lei, serão
considerados originais para todos os efeitos legais. A arguição de falsidade do
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documento original será processada eletronicamente na forma da lei processual em
vigor (art. 11 da Lei n. 11.419/2006).
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A prática eletrônica de ato processual pode ocorrer em qualquer horário até as 24 (vinte e quatro)
horas do último dia do prazo (art. 213 do CPC/2015), sendo que o horário vigente no juízo perante
o qual o ato deve ser praticado será considerado para fins de atendimento do prazo.

22.5.  MANDADO DE SEGURANÇA

O Mandado de Segurança é a medida judicial a ser utilizada quando direito líquido e certo
(capaz de ser demonstrado independente de dilação probatória) do indivíduo for violado por ato

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de autoridade governamental (autoridade pública de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios, e das respectivas autarquias, fundações públicas, empresas
públicas e sociedades de economia mista) ou de agente de pessoa jurídica privada que esteja, por
delegação, no exercício de atribuição do Poder Público, contra o qual não seja oponível habeas
corpus ou habeas data (caráter residual).

Uma das características, portanto, do mandado de segurança é a subsidiariedade, já que ele


somente será cabível quando não for possível resguardar o direito por meio de habeas corpus ou
habeas data.

Possuem legitimidade ativa para impetrar mandado de segurança pessoa física ou jurídica
titulares do direito violado. Tem-se ainda a possibilidade da legitimidade extraordinária diante
da inércia do titular do direito principal, conforme previsto no art. 3º da Lei nº 12.016: “o titular de
direito líquido e certo decorrente de direito, em condições idênticas, de terceiro poderá impetrar
Mandado de Segurança a favor do direito originário, se o seu titular não o fizer no prazo de 30
(trinta) dias, quando notificado judicialmente”.

O mandado de segurança pode ser impetrado em defesa de direitos líquidos e certos que pertençam
a apenas parte dos membros de uma categoria ou associação, substituídos pelo impetrante,
conforme art. 21, caput, da Lei nº 12.016/2009 TEMA COBRADO NO III EXAME DA OAB/FGV.

O mandado de segurança poderá ser repressivo (o ato ilegal ou abuso de poder já foi praticado)
ou preventivo (objetiva-se justamente evitar a prática do ato ilegal ou abuso de poder).

O prazo decadencial do mandado de segurança é de 120 dias contados da ciência do ato


impugnado, sendo que, em caso de urgência, permite-se que o mandado de segurança seja
impetrado por telegrama, radiograma, fax ou outro meio eletrônico de autenticidade comprovada.

Digno de nota ainda que, de acordo com o art. 5º da Lei nº 12.016/09, o mandado de segurança
não será concedido quando se tratar: I - de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito
suspensivo, independentemente de caução; II - de decisão judicial da qual caiba recurso com
efeito suspensivo e III - de decisão judicial transitada em julgado.

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Os processos de mandado de segurança e os respectivos recursos terão prioridade sobre todos
os atos judiciais, salvo habeas corpus. No caso de indeferimento da inicial pelo juiz de primeiro
grau caberá apelação TEMA COBRADO NO XIV EXAME DA OAB/FGV e, quando a competência
para o julgamento do mandado de segurança couber originariamente a um dos tribunais, do ato
do relator caberá agravo para o órgão competente do tribunal que integre.
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A Lei n. 13.676/2018 alterou o art. 16 da Lei n. 12.016/ 2009, acrescentando que é permitida,
além da defesa oral do mérito, a defesa oral do pedido de liminar em sessão do Tribunal.

Não será concedida medida liminar que tenha por objeto a compensação de créditos tributários,
a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação ou equiparação de
servidores públicos e a concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de

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qualquer natureza.

NÃO cabem, no processo de mandado de segurança, a interposição de embargos infringentes e


a condenação ao pagamento dos honorários advocatícios, sem prejuízo da aplicação de sanções
no caso de litigância de má-Fé TEMA COBRADO NO IX EXAME DA OAB/FGV.

MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO

O mandado de segurança coletivo possui previsão apenas na legislação infraconstitucional e poderá


ser impetrado por: partido político com representação no Congresso Nacional e organização sindical,
entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano,
em defesa dos interesses de seus membros ou associados, para a defesa de direitos coletivos em
sentido estrito e individuais homogêneos (art. 21, parágrafo único, I e II, da Lei nº 12.016/09).

O Mandado de segurança coletivo não pode ser utilizado para a defesa apenas de interesses difusos.

Destaca-se ainda que a impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe
em favor de associados não depende da autorização destes (Súmula n. 629 do STF), além do
que ele poderá ser imperado ainda que a pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da
categoria (Súmula n. 630 do STF)

No caso do mandado de segurança coletivo, a sentença fará coisa julgada limitadamente aos
membros do grupo ou categoria substituídos pelo impetrante TEMA COBRADO NO II EXAME DA
OAB/FGV, além do que ele não induz litispendência para as ações individuais, mas os efeitos da
coisa julgada não beneficiarão o impetrante a título individual se este não requerer a desistência
de seu mandado de segurança no prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência comprovada da
impetração da segurança coletiva TEMA COBRADO NO VII EXAME DA OAB/FGV.

Por fim, no mandado de segurança coletivo, a liminar só poderá ser concedida após a audiência
do representante judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se pronunciar no prazo
de 72 (setenta e duas) horas.
114
22.6.  AÇÃO POPULAR

A ação popular é ação de natureza coletiva destinada a anular ou declarar a nulidade de ato
lesivo ao patrimônio público, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio
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histórico e cultural, podendo ser repressiva ou preventiva. A ilegalidade e a lesividade, portanto,


são requisitos para sua admissibilidade.

Somente o cidadão poderá propor ação popular, ou seja, ela não pode ser proposta por pessoa
jurídica, inalistados, inalistáveis e estrangeiros.

O Ministério Público não pode propor, mas pode assumir o andamento e dar execução a
decisão da ação popular, conforme previsto no art. 9º da Lei nº 4.717: “Se o autor desistir da
ação ou der motiva à absolvição da instância, serão publicados editais nos prazos e condições
previstos no art. 7º, inciso II, ficando assegurado a qualquer cidadão, bem como ao representante

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do Ministério Público, dentro do prazo de 90 (noventa) dias da última publicação feita, promover o
prosseguimento da ação.”

Conforme art. 19, § 2º, da Lei nº 4.717/65, das sentenças e decisões proferidas contra o autor da
ação e suscetíveis de recurso, poderá recorrer qualquer cidadão e também o Ministério Público.

No polo passivo da ação deverão constar o Poder Público, os agentes que determinaram ou
celebraram o ato e eventuais beneficiários do ato lesivo, sendo que o prazo para ajuizamento da
ação é de 05 anos a contar da realização do ato impugnado, e a competência para processar e
julgar a ação popular é definida pela origem do ato a ser anulado (Verba federal – Justiça Federal,
Verba Estadual – Justiça Estadual).

O foro especial por prerrogativa de função não alcança as ações populares. Os Tribunais
não detêm, portanto, competência originária para julgar ação popular contra atos de autoridade
pública. Assim, se ajuizada contra o Presidente da República, por exemplo, será julgada pelo juiz
federal da seção judiciária onde o ato consumou-se, e não pelo STF.

A gratuidade da justiça se aplica apenas ao autor da ação popular, mas haverá pagamento de
custas e ônus sucumbenciais se demonstrada má-fé.

A sentença na ação popular terá eficácia de coisa julgada oponível “erga omnes”, exceto
no caso de haver sido a ação julgada improcedente por deficiência de prova. Nesse caso,
qualquer cidadão poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova
prova TEMA COBRADO NO III EXAME DA OAB/FGV.

22.7.  AÇÃO CIVIL PÚBLICA

A ação civil pública é o instrumento processual criado pela Lei nº 7.347/85 para garantir a
tutela jurisdicional de interesses transindividuais.
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Têm legitimidade para propor a ação civil pública: o Ministério Público, a Defensoria Pública,
a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios, autarquias, empresas públicas, fundações,
sociedade de economia mista e a associação que, concomitantemente esteja constituída há pelo
menos 1 (um) ano nos termos da lei civil inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção
ao patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre
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concorrência, aos direitos de grupos raciais, étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico,


estético, histórico, turístico e paisagístico. TEMA COBRADO NOS EXAMES XIV, XXV E XXVI DA
OAB/FGV.

Destaca-se que as associações são isentas do pagamento de honorários advocatícios em ações


civis públicas, exceto no caso de má-fé, hipótese em que também serão condenadas ao pagamento
do décuplo das custas TEMA COBRADO NO XXX EXAME DA OAB.

A ACP é admitida como instrumento de controle de constitucionalidade, desde que a arguição

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incidental de inconstitucionalidade seja invocada como causa de pedir, servindo de fundamento ao
pedido principal, o qual pode coincidir com o de decretação da inconstitucionalidade.

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BIBLIOGRAFIA

• ALVIM, Arruda. Manual de Direito Processual Civil. V1. 12 ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2008.
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• ALVIM, José Eduardo Carreira. Teoria Geral do Processo. 13 ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2010.

• AMARAL, Guilherme Rizzo. Comentários às alterações do novo CPC. São Paulo:


Revista dos Tribunais, 2015.

• BEDAQUE, José Roberto dos Santos. “Poderes Instrutórios do Juiz”. 2ª ed. Revista
dos Tribunais, São Paulo, 1994.

[Vanja de Lima Alencar] [vanjalimaalencar@gmail.com]


• BUENO, Cassio Scarpinella. Novo código de processo civil anotado. São Paulo:
Saraiva, 2015.

• DIDIER JUNIOR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil: Introdução ao Direito


Processual Civil, Parte Geral e Processo de Conhecimento. 20ª Ed. Editora Juspodivm:
Salvador, 2017.

• _____; CUNHA, Leonardo Carneiro da. Curso de Direito Processual Civil: meios de
impugnação às decisões judiciais e processo nos tribunais. vol. 3, 13. ed. Salvador:
JusPodivm, 2016.

• MARINONI, luiz Guilherme; ARENHART, Sergio Cruz; MITIDEIRO, Daniel. Novo curso
de Processo Civil – Vol.1 Teoria do Processo comum. 3ª ed. Revista dos Tribunais, São
Paulo, 2017.

• MARCATO, Antonio Carlos. Procedimentos Especiais. 16. ed. Rio de Janeiro: Gen, 2016.

• WAMBIER, Teresa Arruda Alvim. et. al. (coord.). Breves comentários ao novo código
de processo civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015

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