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EXAME
PROCESSO
OABNAMEDIDA.COM.BR
SUMÁRIO
1. NORMAS FUNDAMENTAIS E A APLICAÇÃO DAS NORMAS PROCESSUAIS
2. JURISDIÇÃO
OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL
3. COMPETÊNCIA
4. SUJEITOS DO PROCESSO
4.1. PARTES E PROCURADORES
4.2. LITISCONSÓRCIO
4.3. INTERVENÇÃO DE TERCEIROS
17. RECURSOS
17.1. PRINCÍPIOS MAIS IMPORTANTES
17.2. EFEITOS RECURSAIS
17.3. PRESSUPOSTOS RECURSAIS
17.4. RECURSOS EM ESPÉCIE
17.4.1 APELAÇÃO
17.4.2 AGRAVO DE INSTRUMENTO
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O código de processo civil de 2015 criou uma categoria de normas fundamentais, dispostas nos
artigos 1 ao 12, sendo que, entre as normas estabelecidas, destacamos aquelas que entendemos
mais importantes para a prova da OAB/FGV:
Art. 4º As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito,
incluída a atividade satisfativa.
Art. 6º Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em
tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva.
O artigo acima transcrito tem por objetivo transformar o processo em um ambiente cooperativo,
assegurando lealdade e equilíbrio entre as partes e orientando o juiz a ter comportamento de
esclarecimento e de auxílio, para evitar obstáculos processuais desnecessários.
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A norma estabelece em sua primeira parte o princípio da igualdade processual, segundo
o qual as partes devem ser tratadas de forma isonômica, levando-se em consideração a suas
desigualdades. Nesse sentido, o art. 1.048 do CPC/2015 estabelece que terão prioridade de
tramitação: I) os procedimentos judiciais regulados pelo ECA, II) os processos que figure como
parte, ou interessado, pessoa com idade igual ou superior a 60 anos ou portadora de doença grave
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e III) os processos em que figure como parte a vítima de violência doméstica e familiar, nos termos
da Lei Maria da Penha.
A segunda parte do art. 7º, por sua vez, impõe ao juiz o dever de zelar pelo efetivo contraditório,
sendo um exemplo de sua aplicação a possibilidade de o juiz dilatar o prazo para a contestação
quando o autor juntar dezenas de documentos na inicial.
Outro exemplo em que o juiz deve zelar pelo contraditório efetivo diz respeito ao contido no
Art. 9º Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida.
Não é possível, portanto, que uma decisão seja prejudicial à parte que não foi previamente
ouvida. Em outras palavras, o juiz apenas poderá decidir de forma desfavorável a uma parte se
lhe conceder a possibilidade de defesa.
Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento
a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda
que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício.
IV - as decisões proferidas com base nos arts. 485 (extinção do processo sem resolução
de mérito) e 932 (decisão do relator em grau de recurso);
VIII - os processos criminais, nos órgãos jurisdicionais que tenham competência penal;
Desse modo, a partir do código de processo civil de 2015, o juiz tem o dever de observar a
ordem cronológica de conclusão para proferir a decisão judicial, como forma de se prestigiar
os princípios da igualdade e da duração razoável do processo. Essa regra, entretanto, se aplica
apenas às decisões finais, ou seja, não vale para as decisões interlocutórias de forma geral.
Importante ainda destacar que a lista de processos aptos a julgamento deve ser pública, ficando
à disposição para consulta em cartório e na rede mundial de computadores.
De acordo com o art. 14 do CPC/2015, a norma processual não retroagirá e será aplicável
imediatamente aos processos em curso, respeitados os atos processuais praticados e as situações
jurídicas consolidadas sob a vigência da norma revogada. Em outras palavras, a lei processual
nova não interfere nos atos processuais já finalizados nem nos direitos processuais adquiridos.
Se a lei processual alterar, por exemplo, o prazo da apelação para 10 dias, a parte que já tiver
sido intimada para interpor a apelação não será afetada pela diminuição do prazo determinado 6
pela lei nova.
O art. 15 do CPC/2015, por sua vez, estabelece que na ausência de normas que regulem
processos eleitorais, trabalhistas ou administrativos, as disposições do código de processo civil
lhes serão aplicadas supletiva e subsidiariamente.
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2. JURISDIÇÃO
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Entende-se por jurisdição a parcela do poder conferida aos órgãos do Poder Judiciário para
dizer o direito, ou seja, julgar os conflitos trazidos pelas partes, com a possibilidade de imposição
coercitiva para que haja o cumprimento das decisões proferidas (execução das decisões).
A jurisdição, como regra geral, é contenciosa (solução de conflitos), mas pode ser também
voluntária, quando houver a denominada administração pública de interesses particulares, ou
seja, nos casos em que não há propriamente um conflito de interesses, como nas alienações
judicias (art. 113 e seguintes ), testamentos e codicilos (art. 1.125 e seguintes) e nas separações
A jurisdição brasileira não é ilimitada, sendo que a competência do Poder Judiciário brasileiro
poderá ser exclusiva ou concorrente em relação à jurisdição de outro país.
É importante salientar ainda que a jurisdição não se confunde com a arbitragem, uma vez que nesta a
pessoa que irá decidir o litígio (árbitro) é escolhida pelas próprias partes (art. 13 da Lei n. 9.307/96).
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3. COMPETÊNCIA
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Fixada em razão da matéria, da pessoa ou da função Fixada com base no valor da causa e no território
Alegada como questão preliminar em contestação, Alegada como questão preliminar em contestação,
ou em qualquer tempo e grau de jurisdição. sob pena de prorrogação da competência.
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A declaração da incompetência absoluta implica O reconhecimento da incompetência relativa não
remessa do processo ao Juízo competente e poderá implica anulação dos atos decisórios
gerar a anulação dos atos decisórios.
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Inderrogável por convenção das partes. Admite foro de eleição. OBS: Antes da citação,
a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode ser
reputada ineficaz de ofício pelo juiz, que determinará
a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio do
réu. Citado, incumbe ao réu alegar a abusividade da
cláusula de eleição de foro na contestação, sob pena
de preclusão (art. 63 do CPC/2015).
O código de processo civil estabelece alguns casos importantes de fixação de competência pelo
critério territorial (em regra de competência relativa), ou seja, identifica o território onde a causa
deverá ser julgada, conforme abaixo resumido:
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ESPÉCIE DE COMPETÊNCIA OBSERVAÇÕES
AÇÃO
Ação fundada em direito Competente, em regra, o Tendo mais de um domicílio, o réu será
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pessoal ou em direito real foro de domicílio do réu demandado no foro de qualquer deles.
sobre bens móveis (art. 46
do CPC/2015)
Sendo incerto ou desconhecido o
domicílio do réu, poderá ser demandado
onde for encontrado ou no foro de domicílio
do autor.
Ações fundadas em Competente o foro de O autor pode optar pelo foro de domicílio
direito real sobre imóveis situação da coisa. do réu ou pelo foro de eleição se o litígio
não recair sobre direito de propriedade,
vizinhança, servidão, divisão e demarcação
de terras e de nunciação de obra nova.
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Ação em que o ausente Foro do último domicílio
for réu (art. 49 do do ausente, que também
CPC/2015) é competente para a
arrecadação, o inventário, a
partilha e o cumprimento de
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disposições testamentárias.
Ação em que seja autora a Foro de domicílio do réu Se a União for a demandada, a ação
União (art. 51 do CPC/2015) poderá ser proposta no foro de domicílio
do autor, no de ocorrência do ato ou fato
que originou a demanda, no de situação da
coisa ou no Distrito Federal.
Ação em que for ré Foro do local onde está Quanto às obrigações que a pessoa
pessoa jurídica (art. 53, III, sua sede jurídica contraiu, a ação pode ser proposta
do CPC/2015) no foro onde se acha agência ou sucursal
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Ação de reparação de Foro do lugar do ato ou fato
dano ou em que for réu
administrador ou gestor de
negócios alheios (art. 53, IV,
do CPC/2015).
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As causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas
De acordo com o art. 55 do CPC/2015, reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes
for comum o pedido ou a causa de pedir, incluindo à execução de título extrajudicial e a ação de
conhecimento relativa ao mesmo ato jurídico e as execuções fundadas no mesmo título executivo.
Os processos de ações conexas devem ser reunidos para decisão conjunta, salvo se um deles já
houver sido sentenciado.
Por outro lado, a continência entre 2 (duas) ou mais ações ocorre quando houver identidade quanto
às partes e à causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser mais amplo, abrange o das demais.
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Entende-se como parte do processo aquele que demanda em nome próprio a prestação
jurisdicional do Estado e a pessoa em cujo nome é demandada.
Se o incapaz não tiver representante legal ou se os interesses deste colidirem com os daquele,
o juiz deverá nomear curador especial enquanto durar a incapacidade.
O juiz nomeará ainda curador especial quando o réu preso for revel, ou quando o réu revel
tiver sido citado por edital ou com hora certa, lembrando-se que o curador especial atua apenas
enquanto não for constituído advogado particular TEMA COBRADO NO XI EXAME DA OAB/FGV.
O consentimento do cônjuge pode ser suprido judicialmente quando for negado sem justo
motivo, ou quando lhe seja impossível concedê-lo. Além disso, a falta de consentimento, quando
necessário e não suprido pelo juiz, invalida o processo.
As partes devem ser representadas em juízo por advogado regularmente inscrito na Ordem dos
Advogados do Brasil, sendo lícito à parte postular em causa própria quando tiver habilitação legal.
Conforme previsto no art. 104 do CPC/2015, para postular em juízo, o advogado deve
necessariamente apresentar procuração, salvo para evitar preclusão, decadência ou prescrição, ou
para praticar ato considerado urgente, hipóteses em que, o advogado deverá, independentemente
de caução, exibir a procuração no prazo de 15 (quinze) dias, prorrogável por igual período por
despacho do juiz. O ato não ratificado será considerado ineficaz relativamente àquele em cujo
nome foi praticado, respondendo o advogado pelas despesas e por perdas e danos.
A procuração geral para o foro, outorgada por instrumento público ou particular assinado
pela parte, habilita o advogado a praticar todos os atos do processo, exceto receber citação,
confessar, reconhecer a procedência do pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito sobre
o qual se funda a ação, receber, dar quitação, firmar compromisso e assinar declaração de
hipossuficiência econômica, que devem constar de cláusula específica. Além disso, salvo
disposição expressa em sentido contrário constante do próprio instrumento, a procuração
outorgada na fase de conhecimento é eficaz para todas as fases do processo, inclusive para o
cumprimento de sentença.
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É importante frisar ainda que a parte poderá revogar o mandato outorgado ao seu advogado,
hipótese em que, no mesmo ato, deverá constituir outro profissional que assuma o patrocínio da
causa Entretanto, se o novo advogado não for constituído no prazo de 15 (quinze) dias, o juiz
suspenderá o processo e designará prazo razoável para que seja sanado o vício (art. 111 c/c art.
76 do CPC/2015).
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Por outro lado, caso o advogado decida renunciar ao mandato, deverá comunicar a renúncia
ao mandante, a fim de que este nomeie sucessor, salvo quando a procuração tiver sido outorgada
a vários advogados e a parte continuar representada por outro, apesar da renúncia. Além disso,
durante os 10 (dez) dias seguintes à renúncia, o advogado continuará a representar o mandante,
desde que necessário para lhe evitar prejuízo (art. 112 do CPC/2015).
Conforme previsto no art. 77 do CPC/2015, são deveres das partes, de seus procuradores e de
todos aqueles que de qualquer forma participem do processo:
I - expor os fatos em juízo conforme a verdade;
II - não formular pretensão ou de apresentar defesa quando cientes de que são
destituídas de fundamento;
III - não produzir provas e não praticar atos inúteis ou desnecessários à declaração ou
à defesa do direito;
IV - cumprir com exatidão as decisões jurisdicionais, de natureza provisória ou final, e
não criar embaraços à sua efetivação;
V - declinar, no primeiro momento que lhes couber falar nos autos, o endereço
residencial ou profissional onde receberão intimações, atualizando essa informação
sempre que ocorrer qualquer modificação temporária ou definitiva;
VI - não praticar inovação ilegal no estado de fato de bem ou direito litigioso.
Registra-se ainda que não há incidência de multa por ato atentatório à dignidade da justiça
para os advogados públicos ou privados, membros da Defensoria Pública e do Ministério Público,
devendo eventual responsabilidade disciplinar ser apurada pelo respectivo órgão de classe ou
corregedoria, ao qual o juiz oficiará.
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A multa estabelecida por ato atentatório à dignidade da justiça poderá ser fixada
independentemente da incidência das previstas nos arts. 523, § 1º (multa de 10% para
pagamento de quantia certa fixada em título executivo judicial), e 536, § 1º (multa fixada para o
cumprimento das obrigações de fazer e não fazer).
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O art. 80 do CPC/2015, por sua vez, estabelece as hipóteses que configuram litigância de má-
fé, a saber:
I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso;
II - alterar a verdade dos fatos;
III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal;
IV - opuser resistência injustificada ao andamento do processo;
De ofício ou a requerimento, o juiz condenará o litigante de má-fé a pagar multa, que deverá
ser superior a 1% (um por cento) e inferior a 10% (dez por cento) do valor corrigido da causa, a
indenizar a parte contrária pelos prejuízos que esta sofreu e a arcar com os honorários advocatícios
e com todas as despesas que efetuou.
Quando forem 2 (dois) ou mais os litigantes de má-fé, o juiz condenará cada um na proporção
de seu respectivo interesse na causa ou solidariamente aqueles que se coligaram para lesar a
parte contrária.
Além disso, quando o valor da causa for irrisório ou inestimável, a multa poderá ser fixada em
até 10 (dez) vezes o valor do salário-mínimo.
Em relação ao valor da indenização, este será fixado pelo juiz ou, caso não seja possível
mensurá-lo, será liquidado por arbitramento ou pelo procedimento comum, nos próprios autos.
4.2. LITISCONSÓRCIO
O litisconsórcio poderá, portanto, ser ativo, quando houver mais de um autor, passivo, quando houver
mais de um réu, ou ainda misto, quando houver nos dois polos do processo pluralidade de sujeitos.
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• Necessário: por disposição de lei ou quando, pela natureza da relação jurídica
controvertida, a eficácia da sentença depender da citação de todos que devam ser
litisconsortes (art. 114 do CPC/2015). TEMA COBRADO NO XXII EXAME DA OAB/
FGV
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• Unitário: quando a decisão deva ser necessariamente uniforme para todos os litisconsortes.
As classificações ora citadas podem ainda ser conjugadas, como abaixo exemplificado:
Assim, tratando-se de litisconsórcio passivo simples, se um réu for revel e o outro contestar
a ação, o réu revel não se beneficiará da contestação feita pelo litisconsorte, permanecendo os
efeitos da revelia.
Por outro lado, tratando-se de hipótese de litisconsórcio unitário, os efeitos da revelia serão
afastados se o litisconsorte apresentar contestação TEMA COBRADO NO IV EXAME DA OAB/
FGV.
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não se se aplica aos processos em autos eletrônicos, conforme § 2º do art. 229 do CPC/2015
TEMA COBRADO NOS EXAMES DA XI E XXVIII OAB/FGV.
4.3.1. ASSISTÊNCIA
É requisito essencial para a assistência que o assistente tenha interesse jurídico na causa.
Conforme previsto no art. 120 do CPC/2015, não havendo impugnação no prazo de 15 (quinze)
dias, o pedido do assistente será deferido, salvo se for caso de rejeição liminar, ou seja, quando
ficar caracterizado que o assistente não possui interesse jurídico na lide.
Entretanto, se houver impugnação, isto é, se qualquer parte alegar que falta ao requerente
interesse jurídico para intervir, o juiz decidirá o incidente, sem suspensão do processo.
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ASSISTÊNCIA SIMPLES ASSISTÊNCIA LITISCONSORCIAL
A denunciação da lide permite às partes trazerem ao processo o terceiro que em razão da lei
ou do contrato é o brigado a indenizar os prejuízos da demanda.
Conforme previsto no art. 125 do CPC/2015, é admissível a denunciação da lide, promovida por
qualquer das partes:
• Àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva,
o prejuízo de quem for vencido no processo, como no caso da seguradora TEMA
COBRADO NO XXIV EXAME DA OAB/FGV.
• Esclarece que a denunciação da lide feita pelo Réu deve ser invocada em contestação
e a feita pelo autor na inicial.
De acordo com o art. 130 do CPC/2015, o chamamento ao processo á admissível nas seguintes
hipóteses: I - do afiançado, na ação em que o fiador for réu TEMA COBRADO NOS EXAMES
XXVIII E XXX DA OAB/FGV; II - dos demais fiadores, na ação proposta contra um ou alguns deles;
III - dos demais devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns o pagamento
da dívida comum.
A citação daqueles que devam figurar em litisconsórcio passivo será requerida pelo réu na
contestação e deve ser promovida no prazo de 30 (trinta) dias, sob pena de ficar sem efeito o
chamamento. No entanto, se o chamado residir em outra comarca, seção ou subseção judiciárias,
ou em lugar incerto, o prazo será de 2 (dois) meses.
Registra-se ainda que, de acordo com o art. 132 do CPC?2015, a sentença de procedência
valerá como título executivo em favor do réu que satisfizer a dívida, a fim de que possa exigi-la,
por inteiro, do devedor principal, ou, de cada um dos codevedores, a sua quota, na proporção que
lhes tocar
No direito civil, para que haja a desconsideração da personalidade jurídica deve restar
caracterizada a gestão fraudulenta, pelo desvio de finalidade ou confusão patrimonial (art. 50
do CC), enquanto que no direito do consumidor a desconsideração da personalidade jurídica é
mais simples, podendo inclusive ocorrer quando a personalidade jurídica for, de alguma forma,
obstáculo ao ressarcimento de prejuízos aos consumidores (art. 28 do CDC).
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O código de processo civil de 2015 disciplinou o procedimento a ser adotado no caso de
desconsideração da personalidade jurídica, tratando-o como uma modalidade de intervenção
de terceiro, já que, com a desconsideração, o sócio, que até então era considerado terceiro no
processo, passará a integrar a lide.
OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL
O amicus curiae, como regra geral, não pode recorrer, salvo para opor embargos de declaração
e para interpor recurso de decisão de incidente de resolução de demandas repetitivas
Caberá ao juiz ou ao relator, na decisão que solicitar ou admitir a intervenção, definir os poderes
do amicus curiae.
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Incumbe ao autor adiantar as despesas relativas a ato cuja realização o juiz determinar de ofício
ou a requerimento do Ministério Público quando sua intervenção ocorrer como fiscal da ordem
jurídica. Entretanto, a sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas que antecipou.
Não se exigirá a caução: I - quando houver dispensa prevista em acordo ou tratado internacional
de que o Brasil faz parte; II - na execução fundada em título extrajudicial e no cumprimento de
sentença; III - na reconvenção.
Os honorários de advogado serão fixados entre o mínimo de dez e o máximo de vinte por cento
sobre o valor da condenação, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo,
sobre o valor atualizado da causa, observando-se como parâmetro: I - o grau de zelo do profissional;
II - o lugar de prestação do serviço; III - a natureza e a importância da causa; IV - o trabalho
realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.
Na ação de indenização por ato ilícito contra pessoa, o percentual de honorários incidirá sobre
a soma das prestações vencidas acrescida de 12 (doze) prestações vincendas.
Uma importante alteração trazida pelo novo código de processo civil diz respeito à
obrigatoriedade de majoração dos honorários fixados na sentença quando houver interposição
de recurso, devendo o Tribunal aumentar os honorários fixados anteriormente levando em conta
o trabalho adicional realizado em grau recursal, observado o limite máximo de 20% estabelecido
no § 2º do art. 85 do CPC/2015.
Havendo transação e nada tendo as partes disposto quanto às despesas, estas serão
divididas igualmente.
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O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que evidenciem a falta
dos pressupostos legais para a concessão de gratuidade, devendo, antes de indeferir o pedido,
determinar à parte a comprovação do preenchimento dos referidos pressupostos.
Contra a decisão que indeferir a gratuidade ou a que acolher pedido de sua revogação caberá
agravo de instrumento, exceto quando a questão for resolvida na sentença, contra a qual caberá
apelação (art. 101 do CPC/2015).
Por fim, é importante registrar que gratuidade poderá ser concedida em relação a algum ou
a todos os atos processuais, ou consistir na redução percentual de despesas processuais que o
beneficiário tiver de adiantar no curso do procedimento.
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Cabe ao juiz a direção do processo, sendo que o art. 139 do CPC/2015 lhe impõe alguns deveres,
dos quais destacamos os mais importante para a prova da OAB/FGV: promover, a qualquer tempo,
a autocomposição, preferencialmente com auxílio de conciliadores e mediadores judiciais (inciso
V); dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova, adequando-
os às necessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade à tutela do direito (inciso VI);
quando se deparar com diversas demandas individuais repetitivas, oficiar o Ministério Público, a
Defensoria Pública e, na medida do possível, outros legitimados, para, se for o caso, promover a
propositura da ação coletiva respectiva (inciso X).
Outro tema importante para a prova da OAB/FGV diz respeito às causas de impedimento e
suspeição do juiz previstas nos artigos 144 e 145 do CPC/2015:
IMPEDIMENTOS
Art. 144. Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas funções no processo:
I - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como
membro do Ministério Público ou prestou depoimento como testemunha;
III - quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado ou membro do
Ministério Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer parente, consanguíneo ou
afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive;
IV - quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou companheiro, ou parente,
consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive;
TEMA COBRADO NO XX EXAME DA OAB/FGV.
V - quando for sócio ou membro de direção ou de administração de pessoa jurídica parte
no processo;
VII - em que figure como parte instituição de ensino com a qual tenha relação de
emprego ou decorrente de contrato de prestação de serviços;
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VIII - em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge,
companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro
grau, inclusive, mesmo que patrocinado por advogado de outro escritório;
II - que receber presentes de pessoas que tiverem interesse na causa antes ou depois
de iniciado o processo, que aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa ou
que subministrar meios para atender às despesas do litígio;
III - quando qualquer das partes for sua credora ou devedora, de seu cônjuge ou
companheiro ou de parentes destes, em linha reta até o terceiro grau, inclusive;
§ 1º Poderá o juiz declarar-se suspeito por motivo de foro íntimo, sem necessidade de
declarar suas razões.
II - a parte que a alega houver praticado ato que signifique manifesta aceitação do arguido.
De acordo com o art. 146 do CPC/2015, a parte deve alegar no prazo de 15 (quinze) dias, a
contar do conhecimento do fato, o impedimento ou a suspeição em petição específica dirigida ao
juiz do processo, na qual indicará o fundamento da recusa, podendo instruí-la com documentos em
que se fundar a alegação e com rol de testemunhas. TEMA COBRADO NO XX EXAME DA OAB/
FGV.
Distribuído no Tribunal, o relator deverá declarar os efeitos em que o incidente será recebido,
sendo que, se for recebido sem efeito suspensivo, o processo voltará a correr e, se for recebido
com efeito suspensivo, o processo permanecerá suspenso até o julgamento do incidente.
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Verificando que a alegação de impedimento ou de suspeição é improcedente, o tribunal rejeitá-
la-á. Por outro lado, acolhida a alegação, tratando-se de impedimento ou de manifesta suspeição,
o tribunal condenará o juiz nas custas e remeterá os autos ao seu substituto legal, devendo o
tribunal fixar o momento a partir do qual o juiz não poderia ter atuado, decretando a nulidade dos
atos praticados quando já presente o motivo de impedimento ou de suspeição.
OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL
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O Ministério Público atuará na defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses
e direitos sociais e individuais indisponíveis e será intimado para, no prazo de 30 (trinta) dias,
intervir como fiscal da ordem jurídica nas hipóteses previstas em lei ou na Constituição Federal e
nos processos que envolvam: I - interesse público ou social; II - interesse de incapaz; III - litígios
coletivos pela posse de terra rural ou urbana
A participação da Fazenda Pública não configura, por si só, hipótese de intervenção do Ministério
O novo código de processo civil alterou substancialmente a antiga regra do art. 188 do CPC/73
(prazo em dobro para recorrer e em quadruplo para contestar), prevendo a que Ministério Público
gozará de prazo em dobro para manifestar-se nos autos, que terá início a partir de sua intimação
pessoal, salvo quando a lei estabelecer, de forma expressa, prazo próprio, conforme art. 188 do
CPC/2015 TEMA COBRADO NO XIV EXAME DA OAB/FGV.
Por fim, estabelece o art. 181 do CPC/2015 que o membro do Ministério Público será civil e
regressivamente responsável quando agir com dolo ou fraude no exercício de suas funções.
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A Defensoria Pública exercerá a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa
dos direitos individuais e coletivos dos necessitados, em todos os graus, de forma integral e gratuita.
A Defensoria Pública goza de prazo em dobro para todas as suas manifestações processuais,
regra que se aplica também aos escritórios de prática jurídica das faculdades de Direito
reconhecidas na forma da lei e às entidades que prestam assistência jurídica gratuita em razão de
convênios firmados com a Defensoria Pública. (art. 186).
O art. 187 do CPC/2015, por sua vez, estabelece que o membro da Defensoria Pública será civil
e regressivamente responsável quando agir com dolo ou fraude no exercício de suas funções.
A regra da responsabilidade civil regressiva se aplica aos juízes, membros do Ministério Público,
defensores públicos e aos advogados públicos.
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Dispõe o art. 188 do CPC/2015 que os atos e os termos processuais não dependem de forma
determinada, salvo quando a lei expressamente a exigir, considerando-se válidos os que, realizados
de outro modo, lhe preencham a finalidade essencial (princípio da instrumentalidade das formas).
Além disso, como regra geral, os atos processuais são públicos. Entretanto, tramitam em
Importante inovação trazida pelo novo Código de Processo Civil vem estampada em seu art.
190, segundo o qual, versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às
partes plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades
da causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes
ou durante o processo TEMA COBRADO NO XX EXAME DA OAB/FGV.
O art. 190 do CPC/2015 representa uma grande inovação do novo código, permitindo a
realização dos denominados negócios jurídicos processuais, ou seja, permite que as partes
estipulem, nas lides que envolvam direitos que admitam autocomposição, mudanças no
procedimento, como, por exemplo, a alteração de prazos, da distribuição do ônus da prova,
da realização ou não de audiência, etc.
Os prazos processuais são contados excluindo o dia do começo e incluindo o dia de vencimento
(art. 224, caput, do CPC/2016), computando-se apenas os dias úteis (art. 219 do CPC/2015).
A contagem dos prazos em dias úteis é uma das grandes novidades do CPC/2015 e um tema
muito importante para a prova da OAB/FGV.
Vejamos abaixo as principais regras sobre forma dos atos processuais para a prova da OAB/FGV:
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• Os atos processuais serão realizados em dias úteis, das 6 (seis) às 20 (vinte)
horas. Independentemente de autorização judicial, as citações, intimações e penhoras
poderão realizar-se no período de férias forenses, onde as houver, e nos feriados
ou dias úteis fora do horário acima citado, observado a inviolabilidade do domicílio
prevista no art. 5º, inciso XI, da Constituição Federal. (art. 212, caput, CPC/2015).
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A regra do prazo em dobro para litisconsortes com procuradores diferentes somente é aplicada e
os advogados pertencerem a escritórios de advocacia distintos e se o processo não for eletrônico.
Outra regra de extrema importância pra a prova da OAB diz respeito ao início da contagem do
prazo, prevista no art. 231 do CPC/2015, in verbis:
Art. 231. Salvo disposição em sentido diverso, considera-se dia do começo do prazo:
III - a data de ocorrência da citação ou da intimação, quando ela se der por ato do
escrivão ou do chefe de secretaria;
IV - o dia útil seguinte ao fim da dilação assinada pelo juiz, quando a citação ou a
intimação for por edital;
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V - o dia útil seguinte à consulta ao teor da citação ou da intimação ou ao término do
prazo para que a consulta se dê, quando a citação ou a intimação for eletrônica;
VI - a data de juntada do comunicado de que trata o art. 232 ou, não havendo esse, a data
de juntada da carta aos autos de origem devidamente cumprida, quando a citação ou a
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VII - a data de publicação, quando a intimação se der pelo Diário da Justiça impresso
ou eletrônico;
VIII - o dia da carga, quando a intimação se der por meio da retirada dos autos, em
carga, do cartório ou da secretaria.
Os atos processuais são comunicados por ordem judicial, quando realizados dentro da área de
atuação do juiz competente, ou por carta, quando realizados fora da sua área de atuação.
Conforme previsto no art. 237 do CPC/2015, a carta poderá ser uma das seguintes espécies:
• Carta de ordem: expedida pelo Tribunal para juízo a ele vinculado para realização de
atos executivos ou materiais.
• Carta rogatória: expedida para que órgão jurisdicional estrangeiro pratique ato
de cooperação jurídica internacional, relativo a processo em curso perante órgão
jurisdicional brasileiro;
• Carta arbitral: expedida para que órgão do Poder Judiciário pratique ou determine
o cumprimento, na área de sua competência territorial, de ato objeto de pedido de
cooperação judiciária formulado por juízo arbitral, inclusive os que importem efetivação
de tutela provisória TEMA COBRADO NO XXIII EXAME DA OAB/FGV.
CITAÇÃO
A citação é o ato pelo qual são convocados o réu, o executado ou o interessado para integrar
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a relação processual, sendo indispensável para a validade do processo, ressalvadas as hipóteses
de indeferimento da petição inicial (art. 330 do CPC/2015) ou de improcedência liminar do pedido
(art. 332 do CPC/2015).
De acordo com o art. 240 do CPC/2015, a citação válida, ainda quando ordenada por juízo
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incompetente, induz litispendência, torna litigiosa a coisa e constitui em mora o devedor, salvo
os casos de inadimplemento de obrigação vinculada a termo e aquelas provenientes de ato ilícito,
em que o devedor se constitui em mora com o advento do termo e com a prática do ato ilícito,
respectivamente TEMA COBRADO NO XII EXAME DA OAB/FGV.
A citação poderá ser feita em qualquer lugar em que se encontre o réu, o executado ou o
interessado. Entretanto, não se fará a citação, salvo para evitar o perecimento do direito, nos
seguintes casos: I - de quem estiver participando de ato de culto religioso; II - de cônjuge, de
companheiro ou de qualquer parente do morto, consanguíneo ou afim, em linha reta ou na linha
Além disso, quando o citando for mentalmente incapaz ou estiver impossibilitado de receber a
citação, o oficial de justiça descreverá e certificará minuciosamente a ocorrência e o juiz nomeará
médico para examinar o citando, que apresentará laudo no prazo de 5 (cinco) dias. Reconhecida
a impossibilidade, o juiz nomeará curador ao citando, devendo a citação ser feita na pessoa do
curador, a quem incumbirá a defesa dos interesses do citando.
Conforme previsto no art. 246 do CPC/2015, a citação será feita: I - pelo correio; II - por oficial
de justiça; III - pelo escrivão ou chefe de secretaria, se o citando comparecer em cartório; IV - por
edital; V - por meio eletrônico, conforme regulado em lei.
PELO CORREIO É a forma preferencial para que a citação seja realizada. Não
poderá ser feita, entretanto, nas ações de estado, quando o citando
for incapaz, quando o citando for pessoa de direito público, quando
o citando residir em local não atendido pela entrega domiciliar de
correspondência e quando o autor, justificadamente, a requerer de
outra forma. Nessas hipóteses, a citação deve ser feita por oficial de
justiça TEMA COBRADO NO VI EXAME DA OAB/FGV.
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POR EDITAL Ocorrerá quando desconhecido ou incerto o citando,
quando ignorado, incerto ou inacessível o lugar em que
se encontrar o citando ou nos casos expressos em lei.
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CITAÇÃO POR HORA CERTA. Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de justiça houver procurado o
A citação com hora certa será efetivada mesmo que a pessoa da família ou o vizinho que
houver sido intimado esteja ausente, ou se, embora presente, a pessoa da família ou o vizinho
se recusar a receber o mandado.
Da certidão da ocorrência, o oficial de justiça deixará contrafé com qualquer pessoa da família
ou vizinho, conforme o caso, declarando-lhe o nome. O oficial de justiça fará constar do mandado
a advertência de que será nomeado curador especial se houver revelia.
INTIMAÇÃO
Intimação é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e dos termos do processo.
Importante inovação trazida pelo CPC de 2015 é a possibilidade dos advogados promoverem a
intimação do advogado da outra parte por meio do correio, juntando aos autos, em seguida, cópia
do ofício de intimação e do aviso de recebimento. O ofício de intimação deverá ser instruído com
cópia do despacho, da decisão ou da sentença.
Quando não realizadas por meio eletrônico, consideram-se feitas as intimações pela publicação
dos atos no órgão oficial.
Os advogados poderão requerer que, na intimação a eles dirigida, figure apenas o nome da
sociedade a que pertençam, desde que devidamente registrada na Ordem dos Advogados do Brasil.
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Sob pena de nulidade, é indispensável que da publicação constem os nomes das partes e de
seus advogados, com o respectivo número de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil, ou, se
assim requerido, da sociedade de advogados.
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NULIDADES
Entende-se como nulidade a ausência de requisito essencial para a validade do ato. A nulidade
poderá ser absoluta ou relativa.
PRINCÍPIO DO INTERESSE OU BOA-FÉ: possui previsão no art. 276 do CPC/2015 e dispõe que
a nulidade do ato processual não será pronunciada se arguida por quem lhe deu causa. Salienta-se
que o princípio do interesse só alcança, evidentemente, as nulidades relativas, pois as nulidades
absolutas constituem matéria de ordem pública.
É importante destacar que o art. 279 do CPC/2015 estabelece que é nulo o processo quando o
membro do Ministério Público não for intimado a acompanhar o feito em que deva intervir. Se o
processo tiver tramitado sem conhecimento do membro do Ministério Público, o juiz invalidará os
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atos praticados a partir do momento em que ele deveria ter sido intimado. Entretanto, a nulidade só
pode ser decretada após a intimação do Ministério Público, que se manifestará sobre a existência
ou a inexistência de prejuízo.
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Para entender o que é tutela provisória é importante primeiramente entender o que é tutela definitiva.
Entende-se por tutela definitiva qualquer tipo de tutela que se pretende alcançar ao final do
processo, pressupondo cognição exauriente e a formação da coisa julgada. A tutela definitiva pode
ser satisfativa (reconhecer ou efetivar um direito) ou cautelar (resguardar um direito).
Não há distinção ontológica entre tutela definitiva e provisória, mas apenas distinção em
As tutelas provisórias (artigos 294 a 311 do CPC/2015) são divididas em tutela provisória de
evidência e tutela provisória de urgência.
A tutela provisória de urgência, por sua vez, é subdividida ainda em tutela antecipada e cautelar.
TUTELA PROVISÓRIA
Antecipada Cautelar
A principal diferença entre tutela de urgência e de evidência diz respeito à existência de risco
de dano irreparável ou de difícil reparação, presente apenas na tutela de urgência, já que na tutela
de evidencia não há necessidade da demonstração de perigo.
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REQUISITOS PARA A TUTELA REQUISITOS PARA A TUTELA
DE URGÊNCIA DE EVIDÊNCIA
Na tutela de urgência, portanto, a ideia é a proteção de um direito que pode perecer em razão
das delongas inerentes ao curso do processo. Na tutela de evidência, por outro lado, embora não
exista perigo de perecimento do direito, a sua concessão é de interesse da parte para lhe permitir
usufruir de seu direito antecipadamente.
No código de processo civil de 1973, para a concessão da antecipação dos efeitos da tutela eram
exigidos três requisitos: a) prova inequívoca, b) verossimilhança e c) receio de dano irreparável ou
de difícil reparação. Já para a tutela cautelar genérica exigia-se apenas o fumus boni iuris e o
periculum in mora.
O código de processo civil de 2015 unificou os requisitos de ambas as tutelas, prevendo que
para a concessão da tutela de urgência basta a presença da probabilidade do direito e o perigo de
dano ou o risco ao resultado útil do processo (art. 300 do CPC).
A principal diferença entre tutela antecipada e cautelar diz respeito à satisfatividade da medida.
Como na prática muitas vezes é difícil diferenciar a tutela cautelar da antecipada, permite-se a
fungibilidade entre as medidas, ou seja, permite-se que o juiz aprecie um pedido cautelar como
tutela antecipada, e vice-versa.
Saliente-se que o § 3º do art. 303 do CPC/2015 prevê ainda um pressuposto negativo para a
concessão da tutela antecipada, qual seja, a proibição de sua concessão quando houver perigo de
irreversibilidade dos efeitos da decisão.
É importante frisar que a regra da irreversibilidade não é absoluta, cabendo ao juiz afastá-
la nos casos em que o direito discutido é proporcionalmente mais importante que a segurança
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jurídica. A título de exemplo, em eventual ação movida contra um plano de saúde, presentes os
demais requisitos da tutela de urgência, o juiz poderá conceder a tutela antecipada para que o
autor realize uma cirurgia de emergência.
Entretanto, caso a tutela de urgência concedida não seja posteriormente confirmada pela
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decisão judicial, a parte que a requereu deverá indenizar a parte contrária pelos prejuízos
causados, conforme previsto no art. 302 do CPC/2015. Trata-se de responsabilidade objetiva, uma
vez que não depende da existência de dolo ou culpa.
A tutela de urgência poderá ser requerida em caráter antecedente (requerida antes do pedido
final) ou incidente (requerida conjuntamente ou posteriormente ao pedido final).
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Por fim, a tutela de urgência poderá ser concedida liminarmente (sem a oitiva da parte
contrária) ou após justificação prévia.
Com efeito, de acordo com o art. 311 do CPC/2015, a tutela da evidência será concedida,
independentemente da demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo,
quando:
IV - a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos
do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável.
O novo código permite ainda que nas hipóteses dos incisos II e III acima transcritos, o juiz
conceda a tutela de evidência liminarmente. TEMA COBRADO NO XXVII EXAME DA OAB/FGV.
Já nas hipóteses previstas nos incisos I e IV, a concessão da tutela de evidência depende de
prévia oitiva do réu TEMA COBRADO NO XXVI EXAME DA OAB/FGV.
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O processo forma-se com o protocolo da petição inicial, passando a integrar a lide o autor e o
juiz da causa. A integração completa do processo, entretanto, ocorre apenas com a citação válida
do réu, momento em que haverá os efeitos previstos no art. 240 do CPC/2015 (induz litispendência,
torna litigiosa a coisa e constitui em mora o devedor).
Com base no art. 313 do CPC/2015, destacamos abaixo as principais hipótese de suspensão do processo:
Morte ou pela perda da capacidade processual No caso de morte do procurador de qualquer das
de qualquer das partes, de seu representante partes, ainda que iniciada a audiência de instrução e
legal ou de seu procurador julgamento, o juiz determinará que a parte constitua
novo mandatário, no prazo de 15 (quinze) dias, ao final
do qual extinguirá o processo sem resolução de mérito,
se o autor não nomear novo mandatário, ou ordenará o
prosseguimento do processo à revelia do réu, se falecido
o procurador deste.
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Suspensão de 30 dias pelo parto ou pela Hipótese acrescida pela Lei n. 13.363/2016
concessão de adoção, quando a advogada
responsável pelo processo constituir a única
patrona da causa.
OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL
A Lei n. 13.363/2016 acrescentou os incisos IX e X ao art. 313 do CPC/2015 prevendo mais duas
hipóteses de suspensão do processo, a saber: quando a única advogada constituída realizar
adoção ou parto (30 dias) e na hipótese do único advogado constituído se tornar pai (8 dias).
Conforme previsto no art. 317 do CPC/2015, antes de proferir decisão sem resolução de
mérito, o juiz deverá conceder à parte oportunidade para, se possível, corrigir o vício. É
importante lembrar ainda que, no do processo ser extinto sem resolução do mérito, o autor
poderá ingressar com nova ação, que será distribuída por dependência, conforme art. 286, II,
do CPC/2015 TEMA COBRADO NOS EXAMES X E XXIII DA OAB/FGV.
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13
Com o Código de Processo Civil de 2015, não há mais a antiga divisão estabelecida entre
procedimento sumário e ordinário, passando a existir apenas uma espécie de procedimento,
denominado de “procedimento comum”.
A petição inicial é o ato processual que provoca o exercício da atividade jurisdicional, até então
REQUISITOS DA CONSIDERAÇÕES
PETIÇÃO INICIAL IMPORTANTES
As provas com que o autor pretende demonstrar Se não houver a indicação das provas que o autor
a verdade dos fatos alegados pretende produzir, pode ocorrer a preclusão.
A opção do autor pela realização ou não de Caso o autor não tenha interesse, deverá se manifestar
audiência de conciliação ou de mediação expressamente na petição inicial
Além dos requisitos acima destacados, a petição inicial deverá ser instruída com os documentos
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indispensáveis à propositura da ação.
Se o juiz verificar que a petição inicial não preenche os requisitos necessários, não contém os
documentos indispensáveis para sua propositura, ou apresenta defeitos e irregularidades capazes
de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a
OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL
emende ou a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado.
Destaca-se ainda que a petição inicial será indeferida quando contiver alguns dos vícios
previstos no art. 330 do CPC.
A parte for manifestamente ilegítima Parte legítima é aquele que é titular da relação jurídica
material controvertida, salvo nos casos em que se
permite a legitimidade extraordinária
Não atendidas as prescrições dos artigos 106 e De acordo com o previsto no art. 106 do CPC, quando
321 do CPC/2015 postular em causa própria, incumbe ao advogado
declarar, na petição inicial ou na contestação, o endereço,
seu número de inscrição na Ordem dos Advogados
do Brasil e o nome da sociedade de advogados da
qual participa, para o recebimento de intimações. Se o
advogado descumprir a exigência, o juiz ordenará que
se supra a omissão, no prazo de 5 (cinco) dias, antes de
determinar a citação do réu, sob pena de indeferimento
da petição.
Estabelece o art. 332 do CPC/2015 que, nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz,
independentemente da citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar:
I - enunciado de súmula do STF ou STJ; II - acórdão proferido pelo STF ou STJ em julgamento de
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recursos repetitivos; III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas
ou de assunção de competência; IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local
TEMA COBRADO NO XXXI EXAME DA OAB/FGV.
Além disso, conforme previsto no § 1º do art. 332, o juiz também poderá julgar liminarmente
OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL
Contra a decisão que julgar liminarmente improcedente o pedido, caberá apelação e o juiz
poderá retratar-se em 5 (cinco) dias, conforme § 7º do art. 485 do CPC/2015. TEMA COBRADO
NOS EXAMES III, XIX E XXVI DA OAB/FGV.
Outra grande novidade do novo código de processo civil diz respeito à necessidade da audiência
de conciliação e mediação.
Com efeito, se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o caso de
improcedência liminar do pedido, o juiz designará audiência de conciliação ou de mediação com
antecedência mínima de 30 (trinta) dias, devendo ser citado o réu com pelo menos 20 (vinte) dias
de antecedência. A intimação do autor para a audiência será feita na pessoa de seu advogado.
Poderá haver mais de uma sessão destinada à conciliação e à mediação, não podendo exceder
a 2 (dois) meses da data de realização da primeira sessão, desde que necessárias à composição
das partes (§ 4º do art. 334 do CPC/2015) TEMA COBRADO NO XXX EXAME DA OAB/FGV.
Estabelece o § 4º do art. 334 do CPC/2015 que a audiência não será realizada se ambas as
partes manifestarem, expressamente, desinteresse na composição consensual e quando não se
admitir a autocomposição.
A manifestação do desinteresse na audiência deverá ser feita pelo autor na petição inicial e pelo réu
por petição, apresentada com 10 (dez) dias de antecedência, contados da data da audiência. Havendo
litisconsórcio, o desinteresse na realização da audiência deve ser manifestado por todos os litisconsortes.
13.4. CONTESTAÇÃO
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Como regra geral, toda a matéria de defesa deve ser alegada em contestação (princípio da
concentração da defesa ou da eventualidade). Excepcionalmente, admite-se ao réu, depois da
contestação, deduzir novas alegações quando: I - relativas a direito ou a fato superveniente; II
- competir ao juiz conhecer delas de ofício; III - por expressa autorização legal, puderem ser
formuladas em qualquer tempo e grau de jurisdição.
OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL
Conforme disposto no art. 336 do CPC/2015, incumbe ao réu alegar, na contestação, toda a
matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito com que impugna o pedido do autor e
especificando as provas que pretende produzir. A defesa poderá compreender matéria preliminar
de mérito e de mérito.
• Conexão
• Convenção de arbitragem
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Excetuadas a convenção de arbitragem e a incompetência relativa, todas as preliminares de
mérito podem ser conhecidas de ofício pelo juiz. Se as partes não alegarem a existência de
convenção de arbitragem, haverá aceitação da jurisdição estatal e renúncia ao juízo arbitral
TEMA COBRADO NO II EXAME DA OAB/FGV)
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É importante salientar que, quando o réu alegar sua ilegitimidade, deverá indicar o sujeito
passivo da relação jurídica discutida sempre que tiver conhecimento, sob pena de arcar com as
despesas processuais e de indenizar o autor pelos prejuízos decorrentes da falta de indicação.
Trata-se de obrigação imposta pelo art. 339 do CPC/2015 e deriva do princípio da cooperação
previsto no art. 6 do CPC/2015. TEMA COBRADO NOS EXAMES XXI E XXV DA OAB/FGV.
Outra regra importante trazida pelo art. 340 do CPC/2015 diz respeito à possibilidade de,
Nesse caso, a contestação será submetida a livre distribuição ou, se o réu houver sido citado
por meio de carta precatória, juntada aos autos dessa carta, seguindo-se a sua imediata remessa
para o juízo da causa. Reconhecida a competência do foro indicado pelo réu, o juízo para o qual for
distribuída a contestação ou a carta precatória será considerado prevento.
Destaca-se ainda que após oferecida a contestação se o autor pretender desistir da ação
deverá contar com a concordância do Réu. Por outro lado, se o pedido de desistência for anterior à
apresentação da contestação, o processo será extinto sem resolução de mérito independentemente
da concordância do réu (art. 485, § 4º, do CPC/2015). TEMA COBRADO NO XIX EXAME DA OAB/
FGV.
13.5. RECONVENÇÃO
A reconvenção é considerada uma ação do réu contra o autor no mesmo processo em que é
demandado. É uma espécie de contra-ataque, em que réu-reconvinte formula pretensão em face
do autor-reconvindo.
A reconvenção deve ser oferecida na contestação, devendo haver conexão com a ação principal
ou com o fundamento da defesa. É importante frisar, entretanto, que o réu pode propor reconvenção
independentemente de oferecer contestação (art. 343 do CPC/2015). TEMA COBRADO NOS
EXAMES XXX E XXXI EXAME DA OAB/FGV.
Na reconvenção é necessário indicar o valor da causa, com base no art. 292 do CPC/2015
TEMA COBRADO NO XXI EXAME DA OAB/FGV.
Proposta a reconvenção, o autor será intimado, na pessoa de seu advogado, para apresentar
resposta no prazo de 15 (quinze) dias.
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A desistência da ação ou a ocorrência de causa extintiva que impeça o exame de seu mérito não
obsta ao prosseguimento do processo quanto à reconvenção TEMA COBRADO NO XII EXAME DA
OAB/FGV.
A reconvenção pode ser proposta contra o autor e terceiro e também pelo réu em litisconsórcio
OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL
com terceiro.
Se o autor for substituto processual, o reconvinte deverá afirmar ser titular de direito em face
do substituído, e a reconvenção deverá ser proposta em face do autor, também na qualidade de
substituto processual.
13.6. REVELIA
A revelia possui dois efeitos: a) presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor e b)
dispensa de intimação formal dos atos processuais para o revel sem advogado constituído.
Entretanto, conforme previsto no art. 345 do CPC/2015, não haverá a incidência do efeito
da presunção de veracidade se: I - havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação;
II - o litígio versar sobre direitos indisponíveis; III - a petição inicial não estiver acompanhada de
instrumento que a lei considere indispensável à prova do ato; IV - as alegações de fato formuladas
pelo autor forem inverossímeis ou estiverem em contradição com prova constante dos autos.
Conforme previsto no inciso IV do art. 345 do CPC/2015, é preciso que haja o mínimo de
verossimilhança na alegação do autor para que a revelia produza efeitos, sob pena de o juiz,
ainda que o revel seja revel, julgar improcedentes os pedidos prefaciais.
Importante salientar ainda que o réu revel poderá intervir nos autos a qualquer tempo, recebendo
o processo no estado em que se encontra. A partir do momento em que o réu intervier no processo,
deverá ser intimado dos atos e prazos processuais TEMA COBRADO NO II EXAME DA OAB/FGV.
Após o prazo para a contestação, o juiz tomará, conforme o caso, as seguintes providências preliminares:
• Se o réu for revel (não contestar a ação), mas não houver a incidência do efeito da
presunção de veracidade dos fatos, ordenará que o autor especifique as provas que
pretenda produzir, se ainda não as tiver indicado. Ao réu revel será lícita a produção
de provas, contrapostas às alegações do autor, desde que se faça representar nos
autos a tempo de praticar os atos processuais indispensáveis a essa produção.
• Se o réu alegar qualquer das matérias previstas como preliminares de mérito (art.
337 do CPC/2015), o juiz determinará a oitiva do autor no prazo de 15 (quinze) dias,
permitindo-lhe a produção de prova.
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JULGAMENTO
JULGAMENTO
EXTINÇÃO DO ANTECIPADO
ANTECIPADO DO
PROCESSO PARCIAL DO
MÉRITO MÉRITO
Não ocorrendo nenhuma das hipóteses de julgamento conforme o estado do processo, deverá o
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juiz, em decisão de saneamento e de organização do processo: I - resolver as questões processuais
pendentes, se houver; II - delimitar as questões de fato sobre as quais recairá a atividade probatória,
especificando os meios de prova admitidos; III - definir a distribuição do ônus da prova, observado
o art. 373; IV - delimitar as questões de direito relevantes para a decisão do mérito; V - designar, se
necessário, audiência de instrução e julgamento.
OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL
Além disso, até o saneamento do processo, o autor poderá aditar ou alterar o pedido e a
causa de pedir, desde que com consentimento do réu, assegurado o contraditório mediante a
possibilidade de manifestação deste no prazo mínimo de 15 (quinze) dias, facultado o requerimento
de prova suplementar TEMA COBRADO NO XXVII EXAME DA OAB/FGV.
A respeito das provas orais, elas serão produzidas em audiência, ouvindo-se, preferencialmente
na seguinte ordem: I - o perito e os assistentes técnicos, que responderão aos quesitos de
esclarecimentos requeridos, caso não respondidos anteriormente por escrito; II - o autor e, em
seguida, o réu, que prestarão depoimentos pessoais; III - as testemunhas arroladas pelo autor e
pelo réu, que serão inquiridas.
Conforme previsto no parágrafo único do art. 361 do CPC/2015, enquanto depuserem o perito,
os assistentes técnicos, as partes e as testemunhas, não poderão os advogados e o Ministério
Público intervir ou apartear, sem licença do juiz.
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De acordo com o art. 364 do CPC/2015, a audiência poderá ser adiada:
• Se não puder comparecer, por motivo justificado, qualquer pessoa que dela deva
necessariamente participar. Neste caso, o impedimento deverá ser comprovado até a
abertura da audiência, e, não o sendo, o juiz procederá à instrução.
Finda a instrução, o juiz dará a palavra ao advogado do autor e do réu, bem como ao membro
do Ministério Público, se for o caso de sua intervenção, sucessivamente, pelo prazo de 20 (vinte)
minutos para cada um, prorrogável por 10 (dez) minutos, a critério do juiz. Havendo litisconsorte
Quando a causa apresentar questões complexas de fato ou de direito, o debate oral poderá ser
substituído por razões finais escritas, que serão apresentadas pelo autor e pelo réu, bem como
pelo Ministério Público, se for o caso de sua intervenção, em prazos sucessivos de 15 (quinze) dias,
assegurada vista dos autos.
13.10. PROVAS
Entende-se por prova todo meio idôneo capaz de demonstrar ao juiz a ocorrência de
determinado fato. Conforme previsto no art. 369 do CPC/2015, as partes têm o direito de empregar
todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados no código,
para provar a verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na
convicção do juiz.
Apesar de a prova recair sobre fatos, o art. 376 do CPC dispõe que a parte que alegar direito
municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim
o juiz determinar.
Há, entretanto, fatos que são admitidos como verdadeiros sem a necessidade de prova. Não
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dependem de prova:
É muito importante frisar que as partes têm a oportunidade para provar todos os fatos tratados
no processo. Entretanto, a não observância desse encargo pela parte lhe acarretará desvantagens
processuais, o que se denomina ônus da prova.
Assim, as partes possuem o encargo de comprovar os fatos trazidos no processo, sob pena de
o juiz, ao não ficar convencido dos fatos, aplicar a regra do ônus da prova na ocasião do julgamento
em desfavor da parte que não cumpriu com o encargo processual (trata-se, portanto, de uma regra
de julgamento).
A distribuição do ônus da prova possui previsão expressa no art. 373 do CPC/2015, que seguiu
as mesmas diretrizes do antigo art. 333 do CPC/1973.
O CPC de 2015 estabelece ainda que, nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades
da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos
termos do art. 373, caput, ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o
juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso
em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.
Desse modo, embora a lei estabeleça previamente critérios de distribuição do ônus da prova, o
magistrado poderá alterá-lo de forma dinâmica de acordo com o caso concreto, o que se denomina
distribuição dinâmica do ônus da prova.
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O código de processo civil anterior previa o denominado ônus estático da prova, permitindo-
se a sua inversão nos casos expressamente previstos em lei. O novo código, por sua vez,
estabeleceu a distribuição dinâmica do ônus da prova, de modo que o juiz poderá alterar as
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Na hipótese de distribuição dinâmica do ônus da prova, é essencial que o juiz o faça expressamente,
permitindo à parte a produção da prova para que se livre do ônus que lhe foi atribuído, ou seja, o juiz
deve informar às partes acerca da distribuição do ônus antes da fase de instrução.
Digno de nota ainda que o § 3º do art. 373 do CPC/2015 permite a distribuição diversa do ônus
da prova também pode por convenção das partes, ou seja, por meio do negócio jurídico processual,
ATA NOTARIAL
De acordo com o art. 384 do CPC;2015, a existência e o modo de existir de algum fato podem
ser atestados ou documentados, a requerimento do interessado, mediante ata lavrada por tabelião.
Além disso, dados representados por imagem ou som gravados em arquivos eletrônicos
poderão constar da ata notarial
DEPOIMENTO PESSOAL
Considera-se depoimento pessoal o meio de prova pelo qual o juiz se convence dos fatos por
meio da declaração das próprias partes.
De acordo com o art. 385 do CPC/2015, cabe à parte requerer o depoimento pessoal da outra
parte, a fim de que esta seja interrogada na audiência de instrução e julgamento, sem prejuízo do
poder do juiz de ordená-lo de ofício.
O depoimento pessoal deve ser requerido pela parte contrária e objetiva a confissão do
depoente no curso do processo.
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A regra do art. 388 do CPC/2015, que permite à parte deixar de responder sobre os fatos
elencados no próprio artigo, não se aplica às ações de estado e de família.
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Conforme previsto no art. 387 do CPC/2015, a parte responderá pessoalmente sobre os fatos
articulados, não podendo servir-se de escritos anteriormente preparados, permitindo-lhe o juiz,
todavia, a consulta a notas breves, desde que objetivem completar esclarecimentos TEMA
COBRADO NO XVII EXAME DA OAB/FGV.
O depoimento pessoal não se confunde com o interrogatório, conforme demonstramos no quando abaixo.
• CONFISSÃO
Conforme previsto no art. 389 do CPC/2015, há confissão quando a parte admite a verdade de
fato contrário ao seu interesse e favorável ao do adversário.
A confissão pode ser judicial ou extrajudicial e, de acordo com o art. 395 do CPC, é, em regra,
indivisível, ou seja, não pode a parte que a quiser invocar como prova aceitá-la no tópico que
a beneficiar e rejeitá-la no que lhe for desfavorável. Entretanto, a confissão poderá ser dividida
quando o confitente a ela aduzir fatos novos, capazes de constituir fundamento de defesa de direito
material ou de reconvenção.
A confissão judicial faz prova contra o confitente, não prejudicando, todavia, os litisconsortes.
Além disso, a confissão judicial poderá ser espontânea (quando não houver provocação da parte
contrária) ou provocada, quando decorrer de depoimento pessoal.
• DOCUMENTOS
Considera-se documento todo objeto capaz de provar a existência de fatos, por meio de
símbolos, fotos, sinais gráficos, etc.
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Os documentos públicos são aqueles confeccionados por autoridades púbicas, presumindo-se
a sua veracidade. Já os documentos particulares são aqueles formulados pelas próprias partes ou
por terceiro não investido na atividade pública.
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É importante registrar ainda que a parte poderá arguir a falsidade do documento apresentado
pela parte contrária, o que se denominada de incidente de falsidade documental, conforme artigos
430 a 433 do CPC/2015:
Parágrafo único. Uma vez arguida, a falsidade será resolvida como questão incidental,
salvo se a parte requerer que o juiz a decida como questão principal, nos termos do
56
inciso II do art. 19.
Art. 431. A parte arguirá a falsidade expondo os motivos em que funda a sua pretensão
e os meios com que provará o alegado.
Art. 432. Depois de ouvida a outra parte no prazo de 15 (quinze) dias, será realizado o
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exame pericial.
Considera-se testemunha o terceiro em relação à lide que vem prestar depoimento em juízo,
por ter conhecimento dos fatos narrados pelas partes.
Além disso, não poderão depor como testemunhas as pessoas impedidas, incapazes e suspeitas.
Sendo necessário, o juiz pode admitir o depoimento das testemunhas menores, impedidas
57
ou suspeitas, que será prestado independentemente de compromisso, na qualidade de
informante TEMA COBRADO NO II EXAME DA OAB/FGV.
A prova testemunhal deve ser requerida pelo autor na inicial e pelo réu na contestação. O
número de testemunhas arroladas não pode ser superior a 10 (dez), sendo 3 (três), no máximo,
para a prova de cada fato. O juiz poderá limitar o número de testemunhas levando em conta
a complexidade da causa e dos fatos individualmente considerados. Com o NCPC, compete
ao advogado informar ou intimar a testemunha por ele arrolada do dia, da hora e do local da
• PERÍCIA
De acordo com o previsto no art. 156 do CPC, O juiz será assistido por perito quando a prova do
fato depender de conhecimento técnico ou científico.
Ainda que o juiz possua conhecimento especializado na área que será objeto de perícia, não
poderá aplicar os seus conhecimentos ao caso concreto, dispensando a prova pericial. Em
outras palavras, haverá nomeação de perito mesmo que o juiz tenha conhecimento técnico
sobre o objeto a ser periciado.
Importante destacar que, de acordo com art. 95, caput, do CPC/2015: “cada parte adiantará a
remuneração do assistente técnico que houver indicado, sendo a do perito adiantada pela parte
que houver requerido a perícia ou rateada quando a perícia for determinada de ofício ou requerida
por ambas as partes” TEMA COBRADO NO XXVIII EXAME DA OAB/FGV)
• INSPEÇÃO JUDICIAL
Considera-se inspeção judicial o meio de prova pelo qual o juiz, de ofício ou a requerimento da
parte, pode, em qualquer fase do processo, inspecionar pessoas ou coisas, a fim de se esclarecer
sobre fato que interesse à decisão da causa.
Conforme previsto no art. 483 do CPC/2015, o juiz irá ao local onde se encontre a pessoa ou a
coisa quando: I - julgar necessário para a melhor verificação ou interpretação dos fatos que deva
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observar; II - a coisa não puder ser apresentada em juízo sem consideráveis despesas ou graves
dificuldades; III - determinar a reconstituição dos fatos.
OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL
Na inspeção judicial o juiz poderá ser assistido por um ou mais peritos e as partes têm sempre
direito a assistir à inspeção, prestando esclarecimentos e fazendo observações que considerem
de interesse para a causa TEMA COBRADO NO III EXAME DA OAB/FGV
• PROVA EMPRESTADA
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14
14.1. SENTENÇA
A sentença pode ser conceituada como o pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts.
485 e 487 do CPC/2015, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução. Pode
ser terminativa, nos casos julgamento sem resolução do mérito, ou definitiva, quando houver resolução do mérito.
O juiz não resolverá o mérito quando: Haverá resolução de mérito quando o juiz:
De acordo com o estabelecido no art. 489 do CPC/2015, são elementos essenciais da sentença
o relatório, a fundamentação e o dispositivo.
Art. 489
(...)
Como regra geral, de acordo com o princípio da congruência, a sentença deve respeitar os
limites da lide, ou seja, deve ter simetria em relação aos pedidos formulados no processo, sendo
vedado ao juiz julgar mais, menos ou de forma diferente daquilo que fora pleiteado pelo autor.
61
Nesse sentido dispõem os artigos 141 e 492, caput, do CPC/2015.
Art. 141. O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe vedado
conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige iniciativa da parte.
OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL
Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como
condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado.
A não observância do princípio da congruência poderá gerar sentenças citra petita, ultra petita
ou extra petita.
Para a prova da OAB/FGV, muito importante o conhecimento do art. 496 do CPC/2015, que
dispõe que está sujeita ao duplo grau de jurisdição obrigatória, não produzindo efeito senão depois
de confirmada pelo tribunal, a sentença:
Art. 496. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de
confirmada pelo tribunal, a sentença:
§ 1º Nos casos previstos neste artigo, não interposta a apelação no prazo legal, o juiz
ordenará a remessa dos autos ao tribunal, e, se não o fizer, o presidente do respectivo
tribunal avocá-los-á.
§ 4º Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver fundada em:
Conteúdo nitidamente processual e com efeito dentro Se projeta além do processo e é autoridade
do processo, ocorrendo nas hipóteses de decisão sem da decisão proferida com resolução de mérito e
resolução do mérito transitada em julgado. Não evita, transitada em julgado, impedindo nova demanda
por si só, a propositura de nova demanda. sobre o mesmo direito já discutido.
O Código de processo civil de 2015 alterou o conceito de coisa julgada material até então
trazido pelo art. 467 do CPC/1973.
Art. 467. Denomina-se coisa julgada material a Art. 502. Denomina-se coisa julgada material
eficácia, que torna imutável e indiscutível a sentença, a autoridade que torna imutável e indiscutível a
não mais sujeita a recurso ordinário ou extraordinário. decisão de mérito não mais sujeita a recurso.
As principais inovações trazidas pelo novo código de processo civil foram as substituições
das palavras “eficácia” por “autoridade” e “sentença” por “decisão”. A coisa julgada, portanto, é
considerada qualidade da decisão, termo este que engloba também as decisões interlocutórias, ou
seja, existe a possibilidade de coisa julgada parcial.
Dispõe o art. 503 do CPC/2015 que “a decisão que julgar total ou parcialmente o mérito tem
força de lei nos limites da questão principal expressamente decidida”. Assim, apenas é possível
falar em coisa julgada a respeito daquilo que for expressamente decidido. Se não houve julgamento
expresso, não há que se falar em coisa julgada.
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A principal mudança trazida pelo código de processo civil de 2015 em relação à coisa julgada
diz respeito à coisa julgada relativa a questões prejudiciais incidentais.
Com efeito, ao longo do processo, o juiz se depara com questões incidentais e questões
principais. As questões incidentais são enfrentadas para que as questões principais, relacionadas
OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL
Em verdade, uma mesma questão pode ser tratada em um processo como questão incidental e
em outro como questão principal, o que varia de acordo com o modo que se ela apresenta na lide.
A título de exemplo, a inconstitucionalidade da lei é considerada questão principal em uma ADI,
enquanto que no controle difuso ela será uma questão incidental.
As questões prejudiciais, por sua vez, são aquelas questões que devem ser apreciadas
O sistema jurídico tradicional brasileiro sempre entendeu que apenas as questões principais
fazem coisa julgada. O código de processo civil de 2015 rompeu com essa tradição, prevendo
expressamente a coisa julgada relativa a questões prejudiciais incidentais.
Nesse diapasão, de acordo com o § 1º do art. 503, haverá coisa julgada em relação questões
prejudiciais incidentais, se a questão for julgada expressamente e se: I - dessa resolução depender
o julgamento do mérito; II - a seu respeito tiver havido contraditório prévio e efetivo, não se
aplicando no caso de revelia; III - o juízo tiver competência em razão da matéria e da pessoa
para resolvê-la como questão principal e IV - não se aplica se no processo houver restrições
probatórias ou limitações à cognição que impeçam o aprofundamento da análise da questão
prejudicial. TEMA COBRADO NO XXII EXAME DA OAB/FGV.
Portanto, é possível afirmar que no novo CPC há dois regimes de coisa julgada: coisa julgada
das questões principais e coisa julgada relativa às questões prejudiciais incidentais.
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PRESSUPOSTOS DA COISA PRESSUPOSTOS COISA JULGADA
JULGADA DAS QUESTÕES RELATIVA ÀS QUESTÕES
PRINCIPAIS PREJUDICIAIS INCIDENTAIS
OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL
- Decidida no dispositivo
- Apenas a prejudicial da qual decorra o julgamento do
mérito faz coisa julgada
- Trânsito em julgado
- trânsito em julgado
A coisa julgada relativa às prejudiciais incidentais não depende de pedido da parte, uma vez
que decorre da própria lei. Entretanto, permanece a possibilidade de a parte ajuizar uma ação
declaratória para tornar a questão incidental em principal, já que o regime da coisa julgada
principal é mais simples. Portanto, não é correto dizer que ação declaratória incidental
foi abolida, mesmo porque o novo código de processo civil prevê ao menos dois casos de
declaratória incidental: 1) incidente de falsidade de documento e 2) reconvenção declaratória.
Por fim, é importante destacar que o art. 504 do CPC/2015 estabelece que não fazem coisa
julgada: I - os motivos, ainda que importantes para determinar o alcance da parte dispositiva da
sentença; II - a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença.
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15
A liquidação de sentença é momento processual onde se delimita o valor exato a ser executado.
Em outras palavras, quando a sentença for ilíquida, proceder-se-á à sua liquidação, a requerimento
do credor ou do devedor.
Registra-se por oportuno que, quando a apuração do valor depender apenas de cálculo aritmético,
o credor poderá promover, desde logo, o cumprimento da sentença (art. 509, §2º, do CPC/2015), não
sendo necessária, portanto, a liquidação TEMA COBRADO NO XVIII EXAME DA OAB/FGV.
O art. 512 do CPC/2015 deixa ainda mais claro a possibilidade da denominada liquidação
provisória, ou seja, a liquidação que ocorre na pendência de recurso. Ela deve ser processada
em autos apartados no juízo de origem, cumprindo ao liquidante instruir o pedido com cópias das
peças processuais pertinentes.
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16
Quando se tratar de título jurídico extrajudicial não será hipótese de cumprimento de sentença
O crédito do inciso V no CPC de 1973 era previsto com título extrajudicial e passou a ser
considerado no CPC de 2015 como título judicial.
Se o executado não efetuar o pagamento no prazo de 15 dias, o débito será acrescido de multa
de 10 % (dez por cento) e, também, de honorários de advogado de 10 % (dez por cento). Caso o
pagamento seja parcial, a multa e os honorários incidirão sobre o restante TEMA COBRADO NO
XXVI EXAME DA OAB/FGV.
Além das multas ora citadas, caso o executado não realize o pagamento voluntário, será
expedido, desde logo, mandado de penhora e avaliação, seguindo-se os atos de expropriação.
II - ilegitimidade de parte;
Conforme previsto no § 4º do art. 525 do CPC/2015, quando o executado alegar que o exequente,
em excesso de execução, pleiteia quantia superior à resultante da sentença, cumprir-lhe-á
declarar de imediato o valor que entende correto, apresentando demonstrativo discriminado e
atualizado de seu cálculo.
Se a decisão referida do STF for proferida após o trânsito em julgado da decisão exequenda,
caberá ação rescisória, cujo prazo será contado do trânsito em julgado da decisão proferida
pelo Supremo Tribunal Federal (§ 15). TEMA COBRADO NO XXIX EXAME DA OAB.
Cabe destacar ainda a impugnação não é dotada de efeito suspensivo, ou seja, a sua
Quando a sentença for impugnada por recurso sem efeito suspensivo, a parte poderá requerer
o cumprimento provisório da decisão, que será realizado da mesma forma que o cumprimento
definitivo, inclusive com a exigência do pagamento da multa caso o executado não a pague
espontaneamente, com as seguintes adaptações:
• Ficará sem efeito, sobrevindo decisão que modifique ou anule a sentença objeto
da execução, restituindo-se as partes ao estado anterior e liquidando-se eventuais
prejuízos nos mesmos autos. Se a sentença objeto de cumprimento provisório for
modificada ou anulada apenas em parte, somente nesta ficará sem efeito a execução;
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Segundo o art. 521 do CPC/2015, poderá ser dispensada a caução nos casos em que: I - o crédito
for de natureza alimentar, independentemente de sua origem; II - o credor demonstrar situação
de necessidade; III – pender o agravo de instrumento junto ao STF ou STJ; IV - a sentença a ser
provisoriamente cumprida estiver em consonância com súmula da jurisprudência do Supremo
OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL
Entretanto, a exigência de caução será mantida quando da dispensa possa resultar manifesto
risco de grave dano de difícil ou incerta reparação.
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA SOB SOB PENA DE PENHORA (ART.
PENA DE PRISÃO (ART. 528 DO CPC). 528, § 8º, DO CPC)
• Relativo às últimas três parcelas de alimentos. • Relativo ao débito mais antigo, anterior aos
três últimos meses.
Cabe destacar ainda que, além dos alimentos derivados do direito de família, o código de processo
civil de 2015 trata também dos alimentos decorrentes de ato ilícito (alimentos indenizatórios),
como aqueles oriundos, por exemplo, de um acidente gravíssimo de trânsito.
Além disso, quando o executado for funcionário público, militar, diretor ou gerente de empresa
ou empregado sujeito à legislação do trabalho, o exequente poderá requerer o desconto em folha
de pagamento da importância da prestação alimentícia.
O NCPC não trata expressamente da possibilidade de prisão civil do devedor de alimentos por
ato ilícito, havendo divergência sobre essa possibilidade.
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• CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE RECONHEÇA A EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE
FAZER OU DE NÃO FAZER
De acordo com o art. 536 do CPC/2015, quando se tratar de cumprimento de sentença que
OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL
fixe obrigação de fazer ou de não fazer, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento da parte, para
a efetivação da tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente,
determinar as medidas necessárias à satisfação do exequente, como a imposição de multa, a
busca e apreensão, a remoção de pessoas e coisas, o desfazimento de obras e o impedimento de
atividade nociva, podendo, caso necessário, requisitar o auxílio de força policial.
Importante destacar que o rol das medidas acima citadas não é taxativo, sendo possível o
juiz determinar outras medidas aptas a assegurar a efetivação da tutela especifica. Na prática,
entretanto, o meio mais comum é a imposição de multa (astreintes).
Além disso, a decisão que fixa a multa é passível de cumprimento provisório, devendo ser
depositada em juízo, permitido o levantamento do valor após o trânsito em julgado da sentença
favorável à parte.
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17
EFEITO DEVOLUTIVO: a matéria é devolvida ao juízo ad quem sem interferir nos efeitos
da decisão impugnada, que poderá ser executada provisoriamente. Trata-se da regra geral no
CPC/2015.
EFEITO SUSPENSIVO: impede a produção dos efeitos da decisão impugnada do recurso até
o trânsito em julgado. Os casos em que os recursos são recebidos com efeito suspensivo estão
previstos expressamente no CPC/2015.
EFEITO TRANSLATIVO: é aquele que devolve ao tribunal toda matéria de ordem pública, ainda
que não seja impugnada.
EFEITO REGRESSIVO: é aquele existente em alguns recursos que permite juízo de retratação
OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL
• PRESSUPOSTOS OBJETIVOS
PREPARO: o preparo engloba o pagamento das custas e do depósito recursal, sob pena de
deserção. Importante destacar que, se houver recolhimento do valor do preparo inferior ao devido, o
recorrente poderá complementá-lo no prazo de 5 (cinco) dias, sob penda de deserção. Por outro lado,
se o recorrente não recolher qualquer valor do preparo, será intimado, na pessoa de seu advogado,
para realizar o recolhimento em dobro, sob pena de deserção. São dispensados de preparo.
LEGITIMIDADE: o recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e
pelo Ministério Público, como parte ou como fiscal da ordem jurídica, conforme previsto no art. 996
do CPC/2015.
INTERESSE RECURSAL: toda vez que uma parte for sucumbente em uma determinada
pretensão, haverá interesse recursal. Entretanto, é possível que haja interesse recursal mesmo
sem haver sucumbência.
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17.4. RECURSOS EM ESPÉCIE
17.4.1. APELAÇÃO
OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL
Desse modo, com o novo CPC, não há mais o juízo de admissibilidade da apelação no primeiro
grau de jurisdição, devendo o juiz que proferiu a sentença encaminhar o processo, após receber
as contrarrazões, diretamente para o Tribunal (art. 1.010, § 3º). Se o juiz de primeiro realizar juízo
de admissibilidade da apelação estará usurpando competência, já que se trata de competência do
Não há mais no novo CPC a previsão do agravo retido. Sendo assim, as decisões
interlocutórias não passíveis de agravo de instrumento não ficam sujeitas à preclusão,
podendo ser suscitadas em preliminar de apelação ou contrarrazões (§ 1º do art. 1.009 do
CPC). TEMA COBRADO NO XXII EXAME DA OAB/FGV.
Recebido o recurso de apelação no Tribunal, ele será distribuído ao relator que poderá adotar
uma das seguintes condutas:
• Não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado Se não for o caso de decisão monocrática,
ou que não tenha impugnado especificamente elaborará seu voto para julgamento
os fundamentos da decisão recorrida. do recurso pelo órgão colegiado.
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Com o novo CPC, não há mais o juízo de admissibilidade da apelação feito pelo juízo que proferiu
a decisão, uma vez que este deve encaminhar o processo, após receber as contrarrazões,
diretamente para o Tribunal. Em outras palavras, o juízo de admissibilidade da apelação é feito
exclusivamente pelo Tribunal. TEMA COBRADO NO XXI EXAME DA OAB/FGV.
OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL
Como regra geral a apelação possui efeito devolutivo amplo e em profundidade, de modo que
serão objeto de apreciação pelo Tribunal todas as questões suscitadas e discutidas no processo,
ainda que não tenham sido solucionadas, desde que relativas ao capítulo impugnado.
Além disso, quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas
um deles, a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais.
Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre:
I - tutelas provisórias;
II - mérito do processo;
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VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio;
XII - (VETADO);
Na falta da cópia de qualquer peça ou no caso de algum outro vício que comprometa a
admissibilidade do agravo de instrumento, deve o relator, antes de considerar inadmissível
o recurso, conceder o prazo de 5 (cinco) dias ao recorrente para que seja sanado vício ou
complementada a documentação exigível (§ 3º do art. 1.017 do CPC/2015).
Não sendo eletrônicos os autos o agravante deverá, no prazo de 3 (três) dias a contar da
interposição do agravo de instrumento, requerer a juntada, aos autos do processo, de cópia da
petição do agravo de instrumento, do comprovante de sua interposição e da relação dos documentos
que instruíram o recurso, sob pena de sua inadmissibilidade.
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O agravo de instrumento, como regra geral, não possui efeito suspensivo, mas o relator poderá
atribuí-lo para evitar lesão grave ou de difícil reparação. Além disso, o novo CPC permite
que o relator defira a pretensão recursal por meio de antecipação de tutela, o que a doutrina
denomina de efeito ativo do recurso.
OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL
O agravo interno é o recurso cabível contra decisão proferida pelo relator para o respectivo
órgão colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do regimento interno do tribunal
(art. 1.021 do CPC/2015).
Nesse caso, a interposição de qualquer outro recurso está condicionada ao depósito prévio do
valor da multa, à exceção da Fazenda Pública e do beneficiário de gratuidade da justiça, que farão
o pagamento ao final.
Os embargos de declaração são cabíveis contra qualquer decisão judicial para: I - esclarecer
obscuridade ou eliminar contradição; II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia
se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento; III - corrigir erro material.
O prazo dos embargos de declaração é de 5 dias e ele deve ser apresentado, com indicação do erro,
obscuridade, contradição ou omissão, ao juiz que proferiu a decisão ou ao relator, no caso de acordão.
O juiz intimará o embargado para, querendo, manifestar-se, no prazo de 5 (cinco) dias, sobre os
embargos opostos, caso seu eventual acolhimento implique a modificação da decisão embargada.
Após, o juiz julgará os embargos em 5 (cinco) dias.
De acordo com o art. 1.026 do CPC/2015, os embargos de declaração não possuem efeito
suspensivo e interrompem o prazo para a interposição de recurso. Entretanto, a eficácia da decisão
monocrática ou colegiada poderá ser suspensa pelo respectivo juiz ou relator se demonstrada a
probabilidade de provimento do recurso ou, sendo relevante a fundamentação, se houver risco de
dano grave ou de difícil reparação.
78
RECURSO ESPECIAL (STJ) RECURSO EXTRAORDINÁRIO (STF)
pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e a) contrariar dispositivo desta Constituição; b)
Territórios, quando a decisão recorrida: a) contrariar declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei
tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência; b) federal; c) julgar válida lei ou ato de governo local
julgar válido ato de governo local contestado em contestado em face desta Constituição e d) julgar
face de lei federal e c) der a lei federal interpretação válida lei local contestada em face de lei federal.
divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.
79
REPERCUSSÃO GERAL. De acordo com § 3º do art. 102 da CF/88, no recurso extraordinário,
o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas
no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente
podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus membros. O NCPC tratou da
OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL
matéria, prevendo no § 1º do art.1.035 que, para efeito de repercussão geral, será considerada a
existência ou não de questões relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico
que ultrapassem os interesses subjetivos do processo. Além disso, haverá repercussão geral
sempre que o recurso impugnar acórdão que: I - contrarie súmula ou jurisprudência dominante
do Supremo Tribunal Federal; II - tenha sido proferido em julgamento de casos repetitivos; III -
tenha reconhecido a inconstitucionalidade de tratado ou de lei federal, nos termos do art. 97 da
Constituição Federal. A decisão do
STF que não conhece do recurso extraordinário por falta de repercussão geral será irrecorrível.
Além disso, negada a repercussão geral, o presidente ou o vice-presidente do tribunal de
Caso haja interposição simultânea de recurso extraordinário e recurso especial, o art. 1.031
do CPC/2015 determina que os autos sejam remetidos primeiramente ao Superior Tribunal de
Justiça. Concluído o julgamento do recurso especial, os autos serão remetidos ao Supremo
Tribunal Federal para apreciação do recurso extraordinário, se este não estiver prejudicado.
Trata-se de recurso interposto com o objetivo de eliminar a divergência dentro do próprio STF
ou do STJ. Assim, os embargos de divergência poderão ser interpostos em face de decisão de
turma proferida em sede de recurso especial que divergir de decisão de outra turma da seção ou
de órgão especial do STJ ou de decisão proferida por turma em sede de recurso extraordinário que
divergir de decisão de outra turma do STF.
80
STF STJ
em única instância pelos tribunais pelos tribunais de justiça dos Estados e do Distrito
superiores, quando denegatória a decisão. Federal e Territórios, quando denegatória a decisão
TEMA COBRADO NO XXIX EXAME DA OAB/FGV
81
18
18. IRDR
OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL
O incidente de resolução de demandas repetitivas (IRDR) é uma das novidades do novo código
de processo civil, representando um incidente processual (não se trata de nova ação, porque
ocorre dentro de um processo já existente), que objetiva por meio de um caso piloto estabelecer
um precedente de eficácia vinculante nos limites do Tribunal de Justiça ou do Tribunal Regional
Federal para os processos repetitivos que contenham controvérsia sobre questão de direito. A
ideia é estabelecer soluções idênticas para todos os demais casos que se encaixam na situação do
caso piloto que serviu de paradigma no IRDR, evitando-se decisões conflitantes.
Não será admitido IRDR se já houver a discussão acerca do recurso repetitivo em sede de
recurso especial ou extraordinário. Além disso, a desistência ou o abandono do processo não
impede o exame de mérito do incidente.
De acordo com o art. 977 do CPC/2015, o pedido de instauração do incidente será dirigido ao
presidente de tribunal e poderá ser formulado: pelo juiz ou relator, por ofício; pelas partes, por
petição e pelo Ministério Público ou pela Defensoria Pública, por petição. Se não for o requerente,
o Ministério Público intervirá obrigatoriamente no incidente e deverá assumir sua titularidade em
caso de desistência ou de abandono TEMA COBRADO NO XIII EXAME DA OAB/FGV.
O julgamento do incidente caberá ao órgão indicado pelo regimento interno dentre aqueles
responsáveis pela uniformização de jurisprudência do tribunal.
O § 2º do art. 982 do CPC/2015 dispõe que, durante a suspensão dos processos relacionados
à causa piloto, eventual pedido de tutela de urgência deverá ser dirigido ao juízo onde tramita o
processo suspenso.
O julgamento do incidente deverá ser realizado no prazo de 1 (um) ano e terá preferência sobre
os demais feitos, salvo as causas que envolvam réu preso e os pedidos de habeas corpus. O prazo
acima citado poderá ser prorrogado por decisão fundamentada do relator (art. 980 do CPC/2015).
Julgado o incidente, a tese jurídica será aplicada a todos os processos individuais ou coletivos
82
que versem sobre idêntica questão de direito e que tramitem na área de jurisdição do respectivo
tribunal, bem como aos casos futuros que versem idêntica questão de direito e que venham a
tramitar no território de competência do tribunal, salvo no caso de revisão pelo próprio Tribunal
(art. 985 do CPC/2015).
OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL
Além disso, apreciado o mérito do recurso, a tese jurídica adotada pelo Supremo Tribunal
83
19
A oposição era tratada como intervenção de terceiro e passou a ser considerada procedimento
especial no novo CPC.
De acordo com o art. 335 do CC, a consignação é cabível: I - se o credor não puder, ou, sem justa
causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma; II - se o credor não for, nem
mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos; III - se o credor for incapaz de receber,
for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil; IV
- se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento; V - se pender
litígio sobre o objeto do pagamento.
84
CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO
EXTRAJUDICIAL JUDICIAL
Tratando-se de obrigação em dinheiro, poderá A ação deve ser proposta no lugar do pagamento,
OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL
o valor ser depositado em estabelecimento cessando para o devedor, à data do depósito, os juros e
bancário, oficial onde houver, situado no lugar do os riscos, salvo se a demanda for julgada improcedente.
pagamento, cientificando-se o credor por carta
com aviso de recebimento, assinado o prazo de
10 (dez) dias para a manifestação de recusa. Na petição inicial, o autor requererá o depósito da
quantia ou da coisa devida, a ser efetivado no prazo
de 5 (cinco) dias, sob pena de extinção do processo
Decorrido o prazo sem a manifestação de recusa, sem resolução do mérito, ressalvada a hipótese de
considerar-se-á o devedor liberado da obrigação, já ter consignado extrajudicialmente e a citação do
ficando à disposição do credor a quantia depositada. réu para levantar o depósito ou oferecer contestação.
Tratando-se de ação de consignação baseada no inciso IV do art. 355 do CC, ou seja, se ocorrer
dúvida sobre quem deva legitimamente receber o pagamento, o autor requererá o depósito e
a citação dos possíveis titulares do crédito para provarem o seu direito. Nesse caso, não
comparecendo pretendente algum, converter-se-á o depósito em arrecadação de coisas vagas;
comparecendo apenas um, o juiz decidirá de plano e comparecendo mais de um, o juiz declarará
efetuado o depósito e extinta a obrigação, continuando o processo a correr unicamente entre os
presuntivos credores, observado o procedimento comum.
85
19.2. AÇÕES POSSESSÓRIAS
Considera-se posse o poder de fato que o sujeito possui sobre determinado bem, facultando-
lhe exercer alguns dos poderes próprios da propriedade (uso, gozo e disposição), sem ser
OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL
O art. 1.210 do CC, por sua vez, dispõe que o possuidor tem direito a ser mantido na posse em
caso de turbação, de ser restituído na hipótese de esbulho, e de ser segurado de violência iminente
se tiver justo receio de ser molestado.
Justamente para fazer cessar as situações previstas no art. 1.210 do CC, o possuidor direito ou
indireto poderá se valer das seguintes ações possessórias:
Quando houver esbulho, ou Quando houver turbação, mas Quando houver receio do
seja, perda da posse. sem a perda da posse. possuidor ser molestado na
sua posse.
Observe-se, portanto, que apenas o possuidor (direto ou indireto) tem legitimidade ativa para
ingressar com as ações possessórias TEMA COBRADO NO XII EXAME DA OAB/FGV, podendo
ainda cumular o pedido possessório com o pedido de condenação em perdas e danos (art. 555 do
CPC/2015).
Além disso, o procedimento das ações possessórias é considerado especial em razão das
seguintes peculiaridades:
alegado (art. 562 do CPC/2015). Quando for ordenada a justificação prévia, o prazo
para contestar contar-se-á da intimação do despacho que deferir ou não a medida
liminar, conforme art. 564, parágrafo único, do CPC/2015 TEMA COBRADO NO IV
EXAME DA OAB/FGV.
Contra as pessoas jurídicas de direito público não será deferida a manutenção ou a reintegração
liminar sem prévia audiência dos respectivos representantes judiciais (art. 562, parágrafo único,
do CPC/2015).
A morte é um evento natural inevitável que acarreta diversas consequências no mundo jurídico,
entre as quais a necessidade de garantir aos herdeiros os bens deixados pelo falecido.
De acordo com o CPC de 1973 era competente para o procedimento de inventário e partilha o
foro de domicílio do autor da herança e, também, o da situação dos bens ou da situação do óbito.
Com o novo CPC, independentemente do local do óbito, o foro competente para o procedimento
de inventário e partilha será o domicilio do autor da herança e, caso este não tenha domicílio
certo, será o foro de situação dos imóveis e, havendo bens em lugares diferentes, a ação poderá
ser ajuizada no foro da situação de qualquer dos bens, conforme art. 48, II, do CPC/2015.
O inventário poderá ser realizado de forma extrajudicial ou judicial, sendo obrigatório o meio
judicial quando houver testamento ou herdeiro incapaz, conforme art. 610, caput, do CPC/2015.
Tratando-se de inventário extrajudicial, este ocorrerá em cartório por meio de escritura pública,
que constituirá documento hábil para qualquer ato de registro, bem como para levantamento de
importância depositada em instituições financeiras. Salienta-se ainda que tabelião somente lavrará
a escritura pública se todas as partes interessadas estiverem assistidas por advogado ou por
defensor público, cuja qualificação e assinatura constarão do ato notarial (art. 610, § 1º e § 2º, do
CPC/2015)
87
PROCEDIMENTO EXTRAJUDICIAL DE PROCEDIMENTO JUDICIAL DE
INVENTÁRIO E PARTILHA INVENTÁRIO E PARTILHA
• Realizado em cartório, por escritura pública • Realizado por meio de processo judicial
OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL
Conforme previsto no art. 616 do CPC/2015, possuem legitimidade para requerer a abertura
do inventário o cônjuge ou companheiro supérstite; o herdeiro; o legatário; o testamenteiro; o
cessionário do herdeiro ou do legatário; o credor do herdeiro, do legatário ou do autor da herança;
o Ministério Público, havendo herdeiros incapazes; a Fazenda Pública, quando tiver interesse; o
administrador judicial da falência do herdeiro, do legatário, do autor da herança ou do cônjuge ou
O código de processo civil de 2015 acrescentou o companheiro supérstite como legitimado para
requerer a abertura do inventário e suprimiu a regra de que o juiz pode abrir o inventário de ofício.
III - qualquer herdeiro, quando nenhum deles estiver na posse e na administração do espólio;
O novo CPC inovou ao permitir que o herdeiro menor, por seu representante legal, e o
cessionário do herdeiro ou do legatário sejam nomeados como inventariantes.
necessárias para a conservação e o melhoramento dos bens do espólio (art. 619 do CPC/2015).
As partes citadas terão prazo comum de 15 dias para se manifestarem sobre as primeiras
declarações podendo arguir erros, omissões e sonegação de bens; reclamar contra a nomeação
de inventariante e contestar a qualidade de quem foi incluído no título de herdeiro, podendo o juiz
deferir as pretensões conforme quadro abaixo (art. 627 do CPC/2015).
89
ALEGAÇÃO CONSEQUÊNCIA
Arguir erros, omissões e sonegação de bens Se procedente, o juiz mandará retificar as primeiras
declarações.
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Contestar a qualidade de quem foi incluído no Verificando que a disputa sobre a qualidade de herdeiro
título de herdeiro demanda produção de provas que não a documental, o
juiz remeterá a parte às vias ordinárias e sobrestará,
até o julgamento da ação, a entrega do quinhão que na
partilha couber ao herdeiro admitido.
Aquele que se julgar preterido poderá demandar sua admissão no inventário, desde que o
requerimento seja feito antes da partilha, devendo o juiz decidir após ouvidas as partes no
prazo de 15 (quinze) dias. Se para solução da questão for necessária a produção de provas
que não a documental, o juiz remeterá o requerente às vias ordinárias, mandando reservar,
em poder do inventariante, o quinhão do herdeiro excluído até que se decida o litígio (art. 628
do CPC/2015)
Após o prazo para as partes se manifestarem sobre as primeiras declarações, sem impugnação
ou decidida a impugnação que houver sido oposta, o juiz nomeará, se for o caso, perito para avaliar
os bens do espólio, se não houver na comarca avaliador judicial (art. 630 do CPC/2015).
Importante salientar ainda que, antes da partilha, os credores do espólio poderão requerer ao
juízo do inventário o pagamento das dívidas vencidas e exigíveis, por meio de petição, acompanhada
de prova literal da dívida, que será distribuída por dependência e autuada em apenso aos autos do
processo de inventário.
Concordando as partes com o pedido, o juiz, ao declarar habilitado o credor, mandará que se
faça a separação de dinheiro ou, em sua falta, de bens suficientes para o pagamento. Entretanto, se
o credor requerer que, em vez de dinheiro, lhe sejam adjudicados, para o seu pagamento, os bens
já reservados, o juiz deferir-lhe-á o pedido, concordando todas as partes (art. 642 do CPC/2015).
90
Não havendo concordância de todas as partes sobre o pedido de pagamento feito pelo credor,
será o pedido remetido às vias ordinárias.
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Separados os bens, tantos quantos forem necessários para o pagamento dos credores
habilitados, o juiz mandará aliená-los, observando-se as disposições relativas à expropriação.
Após, o juiz facultará às partes que, no prazo comum de 15 (quinze) dias, formulem o pedido de
quinhão e, em seguida, proferirá a decisão de deliberação da partilha, resolvendo os pedidos das
partes e designando os bens que devam constituir quinhão de cada herdeiro e legatário (art. 647,
caput, do CPC/2015).
De acordo com o parágrafo único do art. 647 do CPC/2015, o juiz poderá, em decisão
fundamentada, deferir antecipadamente a qualquer dos herdeiros o exercício dos direitos de
Caso haja apreensão (penhora) de bens de pessoa que não integra a lide, o terceiro prejudicado
poderá apresentar embargos de terceiro, ação de conhecimento com procedimento especial
regulada pelos artigos 674/681 do CPC/2015.
• Opostos por pessoa que não integra a lide (terceiro) • Opostos pelo executado
Conforme previsto no art. 675 do CPC/2015, os embargos de terceiro podem ser opostos a
qualquer tempo no processo de conhecimento enquanto não transitada em julgado a sentença e,
no cumprimento de sentença ou no processo de execução, até 5 (cinco) dias depois da adjudicação,
da alienação por iniciativa particular ou da arrematação, mas sempre antes da assinatura da
respectiva carta. Caso identifique a existência de terceiro titular de interesse em embargar o ato,
o juiz mandará intimá-lo pessoalmente.
91
Os embargos de terceiro serão distribuídos por dependência ao juízo que ordenou a constrição
e autuados em apartado. Nos casos de ato de constrição realizado por carta, os embargos serão
oferecidos no juízo deprecado, salvo se indicado pelo juízo deprecante o bem constrito ou se já
devolvida a carta (art. 676 do CPC/2015).
OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL
Os embargos poderão ser contestados no prazo de 15 (quinze) dias, findo o qual se seguirá o
procedimento comum.
Com efeito, conforme previsto no art. 682 do CPC/2015, quem pretender, no todo ou em parte,
a coisa ou o direito sobre que controvertem autor e réu poderá, até ser proferida a sentença,
oferecer oposição contra ambos.
A oposição deve ser formulada observando-se os requisitos exigidos para propositura da ação
e, após distribuída por dependência, serão os opostos citados, na pessoa de seus respectivos
advogados, para contestar o pedido no prazo comum de 15 (quinze) dias.
Entretanto, se a oposição for proposta após o início da audiência de instrução, o juiz suspenderá
o curso do processo ao fim da produção das provas, salvo se concluir que a unidade da instrução
atende melhor ao princípio da duração razoável do processo.
92
Além disso, a requerimento das partes, o juiz pode determinar a suspensão do processo
enquanto os litigantes se submetem a mediação extrajudicial ou a atendimento multidisciplinar
( TEMA COBRADO NO XXVI EXAME DA OAB/FGV).
Recebida a petição inicial e, se for o caso, tomadas as providências referentes à tutela provisória,
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o juiz ordenará a citação do réu para comparecer à audiência de mediação e conciliação, observado
o disposto no art. 694 do CPC/2015. A citação deverá ser na pessoa do réu e deverá ocorrer com
antecedência mínima de 15 (quinze) dias da data designada para a audiência.
Art. 694. Nas ações de família, todos os esforços serão empreendidos para a solução
consensual da controvérsia, devendo o juiz dispor do auxílio de profissionais de outras
áreas de conhecimento para a mediação e conciliação.
• Nas ações de família, o Ministério Público somente intervirá quando houver interesse de
incapaz ou quando figurar como parte vítima de violência doméstica e familiar (art. 698 )
A ação monitória permite que o autor munido de prova escrita sem a eficácia de título executivo,
que traduza pagamento de quantia em dinheiro, entrega de coisa fungível ou infungível ou de bem
móvel ou imóvel, ou adimplemento de obrigação de fazer ou de não fazer, consiga satisfazer o
seu interesse sem a necessidade de se submeter a um processo de conhecimento (art. 700 do
CPC/2015).
O novo código de processo civil ampliou as hipóteses de cabimento da ação monitória, passando
a incluir a entrega de bem imóvel e de obrigação de fazer e não fazer. TEMA COBRADO
NO XXI EXAME DA OAB/FGV
93
O exemplo mais comum de ação monitória é o concernente ao cheque prescrito que, apesar de
não possuir força de título executivo, poderá ser executado de forma mais célere, pelo procedimento
especial. Aliás, dispõe a Súmula n. 531 do STJ que, em ação monitória fundada em cheque prescrito
ajuizada contra o emitente, é dispensável a menção ao negócio jurídico subjacente à emissão da cártula.
OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL
Havendo dúvida quanto à idoneidade de prova documental apresentada pelo autor, o juiz
intimá-lo-á para, querendo, emendar a petição inicial, adaptando-a ao procedimento comum (§ 2º
do art. 700 do CPC/2015).
É cabível ação monitória em face da Fazenda Pública (art. 700, § 6º, do CPC/2015). No entanto, se
não forem apresentados os embargos no prazo de 15 dias, não haverá a constituição imediata
do título judicial, uma vez que serão aplicadas as regras do reexame necessário (art. 701, § 4º,
do CPC/2015).
Quando o réu alegar que o autor pleiteia quantia superior à devida, cumprir-lhe-á declarar de
imediato o valor que entende correto, apresentando demonstrativo discriminado e atualizado da
dívida. Não apontado o valor correto ou não apresentado o demonstrativo, os embargos serão
liminarmente rejeitados, se esse for o seu único fundamento, e, se houver outro fundamento, os
embargos serão processados, mas o juiz deixará de examinar a alegação de excesso.
Cabe reconvenção na ação monitória, mas não cabe reconvenção à reconvenção (art. 702, § 6º,
do CPC/2015).
A redação original da Constitucional Federal de 1988 exigia a separação de fato por dois anos ou
de direito por 1 ano para que se permitisse a dissolução do casamento pelo divórcio (art. 226,
§ 6º). A EC n. 66 alterou a redação do § 6º do art. 226, desvinculando o divórcio da separação
judicial, ou seja, o divórcio passou a ser permitido mesmo sem a prévia separação judicial.
Como o divórcio ficou desvinculado da separação, muitos doutrinadores passaram a defender
que a separação não seria mais possível no nosso ordenamento jurídico, entretanto, o novo
código de processo civil acabou com a divergência existente, deixando claro que a separação
judicial é ainda cabível.
95
Havendo filhos menores, nascituro, ou se o casal preferir a extinção da união estável, o
divórcio e a separação consensuais serão feitos perante o Poder Judiciário, por meio da jurisdição
voluntária, devendo a inicial ser assinada por ambos os cônjuges e contendo o quanto segue:
I - as disposições relativas à descrição e à partilha dos bens comuns; II - as disposições relativas
à pensão alimentícia entre os cônjuges; III - o acordo relativo à guarda dos filhos incapazes e ao
OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL
regime de visitas; e IV - o valor da contribuição para criar e educar os filhos (art. 731 do CPC/2015).
Preenchidos os requisitos legais, o juiz homologará a extinção da união estável, a separação ou o
divórcio e a sentença será lavada ao registro civil e de imóveis para publicidade TEMA COBRADO
NO XXV EXAME DA OAB/FGV.
No que diz respeito à ação de alteração de regime de bens do casamento, ao receber a petição
inicial, o juiz determinará a intimação do Ministério Público e a publicação de edital que divulgue a
pretendida alteração de bens, somente podendo decidir depois de decorrido o prazo de 30 (trinta)
dias da publicação do edital. Após o trânsito em julgado da sentença, serão expedidos mandados
de averbação aos cartórios de registro civil e de imóveis e, caso qualquer dos cônjuges seja
96
20
O processo de execução (execução autônoma) está restrito apenas à execução dos títulos
executivos extrajudiciais, já que, em relação ao título executivo judicial, a execução ocorre por meio
de cumprimento de sentença.
Desse modo, se o devedor não satisfizer obrigação certa, líquida e exigível (art. 786 do CPC/2015),
O processo de execução, portanto, para ser instaurado depende da existência de título com
obrigação certa, líquida e exigível (art. 786 do CPC/2015), sendo que, se a petição inicial não
demonstrar que a obrigação satisfaz essas condições, o processo deverá ser extinto TEMA
COBRADO NO V EXAME DA OAB/FGV.
A necessidade de simples operações aritméticas para apurar o crédito exequendo não retira a
liquidez da obrigação constante do título (art. 786, parágrafo único, do CPC)
O art. 784 do CPC/2015 destaca os principais títulos executivos extrajudiciais, sem prejuízo,
entretanto, de outros que estejam previstos na legislação especial.
V - o contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito real de garantia
e aquele garantido por caução;
97
VI - o contrato de seguro de vida em caso de morte;
Importante destacar ainda que o código de processo civil estabelece que a existência de título
executivo extrajudicial não impede a parte de optar pelo processo de conhecimento, a fim de obter
título executivo judicial (art. 785 do CPC/2015).
Conforme previsto no art. 798 do CPC/2015, a petição inicial do processo de execução deve
ser instruída com: a) o título executivo extrajudicial; b) o demonstrativo do débito atualizado até a
data de propositura da ação, quando se tratar de execução por quantia certa; c) a prova de que se
verificou a condição ou ocorreu o termo, se for o caso; d) a prova, se for o caso, de que adimpliu a
contraprestação que lhe corresponde ou que lhe assegura o cumprimento, se o executado não for
obrigado a satisfazer a sua prestação senão mediante a contraprestação do exequente.
É nula a execução se: I - o título executivo extrajudicial não corresponder a obrigação certa,
líquida e exigível; II - o executado não for regularmente citado; III - for instaurada antes de se
verificar a condição ou de ocorrer o termo. A nulidade será pronunciada pelo juiz, de ofício ou
a requerimento da parte, independentemente de embargos à execução (art. 803 do CPC/2015).
98
EXECUÇÃO POR
EXECUÇÃO PARA A EXECUÇÃO DE FAZER QUANTIA CERTA
ENTREGA DE COISA E NÃO FAZER CONTRA DEVEDOR
CERTA E INCERTA SOLVENTE
OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL
Coisa Certa: devedor é citado O executado será citado para A petição inicial deve
para, em 15 dias, satisfazer a satisfazer a obrigação no prazo ser instruída com o título
obrigação (art. 806 do CPC/2015). que o juiz lhe designar, se outro extrajudicial e o montante
não estiver determinado no título atualizado da dívida.
executivo (art. 815 do CPC/2015).
O juiz poderá ainda fixar multa diária
(astreinte) para o caso de não haver a O executado será citado
entrega no prazo determinado. Ao despachar a inicial, o juiz para pagar a dívida no prazo
fixará multa (astreinte) por de 3 (três) dias, fixando-se os
período de atraso no cumprimento honorários de advogado em
da obrigação e a data a partir da 10% sobre o valor da causa.
Se o executado não
pagar no prazo de 3 dias,
haverá penhora, avaliação e
expropriação dos bens.
Se o executado pagar, os
honorários advocatícios serão
reduzidos pela metade.
O executado poderá
oferecer embargos à
execução, independentemente
da penhora.
99
20.2. PENHORA
pagamento do principal atualizado, dos juros, das custas e dos honorários advocatícios.
O exequente poderá indicar na própria petição inicial os bens do executado que podem ser
penhorados. Nesse caso, a penhora recairá sobre os bens indicados pelo exequente, salvo se outros
forem indicados pelo executado e aceitos pelo juiz, mediante demonstração de que a constrição
proposta lhe será menos onerosa e não trará prejuízo ao exequente.
Registra-se ainda que o juiz pode, a qualquer tempo, determinar a intimação do executado para
indicar bens passíveis de penhora e, se este não indicar, a sua inércia poderá ser considerada ato
atentatório à dignidade da justiça, conforme art. 774, V, do CPC/2015 TEMA COBRADO NOS
Realizada a penhora dos bens, será feita a sua avaliação pelo próprio oficial de justiça,
dispensando-a nas hipóteses do art. 871 do CPC/2015.
I - uma das partes aceitar a estimativa feita pela outra TEMA COBRADO NO
XXVII EXAME DA OAB/FGV
Parágrafo único. Ocorrendo a hipótese do inciso I deste artigo, a avaliação poderá ser
realizada quando houver fundada dúvida do juiz quanto ao real valor do bem.
Após a penhora será nomeado depositário dos bens, podendo este ser o executado se o
exequente concordar ou nos casos em que os bens forem de difícil remoção (art. 840, § 2º, do
CPC/2015).
Tornados indisponíveis os ativos financeiros do executado, este será intimado na pessoa de seu
advogado ou, não o tendo, pessoalmente, para, no prazo de 5 dias, comprovar que: I - as quantias
Conforme visto acima, antes da efetiva penhora dos ativos financeiros (penhora on line), haverá
determinação de sua indisponibilidade e o executado poderá se manifestar sobre eventuais
quantias impenhoráveis e excessivas. Apenas após a possibilidade de manifestação do
executado é que haverá a penhora.
O ordenamento jurídico prevê, entretanto, diversas hipóteses em que o bem não será sujeito à
penhora, ou seja, situações de impenhorabilidade.
101
LEI N. 8.009/90 (BEM DE FAMÍLIA) CPC DE 2015
O imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade De acordo com o art. 833 do CPC/2015, são
familiar, é impenhorável, salvo nas hipóteses previstas impenhoráveis:
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VI - o seguro de vida;
• Credor da pensão alimentícia, resguardados
os direitos, sobre o bem, do seu coproprietário
que, com o devedor, integre união estável ou VII - os materiais necessários para obras em
conjugal, observadas as hipóteses em que ambos andamento, salvo se essas forem penhoradas;
responderão pela dívida (art. 3º,III).
VIII - a pequena propriedade rural, assim definida
em lei, desde que trabalhada pela família;
• Cobrança de impostos, predial ou territorial,
taxas e contribuições devidas em função do imóvel IX - os recursos públicos recebidos por instituições
familiar (art. 3º,IV). privadas para aplicação compulsória em educação,
saúde ou assistência social;
102
Sobre o bem de família previsto na Lei n. 8.009/90 é importante destacar ainda: I) Com a
edição da LC n. 150/2015 não é mais possível penhorar bem de família para garantir crédito
de trabalhador doméstico da própria residência, II) Não se beneficiará da impenhorabilidade
aquele que, sabendo-se insolvente, adquire de má-fé imóvel mais valioso para transferir a
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residência familiar, desfazendo-se ou não da moradia antiga. Nesse caso, poderá o juiz, na
respectiva ação do credor, transferir a impenhorabilidade para a moradia familiar anterior, ou
anular-lhe a venda, liberando a mais valiosa para execução ou concurso, conforme a hipótese,
III) Se a residência familiar constituir-se em imóvel rural, a impenhorabilidade restringir-se-á
à sede de moradia, com os respectivos bens móveis, e, nos casos do art. 5º, inciso XXVI, da
Constituição, à área limitada como pequena propriedade rural.
Dispõe ainda o art. 835 do CPC/2015 uma ordem preferencial dos bens a serem penhorados. Vejamos:
II - títulos da dívida pública da União, dos Estados e do Distrito Federal com cotação em mercado;
V - bens imóveis;
VII - semoventes;
Importante registrar que o § 1º do art. 835 dispõe que é prioritária a penhora em dinheiro,
podendo o juiz, nas demais hipóteses, alterar a ordem prevista de acordo com as circunstâncias do
caso concreto. Além disso, para fins de substituição da penhora, o § 2º dispõe que são equiparados
a dinheiro a fiança bancária e o seguro garantia judicial, desde que em valor não inferior ao do
débito constante da inicial, acrescido de trinta por cento.
Digno de nota ainda que, de acordo com o art. 852 do CPC/2015, o juiz poderá determinar
a alienação antecipada dos bens penhorados quando: I - se tratar de veículos automotores, de
pedras e metais preciosos e de outros bens móveis sujeitos à depreciação ou à deterioração; II -
houver manifesta vantagem TEMA COBRADO NO X EXAME DA OAB/FGV.
103
20.3. EMBARGOS À EXECUÇÃO
Os embargos à execução representam uma espécie de ação por meio da qual o executado
poderá se opor à execução, devendo ser oferecido no prazo de 15 dias contados da citação.
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IV - retenção por benfeitorias necessárias ou úteis, nos casos de execução para entrega
de coisa certa;
VI - qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa em processo de conhecimento.
Como regra geral, os embargos à execução não possuem efeito suspensivo. Entretanto, o
juiz poderá, a requerimento do embargante, atribuir efeito suspensivo aos embargos quando
verificados os requisitos para a concessão da tutela provisória e desde que a execução já esteja
garantida por penhora, depósito ou caução suficientes.
104
Recebidos os embargos, o exequente será ouvido no prazo de 15 (quinze) dias e, após, o
juiz julgará imediatamente o pedido ou, se necessário, designará audiência. Nesse último caso,
encerrada a instrução, o juiz proferirá sentença (art. 920 do CPC/2015).
OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL
De acordo com o art. 916 do CPC, no prazo para embargos, reconhecendo o crédito do exequente
e comprovando o depósito de trinta por cento do valor em execução, acrescido de custas e de
honorários de advogado, o executado poderá requerer que lhe seja permitido pagar o restante
em até 6 (seis) parcelas mensais, acrescidas de correção monetária e de juros de um por
cento ao mês. Essa possibilidade de parcelamento, entretanto, não se aplica ao cumprimento de
sentença (§ 7º do art. 916 do CPC/2015). TEMA COBRADO NO XXII EXAME DA OAB/FGV.
Digno de nota ainda que o exequente pode desistir da execução sem concordância do
Para garantir o direito do credor, os bens penhorados e previamente avaliados pelo oficial de
justiça serão expropriados por um dos seguintes meios (art. 825 do CPC/2015):
• Alienação: não efetivada a adjudicação, será feita a venda pública do bem, que
poderá ocorrer por inciativa do próprio exequente (alienação por iniciativa particular)
ou por leilão eletrônico ou presencial.
Não será aceito no leilão lance que ofereça preço vil. Considera-se vil o preço inferior ao mínimo
estipulado pelo juiz e constante do edital, e, não tendo sido fixado preço mínimo, considera-se
vil o preço inferior a 50% (cinquenta por cento) do valor da avaliação (art. 891 do CPC/2015)
105
21
A ação rescisória é meio processual que objetiva desconstituir decisão judicial transitada em
julgado, sendo cabível nas hipóteses expressamente previstas no art. 966 do CPC/ 2015, a saber:
I - se verificar que foi proferida por força de prevaricação, concussão ou corrupção do juiz; II - for
proferida por juiz impedido ou por juízo absolutamente incompetente; III - resultar de dolo ou
coação da parte (o CPC/73 previa apenas o “dolo”) vencedora em detrimento da parte vencida
ou, ainda, de simulação ou colusão entre as partes (o CPC/73 previa apenas “colusão”), a fim de
fraudar a lei; IV - ofender a coisa julgada; V - violar manifestamente norma jurídica; VI - for fundada
em prova cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou venha a ser demonstrada
Não se admite ação rescisória nas causas sujeitas ao procedimento do Juizado Especial Civil
(art. 59 da Lei n. 9.099/95)
Para os fins do inciso V do art. 966, considera-se também violação de norma jurídica a decisão
que não respeitar enunciado de súmula ou acórdão proferido em julgamento de casos repetitivos
(§ 5º do art. 966 do CPC/2015) TEMA COBRADO NO XXIII EXAME DA OAB/FGV.
Já em relação ao inciso VIII, ocorre erro de fato quando a decisão rescindenda admitir fato inexistente
ou quando considerar inexistente fato efetivamente ocorrido, sendo indispensável, em ambos os casos,
que o fato não represente ponto controvertido sobre o qual o juiz deveria ter se pronunciado.
Conforme previsto no art. 967 do CPC/2015, possuem legitimidade para propor ação
rescisória quem foi parte no processo ou o seu sucessor a título universal ou singular, o terceiro
juridicamente interessado; o Ministério Público e aquele que não foi ouvido no processo em que
lhe era obrigatória a intervenção.
A ação rescisória deve ser proposta no prazo decadencial de 2 anos contados do trânsito
em julgado da última decisão proferida no processo, salvo quando se tratar de ação fundada em
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prova nova, em que o termo inicial será a data de descoberta da prova nova, observado o prazo
máximo de 5 (cinco) anos, contado do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo.
Nas hipóteses de simulação ou de colusão das partes, o prazo começa a contar, para o terceiro
prejudicado e para o Ministério Público, que não interveio no processo, a partir do momento em
que têm ciência da simulação ou da colusão (art. 975, § 2º e § 3º do CPC/2015)
OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL
O novo CPC deixou claro, ainda, que se prorroga e até o primeiro dia útil imediatamente
subsequente o prazo da rescisória quando expirar durante férias forenses, recesso, feriados ou em
dia em que não houver expediente forense (art. 975, § 1º, do CPC/2015).
Registra-se ainda que o autor da ação rescisória deve depositar 5% (cinco por cento) sobre o
valor da causa, limitado a 1.000 salários mínimos, que se converterá em multa caso a ação seja,
por unanimidade de votos, declarada inadmissível ou improcedente.
Oportuno salientar também que o depósito de 5% não se aplica quando o autor for a União,
os Estados, o Distrito Federal, os Municípios, as suas respectivas autarquias e fundações de
direito público, o Ministério Público, a Defensoria Pública e aos que tenham obtido o benefício de
gratuidade da justiça (art. 968, § 1º e § 2º, do CPC/2015).
O CPC/2015 deixou expresso ainda a possibilidade de ação rescisória parcial, ou seja, de uma
parte da decisão (capítulo), conforme previsto § 3º do art. 966.
Por fim, é importante esclarecer que a propositura da ação rescisória não impede o cumprimento
da decisão que se objetiva rescindir, salvo se se for deferia a concessão de tutela provisória,
demonstrando a urgência ou evidência a depender de cada caso. Assim, suponhamos uma sentença
transitada em julgado que tenha condenado o réu a pagar danos morais e materiais. Nessa hipótese,
eventual propositura de ação rescisória pelo réu não impede, por si só, o cumprimento da sentença
antes proferida TEMA COBRADO NO XVIII EXAME DA OAB/FGV
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22
Os juizados especiais são órgãos criados para resolver questões mais simples, desburocratizando
o processo tradicional.
Existem atualmente três juizados especiais: 1) Juizado Especial Cível (Lei n. 9.099/95), 2)
Juizado Especial da Fazenda Pública (Lei n. 12.153/2009) e 3) Juizado Especial Federal (Lei n.
Utilizado principalmente para causas com valor máximo de 40 salários mínimos, sendo
dispensável a presença de advogado nas causas de até 20 salários mínimos.
A petição inicial o JEC é mais simples, devendo observar apenas os requisitos do art. 14, § 1º,
quais sejam, qualificação da partes, fatos e fundamentos de forma sucinta, objeto e seu valor.
Entretanto, não podem ser réus no JEC o incapaz, o preso, as pessoas jurídicas de direito
público, as empresas públicas da União, a massa falida e o insolvente civil (art. 8º, caput, da Lei
n. 9.099/95).
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AUTORES NO JEC NÃO PODEM SER RÉUS
• Massa Falida
A citação do réu poderá ser feita por correspondência, com aviso de recebimento em mão
própria, como também, se necessário, por oficial de justiça, independentemente de mandado ou
carta precatória.
Tratando-se de pessoa jurídica ou firma individual, a citação pode ser entregue ao encarregado
da recepção, que será obrigatoriamente identificado.
No JEC não se permite a citação por edital, intervenção de terceiro, assistência, reconvenção
(admite-se o pedido contraposto) e ação rescisória TEMA COBRADO NO II EXAME DA
OAB/FGV. Não se confunda: o litisconsórcio é permitido.
De forma simplificada o procedimento no JEC segue a seguinte ordem: petição inicial – audiência
de conciliação – audiência de instrução, onde será apresentada a defesa e feitas as provas – sentença
que deve ser líquida – possibilidade de recurso ao Colégio Recursal – cumprimento da sentença.
• O recurso no JEC deve ser interposto no prazo de 10 dias e será direcionado para o
próprio juizado e julgado por uma turma composta por três Juízes togados, em exercício
no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado. No recurso, as partes serão
obrigatoriamente representadas por advogado. Salienta-se ainda que os embargos de
declaração interrompem o prazo para a interposição de recurso (art. 50 da Lei n. 9.099/95).
TEMA COBRADO NO XXIV EXAME DA OAB/FGV.
• De acordo com o art. 55 da Lei nº 9.099/95, “a sentença de primeiro grau não condenará
o vencido em custas e honorários de advogado, ressalvados os casos de litigância de má-fé.
Em segundo grau, o recorrente, vencido, pagará as custas e honorários de advogado, que
serão fixados entre dez por cento e vinte por cento do valor de condenação ou, não havendo
condenação, do valor corrigido da causa”. Desse modo, somente o recorrente vencido pode
arcar com a sucumbência. TEMA COBRADO NO XXVI EXAME DA OAB/FGV.
109
• JUIZADO ESPECIAL DA FAZENDA PÚBLICA
o valor de 60 (sessenta) salários mínimos, sendo que, se a pretensão versar sobre obrigações
vincendas, a soma de 12 (doze) parcelas vincendas e de eventuais parcelas vencidas não poderá
exceder o valor de 60 salários mínimos.
No foro onde estiver instalado Juizado Especial da Fazenda Pública, a sua competência é
absoluta, conforme previsto no art. 2º, §4º, da Lei nº 12.153/2009
II – as causas sobre bens imóveis dos Estados, Distrito Federal, Territórios e Municípios,
autarquias e fundações públicas a eles vinculadas;
III – as causas que tenham como objeto a impugnação da pena de demissão imposta
a servidores públicos civis ou sanções disciplinares aplicadas a militares. TEMA
COBRADO NO XXIX EXAME DA OAB/FGV
Juizado Especial da Fazenda Pública não haverá prazo diferenciado para a prática de qualquer
ato processual pelas pessoas jurídicas de direito público TEMA COBRADO NO III EXAME DA
OAB/FGV, inclusive a interposição de recursos, devendo a citação para a audiência de conciliação
ser efetuada com antecedência mínima de 30 (trinta) dias (art. 7º da Lei n. 12.153/2009).
Além disso, nas causas sujeitas ao Juizado Especial da Fazenda Pública não há reexame
necessário (art. 11 da Lei n. 12.153/2009).
Compete ao Juizado Especial Federal Cível processar, conciliar e julgar causas de competência
da Justiça Federal até o valor de 60 (sessenta) salários mínimos, sendo que, se a pretensão versar
sobre obrigações vincendas, a soma de doze parcelas não poderá exceder a 60 salários mínimos.
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Não estão sujeitas, entretanto, ao procedimento do Juizado Especial Federal Cível:
(art. 109, III, da CF/88); a disputa sobre direitos indígenas (art. 109, XI, da CF/88).
Podem ser autores no Juizado Especial Federal Cível as pessoas físicas e as microempresas
e empresas de pequeno porte, e rés a União, autarquias, fundações e empresas públicas federais,
sendo que as partes poderão designar, por escrito, representantes para a causa, advogado ou não,
ou seja, não há necessidade de advogado.
A ação revisional de aluguel é meio processual adequado para reajustar o valor do aluguel
ao de mercado, podendo ser ajuizada tanto pelo locador quanto pelo locatário após três anos de
vigência do contrato ou do acordo anteriormente realizado, conforme art. 19 da Lei n. 8.245/91
TEMA COBRADO NO XVI EXAME DA OAB/FGV.
Não obstante a mencionada lei disponha que a ação deva respeitar o procedimento sumário,
como esse rito não está mais previsto no novo CPC, o procedimento a ser seguido é o comum, com
as adaptações da Lei n. 8.245/91, destacando-se abaixo as principais:
• A petição inicial, além dos requisitos do CPC, deverá indicar o valor do aluguel pretendido;
Com a edição da Lei n. 11.804/08, a gestante poderá pleitear alimentos gravídicos, que
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compreendem os valores suficientes para cobrir as despesas adicionais do período de gravidez e
que sejam dela decorrentes, da concepção ao parto, inclusive as referentes a alimentação especial,
assistência médica e psicológica, exames complementares, internações, parto, medicamentos e
demais prescrições preventivas e terapêuticas indispensáveis, a juízo do médico, além de outras
que o juiz considere pertinentes (art. 2º da Lei n. 11.804/08).
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Desse modo, convencido da existência de indícios da paternidade, o juiz fixará alimentos gravídicos
que perdurarão até o nascimento da criança, sopesando as necessidades da parte autora e as
possibilidades da parte ré. Após o nascimento com vida, os alimentos gravídicos ficam convertidos
em pensão alimentícia em favor do menor até que uma das partes solicite a sua revisão.
Após a fixação dos alimentos gravídicos o réu será citado para contestar no prazo de 5 dias,
aplicando-se subsidiariamente o contido na Lei n. 5.478/68 (ação de alimentos) e no CPC TEMA
COBRADO NO XVII EXAME DA OAB/FGV.
O processo eletrônico, regulamentado pela lei n. 11.419/2006, vem sendo amplamente utilizado
e garante a agilidade do processo judicial, destacando-se abaixo as principais regras que podem
ser cobradas no exame da OAB/FGV:
• Quando a petição eletrônica for enviada para atender prazo processual, serão
consideradas tempestivas as transmitidas até as 24 (vinte e quatro) horas do seu
último dia (art. 3º, parágrafo único, da Lei n. 11.419/2006).
• A publicação eletrônica substitui qualquer outro meio e publicação oficial, para quaisquer
efeitos legais, à exceção dos casos que, por lei, exigem intimação ou vista pessoal, conforme
§ 2º do art. 4º, da Lei n. 11.419/2006 TEMA COBRADO NO XVI EXAME DA OAB/FGV.
A prática eletrônica de ato processual pode ocorrer em qualquer horário até as 24 (vinte e quatro)
horas do último dia do prazo (art. 213 do CPC/2015), sendo que o horário vigente no juízo perante
o qual o ato deve ser praticado será considerado para fins de atendimento do prazo.
O Mandado de Segurança é a medida judicial a ser utilizada quando direito líquido e certo
(capaz de ser demonstrado independente de dilação probatória) do indivíduo for violado por ato
Possuem legitimidade ativa para impetrar mandado de segurança pessoa física ou jurídica
titulares do direito violado. Tem-se ainda a possibilidade da legitimidade extraordinária diante
da inércia do titular do direito principal, conforme previsto no art. 3º da Lei nº 12.016: “o titular de
direito líquido e certo decorrente de direito, em condições idênticas, de terceiro poderá impetrar
Mandado de Segurança a favor do direito originário, se o seu titular não o fizer no prazo de 30
(trinta) dias, quando notificado judicialmente”.
O mandado de segurança pode ser impetrado em defesa de direitos líquidos e certos que pertençam
a apenas parte dos membros de uma categoria ou associação, substituídos pelo impetrante,
conforme art. 21, caput, da Lei nº 12.016/2009 TEMA COBRADO NO III EXAME DA OAB/FGV.
O mandado de segurança poderá ser repressivo (o ato ilegal ou abuso de poder já foi praticado)
ou preventivo (objetiva-se justamente evitar a prática do ato ilegal ou abuso de poder).
Digno de nota ainda que, de acordo com o art. 5º da Lei nº 12.016/09, o mandado de segurança
não será concedido quando se tratar: I - de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito
suspensivo, independentemente de caução; II - de decisão judicial da qual caiba recurso com
efeito suspensivo e III - de decisão judicial transitada em julgado.
113
Os processos de mandado de segurança e os respectivos recursos terão prioridade sobre todos
os atos judiciais, salvo habeas corpus. No caso de indeferimento da inicial pelo juiz de primeiro
grau caberá apelação TEMA COBRADO NO XIV EXAME DA OAB/FGV e, quando a competência
para o julgamento do mandado de segurança couber originariamente a um dos tribunais, do ato
do relator caberá agravo para o órgão competente do tribunal que integre.
OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL
A Lei n. 13.676/2018 alterou o art. 16 da Lei n. 12.016/ 2009, acrescentando que é permitida,
além da defesa oral do mérito, a defesa oral do pedido de liminar em sessão do Tribunal.
Não será concedida medida liminar que tenha por objeto a compensação de créditos tributários,
a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação ou equiparação de
servidores públicos e a concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de
O Mandado de segurança coletivo não pode ser utilizado para a defesa apenas de interesses difusos.
Destaca-se ainda que a impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe
em favor de associados não depende da autorização destes (Súmula n. 629 do STF), além do
que ele poderá ser imperado ainda que a pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da
categoria (Súmula n. 630 do STF)
No caso do mandado de segurança coletivo, a sentença fará coisa julgada limitadamente aos
membros do grupo ou categoria substituídos pelo impetrante TEMA COBRADO NO II EXAME DA
OAB/FGV, além do que ele não induz litispendência para as ações individuais, mas os efeitos da
coisa julgada não beneficiarão o impetrante a título individual se este não requerer a desistência
de seu mandado de segurança no prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência comprovada da
impetração da segurança coletiva TEMA COBRADO NO VII EXAME DA OAB/FGV.
Por fim, no mandado de segurança coletivo, a liminar só poderá ser concedida após a audiência
do representante judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se pronunciar no prazo
de 72 (setenta e duas) horas.
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22.6. AÇÃO POPULAR
A ação popular é ação de natureza coletiva destinada a anular ou declarar a nulidade de ato
lesivo ao patrimônio público, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio
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Somente o cidadão poderá propor ação popular, ou seja, ela não pode ser proposta por pessoa
jurídica, inalistados, inalistáveis e estrangeiros.
O Ministério Público não pode propor, mas pode assumir o andamento e dar execução a
decisão da ação popular, conforme previsto no art. 9º da Lei nº 4.717: “Se o autor desistir da
ação ou der motiva à absolvição da instância, serão publicados editais nos prazos e condições
previstos no art. 7º, inciso II, ficando assegurado a qualquer cidadão, bem como ao representante
Conforme art. 19, § 2º, da Lei nº 4.717/65, das sentenças e decisões proferidas contra o autor da
ação e suscetíveis de recurso, poderá recorrer qualquer cidadão e também o Ministério Público.
No polo passivo da ação deverão constar o Poder Público, os agentes que determinaram ou
celebraram o ato e eventuais beneficiários do ato lesivo, sendo que o prazo para ajuizamento da
ação é de 05 anos a contar da realização do ato impugnado, e a competência para processar e
julgar a ação popular é definida pela origem do ato a ser anulado (Verba federal – Justiça Federal,
Verba Estadual – Justiça Estadual).
O foro especial por prerrogativa de função não alcança as ações populares. Os Tribunais
não detêm, portanto, competência originária para julgar ação popular contra atos de autoridade
pública. Assim, se ajuizada contra o Presidente da República, por exemplo, será julgada pelo juiz
federal da seção judiciária onde o ato consumou-se, e não pelo STF.
A gratuidade da justiça se aplica apenas ao autor da ação popular, mas haverá pagamento de
custas e ônus sucumbenciais se demonstrada má-fé.
A sentença na ação popular terá eficácia de coisa julgada oponível “erga omnes”, exceto
no caso de haver sido a ação julgada improcedente por deficiência de prova. Nesse caso,
qualquer cidadão poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova
prova TEMA COBRADO NO III EXAME DA OAB/FGV.
A ação civil pública é o instrumento processual criado pela Lei nº 7.347/85 para garantir a
tutela jurisdicional de interesses transindividuais.
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Têm legitimidade para propor a ação civil pública: o Ministério Público, a Defensoria Pública,
a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios, autarquias, empresas públicas, fundações,
sociedade de economia mista e a associação que, concomitantemente esteja constituída há pelo
menos 1 (um) ano nos termos da lei civil inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção
ao patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre
OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL
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BIBLIOGRAFIA
• ALVIM, Arruda. Manual de Direito Processual Civil. V1. 12 ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2008.
OAB NA MEDIDA | PROCESSO CIVIL
• ALVIM, José Eduardo Carreira. Teoria Geral do Processo. 13 ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2010.
• BEDAQUE, José Roberto dos Santos. “Poderes Instrutórios do Juiz”. 2ª ed. Revista
dos Tribunais, São Paulo, 1994.
• _____; CUNHA, Leonardo Carneiro da. Curso de Direito Processual Civil: meios de
impugnação às decisões judiciais e processo nos tribunais. vol. 3, 13. ed. Salvador:
JusPodivm, 2016.
• MARINONI, luiz Guilherme; ARENHART, Sergio Cruz; MITIDEIRO, Daniel. Novo curso
de Processo Civil – Vol.1 Teoria do Processo comum. 3ª ed. Revista dos Tribunais, São
Paulo, 2017.
• MARCATO, Antonio Carlos. Procedimentos Especiais. 16. ed. Rio de Janeiro: Gen, 2016.
• WAMBIER, Teresa Arruda Alvim. et. al. (coord.). Breves comentários ao novo código
de processo civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015
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