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- Gabriel também indaga sobre possíveis aproximações com Freud que, no fim
do século XIX e início do XX, propõe o campo de estudos da psicanálise. A
observação é curiosa porque há sim relações, haja vista que uma das bases
para a teoria de Freud também é proveniente de fonte literária: a saber os
estudos que ele desenvolve sobre a obra de diversos escritores, dentre eles o
escritor alemão Ernst Theodor Amadeus Hoffmann (procurar o estudo de Freud
intitulado “O estranho” [Das Unheimliche] em que as contribuições do campo
literário são mais evidentes para a psicanálise).
- Gabriel pergunta se essa teoria também se aplica “aos sujeitos sem alma”
percebidos não só no processo de colonização, mas também no florescer de
uma sociedade científica-positivista do século XIX da qual participou Machado.
É certo avaliar que “alma” é uma noção cristã imposta pela Europa durante o
processo de colonização e “a ausência de uma alma” serviu como argumento às
práticas de extermínio de populações indígenas e escravização de negros
africanos. O questionamento seria, então, o de se perceber “o que é uma alma”
e “como essa alma é entendida em diferentes culturas”, principalmente as não
letradas. Valendo-se não somente do argumento europeu que justifica os
massacres históricos.
Também, no caso das diversas crianças “criadas” por animais que foram
descobertas no fim do século XIX e do século XX, seria o caso de “sujeito sem
alma”? Talvez fosse isso o que a Europa do período acreditasse; porém, a “teoria
do Jacobina”, personagem de Machado, nos permitiria ler tais fatos como
sujeitos com almas, pois o que assegura a existência delas é a convivência com
pares que as sustentam. Dessa forma, em cada tribo, sociedade, comunidade
existe um “outro” que assegura quem nós somos.