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EFÉSIOS
Abril de 2020 - semana 2
Introdução
As verdades contidas no trecho que veremos a seguir desta carta formam o
seu cerne teológico com profundidade e sutileza. De uma forma estrutural, a
seção nos demonstra um contraste entre o então e o agora, o então sem Cristo
em oposição ao agora em Cristo. Um contraste expresso em termos do grande
tema da alienação passada, da exclusão e hostilidade do então, e da
presente reconciliação, unidade e paz. Assim, o trecho nos demonstra como
Deus começou a reconciliação cósmica que sempre foi o Seu plano eterno. E
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neste processo reconciliatório, precisamos entender duas dimensões
engendradas nisso: a reconciliação horizontal e a reconciliação vertical.
Aproximação
A seção dos versos 11 ao 22 do capítulo 2 trata de três estados dos cristãos: a
sua condição comunitária anterior, distante de Cristo; a sua reconciliação
comunitária em Cristo; e sua nova condição de membros da nova
humanidade de Deus. Assim, o tema desta seção é reconciliação, o que
envolve tirar a humanidade caída da alienação e trazê-la para um estado de
paz e harmonia com Deus. Jesus, sendo o Reconciliador, curou a separação e
a ruptura criadas pelo pecado e restaurou a comunhão dos homens com
Deus. A reconciliação não é um processo pelo qual as pessoas gradualmente
se tornam mais aceitáveis a Deus, e sim um ato decisivo (como se fosse um
veredito legal) pelo qual os cristãos são salvos do afastamento de Deus e
levados à comunhão com Ele.
Além disso, estes versículos são fundamentais para se compreender a natureza
da Lei (Torah) que ainda existe.
Texto Bíblico
“Por isso, lembrem-se de seu estado anterior; vocês, gentios por nascimento -
chamados incircuncisão por aqueles que, apenas por meio da operação da
carne, são chamados circuncisão - naquele tempo não tinham o Messias.
Estavam alienados da vida nacional de Yisra´el. Eram estrangeiros às alianças
que incorporavam a promessa de Deus. Estavam nesse mundo sem esperança
e sem Deus.
Agora, porém, vocês que estavam longe foram aproximados por meio do
derramamento do sangue do Messias. Porque ele mesmo é nossa s halom - de
nós fez um só e derrubou a m’chitzah que nos dividia destruindo em seu corpo
a inimizade gerada pela T orah, com seus mandamentos estabelecidos na
forma de ordenanças. Ele o fez a fim de criar dos dois grupos uma nova
humanidade em união consigo mesmo e, dessa forma, trazer s halom, e
reconciliá-la com Deus em um único corpo ao ser executado na estaca como
criminoso, matando, desse modo, essa inimizade em si mesmo.
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Também, ao vir, a nunciou as boas-novas de shalom a v ocês que estavam
longe e de shalom aos que estavam perto, notícias de que por seu intermédio
todos nós temos acesso em um Espírito ao Pai.
Portanto, vocês não são mais estrangeiros nem forasteiros. Ao contrário, são
concidadãos do povo de Deus e membros da família divina. Vocês tem
edificado sobre o fundamento dos emissários e dos profetas, do qual a pedra
principal é Yeshua, o próprio Messias. Em união com ele, toda a construção é
sustentada e está crescendo para se transformar em um templo santo em
união com o Senhor. Sim, em união com ele, vocês tem sido edificados em
conjunto para se tornarem um local de habitação espiritual para Deus!” ( Efésios
2.11-22 - Bíblia Judaica Completa)
Mergulhando
Bíblia Judaica Completa Almeida Revista e Atualizada
Importante destacar que Paulo estava falando, nesta carta, para gentios que
se converteram à Cristo, e não para judeus. Em diversas passagens
encontramos os pronomes vós em contraste com nós. Assim, o nós está sempre
se referindo aos judeus (Paulo, como judeu, escreve sempre buscando
demonstrar como verso 11 do 1º capítulo a diferença entre judeus e gentios:
nós, que fomos predestinados, que fomos escolhidos de antemão como povo
de Deus), e vós, aos gentios. No capítulo 2, Paulo diz que deu vida aos gentios,
pois estavam mortos em seus delitos e pecados de antigamente, assim como
os judeus também andavam, e também estavam mortos em seus delitos e
pecados (cf capítulo 2 versos 1 em contraste com 5, e versos 2 e 3).
A circuncisão era o selo da aliança com Israel, e, portanto, o que distinguia os
judeus do restante do mundo. Assim, o judaísmo podia referir-se a si mesmo
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como circuncisos, ou também como a circuncisão, significando “o povo da
aliança com Deus”, e rejeitar o restante do mundo, aqueles que estavam fora
da aliança, os incircuncisos. A circuncisão era um rito de entrada na aliança
mosaica. Assim, Paulo inicia que qualquer judeu poderia usar essa linguagem
para apontar para os que estão “de fora”, e fica evidente que ele não está
satisfeito com essa forma de se expressar. Assim, ele esclarece que os judeus
são somente os que se chamam circuncisão, sendo meramente algo realizado
pelos homens como um ato cirúrgico exterior, não representando a realidade
interior.
Para Paulo, é na família da fé que o relacionamento com Deus de fato cumpre
o significado de circuncisão (Porque não é judeu o que o é exteriormente, nem
é circuncisão a que o é exteriormente na carne. Mas é judeu o que o é no
interior, e circuncisão a que é do coração, no espírito, não na letra; cujo louvor
não provém dos homens, mas de Deus. cf Rm 2.28-29), e isso é profundamente
verdadeiro para os cristãos (Porque a circuncisão somos nós, que servimos a
Deus em espírito, e nos gloriamos em Jesus Cristo, e não confiamos na carne. Fp
3.3).
● Pergunta: Você tem sido o seu comportamento com “os de fora”? Tem
rejeitado-os?
Naquele tempo, ou seja, em nosso estado anterior quando estávamos mortos
por causa de nossos delitos e pecados, tínhamos falta de cinco aspectos que
Paulo lista:
Paulo menciona em primeiro lugar que não tínhamos o Cristo, que estávamos
sem o Messias. Inclusive, Messias é um conceito judaico. Assim, a relação com o
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Cristo é mencionada em primeiro lugar pois Ele é o meio pelo qual as outras
quatro deficiências são diretamente sanadas.
Éramos estranhos às alianças da promessa, ou seja, alianças que incluem a
aliança com Abraão, a aliança com Moisés e a nova aliança com Jesus Cristo.
A nova aliança foi dada, inicialmente, à Israel, e não aos gentios. Estes são
estranhos à ela, mas através, e somente por meio, da fé que, segundo Paulo
afirma e destaca, os gentios se tornam participantes da nova aliança por
completo.
BJC ARA
Agora, porém, vocês que estavam Mas, agora, em Cristo Jesus, vós, que
longe foram aproximados por meio antes estáveis longe, fostes
do derramamento do sangue do aproximados pelo sangue de Cristo.
Messias.
Porque ele mesmo é nossa shalom - Porque ele é a nossa paz, o qual de
de nós fez um só e derrubou a ambos se fez um; e tendo derribado
m’chitzah que nos dividia a parede da separação que estava
no meio, a inimizade,
destruindo em seu corpo a inimizade aboliu, na sua carne, a lei dos
gerada pela Torah, com seus mandamentos na forma de
mandamentos estabelecidos na ordenanças, para que dos dois
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forma de ordenanças. Ele o fez a fim criasse, em si mesmo, um novo
de criar dos dois grupos uma nova homem, fazendo a paz,
humanidade em união consigo
mesmo e, dessa forma, trazer shalom,
e reconciliá-la com Deus em um e reconciliasse ambos em um só
único corpo ao ser executado na corpo com Deus, por intermédio da
estaca como criminoso, matando, cruz, destruindo por ela a inimizade.
desse modo, essa inimizade em si
mesmo.
O verbo usado por Paulo, aproximar, tinha se tornado um termo técnico para
fazer de um não judeu, um prosélito, e, dessa forma, acrescentá-lo à
congregação de Israel. Isso tornava-o “próximo” em dois sentidos: a pessoa se
tornava próxima do povo de Deus, e também próxima do Deus de quem o
povo era próximo.
Derrubou a parede de separação. Em toda sinagoga ortodoxa existe uma
m’chitza, que é uma parede divisória, separando os homens da congregação
das mulheres. Porém, na realidade, Paulo utilizou essa figura de linguagem se
referindo mais ao templo do que à sinagoga. Em volta do templo havia um
muro com uma inscrição que “proibia qualquer estrangeiro de entrar, sob pena
de morte” (cf Josefo, Antiquities of the jews, e também War of the Jews). A
morte reconciliadora de Jesus Cristo na cruz fez de ambos (judeus e gentios)
um. Os gentios não se tornaram judeus. Pelo contrário, os dois grupos se
tornaram um em nível mais profundo do que simples etnia, formando, então, a
Igreja de Cristo. A nova humanidade é maior do que a anterior.
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A inimizade entre gentios e judeus se consistiam basicamente por esses quatro
componentes:
- a inveja dos gentios devido ao status especial que Deus concedeu ao
seu povo escolhido;
- O orgulho dos judeus por terem sido escolhidos;
- O ressentimento dos gentios devido à esse orgulho;
- A aversão mútua quanto aos costumes dos dois grupos.
Importante destacar ambas as traduções para não incorrermos no erro de
interpretar que Cristo derrubou, ou destruiu, a Lei (a Torá). Na verdade, Cristo
destruiu a inimizade, e não a Torá. A inimizade não é a Torá, e nem a Lei
causou a inimizade diretamente. Leia Romanos 7 para compreender a ideia
paulina sobre esse assunto. O que pode-se afirmar mais convictamente é que o
legalismo foi abolido. Cristo glorificado fez de membros dispersos, um corpo. De
estrangeiros e de nativos, constituiu uma cidade e uma família. De pedras
heterogêneas, fez um edifício.
A inimizade foi destruída no corpo do Cristo quando morreu por todos os
pecadores, judeus e gentios de igual maneira. Ambos são igualmente
necessitados de graça e misericórdia aos pés da cruz. Deus desejou reconstruir
a humanidade através dos gentios e dos judeus.
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último Adão (cf Rm 5.12-21; 1Co 15.45; Fp 2.5-11). Este um corpo é a igreja, a
nova humanidade, o lugar do shalom. Na cruz, tudo o que causava desunião
foi destruído.
Assim, percebemos a dimensão vertical, sendo somente nEle, por meio dEle, e
para Ele que, de fato, podemos experimentar uma verdadeira união cósmica
em uma nova humanidade.
“Também, ao vir, anunciou as boas-novas de s halom a v ocês q ue estavam
longe e de s halom aos que estavam perto, n
otícias de que por seu intermédio
todos nós temos acesso em um Espírito ao Pai.” ( vr 17-18)
Esses dois versos recapitulam o ponte em termos de uma citação modificada
de Isaías 57.19 (Como fruto dos seus lábios criei a paz, paz para os que estão
longe e para os que estão perto, diz o Senhor, e eu o sararei)e uma explicação.
“E, vindo, evangelizou paz” não se refere nem à encarnação e ministério de
Jesus nem ao Cristo exaltado por meio do ensino apostólico, mas são mais
facilmente compreendidas como um resumo dos versos 14 ao 16: se referem
especificamente à cruz e à ressureição. A palavras “evangelizou paz” ecoam
Isaías 52.7 (Que formosos são sobre os montes os pés do que anuncia as
boas-novas, que faz ouvir a paz, que anuncia coisas boas, que faz ouvir a
salvação, que diz a Sião: O teu Deus reina!), mas o restante segue Isaías 57.19.
“Portanto, vocês não são mais estrangeiros nem forasteiros. Ao contrário, são
concidadãos do povo de Deus e membros da família divina. Vocês tem
edificado sobre o fundamento dos emissários e dos profetas, do qual a pedra
principal é Yeshua, o próprio Messias. Em união com ele, toda a construção é
sustentada e está crescendo para se transformar em um templo santo em
união com o Senhor. Sim, em união com ele, vocês tem sido edificados em
conjunto para se tornarem um local de habitação espiritual para Deus!” ( Efésios
vr 19-22)
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Agora temos plena cidadania. Israel também se chamava “a Casa de Israel”, e
no meio dela habita YHWH no templo. Agora, em Cristo, somos membros da
Casa de Deus, e pertencemos à Sua família, e que também é um templo
espiritual.
Nos vrs 20-22 segue-se a mesma ideia, porém os cristãos são retratados como
as pedras com as quais o templo celestial está sendo construído. Não mais o
novo templo de Jerusalém que esperava-se ser construído, mas percebe-se
aqui que está sendo cumprida a edificação. Os leitores do apóstolo Paulo
estão sendo edificados no já e agora, no fundamento dos apóstolos e profetas.
O templo é construído a partir da revelação dada em Cristo Jesus e sobre essa
revelação, mediante a elaboração reveladora e a implementação do mistério
por meio das figuras dos apóstolos proféticos, mas tudo é construído sobre
Cristo, sustentado por Cristo, determinado por Cristo.
Respirando
Neste momento, medite sobre essa verdade: o último verso deste capítulo nos
lembra do enorme privilégio que temos por fazermos parte de toda essa
construção. Estamos incorporados no edifício, na única igreja, da qual Deus faz
habitação por meio do Espírito. E somos incorporados por meio de Jesus Cristo
e somente em Jesus Cristo, a pessoa a qual todas as coisas estão sendo
levadas à harmonia e paz.
Inspire e expire calmamente por algumas vezes. Feche seus olhos. Continue
respirando de forma profunda, porém, calmamente.
Contemple a revelação do Senhor, e ore com sua família.
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Faremos no YouTube (IBP Indaiatuba) da igreja às 3as e 5as feiras, com esses
estudos semanais compartilhados nos grupos de WhatsApp da Igreja. A cada
semana, um novo estudo!
Anote suas respostas, e anote suas dúvidas! Participe! Você faz parte desse
povo!
Fraternalmente,
Pr Yuri
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