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PROGRAMA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UNESP

PIBIC/PIBIT (2019/2020)
Edital nº 08/2018 – PROPe

TÍTULO:

MODELAGEM E SIMULAÇÃO DE BANDAS DE DEFORMAÇÃO EM


ROCHAS RESERVATÓRIO VIA MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS

Relatório Parcial do programa de


iniciação científica da
UNESP/PIBIC/PIBITI, Edital nº
08/2018 – PROPe .

DISCENTE
Beatriz Malta de Assis
http://lattes.cnpq.br/9496303239291826
Curso de Engenharia Civil e Ambiental
Faculdade de Engenharia – UNESP

PESQUISADOR RESPONSÁVEL
Prof. Dr. Osvaldo Luís Manzoli
http://lattes.cnpq.br/7901652737291917
Professor permanente desde 1989 – Regime RDIDP

COORIENTADOR
Dr. Pedro Rogério Cleto
http://lattes.cnpq.br/2002340178436235

LINHAS DE PESQUISA DO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL


Modelagem Teórica e Numérica de Problemas Hidro-geomecânicos

Bauru/SP
Outubro de 2020
RESUMO
Devido a sua capacidade de criar caminhos preferenciais para o escoamento de
fluxo e por estarem presentes em quase toda parte superior da crosta do planeta,
falhas são estruturas geológicas de grande importância no estudo do
comportamento hidrodinâmico de fluidos no interior de rochas reservatório.
Diferentes metodologias foram desenvolvidas para modelagem dessas
estruturas, a fim de prever sua influência no fluxo de fluidos subterrâneos. O
presente trabalho propõe uma técnica de modelagem que utiliza elementos
finitos de interface com elevada razão de aspecto (high aspect ratio interface
element - HAR-IE) para representar as falhas em meio a uma rocha reservatório.
O estudo de tal metodologia visa avaliar a eficácia do emprego dessa técnica
para a solução de simulações numéricas. Para cumprir esse objetivo, foram
realizadas modelagens de exemplos propostos na literatura com intuito de
compará-las e concluir sobre a viabilidade do uso dos HAR-IE.
Palavras-chave: bandas de deformação, rochas-reservatório, método dos
elementos finitos, elemento de interface com elevada razão de aspecto.

1. INTRODUÇÃO
A presença de falhas em rochas-reservatório constitui um importante objeto
de estudo, uma vez que seus efeitos sobre as propriedades petrofísicas do meio
são significativos. As falhas são zonas estreitas representadas por uma
descontinuidade e com presença de movimento relativo da rocha circundante.
Seus efeitos podem facilitar o escoamento de fluido, servindo como condutos
altamente permeáveis (tais como as fraturas), ou dificultar o escoamento,
atuando como barreiras (assim como as bandas de deformação) (NETTO;
SILVA, 2011). Ambas as estruturas influenciam diretamente o escoamento de
fluido e comumente geram anisotropia nas propriedades da rocha-reservatório,
afetando sua porosidade e permeabilidade.
As bandas de deformação são estruturas tubulares delgadas definidas como
pequenas falhas sem uma superfície de descontinuidade discreta e com
deslocamentos relativos de poucos milímetros ou centímetros, formando uma
região de diminuição da permeabilidade (FOSSEN; BALE, 2007; AYDIN, 1978).
Essas estruturas são características de meios porosos (como o arenito, por
exemplo) e geralmente são constituídas por rochas trituradas, grãos fraturados
(que passaram por um processo de catáclase, ou seja, quebra de grãos) ou
materiais precipitados (como argila). Suas propriedades petrofísicas são
inversamente proporcionais a presença dos materiais que a constituem, isto é,
quanto maior a quantidade de argila ou o grau de catáclase dos grãos, menor é
a permeabilidade e a porosidade da banda de deformação (BENSE; PERSON,
2006; NETO; SILVA, 2011). A geometria da banda também representa um fator
importante na análise de sua influência no fluxo em meios porosos, uma vez que
quanto maior a complexidade espacial da zona de falha, maior será a dificuldade
da passagem do fluido pela região (NETO et al., 2012). Sendo assim, a influência
das bandas de deformação em meios porosos tem grande importância para
questões como gestão de recursos petrolíferos, reposição de resíduos
radioativos, migração de metano no leito de carvão nas minas e produção de
energia geotérmica (FLEMISCH et al., 2018).
Ao longo dos últimos 70 anos, diferentes abordagens para modelagem
numérica de falhas foram desenvolvidas e aprimoradas (FLEMISCH et al., 2018).
Porém, a representação de falhas em reservatórios via método dos elementos
finitos, por exemplo, ainda representa um grande desafio, pois há a necessidade
de se gerar malhas muito refinadas nas proximidades das falhas (PREVOST;
RUBIN; SUKUMAR, 2017). Por esse motivo, os métodos de modelagem buscam
diferentes meios para representar essas descontinuidades, de modo que sua
avaliação pode ser realizada a partir de benchmarks. Os benchmarks consistem
em uma metodologia para verificar, testar e comparar técnicas de modelagem a
partir de problemas selecionados especificamente para verificar os recursos e as
limitações de cada método, a fim de se fazer uma clara distinção entre eles
(FLEMISCH et al., 2018).
Devido a esses fatores e à grande importância de uma melhor compreensão
sobre bandas de deformação em rochas-reservatório, o presente trabalho busca
desenvolver um modelo de simulação numérica via o Método dos Elementos
Finitos para análise da influência das bandas de deformação sobre a
permeabilidade de meios porosos. A técnica que será utilizada consiste na
inserção de elementos finitos de interface com elevada razão de aspecto (high
aspect ratio interface element - HAR-IE) em uma malha de elementos finitos pré-
existentes que representam a rocha-reservatório (MANZOLI et al., 2012, 2016,
2019). Tais elementos de interface possuem uma elevada razão de aspecto, isto
é, a razão entre a base e a altura do elemento resulta em valores elevados
(MANZOLI et al., 2012). Os HAR-IEs são responsáveis pela caracterização das
bandas de deformação e permitem a representação do efeito da descontinuidade
no campo de pressão, uma vez que as relações constitutivas empregadas são
compatíveis com a Aproximação Contínua de Descontinuidades Fortes (CSDA)
(OLIVER; CERVERA; MANZOLI, 1999).
Para avaliar este método o presente trabalho analisou quatro exemplos. O
primeiro deles se trata de um caso com três geometrias simétricas proposto por
Liu et al. (2019), com o objetivo de verificar o funcionamento do método com
HAR-IEs. Na sequência, três testes envolvendo benchmarks propostos por
Flemisch et al. (2018) foram utilizados para comparação de resultados com
outros métodos disponíveis na literatura.

2. OBJETIVO
2.1. Objetivo geral
Utilizar as ferramentas numéricas disponibilizadas pelo grupo de pesquisa
para estudos de casos que descrevam a influência de bandas de deformação
em rochas-reservatório.

2.2. Objetivo específico


- Modelar bandas de deformação utilizando elementos finitos de elevada razão
de aspecto com o auxílio do programa GiD®;
- Realizar testes numéricos dos modelos utilizando o programa de análise em
elementos finitos desenvolvido pelo grupo de pesquisa no software Matlab®;
- Comparar as respostas obtidas via HAR-IEs com modelos e técnicas utilizados
para representação das bandas de deformação.

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
3.1. Falhas
Falhas são estruturas geológicas estreitas geralmente definidas como um
plano ou superfície de descontinuidade que ocorrem devido a um processo de
cisalhamento na rocha (FOSSEN; BALE, 2007). Elas podem atuar como como
um meio condutor (quando representam uma região de maior permeabilidade,
como no caso de fraturas) ou uma barreira (no caso de serem um meio de menor
permeabilidade, como as bandas de deformação) (NETTO; SILVA, 2011). Outra
forma de distinção possível para as falhas é por meio do tipo de deformação
ocorrida, uma vez que as bandas de deformação podem ser classificadas como
estruturas de deformação tubular, enquanto as fraturas constituem um grupo
associado a superfícies de deslizamento formando uma visível descontinuidade
na rocha (AYDIN et al., 2006b). Além disso, por serem encontradas em quase
toda parte superior da crosta, as falhas são os principais canais para fluxo de
fluido e desempenham um papel importante no comportamento hidrodinâmico
de sistemas, devido a sua capacidade de criar caminhos preferencias ao
escoamento dos fluidos (ZHANG; SANDERSON, 1995). Os principais tipos de
falha são ilustrados na Figura 1.

Figura 1 - Representação esquemática para classificação dos principais tipos


de falha conforme a estrutura formada pelo cisalhamento (adaptado de NETO;
SILVA, 2011).
3.1.1. Bandas de Deformação
As bandas de deformação são estruturas tubulares com espessura
milimétrica e, muitas vezes, lateralmente extensas (FOSSEN; BALE, 2007). Tais
estruturas são características de meios porosos, sendo constituídas
principalmente de rocha triturada, grãos fragmentados (que sofreram catáclase,
ou seja, quebra de grãos) ou materiais precipitados (como argila) (BENSE;
PERSON, 2006; NETTO; SILVA, 2011). Devido a essas características,
geralmente, as bandas de deformação são mais resistentes e coesas que a
rocha hospedeira, resultando em uma redução na porosidade e na
permeabilidade da matriz porosa conforme maior a quantidade de argila e
catáclase que ocorrem no meio (BENSE; PERSON, 2006; FOSSEN; BALE,
2007). Assim, diversos fatores influenciam o tipo de banda existente, tais como
a mineralogia, tamanho, forma e classificação dos grãos, grau e tipo de
cimentação, porosidade da rocha hospedeira e pressão de confinamento
(FOSSEN; BALE, 2007).
A geometria da banda é também um importante fator na análise de sua
influência no meio poroso. Bandas de deformação seguem uma zona de
cisalhamento principal de acordo com ângulos específicos, podendo-se
desenvolver em pares conjugados e/ou como diversas estruturas planares
(NETO et al., 2012). Dessa maneira, quanto maior a complexidade geométrico-
espacial da falha, mais difícil será a passagem de fluidos por meio dela, logo,
sua distribuição espacial também pode influenciar a direção do fluxo (NETO et
al., 2012).

3.1.2. Fraturas
Fraturas são estruturas com deslocamento relativo entre blocos e estão
relacionadas ao aumento da porosidade e permeabilidade da rocha hospedeira
(FOSSEN; BALE, 2007). Geralmente, as fraturas representam estruturas
mecanicamente frágeis ou zonas de perda de coesão definidas por planos de
parição descontínuos (NETTO; SILVA, 2011).

3.2. Zonas de Falha


Zonas de falha são regiões onde ocorrem as falhas, sendo que seus
componentes principais são o protólito, zona de dano e núcleo de falha (CAINE;
EVANS; FORSTER, 1996). Cercando o núcleo de falha e as zonas de dano há
uma região relativamente não deformada denominada de protólito ou rocha
hospedeira. A zona de dano é a região intermediária entre o protólito e o núcleo,
sendo composta por uma rede de estruturas subsidiárias que se ligam ao núcleo
de falha, tais como pequenas falhas, veias, fraturas e dobras (BENSE; PERSON,
2006; CAINE; EVANS; FORSTER, 1996). Já o núcleo de falha é onde ocorre a
maior parte da deformação, ou seja, é o plano de falha principal (BENSE;
PERSON, 2006).
Porém, não há relação implícita entre os componentes, ou seja, nem todos
eles devem estar presentes em todas as zonas de falha ou ter um
comportamento único durante o processo de deformação. Por exemplo, o núcleo
pode atuar como um conduto durante a alteração do meio e como uma barreira
quando os poros abertos forem preenchidos por precipitação mineral após a
deformação (CAINE; EVANS; FORSTER, 1996). Essa característica determina
uma anisotropia da zona de falha em rochas sedimentares, uma vez que um
processo de dilatação pode criar redes de fraturas, aumentando a
permeabilidade da zona de dano, enquanto a permeabilidade do núcleo é
reduzida por catáclase (esmagamento de grãos). Portanto, essa zona de falha
se torna um conduto para o fluxo de fluido ao longo do plano de falha, mas uma
barreira para o fluxo perpendicular à falha (BENSE; PERSON, 2006). Dessa
maneira, tem-se que suas propriedades petrofísicas podem variar
significativamente dependendo da composição da rocha hospedeira,
mecanismos de deformação e histórico de tensões, dentre outros fatores
(KNIPE; JONES; FISHER, 1998). Além disso, as zonas de falha podem ter
geometrias complexas afetando o caminho feito pelo fluxo nessa região.

4. METODOLOGIA
4.1. Equações Governantes
4.1.1. Forma Forte
Considere um meio poroso de domínio Ω e contorno Г, o qual pode ser
subdividido nas regiões ГP, , onde se prescreve pressão, e Гq, onde é imposto
um fluxo, assim como ilustrado na Figura 2.
Figura 2 - Domínio bidimensional Ω e contorno Γ, subdividido em ΓP e Γq, com
referência a um sistema (adaptado de SOUZA, 2003).

Dessa forma, considere que a equação de conservação de massa de fluido


para o meio poroso seja escrita como:
𝛁 ⋅ 𝐪 = 0, (1)
onde q é o fluxo de fluido descrito pela lei de Darcy, o qual, para um meio
isotrópico e homogêneo e desprezando-se os efeitos gravitacionais,
corresponde à seguinte expressão:
𝑘
𝐪 = − 𝛁𝑝 (2)
𝜇
onde k é a permeabilidade intrínseca do meio, 𝜇 é a viscosidade dinâmica do
fluido e p é a pressão.
Por fim, as condições de contorno correspondem a 𝑝 = 𝑝̅ e 𝐪 ∙ 𝐧 = 𝑞̅, onde 𝑝̅
e 𝑞̅ são a pressão e vazão conhecidas e prescritas nos contornos 𝛤𝑝 e 𝛤𝑞 ,
respectivamente, com 𝐧 sendo o vetor normal ao contorno 𝛤.

4.1.2. Forma Fraca


A forma fraca da equação governante consiste em estabelecer uma
equação integral sobre o domínio e o contorno do problema que seja equivalente
à sua forma diferencial (Equação 1). Sendo assim para o domínio genérico da
Figura 2, a forma fraca da equação governante pode ser escrita como:
𝑘
∫(∇𝑤)𝑇 (∇𝑝)𝑑𝛺 = ∫ 𝑤 𝑇 𝑞̅ 𝑑𝛤 ∀𝑤 (3)
𝜇
𝛺 𝛤𝑞

onde 𝑤 é uma função admissível escalar arbitrária.


4.2. Problema da Condução de Fluxo Utilizando o Método dos Elementos
Finitos
4.2.1. Formulação do elemento finito triangular
A equação governante na sua forma fraca (Equação 3) é válida para
qualquer subdomínio pertencente ao domínio original do problema. O Método
dos Elementos Finitos utiliza essa possibilidade para subdividir o meio em
elementos menores de geometria simples, chamados de “elementos finitos”
(SOUZA, 2003). Desse modo, o problema de fluxo de fluido em meios
porosos pode ser estudado considerando-se, por exemplo, um elemento
finito triangular conforme a Figura 3.

Figura 3 - Elemento finito triangular linear, com referência ao sistema de eixos


cartesiano (adaptado de SOUZA, 2003).
Este tipo de elemento possui três nós onde serão calculados o fluxo
utilizando a Equação (3), o que resultará em um sistema de três equações para
cada elemento, escrito na forma matricial.
Para auxiliar a resolução desse sistema é utilizada uma matriz
denominada matriz de funções de forma, contendo as funções de interpolação
das pressões nodais, que permite determinar a pressão p em um ponto (x,y)
qualquer do elemento utilizando os valores das temperaturas nodais. Assim, o
campo de pressões P (x,y) pode ser escrito, como:
𝑷 (𝑥, 𝑦) = 𝑵 (𝑥, 𝑦) 𝑷𝒆 (4)
onde 𝑷𝒆 = [𝑝1 𝑝2 𝑝3 ] é o vetor de pressões nodais do elemento e 𝑵 (𝑥, 𝑦) é
a matriz de funções de forma.
Para aplicar esse conceito na forma fraca da equação governante
(Equação 3) é preciso derivar a matriz de função de forma, obtendo-se, assim, a
seguinte matriz:
𝑩 (𝑥, 𝑦) = ∇𝑵 (𝑥, 𝑦) (5)
Com isso, é possível escrever o sistema de equações referente a um
elemento como:
𝑲𝒆 . 𝑷𝒆 = 𝑭𝒆 (6)
onde 𝑲𝒆 é a matriz de permeabilidade do elemento e 𝑭𝒆 é o vetor de fluxos nodais
total do elemento, os quais são escritos da seguinte maneira:
𝑘
𝑲𝒆 = ∫ 𝑩𝑇 𝑩 𝑑𝛺 (7)
𝜇
𝛺𝑒

𝑭𝒆 = ∫ 𝑵𝑇 𝑞̅ 𝑑𝛤 + 𝑭𝒆𝒄 (8)
𝛺𝑒

onde 𝑭𝒆𝒄 é o vetor de fontes de fluxo concentradas nos nós da malha.

4.2.2. Formulação para Malha de Elementos Finitos


O meio poroso é representado por meio de uma malha de elementos finitos,
semelhante à Figura 4.

Figura 4 - Exemplo de malha de elementos finitos, com referência ao sistema


de eixos cartesiano (adaptado de SOUZA, 2003).
Para que seja possível obter a aproximação para o campo de pressões em
uma malha genérica, é necessário levar em consideração que a contribuição de
cada elemento está associada à sua posição no domínio. Portanto, tal
contribuição pode ser estabelecida definindo-se, por exemplo, uma matriz de
incidência para cada elemento.
Uma matriz de incidência é uma matriz de zeros e uns, com o número de
linhas igual ao número de graus de liberdade do elemento (no caso, três por se
tratar de um elemento triangular linear com três nós) e número de colunas igual
ao número de graus de liberdade do modelo (para uma malha genérica, igual ao
número de nós n da malha). Em cada linha coloca-se o valor 1 apenas na coluna
correspondente ao grau de liberdade do nó n, sendo que as demais colunas são
iguais a zeros (SOUZA, 2003).
Dessa forma, o sistema global de equações que representam o problema a
partir de uma malha com n nós pode ser escrito como:
𝑭= 𝑲𝑷 (9)
onde K é a matriz de permeabilidade do meio, P é o vetor de pressões nodais e
F é o vetor de fluxos nodais total, sendo que:
𝑛𝑒

𝑭 = ∑ 𝑯𝑒 𝑇 𝑭 𝑒 (10)
𝑒=1
𝒏𝒆

𝑲 = ∑ 𝑯𝒆 𝑻 𝑲 𝒆 𝑯𝒆 (11)
𝒆=𝟏

onde ne é o número de elementos presentes na malha e 𝑯𝒆 é a matriz de


incidência de cada elemento.

4.3. Elemento de Interface com Elevada Razão de Aspecto


As falhas (descontinuidades) são representadas por meio dos HAR-IEs,
elementos finitos triangulares lineares com elevada razão de aspecto (razão
entre a maior e menor dimensão do elemento). A Figura 5 apresenta a geometria
de tais elementos de interface, os quais são extremamente delgados, uma vez
que sua altura h é muito menor que sua base b (MANZOLI et al., 2012; MANZOLI
et a., 2019).

Figura 5 - Representação esquemática do HAR-IE.

A aproximação para o fluxo de fluido no HAR-IE pode ser escrita da


seguinte maneira:
𝐪s = − 𝜇𝑏𝑠 (ℎ) {𝑝
𝑘 𝑎 (3)
− 𝑝(2) } − 𝑘𝑠 (𝑎)−1 { 0 }, (12)
0 𝜇ℎ ℎ ⟦𝑝⟧
onde 𝑘𝑠 é a permeabilidade da falha, 𝑎 é a abertura (ou espessura) da falha, 𝑝(1) ,
𝑝(2) e 𝑝(3) são as pressões nos nós (1), (2) e (3), respectivamente, e ⟦𝑝⟧ = 𝑝(1) −

𝑝(1 ) é o salto de pressão, ou seja, a diferença de pressão entre o nó (1) e sua
projeção na base (1’).
Desde que 𝑘𝑠 não seja nulo, na situação limite de ℎ → 0, o nó (1) e sua
projeção (1’) tendem ao mesmo ponto material e, como consequência, ⟦𝑝⟧ passa
a ser a medida de descontinuidade do campo de pressão.

4.3 Modelagem da Malha


A Figura 6 mostra como os HAR-IEs são inseridos na malha: (i) define-se a
geometria do problema considerando a posição das bandas de deformação; (ii)
gera-se a malha de elementos finitos regulares de modo que eles sejam
adjacentes à posição das bandas; (iii) diminui-se levemente o tamanho dos
elementos regulares vizinhos à banda; (iv) no espaço gerado, insere-se pares de
elementos de interface (com exceção às pontas da falha, onde é inserido apenas
um elemento de interface).

Figura 6 – Inserção dos HAR-IEs na malha de Elementos Finitos.


5. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO SUSCINTA DOS PRINCIPAIS
RESULTADOS OBTIDOS
Os resultados apresentados a seguir consideram falhas distribuídas em
domínios regulares, sendo que seu principal objetivo é verificar a influência de
tais falhas sobre a distribuição do campo de pressão. Para tal, parte dos
resultados desse trabalho são comparados a outros métodos disponíveis na
literatura.
Apesar de não serem o foco do presente trabalho, também foram realizadas
simulações envolvendo fraturas, devido a facilidade de representação desse tipo
de falha a partir do método utilizado. Portanto, para representar bandas de
deformação, o valor da permeabilidade associada aos HAR-IEs deve ser menor
que o da rocha hospedeira, enquanto que as fraturas são representadas a partir
de um valor de permeabilidade maior que o da rocha.

5.1. Exemplos Simétricos


Nesse primeiro caso foram simulados os exemplos de falhas simétricas
utilizando as geometrias propostas por Liu et al. (2019). Tais geometrias foram
analisadas considerando-se fraturas, sendo a permeabilidade adotada ks = 1,0 x
10-7 m²; e bandas de deformação, com permeabilidade adotada ks = 1,0 x 10-17
m². Em ambos os casos, a abertura (ou espessura) adotada para as falhas foi
𝑎 = 1.0 × 10−4 m. A permeabilidade intrínseca considerada para a rocha-
reservatório foi k = 1,0 x 10-12 m². Para a viscosidade do fluido, adotou-se a
viscosidade da água (µ = 1,002 × 10−9 MPa.s). Os nós centrais das falhas são
coincidentes com o centro do domínio de dimensão 10 m x 10 m e cada ramo
possui 2,5 m de comprimento. Foi aplicada na face inferior dos domínios uma
pressão nula (p = 0.0) e na face superior um fluxo q = - 1.0 x 10-3 m²/s. A Figura
7 apresenta as condições de contorno (Fig. 7a), posição das linhas de corte para
verificação do campo de pressão (Fig. 7b) e geometria das falhas com as
respectivas malhas de elementos finitos (Figs. 7c-d-e).
Figura 7 - Domínios dos problemas analisados apresentando as (a) condições
de contorno; (b) linhas para obtenção dos perfis de pressão; e geometrias das
falhas, sendo (c) Geometria 1; (d) Geometria 2; (e) Geometria 3.

A Figura 8 mostra o campo de pressão obtido para cada uma das três
geometrias considerando-se os casos de bandas de deformação, onde pode-se
notar uma mudança abrupta nos campos de pressão ao redor dos ramos das
bandas. A Figura 9 apresenta os gráficos comparativos de pressão ao longo de
três perfis, sendo um vertical, x = 5 m (Fig. 6b) e dois horizontais, y = 4 m (Fig.
6b) e y = 6 m (Fig. 6b). Note que os saltos de pressão provocados pela presença
das bandas de deformação ficam evidentes em tais perfis, sendo representados
pelas alterações consideráveis no valor da pressão.
Figura 8 - Campos de pressão para os casos de banda de deformação
considerando a (a) Geometria 1; (b) Geometria 2; (c) Geometria 3.

Figura 9 - Gráficos comparativos de perfil de pressão para os casos de banda


de deformação considerando as posições (a) x = 5 m; (b) y = 6 m; e (c) y = 4 m.
A Figura 10 mostra o campo de pressão obtido para cada uma das três
geometrias considerando-se os casos de fraturas, onde também pode-se notar
alterações nos campos de pressão ao redor dos ramos das fraturas. Contudo,
uma vez que a pressão no interior das fraturas tende a ser constante, tais
alterações não são abruptas e os campos de pressão apresentam valores
semelhantes no entorno dos ramos das fraturas. Na Figura 11 são apresentados
os gráficos comparativos de pressão ao longo dos três perfis: x = 5 m (Fig. Figura
11a), y = 4 m (Fig. Figura 11b) e y = 6 m (Fig. Figura 11b).
Figura 10 - Campos de pressão para os casos de fratura considerando a (a)
Geometria 1; (b) Geometria 2; (c) Geometria 3.

Figura 11 - Gráficos comparativos de perfil de pressão para os casos de fratura


considerando as posições (a) x = 5 m; (b) y = 6 m; e (c) y = 4 m.
Tanto os campos de pressão apresentados nas Figura 8 e Figura 10, quanto
os gráficos das Figura 9 e Figura 11, mostram que houve uma significativa
alteração no campo devido a presença das falhas. No caso da banda, por se
tratar de um material com permeabilidade menor que a do meio, há uma
dificuldade do fluxo em escoar pela região, sendo necessário que ele contorne a
barreira, o que gera as descontinuidades do campo de pressão observadas na
Figura 8 e evidenciadas pelos gráficos da Figura 9. Por outro lado, nos casos de
fraturas, a pressão não apresenta descontinuidade ao cruzar de um lado para o
outro da falha, uma vez que a permeabilidade maior do material que as compõem
gera um caminho preferencial para o escoamento do fluxo, percebido na Figura
10 e melhor observado nos gráficos da Figura 11.
5.2. Exemplo Benchmark 1
O segundo exemplo realizado foi o Benchmark 1 proposto por Flemisch et al.
(2018). Neste caso, as falhas também serão consideradas tanto como fratura,
quanto como banda de deformação. O objetivo é realizar a comparação das
respostas obtidas com aquelas disponibilizadas por Flemisch et al. (2018).
Mantendo a permeabilidade intrínseca da rocha como referencial hipotético k
= 1 m², a permeabilidade das fraturas é dada por ks = 1,0 x 104 m², enquanto que
para as bandas de deformação a permeabilidade é ks = 1,0 x 10-4 m². O domínio
tem dimensões 1 m x 1 m e todas as falhas possuem abertura uniforme 𝑎 =
1.0 × 10−4 𝑚. O domínio, a rede de falhas e as condições de contorno são
mostradas na Figura 12.
A Figura 13 mostra os campos de pressão para o caso com banda de
deformação, onde a Figura 13a corresponde a solução utilizando os elementos
HAR-IEs e a Figura 13b à solução de referência apresentada por Flemisch et al
(2018). De forma semelhante, a Figura 14 mostra os campos de pressão para o
caso com fraturas, de modo que a Figura 14a corresponde a solução utilizando
os elementos HAR-IEs e a Figura 14b à solução de referência apresentada por
Flemisch et al (2018). Embora as comparações sejam qualitativas em tais
figuras, nota-se que há uma boa concordância entre os campos de pressão.

Figura 12 - Problema analisado (adaptado de FLEMISCH et al., 2018): (a)


geometria da malha e condições de contorno e (b) geometria das falhas e
linhas para obtenção dos perfis de pressão (em vermelho as utilizadas no caso
de fraturas e em azul a do caso de bandas de deformação).
Figura 13 - Campo de pressão referente ao caso com bandas de deformação:
(a) solução com HAR-IEs, (b) resposta de referência apresentado por Flemisch
et al. (2018).

Figura 14 - Campo de pressão referente ao caso com fraturas: (a) solução com
HAR-IEs, (b) resposta de referência de Flemisch et al. (2018).
Para comparação dos resultados, traçou-se o perfil de pressão ao longo das
linhas de referência (veja Figura 12b) e os resultados estão apresentados na
Figura 15 juntamente com os perfis obtidos por Flemisch et al. (2018). Para o
caso de fraturas são comparadas duas linhas, sendo uma horizontal em y = 0.7
m e outra vertical em x = 0.5 m (Figura 15a-b, respectivamente). Já para o caso
de banda de deformação, o perfil de pressão é traçado ao lingo da diagonal (0,
0.1) – (0.9, 1) cruzando todo o domínio (Figura 15c).
Figura 15 - Perfis de pressão ao longo das linhas de referência considerando o
caso com fraturas para (a) y = 0.7 m e (b) x = 0.5 m; e o caso com banda de
deformação para a (c) diagonal (0, 0.1) – (0.9, 1).

Os gráficos da Figura 15 também mostram uma boa concordância entre a


curva gerada pelo método utilizado (HAR-IE) com a curva de referência (linha
sólida em cor preta), bem como com os métodos de maior convergência
apresentados por Flemisch et al. (2018).

5.3. Exemplo Benchmark 3


Com o objetivo de estudar uma geometria mais complexa, foi simulado o
exemplo de Benchmark 3 proposto por Flemisch et al. (2018). Este caso
considera uma rede com dez falhas que inclui, simultaneamente, fraturas e
bandas de deformação em um domínio de 1.0 m x 1.0 m, sendo que todas as
descontinuidades possuem abertura 𝑎 = 1.0 × 10−4 m. A permeabilidade das
fraturas (falhas 1, 2, 3 e 6 a 10 na Figura 16) é dada por ks = 1.0 x 104 m² e das
bandas de deformação (falhas 4 e 5 na Figura 16) é dada por ks = 1,0 x 10-4 m²,
sendo que a permeabilidade hipotética de referência da rocha hospedeira é k = 1
m². Para destacar de forma mais aparente o impacto das falhas de bloqueio
(bandas de deformação) foram consideradas duas variações nas condições de
contorno, isto é, um gradiente de pressão predominantemente vertical e outro
horizontal. A malha e as condições de contorno estão representadas na Figura
16.
A Figura 17 apresenta o campo de pressão obtido via HAR-IEs (Fig. Figura
17a) em comparação ao campo de pressão obtido com a solução de referência
apresentada por Flemisch et al. (2018) (Fig. Figura 17b), ambos para o caso do
gradiente predominantemente vertical. Já a Figura 18, corresponde às respostas
para o gradiente predominantemente horizontal, onde a Fig. Figura 18a foi obtida
utilizando-se HAR-IEs e a Fig. Figura 18b é a solução apresentada por Flemisch
et al. (2018). As coordenadas para as posições das falhas são fornecidas na
Tabela 1.

Figura 16 - Geometria da malha e condições de contorno: (a) caso com fluxo


predominantemente vertical e (b) caso com fluxo predominantemente
horizontal. As falhas vermelhas (1, 2, 3 e 6 a 10) são fraturas e as verdes (4 e
5) são as bandas de deformação. A linha tracejada foi escolhida para comparar
os perfis de pressão em ambos os casos.

Falhas xA yA xB yB
1 0.0500 0.4160 0.2200 0.0624
2 0.0500 0.2750 0.2500 0.1350
3 0.1500 0.6300 0.4500 0.0900
4 0.1500 0.9167 0.4000 0.5000
5 0.6500 0.8333 0.849723 0.167625
6 0.7000 0.2350 0.849723 0.167625
7 0.6000 0.3800 0.8500 0.2675
Tabela 1 - Coordenadas das falhas na região modelada representada na
Figura 16 (FLEMISCH et al., 2018).
Figura 17 - Campo de pressão do caso com fluxo vertical: (a) solução com
HAR-IEs e (b) resposta de referência de Flemisch et al. (2018).

Figura 18 - Campo de pressão do caso com fluxo horizontal: (a) solução com
HAR-IEs e (b) resposta de referência de Flemisch et al. (2018).
Note que para ambos os casos, isto é, fluxo vertical (Figs. Figura 17a-b) e
horizontal (Figs. Figura 18a-b), os campos de pressão apresentam uma boa
concordância, ainda que de forma qualitativa.
Para comparação dos resultados, traçou-se o perfil de pressão ao longo da
linha de referência (0, 0.5) – (1, 0.9) (veja Figura 16) e os resultados estão
apresentados na Figura 19 juntamente com os perfis obtidos na mesma linha por
Flemisch et al. (2018). Para ambos os casos, isto é, fluxo vertical (Fig. Figura
19a) e fluxo horizontal (Fig. Figura 19b), a curva obtida a partir dos HAR-IEs
apresenta boa semelhança com relação à curva de referência apresentada por
Flemisch et al. (2018), demonstrando que o método proposto nesse trabalho
pode lidar simultaneamente com fraturas e bandas de deformação.
Figura 19 - Perfis de pressão ao longo da linha (0, 0.5) – (1, 0.9): (a) caso com
fluxo vertical, (b) caso com fluxo horizontal.

5.4. Exemplo Benchmark 4


Como último exemplo foi escolhida uma simulação mais realista proposta por
Flemisch et al. (2018). Este caso considera um conjunto real de fraturas de um
afloramento existente na ilha Sotra, na Noruega. O domínio de 700m x 600m,
possui 64 fraturas agrupadas em 13 redes diferentes e conectadas, com fraturas
isoladas ou grupos de dezenas delas. A permeabilidade da rocha é k = 1,0 10-14
m², já as fraturas possuem permeabilidade de ks = 1.0 m² e abertura 𝑎 =
1.0 × 10−2 m. Como condição de contorno foram consideradas a pressão de
1013250 Pa e 0 Pa, respectivamente, nos limites esquerdo e direito do domínio.
Vale ressaltar que houve uma alteração feita por Flemisch et al. (2018) na
geometria de duas das fraturas. Na interpretação original do conjunto (Fig. Figura
20a), essas fraturas eram compostas por mais de um segmento, porém, devido
a problemas de implementação de alguns dos métodos usados pelo autor, elas
foram substituídas por fraturas com um único segmento, conforme mostra a
Figura 20b. Esta alteração muda a conectividade do sistema, porém é justificada,
uma vez que o objetivo dessa simulação é fazer uma comparação dos resultados
de diferentes métodos. As interpretações feitas por Flemisch et al. (2018) e as
condições de contorno estão representadas na Figura 20.
A Figura 21 mostra os campos de pressão obtido utilizando os HAR-IEs (Fig.
Figura 21a) em comparação ao campo de pressão apresentado por Flemisch et
al. (2018) como solução utilizando o método Box (Fig. Figura 21b).

Figura 20 - Conjunto de fraturas:(a) interpretação do conjunto de fraturas


sobrepostas ao mapa feito por Flemisch et al. (2018); (b) a geometria usada e
condições de contorno. As fraturas retificadas estão representadas em azul. As
linhas tracejadas foram usadas para comparar os perfis de pressão.

Figura 21 - Campo de pressão: (a) solução com HAR-IEs e (b) resposta obtida
por Flemisch et al. (2018) pelo método Box.
Para uma melhor comparação dos resultados, traçou-se o perfil de
pressão ao longo de duas linhas de referência (vide Figura 20b), sendo uma
vertical em x= 625m e outra horizontal em y= 500m. Os resultados podem ser
observados na Figura 22 juntamente com os perfis obtidos na mesma linha por
Flemisch et al. (2018). Observa-se que, tanto os campos de pressão (Figura 21)
e as curvas obtidas partir dos HAR-IEs (Figura 22) apresenta boa concordância
com as respostas apresentadas por Flemisch et al. (2018).
Figura 22 - Perfis de pressão ao longo das linhas de referência: (a) x= 625 m;
(b) y= 500 m

6. CRONOGRAMA DE ATIVIDADES
As atividades básicas previstas para o período são:
1) Levantamento bibliográfico acerca da influência de bandas de
deformação em rochas-reservatório;
2) Estudos sobre o Método dos Elementos Finitos e elementos de elevada
razão de aspecto;
3) Elaboração de modelo computacional representativo de bandas de
deformação;
4) Realização de testes básicos mediante exemplos sintéticos e
simplificados para validação do modelo gerado;
5) Realização de simulações numéricas considerando geometrias de
análogos representativos;
6) Preparação de material para subsidiar a elaboração de artigos;
7) Elaboração de relatórios.

O cronograma para execução das atividades listadas acima está apresentado


na Tabela 2.
Período (meses)
ATIVIDADES
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12

1. Revisão Bibliográfica (Prevista) • • • •


1. Revisão Bibliográfica (Realizada) ok ok ok ok
2. Estudo dos métodos/técnicas utilizados (Prevista) • • • •
2. Estudo dos métodos/técnicas utilizados (Realizada) ok ok ok ok
3. Elaboração de modelos (Prevista) • •
3. Elaboração de modelos (Realizada) ok ok
4. Testes básicos de validação (Prevista) • • •
4. Testes básicos de validação (Realizada) ok ok ok

5. Simulações representativas (Prevista) • • •

5. Simulações representativas (Realizada) ok ok ok

6. Preparação de material científico (Prevista) • • • •

6. Preparação de material científico (Realizada) ok ok ok ok


7. Elaboração de relatório (Prevista) • • • •
7. Elaboração de relatório (Realizada) ok ok ok ok

Tabela 2 - Cronograma de projeto.

7. CONCLUSÃO
Foram realizados quatro exemplos via método dos elementos finitos
utilizando HAR-IEs (elementos finitos de interface com elevada razão de
aspecto) para representar as falhas.
O primeiro deles constitui-se de três geometrias de falhas simétricas
consideradas ora como bandas de deformação, ora como fraturas. Os resultados
mostram que os HAR-IEs são capazes de capturar tanto as descontinuidades no
campo de pressão geradas pela presença das bandas de deformação, quanto a
continuidade do campo relacionada às fraturas. Tal comportamento demonstra
que os HAR-IEs são capazes de reproduzir com eficácia o efeito dos dois tipos
de falha.
O segundo exemplo foi um caso de benchmark proposto por Flemisch et al.
(2018). De maneira semelhante ao primeiro exemplo, também foram
consideradas duas situações, isto é, as falhas representando bandas de
deformação e fraturas. As respostas obtidas foram comparadas com aquelas
apresentadas por Flemisch et al. (2018). Os resultados mostram uma boa
semelhança entre o método com HAR-IEs e as respostas de referência.
O terceiro exemplo também trata de uma comparação feita com um
benchmark proposto por Flemisch et al. (2018). Nesse caso, buscou-se analisar
uma geometria mais complexa, contendo simultaneamente fraturas e bandas de
deformação. Assim como no exemplo anterior, os resultados são muito próximos
às soluções de referência.
Por fim, o quarto exemplo teve como objetivo realizar uma análise com base
em um benchmark mais realista proposto por Flemisch et al. (2018). Da mesma
forma que nos dois outros exemplos anteriores, a solução obtida foi muito
próxima da referência.
Com isso, conclui-se que as respostas obtidas com elementos finitos
triangulares lineares com elevada razão de aspecto são satisfatórias e
promissoras, tanto por serem capazes de capturar as alterações nos campos de
pressão causadas por bandas de deformação e/ou fraturas, quanto por
apresentarem respostas muito próximas às referências da literatura mesmo para
casos complexos e próximos a realidade. Assim, percebe-se que representar
falhas por HAR-IEs consiste em uma boa ferramenta para problemas que
envolvam a modelagem e/ou análise de falhas em rochas reservatório.

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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