Você está na página 1de 39

JURISDIÇÃO

PROF. CRISTIANA ZUGNO PINTO RIBEIRO


CHIOVENDA:
• Legislador: função de criação do Direito
(leis abstratas)
• Juiz: função de aplicação do Direito

Aplicação da lei abstrata ao caso concreto


CHIOVENDA:
• Jurisdição é a função do Estado que tem por
escopo a atuação da vontade concreta da lei por
meio da substituição da atividade intelectual das
partes pela atividade intelectual do juiz
• Juiz afirma a existência ou não da vontade
concreta da lei em relação às partes
• O verdadeiro poder estatal estava na lei; a
jurisdição apenas se manifestava a partir da
revelação da vontade do legislador
CRÍTICA:
• Não há atividade substitutiva do juiz quando
decide questões processuais (competência,
impedimento, suspeição etc.), mas há exercício
de jurisdição

• Toda interpretação induz à reconstrução da ordem


jurídica
CONCEITO MODERNO
(Fredie Didier Jr., Curso, v. 1)

A jurisdição é a função atribuída a terceiro


imparcial de realizar o Direito de modo imperativo
e criativo (reconstrutivo),
reconhecendo/efetivando/protegendo situações
jurídicas concretamente deduzidas, em decisão
insuscetível de controle externo e com aptidão
para tornar-se indiscutível.
• Função atribuída a terceiro imparcial
(heterocomposição)
 Técnica de solução de conflitos por
heterocomposição
 Um terceiro substitui a vontade das partes e
determina a solução do problema apresentado
 Terceiro = estranho ao conflito
 Imparcial = desinteressado no conflito
 Imparcialidade não se confunde com neutralidade
Cumpre ao Estado dizer qual das partes está com
a razão
• de realizar o Direito de modo imperativo

 Jurisdição é a manifestação de um poder

 É fruto de um órgão estatal, dotado de


império, investido em garantias funcionais que
lhe outorguem imparcialidade e independência
(art. 95 – vitaliciedade, inamovibilidade e
irredutibilidade de vencimentos)

 Imposição imperativa, as partes devem se


submeter à decisão do órgão jurisdicional
• e criativo (reconstrutivo)
 Atividade de reconstrução da ordem jurídica

 Função de interpretação da lei

 Postura ativa do juiz

 Juiz deve interpretar a lei conforme a


Constituição Federal

 Juiz resolve o problema que lhe é submetido


ainda que a situação concreta não esteja prevista
na lei. Ex.: relações homoafetivas
• reconhecendo/efetivando/protegendo situações jurídicas
concretamente deduzidas
 Jurisdição é técnica de tutela de direitos mediante um
processo que deve ser prévio
 O processo é o método de exercício da jurisdição, é o
instrumento para o exercício do direito de ação
 A jurisdição sempre atua sobre uma situação jurídica
concreta
 Determinado problema é levado à apreciação do órgão
jurisdicional
 A lei não é feita para o caso concreto – leis abstratas
 A jurisdição atua no caso concreto
• em decisão insuscetível de controle externo

 Inexistência de controle externo da decisão judicial

 À jurisdição cabe dar a última palavra, dar a solução


final do problema

A jurisdição controla a função legislativa (controle de


constitucionalidade) e a função administrativa
(controle dos atos administrativos), mas não é
controlada por nenhum dos outros poderes

 A jurisdição somente é controlada pela própria


jurisdição
• com aptidão para tornar-se indiscutível

 Coisa julgada

 Somente uma decisão judicial pode tornar-


se indiscutível e imutável pela coisa julgada
CONCEITO MODERNO
(Luiz Rodrigues Wambier e Eduardo Talamini
Curso Avançado de Processo Civil – vol. 1)

Define-se jurisdição como a atividade estatal,


revestida de imperatividade, que tem por escopo próprio
a atuação do ordenamento (o Direito, compreendido em
sua integralidade), por agente imparcial (no sentido de
não parte, de alheio às posições dos sujeitos
envolvidos), investido de garantias institucionais e
pessoais que lhe garantam essa posição – atividade essa
impassível de revisão pelas demais funções estatais
(“reserva de sentença”).
CONCLUSÃO

A jurisdição tem a função de tutelar (ou proteger)


os direitos

TUTELA JURISDICIONAL

• É resposta da jurisdição ao direito de ação das


partes
• Pode ou não conduzir à tutela do direito do autor
JURISDIÇÃO
• É a função do Estado destinada à solução de conflitos

• A função jurisdicional é exercida pelo Poder Judiciário

• Juízes (magistrados de primeira instância),


Desembargadores (órgãos colegiados de segunda
instância - tribunais) e Ministros (tribunais superiores)

• O juiz é um terceiro, um estranho, alguém alheio ao


conflito que vai julgar. Juiz é imparcial.

• A jurisdição atua quando é provocada, mediante a


prestação de uma TUTELA JURISDICIONAL
EQUIVALENTES JURISDICIONAIS
(formas não jurisdicionais de resolução de conflitos)

AUTOTUTELA
 Imposição da decisão de uma parte (o mais
forte) em detrimento de outra

 Solução vedada no ordenamento jurídico

 Autotutela admitida: art. 1.210, § 1º, CC


(posse); legítima defesa

 Passível de controle jurisdicional


EQUIVALENTES JURISDICIONAIS
(formas não jurisdicionais de resolução de conflitos)

AUTOCOMPOSIÇÃO
 O sistema do direito processual civil brasileiro é
estruturado no sentido de estimular a autocomposição
 Pode ocorrer dentro ou fora do processo
jurisdicional
 Mediação e conciliação
 Novo CPC: art. 3º, 165/175, 139, V, 334
 Lei nº 13.140/2015 (mediação)
EQUIVALENTES JURISDICIONAIS
(formas não jurisdicionais de resolução de conflitos)

TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS (heterocomposição)

 Processo Administrativo

 Decisões suscetíveis de reexame pelo Poder Judiciário

 Decisões não produzem coisa julgada

 Ex.: CADE (Conselho Administrativo de Defesa


Econômica); TARF (Tribunal Administrativo de Recursos
Fiscais); Tribunal de Contas
EQUIVALENTES JURISDICIONAIS
(formas não jurisdicionais de resolução de conflitos)

ARBITRAGEM (Heterocomposição)
 Lei nº 9.307/1996 – convenção de arbitragem
 Opção conferida a pessoas capazes para solucionar
problemas relacionados a direitos disponíveis
 Árbitro: terceiro imparcial
 Sentença arbitral dispensa homologação judicial
 Sentença arbitral é título executivo judicial (art. 515,
VII), pois o árbitro pode decidir, mas não tem poder para
tomar providências executivas
CLASSIFICAÇÃO DA JURISDIÇÃO*
QUANTO AO OBJETO

• CONTENCIOSA: Presença de conflito entre as


partes que deve ser resolvido pela jurisdição

• VOLUNTÁRIA: Inexistência de conflito, havendo


consenso entre as partes a respeito da tutela
jurisdicional postulada. Ex.: divórcio consensual;
testamento.

* A jurisdição é UNA enquanto função do Estado


CLASSIFICAÇÃO DA JURISDIÇÃO
QUANTO À ESPECIALIZAÇÃO
(“JUSTIÇA COMPETENTE)

• ESPECIAL: Militar, trabalhista e eleitoral.

• COMUM: A esfera de atribuições é determinada


por exclusão. O que não couber na esfera de
atribuições da justiça especial, competirá à
justiça comum.
CLASSIFICAÇÃO DA JURISDIÇÃO
JUSTIÇA COMUM: QUANTO À MATÉRIA

• PENAL: Realizada pelos juízes responsáveis pela


aplicação do direito penal material.

• CIVIL: A esfera de atribuições é determinada por


exclusão. Abrange todos os ramos não penais:
civil, administrativo, comercial, tributário etc.
CLASSIFICAÇÃO DA JURISDIÇÃO
JUSTIÇA COMUM: ÓRGÃOS JURISDICIONAIS

• JUSTIÇA FEDERAL: Competência prevista no art.


109 CF; relaciona-se principalmente com as
causas em que são partes a União, entidade
autárquica ou empresa pública federal.
• JUSTIÇA ESTADUAL: Competência residual: o que
não estiver na competência da Justiça Federal,
especial e comum
CLASSIFICAÇÃO DA JURISDIÇÃO

MILITAR

ESPECIAL TRABALHISTA

ELEITORAL

JUSTIÇA

PENAL
FEDERAL
CIVIL
COMUM
PENAL
ESTADUAL
CIVIL
ÓRGÃOS DO PODER JUDICIÁRIO – ART. 92 CF
JUSTIÇA DO TRABALHO – art. 111 CF

• 1º GRAU: juízes do trabalho

• 2º GRAU: Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs)

• SUPERIOR INSTÂNCIA: Tribunal Superior do


Trabalho (TST)
ÓRGÃOS DO PODER JUDICIÁRIO – ART. 92 CF
JUSTIÇA ELEITORAL – art. 118 CF

• Juntas Eleitorais

• 1º GRAU: juízes eleitorais

• 2º GRAU: Tribunais Regionais Eleitorais (TRE’s)

• SUPERIOR INSTÂNCIA: Tribunal Superior Eleitoral


(TSE)
ÓRGÃOS DO PODER JUDICIÁRIO – ART. 92 CF
JUSTIÇA MILITAR – art. 122 CF

• Competência: processar e julgar os crimes


militares

• 1º GRAU: juízes militares

• 2º GRAU: Tribunais Militares

• SUPERIOR INSTÂNCIA: Superior Tribunal Militar


(STM)
ÓRGÃOS DO PODER JUDICIÁRIO – ART. 92 CF
JUSTIÇA FEDERAL – art. 106 CF

• 1º GRAU: juízes federais


• 2º GRAU: Tribunais Regionais Federais (TRFs)

• 5 TRF’s, compostos por Desembargadores nomeados pelo


Presidente da República
• Brasileiros entre 30 e 65 anos de idade
• 1/5 dentre advogados com mais de 10 anos de efetiva
atuação profissional e membros do MP com mais de 10 anos
de carreira
• Os demais, mediante promoção de juízes federais com mais
de 5 anos de exercício, por antiguidade e merecimento,
alternadamente.
ÓRGÃOS DO PODER JUDICIÁRIO – ART. 92 CF
JUSTIÇA ESTADUAL– art. 125 CF

• Competência residual: o que não estiver na


competência da Justiça Federal, especial e
comum

• 1º GRAU: juízes de direito

• 2º GRAU: Tribunais de Justiça (TJ’s)


ÓRGÃOS DO PODER JUDICIÁRIO – ART. 92 CF
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF) – art. 101 CF

• Órgão de cúpula do Poder Judiciário


• Guardião da Constituição Federal
• Composto por 11 juízes, intitulados Ministros,
indicados e nomeados pelo Presidente da
República, depois de aprovada a escolha pela
maioria absoluta do Senado Federal
• Requisitos: cidadãos entre 35 e 65 anos com
notável saber jurídico e reputação ilibada
ÓRGÃOS DO PODER JUDICIÁRIO – ART. 92 CF
ATUAIS MINISTROS DO STF
• Min. Dias Toffoli – Presidente
• Min. Luiz Fux – Vice-Presidente
• Min. Celso de Mello – Decano
• Min. Marco Aurélio
• Min. Gilmar Mendes
• Min. Ricardo Lewandowsky
• Min. Carmen Lúcia
• Min. Rosa Weber
• Min. Roberto Barroso
• Min. Edson Fachin
• Min. Alexandre de Moraes
ÓRGÃOS DO PODER JUDICIÁRIO – ART. 92 CF
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA (STJ) – art. 104 CF

• Compete o controle da legalidade e a uniformização da


jurisprudência
• Composto por 33 juízes, intitulados Ministros, indicados e
nomeados pelo Presidente da República, depois de
aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado
Federal
• Requisitos: brasileiros entre 35 e 65 anos com notável
saber jurídico e reputação ilibada, sendo 1/3 membros
dos TRF’s, 1/3 membros dos TJ’s e 1/3 entre advogados e
membros do MP
ÓRGÃOS DO PODER JUDICIÁRIO – ART. 92 CF
CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – art. 103-B CF

• Função: controle da atuação administrativa e


financeira do Poder Judiciário e do cumprimento
dos deveres funcionais dos juízes
• Composto por 15 membros, com mandato de 2
anos, admitida uma recondução
• Presidido pelo Presidente do STF; os demais
membros são nomeados pelo Presidente da
República, depois de aprovada a escolha pela
maioria absoluta do Senado Federal
INCLUIR QUADRO PAG.143 CURSO WAMBIER E
TALAMINI
FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA
ADVOCACIA: PRIVADA E PÚBLICA
• Privada: exercida por advogados contratados

• Pública: exercida por Defensores Públicos


Federais e Estaduais, Advogados da União,
Procuradores Federais, Estaduais e Municipais

• Art. 133 CF: o advogado é indispensável à


administração da justiça, sendo inviolável por
seus atos e manifestações no exercício da
profissão, nos limites da lei
FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA
ADVOCACIA PÚBLICA

• Art. 131 CF: a Advocacia-Geral da União


representa a União, judicial e extrajudicialmente,
cabendo-lhe as atividades de consultoria e
assessoramento jurídico do Poder Executivo
• Chefe da AGU: Advogado-Geral da União,
nomeado pelo Presidente da República
• Na execução da dívida ativa de natureza
tributária, a representação da União cabe à
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (§ 3º do
art. 131 CF)
FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA
ADVOCACIA PÚBLICA

• Unidades da Federação são representadas pelos


procuradores dos Estados e do Distrito Federal -
art. 132 CF

• Municípios são representados pelos procuradores


do Município

• Previsão de prazo em dobro para manifestação


processual e intimação pessoal – art. 183 CPC
FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA
DEFENSORIA PÚBLICA

• Função: exercício de orientação jurídica, promoção


dos direitos humanos e a defesa, em todos os
graus, judicial e extrajudicial, dos direitos
individuais e coletivos, de forma integral e gratuita,
aos necessitados, na forma do art. 5º, LXXIV da CF
– art. 134 CF e art. 185 CPC
• Previsão de prazo em dobro para manifestação
processual e intimação pessoal – art. 186 CPC
• Aplica-se aos escritórios de prática jurídica das
faculdades de Direito reconhecidas – art. 186, § 3º
FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA
MINISTÉRIO PÚBLICO
• Função: defesa da ordem jurídica, do regime
democrático e dos interesses sociais e individuais
indisponíveis - art. 127 CF e art. 176 CPC
• Autonomia e independência em relação ao Poder
Judiciário
• Direito de ação conforme art. 129 CF
• Intervenção como fiscal da ordem jurídica nos
processos que envolvam(art. 178 CPC) :
 interesse público ou social;
 interesse de incapaz;
 litígios coletivos pela posse de terra rural ou urbana.
FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA
MINISTÉRIO PÚBLICO

• Previsão de prazo em dobro para manifestação


processual e intimação pessoal – art. 180

• MP da União: MP Federal, MP do Trabalho, MP


Militar e MP do Distrito Federal e Territórios.
Chefe: Procurador-Geral da República nomeado
pelo Presidente da República – art. 128, § 1º

• MP dos Estados

Chefe: Procurador-Geral nomeado pelo Chefe do


Poder Executivo

Você também pode gostar