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Mansur Lucio Camilo Carangueza

Tema: Responsabilidade civil da Administração Publica

Curso: Gestão de empresas e recursos humanos 3° Ano

Instituto superior de ciências e tecnologia Alberto Chipande

Pemba, Junho de 2021


Mansur Lucio Camilo Carangueza

Tema: Responsabilidade civil da Administração Publica

Licenciatura em contabilidade e auditoria 3o Ano

O trabalho de Caracter avaliativo a ser


entregue o docente da cadeira de Direito
de trabalho do Curso de Gestão de
empresas e recursos humanos 3o Ano

Docente:dra. Ancha Chitenze Inglon

Instituto superior de ciências e tecnologia Alberto Chipande

Pemba, Junho de 2021

Índice
Capítulo I: Introdução:..............................................................................................................1
1.1. Contextualização..........................................................................................................1
1.1. Objetivos......................................................................................................................2
1.1.1. Geral:........................................................................................................................2
1.1.2. Específicos:...............................................................................................................2
1.2. Metodologia.................................................................................................................2
Capítulo II: Revisão da Literatura.............................................................................................3
2.1. Enquadramento Conceptual:.............................................................................................3
A responsabilidade civil da Administração Publica...................................................................3
1.2. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA RESPONSABILIDADE CIVIL.......................................................4
1.3 ESPÉCIES DA RESPONSABILIDADE CIVIL..............................................................................5
1.3 RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJECTIVA E OBJECTIVA..........................................................6
1.4 RESPONSABILIDADE CIVIL CONTRATUAL E EXTRACONTRATUAL........................................6
1.5 PRESSUPOSTOS GERAIS DA RESPONSABILIDADE CIVIL.......................................................7
1.6 CONDUTA...........................................................................................................................8
1.7. DANO.................................................................................................................................9
1.8 NEXO DE CAUSALIDADE....................................................................................................11
1.9. CULPA..............................................................................................................................11
1.14. PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA...............................12
Capítulo III: Conclusão............................................................................................................13
3.1. Referências Bibliográficas................................................................................................14
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Capítulo I: Introdução:

O Presente trabalho é concernente o módulo de Responsabilidade civil do Estado no


âmbito da Administração Pública que se encontra a sua acomodação Constitucional de
forma inequívoca nos termos do n.º 2 do artigo 58 da CRM/2004.

Na época do absolutismo o Estado não respondia pelos actos danosos que seus
funcionários causassem as vítimas, entretanto, com o advento da Revolução Francesa
tem-se uma queda no autoritarismo monárquico e a população começa uma forma de
repressão aos desmandos do rei. Diante disto surgem diplomas que instituíam
responsabilidade ao Estado devido aos prejuízos causados, mediante o pagamento de
indemnização a vítima. A partir daí o Estado sai da posição de completamente
irresponsável civilmente e avança para a fase da Responsabilidade Subjectiva até chegar
à fase da Responsabilidade Objectiva.

1.1. Contextualização

“A noção da responsabilidade pode ser haurida da própria origem da palavra, que vem
do latim respondere, responder a alguma coisa, ou seja, a necessidade que existe de
responsabilizar alguém pelos seus actos danosos. Essa imposição estabelecida pelo meio
social regrado, através dos integrantes da sociedade humana, de impor a todos o dever
de responder por seus actos, traduz a própria noção de justiça existente no grupo social
estratificado. Revela-se, pois, como algo inarredável da natureza humana”

Segundo Sílvio Rodrigues “A responsabilidade civil é a obrigação que pode incumbir


uma pessoa a reparar o prejuízo causado a outra, por fato próprio, ou por facto de
pessoas ou coisas que dela dependam”
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1.1. Objetivos

1.1.1. Geral:

 Fornecer Conhecimentos sólidos acerca da reasponsabilidade civil.


1.1.2. Específicos:

 Compreender Responsabilidade Civil Objectiva baseada na teoria do


risco administrativo.

1.2. Metodologia

Na elaboração deste trabalho foi usado o método de procedimentos, bibliográfico.

Quanto a técnica foi usada a documentação indireta que é constituída pelas técnicas
documental e bibliográfica:

Técnica Documental: aquisição de conhecimentos a partir do emprego de informações


retiradas de material sem tratamento analítico.

Técnica Bibliográfica: com recurso a fontes bibliográficas (material já publicado e


com direitos autorais)
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Capítulo II: Revisão da Literatura.

2.1. Enquadramento Conceptual:

A responsabilidade civil da Administração Publica

De acordo com Rui Stoco A ideia de responsabilidade civil está relacionada à noção de
não prejudicar outro. A responsabilidade pode ser definida como a aplicação de medidas
que obriguem alguém a reparar o dano causado a outrem em razão de sua acção ou
omissão.

“ O termo responsabilidade é Dever jurídico, em que se coloca a pessoa, seja em virtude


de contrato, seja em face de fato ou omissão, que lhe seja imputado, para satisfazer a
prestação convencionada ou para suportar as sanções legais, que lhe são impostas. Onde
quer, portanto, que haja obrigação de fazer, dar ou não fazer alguma coisa, de ressarcir
danos, de suportar sanções legais ou penalidades, há a responsabilidade, em virtude da
qual se exige a satisfação ou o cumprimento da obrigação ou da sanção”.

“No direito actual, a tendência é de não deixar a vítima de actos ilícitos sem
ressarcimento, de forma a restaurar seu equilíbrio moral e patrimonial O lesionamento a
elementos integrantes da esfera jurídica alheia acarreta ao agente a necessidade de
reparação dos danos provocados. É a responsabilidade civil, ou obrigação de
indemnizar, que compele o causador a arcar com as consequências advindas da acção
violadora, ressarcindo os prejuízos de ordem moral ou patrimonial, decorrente de facto
ilícito próprio, ou de outrem a ele relacionado”.

Em seu sentido etimológico e também no sentido jurídico, a responsabilidade civil está


atrelada a ideia de contraprestação, encargo e obrigação. Entretanto é importante
distinguir a obrigação da responsabilidade. “A obrigação é sempre um dever jurídico
originário; responsabilidade é um dever jurídico sucessivo consequente à violação do
primeiro”.

“A responsabilidade Civil do Estado como define com acurácia Celso António Bandeira
de Melo entende-se por responsabilidade Civil do Estado como a obrigação do Estado
que lhe incumbe de reparar economicamente os danos lesivos à esfera juridicamente
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garantida de outrem e que sejam imputáveis em decorrência de comportamentos


unilaterais lícitos ou ilícitos, comissivos ou omissivos, materiais ou jurídicos”.

Conceito de Administração pública é um conceito da área do Direito que descreve o


conjunto de agentes, serviços e órgãos instituídos pelo Estado com o objectivo de
fazer a gestão de certas áreas de uma sociedade, como Educação, Saúde, Cultura, etc.
Administração pública também representa o conjunto de acções que compõem a função
administrativa.         

1.2. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA RESPONSABILIDADE CIVIL

A responsabilidade civil é matéria viva e dinâmica que constantemente se renova de


modo que, a cada momento, surgem novas teses jurídicas a fim de atender às
necessidades sociais emergentes. A responsabilidade civil é o instituto de direito civil
que teve maior desenvolvimento nos últimos 100 anos. Este instituto sofreu uma
evolução pluridimensional, tendo em vista que sua expansão se deu quanto a sua
história, a seus fundamentos, a sua área de incidência e a sua profundidade.

O conceito de responsabilidade, em reparar o dano injustamente causado, por ser


próprio da natureza humana, sempre existiu. A forma de reparação deste dano,
entretanto, foi transformando-se ao longo do tempo, sofrendo desta forma uma
evolução.

“A origem do instituto da responsabilidade civil parte do Direito Romano, e esta


calcada na concepção de vingança pessoal, sendo uma forma por certo rudimentar, mas
compreensível do ponto de vista humano como lídima reacção pessoal contra o mal
sofrido mesmo após o surgimento da Lei das XII Tábuas, que foi um marco do Direito
Romano, ainda era possível identificar a presença da chamada Pena do Talião, que traz
o princípio Olho por olho, e dente por dente”.

Com o passar do tempo a aplicação desta pena, entretanto, passou a ser marcada pela
intervenção do poder público, que poderia permiti-la ou proibi-la.

Posteriormente, ainda vigorando a Lei das XII Tábuas, inicia-se o período da


composição tarifada, onde a própria lei determinava o quantum para a indemnização,
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regulando o caso concreto. Nas palavras de Alvino Lima, esta fase “é a reacção contra a
vingança privada, que é assim abolida e substituída pela composição obrigatória”

Conforme a doutrina maioritária lecciona, a maior evolução do instituto ocorreu com o


advento da Lex Aquilia, que deu origem a denominação da responsabilidade civil
delitual ou extracontratual, que é também chamada de responsabilidade aquiliana. Como
ensina Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho: “Um marco na evolução
histórica da responsabilidade civil se dá, porém, com a edição da Lex Aquilia, cuja
importância foi tão grande que deu nome a nova designação da responsabilidade civil
delitual ou extracontratual”.

Esta legislação destacou-se por trazer a substituição da multa fixa por uma pena
proporcional ao dano causado.

O intitulado dammun injúria datum, regulado por esta lei, definia o delito praticado por
alguém que prejudicasse a outrem, injustificadamente, por dolo ou culpa, tanto física
como materialmente.

“A indemnização permanecia substituindo o carácter da pena, sendo que os textos


relativos a acções de responsabilidade se espraiaram de tal forma que, em ultimo grau
do direito romano, já não mais faziam menção apenas aos danos materiais, mas também
aos danos morais.”

Na legislação francesa, mais precisamente no Código Civil de Napoleão, a culpa foi


inserida como pressuposto da responsabilidade civil aquiliana, influenciando diversas
legislações, até mesmo o Código Civil Moçambicano actualizado pelo Decreto-Lei n.º
3/2006, de 23 de Agosto.

1.3 ESPÉCIES DA RESPONSABILIDADE CIVIL

A responsabilidade civil costuma ser classificada pela doutrina em razão da culpa e


quanto a natureza jurídica da norma violada.

Quanto ao primeiro critério a responsabilidade é dividida em objectiva e subjectiva. Em


razão do segundo critério ela pode ser dividida em responsabilidade contratual e
extracontratual.
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1.3 RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJECTIVA E OBJECTIVA

Denomina-se responsabilidade civil subjectiva aquela causada por conduta culposa lato
sensu, que envolve a culpa stricto sensu e o dolo. A culpa (stricto sensu) caracteriza-se
quando o agente causador do dano praticar o acto com negligência ou imprudência. Já o
dolo é a vontade conscientemente dirigida à produção do resultado ilícito.

Até determinado momento da história a responsabilidade civil subjectiva foi suficiente


para a resolução de todos os casos. Contudo, com o passar do tempo, tanto a doutrina
quanto a jurisprudência passaram a entender que este modelo de responsabilidade,
baseado na culpa não era suficiente para solucionar todos os casos existentes. Este
declínio da responsabilidade civil subjectiva se deu principalmente em função da
evolução da sociedade industrial e o consequente aumento dos riscos de acidentes de
trabalho.

“A necessidade de maior protecção a vítima fez nascer a culpa presumida, de sorte a


inverter o ónus da prova e solucionar a grande dificuldade daquele que sofreu um dano
demonstrar a culpa do responsável pela acção ou omissão, o próximo passo foi
desconsiderar a culpa como elemento indispensável, nos casos expressos em lei,
surgindo a responsabilidade objectiva, quando então não se indaga se o acto é culpável”

Nesse contexto surge a denominada responsabilidade civil objectiva, que prescinde da


culpa. A teoria do risco é o fundamente dessa espécie de responsabilidade, sendo
resumida por Sérgio Cavalieri nas seguintes palavras: “ De acordo com Cavalieri Filho
Todo prejuízo deve ser atribuído ao seu autor e reparado por quem o causou
independente de ter ou não agido com culpa. Resolve-se o problema na relação de nexo
de causalidade, dispensável qualquer juízo de valor sobre a culpa”

1.4 RESPONSABILIDADE CIVIL CONTRATUAL E EXTRACONTRATUAL

A responsabilidade civil pode ser classificada, de acordo com a natureza do dever


jurídico violado pelo causador do dano, em contratual ou extracontratual.

Na primeira, configura-se o dano em decorrência da celebração ou da execução de um


contrato. O dever violado é oriundo ou de um contrato ou de um negócio jurídico
unilateral. Se duas pessoas celebram um contrato, tornam-se responsáveis por cumprir
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as obrigações que convencionaram. Acerca da responsabilidade por actos unilaterais de


vontade César Fiúza lecciona:

 “A responsabilidade por actos unilaterais de vontade, como a promessa de recompensa


é também contratual, por assemelhação, uma vez que os actos unilaterais só geram
efeitos e, portanto, responsabilidade, após se bilateralizarem, Se um indivíduo promete
pagar uma recompensa a que lhe restitui os documentos perdidos, só será efectivamente
responsável, se e quando alguém encontrar e restituir os documentos, ou seja, depois da
bilaterização da promessa.”

Já a responsabilidade propriamente dita, a extracontratual, que também é denominada


de aquiliana, tem por fonte deveres jurídicos originados da lei ou do ordenamento
jurídico considerado como um todo. O dever jurídico violado não está previsto em
nenhum contrato e sem existir qualquer relação jurídica anterior entre o lesante e a
vítima; o exemplo mais comum na doutrina é o clássico caso da obrigação de reparar os
danos oriundos de acidente entre veículos.

Esta categoria de responsabilidade civil - que visa a reparar os danos decorrentes da


violação de deveres gerais de respeito pela pessoa e bens alheios – costuma ser
denominada de responsabilidade em sentido estrito ou técnico ou, ainda,
responsabilidade civil geral.

Na prática, tanto a responsabilidade contratual como a extracontratual dão ensejo à


mesma consequência jurídica: a obrigação de reparar o dano. Desta forma, aquele que,
mediante conduta voluntária, transgredir um dever jurídico, existindo ou não negócio
jurídico, causando dano a outrem, deverá repará-lo.

1.5 PRESSUPOSTOS GERAIS DA RESPONSABILIDADE CIVIL

Os actos ilícitos são aqueles que contrariam o ordenamento jurídico lesando o direito
subjectivo de alguém. É ele que faz nascer à obrigação de reparar o dano e que é
imposto pelo ordenamento jurídico.

O Código Civil Moçambicano estabelece a definição de factos ilícito em seu artigo 483:
“Aquele que, com dolo ou mera culpa, violar ilicitamente o direito de outrem ou
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qualquer disposição legal destinada a proteger interesses alheios fica obrigado a


indemnizar o lesado pelos danos resultantes da violação.”.

Através da análise deste artigo é possível identificar os elementos da responsabilidade


civil, que são: ilicitude, a conduta culposa do agente, nexo causal, dano e culpa. Este
artigo é a base fundamental da responsabilidade civil, e consagra o princípio de que a
ninguém é dado o direito de causar prejuízo a outrem.

Na lição de Fernando Noronha, para que surja a obrigação de indemnizar é necessário


os seguintes pressupostos:

1. Que haja um facto (uma acção ou omissão humana, ou um facto humano, mas
independente da vontade, ou ainda um facto da natureza), que seja antijurídico, isto é,
que não seja permitido pelo Direito, em si mesmo ou nas suas consequências;

2.Que o facto possa ser imputado a alguém, seja por dever a actuação culposa da pessoa,
seja por simplesmente ter acontecido no decurso de uma actividade realizada no
interesse dela;

3.Que tenham sido produzidos danos;

4. Que tais danos possam ser juridicamente considerados como causados pelo acto ou
facto praticado, embora em casos excepcionais seja suficiente que o dano constitua risco
próprio da actividade do responsável, sem propriamente ter sido causado por esta.

1.6 CONDUTA

O elemento primário de todo acto ilícito, e por consequência da responsabilidade civil é


uma conduta humana. Entende-se por conduta o comportamento humano voluntário,
que se exterioriza através de uma acção ou omissão, produzindo consequências
jurídicas.

No entendimento de Maria Helena Diniz a conduta é:

“A acção, elemento constitutivo da responsabilidade, vem a ser o acto humano,


comissivo ou omissivo, ilícito ou lícito, voluntário e objectivamente imputável do
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próprio agente ou de terceiro, ou o fato de animal ou coisa inanimada, que cause dano a
outrem, gerando o dever de satisfazer os direitos do lesado.”

A responsabilidade decorrente do acto ilícito baseia-se na ideia de culpa, enquanto a


responsabilidade sem culpa baseia-se no risco. O acto comissivo é aquele que não
deveria, enquanto a omissão é a não observância de um dever.

A voluntariedade é qualidade essencial da conduta humana, representando a liberdade


de escolha do agente. Sem este elemento não haveria de se falar em acção humana ou
responsabilidade civil.

O ato de vontade, em sede de responsabilidade civil, deve ser contrário ao ordenamento


jurídico. É importante ressaltar que voluntariedade significa pura e simplesmente o
discernimento, a consciência da acção, e não a consciência de causar um resultado
danoso sendo este o conceito de dolo. Cabe destacar ainda, que a voluntariedade deve
estar presente tanto na responsabilidade civil subjectiva quanto na responsabilidade
objectiva.

1.7. DANO

A existência de dano é requisito essencial para a responsabilidade civil. Não seria


possível se falar em indemnização, nem em ressarcimento se não existisse o dano.

“O acto ilícito nunca será aquilo que os penalistas chamam de crime de mera conduta;
será sempre um delito material, com resultado de dano. Sem dano pode haver
responsabilidade penal, mas não há responsabilidade civil. Indemnização sem dano
importaria enriquecimento ilícito; enriquecimento sem causa para quem a recebesse e
pena para quem a pagasse, porquanto o objectivo da indemnização, sabemos todos, é
reparar o prejuízo sofrido pela vítima, reintegrá-la ao estado em que se encontrava antes
da prática do ato ilícito. E, se a vítima não sofreu nenhum prejuízo, a toda evidência,
não haverá o que ressarcir. Daí a afirmação, comum a praticamente todos os autores, de
que o dano é não somente o fato constitutivo mas, também, determinante do dever de
indemnizar” 
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Segundo Maria Helena Diniz “o dano pode ser definido como a lesão (diminuição ou
destruição) que, devido a um certo evento, sofre uma pessoa, contra a sua vontade, em
qualquer bem ou interesse jurídico, patrimonial ou moral.

“O dano é, pois, elemento essencial e indispensável à responsabilização do agente, seja


essa obrigação originada de acto ilícito ou de inadimplemento contratual, independente,
ainda, de se tratar de responsabilidade objectiva ou subjectiva.”

Para que o dano seja indemnizável é necessária à existência de alguns requisitos.


Primeiramente é preciso que haja a violação de um interesse jurídico patrimonial ou
extrapatrimonial de uma pessoa física ou jurídica.

Desta forma, o dano pode ser dividido em patrimonial e extrapatrimonial. O primeiro


também conhecido como material é aquele que causa destruição ou diminuição de um
bem de valor económico. O segundo também chamado de moral é aquele que está
afecto a um bem que não tem carácter económico não é mensurável e não pode retornar
ao estado anterior.

Os bens extrapatrimoniais são aqueles inerentes aos direitos da personalidade, quais


sejam, direito a vida a integridade moral, física, ou psíquica. Por essa espécie de bem
possuir valor imensurável, é difícil valorar a sua reparação, nos termos do artigo 70 do
CC.

O dano patrimonial subdivide-se em danos emergentes e lucros cessantes.

O Código Moçambicano estabelece no art. 564/1: “ O dever de indemnizar compreende


não só o prejuízo causado, como os benefícios que o lesado deixou de obter em
consequência da lesão”. 

Cabe citar Agostinho Alvim: “pode-se dizer que o dano ora produz o efeito de diminuir
o património do credor, ora o de impedir-lhe o aumento, ou acrescentamento, pela
cessação de lucros, que poderia esperar.”

O dano emergente consiste no efectivo prejuízo suportado pela vítima, ou seja, o que ela
efectivamente perdeu em razão da lesão. É o dano que vem à tona de imediato, em razão
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de um desfalque concreto do património da pessoa lesada, e, por esse motivo, não há


grandes dificuldades para a mensuração da indemnização.

1.8 NEXO DE CAUSALIDADE

O nexo de causalidade é a relação de causa e efeito entre a conduta praticada e o


resultado. Para que se possa caracterizar a responsabilidade civil do agente, não basta
que o mesmo tenha praticado uma conduta ilícita, e nem mesma que a vítima tenha
sofrido o dano. É imprescindível que o dano tenha sido causado pela conduta ilícita do
agente e que exista entre ambos uma necessária relação de causa e efeito.

O nexo de causalidade é requisito essencial para qualquer espécie de responsabilidade,


ao contrário do que acontece com a culpa, que não estar presente na responsabilidade
objectiva.

A igual relevância entre todas as condições justifica-se por um simples exercício de


exclusão: sem cada uma delas o resultado não teria ocorrido. Esta teoria é alvo de
inúmeras críticas, pois pode levar a uma regressão infinita. Caso essa teoria fosse
adoptada na órbita civil, conforme ensina Sérgio Cavalieri, teria que se indemnizar a
vítima de atropelamento não só quem dirigia o veículo com imprudência, mas também
quem lhe vendeu o automóvel, que o fabricou, que forneceu a matéria-prima.

1.9. CULPA

A culpa não é definida e nem conceituada no Código Civil de Moçambique. A regra


geral do Código Civil Moçambicano para caracterizar o acto ilícito, contida no artigo
483, estabelece que este somente se materializará se o comportamento for culposo.
Neste artigo está presente a culpa lato sensu, que abrande tanto o dolo quanto a culpa
em sentido estrito.

Por dolo entende-se, em síntese, a conduta intencional, na qual o agente actua


conscientemente de forma que deseja que ocorra o resultado antijurídico ou assume o
risco de produzi-lo.

Já na culpa stricto sensu não existe a intenção de lesar. A conduta é voluntária, já o


resultado alcançado não. O agente não deseja o resultado, mas acaba por atingi-lo ao
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agir sem o dever de cuidado. A inobservância do dever de cuidado revela-se pela


imprudência, negligência ou imperícia.

 “Quando existe a intenção deliberada de ofender o direito, ou de ocasionar prejuízo a


outrem, há o dolo, isto é, o pleno conhecimento do mal e o directo propósito de o
praticar. Se não houvesse esse intento deliberado, proposital, mas o prejuízo veio a
surgir, por imprudência ou negligencia, existe a culpa (stricto sensu)[24]”

1.14. PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Nos precisos termos do artigo 13 da LBA, “A administração Pública responde pelos


actos ilegais dos seus órgãos, funcionários e agentes no exercício da suas funções de
que resulte danos a terceiros, nos mesmos termos da responsabilidade civil do Estado,
sem prejuízo do respectivo direito de regresso, nos termos da lei[28]”

A responsabilização do Estado, na actualidade, pelos prejuízos causados pelo seu


pessoal não sofre contestação a nível mundial, estruturando Estado, e daí a sua
consagração a nível da lei fundamental. Este principio, por lado, e uma garantia dos
particulares contra as actuações danosa do pessoal do Estado, é o caso do acórdão A
CAMIONAGEM DE MOÇAMBIQUE LDA, em que a Administração Publica foi
condena a pagar a esta empresa 3.318.928.495 meticais ( Três milhões, trezentos e
dezoito milhões, novecentos e vinte oito mil, quatrocentos e noventa e cinco meticais),
da antiga família, a titulo de indemnização, por danos patrimoniais e moras causado
pela 9ª. Secção Laboral do Tribunal Judicial da Cidade de Maputo.

Esta acção de efectivação de responsabilidade civil extracontratual do Estado derivou


do facto de 9ª, Secção Labora ter proferido uma Sentença condenatória contra a empresa
camionagem, por despedimento de trabalhadores injustificadamente. A Empresa
interpôs, tempestivamente, recurso de Apelação ao Tribunal Supremo, só que o tribunal
não fez subir o recurso. Entretanto, embora tivesse admitido recurso, o Tribunal Judicial
Admitiu o requerimento de execução contra a empresa, remetido pelos trabalhadores ora
despedidos injustificadamente, é ilogicamente ordenou, acto contínuo, a penhora, e
posterior venda de um bem patrimonial da empresa (viatura camião cavalo completo, e
uma plataforma). Terminada a execução, foi quando o tribunal fez subir o recurso de
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apelação, que julgado pelo tribunal Supremo declarou nula Sentença do Tribunal
Judicial, nascendo, daí, toda responsabilidade do Estado.

Por outro, “(…) Condição de eficácia do Aparelho administrativo, na medida em que só


será eficiente a Administração que for responsabilizada pelos seus erros[29]”.

O Princípio da responsabilização traduz-se na obrigação de indemnizar os prejuízos


decorrentes das suas acções e omissões no exercício da actividade administrativa de
gestão Pública.

Capítulo III: Conclusão

o epilogar este trabalho importa salientar que Segundo Sílvio Rodrigues “A


responsabilidade civil é a obrigação que pode incumbir uma pessoa a reparar o prejuízo
causado a outra, por fato próprio, ou por facto de pessoas ou coisas que dela dependam.
Olhando este conceito de forma mais profunda importa salientar que de forma mais
clara se notabiliza uma proibição de causar prejuízos ao outrem, caso acontecer carece a
uma responsabilidade como exposto pelo autor.

Portanto, não seria possível falar deste magnífico tema sem abordar sobre a
responsabilidade civil e os seus pressupostos gerais.

Conforme ao exposto, não há dúvida de que actualmente tem-se a aplicabilidade da


Responsabilidade Civil ao Estado de forma mais benéfica já existente para a vítima, e
isso tudo se deve a repressão por parte da população, que inconformada com o descaso
do Estado e seus pressupostos, lutou para chegarmos à situação que se está instalada,
como a Responsabilidade Civil Objectiva baseada na teoria do risco administrativo, na
qual a vítima não precisa provar a culpa da Administração Pública, nem identificar o
servidor público causador do dano para ter o seu prejuízo reparado pelo Estado.
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3.1. Referências Bibliográficas

Legislação REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Constituição da República de


Moçambique, Escolar Editora, 2004.

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Código Civil, actualizado pelo Decreto-Lei n.º


2/2009, de 24 de Abril.

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Decreto 30/2001 de 15 de Junho.

Manuais ALVIM, Agostinho, Da inexecução das obrigações e suas consequências.


São Paulo: Saraiva, 1980.

BITTAR, Carlos Alberto. Curso de direito civil. 1ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 1994.

CARVALHO FILHO, José dos Santos. Direito Administrativo. Ed 10ª. Rio de


JaneiroJúris.2003.

CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de responsabilidade civil. 9ª. Ed, Atlas


Editora, São Paulo, 2010.

CRETELLA JÚNIOR, José. Manual de Direito Administrativo:  7ª ed. Rio de Janeiro,


2000.

MACIE, Albano, Lições de Direito Administrativo vol 1, Editora escolar, Maputo,


Moçambique, 2012.

PRATA, Ana, Dicionário Jurídico, 5ªedicao, Almedina Editores, Coimbra 2013

TELLES, Inocêncio Galvão, Direito das Obrigações, 7.ª Edição, Coimbra Editora,


Coimbra, 2014.

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