Você está na página 1de 3

1) RESENHA

ROSOLÉM, Nathália Prado & ARCHELA, Rosely Sampaio. Geossistema, território e


paisagem como método de análise geográfica. Anais... VI Seminário Latino-Americano de
Geografia Física. II Seminário Ibero-Americano de Geografia Física Universidade de Coimbra,
maio de 2010

A presente resenha se dá a partir do texto de Geossistema, território e paisagem como


método de análise geográfica, publicado no VI Seminário Latino-Americano de Geografia
Física, em 2010, apresentados por Nathália Prado Rosolém e Rosely Sampaio Archela.
O texto começa já explanando sobre a ideia de unidade geográfica de acordo com
George Bertrand, caracterizando a geografia como ciência das relações, com ponto principal
sendo a descrição que resulta numa observação analítica e encontrar as correlações.
Ou seja, uma visão de geografia tradicional
Em contexto temporal, inicialmente temos o ano de 1972, então o cenário o qual
Bertrand está inserido, mesmo ele inserido na escola francesa, ou seja, a tradicional, o cenário
é na consolidação da abordagem sistêmica na Geografia Física, ou seja, a “Nova Geografia”.
O texto assinala um pouco de Ross e sua teoria dos sistemas, como um sistema aberto
que permite identificar um sistema maior ou menor, em que o diferencia um sistema do outro é
a intensidade dos fluxos e a intensidade da dinâmica das trocas de energia e matéria, incluindo
também a sociedade que interfere de alguma forma na funcionalidade de um sistema.
A citação de Ross no texto é tirada de 1995, entretanto a teoria é citada lá em 1950 por
Bertanlanffy, mas é Jean Tricart, francês, que em 1965 demanda de uma geomorfologia menos
exclusivista e mais integrativa e pautada na noção de sistemas abertos, e assim aborda a
teoria geossistêmica. Ele faz uma virada epistemológica.
Esse termo de geossistema é citado primeiramente na geografia russa e

a análise geossistêmica está associada aos sistemas territoriais naturais que se distinguem no
contexto geográfico, constituídos de componentes naturais inter condicionados e
inter-relacionados no tempo e no espaço, como parte de um todo, que possui sua estrutura
influenciada pelos fatores social e econômico.

Abro um parênteses para a escola soviética, para poder entender essa mistura da
geografia nova e a geografia velha ao meu olhar em Bertrand, em que a soviética é muito
restrita ao campo físico-geográfico no tratamento da natureza, é uma escola naturalista e utiliza
diversos métodos de abordagem paisagística na organização do espaço.
Bertrand trabalha com o conceito russo de geossistema e incorpora a dimensão da ação
antrópica, tendo uma dinâmica que resulta da interação entre o potencial ecológico, a
exploração biológica e a ação antrópica.
Entrando no Geossistema, ele vem muito além de uma ferramenta de trabalho, e foi
meio que a primeira expressão dessa insatisfação quanto aos métodos e análises pautados
com essa fragmentação e setorização da realidade. Assim, em 68 ele propõe essa
classificação em 6 níveis têmporo-espaciais decrescentes: zona, domínio, região, (que são as
unidades superiores) e geossistema, geofácies e geótopo, que são unidades progressivamente
inferiores.
Assim, ele introduziu a teoria sistêmica em suas pesquisas para estudar a paisagem
não apenas sob um único ponto de vista: natural ou social. O objetivo foi apreender a relação
homem-meio na ótica da paisagem produzida entre a natureza e a sociedade. Esse método
sistêmico é base para a pesquisa ambiental na geografia e sua relação entre sociedade e
natureza.
Enfim, Bertrand foi se modificando e amadurecendo teoricamente durante os anos.
Inicialmente, temos o homem como principal organizador do geossistema. Mais a frente, ele
desenvolve, em 97, o sistema GTP (geossistema, território e paisagem) que são três vias
interdependentes. Nesse sistema os aspectos subjetivos, simbólico e dimensão histórica são
compreendidos pela ótica da paisagem. Numa perspectiva dialética entre as leis físicas e
sociais. Para ele a paisagem é uma leitura sociocultural do geossistema. Vejo assim, como a
fusão para geografia crítica.
O sistema GTP possibilita fornecer caráter cultural à paisagem, enquanto que o
território configura a entrada que permite analisar as repercussões da organização e
dos funcionamentos sociais e econômicos sobre o espaço considerado e, o
geossistema é um conceito territorial, uma unidade espacial bem delimitada e
analisada a uma dada escala, é um conceito naturalista que põe em evidência a
interação entre seus três componentes: biótico, abiótico, antrópico.
O GTP emerge a partir de uma necessidade de mudança na ciência geográfica,
buscando entender os fenômenos entre natureza e sociedade de maneira integrada, onde
geossistema, território e paisagem aparecem com significados e valores diferenciados, porém
coexistentes e conferindo dinâmica àquilo que chamamos de espaço geográfico. Há uma
pequena fusão da geografia sistêmica com a geografia crítica ao tocar nos tópicos de análise
social e espacial.

2) Considerando os dois textos trabalhados, defina GEOSSISTEMA, TERRITÓRIO E


PAISAGEM de acordo com Bertrand?

GEOSSISTEMA: É um sistema de modelos de paisagem, em que se é feito uma análise de


variáveis naturais e antrópicas. O autor se baseia no conceito russo, que é natural, e adiciona a
dimensão antrópica, resultando em uma dinâmica de interação de potencial ecológico com a
exploração biológica e ação antrópica. É a visão naturalista.

PAISAGEM: A combinação dinâmica e estável de elementos físicos, biológicos e antrópicos,


reagindo dialeticamente, resulta em um determinado espaço, sendo esse a paisagem. Essa,
por sua vez, está em constante evolução e é indissociável dessa combinação supracitada. Vai
além do visível, possui a construção cultural e econômica de determinado espaço. É elemento
estruturante da identidade dos indivíduos e dos territórios. É a visão sociocultural.

TERRITÓRIO: Dentro de uma paisagem, se tem um território, o qual permite a análise de seu
funcionamento social, econômico e de espaço. Ou seja, é um conceito social e com dimensão
naturalista, com a visão socioeconômica.
3) 1. A proposta de delimitação de Bertrand (1971) referente a escala de análise, tem
como objetivo apresentar uma tipologia dinâmica da paisagem que represente a
hierarquia de seus elementos classificando em unidades superiores (zona, domínio e
região) e unidades inferiores (geossistema, geofácies e geótopo). Caracterize cada
uma dessas unidades, a partir do que sintetizaram Bertrand e Bertrand (2008) na
Tabela 1?

Zona remete ao conceito de algo que se distribui entre zonas, zonalidades planetárias, as quais
definidas por clima e biomas. O relevo e o clima fazem uma combinação a qual resulta em um
domínio, em que se individualiza uma porção da região natural, apresentando características
morfológicas e climáticas diferentes das predominantes na zona.
Os dados, potencial ecológicos e a exploração biológica do espaço definem um geossistema.
Dentro desse geossistema, duas unidades se formam, sendo as geofácies um setor
fisionomicamente homogêneo e os geótopos uma menor unidade geográfica homogênea
perceptível dentro do terreno.

Você também pode gostar