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A análise compreende o processo político que vai desde o seu ato inaugural - que
abriria as cortinas de um novo ciclo de mobilização no bojo das lutas pela liberação
democrática numa sociedade fortemente mobilizada contra a ditadura -, até a
institucionalização de suas demandas e lideranças políticas, estas últimas agora agentes da
igualdade racial junto ao poder público instituído.
A expressão "protesto negro" marcou a literatura acadêmica sobre movimentos sociais
no Brasil porque abarcava toda sorte de ação coletiva de combate ao preconceito de cor.
Desde os famosos escritos de Florestan Fernandes e Roger Bastide, esse termo se fixou na
linguagem dos pesquisadores, de modo que George Andrews (1991) consolidou essa ideia ao
chamar de "protesto negro" as diversas formas de manifestação de desagravo ao racismo
produzidas pelos negros dos finais do Oitocentos até o centenário da Abolição. Embora esse
sentido amplo guarde um significado caro aos estudos das relações raciais, o "protesto" aqui
será utilizado analiticamente para investigar o "repertório de ação" (Tilly, 2005) desse
movimento social.
Sueli Carneiro, hoje uma das maiores lideranças do movimento e naquela época
apenas uma jovem ativista, considera que a manifestação foi o “fato político mais
importante para o movimento negro contemporâneo […], porque tudo o que ocorre
depois se referencia a esse ato inaugural de refundação”9 . p. 50
Pasquim
Terra em transito