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ÉTICA E LEGISLAÇÃO ALIMENTAR

TEMA: Defesa do Consumidor e Alegações Nutricionais e de Saúde dos Alimentos

1. DEFESA DO CONSUMIDOR

DIREITO DO CONSUMIDOR SEGUNDO A FAO “… consumidores têm o direito de expectar que o alimento
que compram e consomem seja seguro e de boa qualidade. Tem o direito de expressar sua opinião sobre os
procedimentos de controlo de alimentos, normas e actividades que o Governo e a Indústria usam para a garantia
da qualidade.”

2. ORGANIZAÇÕES DE CONSUMIDORES EM MOÇAMBIQUE


• Proconsumers;
• DECOM (Associação de Defesa do Consumidor de Moçambique).

LEGISLAÇÃO

 Lei de Defesa do Consumidor (Lei nº 22/2009)

Essa lei diz: “…os bens e serviços destinados ao consumo devem ser aptos a satisfazer os fins a que se destinam
e produzir os efeitos que se lhes atribui, de modo adequado as legítimas expectativas do consumidor. Todos os
fornecedores de bens ou serviços devem dar aos consumidores informações claras e objectivas sobre as
características, composição e os preços de tudo o que estão comercializando.”

Em suma são “DIREITOS DO CONSUMIDOR”:

 Qualidade dos bens e serviços;


 Protecção da vida, saúde e da segurança física;
 Formação e à educação para o consumo;
 Informação para o consumo;
 Protecção contra a publicidade enganosa e abusiva.

3. OBRIGAÇÕES DO ESTADO

É obrigação do Estado:

 Estabelecer Leis e Regulamentos protegem os consumidores de enganos (etiquetagem enganosa,


publicidade enganosa, alimento inseguro ou adulterado);
 Fornecer ao consumidor informação e educação sobre conservação, manipulação e utilização adequada
dos alimentos e meios de prevenção de doenças veiculadas por alimentos.
4. OBRIGAÇÕES DA INDUSTRIA
 Aplicar práticas justas de comercialização;
 Oferecer Garantias ao consumidor (reparação, substituição e reembolso);
 São responsáveis pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos do produto, o
fabricante, comerciante, vendedor, produtor, e importador…
5. PRÁTICAS NÃO JUSTAS DE COMERCIALIZAÇÃO
 Negócio sem contrato escrito;
 Comercialização de produtos que não respeitam as especificações de Segurança estabelecida nos
regulamentos;
 Publicidade enganosa;
 Declaração falsa e enganosa;
 Falsa declaração de país de origem;
 FRAUDE ALIMENTAR “acto de propositadamente alterar, deturpar, rotular erroneamente, substituir ou
adulterar qualquer produto alimentício. Pode ocorrer na matéria-prima, em um ingrediente, no produto
final ou na embalagem do alimento.”
5.1. ALIMENTOS MAIS DEFRAUDADOS:
 Peixe (declaração de espécies que não corresponde a realidade);
 Leite (adição de melanina, na china por exemplo);
 Chás (troca de espécies)
 Azeites
 Mel.
6. ASPECTOS ÉTICOS
 Alegações Nutricionais (Nutricional Claims);
 Alegação de Benefícios na Saúde (Health Claims).

ALEGAÇÕES MAIS COMUNS:

 Alimento “Zero” ou Livre de calorias: “… quando o valor calórico do alimento contém menos de 5
calorias. Por definição este alimento deve ser declarado “sem calorias” e quaisquer diferenças são
insignificantes em termos dietéticos.
 Produtos “Light” “… é o alimento que contém melhorias no seu valor nutricional comparado aos alimentos
similares (alimento referência). O alimento de referência deve ser um alimento ou grupo de alimentos
representativos do mesmo tipo do alimento que apresenta a alegação. Por exemplo, um sorvete de
chocolate usaria como alimento de referência outros sorvetes de chocolate.
 Alimento funcional
 Alergénicos maiores “… todo ingrediente, ou qualquer que contém proteína derivada de um dos seguintes:
leite, ovo, peixe, crustáceo marisco, nozes, trigo, amendoim e soja. E são assim classificados, pois são
responsáveis por 90% reações alérgicas graves nos humanos.”
 Gordura saturada
 “Saudável” no rotulo “… o termo saudável pode ser usado como uma declaração implícita nos rótulos dos
alimentos, quando este ser usado para criar uma dieta consistente baseada em recomendações dietéticas,
caso vão de acordo com condições óptimas de gorduras totais (baixo teor), Gorduras saturadas (baixo
teor), sódio (menos de 600 mg/l.s), colesterol (menos de 90 mg/l.s), entre outros nutrientes benéficos
(menos de 10% de VD por quantidade de referencia habitualmente consumida).”

REGRAS PARA A ALEGAÇÃO DE BENEFÍCIOS EXTRA

 A Declaração Nutricional e de Saúde que pode enganar ao consumidor é proibida;


 A mensagem deve ser precisa e baseada em evidência científica;
 Não só para a protecção do consumidor mas também para assegurar competição justa entre os produtores.

DECLARAÇÃO DE BENEFÍCIOS ESPECÍFICOS:

QHC’s Qualified Healt Claims

HC’s Health Claims

- HEALTH CLAIMS é qualquer declaração sobre uma relação entre alimentação e saúde. As alegações
de saúde podem ser, relacionadas ao crescimento, desenvolvimento e funções do corpo, referindo-se a
funções psicológicas e comportamentais, sobre emagrecimento ou controle de peso.

- QUALIFIED HEALT CLAIMS é uma alegação autorizada pela Food and Drug Administration (FDA)
dos EUA que deve ser apoiada por evidências científicas confiáveis a respeito de uma relação entre uma
substância (alimento ou componente alimentar específico) e uma doença ou condição relacionada à
saúde. Um exemplo de uma alegação de saúde autorizada é: "O cálcio pode reduzir o risco de
osteoporose."

Para garantir a veracidade das alegações, é necessário que:

 A substância alvo da alegação se encontre presente no produto final em quantidades suficientes, ou que
 A substância esteja ausente ou presente em quantidades devidamente reduzidas, para produzir o efeito
nutricional ou fisiológico alegado.
 A substância deverá também ser assimilável pelo organismo.
 As alegações de saúde só deverão ser autorizadas para utilização depois de uma avaliação científica do
mais elevado nível que seja possível. (Ex EFSA).

O que o CONSUMIDOR TEM DIREITO DE SABER sobre o alimento?

 A composição;
 Qual a quantidade;
 Qual a origem;
 Como consumir;
 Como conservar;
 O prazo de validade;
 A informação nutricional.

TEMA: Responsabilidade Civil, Penal e Administrativa do Processador de Alimentos

REGULAR E DISCIPLINAR a actuação dos agentes económicos neste sector:

 MIC- Ministério da Indústria e Comércio criou a INAE- Inspecção Nacional das Actividades
Económicas;
 MISAU – Ministério da Saúde criou o Decreto n. 12/82, de 23 de Junho - os requisitos higiénicos
sanitários dos estabelecimentos alimentares;
 MINAG – Ministério da Agricultura – INIV e IN.

LEGISLAÇÃO RELEVANTE:

 Lei nº 8/82 de 23 de Junho, Aprova a Lei sobre crimes contra Saúde Pública no âmbito da higiene
alimentar;
 Lei nº 22/2009 de 28 de Setembro, Aprova a Lei de Defesa do Consumidor;
 Lei n.º 35/2014 de 31 de Dezembro, Aprova o Código Penal.

1. RESPONSABILIDADE CIVIL DO PROCESSADOR DE ALIMENTOS:

Dever de “reparar” ou a obrigação imposta a uma pessoa a ressarcir, indenizar ou reembolsar, os danos
causados a outrem, em consequência da prática de omissão voluntária, negligência, imprudência, ou
violar direito (ato ilícito), ainda que sem culpa. Decreto n. 27/2016 de 18 de Julho (Lei de Defesa do
Consumidor -Capitulo III Artigos 7; 10; 12; 13 e 14)

2. RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA:

Se a conduta inadequada afecta a ordem interna dos serviços e vem caracterizada somente como infração
ou ilícito administrativo, cogita-se, então, da responsabilidade administrativa, que poderá levar o agente
a sofrer sanção administrativa, mediante processo administrativo.

As sanções podem variar: penas de advertência, destituição de cargo, destituição de função, suspensão
por tempo determinado, demissão, entre outros. Decreto n. 27/2016 de 18 de Julho (Lei de Defesa do
Consumidor - Capitulo VI Artigos 31; 32; 33 e 34).
3. RESPONSABILIDADE PENAL:

É o dever de responder perante a justiça pela prática de crime ou delito pelo serviço defeituoso que foi
prestado ao consumidor, punível pela lei penal. Para prevenção e repressão dos crimes haverá penas e
medidas criminais. Lei n.º 35/2014 de 31 de Dezembro. Código penal – Capítulo XII Artigos 246; 265 e
267.

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