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PROCESSO PENAL 1

1) Conceito: é a aplicação do Direito Penal concreto, possibilitando a efetiva realização da pretensão


punitiva do Estado. Busca, mediatamente, a paz e a proteção social. É propiciar adequada solução
jurisdicional do conflito de interesses entre o Estado/administração e o infrator, através de uma
sequência de atos que compreendem:

 A formulação da acusação
 A produção das provas
 O exercício da defesa
 O julgamento da lide.

Para o efetivo funcionamento do processo penal, necessitamos do uso em conjunto do


PROCEDIMENTO + RELAÇÃO JURÍDICA PROCESSUAL.

RELAÇÃO JURÍDICA PROCESSUAL

Sendo aquela que se forma entre os sujeitos do processo (juiz e partes) estando sujeitos a inúmeras
posições jurídicas dentro do direito.

PROCEDIMENTO COMUM PENAL

ART. 394 CPP: O procedimento será comum ou especial.

1) Ordinário: quando a pena máxima privativa de liberdade aplicada no tipo penal for igual ou superior a
4 (quatro) anos, o procedimento a ser empregado

2) Sumário: pena máxima em abstrato for inferior a 4 (quatro) anos e superior a 2 (dois) anos de pena
privativa de liberdade.

3) Sumarissímo: O procedimento sumaríssimo será utilizado nos crimes de menor potencial ofensivo
que tem pena de até 02 (dois) anos de reclusão, ou seja, continuam sendo tratados pela Lei 9.099/95
(Juizado Especial).

Além disso, o processo penal lida com direitos indisponíveis: LIBERDADE.

PROCESSO PENAL NO BRASIL

Em nosso sistema, o adotado é o acusatório. Nos crimes de ação pública a acusação esta a cargo do
MP, excepcionalmente, nos delitos de ação privada fica a cargo da vítima, que exerce o jus persequendi
in judicio, podendo exercê-la, nas ações públicas, se, porventura o MP não intentar a devida ação no
prazo legal.

Lembrando que antes do processo, porém, coloca-se um procedimento extrajudicial inquisitivo, que é o
inquérito policial, onde a autoridade policial procede a uma investigação não contraditória, colhendo as
primeiras informações a respeito do fato infringente da norma e da respectiva autoria.
Com base nessa investigação preparatória, o acusador, seja o MP ou vítima, instaura o processo por
meio da denúncia ou queixa. Já agora em juízo, nascida à relação processual, este se torna
eminentemente contraditório, público oral e escrito mediante redução a termo ou gravação. (após
reforma, Lei 11.719/08 há o predomínio da forma oral sobra à escrita).

O ônus da prova incumbe às partes, mas o juiz não é mero expectador inerte na sua produção,
podendo determinar de ofício diligências para dirimir dúvidas sobre ponto relevante (art. 156, I CPP).
Permite-se as partes uma gama de recurso, tutelando ainda mais o direito da liberdade, para isso
recursos exclusivos da defesa.

LEIS NO PROCESSO PENAL

CRITÉRIO ADOTADO PELO CPP O CPP: no art. 2°, o terceiro sistema: “A lei processual penal aplicar-
se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos praticados sob a vigência da lei anterior”. Assim, a
nova lei processual penal se aplica a todos os atos praticados durante sua vigência, sendo que os atos
anteriores, regidos pela lei revogada, continuam válidos. É o chamado “princípio do efeito imediato (ou
da aplicação imediata)”.

EXCEÇÃO

a) se a lei, que tiver eficácia durante algum momento do processo, for mais benéfica ao réu em
termos de prisão preventiva e fiança, ela deverá reger todo o processo
(retroatividade/ultratividade da lei mais benéfica);
b) os processos relativos às contravenções continuam, em qualquer caso, regidos pela lei anterior
(critério da unidade processual).

As leis do processo penal podem ser:

- Hibridas: possuem conteúdo processual + material

- Heterotópicas: conteúdo material no plano processual

Ambas serão utilizadas e benefício do réu;

PRINCÍPIOS

 Princípio da verdade real e formal: O juiz criminal deve buscar, tanto quanto possível, a verdade
real dos fatos, como estes se passaram na realidade não se conformando com a verdade formal
constante dos autos, e esta certeza da existência de um fato se faz mediante a analise de
provas, ao passo que na verdade formal a certeza do fato decorre de presunção legal; mas, de
modo comedido e complementar, sem se sobrepor às partes, desse modo, o juiz poderá, no
curso da instrução, ou antes, de proferir a sentença, determinar, de oficio, diligencias para dirimir
dúvidas sobre ponto relevante.

 Princípio da analogia: É uma forma de auto-integração da lei, ou seja, quando o ordenamento


jurídico apresentar lacunas, vazios. Deve-se nos casos de lacuna involuntária desta, aplicar ao
fato não regulado expressamente um dispositivo que disciplina hipótese semelhante, na verdade
consiste na exytensão de uma norma jurídica de um caso previsto a um caso não previsto com
fundamento na semelhança entre os dois casos. Sempre utilizada em “bonam partem”.
OBS: a interpretação extensiva também será aceita. Ou seja, por interpretação extensiva
entende-se que se pode aplicar a RESE na rejeição da denuncia, poderá ser aplicada na
rejeição da emenda igualmente.

 Princípio do contraditório: O princípio do contraditório assegura ao denunciado o direito de


contrariar a acusação e documentos que a embasa, tem diretrizes a audiência bilateral, a
igualdade das partes no processo (isonomia no tratamento das partes), a ampla defesa, a
possibilidade de ambas as partes carrearem dados probatórios para os autos, entre outras
faculdades processuais.

A regra é que o contraditório deverá ser realizado durante a produção probatória e


proporcionado em momento posterior à produção (contraditório deferido/postergado).

 Princípio da ampla defesa: decorre da necessidade de defesa técnica ao acusado, devendo a


mesma se dar efetivamente, ainda que contra a vontade do acusado (art. 261, CPP), tanto é
verdade que a sua falta acarretará nulidade absoluta e a sua deficiência a nulidade relativa,
neste caso depende de prova de prejuízo efetivo (Súmula 523 STF).

 Principio da territorialidade: Em regra todos os crimes praticados no território brasileiro serão


julgados pelo código penal. Exceção: em casos de cometimento de crime por um agente
diplomata, em razão do tratado firmado entre o Brasil e o hipotético país, o agente será julgado
pela legislação do seu país.

TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL

- Julga crimes de: GUERRA; TERRORISMO; GENOCÍDIO.

- Brasileiros poderão ser julgados neste tribunal, esse ato chama-se de “SURRENDER”, ENTREGA.

ESTADO entrega TPI

ESTADO A extradição ESTADO B

ESTADO A deportação ESTADO B

Em regra, utilizaremos o CPP. Será diferente quando a matéria de julgamento for internacional ou
quando o réu tiver prerrogativa de função.

POLÍCIA

É uma instituição de direito público destinada a manter a paz pública e a segurança pública, e como
órgãos encarregados pela Constituição Federal para a manutenção da Segurança Pública.

A) Preventiva: atua antes da ocorrência do crime.

B) Repressiva: atua após a ocorrência do crime de maneira investigativa.


PERSECUTIO CRIMINIS

Persecução penal significa o conjunto de atividades que o Estado desenvolve no sentido de tornar
realizável a sua atividade repressiva em sede penal.
No Brasil, é realizada pela polícia judiciária (a fases de investigação) e pelo Ministério Público, que
oferece denúncia ao Juíz, dando início à ação penal pública.
A persecução criminal em sua fase inicial que é investigatória pressupõe a existência da tipicidade, ou
seja, a conduta comissiva ou omissiva do agente tem que resguardar correspondência com a moldura
típica.

INVESTIGAÇÃO PRELIMINAR

1) Conceito: consiste no primeiro momento da persecução penal, anterior ao processo.

2)Características:

 Possui caráter inquisitorial


 O agente do crime é chamado de averiguado, suspeito, indiciado, etc., mas nunca de réu.
 Não possui contraditória e ampla defesa.

O inquérito policial, as comissões parlamentares de inquérito, sindicâncias são espécies do gênero


“investigação preliminar” (LOPES, JR. 2016, p. 119), materializados por meio de um documento de
mesmo nome, que conterão, via de regra, a descrição dos atos, diligências, depoimentos, termos de
apreensão, laudos periciais, etc.

Conceituar Inquérito Policial não é tarefa fácil, visto a confusão gerada por tomar como sinônimos ou
como “quase a mesma coisa” investigação preliminar e inquérito policial. Assim, a fim de sanar
quaisquer dúvidas a respeito, inquérito policial, é o documento fruto do que fora produzido e colhido
com as investigações.

INQUERÍTO POLICIAL

É procedimento administrativo de caráter inquisitorial, conduzido pela polícia judiciária, objetivando


noticiar ao Estado-juiz a prática do fato típico e quem foi o seu autor.

OBS: o delegado é a única autoridade policial nacional, sendo também o único que pode presidir um
inquérito.

1) Características: IDDOSO

- INDISPONÍVEL: não poderá ser arquivado – art. 17 CPP.

- DISPENSÁVEL: a acusação poderá oferecer a denuncia com base em outras informações sem ser o
inquérito.

- DISCRICIONARIEDADE: as diligências do inquérito policial são meramente norteadoras.

- OFICIOSIDADE: age sem provocação. O juiz não pode agir de ofício porém o delegado DEVE agir
dentro do inquérito sem provocação.

- SIGILOSO: para proteger a intimidade do investigado.

- OFICIALIDADE: deve ser feito por um órgão oficial.


ATUAÇÃO DO ADVOGADO NO I.P

SÚMULA 14: É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de
prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de
polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.

- O advogado pode ter cista dos autos desde que tenha procuração.

- Na lei 12850/2013, se o juiz decretar sigilo o advogado poderá ter vistas dos autos somente com
autorização judicial.

INÍCIO DO INQUÉRITO POLICIAL

Três possíveis caminhos:

1° Ofício: feito por autoridade policial (delegado)

2° Requerimento do ofendido: caso o requerimento seja recusado faz-se recurso para o chefe de
polícia.

Requerimento – pedido

Requisição – ordem

3° Requisição: feita pelo MP.

FINALIDADE DO INQUÉRITO POLICIAL

Reunir atos de averiguação das circunstâncias, indícios de autoria e materialidade. Tendo por base o
fornecimento dos elementos de sustentação pela denúncia ou queixa-crime, caso, em que quando
praticado fato criminoso, este deixa de ser abstrato para se tornar concreto ou efetivo, nascendo para o
Estado o dever de impor a sanctio legis ao transgressor da norma proibitiva.

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