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SINOPSE DO CASE: INCONTINÊNCIA URINÁRIA PÓS-PROSTATECTOMIA

RADICAL1

Amanda Campos Marques²

Profª Me. Jaiana Rocha Vaz Tanaka³

1. DESCRIÇÃO DO CASO

A incontinência urinária, conceituada como o ato involuntário de urinar, é um


fenômeno presente em grande parte da população feminina, que sofre impactos na sua qualidade
de vida devido aos inconvenientes proporcionados pelo quadro. Porém, mesmo que em menor
frequência, esse distúrbio acontece também na população masculina, como no caso do seu Roberto,
de 63 anos, raça negra, e que há 2 anos tem percebido idas frequentes ao banheiro tanto durante o
dia quanto à noite, com uma urina de jato fraco e a sensação de esvaziamento incompleto, pois
todas as vezes que urina realiza esforço para conseguir esvaziar sua bexiga.

Assim, procurou um urologista que solicitou um exame de PSA (antígeno prostático),


o qual mostrou um resultado de 4,78ng/ml de sangue, e a realização de um exame de toque retal,
que mostrou um endurecimento da glândula prostática. Roberto foi submetido a uma biópsia retal
e diagnosticado com câncer de próstata e, realizando a retirada da glândula, voltou ao médico para
acompanhamento do pós-cirúrgico e se queixou que precisa usar fraldas geriátricas para conter a
perda de urina todas as vezes que realiza mínimos esforços como tossir, espirrar e caminhar.

Além disso, tem levantado a noite para ir ao banheiro cerca de 6 vezes - fato que
dificulta uma noite de sono tranquila - e em todas precisa sair correndo ao banheiro pois sente que
vai perder o xixi se assim não o fizer, sendo que muitas vezes, quando chega ao banheiro, sua cueca
já está molhada. Ele confessou ao médico de que se soubesse que ficaria assim, nunca teria feito o
toque retal e muito menos prostatectomia radical, pois depois que retirou a glândula, não realiza

1
Case apresentado da disciplina de Fundamentos em Uroginecologia do Centro Universitário UNDB.
² Aluna do 4° Período de Fisioterapia do Centro Universitário UNDB.
³ Professora, Orientadora.
mais sua caminhada matinal diária e deixou de ir às missas todos os domingos, bem como ao
parque, pelo medo de molhar sua calça de xixi, mesmo usando fralda geriátrica.

Diante disso, neste case se discutirá sobre como a retirada de próstata pode impactar
na função urinária de um homem e por que isso acontece; sobre a perda na qualidade de vida; sobre
o tipo de incontinência urinária desenvolvida por Roberto, sua sintomatologia e fisiopatologia; e
sobre a abordagem fisioterapêutica no pós-cirúrgico de prostatectomia radical.

2. IDENTIFICAÇÃO E ANÁLISE DO CASO

2.1 Descrição das decisões possíveis

2.1.1 A partir do conhecimento sobre conceitos como as disfunções do assoalho


pélvico; a incontinência urinária masculina; o câncer de próstata; as sequelas pós prostatectomia;
e a abordagem fisioterapêutica no pós-cirúrgico da prostatectomia radical, torna-se possível
identificar as respostas para a questão central e para os outros questionamentos, de maneira que
seja possível entender o quadro do seu Roberto e as medidas cabíveis para amenizar ou solucionar
a sua situação.

2.2 Argumentos capazes de fundamentar cada decisão

2.2.1 A partir do conhecimento sobre conceitos como as disfunções do assoalho


pélvico; a incontinência urinária masculina; o câncer de próstata; as sequelas pós
prostatectomia; e a abordagem fisioterapêutica no pós-cirúrgico da prostatectomia radical,
torna-se possível identificar as respostas para a questão central e para os outros
questionamentos, de maneira que seja possível entender o quadro do seu Roberto e as
medidas cabíveis para amenizar ou solucionar a sua situação.

Durante o ano, vários movimentos surgem em prol da saúde social, e um exemplo disso
é o Novembro Azul, campanha que chama a atenção da sociedade brasileira para o câncer de
próstata, tipo de câncer normalmente derivado de um tumor que progride lentamente ao longo de
anos ou décadas, de modo que boa parte dos pacientes convive com a doença por muito tempo
antes de apresentar qualquer sintoma. Por isso, não há medidas preventivas específicas para o
câncer de próstata, e o sucesso do tratamento depende em grande parte do diagnóstico precoce.
(CARDILI, 2016)

Para que o homem tenha um diagnóstico precoce, faz-se necessário que esteja
informado sobre a importância de realizar os exames de rastreamento, como o de toque retal,
anormal quando existe a presença de inchaços ou áreas endurecidas, e o de dosagem do PSA
(antígeno prostático específico) no sangue, anormal quando apresenta níveis maiores que 4 ng/ml.
Esses exames são fundamentais principalmente quando se enquadra na população de maior risco:
homens a partir dos 50 anos, homens com histórico de casos na família, homens com sobrepeso ou
obesidade e homens que apresentem sintomas como dificuldade de urinar, sangue na urina,
diminuição do jato de urina e mais idas ao banheiro para fazer xixi. (CARDILI, 2016) (SAÚDE,
2021)

Uma vez detectado o câncer de próstata, o tratamento deve ser iniciado, sendo mais
comum a cirurgia de prostatectomia, que pode ser combinada com outras técnicas como a
radioterapia e o tratamento hormonal. Porém, após o procedimento cirúrgico, 87% dos homens
queixam-se da sequela de incontinência urinária, uma vez que ocorrem lesões esfincterianas que
dificultam a continência urinária, e têm sua qualidade de vida comprometida por episódios de perda
de urina em momentos inoportunos ou pelo aumento das idas ao banheiro, atrapalhando até mesmo
a qualidade do sono quando ocorrem no meio da madrugada. (SAÚDE, 2021) (KAKIHARA;
SENS; FERREIRA, 2007)

A continência normal de um homem requer que o detrusor, músculo da bexiga, seja


estável e complacente, e que o esvaziamento vesical seja competente. Geralmente, a cirurgia de
prostatectomia gera uma lesão esfincteriana, causando uma disfunção na musculatura assoalho
pélvico que deve ser recuperada através de um tratamento multidisciplinar, por meio de consultas
com o médico urologista, que poderá passar os medicamentos necessários, da orientação de um
nutricionista, que poderá organizar um plano alimentar balanceando o consumo de alimentos que
mais irritam a bexiga como café, bebidas alcoólicas e frutas cítricas, e do trabalho de fisioterapia,
que irá avaliar a condição muscular do assoalho pélvico e elaborar uma reabilitação que normalize
o tônus da musculatura, de maneira a minimizar possíveis sequelas, como a incontinência urinária
por esforço, e permitir que o homem realize suas atividades diárias com normalidade. (PSCHISKI,
2020)
Sem a busca por esse acompanhamento multiprofissional, o indivíduo continuará
sofrendo com a incontinência pós cirurgia, normalmente a do tipo mista, caracterizada pela
urgência, pelo forte desejo para urinar, chegando até a cruzar as pernas e se retorcer, e pela perda,
quando o indivíduo muitas vezes não consegue aguentar nem chegar ao banheiro; é associada
também ao número de vezes que se vai ao banheiro durante o dia, à perda de xixi durante o sono
e/ou durante outros momentos sem nem perceber. Embora somente 5% dos casos apresentem uma
incontinência urinária persistente (acima de 2 anos), a prevenção desse quadro por meio da
fisioterapia pélvica pré-operatório resulta em um fortalecimento da musculatura e,
consequentemente, na diminuição das chances de se desenvolver a incontinência, oferecendo ao
homem uma recuperação muito mais rápida, tranquila e mantendo a sua qualidade de vida.
(PSCHISKI, 2020) (CÂNCER, 2017)

2.3 Decisões dos critérios e valores (explícitos e/ou implícitos) contidos em cada decisão
possível

2.3.1 Por meio de artigos e podcasts, que visam relatar a respeito das consequências
pós prostatectomia e dos mecanismos envolvidos para o tratamento da incontinência urinária
masculina, como o estabelecimento de mudanças de comportamento, o acompanhamento
fisioterapêutico pré e pós cirurgia e a preparação da equipe multidisciplinar para trabalhar em todos
os aspectos necessários, foram respondidas as perguntas, fundamentadas através da
contextualização e integração entre os temas pesquisados.

REFERÊNCIAS

CARDILI, Leonardo. Câncer de próstata. 2016. Disponível em: http://www.sbp.org.br/cancer-de-


prostata/?gclid=Cj0KCQjw4eaJBhDMARIsANhrQAB964bNhNEGmHBMrjC74yjhXyVqeLysX
LZb-JcRIDq1e_pBOPPcr50aAkxwEALw_wcB. Acesso em: 09 set. 2021.

SAÚDE, Ministério da. Câncer de próstata: causas, sintomas, tratamentos, diagnóstico e


prevenção. causas, sintomas, tratamentos, diagnóstico e prevenção. 2021. Disponível em:
https://antigo.saude.gov.br/saude-de-a-z/cancer-de-prostata. Acesso em: 09 set. 2021.

KAKIHARA, Ct; SENS, Yas; FERREIRA, U. Efeito do treinamento funcional do assoalho pélvico
associado ou não à eletroestimulação na incontinência urinária após prostatectomia radical. Revista
Brasileira de Fisioterapia, [S.L.], v. 11, n. 6, p. 1-6, dez. 2007. FapUNIFESP (SciELO).
http://dx.doi.org/10.1590/s1413-35552007000600010. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rbfis/a/MDtLRKsQmvV7rqTvTwzyNTp/?lang=pt#. Acesso em: 09 set.
2021.

PSCHISKI, Dra. Priscila. Incontinência Urinária Masculina. 2020. PODCAST Pelvicast - Spotify.
Disponível em:
https://open.spotify.com/episode/5TzlSkY6VthgjzrNhckpXc?si=f40c5d82c83941a0&nd=1.
Acesso em: 09 set. 2021.

PSCHISKI, Dra. Priscila. Incontinência Urinária. 2020. PODCAST Pelvicast. Disponível em:
https://open.spotify.com/episode/0TXB9AOSgCc4uHhI8KvbYZ?si=103383e2fc7a4298&nd=
1. Acesso em: 09 set. 2021.

CÂNCER, Instituto Vencer O. Incontinência urinária é o efeito da cirurgia de retirada de


próstata que mais preocupa o paciente. 2017. Disponível em:
https://vencerocancer.org.br/noticias-prostata/incontinencia-urinaria-e-o-efeito-da-cirurgia-
de-retirada-de-prostata-que-mais-preocupa-o-paciente/. Acesso em: 09 set. 2021.

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