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PATRÍCIA BIANCHINI FOGULIN

A HUMANIZAÇÃO AO PACIENTE HOSPITALIZADO NO SISTEMA SUS: desafios


no cenário da pandemia

Projeto de pesquisa apresentado ao curso de Direito


do UniSALESIANO, Centro Universitário Católico
Salesiano Auxilium, a ser utilizado como subsídio
para elaboração do Trabalho de Curso – TC.

LINS/SP
2021
RESUMO

O SUS – Sistema Único de Saúde adota uma política pública de saúde que se propõe
alcançar à integralidade, à universalidade, à busca de equidade de novas tecnologias,
saberes e práticas. O Sistema está presente em todo o território nacional, em todos
os estados e municípios e, pela lente social, o SUS deve permitir a produção de
cidadania, impactando na qualidade de vida de todo cidadão brasileiro e estrangeiro.
Neste sentido, o SUS possui o Programa Humaniza SUS, que preconiza o
atendimento assistencial mais digno, mesmo diante das desigualdades
socioeconômicas que assolam o Brasil. Nesta travessia de edificação do SUS, com
aparentes avanços e questões que ainda persistem, é sua missão prevenir, cuidar,
proteger, tratar, recuperar, promover e produzir saúde também de forma humanizada
ao paciente acometido por COVID 19, assistido em ambiente hospitalar. É premente
entender quais os direitos deste paciente que, isolado por determinação de normas e
requisitos sanitários, é retirado dele a permanência de um familiar, amigo, um
acompanhante em um momento de tamanha fragilidade em leito hospitalar. Tratam-
se de situações recorrentes vivenciadas, as quais merecem estudos acerca,
considerando os impactos ao paciente internado e em sua família, que ficam privados
deste convívio, diferentemente como preconiza o Programa Humaniza SUS.

Palavras-chave: SUS. HUMANIZAÇÃO. PACIENTE COVID 19. ACOMPANHANTE.


SUMÁRIO

1 APRESENTAÇÃO DO TEMA E PROBLEMA ....................................................................... 4

2 OBJETIVOS ............................................................................................................................ 5
2.1 Objetivo Geral ..................................................................................................................... 5
2.2 Objetivos específicos ........................................................................................................ 5

3 JUSTIFICATIVA ...................................................................................................................... 6

4 HIPÓTESE............................................................................................................................... 7

5 METODOLOGIA ..................................................................................................................... 7
5.1 Fundamentação teórica ..................................................................................................... 7
5.2 Opções e procedimentos metodológicos ..................................................................... 8

6 FASES DA PESQUISA.......................................................................................................... 8

7 CRONOGRAMA FÍSICO ........................................................................................................ 9

8 BIBLIOGRAFIA BÁSICA PRELIMINAR ................................................................................ 9

REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 10
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1 APRESENTAÇÃO DO TEMA E PROBLEMA

A Constituição Federal em 1988 assim dispõe:

“Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado,


garantido mediante políticas sociais e econômicas que
visem à redução do risco de doença e de outros agravos e
ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para
sua promoção, proteção e recuperação”.

No âmbito da saúde esta conquista foi deflagrada por movimentos da época,


cujos anseios da sociedade eram por mudanças na assistência de saúde prestada à
população, desígnios do poder constituinte originário que permitiram a inserção de
dispositivos constitucionais que não apenas obriga o Estado a assegurar tal direito,
mas também torná-lo acessível, solidário e humanizado.

Neste diapasão, surge o SUS – Sistema Único de Saúde, com a criação de


políticas públicas que visam atender a demanda constitucional da universalidade,
integralidade e equidade da atenção à saúde, bem como tornar os serviços
humanizados, reconhecendo, portanto, o paciente como legítimo cidadão de direitos,
que interage com os diferentes sujeitos que fazem parte deste grandioso processo de
produção de saúde.

Nesta travessia de edificação do SUS, com aparentes avanços e questões que


ainda persistem em uma sociedade brasileira com profundas desigualdades
socioeconômicas, como prevenir, cuidar, proteger, tratar, recuperar, promover e
produzir saúde de forma humanizada ao paciente acometido por COVID 19, assistido
em ambiente hospitalar?

Quais os direitos deste paciente que, isolado por determinação de normas e


requisitos sanitários, é retirado dele a permanência de um familiar, amigo, um
acompanhante em um momento de tamanha fragilidade em um leito hospitalar?

Tratam-se de situações recorrentes vivenciadas em um ambiente hospitalar, as


quais merecem estudos acerca, considerando os impactos ao paciente internado e
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em sua família, que ficam privados deste convívio, diferentemente como preconiza o
Programa Humaniza SUS.

Na visão ampliada de saúde, cuidar é um conceito abrangente que,


para além dos tratamentos biomédicos, aponta para a criação de um
ambiente relacional que permita à pessoa doente ou hospitalizada a
descoberta ou a releitura do sentido e do valor de sua existência para
aqueles que a rodeiam e para si mesma. O cuidado gera segurança e
confiança; possibilita que a pessoa reencontre e manifeste a sua
vitalidade, favorecendo a eficácia dos tratamentos. Remeter a pessoa a
esse estado é o principal objetivo do cuidar. (CARTILHA HUMANIZA
SUS, 2001, p.132).

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Compreender como o isolamento em internação hospitalar do paciente


acometido pela COVID 19 o tem impactado sob a perspectiva social e legal, tal como
a seus familiares que ficam privados desta interação e também sofrem os efeitos.

2.2 Objetivos específicos

 Pesquisar no ordenamento jurídico brasileiro os direitos do paciente e seus


acompanhantes;

 Entender as normas sanitárias e requisitos impostos ao ambiente hospitalar;

 Compreender o impacto da pandemia na Proposta Nacional de Humanização


ao restringir o acesso de acompanhantes ao paciente Covid 19 às unidades de
internação;

 Propor mecanismos que proporcionem ao paciente esta interação com a família


e amigos, mesmo que intermediados pela tecnologias, mas que estas não o
exponha ou mesmo firam a sua individualidade e direitos da personalidade.
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3 JUSTIFICATIVA

A pesquisa do tema se faz necessária no presente cenário tendo em vista que


o paciente acometido por COVID 19 é visto como vítima, todavia tratado como um
pária à sociedade, tal qual ocorria com quem contraia a hanseníase e tuberculose em
tempos bíblicos ou em épocas passadas.

Sob a perspectiva sanitária, face o grau de insalubridade, foram impostas


normas e diretrizes para mitigar a contaminação e proliferação do vírus SARS-COV-2
em ambiente hospitalar. Entretanto, não foi dada a mesma atenção aos efeitos que
este isolamento causa ao paciente e seus familiares.

O acompanhante não pode ser visto como um elemento de obstrução ao


trabalho do hospital e um potencial agente de contaminação.

Necessário ter a compreensão que acompanhantes têm demonstrado grande


ajuda e permite que o paciente internado, este sujeito de direitos, perceba a
participação do familiar no seu tratamento. Trata-se de solidariedade e
responsabilidade afetiva. São elos que ficam mais fortalecidos e apoiam, sob a lente
da psicologia, no tratamento em momento de hospitalização.

Ademais com o aumento da taxa de ocupação e escassez de profissionais da


saúde, até porque estes também adoecem, tem-se que o acompanhante é essencial
à assistência, detectando-se posturas, ausência de cuidados e condutas necessárias
ao paciente.

Um sábio pensador do povo indígena Nambikwara, do norte do Estado


de Mato Grosso, em certa ocasião, assinalou com força poética a
importância do olhar do outro para a constituição do sujeito, ao afirmar
que “a alma de uma pessoa é a sua imagem no olho do outro”
(FIGUEROA, 1989).
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4 HIPÓTESE

Considerando a relevância de se ter um ambiente que permita à pessoa doente


e hospitalizada a presença de um acompanhante, determinação já estabelecida em
Lei e em políticas públicas que tratam da humanização SUS, tem-se que o mesmo
tratamento deva ser dado ao paciente acometido por COVID 19 internado em leito de
enfermaria, assim como permitir a visita de familiares próximos para o “último adeus”.

Tal prática, desde que cumpridos requisitos de segurança, não pode ser
tipificada como infração.

5 METODOLOGIA

5.1 Fundamentação teórica

Desde os primórdios, em todas as sociedades, o meio em que se convive


sempre foi espaço de cuidado. Sem o calor de uma comunidade bem atenta, o doente
não podia se curar. Assim, ele era cercado de atenção, criava-se um ninho, uma
qualidade de cuidados, para suscitar de novo o vivo dentro dele (RESSÉGUIER,
2003).
Deste modo, as pessoas fazem parte de uma rede complexa e o ato de cuidar
é um conceito amplo que possibilita ao paciente hospitalizado a descoberta ou a
releitura do sentido e do valor de sua existência para que o cercam e para si mesma.

A pandemia do novo coronavírus trouxe o desafio de manter o paciente


acometido pela doença em condições de isolamento e ao mesmo tempo deixa-lo
psicologicamente seguro e confiante enquanto se é travado uma luta pela vida e cura.

Ademais, os familiares e entes, devido a esta privação de convivência, também


podem desenvolver patologias psicossomáticas que podem afetá-los para toda a vida.

A portaria no. 1.820, de 2009, do Ministério da Saúde prevê ao paciente “o


direito a acompanhante, pessoa de sua livre escolha, nas consultas e exames”, bem
como assegura “o direito a acompanhante, nos casos de internação, nos casos
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previstos em lei, assim como naqueles em que a autonomia da pessoa estiver


comprometida”.

5.2 Opções e procedimentos metodológicos

A metodologia adotada no presente trabalho tem como vertente a jurídico-


sociológica, objetivando compreender os fatos sociais e confrontar com a eficácia da
norma disposta no ordenamento jurídico,

Os tipos metodológicos, por seu turno, são o jurídico-interpretativo, através de


um procedimento análítico que considere a problemática e seus variados aspectos.

Por derradeiro, as técnicas de pesquisas serão o método indutivo e dedutivo,


partindo das questões particulares para as questões gerais (indução), e de questões
gerais para análise concretas, de acordo com as experiências (dedução), de modo
que ambos são complementares e permita a integração de informações diferentes na
pesquisa.

6 FASES DA PESQUISA

FASE 1: Aprofundamento sobre o objeto da investigação e aprimoramento do projeto


de pesquisa, em diálogo com o professor orientador;

FASE 2: Investigação, interpretação e qualificação da fundamentação teórica da


pesquisa;

FASE 3: Discussão e revisão de textos e análise de conteúdo;

FASE 4: Redação do relatório final da pesquisa;


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7 CRONOGRAMA FÍSICO

Mês/Ano
AGO/21 SET/21 OUT/21 NOV/21 DEZ/21 JAN/22 FEV/22 MAR/22 ABR/22 MAIO/22

FASE
1

FASE
2

FASE
3

FASE
4

8 BIBLIOGRAFIA BÁSICA PRELIMINAR

BENEVIDES, R. & Passos, E. A humanização como dimensão pública das


políticas de saúde. Ciência & Saúde Coletiva, 10 (3): 561-571, 2005.

BRASIL. Ministério da Saúde. Acolhimento nas práticas de produção de saúde. 2ª


edição. Brasília, Ministério da Saúde, 2006.

BRASIL; Política Nacional de Humanização. Documento Base. Brasília: Editora do


Ministério da Saúde. 3ª Edição, 2007.

BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil.


Brasília, DF: Presidência da República, [2016]. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm. Acesso em: 30 mai. 2021.

CARTILHA HUMANIZA SUS, 2001, p.132


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REFERÊNCIAS

BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil.


Brasília, DF: Presidência da República, [2016]. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm. Acesso em: 30 mai. 2021.

FIGUEROA, A. L. G. Comunicação intercultural em saúde. Subsídios para uma


ação social em educação indígena. Dissertação (Mestrado em Ciência da
Comunicação) – Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo
(USP). São Paulo, 1989. 275 p.

RESSÉGUIER, J. P. As bases da reabilitação integrada. Colóquio de Florença,


2003

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