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Fichamento: Do Feudalismo ao Capitalismo

Capitulo 1- O que muda na história


Os antigos cronistas e gerações de historiadores acumularam fatos em
grossos volumes, sem desembaraçar o enredo das transformações ocorridas
em milênios de história da humanidade.
A metódica reflexão dos investigadores surpreendidos com o dinamismo da
época contemporânea, época de revoluções burguesas e socialistas,
alteraram o rumo do modorrento das pesquisas e do discurso histórico.
A única resposta para o que vai acontecer está no que já aconteceu.
A corrente materialista, por sua vez, não descarta a relevância do
indivíduo, mas procura situa-lo na sociedade, de que é parte. O homem
muda, não porque tenha vontade de mudar, nem poder individual para
produzir a mudança, mas porque a sociedade, onde atua, muda.
Se não é a consciência dos indivíduos que produz a mudança, o que explica
a certeza dessas mudanças?
Muda a maneira como os homens produzem e reproduzem a sua vida
econômica, social, política etc. Por outro lado, a vida material, a produção
cotidiana dos meios de sobrevivência, historicamente concretizada, revela
como os homens se organizam para assegura-la, despendendo energias no
trabalho e nas condições de emprego do trabalho, desta ou daquela forma,
deste ou daquele modo.
A leitura das periodizações, propostas em obras e coleções famosas de
história, permite perceber q entre a idade Média e a Época Contemporânea
as diferenças residem essencialmente na forma como, na primeira, o
trabalho servil assegura a reprodução da vida material e, na segunda, a
produção de mercadorias e trabalho assalariado constituem aspectos
decisivos para compreender as profundas transformações que os aumentos
de produtividade do trabalho propiciaram nos últimos séculos. A história ai
não se esgota; no entanto parte daí.
Capitulo 2- Roma
-A formação social romana
Como ocorreu a derrocada do Império Romano e a emergência do
feudalismo na Europa.
A formação social romana, em sua fase de maior expansão, tendeu a
polarizar-se entre duas classes sociais, a dos homens livres e a dos escravos.
Isso ocorreu depois que a concentração de terra em poder dos
latifundiários enfraqueceu a pequena propriedade camponesa. A
resistência dos pequenos proprietários rurais foi sendo minada , quer nos
conflitos denominados guerras civis, quer pela competição da grande
propriedade agrícola, alimentada pela mao-de-obra escravizada nas guerras
romanas para dominar a bacia do mediterrâneo, parte da asia.

-Tributos e escravos
Os romanos não mudavam o modo de produção, as relações de trabalho e a
vida politica e cultural dos povos dominados. Esse não era o proposito
imediato. Obtinham tributos, em riquezas ou escravos e, compeliam os
povos vencidos a ceder parte do que produziam.
Os camponeses livres, comitantemente a expansão da grande propriedade,
abandonavam o campo, deslocando-se para as cidades, onde viviam dos
favores do patriarcado, obtendo cereais abaixo do preço, transformando-se
em “clientes” de seus bem feitores, dispostos a secundar a conduta politica
por estes adotada nas lutas pelo poder
-A mão-de-obra escrava
A produção agrícola dependia cada vez mais da mão-de-obra escrava .
As rebeliões escravas, nesse contexto, não adquiriram conotação
revolucionaria, mas levaram a classe dominante ameaçada a intensificar a
repressão, cimentando os aparelhos militar e burocrático. Esta
centralização burocrática beneficiaria, ainda mais, a crescente urbanização.
-A Aristocracia
Sem o Estado romano seria inconcebível a sobrevivência do império. Roma
suportou uma balança comercial deficitária porque o desequilíbrio e
suprido pelos ingressos extraídos de suas áreas de dominação. Esta não
seria tarefa realizável sem um Estado centralizado, apto a coordenar os
esforços militares. Somente o Estado poderia empreender a conquista,
mantê-la e assegurar a submissão dos escravos. A importância do estado
não foi desconhecida pelos juristas romanos, que pela primeira vez, de
maneira sistemática, disseminaram o direito público do direito privado.
-A decadência
A conquista, as instituições burocráticas, a organização do exército, a
formalização do direito, eram instrumentos que reproduziam a formação
social romana.
- “O latifúndio perdeu a Itália”
Plinio, O Velho, sustenta que o latifúndio e a escravidão constituíram as
causas da decadência e queda do Império Romano. Se a escravidão
houvesse sido abolida e uma distribuição mais equitativa da terra houvesse
estabelecido um regime de pequena e media propriedade, provavelmente,
infere-se deste raciocínio, o império teria superado as suas contradições
internas.
-A degeneração moral
Atribui a mudanças espirituais das classes dominantes romanas (agora
desfibradas e desencorajadas pelas riquezas e costumes orientais), as
causas profundas da decadência da “civilização antiga”. O esplendor
romano (e também grego) deveu-se a energia e a criatividade dessas classes

-Por que não o capitalismo


O império romano fragmentou-se porque não evoluiu pra capitalismo e o
trabalho assalariado. Os romanos sabiam governar o império, porém não
eram capazes de administrar a sua economia. O legado que deixaram ao
mundo foi jurídico, não cientifico.
-A periferia insurgente
A pressão romana sobre os povos vencidos, obrigados a fornecer
excedentes de toda espécie, inclusive mão de obra, alimenta a revolta
contra Roma. Rebeliões contra Roma foram constantes.
Os maiores inimigos do império procuraram aliar-se aos povos subjugados,
a fim de organizarem alianças contra dominação romana e se apoderarem
dos territórios dominados pelas legiões.
Intercambio com Roma propiciou a diversificação social e a politica dos
povos que reagiram contra os povos.
A disposição para antagonizar o predomínio romano incluía a luta direta,
as infiltrações territoriais, alianças militares e políticas.
Não foi o latifúndio que “perdeu a Itália”, nem a degeneração dos
costumes, muito menos o insuficiente desenvolvimento político, mas a
revolta da periferia romana e o desgaste interno provocado pelas tensões
sociais diante da impotência militar para conter os “bárbaros”.
No ocidente europeu, o feudalismo está na linha do horizonte a periferia
barbara, celta, germana, eslava, golpeia o império mas não o reabilita. O
feudalismo será outra formação social e política. O império não esta morto.

Capitulo 3- O feudalismo europeu


-A fragmentação do poder
As formações sociais do feudalismo europeu ocidental constituíram-se no
interior das ruinas da formação imperial tributaria romana. Esta
transformação decorreu da derrota do império romano, incapaz de
sustentar suas fronteiras e territórios paulatinamente minados pelos povos
invasores.
A extração de excedentes esternos era vital para Roma, e o escravismo
dependia do abastecimento constante da mão de obra capturada ou obtida
de outras maneiras. Embora a agonia imperial houvesse durado séculos
com maior ou menor resistência À desagregação, o centralismo estatal
sucumbe.
O império romano não foi subjugado por um povo conquistador que
houvesse assumido as instituições politicas romanas para renovar, a partir
do seu interior, do se amago, a pujança da formação imperial tributaria.
Não houve um invasor, mas diversos. As invasões, por sua vez, não
ocorreram subitamente, mas duram séculos.
Nem por isso o feudalismo europeu é anarquia.
Os conflitos entre senhores feudais pelo domínio das terras suscitavam as
denominadas guerras privadas, tão comuns que a igreja as tolerava a
princípio, impondo, em determinadas circunstancias as tréguas de deus.
Georges Duby, famoso medievalista francês, afirmava que uma “civilização
nascida das grandes migrações dos povos era uma civilização da guerra e
da agressão. As pequenas guerras privadas, no entanto, não significavam
poderio das formações sociais do feudalismo europeu, mas constituíam
indicador visível da sua fragilidade.
- Produção, consumo e laços de dependência
A produção é limitada pelo consumo. Não se deve considerar, porém, que
não houvesse alguma planificação da atividade econômica, pois era
indispensável prever as condições para uma produção adequada às
necessidades da população, sem desperdício de trabalhos e terras.
O desmantelamento do império romano acarreta a descentralização do
poder politico que, irá recompor-se a partir do feudo, onde o domínio dos
senhores apresta-se para garantir a segurança dos povos.
Os laços de dependência que unem os servos ao senhor feudal resultam
dessa descentralização política e econômica. A situação dos servos deve ser
examinada em relação aos problemas de constituição e reprodução das
relações feudais. A produção agrícola, sem mencionar o pequeno
artesanato domestico, não poderia ser armazenado por muito tempo, nem
era indispensável que o fosse, pois não havia mercados suficientes para
absorve-la.
- A igreja feudal
A feudalização da igreja resultou em grande parte da sua riqueza fundiária.
Sem duvida a igreja tenta, alcançando privilégios, liberta-se quanto pode
do direito comum, mas alguns dos privilégios solicitada feudalizam-na.
Essa feudalização teve consequências políticas e sociais de amplo alcance.
Como no ambiente feudal tudo decorre da posse da terra, o prelado torna-
se senhor feudal.
A propriedade feudal da igreja católica sobre as terras constituiu empecilho
ao desenvolvimento das relações capitalistas de produção. Marx, no celebre
capitulo de O Capital descreve a forma como enorme parcela da população
camponesa foi desapossada das suas terras e também o que aconteceu com
as propriedades territoriais da igreja católica: “o processo violento de
expropriação do povo recebeu terrível impulso no século XVI, com a
reforma e o imenso saque doa bens da igreja que a acompanhou... os bens
eclesiásticos foram amplamente doados a vorazes favoritos da corte ou
vendidos a preço ridículo a especuladores, agricultores ou burgueses,...”.
Esta apropriação capitalista dos bens da igreja obedece a ritmos e tempos
diversos e sublinha a transição do feudalismo para o capitalismo, em
diversos países.
- A usura, o justo preço, os tribunais
Por outro lado, a ideologia religiosa era feudal à medida que à sua maneira,
contribuía para reproduzir as relações sociais de produção do tipo feudal.
Os obstáculos criados por essa ideologia propunham preservar o
feudalismo, dentre eles a doutrina do preço justo, a condenação da usura.
Dessa forma um travo de insegurança e de dúvida perturbava, pois o
burguês não era indiferente à ideologia e ao prestigio da doutrina religiosa
e sofria na alma e na carne o assedio da igreja contra as transações
mercantis e a logica do lucro capitalista, que se insinuava à medida que
crescia a atividade comercial e bancaria.
Não será a ideologia religiosa, porém, o maior adversário do capitalismo,
mas o direito medieval, consubstanciado nos costumes, que teciam as
relações de produção e de poder, no interior dos feudos e nas cidades.
- A ordem jurídica: Os costumes
A ordem jurídica feudal era de formação consuetudinária. Isto significava a
ausência de fonte formal do direito, ao contrario do que ocorria em Roma,
onde o estado burocratizado e centralizado impunha normatização geral e
abstrata, valida para todos os que estivessem submetidos ao seu regime
jurídico.
A revolução francesa desaguou no famoso código de napoleão, que
consolidou os aspectos sociais e o regime de propriedade vigentes ate hoje,
no mundo capitalista.
- O estado moderno
Para compreendermos adequadamente as diferenças entre feudalismo e
capitalismo neste aspecto, ou seja, em relação ao direito, basta examinar a
formação do estado moderno, nos séculos XVI e XVII, principalmente
neste último, o século do absolutismo. A homogeneização do espaço
econômico, liberando a circulação das mercadorias, restringindo os
particularismos locais, combatendo a multiplicação de poderes
fragmentados que constituíam obstáculos a realização dos negócios, era
indispensável a burguesia. A burocratização, para desempenhar este papel,
exige direito formal, certo, capaz de ser compreendido por toda parte e
executado por especialistas devotados ao seu estudo e pratica.
- A autonomia camponesa

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