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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA

CÍVEL DA COMARCA DE CAMPINAS/SP

Processo: 1234

JULIANA FLORES, brasileira, solteira, empresária, residente e domiciliado na


Rua Tulipa, 333, Campinas, já qualificada, por seu advogado, com endereço
profissional na (endereço completo), para fins do art. 77, inc. V do CPC, nos
autos da AÇÃO DE ANULAÇÃO DE NEGÓCIO JURÍDICO, pelo procedimento
comum, com fundamento nos artigos 336 e seguintes do CPC, movida
por SUZANA, já qualificada, vem a este juízo, oferecer/ou apresentar: 

CONTESTAÇÃO

I- BREVE SÍNTESE DOS FATOS

Em 18 de março de 2012, a requerente da presente ação doou um de seus


imóveis para o Orfanato Semente do Amanhã, um sítio situado na Rua
Melão, nº 121, Ribeirão Preto/SP, que tem valor de mercado de R$
50.000,00 (cinquenta mil reais).

Entretanto, Suzana alega na inicial um defeito no negócio jurídico em


virtude da coação sofrida por ela, tendo em vista que a requerida era sócia
majoritária e exercia a função de presidente na empresa XYZ, uma posição
hierarquicamente superior à de Suzana que era, no momento da celebração
do negócio jurídico, diretora do orfanato beneficiário da doação.

A autora apontou que sofria que diariamente a ré lhe dizia que deveria doar
algum bem para a caridade a fim de que “reservasse seu espaço no céu”,
crença da religião a qual pertencia.

II- PRELIMINARES:
II.1- COISA JULGADA

Faz-se necessário trazer ao conhecimento deste juízo que esta é a segunda


ação proposta pela autora em face da ré com a mesmo pedido e causa de
pedir, devendo destacar que já houve coisa julgada formal e material diante
do trânsito em julgado da sentença proferida na primeira ação com fulcro no
Art. 337, inc. VII e art. 485, VI CPC.

Por derradeiro esclarece que esta é a segunda ação intentada pela autora
em face da ré com os mesmos argumentos e finalidade, sendo certo que a
primeira, proposta em 10 de abril de 2015, tramitou perante a 2ª Vara Cível
da Comarca de Campinas sendo julgado improcedente o pedido não sendo
cabível mais qualquer recurso

II.2- ILEGITIMIDA PASSIVA

Resta evidente que a parte ré é ilegítima para compor o polo passivo desta
ação, tendo em vista que a beneficiária da doação foi o orfanato semente
do amanhã e inexiste qualquer evidência nos autos que haja qualquer forma
de confusão entre o patrimônio da requerida e do orfanato em que ela
desempenha a função de presidenta e sócia majoritária.

Por fim cumpre salientar a ilegitimidade passiva da ré em sede de preliminar


com fulcro no Art. 337, XI CPC c/c Art. 485, VI CPC.

III- PREJUDICIAL DE MÉRITO: DECADÊNCIA

Certo é que o prazo de decadencial para propositura de ações que versem


sobre coação é 4 (quatro) anos, no dia que ela cessar, conforme disposto
no Art. 178, I CC.

Assim sendo, é relevante informar que em abril de 2012, a autora


pediu demissão por ter aceitado a proposta de emprego feita pela
concorrente em fevereiro de 2012, em razão do melhor salário. Portanto, o
pedido de demissão deverá ser considerado, por fins legais, o marco inicial
da decadência para ingressar com ação de anulação de negócio jurídico.

Contudo, a requerente apenas propôs a ação em 20 de janeiro de 2017,


ultrapassando o prazo decadencial estipulado em lei.

IV- REALIDADE DOS FATOS

A alegação de coação resta completamente infundada por não haver


qualquer lastro com a realidade.
É evidente a posição hierárquica que as partes exerciam, porém, em
nenhum momento foi comprovado qualquer ação da ré que demonstre
coação para que a parte autora ficasse compelida a doar um de seus
imóveis para a instituição que ela prestava serviços como diretora.

Além disso, frisa-se que a requerente já estava em fase negociação para


pedir demissão do orfanato semente do amanhã e trabalhar em outra
empresa no mesmo mês em que celebrou a doação para o orfanato.

Neste sentido, fica demonstrado a má-fé da parte autora em propor uma


ação contra a parte ré em que nenhum momento atuou de forma abusiva
contra a antiga funcionária.

V- DO PEDIDO

A) seja acolhida  preliminar de coisa julgada, determinando a extinção


do processo sem resolução do mérito;

B) acolhida a preliminar de ilegitimidade passiva , intimando o autor


para se manifestar em 15 (quinze) dias,sobre a alteração da petição
inicial para substituição do réu, caso contrário seja extinto o processo
sem resolução do mérito;

C) seja pronunciada a decadência extinguindo-se o processo com


resolução do mérito;

D) ultrapassada a prejudicial de mérito, seja julgado improcedente o


pedido;

E) a condenação do autor ao pagamento das custas judiciais e


honorários advocatícios estes fixados em 20% sobre o valor da causa.

Requer a produção de todos os meios de prova em direito admitidos,


notadamente, documental e testemunhal, bem como depoimento pessoal
do autor, na amplitude do art. 369 CPC.

Nestes termos,

Pede deferimento

Douglas Corrêa Viana

OAB-RJ

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