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A preponderância da diminuição da
mobilidade articular ou da
elasticidade muscular na perda da
flexibilidade no ...
Jani Cleria Bezerra

Fit Perf J

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La preponderancia de la disminución de la movilidad art icular de la elast icidad muscular en la …


Jani Cleria Bezerra

A flexibilidade na aut onomia funcional de idosas independent es


Est élio H M Dant as

A FLEXIBILIDADE EM INDIVÍDUOS IDOSOS A FLEXIBILIDADE EM INDIVÍDUOS IDOSOS


Geovani Emilio
doi:10.3900/fpj.1.3.12.p EISSN 1676-5133

A preponderância da diminuição
da mobilidade articular ou da elasticidade
muscular na perda da flexibilidade
no envelhecimento

Artigo Original

Estélio Henrique Martin Dantas Jani Cléria Aragão


Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciência da Motricidade Humana da Progama de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciência da Motricidade Humana da
Universidade Castelo Branco/RJ Universidade Castelo Branco/RJ
estélio@ism.com.br janicba@ig.com.br
Sissi Aparecida Martins Pereira Adriana Harumi Ota
Programa de Pós-Graduação Scricto Sensu em Ciência da Motricidade Humana da Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciência da Motricidade Humana da
Universidade Castelo Branco/RJ Universidade Castelo Branco/RJ
sissi@bridge.com.br otaharumi@hotmail.com

Dantas, E.H.M.; Pereira, S.A.M.; Aragão, J.C.; Ota, A.H. A preponderância da diminuição da mobilidade articular ou da elasticidade
muscular na perda da flexibilidade no envelhecimento. Fitness & Performance Journal, v.1, n.3, p.12-20, 2002.

RESUMO: Em pessoas saudáveis se admite que a capacidade e a liberdade de executar movimentos geram conforto, levando ao
bem-estar. Com o envelhecimento, surge um aumento da densidade na cartilagem e nos tecidos ao seu redor, além da tendência à
perda da elasticidade dos músculos, ao desenvolvimento da artrite e de outras patologias do aparelho locomotor, que intensificam
a restrição do movimento articular, reduzindo a flexibilidade. O principal objetivo desse estudo é verificar se a perda da flexibilidade
acarretada pelo envelhecimento ocorre, preponderantemente, em função da diminuição da mobilidade, ou da perda da elasticida-
de muscular. Montaram-se dois grupos amostrais, abrangendo as faixas etárias entre 31 e 45 anos (idade madura) e entre 61 e 75
anos (idoso-jovem). Na primeira etapa da pesquisa, fez-se a seleção dos movimentos que são limitados pela elasticidade muscular
e daqueles restritos pela mobilidade articular. Na segunda etapa, verificou-se o perfil de flexibilidade dos dois grupos amostrais.
Coletados os resultados, concluiu-se que a perda de flexibilidade durante o processo de envelhecimento obteve um índice de
45,9% para a mobilidade articular, enquanto que a elasticidade muscular foi responsável por 54,1%, sobre o total da variação.

Palavras-chave: Flexibilidade, mobilidade articular, elasticidade muscular, envelhecimento.

Endereço para correspondência:

Data de Recebimento: março / 2002 Data de Aprovação: abril / 2002

Copyright© 2002 por Colégio Brasileiro de Atividade Física, Saúde e Esporte.

Fit Perf J Rio de Janeiro 1 3 12-20 mai/jun 2002


ABSTRACT RESUMEN

Decrease of Flexibility through aging process: Joint Mobility reduction La preponderancia de la disminución de la movilidad articular de la
or diminution of Muscular Elasticity elasticidad muscular en la pérdida de la flexibilidad en el envejeci-
miento
In healthy people it’s possible to admit that the capacity and the freedom of
executing movements generate comfort, taking to the well-being. With the aging; En las personas saludables es posible admitir que la capacidad y la libertad de
an increase of the density appears in the cartilage and in the surround tissues, ejecutar los movimientos generan el conforto, mientras llevando al bienestar. Con
besides the tendency to the loss of the elasticity of the muscles, to the development el envejecimiento un aumento de la densidad aparece en el cartílago y en el tejidos
of the arthritis and of other pathologies of the locomotor’s system, that intensify cercanos, además de la tendencia a la pérdida de la elasticidad de los músculos,
the restriction of the movement and reduce the flexibility. The main objective of al desarrollo de la artritis y de otras patologías del sistema locomotor que inten-
that study is to verify if the loss of the flexibility carted by the aging happens, sifica la restricción del movimiento y reduce la flexibilidad. El objetivo principal
preponderantly, in function of the decrease of the mobility, or of the loss of the de ese estudio es verificar si la pérdida de la flexibilidad por el envejecimiento
muscular elasticity. Two sample groups were set up, including the age groups pasa, preponderantemente, en la función de la disminución de la movilidad, o
between 31 to 45 years (age ripens), and among 61 to 75 years (senior-young). de la pérdida de la elasticidad muscular. El estudio fue hecho con dos grupos:
In the first stage of the research it was made the selection of the movements that un de ellos con edad entre 31 y 45 años (la edad madura), y entre 61 a 75 años
are limited for the muscular elasticity and of those restricted ones for the mobility (mayor-joven). En la primera fase de la investigación fue hecho la selección de
to articulate. In the second stage, the profile of flexibility of the two sample groups los movimientos que están limitado para la elasticidad muscular y de aquellos
was verified. Collected the results, it was ended that the loss of flexibility during restringidos para la movilidad articular. En la segunda fase, se verificó el perfil
the aging process obtained an index of 45.9% for the mobility, while the muscular de flexibilidad de los dos grupos de la muestra. Obtenidos los resultados, fue
elasticity was responsible for 54.1%, on the total of the variation. constatado que la pérdida de flexibilidad durante el proceso de envejecimiento
obtuvo un índice de 45,9% para la movilidad, mientras la elasticidad muscular
fue responsable por 54,1%, en el total de la variación.
Keywords: Flexibility, mobility, muscular elasticity, aging. Palabras clave: Flexibilidad, movilidad, elasticidad muscular, envejecimiento.

INTRODUÇÃO

Os números absolutos e relativos de anciãos estão aumentando do equilíbrio. Vulnerabilidade muscular e consequente falta de
em quase todos os países do mundo. A sociedade vem se defron- equilíbrio representam fatores de risco para as quedas nos idosos.
tando, portanto, com um crescente segmento de população idosa,
Ademais, mudanças positivas na capacidade funcional resulta-
a qual demanda cada vez mais serviços de saúde especializados,
riam numa mais ampla independência nas atividades da vida
apresentando, ao mesmo tempo, menor capacidade de resposta
diária, (BARRY, RICH & CARLSON, 1993). Desta atitude provêm
a tais serviços. Logo, recaem extraordinárias responsabilidades
benefícios para a saúde óssea e, portanto, a redução dos perigos
sobre a família do senescente e/ou sobre programas e institui-
da osteoporose, a correção e a estabilidade postural, diminuin-
ções visando ao bem estar e a uma condigna qualidade de vida
do e evitando possíveis acidentes e acrescentando flexibilidade
referente ao idoso.
e amplitude aos movimentos. Aumenta-se, pois, a capacidade
O envelhecimento é um processo complexo, envolvendo inúmeras funcional de homens e mulheres senescentes, contribuindo, assim,
variáveis - fatores genéticos, estilo de vida, doenças crônicas, para uma desejável e, portanto, digna qualidade de vida.
entre outros dados. Para dizer o óbvio, envelhecer atinge qualquer
Segundo BUCKWATER, (1997), a atividade regular consegue
ser humano, desde que não morra, ou na infância ou enquanto
freqüentemente retardar ou reverter o decréscimo de mobilidade,
jovem. No entanto, o que merece enorme atenção é o modo
decréscimo este que contribui para doenças e incapacidades
como se envelhece: urge, assim, a procura e o encontro de meios
em anciãos.
eficazes para que as etapas da velhice transcorram de modo o
mais satisfatório possível. A participação em uma atividade física O status financeiro e qualidade de vida são negativamente afe-
oferecerá oportunidades de vir à tona um número favorável de tados, simultaneamente ao declínio da habilidade para trabalhar
fatores, contribuindo para um envelhecimento saudável, por meio e participar em atividades sociais e de lazer.
de um estilo de vida independente, aprimorando a capacidade
A auto-imagem e a auto-estima tendem a prejudicar-se, a qua-
funcional e a qualidade de existência nesta fase (ACSM, 1998).
lidade do sono se deteriora comprometendo, com freqüência, a
A atividade física traz benefícios tanto preventivos quanto terapêu- parte psicológica e o estado de ânimo daqueles que caminham
ticos para a pessoa debilitada pelo passar dos anos, benefícios para a velhice ou nela já se encontram. A reduzida capacidade
estes cuja meta primeira é tornar seus dias mais prazerosos, ao para se exercitar vai afetando diversos sistemas orgânicos, ins-
se aperfeiçoarem as possibilidades das ocupações cotidianas e taurando campo favorável para patologias cardíacas, diabetes
de lazer. e câncer de cólon, dentre outros males.
O maior impacto na capacidade funcional decorre das mudan- A habilidade de um idoso, ao buscar reter a destreza e a mobili-
ças fisiológicas que afetam a mobilidade da pessoa de idade. dade cotidianas - como caminhar, levantar-se e alcançar algum
Programas de caminhada, objetivando o desenvolvimento da objeto acima da cabeça - evidencia importantes aspectos de um
flexibilidade, e o treinamento de força estão aptos a evitar o estilo de vida de qualidade (ALEXANDER, NICKEL, BORESKIE,
enfraquecimento muscular, a bem de uma plausível restauração & SEARLE, 2000).

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Uma motricidade equilibrada realça o corpo, valoriza o auto- As pessoas nem sempre terminam seus dias asiladas por doenças
conceito e a auto-estima, criando, ao mesmo tempo, uma inter- agudas, mas, muitas vezes, devido ao fato de não desenvolverem
dependência produtiva e saudável com o meio ambiente – com convenientemente suas capacidades físicas e, assim, perderem
amigos, familiares, enfim com a camada social a que o idoso a resistência biológica (ADAMS, O’SHEA, & O’SHEA, 1999).
pertence. A apreensão harmoniosa de movimentos marca o ponto Quando elas atingem perto dos 50 anos, caso tenham optado
inicial de onde partem as possibilidades existenciais prazerosas por uma vida sedentária, começam a pagar o preço por tal
das diversas etapas da senescência. escolha. O sedentarismo não só prevê mas também ocasiona
conseqüências sérias - mudanças na composição corporal,
A fim de prescrever e programar exercícios apropriados para incluindo a perda de massa magra, da força, da flexibilidade e
anciãos, necessita-se de um planejamento cuidadoso e eficiente, da densidade óssea. Constata-se, além do mais, o aumento do
considerando-se dados como a idade, a experiência vivencial, peso e gordura corporal.
o nível de preparo, a escolaridade, as condições de saúde de
cada sujeito. A inatividade, na senescência - repete-se - é o principal fator
dessas mudanças: Os níveis de atividade física evidenciam um dos
Tais atividades – prazerosas – enfatizarão a alegria, a motivação, determinantes fundamentos que afetam a composição corporal,
a espontaneidade, de cada um e do grupo, ambos em interação, a partir da infância até a velhice.
de forma a deixar os senescentes à vontade e descontraídos. Após
a vivência de uma sessão de atividade, espera-se que eles se Uma flexibilidade adequada auxilia o ser humano, tanto a en-
sintam mais animados e descansados, atenuando-se a angústia contrar seu equilíbrio funcional nas diversas vivências, quanto a
e a depressão e, até mesmo, desaparecendo ambos (DANTAS, participar integralmente de inúmeras atividades, seja de lazer,
1999, p. 200). seja na instância comunitária. Ressalva-se que a ausência de
flexibilidade razoável conduz o sujeito a maior possibilidade de
Reitera-se que o desempenho diário de atividades físicas é de lesões e a problemas funcionais, sobretudo em se tratando de
suma relevância no que diz respeito à boa qualidade de vida, sedentários, indivíduos em idade madura ou anciãos.
na velhice. Exercitar-se fisicamente a cada dia requer um certo
A flexibilidade declina com a idade – destaca-se mais uma vez
nível de physical ftness (habilidade física); segundo a OMS,
nesta pesquisa. Parece que os indivíduos sofrem uma perda de
physical fitness é “a habilidade para desempenhar trabalho
20 a 30% entre 30 e 70 anos.
muscular satisfatoriamente”, (VANHEUVELEN, KEMPEN, ORMEL,
& RISPENS, 1998,) incluindo-se componentes como resistência As contribuições relativas do tecido mole, para a resistência total,
muscular localizada, força, resistência aeróbica, flexibilidade e encontradas na articulação, enumeram-se a seguir: cápsulas ar-
composição corporal. ticulares, 47%; músculo e sua fascia, 41%; tendões e ligamentos,
10%; e pele, 2%.
De acordo com ACSM (1998), o termo flexibilidade abrange a
amplitude de movimentos de simples ou múltiplas articulações, Poucas evidências sugerem que mudanças biológicas - enrije-
e a habilidade para desempenhar tarefas específicas. DAN- cimento dos tendões, modificações nas cápsulas articulares ou
TAS, (1998, 173) completa esta definição, acrescentando que no músculo - são responsáveis pelo declínio da flexibilidade,
flexibilidade é a “qualidade física responsável pela execução relacionado com a idade. Com o avançar do tempo, o colágeno
voluntária de um movimento de amplitude angular máxima, por aumenta em solubilidade, tornando-se mais espesso, sem omitir
uma articulação ou conjunto de articulações, dentro dos limites o seu acréscimo em conteúdo, no músculo: em contrapartida,
morfológicos, sem o risco de provocar lesão”. leva a uma diminuição na amplitude do movimento.

O prognóstico da perda da mobilidade aflige e preocupa seria- A imobilização ou a falta de atividade intensifica a rotatividade
mente qualquer pessoa, em particular os idosos: a diminuição do colágeno e deposição nos ligamentos, reduzindo seja a fibra
progressiva na amplitude do movimento articular e o aumento muscular seja a massa muscular, em detrimento da flexibilidade.
do enrijecimento articular caracterizam o avançar da idade. As Quando se envelhece, a amplitude de movimentos durante a
causas específicas e a importância dessas mudanças na velhice caminhada e as articulações da extremidade inferior tornam-se
não são suficientemente claras. A diminuição da amplitude de progressivamente limitadas. O idoso dá passadas mais curtas
movimento pode envolver a deterioração da cartilagem, dos que o indivíduo jovem, atualizando, pois, uma contenção na
ligamentos, dos tendões, do fluido sinovial e dos músculos. O amplitude da flexão e extensão do quadril e uma reduzida flexi-
colágeno, um dos primordiais componentes do tecido conectivo, bilidade de tornozelos. Entre os afazeres cotidianos, o agachar-se
torna-se mais denso com o passar dos anos, revelando-se, con- e amarrar cadarços dos sapatos requerem grande amplitude de
comitantemente, um decréscimo da elastina. Desconhecem-se movimentos, a qual se restringe na velhice.
quais desses fatores desempenham papel mais relevante com
relação à velhice: no entanto, à medida que ela vai se insta- O exercício pode reduzir esta fibrose relacionada à senescência
lando, a calcificação da cartilagem e dos tecidos ao seu redor e auxiliar a manutenção da flexibilidade, na terceira idade. O
declínio da flexibilidade entre os idosos, causado pela falta de
vai aumentando; surge uma tendência ao encurtamento dos
exercícios, é reversível por meio de atividades específicas.
músculos, ao desenvolvimento da artrite e de outras condições
ortopédicas negativas, que intensificam a restrição do movimento A flexibilidade é um componente primordial do fitness, impres-
articular e reduzem a elasticidade e a tolerância da compressão cindível aos anciãos, flexibilidade esta que age como fator de
da coluna vertebral (MISNER, MASSEY, BEMBEN, GOING & segurança na prevenção de quedas, e de acidentes domésticos
PATRICK, 1992). em geral. Ela é, porém, freqüentemente negligenciada pelos

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ESTRUTURAS PROPRIEDADES
Cápsula Articular
Articulações Ligamentos Mobilidade Articular
Ligamentos
Músculos Voluntários Mitocôndrias, Retículo Sarcoplasmático
Plasticidade
(e tendões) e Sistema Tubular
Elasticidade Muscular Endomísio, Perimísio e Epimísio; Sarcômero
Pele Maleabilidade
Fonte: Dantas, 1997.

indivíduos na velhice. A flexibilidade, conjugada com a força, se encontra devidamente estabelecida (WALKER, SUE, MILES-
permite ao sujeito desincumbir-se das tarefas diárias, com redu- ELKOUSY, FORD & TREVELYAN, 1984).
zido risco de lesões.
Tem-se relatado que a participação em condicionamento físico ou
MESSIER, LOESER, HOOVER, SEMBLE, & WISE, (1992) detecta- em altos níveis de atividade física ampliariam a flexibilidade ou
ram que a flexibilidade limitada impede a amplitude dinâmica dos compensariam o seu declínio, tal declínio relacionado à idade.
movimentos, levando a significativas diferenças nas medidas de De acordo com DANTAS (1999, p. 205), a limitação da amplitude
velocidade. Conforme resultados obtidos sobre a questão, parece articular pelo aumento do número de anos vividos incide mais
que adultos portadores de osteoartrite no joelho compensam tal sobre determinas articulações.
patologia reduzindo a velocidade angular do joelho, durante a A análise dos dados, aqui elaborada, somente enfocará os
caminhada, e, também, a extensão na amplitude de movimento aspectos morfológicos, influenciados pelos fatores explicitados
nas pernas afetadas e não afetadas. Então existe evidência de que no quadro abaixo.
a terapia, por intermédio de exercícios de flexibilidade, beneficia
pacientes com artrite. Dentre as propriedades que influem no fenômeno da flexibilida-
de, as que oferecem interesse para este trabalho são aquelas,
A medida da amplitude de movimento é rotineiramente usada na segundo FOX, BOWER, & FOSS, (1991, p. 134), relacionadas
avaliação, tanto da mobilidade articular quanto da sua função aos fatores de mais forte resistência, na obtenção de maiores
nos tratamentos e nas montagens de metas realistas, no caso arcos articulares: A mobilidade articular, (47%), e a elasticidade
particular de cada paciente. articular, (41%).
Pesquisadores têm sugerindo que amplitudes de movimentos arti- Como já se especificou no início desta introdução, o objetivo
culares selecionados variam com a idade. Mudanças regressivas primeiro do presente estudo é verificar se a perda da flexibilidade,
em todos os tecidos das articulações começam a ocorrer após acarretada pelo envelhecimento, ocorre preponderantemente
20 anos de idade, podendo suceder diminuição das amplitudes em função do decréscimo da mobilidade articular, ou da perda
de movimento. Dor, enfraquecimento muscular ou espasmo in- de elasticidade.
dicariam limitação do movimento da articulação ativa.
O status de saúde de um indivíduo e qualquer progresso em sua MÉTODOS
integridade articular associados ao envelhecimento são capazes
de afetar amplitudes de movimentos selecionados. A relação Modelo de Estudo
entre a amplitude de movimentos e atividade física ainda não
O estudo desenvolveu-se em duas fases, utilizando-se para cada
uma delas modelos distintos.
Inicialmente se empregou um modelo de pesquisa descritiva, (ARY,
JACOB & RAZAVICH, 1972), do tipo levantamento de Survey,
(KERLINGER, 1964), no qual se utilizou o Painel Delphico como
método de obtenção dos dados em investigação.
Posteriormente, aplicou-se o delineamento pré-experimental, por
meio de “Comparação de Grupo Estatística”, (CAMPBELL, 1979).
Seleção dos Sujeitos
Aponta-se, ainda uma vez, que se montaram dois grupos
amostrais – um composto de sujeitos em idade madura, (31
a 45 anos, Grupo “A”), e outro de idosos jovens, (61 a 75
anos - Grupo “B”), segundo a classificação da OMS, citada
por WEINECK (1991 p.330). O número de pessoas de cada
(1) Rotação da coluna cervical (6) Flexão de quadril grupo foi determinado por meio do Power Experiment. Todos os
(2) Extensão de joelho (7) Flexão de joelho
(3) Flexão de ombro (8) Adução de ombro indivíduos em estudo eram saudáveis e não-atletas, praticando
(4) Abdução de ombro (9) Flexão de cotovelo atividade física pelo menos três vezes por semana, nos últimos
(5) Extensão de cotovelo (10) Prono-supinação três meses da pesquisa.

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Dificultado pela Mobilidade Articular. Dificultado pela Elasticidade Muscular.
Abdução da art. punho Abdução de cintura escapular
(X = 0,89 ± 1,02) z = 4,5380 (X=-0,57 ±1,09) z=2,8934
Circundução da art. do punho Adução de cintura escapular
(X = 0,84 ± 0,87) z = 5,2966 (X=-0,68 ±0,97) z= 3,1207
Rotação da coluna lombar Retração do esterno clavicular
(X=0,52 ± 1,09) z=2,8971 (X= -0,52 ±1,22) z=3,2105
Rotação interna da art. do joelho Rotação da coluna cervical
(X = 0,83 ± 1,21) z=3,7663 (X = -0,63 ±1,03) z =2,9952
Rotação externa da art. do joelho Flexão de quadril
(X= 0,82 ± 1,24) z=3,6546 (X = -0,52 ± 0,75) z =5,6712

Procedimentos Metodológicos Os resultados alcançados na pesquisa em questão ratificaram


o acima explanado, de forma não sistematizada na literatura,
1a Etapa: Seleção dos movimentos limitados pela
ensejando o prosseguimento do presente estudo.
elasticidade muscular e dos movimentos restritos pela
mobilidade articular
DIFICULTADO PELA ELASTICIDADE
Um júri constituído por especialistas foi selecionado, através
MUSCULAR
da Técnica Delphi, em dois rounds e, em seguida, solicitado
a posicionar-se sobre quais os movimentos humanos mais ca-
2a Etapa: Verificação do perfil de flexibilidade dos
racteristicamente limitados pela elasticidade muscular, em sua
grupos amostrais
amplitude máxima, (Conjunto “I”), e quais os que têm na mo-
bilidade articular o seu principal fator limitante, (Conjunto “II”). A medida da flexibilidade dos movimentos integrantes dos con-
Os pesquisadores serviram do instrumento com a descrição dos juntos “I” e “II“, do grupo “A” e, em seguida, do grupo “B”.
52 movimentos mais relevantes do corpo humano, (excluindo-se
Instrumentação
os realizados pelas mãos e pelos pés). Diante de cada um dos
movimentos, uma escala de valoração progressiva, baseada na Obteve-se a medida da flexibilidade por meio de um Lafayette Go-
Escala Lickert, possibilitou a opinião quantitativa sobre o fator niometer Set, utilizando-se o protocolo LABIFIE, (DANTAS, 1993),
preponderante na limitação da flexibilidade: ou o movimento com os sujeitos não aquecidos, na parte da tarde e nas CNTP.
seria destacadamente impedido pela elasticidade muscular
em quase a totalidade das pessoas, (-2), ou o movimento seria
TRATAMENTO ESTATÍSTICO
possivelmente impedido, em algumas pessoas, pela elasticida-
E APRESENTAÇÃO DOS DADOS
de muscular, (-1); poderia ainda acontecer que o movimento
fosse tolhido por outro fator - tal como o volume do agonista
A amostra deste estudo corresponde a n= 62, sujeitos, subdivi-
- ou por combinação de fatores, sem caracterizar o predomínio
didos, segundo as faixas etárias - idoso e maduro, e conforme a
de nenhum, (0); ou ainda sucederia, em certos sujeitos, que o
prática de atividade física e o sexo.
movimento fosse impedido pela mobilidade articular, (+
1), ou, enfim, haveria a possibilidade de o movimento ser clara- Para uma primeira abordagem dos dados, submeteram-se os
mente impossibilitado pela mobilidade articular, na quase sujeitos a dois tratamentos distintos: por meio da ferramenta da
totalidade dos indivíduos, (+ 2). Estatística Descritiva a fim de apresentar a amostra analisada,
e por meio da Estatística de Inferência, na qual se efetuaram
Ressaltou-se que não se deveriam considerar as alterações pato-
os testes de hipóteses, a fim de serem verificados, compara-
lógicas comparadas com os padrões de normalidade.
tivamente, os componentes das médias das variáveis estudadas.
O instrumento selecionado foi validado por cinco membros -
Analisaram-se sete variáveis, (M1= abdução de punho; M2=
doutores e mestres - com, pelo menos, cinco anos de experiência
adução de punho; M3= rotação interna de joelho; M4= rotação
profissional, e submetido, posteriormente, ao julgamento de 63
especialistas em cinesiologia, anatomia, ortopedia e motricidade externa de joelho; M5= abdução de cintura escapular; M6=
humana. adução de cintura escapular; M7= flexão de quadril); chegando-
se então às seguintes médias e seus respectivos desvios-padrão,
conforme o quadro aponta:
RESULTADOS
Grupo Cód. Grupo.
Tabularam-se os resultados colhidos numa planilha Microsoft Geral G-A
EXCEL 7.0, através do programa Mystat; calcularam-se os desvios Idoso I-B1
por meio do escore “z”, para cada um dos itens. Maduro M-B2
Pratica Atividade Física P-C1
Consideraram-se, como sendo de indubitável preferência do
Não Pratica Atividade Física ñP-C2
júri de especialistas, os itens que apresentaram um escore “z” ≥
Feminino Fem-D1
2.5, capazes de assegurar uma certeza de 99%. Os movimentos
Masculino Masc-D2
mais distintamente impedidos por um ou por outro fator foram
os seguintes, na opinião dos especialistas: Média ##,#

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Cód. Grupo n Freq. M1 M2 M3 M4 M5 M6 M7
21,60 37,88 26,58 27,53 87,60
G-A 62 100,0% 3,09 2,15) 4,58 (4,83)
(5,94) (15,02) (7,84) (6,09) (15,93)
21,51 37,55 24,66 24,62 83,34
I-B1 30 48,4% 3,25 (2,75) 3,13 (1,34)
(5,79) (14,81) (7,11) (6,03) (14,75)
21,68 38,19 28,37 30,25 91,60
M-B2 32 51,6% 2,93 (1,40) 5,94 (6,35)
(6,16) (15,45) (8,17) (4,80) (16,19)
Cód. Grupo n Freq. M1 M2 M3 M4 M5 M6 M7
22,94 33,64 24,70 27,57 93,78
P-C1 31 50,0% 3,26 (2,69) 3,85 (2,36)
(6,47) (15,46) (8,02) (6,02) (15,96)
20,25 42,12 28,45 27,48 81,43
ñP-C2 31 50,0% 2,91 (1,44) 5,31 (6,39)
(5,10) (13,51) (7,31) (6,26) (13,52)
21,26 38,95 27,60 27,92 91,33
Fem-D1 46 74,2% 3,30 (2,35) 5,00 (5,51)
(5,76) (14,15) (7,65) 5,96) (14,93)
22,57 34,80 23,64 26,41 76,89
Masc-D2 16 25,8% 2,48 (1,28) 3,36 (1,37)
(6,51) (17,41) (7,87) (6,51) (14,09)

D.P (##,#) “r”, de p< 0,05 e um grau de liberdade = 61. Eis os resultados
Médias Observadas de acordo com o quadro:
No quadro a seguir visualizam-se mais distintamente as variáveis
Tais resultados demonstraram que existem correlações significa-
FAIXA ETÁRIA, PRÁTICA ATIVIDADE FÍSICA e SEXO.
tivas entre as variáveis M1 e M6 (r= 0.36, p= 0,0041<0,01) e
É de suma importância que se esclareça previamente a legenda entre M4 e M7 (r = 0.31, p = 0,01145<0,02).
utilizada. A variável M7 apresentou-se como determinante na identifica-
GRUPOS CÓD. GRUPO
ção de diferenças entre os grupos estudados; obtendo um nível
de significância de p> 0,05 e freqüência positiva, quando da
Idoso, Pratica, Feminino I, P, Fem-H1
testagem das hipóteses nulas.
Idoso, Pratica, Masculino I, P, Masc-H2
Idoso, Não Pratica, Feminino I, ñP, Fem-H3 Em síntese, em todas as comparações dos grupos pesquisados,
Idoso, Não Pratica, Masculino I, ñP, Masc-H4 a variável M7 acusou diferenças. É lícito afirmar, com 95% de
Maduro, Pratica, Feminino M, P, Fem-H5 certeza, que esta variável prepondera sobre a capacidade de
Maduro, Pratica, Masculino M, P, Masc-H6 Elasticidade Muscular ou sobre Mobilidade Articular.
Maduro, Não Pratica, Feminino M, ñP, Fem-H7 Conforme os resultados denotados nesta primeira abordagem
Maduro, Não Pratica, Masculino M, ñP, Masc-H8 estatística, concluiu-se que:
1. A faixa etária, a prática de atividade física e o sexo mostram-
Estudo das Correlações se fatores de inferência na seleção do universo amostral, uma
No sentido de verificar a existência de relações funcionais, entre vez que os mesmos revelam forte influência sobre as variáveis
as variáveis analisadas, e reduzir, portanto, as redundâncias analisadas neste estudo;
analíticas, elaborou-se uma matriz de correlação entre as refe- 2. Em ambas as faixas etárias, referentes a “maduro” e a “ido-
ridas variáveis, aplicando-se o Teste de Correlação de Pearson: so”, as variáveis que atualizaram indicadores mais adequados
Apreendeu-se, então, um nível de significância para o coeficiente ao diagnóstico e à quantificação da redução da elasticidade

Cód.Grupo n Freq. m1 M2 M3 M4 M5 M6 M7
20,56 31,55 23,73 27,34 4,51 3,01 94,78
I,P,Fem-H1 8 12,9%
(6,23) (16,20) (6,15) (7,43) (4,63) (1,42) (14,18)
25,09 25,69 22,64 22,50 2,64 4,10 81,20
I,P, Masc-H2 7 11,3%
(6,03) (9,24) (8,95) (5,98) (1,49) (1,53) (12,69)
20,05 45,35 27,32 23,68 3,05 2,75 81,03
I, ñP, Fem-H3 13 21,0%
(5,44) (7,70) (6,00) (4,96) (1,62) (1,09) (11,95)
22,30 52,30 18,15 27,30 1,65 2,65 60,15
I, ñP.Masc-H4 2 3,2%
(1,84) (28,28) (8,70) (6,65) (1,91) (0,92) (0,64)
23,12 41,54 26,45 30,21 3,03 4,52 102,82
M,P, Fem-H5 13 21,0%
(6,74) (15,00) (9,37) (3,96) (1,73) (3,19) (14,33)
23,53 23,53 24,50 28,63 2,40 2,67 81,30
M,P, Masc-H6 3 4,8%
(8,41) (16,29) (5,15) (3,51) (0,17) (0,58) (8,89)
21,03 34,14 31,72 30,41 3,05 9,30 87,75
M, ñP, Fem-H7 12 19,4%
(4,79) (14,87) (7,01) (5,65) (1,26) (9,01) (10,03)
17,58 50,45 27,48 31,15 2,65 2,95 74,40
M, ñP, Masc-H8 4 6,5%
(6,49) (7,02) (8,00) (6,79) (1,40) (1,38) (18,97)

Fit Perf J, Rio de Janeiro, 1, 3, 17, mai/jun 2002 17


VARIÁVEL M1 M2 M3 M4 M5 M6 M7
r=-0.08 r=0.05 r=-0.11 r= .07 r=0.36 r=-0.13
M1 -
p>0,05 p>0,05 p>0,05 p>0,05 p<0,01 p>0,05
r=-0.08 r=0.23 r=0.22 r=-. 05 r=-0.23 r=-0.22
M2 -
p>0,05 p>0,05 p>0,05 p>0,05 p>0,05 p>0,05
r=0.05 r=0.23 r=0.20 r=0.02 r=0.09 r=0,04
M3 -
p>0,05 p>0,05 p>0,05 p>0,05 p>0.05 p>0,05
r=-0.11 r=0.22 r=0.20 r=0.01 r=-0.05 r=0.31
M4 -
p>0,05 p>0,05 p>0,05 p>0,05 p>0,05 p<0,02
r=0.07 r=-0.05 r=0.02 r=0.01 r=0.16 r=0.15
M5 -
p>0,05 p>0,05 p>0,05 p>0,05 p>0,05 p>0,05
r=0.36 r=-0.23 r=0.09 r=-0.05 r=0.16 r=-0.01
M6 -
p<0,01 p>0,05 p>0,05 p>0,05 p>0,05 p>0,05
r=-0.13 r=-0.22 r=0.04 r=0.31 r=0.15 r=-0,01
M7 -
p>0,05 p>0,05 p>0,05 p<0,02 p>0,05 p>0,05

Código Variável Parâmetro Escala


MA M1+M2+M3+M4 Mobilidade Articular contínua
EM M5+M6+M7 Elasticidade Muscular contínua

Variáveis F calculado p Tukey - Flexibilidade → mobilidade articular combinada `a elas-


ticidade muscular;
MA 4,97 0,030 Maduro>Idoso
EM 6,402 0,014 Maduro>Idoso -Dois Grupos (maduros {30< idade< 46}) e (idosos {60<
idade< 75}), com a distribuição abaixo especificada:
muscular ou da perda de mobilidade articular foram às
diferenças significativas menores, comparativamente à média - Em virtude das angulações aparecerem diretamente propor-
do grupo dos maduros; relativas a M4, M6 e M7, nas quais as cionais aos parâmetros estudados e, ainda, obedecerem a um
médias do grupo dos idosos apresentaram um resultado superior; padrão métrico contínuo, constituíram-se em duas outras variáveis
analíticas, conforme o quadro anexo:
3. A variável M7 demonstrou a capacidade de avaliar, com
forte significância, os estágios de evolução das reduções acima Através destas variáveis, torna-se possível analisar os parâmetros
mencionadas: Presentificaram-se diferenciações, segundo a faixa diretamente. O princípio que garante a objetividade das somas
etária, a prática de atividade física e o sexo. Além disto, mostrou- das angulações deriva do fato de que todos os valores são cres-
se funcional quando em relação à variável M4. centes, dentro de uma escala contínua.

Efetivou-se uma segunda abordagem estatística, baseada na Os resultados encontrados, quanto às médias observadas nos
realização dos testes de análise de variância e do coeficiente de dois grupos, para as variáveis MA e EM vêm abaixo:
correlação por rank, de Sperearman.
Aplicou-se o teste de análise de variância, combinado com o
Como considerações finais afirma-se o que se segue: teste de Tukey, a fim de se certificar se existem ou não diferenças
significativas, (p< 0,05), entre as médias dos grupos estudados,
- As angulações dos movimentos Mi (i=1, 2,3... 7) quantificadas
segundo as variáveis analíticas MA, (mobilidade articular),
são diretamente proporcionais aos parâmetros mobilidade e
e EM, (elasticidade muscular). Encontraram-se os seguintes
elasticidade, isto é, quanto maiores as angulações, maiores
resultados:
as condições de Mobilidade e Elasticidade, e vice-versa;
Na tabela acima, ambos os p<0,05 mostram que existem dife-
- Mobilidade Articular (M1, M2, M3, M4);
renças significativas entre os grupos em ambos os parâmetros.
- Elasticidade Muscular (M5, M6, M7); Na mobilidade articular, o grupo dos maduros, (119,82),
apresenta um resultado significativamente maior que o do gru-
po dos idosos, (108,34). Isto implica dizer que, nos maduros,

18 Fit Perf J, Rio de Janeiro, 1, 3, 18, mai/jun 2002


a mobilidade articular é consideravelmente superior à dos Delta (variação) Idade = A x (Delta mobilidade arti-
idosos, nas faixas etárias consideradas. cular) + B x (Delta elasticidade muscular)

Após esta análise, a hipótese de diferenças, nos parâmetros [MA No caso, A e B são constantes adimensionais e, somadas, resul-
e EM] é respaldada pelos resultados alcançados. tam em [ A + B ] → 100% das inferências, (pesos). Por conse-
qüência, os coeficientes analíticos correspondem aos respectivos
Em prosseguimento a esta análise, desenvolveu-se um estudo de pesos de inferências sobre o todo, [delta flexibilidade].
correlações entre as variáveis pesquisadas: Utilizou-se o coeficien-
te de Spearman, (rank), uma vez que os dados são de natureza Eis os resultados, delineados nos quadros a seguir:
contínua, (dados angulares e de idade), e discreta, (status do
Parâmetro Coeficientes Nível de Significância p
grupo segundo a faixa etária). Dessa forma, optou-se por tratar
Mobilidade Articular A=0,218205 0,0108<0,05
todos os dados, empregando-se os testes não paramétricos de
Elasticidade Muscular B=0,256745 0,0127<0,05
correlação de Spearman por ranks, considerando-se as variáveis
Total A+B= 0,474995 0,0001<<0,05
Mi, como dependentes, e a idade, como independente.
R= 0,878009, Grau de Liberdade = 61
O quadro abaixo homologa os resultados:
Parâmetro Coeficiente Peso
Variável Idade (Rs) p Total 0,47495 100%
M1 0,0628 0,6228 Mobilidade Articular 0,218205 45,9%
M2 -0,0549 0,6708 Elasticidade Muscular 0,256745 54,1%
M3 -0,1736 0,1787
M4 -0,4930 0,0001
M5 -0,0315 0,0839 CONCLUSÃO
M6 -0,3139 0,8074
M7 -0,2557 0,0150 Em resumo, conclui-se que as variações da capacidade de fle-
M1+M2+M3+M4 (MA) -0,2232 0,0476 xibilidade decorrem das variações etárias, obedecendo funcio-
M5+M6+M7(EM) -0,2767 0,0321 nalmente às proporções das inferências das variações, (delta),
da mobilidade articular de peso 45,9% sobre o total da
Os resultados confirmam o observado no início deste estudo: variação da flexibilidade, e da elasticidade muscular; esta
Demonstram que as variáveis M4, M7, MA e EM são as princi- última sendo responsável por 54,1% com uma alta significân-
pais, para análise dos comportamentos e diferenciação entre os cia: p (0,0001). Revela-se, pois, que a perda da flexibilidade
grupos de maduros e de idosos. Definitivamente, depreendem-se muscular, causada pela a idade, ocorre, fundamentalmente,
correlações significativas (p< 0,05) com a idade, sendo todas pelo decréscimo da elasticidade muscular. Portanto, tem-se um
negativas - M4 (principal variável do parâmetro mobilidade coeficiente analítico, - 0,256745 -, para um R=0,87809, e um
articular), x idade (-0,4930), M7 (principal variável do parâ- grau de liberdade de 61.
metro elasticidade muscular), x idade (-0,2557), MA x idade
(-0,2232) e EM x (-0,2767). REFERÊNCIAS
Tais constatações significam que as variáveis são inversamente
ACSM. Exercise and physical activity for older adults. Medicine and Science in Sports and
proporcionais à idade, ou seja, na medida em que a faixa etária Exercise. v. 30, n. 6, p. 992-1008, 1998.
sobe, diminuem-se as angulações, correspondentes às capaci- ALEXANDER, M. J. L., NICKEL, R., BORESKIE, S. L. & SEARLE, M. Comparison of the effects
dades de mobilidade articular e elasticidade muscular of two types of fitness / flexibility programs on gait mobility and self-esteem of older
females.Journal of Human Movement Studies. v. 38, p. 235-268, 2000.
e vice-versa. Esta conclusão ratifica a hipótese de que os parâ-
ALTER, M.J. Science of stretching. Champaign: Human Kinetics. 1988.
metros relativos à flexibilidade são funcionais - numa visão de
BARRY, Henry C., RICH, Brent S. E. & CARLSON, C. Troy. How exercise can benefit older
causalidade (causa e efeito) – em relação à respectiva faixa etária. patients: a practical approach. The Physicians and Sports Medicine. v. 21, n. 2, p. 124-
140, 1993.
Ao afirmar-se a existência de correlação significativa, entre as va-
BROWN, M. & HOLLOSZY, J. O. Effects of a low intensity exercise program on selected physi-
riações dos parâmetros mobilidade articular e elasticidade cal performance characteristics of 60- to 71- years old. Aging. v. 3, n. 2, p. 129-139, 1991.
muscular com o fator idade, orientou-se a presente pesquisa BUCKWATER, J. A. Decreased mobility in the elderly: the exercise antidote. The Physicians
no sentido de quantificarem-se as inferências, ponderadamente, and Sports Medicine. v. 25, n. 9, 1997.

de cada um desses parâmetros analisados, na variação total da DANTAS, E. Flexibilidade, alongamento e flexionamento. 4 ed. Rio de Janeiro: Shape.
1999.
capacidade de flexibilidade, capacidade esta captada como uma
DANTAS, Estélio H. M. A prática da preparação física. 4 ed. Rio de Janeiro: Shape, 1998.
combinação dos mesmos.
DANTAS, Estélio H. M. Preponderância na limitação da flexibilidade em adultos: elastici-
Entende-se, por conseguinte, sobre os fatores em questão, ser a dade muscular ou mobilidade articular. Rio de Janeiro. UFRJ. 1997.

mobilidade articular → (M1 + M2 + M3 + M4) e a elas- FLEGNER,A. & DIAS, J. Pesquisa & metodologia : manual completo de pesquisa e redação.
Rio de Janeiro. CCFEx. 1995.
ticidade muscular → (M5 + M6 + M7).
FOX, E.; BOWERS, R. & FOSS, M. Bases fisiológicas da educação física e dos desportos .
4ªed. Rio de Janeiro: Guanabara - Koogan. 1991.
Consultou-se o estudo de correlação múltipla, apenas como
HOLLMANN, W. & HETTINGER,T. Medicina de esporte. São Paulo: Manole. 1983.
subsídio para quantificação das ponderações, quer dizer, os
JAMES, B. & PARKER, A. Active and passive mobility of lower limb joints in elderly men
respectivos pesos dos coeficientes, ligados as suas respectivas and women. American Journal of Physiology, Medicine and Rehabilitation, Aug - v. 68,
variáveis, conforme o modelo abaixo: n. 4, 1989

Fit Perf J, Rio de Janeiro, 1, 3, 19, mai/jun 2002 19


LEIVSETH, G., TORSTENSSON, J. & REIKERAS, O. Effect of passive muscle stretching in RONSKY, J.; NIGG, B. & FISHER, V. Correlation between physical activity and the gait charac-
ostheoarthritis of the hip. Clinical Science. v. 76, p. 113-117, 1989. teristics and ankle joint flexibility of the elderly. In: Clinical Biomechanics. Jan, 10 : 1, 1995.

MACKNIGHT, C. & ROCKWOOD, K. Mobility and balance in the elderly. A guide to bedside SANTOS, José Alexandre C. F. Envelhecimento normal. ARS CVRANDI. 29 (4) 14 –26, 1996.
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20 Fit Perf J, Rio de Janeiro, 1, 3, 20, mai/jun 2002

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