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Educação em tempos de pandemia: Análise da saúde mental do universitário

Education in times of pandemic: Analysis of university students' mental health

Thayna Carvalho dos Santos1

Renata da Costa Santos Borges2

Raphael Dias Mello Pereira3

Autor Responsável: thayna_c2@hotmail.com

1
Faculdade de Ciências Médicas de Maricá, Curso Superior de Enfermagem
2
Orientadora, Professora Assistente do Curso de Enfermagem da Faculdade de Ciências

Médicas de Maricá. Mestre em Ciências do Cuidado em Saúde - UFF

3
Orientador, Coordenador do Curso de Enfermagem da Faculdade de Ciências Médicas de Maricá.
Doutor em enfermagem - UFRJ/EEAN

1
Abstract
This is a reflective study about the effects caused by remote teaching, adopted during the
Coronavirus pandemic period (SARS-CoV-2), on the mental health of undergraduate nursing
students at the Faculty of Medical Sciences of Maricá. From the contextualization of the
emergence and advances of the disease in Brazil, the study discusses the impacts experienced
by students from the adoption of the remote modality as an alternative for continuing
education. Using the phenomenological perception method, issues about stress, emotional
pressure, family environment and anxiety were discussed. When considering the entire
subjectivity of the university student, such as emotional, social and cultural aspects, one can
observe differences in the perception of remote learning and its psychological impacts.
Keywords: Academic Mental Health, Mental Health; Corona Virus, EAD; College students.

2
Resumo
Trata-se de estudo reflexivo a respeito dos efeitos causados pelo ensino remoto, adotado
durante o período de pandemia do Coronavírus (SARS-CoV-2), na saúde mental de
estudantes de graduação em enfermagem da Faculdade de Ciências Médicas de Maricá. A
partir da contextualização do surgimento e avanços da doença no Brasil, o estudo discute os
impactos vivenciados pelos discentes à partir da adoção da modalidade remota como
alternativa pra continuidade do ensino. Usando o método de percepção fenomenológica,
foram discutidas questões sobre estresse, pressão emocional, ambiente familiar e ansiedade.
Ao considerar toda a subjetividade do estudante universitário, como aspectos emocionais,
sociais e culturais, pode- se observar a diferenças na percepção sobre o ensino remoto e seus
impactos psicológicos.
Descritores: Saúde Mental Acadêmica, Saúde Mental, Corona Vírus, EAD, Universitários.

3
Introdução
A pandemia causada pelo Sars-CoV-2 consiste em uma das maiores crises sanitárias

da humanidade. Sua mortalidade foi calculada inicialmente em até 14,8% em pessoas com

mais de 80 anos, e 1,3% para pessoas com idade superior há 50 anos 1. Demonstrando que a

idade avançada indicaria fator de risco para o desenvolvimento grave da doença. Atualmente

a taxa de mortalidade brasileira é de 256,5 óbitos por cem mil habitantes, registrando 2,8% de

letalidade2.

O Status de pandemia foi decretado oficialmente pela OMS em 11 de março de 2020 1.

Anteriormente, a entidade já considerava a questão uma emergência de saúde e instruía os

países pobres a se prepararem para combater a doença em seus territórios, de modo a evitar

colapso em seus sistemas de saúde3. O Brasil identificou o primeiro caso da doença em 26 de

fevereiro do mesmo ano4, e após um mês já contabilizava 2.988 casos e 77 mortes.5 Devido

sua alta disseminação e falta de informação sobre tratamento e precaução justificaram as

medidas de distanciamento social adotadas1.

No que tange a educação, Tocantins foi o primeiro Estado brasileiro a suspender as

aulas, acompanhado do Amapá, Maranhão, Pará, Piauí, Rondônia e Roraima que

suspenderam as aulas antes de registrar o primeiro caso da doença. A maioria dos estados

brasileiros (AC, AM, CE, DF, GO, MG, MS, MT, PB, PE, PR, RJ, RN, RS, SC, SE)

suspenderam as aulas até o registro do décimo caso. Porém alguns estados (AL, BA, ES, SP)

demoraram um pouco mais para suspender as atividades pedagógicas6.

Com intuito de não prejudicar o desenvolvimento dos estudantes, o MEC determinou

a adoção do ensino remoto à educação superior, por meio da Portaria nº 343.

Art. 1º Autorizar, em caráter excepcional, a substituição das disciplinas presenciais,


em andamento, por aulas que utilizem meios e tecnologias de informação e
comunicação, nos limites estabelecidos pela legislação em vigor, por instituição de
educação superior integrante do sistema federal de ensino, de que trata o art. 2º do
Decreto nº 9.235, de 15 de dezembro de 2017.

4
§ 1º O período de autorização de que trata o caput será de até trinta dias,
prorrogáveis, a depender de orientação do Ministério da Saúde e dos órgãos de
saúde estaduais, municipais e distrital.
§ 2º Será de responsabilidade das instituições a definição das disciplinas que
poderão ser substituídas, a disponibilização de ferramentas aos alunos que permitam
o acompanhamento dos conteúdos ofertados bem como a realização de avaliações
durante o período da autorização de que trata o caput.
§ 3º Fica vedada a aplicação da substituição de que trata o caput aos cursos de
Medicina bem como às práticas profissionais de estágios e de laboratório dos
demais cursos.7

A adoção do ensino remoto se justifica pela incompatibilidade entre o ensino

presencial e o período pandêmico. Uma vez que existe dificuldade em conter os hábitos que

podem propagar a doença, além da estrutura das salas que em muitos casos se encontram

superlotadas, gerando aglomerações, e impossibilitando o distanciamento 8. Em 18 de março

85 países já haviam pausado totalmente suas atividades letivas presenciais, e em reunião

através da internet, representantes de 73 países elegeram o EAD como método para

continuidade das aulas durante este período9. O Brasil seguiu este exemplo e a partir da

portaria 343 do MEC autorizou o retorno das aulas, em ambientes digitais.

De certo que o período pandêmico por si só ocasiona quadros de ansiedade e aflora

sentimentos negativos, independente de classe social ou aparato cultural 10. Porém quando ao

observar a classe universitária, que teve que se manter atuante e capaz de absorver

informações, nota-se a incidência de dificuldade na inserção de aulas remotas na grade

acadêmica. Variando entre dificuldade de manuseio de tecnologias, disponibilidade de

internet e equipamentos para acessá-la11. O EAD também representa um desafio aos

professores, que não possuem preparo ou capacitação para o uso de suportes tecnológicos. O

que pode resultar em problemas de aprendizagem e no surgimento de agravos psicológicos

nos alunos.12

A motivação deste estudo, surgiu durante este período pandemico e de adaptação

acadêmica. A inquietude em estar gestando, o pouco conhecimento na dinâmica proposta de

aprendizagem virtual, as inseguranças coletivas e pessoais, constituíram a necessidade de

5
trazer um reflexão acerca da tematica proposta. O acúmulo das atividades acadêmicas

destinavam muito tempo em frente ao computador para assistir as aulas, para participar de

reuniões em grupo, para construir trabalhos acadêmicos e participar de outras atividades de

ensino remoto. Foi um período de adaptação complicado e de instabilidades emocionais.

Sendo assim, esse artigo é uma reflexão sobre a transição do ensino presencial ao remoto,

adicionado ao período pandêmico, e sua relação com agravos mentais.

Contextualização teórica

A saúde mental dos universitários é um tópico importante de pesquisa. Estima-se que

15 a 25% dos universitários irão apresentar algum transtorno mental durante o período

acadêmico13. Tamanha incidência pode ser relacionada com a fase da vida que o universitário

se encontra que naturalmente apresenta pressões sociais sobre amadurecimento e

estabilidade. Porém a incidência de transtornos mentais não psicóticos como a depressão,

ansiedade e o stress é menor em jovens não universitários 14, demonstrando relação entre a

vida acadêmica e tais transtornos.

O ingresso e permanência no ensino superior é dotado de muitas expectativas, uma

vez que a escolha do curso e sua conclusão influenciarão em todos os aspectos da vida

futura15. A universidade é um espaço fundamental de desenvolvimento da vida. A experiência

acadêmica gera o contato com realidades e literaturas diferentes, sendo um novo meio social,

não se limitando apenas ao desenvolvimento pedagógico do aluno16. Por isso os jovens

inseridos no meio universitário demonstram uma postura mais “militante”, característico do

período de construção de convicções políticas e sociais 17. De fato, a universidade representa

um desafio aos ingressantes. O próprio método pedagógico que se difere dos períodos de

formações anteriores pode ser considerado um fator estressor, uma vez que a ansiedade é

amplamente ligada à um conflito interno, sendo caracterizada pelo medo de um perigo

6
eminente18, pois quando uma situação nova é vivenciada, o cérebro não possui mecanismos

pré-definidos sobre ações para percorrer esse ciclo de forma segura.

O consumo de álcool e drogas também tendem a aumentar durante o período

universitário, pois jovem transita de um modelo de acompanhamento pedagógico paternalista

para a autonomia, criando oportunidades que podem incentivar experiências sexuais e

consumo de bebidas e drogas19. Tal dado é importante pois o consumo de substâncias de

caráter alucinógeno ou álcool muitas vezes é associada à fuga ou compensação, e a pré-

existência de problemas ou transtornos de saúde mental 11, pode-se caracterizar os jovens

universitários como altamente suscetíveis a desenvolver dependência destas substâncias. Tais

constatações se tornam ainda mais preocupantes considerando que 15% das pessoas em

estados depressivos correm risco de morrer por suicídio 20, sendo essa a segunda maior causa

de mortes universitárias21.

A escolha do curso de graduação pode influenciar na ocorrência de transtornos

psicológicos, sendo constatado que universitários da área da saúde apresentam maior índice

de adoecimento psicológico22. Estudos também apontam que a autoeficácia é determinante

para o desenvolvimento de doenças psicológicas, pois baixos níveis de autoeficácia são

relacionados a emoções negativas como angústia e tristeza 23, enquanto alunos com altos

níveis de altos níveis de autoeficiência tendem a traçar estratégias mais efetivas, que facilitam

o processo formativo24. A rotina de estudos requerida pelo ambiente principal é apontada

como fator depreciativo da qualidade do sono. Logo, universitários dormem menos e por isso

são ainda mais suscetíveis à ansiedade, depressão e stress25.

Caminho metodológico

A reflexão proposta teve como base a percepção fenomenológica, fundada por Husserl

(1859-1938). A fenomenologia é um método de construção do pensamento, sendo definida

7
como “o estudo das formas como algo aparece ou se manifesta, em contraste com estudos que

procuram explicar as coisas a partir de relações causais ou processos evolutivos”. Husserl

elaborou a fenomenologia a partir do seguinte questionamento: “como pode o conhecimento

estar certo de sua consonância com as coisas que existem em si, de as ‘atingir’ ?”26. Devido sua

característica de investigar a interferência de um evento na dinâmica social, bem como suas

motivações e relações, foi o caminho metodológico escolhido. Visto que, a pandemia

configura um evento adverso, que modificou relações sociais, trabalhistas e estudantis,

cabendo assim a utilização do método para a produção do conhecimento proposto por essa

pesquisa.

Pandemia, mortes e saúde mental.

Para avaliar os efeitos psicológicos gerais da pandemia é necessário destrinchar o

fenômeno. O primeiro efeito estressor de períodos pandêmicos é a insegurança. O indivíduo

inserido nesse contexto observa seus iguais falecerem, tem acesso a notícias sobre novos

casos da doença, crise do sistema de saúde (no caso brasileiro), em uma cobertura de mídia

massiva. Gerando um campo de excesso de informações, que por muitas vezes são

contraditórias, que é facilitador para mudanças comportamentais impulsionadoras de

adoecimento psicológico27.

A letalidade da doença no país é atualmente de 2,8% 2, o que estatisticamente não

justifica o sentimento de pânico da população. Porém a alta transmissão do vírus é uma

grande preocupação para os sistemas de saúde, que podem não possuir capacidade para

abrigar todos os casos. O colapso logo chegou à Manaus, que por falta de planejamento

governamental não possuía oxigênio suficiente para abastecer seus respiradores 28, também

foram observadas instalação de frigoríficos em hospitais para abrigar os óbitos da covid, além

da construção de valas comunitárias para o enterro destes cidadãos 29. Em suma, nesse

8
momento o brasileiro era bombardeado de informações ruins sobre a pandemia. O colapso da

saúde e do sistema funerário faziam surgir indagações como: Se eu adoecer vou conseguir

tratamento? Terá respirador para mim? Se eu morrer terei um enterro digno?

Sabendo que “a morte é a única certeza que todo e qualquer ser humano tem e sabe

que irá acontecer, cedo ou tarde.”30, é natural que ao observar o colapso do sistema de saúde,

aumento da incidência de casos da doença e de mortes, cause um estado de medo na

população. Entretanto observar a morte de milhares de cidadãos é ainda, mais ameno do que

enfrentar o luto, pois “Nada se compara à morte do próximo, de alguém com quem estamos

acostumados a conviver durante muitos anos - um filho, um irmão, uma mãe ou um

marido”30.

Além do medo e processo de luto infligidos à população, o isolamento social

implementado como alternativa para reter a circulação do vírus é um grande fator de risco

para doenças de cunho psicológico. O homem é um animal político, naturalmente social, e

para ter uma vida plena e completa necessita estar inserido em sociedade 31. Logo ao se privar

da circulação e do convívio próximo com seus iguais, o indivíduo estará mais suscetível a

desenvolver transtornos psicológicos. O isolamento também pode contribuir para o aumento

de violência doméstica, uma vez que o homem está mais presente na casa e a mulher afastada

de sua rede de apoio, a fazendo mais vulnerável à manipulação e violência32.

Educação à distância e impactos na rotina universitária.

A Educação é um direito fundamental, assegurados a todos, inerente à dignidade da

pessoa humana, bem maior do homem, por isso o Estado tem o dever de prover condições

indispensáveis ao seu pleno exercício33. Uma vez que há o entendimento que a educação é um

direito social básico do cidadão brasileiro, e que ela perpassa por toda a formação e

organização social do indivíduo desde o nascer34, é imprescindível que o acesso a esse direito

9
não seja interrompido no período pandêmico. Por isso ao observar a questão do ponto de vista

jurídico, é necessário que a pandemia não interfira no oferecimento da educação, que é um

direito pétreo. Neste sentido, o sistema educacional teve que se adequar ao período

pandêmico e às medidas restritivas, pois não é possível prever quando a pandemia terá fim. O

sistema educacional brasileiro aderiu ao EAD como alternativa para dar continuidade no

ensino.

Art. 1º [...] considera-se educação a distância a modalidade educacional na qual a


mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorra com
a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com pessoal
qualificado, com políticas de acesso, com acompanhamento e avaliação
compatíveis, entre outros, e desenvolva atividades educativas por estudantes e
profissionais da educação que estejam em lugares e tempos diversos.35

A educação foi afetada pela mudança do paradigma econômico e pela globalização.

Se dando pelo entendimento que mais recursos tecnológicos significaria melhor

aprendizagem.36 Existem muitos desafios para o EAD, como a universalização. Porém,

mesmo que todos os lares ou municípios fossem providos para acesso à internet, a educação

ainda assim não seria seletiva?36

O EAD é uma modalidade de ensino com características próprias, substituindo a

proposta de aprendizado atual (onde o docente ensina e o aluno aprende, através de um

contato próximo) por métodos e situações não convencionais, onde o espaço e tempo não são

compartilhados entre os envolvidos na equação da aprendizagem. Possuindo princípios

próprios36. (Tabela 1)

O retorno das aulas por meio remoto obedece a orientações jurídicas e sanitárias,

tendo impacto positivo no tempo dependido pelo aluno para conclusão de sua graduação.

Solucionando algumas angústias dos universitários quanto seu futuro acadêmico, porém

impondo novas questões ao processo de aprendizagem. A não existência de um espaço físico

para o desenvolvimento das aulas exige ao aluno organização e disciplina. Uma vez que os

10
conteúdos serão ministrados pelo ambiente virtual, o mesmo motivo que torna o EAD

funcional como medida de enfrentamento a COVID-19, é o que aponta suas falhas no que

tange a universalidade; já que para o acesso ao meio virtual necessita do uso de computador

ou celular e internet. O que prejudica a universalidade do ensino, pois os municípios não

possuem um acesso homogêneo a internet (Figura 1 e 2), o acesso à internet no Brasil

perpassa por questões sociais de classe. O serviço não é oferecido em todo território com a

mesma qualidade, ou não é oferecido em algumas regiões; o que limita o EAD a uma opção

viável apenas à uma parcela da população. Desta forma a pandemia se tornou um agente de

estresse para os estudantes, já que as adaptações feitas no sistema de ensino ainda não são de

acesso homogêneo pra toda a população. O que causa uma forte pressão psicológica nos

estudantes que não conseguiram se adaptar ao chamado novo normal.

11
Figura 1. Porcentagem de domicílios com acesso à internet no Brasil

FONTE: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento, Pesquisa

Nacional por Amostras de Domicílios, contínua, 2018.

Figura 2. Motivos do não acesso à internet.

12
FONTE: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento, Pesquisa

Nacional por Amostras de Domicílios, contínua, 2018

Impactos da adoção do EAD e continuidade da graduação em um período pandêmico

na saúde mental dos universitários.

O afastamento dos estudantes das aulas presenciais seguiu os protocolos adotados

para restrição do contágio do vírus. E de fato, a evacuação dos graduandos a primeiro

momento pode ter sido encarada como um alívio, uma vez que os jovens não teriam

necessidade de frequentar o ambiente acadêmico, protegendo vossas quarentenas. Porém tal

decisão retirou dos estudantes seu ambiente social, e a interação com seus iguais, os

mantendo isolados. O que pode ser uma experiência desagradável, pois o tédio, distância dos

entes queridos, incerteza sobe a real situação da doença e perda de liberdade, podem

favorecer o surgimento de agravos mentais37.

Ainda, o EAD possui características únicas (tabela 1), que o difere dos métodos de

aprendizagem tradicionais.36 Configurando novos desafios para os docentes e discentes. 38

Aumentando os questionamentos dos graduandos acerca de sua própria formação e

autoeficácia. O interrompimento das aulas forçou a pausa em projetos de pesquisa e estágios,

primordiais para uma boa colocação no mercado de trabalho, deflagrando episódios de

ansiedade sobre o próprio futuro nos graduandos.39

Considerações finais

O período pandêmico e o isolamento social representam risco para o desenvolvimento

de transtornos psicológicos na população em geral. O medo causado pelas constantes

informações acerca da pandemia, o alto número de casos e de morte, o luto, a limitação da

13
circulação e o aumento de violências domésticas estão entre os principais motivos por trás da

associação entre a pandemia e doenças como stress, ansiedade e depressão.

A população acadêmica necessita de atenção especial quanto a isso. Uma vez que fora

de períodos pandêmicos já possui alta incidência de suicídios. O período de amadurecimento

característico dos jovens, aliado à mudança de rotina, afastamento do modelo patriarcal e

pressões externas quanto a seu sucesso, os fazem suscetíveis a desenvolver tais transtornos.

Porém o ambiente acadêmico, a relação entre o sucesso pedagógico e a expectativa

profissional configura um fator estressor importante.

A modalidade EaD, adotada nacionalmente a partir da necessidade de isolamento

social, rompe com a rotina dos graduandos, limitando o contato pessoal no meio

universitário, o que também pode ser considerado um fator estressor. Devido a necessidade

do uso de aparelhos tecnológicos e internet para o acompanhamento das aulas, pode causar

desnivelamento de aprendizagem nas turmas, o que afetará a sensação de autoeficácia dos

alunos, contribuindo para o desenvolvimento de stress, ansiedade e depressão. Dessa forma é

de extrema importância que as universidades desenvolvam programas para apoio psicológico

de seus docentes, e criem maneiras de preservá-los em períodos de pandemia.

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18
ANEXOS

Tabela 1. UNESCO DELLORS (1996) x EAD


A
Pilares da Educação Unesco Dellors (1996) EAD
Aprender a conhecer Significa muito mais o domínio A EaD prega que nenhum
dos instrumentos do conhecimento ser é capaz de dar conta da
do que a aquisição de um infinidade de infor-mações
repertório de saberes; implica que circulam hoje no
também o “aprender a aprender”, mundo. Por isso mesmo,
pois diz respeito ao está pautada na reflexão
desenvolvimento do desejo e das sobre as informações e não
capacidades de aprender. na aquisição delas. Tra-
balha sob a ótica da ressig-
nificação de conteúdos e,
com isso, na produção de
conhecimento. Este co-
nhecimento é mediado pelas
TICs, que são instrumentos
de acesso às informações
Significa muito mais que aderir A dinâmica da EaD prepara
Aprender a fazer
uma qualificação profissional, mas o aluno para a realidade
de desenvolver competências que profissional, na medida em
tornem a pessoa apta a enfrentar que o coloca em diversas
situações diversas e a trabalhar em situações-problemas, como
equipe. o estudo de caso, análise de
fatos reais, discussões com
os colegas, desenvolvendo
nele a capacidade de
gerenciar essas situações e
saber discuti-las e resolvê-
las em equipe.
Aprender a conviver Significa compreender o outro, A cooperação, a colaboração
aceitar e conviver com as são vitais ao bom andamento
diferenças, respeitar o pluralismo; de um curso na modalidade
realizar projetos comuns e EaD. A noção de construir o
preparar- se para gerir conflitos. conhecimento JUNTOS, de
refletir em conjunto, faz
com que as pessoas
envolvidas neste processo
desenvolvam a habilidade
de lidar com o
outro (colega e tutores).
Aprender a ser Desenvolver sua personalidade O desenvolvimento da
agindo com autonomia, autonomia do estudante é
discernimento e responsabilidade essencial para o bom

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pessoal; a educação como andamento de um curso de
instrumento de formação integral EaD; é necessária para p
do indivíduo. estudante dê continuidade
aos seus estudos e garanta
pleno êxito em qualquer
área, já que domi-na o
“aprender a aprender.”
Fonte: Retirado de Costa, I. T. L. G. Metodologia do ensino a distância / Inês Teresa Lyra
Gaspar da. Costa: - Salvador: UFBA, 2016 106 p. iI, p,17.

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