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Mestre em Epidemologia
pela Universidade Federal
do Rio Grande do Sul
(UFRGS) – Porto Alegre
(RS), Brasil. Coordenadora
Geral de Atenção às
Pessoas com Doenças RESUMO O Sistema Único de Saúde (SUS) já alcançou muitos resultados, entretanto, o rápido
Crônicas do Departamento
de Atenção Especializada e
envelhecimento da população, a transição do perfil epidemiológico e o conjunto de mudanças
Temática, Secretaria socioeconômicas ocorridas nos últimos anos propõem novos desafios para o SUS. Entre eles,
de Atenção à Saúde, Ministério
da Saúde – Brasília (DF), Brasil.
destacam-se o cuidado das pessoas com doenças crônicas e os tensionamentos que estas provocam
patricia.sampaio@saude.gov.br no sistema de saúde, tanto com relação à sua macro-organização (gestão compartilhada, regulação,
regionalização) quanto à micro-organização, ou seja, aqueles relacionados ao processo de trabalho
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Doutor em Medicina das equipes de atenção direta. Neste sentido, este artigo tem como objetivo refletir sobre: o
Preventiva e Saúde
processo de formação de redes regionalizadas de atenção à saúde; o papel dos estados; o
Pública pela Universidade
de Alicante – Alicante fortalecimento da Atenção Primária à Saúde (APS); e o papel da APS no cuidado das pessoas com
(Valência), Espanha.
Professor adjunto do
doenças crônicas. Para isso, descreve e problematiza as ações do Ministério da Saúde, nos últimos
Departamento de Medicina anos, que vão ao encontro do tema: o cuidado das pessoas com doenças crônicas.
Social e Professor
permanente do Programa
de Pós-Graduação
em Epidemiologia da
Universidade Federal do Rio PALAVRAS-CHAVE Redes de Atenção à Saúde; Atenção Primária à Saúde; Doenças crônicas;
Grande do Sul (UFRGS) Regionalização.
– Porto Alegre (RS), Brasil.
ernoharz@terra.com.br
ABSTRACT The Unified Health System (SUS), Brazil’s National Health Care System, has achieved
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Mestre em Saúde Pública
pela Universidade Federal
many results, however, the rapidly aging population, the transition of the epidemiological profile and
de Santa Catarina the set of socioeconomic changes in recent years proposed new challenges for the SUS. Among them,
– Florianópolis (SC), Brasil.
Especialista em Políticas it’s possible to highlight the care of people with chronic diseases and the tensioning that this kind of
Públicas e Gestão patient creates in the health system. These tensions are related to macro-organization aspects (shared
Governamental da
Coordenação Geral de management, regulation, regionalization) and also to the micro-organization aspects, those related to
Atenção às Pessoas com the work of the teams responsible for the care. Thus, this article aims to reflect on: the process of
Doenças Crônicas,
Departamento de Atenção formation of regionalized Health Care Networks; the role of the states; the strengthening of Primary
Especializada e Temática, Health Care (APS); and the role of APS in the care of people with chronic diseases. To do so, it
Secretaria de Atenção à
Saúde, Ministério da Saúde describes and discusses the actions of the Ministry of Health, in recent years, to meet the theme: the
– Brasília (DF), Brasil.
care of people with chronic diseases.
heide.gauche@saude.gov.br
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Doutora em Saúde KEYWORDS Health Care Networks; Primary Health Care; Chronic diseases; Regional health
Coletiva pela Universidade
Estadual de Campinas planning.
– Campinas (SP), Brasil.
Diretora de Atenção
Especializada e Temática da
Secretaria de Atenção à
Saúde, Ministério da Saúde
– Brasília (DF), Brasil.
leda.vasconcelos@saude.gov.br
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(na população de 15 e mais anos) –, somadas às HOFMARCHER; OXLEY; RUSTICELLI 2007; SCHOEN et al., 2011).
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nocivo de álcool, inatividade física, alimenta- ter longa duração e forte inter-relação com os
ção inadequada e obesidade), e trabalha com hábitos de vida das pessoas, exige do sistema
três eixos: (a) vigilância, informação, avalia- de saúde uma nova organização. Exige a
ção e monitoramento, (b) promoção da saúde e adoção de um modelo de atenção que dê conta
(c) cuidado integral (BRASIL, 2011a). de um cuidado coordenado, continuado, orga-
Além da RASPCD, o MS também desen- nizado, proativo, integrado e que ainda tenha
volveu outras estratégias para o cuidado in- capacidade de apoiar a pessoa nas mudanças
tegral e a promoção da saúde, relacionadas às de vida que a doença ‘pede’ e que o indivíduo
doenças crônicas. São elas: o Programa deseja (MENDES, 2012). Este cuidado deve ser
Academia da Saúde, que trabalha com o principalmente realizado pela e na atenção
enfoque da promoção, da prevenção e da re- primária (AP).
abilitação; o Programa Saúde na Escola, que Além das necessárias mudanças na lógica
nos últimos anos teve como temas centrais a do cuidado cotidiano das pessoas com doenças
obesidade e a prática de atividade física; e crônicas descritas acima, estas doenças de-
efetuou uma revisão da portaria que regula- mandam também organização regional da
menta a atenção no Programa Nacional de atenção à saúde. Pois para que a APS tenha a
Controle do Tabagismo (Portaria nº 571, de 05 resolutividade imprescindível ao seu papel
de abril de 2013), possibilitando ampliação nesta rede de atenção à saúde - RASPDC, ela
importante do acesso do usuário ao tratamen-to obrigatoriamente necessitará de apoio diag-
do tabagismo na Atenção Primária à Saúde nóstico e terapêutico dos pontos de atenção
– passando de 2000 equipes de Atenção Básica especializados (ambulatoriais e hospitalares).
cadastradas para mais de 20 mil equipes, que Assim, o cuidado integral de pessoas com
se comprometeram através do PMAQ a rea- doenças crônicas coloca no centro do debate a
lizar ações para a abordagem do tabagista. questão da regionalização do SUS.
Essas equipes, além de ofertar o tratamento, A necessidade de organizar a atenção à
passam a ter acesso às medicações que contri- saúde na região, a fim de garantir a integra-
buem para a cessação do hábito. lidade e a equidade do cuidado da pessoa com
Frente aos desafios impostos por esse novo doença crônica, impulsiona o avanço da
perfil epidemiológico do Brasil, ao atual con- regionalização, ao mesmo tempo que a rede
texto organizacional do SUS e às estratégias organizada seria o produto concreto desse
lançadas pelo MS nos últimos anos, este artigo processo político de regionalização amadu-
tem como objetivo refletir sobre dois grandes recido. Desse modo, o desenvolvimento da
temas que são transversais a essas questões. rede regionalizada de atenção à saúde para as
São eles: a implementação da RASPCD e o pessoas com doenças crônicas e a regionaliza-
papel da atenção primária no cuidado das ção do SUS são processos interdependentes.
pessoas com condições/doenças crônicas. Cabe ressaltar que, além da evolução das
normas e diretrizes que o Brasil vem apresen-
tando para a organização das RAS e para a re-
Desafios para a gionalização, é preciso uma mudança cultural
implantação da RASPDC da gestão no País. Por ser, neste momento, a
gestão locorrregional caracterizada pela com-
– regionalização, petitividade entre os municípios, é preciso
fortalecimento da Atenção caminhar para a gestão cooperativa entre mu-
Primária à Saúde e nicípios e entre estados e municípios, a fim de
financiamento possibilitar a concretização das Redes de
Atenção à Saúde (SaNTOS, 2013).
Esta característica da doença crônica, de Neste sentido, para de fato o SUS avançar
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permanece baseado na produção de ações e Para ter resolutividade, ela tem que atender
serviços, contudo, avança como proposta con- com efetividade aos problemas mais comuns
creta de mudança do modelo de atenção para a da sua população. Para ser a ordenadora da
atenção ambulatorial especializada. RAS, precisa conhecer sua população, saber de
O avanço na forma de financiamento não foi suas necessidades e organizar o acesso aos
possível, entre outros motivos, em decor-rência outros pontos de atenção. Por fim, para exercer
das dificuldades para o monitoramen-to, o a coordenação do cuidado individual, precisa
controle e a avaliação através dos atuais trabalhar como centro de comunica-ção da
sistemas de informação do País. Apesar disso, RAS, compartilhando o cuidado com
o futuro indica que será possível a proposi-ção os outros serviços da rede (StarFIELD, 2002;
de outra forma de financiamento com o avanço BRASIL, 2012; HARZHEIM, 2011; MENDES, 2011).
dos sistemas de informação, a im-plantação do Para que o fortalecimento da APS aconte-
cartão SUS e a organização dos contratos ça, é preciso que, antes, alguns desafios sejam
organizativos de ações públicas da saúde. superados, tais como: ampliar a formação de
profissionais especialistas em APS; melhorar a
Além destes dois pontos: mudança na lógica distribuição e a fixação de profissionais;
do cuidado cotidiano e revisão do papel do ‘estender a efetividade clínica das equipes’,
estado na regionalização e na regulação, as com Educação Permanente e adensamento
doenças crônicas tensionam o sistema para um tecnológico das Unidades Básicas de Saúde;
fortalecimento da atenção primária como possuir sistemas de informação que facilitem a
principal locus de cuidado da popula-ção. coordenação do cuidado e aumentar subs-
Exigindo um verdadeiro adensamento tancialmente o financiamento para a APS
tecnológico da APS, a fim de que esta tenha a (BRASIL, 2003).
resolutividade esperada e necessária, e Além dessas questões estruturantes, o País
colocando-a em outro patamar, ampliando sua precisa definir qual é a carteira de serviços
responsabilidade para além do cuidado mínima esperada da APS brasileira (saúde da
materno infantil, do cuidado de doenças in- família). A construção da Renases foi um
fectocontagiosas e da prevenção e promoção primeiro passo, porém, ainda muito tímido. Há
da saúde. A Atenção Primária à Saúde passa a necessidade de ampliar a discussão e de-
ocupar uma posição central na organização das marcar o que se espera dessa equipe multi-
redes, tornando seu fortalecimento um profissional em termos de responsabilidades e
elemento essencial para a concretização do resolutividade. Em um primeiro momento,
cuidado resolutivo de pessoas com doenças talvez haja necessidade de criar três ou mais
crônicas. tipos de carteiras de serviços, que poderiam ser
A APS, dentro de um sistema organizado na escolhidas pelos gestores municipais de acordo
lógica das redes, é responsável pela saúde com a realidade de cada município, para, no
integral de sua população, devendo cumprir os futuro, termos um padrão mínimo exigido da
seus atributos essenciais (acesso de pri-meiro APS brasileira.
contato, integralidade, longitudinalida-de e Essa definição de carteira de serviços deve
coordenação) e exercer plenamente suas ter correspondência com uma infraestrutu-ra
funções na RAS (ser a base do sistema, ser física e de densidade tecnológica à qual cada
resolutiva, ser coordenadora do cuidado in- equipe deve ter acesso na sua própria Unidade
dividual e ordenadora da RAS) (StarFIELD, 2002; Básica de Saúde. O financiamento da APS
BRASIL, 2012; HARZHEIM, 2011; MENDES, 2011). seria baseado, entre outros pilares, nessa
Para ser a base do sistema, é necessário que carteira de serviços ou na capacidade
a APS seja um ponto de atenção forte, estru- resolutiva.
turado e capilarizado por todo o território. Sem a resolução de todas essas questões,
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dificilmente a APS vai alcançar grande legi- são as muitas desigualdades regionais exis-
timidade perante a sociedade brasileira, e o tentes, relativas não só às questões da saúde
passo anterior para isso é conquistar credibi- (ao acesso e à integralidade das ações), mas
lidade suficiente com os gestores do SUS, para também ao desenvolvimento global das
que estes propiciem as condições necessárias regiões. (SILVA, 2013; GIOVANELLA et al., 2012). Isso
para a consolidação. agrega mais um fator complicador para as
A questão do financiamento, colocada neste políticas públicas federais, que devem ser fle-
texto como o terceiro grande desafio para a xíveis o suficiente para que possam tratar di-
implantação da RASPDC, diz respei-to à versificadamente de cada realidade/região do
garantia de financiamento adequado à opção da País, mas não tão flexíveis a ponto de impedir
sociedade brasileira por um sistema de saúde a definição de diretrizes comuns para termos
público e universal, atualmente baseado na um sistema de saúde verdadeiramente único
Atenção Primária à Saúde. Esse ponto inclui as em todo o Brasil.
discussões relacionadas ao orçamento público
destinado ao SUS, à regu-lação dos serviços
privados, ao gasto privado com saúde (e sua Cuidado coordenado,
relação com a carga tribu-tária brasileira) e à continuado, organizado,
contradição da oferta de planos privados de
saúde para servidores pú-
integrado e proativo – papel
blicos (GIOVANELLA et al., 2012; LEVCOVITZ, 2001). da APS na rede de cuidado
A respeito do financiamento, se ainda se das pessoas com doenças
considerar que, além do recurso finito, houve crônicas
aumento dos custos, com a incorporação de
novas tecnologias, relacionado, principal- Coordenação do cuidado é um conceito
mente, ao predomínio das doenças crônicas no complexo, que tem inter-relação com outros
perfil epidemiológico, e que ainda há ex- conceitos em saúde, mas podemos tradu-zir
cessiva oferta de ações e serviços de saúde de como uma organização deliberada de cuidado
forma indiscriminada (baseada na oferta e não individual, centrada na pessoa, que possibilita,
nas necessidades de saúde), fica evidente a principalmente, integração e continuidade das
obrigação das gestões de ampliar a relação várias ações de saúde pres-tadas nos diferentes
custo-efetividade dos serviços de saúde utili- serviços do sistema de
zando, de forma mais corriqueira, os conceitos saúde (MCDONALDS, 2010).
de escala, escopo e acesso na organização das A coordenação tem dois componentes
linhas de cuidado. Mais uma vez, a regionali- básicos: a transferência ou o acesso à infor-
zação pode se colocar como parte da solução mação (sistemas informatizados, prontuários
do problema, aliada à mudança da cultura or- compartilhados, eletrônicos ou não, sistemas
ganizacional, como citado anteriormente. de comunicação entre os pontos de atenção:
Contudo, as portarias que versam sobre as discussão de casos, gestão da clínica, cuidado
redes temáticas, pactuadas de forma tripar-tite, compartilhado) e o reconhecimento das in-
ainda não trazem grandes avanços nas questões formações necessárias para o presente aten-
referentes ao planejamento (neces-sidade de dimento (continuidade dos profissionais, lista
saúde local, regulação etc.) e ao financiamento de problemas, classificação de riscos, lista de
regionais, avanços esses que possam de fato medicamentos em uso, exames solicitados
incentivar tanto a mudança de papel dos etc.) (StarFIELD, 2002).
estados como a cooperação entre os entes Além de reconhecer quais informações são
federados. importantes para o cuidado, é preciso também
Outro ponto que dificulta a regionalização conhecer e guiar o caminho que o
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Pessoas com doenças crônicas, as redes de atenção e a Atenção Primária à Saúde 121
usuário deve percorrer na rede de atenção, para sentido para a pessoa portadora de doença
garantir um cuidado integral de quali-dade. crônica, já que ela, naquele momento, geral-
Portanto, coordenar o cuidado implica, mente, está assintomática.
também, garantir que o paciente receba em O cuidado de pessoas com doenças crôni-
outros pontos de atenção o cuidado de que cas, sim, precisa ser planejado, porém, há de se
necessita, englobando na sua concretização a chegar a um equilíbrio difícil entre organi-zar
continuidade do cuidado e exercendo outros o cuidado de acordo com as ‘necessidades’ das
atributos, como o acesso, a integralidade e a doenças crônicas (verificação do contro-le
responsabilidade pelo cuidado de uma comu- metabólico, realização de exames físicos,
nidade (MENDES, 2011; STARFIELD, 2002). laboratoriais e propedêuticos periódicos,
Neste sentido, a organização, pela gestão acompanhamento da adesão ao tratamento e da
estadual, em parceria com os municípios, de manutenção das mudanças de hábitos) e as
linhas de cuidado temáticas e de regras de necessidades da pessoa, ofertando acesso
acesso aos outros pontos de atenção (regula- amplo e irrestrito sempre que solicitado.
ção) são de grande importância para apoiar as Além de buscar o equilíbrio entre o acesso e
equipes de APS nessa tarefa. a organização da atenção, as equipes de APS
A coordenação do cuidado individual como precisam estar familiarizadas com as tecnolo-
estratégia de cuidado é vista na literatura como gias e os conhecimentos (advindos, em geral,
uma habilidade essencial para que os dos campos da psicologia e da antropologia)
profissionais de saúde da APS cuidem de necessários para sua atuação junto aos usu-
pacientes com doenças crônicas (HOFMARCHER ários na orientação da mudança de hábitos e na
et al., 2007). Ela auxilia a equipe na prevenção adesão ao tratamento, itens fundamen-tais para
quaternária, já que pode evitar novas o cuidado de pessoas portadoras de doenças
solicitações de exames e interações crônicas. Precisam, ainda, estar aptas a apoiar
medicamentosas, assim como diminuir erros e mudanças, não apenas individuais, mas,
complicações. A coordenação é também também, familiares. Por exemplo, diante do
importante economicamente, pois pode evitar surgimento de um novo contexto, quando um
gastos desnecessários, tanto para o sistema de membro da família deixa de exercer alguma
saúde como para a própria pessoa. função devido a uma doença crônica.
Com relação à organização e à proatividade da Nesse sentido, as equipes multiprofissionais
equipe de APS no cuidado de pessoas com (no Brasil, representadas na APS pelos Núcleos
doenças crônicas, pode-se dizer que o modelo de Apoio à Saúde da Família) precisam exercer
vigente, que utiliza propostas de cuidado forma- suas habilidades entrando de fato no círculo do
tadas a priori, não tem obtido sucesso em suas cuidado das pessoas com doenças crônicas com
condutas por não conseguir chegar até a neces- atenção direta ao usuário, já que aquelas detêm as
sidade de cada indivíduo (MALTA; MERHY, 2010) habilidades e os conhecimentos ne-cessários para
Isso fica evidente com o elevado absente- atuar em questões como, por exemplo: adesão ao
ísmo nas chamadas consultas de rotina/con- tratamento, reabilitação, adaptação individual e
trole, evidenciando que quando uma equipe familiar a um novo con-texto, entre outras
prioriza a sua ‘própria’ lógica (lógica da situações.
doença), em vez da necessidade do paciente (a Essas são algumas das mudanças de pa-
prevenção/continuidade do cuidado frente ao radigma que a doença crônica demanda do
sofrimento atual), e quando amplia o número processo de trabalho das equipes de APS, pois
de consultas de rotina em detrimen-to da oferta exigem alta resolutividade, com amplo es-
de atenção, quando solicitada de maneira pectro de atuação, e isso exige trabalho mul-
espontânea pelo usuário, a tendência é de que tiprofissional e uso de diferentes densidades
aquela consulta de rotina não faça tecnológicas.
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