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NEUROANATOMIA

ANATOMIA DO CÉREBRO
Crisdele Aparecida da Silva

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Olá!
Você está na unidade Anatomia do cérebro. Conheça aqui todo o processo de formação do cerebelo e entenda

suas funções em nosso organismo. Veja também: vias aferentes, bem como suas classificações e critérios; tálamo

e hipotálamo; núcleos centrais do cerebelo; corpo medular do cerebelo; divisões do cerebelo; vias aferentes do

hipotálamo; diencéfalo, telencéfalo e suas funcionalidades. Para maior compreensão, as funções foram divididas

e classificadas em partes. O objetivo desta unidade é estabelecer um aprendizado de qualidade a partir de

conceitos básicos e de suma importância na área da neuroanatomia.

Bons estudos!

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1 Cerebelo
No sistema nervoso central (SNC) encontram-se o cérebro e o cerebelo. Primeiramente, localizamos o encéfalo:

o tronco encefálico é continuo com a medula espinhal e suas partes são o bulbo, a ponte e o mesencéfalo.

Posterior ao tronco encefálico está o cerebelo, e acima do tronco encefálico está o diencéfalo (tálamo e

hipotálamo).

O cerebelo é a segunda maior parte do encéfalo, sua área central é chamada de verme e cada hemisfério é

formado por lobos. Os lobos anteriores e posteriores controlam os aspectos subconscientes dos movimentos

dos músculos esqueléticos; e o lobo flóculo-nodular, o equilíbrio. Tais lobos são divididos em fissuras e formam

lóbulos.

Figura 1 - Localização do cerebelo


Fonte: Mybox, Shutterstock, 2020.

#PraCegoVer: Na imagem de fundo preto com algumas escritas em branco, temos a representação do cérebro

em azul e a localização cerebelo na cor laranja.

Ao falar sobre o cerebelo, é importante sabermos a sua localização, função, estrutura e classificação. Localizado

entre o córtex cerebral e a medula espinhal, sua localização é estratégica em detrimento de sua função.

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O córtex cerebral tem sua formação na superfície envolta dos hemisférios cerebrais e é composto pelo lobo

frontal, lobo parietal, lobo temporal e lobo occipital. Estes são separados por sulcos. O córtex recebe e processa

informação sensorial e integra as funções sensoriais e motoras divididas em primárias, secundárias e terciárias.

Para facilitar o estudo, vamos dividir as funções sensoriais e motoras em áreas com diferentes tipos de sinais que

são processados em regiões específicas do cérebro. Áreas primárias envolvem o menor número de sinapses, já as

terciárias requerem processamentos mais complexos, por isso envolvem maior número de sinapses. As áreas de

associação (conectadas umas às outras) integram informações para ações intencionais como motivação (área

límbica de associação) – memória, emoções, raciocínio, inteligência, julgamento e traços de personalidade.

O córtex motor primário contém motoneurônios superiores que projetam diretamente para a medula espinhal e

ativam os motoneurônios inferiores inervando músculos esqueléticos, que iniciam movimentos, e tem a área de

Broca (fala) como importante.

O córtex sensorial primário é formado pelos córtex: visual primário, auditivo primário e somatossensorial

primário, que recebem e interpretam os impulsos sensitivos da área somatossensitiva primária. Estes recebem

informações originadas nos receptores sensoriais periféricos com poucas sinapses.

As áreas sensoriais e motoras secundárias e terciárias têm o processamento mais complexo, pois fazem conexão

com as áreas de associação (memória) e circundam as áreas primárias.

Assista aí

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1.1 Tálamo e hipotálamo

O tálamo é uma substância cinzenta organizada em núcleos e envolvida por uma substância branca; também

tem sua contribuição em funções motoras. Ele envia informações para o cerebelo e para a área primária do

córtex cerebral a partir dos núcleos da base.

Já o hipotálamo é um dos principais reguladores da homeostasia, ou seja, controla as atividades corporais e

integra as atividades da divisão autônoma do sistema nervoso. Controla também as atividades viscerais –

regulação da frequência cardíaca, o movimento do alimento no trato gastrointestinal, contração da bexiga,

produção de hormônios, dentre outras funções.

Figura 2 - Tálamo e hipotálamo


Fonte: Veronika By, Shutterstock, 2020.

#PraCegoVer: Na imagem de fundo preto com algumas escritas em branco, temos a demonstração do tálamo e

hipotálamo na seção transversal.

O cerebelo tem a função de integrar a informação sensorial sobre a posição do corpo no espaço. Essa informação

chega da medula espinhal para a informação motora no córtex cerebral. O cerebelo também tem a função de

informar sobre o equilíbrio, papel que se origina nos órgãos vestibulares do ouvido interno, ou seja, sua principal

função é coordenar os movimentos, planejando-os e executando-os, além de manter a postura e coordenar os

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movimentos da cabeça e dos olhos. É função do cerebelo ainda avaliar os movimentos e os não executados

corretamente enviar sinais de respostas para as áreas motoras do córtex cerebral, auxiliando assim a regulação e

coordenação dos movimentos e contrações.

A estrutura do cerebelo é foliada e está presa ao tronco encefálico, com situação dorsal à ponte e ao bulbo.

Quanto à sua classificação, a camada mais superficial é chamada de córtex do cerebelo – consiste em uma

substância cinzenta chamada córtex cerebelar. Abaixo, temos os tratos da substância branca (árvore da vida).

Temos também os núcleos do cerebelo, que dão origem aos axônios, que conduzem os impulsos do cerebelo para

outros centros do encéfalo e para a medula espinhal.

É importante notar que córtex cerebral é diferente de córtex cerebelar. O córtex cerebelar possui três camadas

de fora para dentro e as três camadas têm cinco tipos de neurônios. São elas: a camada molecular, a camada nas

células de Purkinje e a camada granular.

[...] os dendritos das células de Purkinje e das células de Golgi tipo II projetam-se para dentro da

camada molecular. As células de Golgi ocorrem nas camadas granular e das células de Purkinje. Os

dendritos das células de Purkinje dispõem-se em somente um plano transversal em relação ao eixo

da folha cerebelar. Existem cerca de 30 milhões de células de Purkinje em todo o cerebelo. (ARRUDA,

2015, p. 180).

1.2 Núcleos centrais do cerebelo

Os núcleos centrais do cerebelo influenciam no controle motor dos músculos estriados esqueléticos. O núcleo

denteado (músculos distais) é o maior, assemelha-se ao núcleo olivar inferior, e se localiza na lateral. O núcleo

emboliforme e o núcleo globoso se localizam entre os núcleos fastigial e denteado. Por serem semelhantes

funcionalmente e estruturalmente, são chamados de núcleo interpósito (músculos distais). O núcleo fastigial

(postura e equilíbrio) se localiza próximo ao plano mediano em relação com o ponto mais alto do teto do IV

ventrículo. É a partir desses núcleos que saem as fibras eferentes do cerebelo e neles chegam os axônios das

células de Purkinje.

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1.3 Corpo medular do cerebelo

Formado de substância branca, fibras mielínicas (que são as fibras aferentes do cerebelo – penetram pelos

pedúnculos cerebelares e se dirigem ao córtex, onde perdem a bainha de mielina), e fibras formadas pelos

axônios das células de Purkinje (que se dirigem aos núcleos centrais e, ao sair do córtex, tornam-se mielínicas).

Há poucas fibras de associação no corpo medular do cerebelo.

Figura 3 - Demonstração de um corte em formato sagital do cerebelo


Fonte: SubstanceTproductions, Shutterstock, 2020.

#PraCegoVer: Na imagem de fundo parcialmente azul, temos a demonstração de um corte em formato sagital do

cerebelo.

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1.4 Divisões do cerebelo

O cerebelo é dividido anatomicamente, ontogeneticamente e filogeneticamente. Na divisão anatômica, o

cerebelo se divide em vérmis, hemisfério cerebelar direito e divisão cerebelar esquerdo. Na divisão ontogenética

(baseada no desenvolvimento do homem), o cerebelo é dividido em lobo anterior, lobo posterior e lobo flóculo-

nodular. A divisão filogenética é baseada no desenvolvimento do cerebelo; é através desta que é possível

detectar síndromes cerebelares, pois está baseada na filogênese do órgão e essa tem as suas subdivisões em

cerebelo cortical (ou neocerebelo); espinhal (ou paleocerebelo); e vestibular (ou arquicerebelo), cuja função é a

manutenção do equilíbrio em seres primitivos, os ciclóstomos. Estes se mantêm em meio líquido por não terem

membros e por seus movimentos serem ondulatórios e simples. A atividade muscular dos ciclóstomos ocorre

por meio de impulsos recebidos dos canais semicirculares na parte vestibular da orelha interna. Corresponde ao

lobo flóculo-nodular.

O cerebelo espinhal (ou paleocerebelo) mantém conexões com a medula espinhal, os animais nesta fase são os

peixes, e seus movimentos são mais elaborados que os dos ciclóstomos, pois possuem nadadeiras. O cerebelo

aqui controla o tônus muscular e controla a postura adequada. Corresponde ao lobo anterior e ao lobo posterior

(pirâmide e úvula).

Por fim, sobre o cerebelo cortical (ou neocerebelo), já podemos falar dos mamíferos, pois o cerebelo mantém

conexões com o córtex cerebral, mantendo e controlando os movimentos finos. Aqui, também, já existe a

capacidade usar os membros para movimentos delicados e assimétricos. Corresponde ao lobo posterior, exceto a

pirâmide e a úvula.

Assista aí

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1.5 Principais aspectos funcionais do cerebelo

Pertencente às conexões extrínsecas do cerebelo, serão feitas considerações detalhadas e sistemáticas,

subdividas em manutenção do equilíbrio e postura, controle do tônus muscular, controle dos movimentos

voluntários e aprendizagem motora. A promoção da contração adequada dos músculos axiais e proximais dos

membros, mantendo o equilíbrio e postura são feitos pelo cerebelo vestibular e pela zona medial.

Fique de olho
Sobre a aprendizagem motora nesse sistema, podemos destacar o aprendizado de atividades
motoras repetitivas, o que promove modificações mais ou menos estáveis em circuitos
nervosos.

Quanto ao controle do tônus muscular, principalmente o denteado e interpósito, mantêm mesmo sem

movimento atividade espontânea. O controle de movimentos voluntários observados através de casos clínicos e

estudos de ataxia (falta de coordenação dos movimentos voluntários por erros na força, extensão e direção do

movimento). O cerebelo controla o movimento, primeiro planejando (expressa intenção do movimento e é

ativado através de neurônios) e, em seguida, corrigindo, mesmo estando em execução. “Admite-se que para isso

a zona intermediária do cerebelo compara as características do movimento em execução com o plano motor,

promovendo as correções e ajustamentos necessários para que o movimento se faça de maneira adequada.”

(MACHADO, 2003, p. 225).

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2 Diencéfalo
Em nosso cérebro, temos a composição do diencéfalo e do telencéfalo. Entendemos que a proporção de tamanho

de um para o outro é muito diferente anatomicamente, mas isso não desfavorece a grande importância de

ambos. O telencéfalo ocupa maior área do que o diencéfalo. Para enxergarmos o diencéfalo, seria necessário

fazer um corte ao meio no cérebro, pois ele é encoberto pelo telencéfalo.

Ao estudar o diencéfalo, conheceremos sua composição e funcionalidades. Ele compreende as seguintes partes:

tálamo, hipotálamo, epitálamo e subtálamo. Em cada parte do diencéfalo, encontramos essas divisões, que

correspondem ao III ventrículo. Na imagem a seguir, é possível identificar a localização do diencéfalo e suas

divisões anatômicas.

Figura 4 - O cérebro e suas delimitações


Fonte: Stockshoppe, Shutterstock, 2020.

#PraCegoVer: Na imagem de fundo branco, temos a representação do cérebro e suas delimitações.

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Assista aí

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2.1 III Ventrículo

O III ventrículo se comunica com o IV através do aqueduto cerebral. Para se comunicar com os ventrículos

laterais, ele utiliza os forames interventriculares. Isso se refere a uma cavidade na parte do meio do diencéfalo.

Quando o cérebro é submetido a um corte sagital, podemos visualizar o sulco hipotalâmico. A parte acima do

sulco pertence ao tálamo, e a parte abaixo do sulco é pertencente ao hipotálamo. Acima do sulco hipotalâmico,

temos a formação do epitálamo. Na parte mais alta do III ventrículo, encontramos as estrias medulares do

tálamo, que são espécies de feixes com fibras nervosas onde se insere a tela corióide (que forma o teto do III

ventrículo).

A parede anterior do III ventrículo é formada pela lâmina terminal, composta de tecidos nervosos que unem os

dois hemisférios. Está entre o quiasma óptico e a comissura anterior (pertence ao telencéfalo). A luz do III

ventrículo se evagina formando quatro recessos: recesso de infundíbulo, óptico, pineal e suprapineal, este é

impossível de ser identificado nas situações em que o teto tenha sido retirado.

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2.2 Tálamo

A palavra tálamo significa “camada interior”, pois está localizado em uma região bem interna e central do

encéfalo. Pelo mesmo motivo de disposição, a região se torna uma das principais transmissoras responsáveis

pelas conexões sinápticas, mas não a única. Em sua formação, existem duas massas cinzentas, uma ao lado da

outra dentro do diencéfalo.

Segundo Franco (2005), é importante ressaltar que as conexões não são feitas somente do tálamo para o córtex,

mas no inverso também (conexões bidirecionais). Além disso, o tálamo realiza conexões das regiões mais

inferiores do encéfalo e da medula espinhal para os gânglios basais, assim como destes para o córtex.

A extremidade anterior é nomeada de tubérculo anterior, situada próxima ao forame interventricular. A

extremidade posterior é consideravelmente maior, e se chama pulvinar. A veia cerebral interna tem contribuição

em sua formação pelo sulco talamoestriado, que passa a veia talamoestriada e se encaminha para o forame

interventricular.

A maior parte dos núcleos do tálamo captam estímulos sensitivos e estão associados aos controles somático,

visceral e sistema emocional. “A face lateral do tálamo é separada do telencéfalo pela cápsula interna, compacto

feixe de fibras que liga o córtex cerebral a centros nervosos subcorticais. A face interior do tálamo continua com

o hipotálamo e o subtálamo”. (MACHADO. 2003, p. 57).

Diante do exposto, pode-se concluir que o tálamo funciona em parcerias atípicas com os núcleos de conexões.

Suas funções mais evidentes são:

• Sensibilidade

Impulsos sensitivos como dor, temperatura e tato, param no núcleo talâmico antes de chegar ao seu

destino, que é no córtex, com a exceção dos impulsos olfatórios. O tálamo tem o papel, além de fazer a

transmissão dos impulsos, de integrá-los e modificá-los. A modificação dos impulsos ocorre por conta do

tálamo, já o córtex tem a capacidade de interpretá-los corretamente.

• Motricidade

Núcleos ventral e lateral inseridos em circuitos pálido-corticais e cerebelo-corticais.

• Comportamento emocional

Integrantes do sistema límbico, núcleo dorsomedial e área pré-frontal.

• Ativação do córtex

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Núcleos talâmicos se conectam com o sistema ativador reticular ascendente.

Apesar de ainda requerer estudos específicos, existe a síndrome talâmica, que se refere a lesões em alguns vasos,

causando alteração na sensibilidade e propiciando uma dor central que irradia para o corpo ao lado contrário do

tálamo lesionado.

2.3 Hipotálamo

O hipotálamo se localiza na parte central do sistema límbico e tem, na execução de suas atividades, a interface

do meio exterior com o meio internalizado. Ele conduz o sistema nervoso autônomo, harmoniza funções

metabólicas, endócrinas e viscerais, bem como participa no controle do sono e no comportamento emocional. De

acordo com Franco (2005), possui o tamanho de uma ervilha (cerca de 1/300 do peso total do cérebro).

Suas partes laterais estão ligadas ao prazer e à raiva. Em contrapartida, seu meio dá indícios de ligação à aversão,

ao desprazer e ao riso descontrolado. Controla também a hipófise, que interfere nas emoções, temperatura

corporal, fome, sede e ritmos biológicos. (FRANCO, 2005). As composições do hipotálamo que podem ser vistas

externamente são os corpos mamilares, o túber cinéreo, o infundíbulo e o quiasma óptico.

As vias internas (regiões) do hipotálamo são:

É onde está localizado o núcleo supraóptico, entre outros. Suas células contêm produção

Quiasmática de ocitocina e vasopressina. Recebe fibras da retina, responsabilizando-se pela

identificação biológica do dia e da noite no organismo.

É formada pelo núcleo dorsomedial, entre outros. Fica bem próxima do III ventrículo e da

Tuberal região hipofisária (que produze a dopamina). Encontra-se aqui a produção de um

hormônio parecido com a morfina para controle da dor.

Mamilar É responsável pelos núcleos mamilares e hipotalâmico posterior.

Sobre as funções do hipotálamo, em um contexto geral, as manifestações parassimpáticas se vinculam ao

hipotálamo anterior, já o hipotálamo posterior organiza as funções simpáticas. Existe uma dificuldade em

localizar anatomicamente algumas regiões devido ao seu pequeno tamanho. As funções e regiões do hipotálamo

também podem ser entendidas de melhor forma por meio da neurofisiologia.

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2.4 Epitálamo

No epitálamo existem formações endócrinas que têm como principal representante a glândula pineal. Ele faz

parte do sistema límbico e se localiza na parte posterior do III ventrículo. É responsável por fazer o controle das

emoções. Sua glândula pineal atua sobre as gônadas, apontando os testículos e os ovários. Também atua

fortemente na produção de melatonina.

2.5 Glândula pineal

A glândula pineal tem sua origem no divertículo ependimário localizado no III ventrículo. Trata-se de uma

glândula que ainda requer muitos estudos, mas é possível afirmar a sua produção de melatonina, atuante na

regulação do sono. “Demonstra-se pois que a luz inibe e o escuro ativa a glândula pineal. Este fato é importante

para a compreensão da fisiologia dessa glândula.” (MACHADO, 2003, p. 240).

Figura 5 - Processamento da glândula pineal


Fonte: VectorMine, Shutterstock, 2020.

#PraCegoVer: Na imagem de fundo branco, temos a ilustração do processamento da glândula pineal no cérebro

e a produção de melatonina.

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2.6 Subtálamo

O subtálamo se refere a uma pequena área do diencéfalo, na parte superior do tálamo e do mesencéfalo

(inferior). Sua principal função está no núcleo subtalâmico, que tem papel importante na atuação da atividade

motora. “Lesões no núcleo subtalâmico provocam uma síndrome conhecida como hemibalismo, caracterizada

por movimentos anormais das extremidades. Estes movimentos são muito violentos e muitas vezes não

desaparecem nem com o sono, podendo levar o doente à exaustão.” (MACHADO, 2003, p. 237). Essa região é

composta por vários feixes de fibras; as que estão em evidência são do globo pálido, que caminham ao tálamo ou

ao núcleo subtalâmico.

2.7 Encefalite

A encefalite é uma doença que acomete uma inflamação na região do cérebro, ocasionando uma desorganização

do sistema nervoso central. Existem vários tipos de encefalite, e a definição do tratamento dependerá do tipo

causal da doença. Uma delas pode ser causada por herpes, em que o vírus chega no sistema nervoso central, e o

sintomas iniciais seriam os mesmos de uma gripe comum. Os grupos propensos ao contágio seriam as pessoas

com baixa imunidade (casos de AIDS ou corticoterapia, por exemplo). Podem ocorrer reações alérgicas após

quadros como sarampo, rubéola, entre outros. Outros casos favoráveis à encefalite são os pacientes que tiveram

dengue, febre amarela, zica etc.

Fique de olho
Para mais informações sobre a encefalite, acesse o link: https://doi.org/10.1590/S0034-
89101981000500004.

Casos de encefalite viral podem ser contagiosos. O contato com secreções, como a saliva, ou o compartilhamento

de utensílios, como garfos ou copos, podem ocasionar uma transmissão da doença. Alguns sintomas que podem

surgir nos pacientes são crises convulsivas; febre; alteração da personalidade; deterioração mental, visual,

sensitiva e coordenação motora prejudicada. Identifica-se a importância de uma equipe multidisciplinar para a

reabilitação do paciente no âmbito físico, psíquico e social.

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3 Telencéfalo
O telencéfalo é representado juntamente com o diencéfalo para formar o cérebro. Ocupa grande parte do crânio

e está dividido em dois hemisférios, direito e esquerdo, que se comunicam com o III ventrículo por meio dos

forames interventriculares. Os hemisférios são separados pelas fissuras longitudinais, mas se comunicam

através das fibras nervosas e apresentam dois tipos de substâncias em sua composição:

A branca é chamada de centro branco medular do telencéfalo, pois está localizada mais

internamente. A substância cinzenta se apresenta de duas formas: sob a forma de córtex, camada

fina e superficial de células que reveste a substância branca, e sob a forma de núcleos que são

estruturas cinzentas internas, como uma ilha, normalmente rodeadas por substância branca por

todos os lados. (FRANCO, 2005, p. 107).

O telencéfalo também é composto por sulcos e giros; sua atividade é inconstante e pode variar, dependendo do

hemisfério e da pessoa. Cada hemisfério possui três polos – frontal, occipital e temporal – e quatro faces: lateral,

medial, inferior e superior. Apresenta também uma divisão em lobos e sua nomeação depende da proximidade

em que está o osso craniano.

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Figura 6 - Anatomia do cérebro
Fonte: Tefi, Shutterstock, 2020.

#PraCegoVer: Na imagem de fundo branco, temos a representação do cérebro: suas divisões em lobos e outros

apontamentos sobre o telencéfalo e o diencéfalo.

Fique de olho
O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) traduz uma espécie de dificuldade
de aprendizado em tarefas que exigem mais concentração e esforço. Geralmente é identificado
ainda na infância nos anos iniciais da fase escolar. Refere-se a um transtorno de influência
genética e desadaptações de alguns neurotransmissores na produção da dopamina e da
noradrenalina. As conexões com os neurônios da região frontal (área do aprendizado) são
prejudicadas. Para mais informações, acesse o link: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S0103-84862018000100008#corresp.

Temos como exemplo os seguintes lobos:

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Frontal

Relacionado com o pensamento, a linguagem, a motricidade, os impulsos e o juízo crítico.

Occipital

Comprometido com a visão.

Parietal

Comprometido com a somestesia, o esquema corporal e a espacialidade.

Temporal

Responsável pela memória, audição e olfação.

Insular

Localizado internamente, não se relaciona com nenhum osso craniano.

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4 Estudo das vias aferentes
Para iniciar este tópico, é importante saber o que são as vias aferentes. Estas levam aos centros nervosos

suprassegmentares os impulsos originados nos receptores periféricos, ou seja, são cadeias neuronais que unem

os receptores ao córtex. Essas vias podem ser conscientes – nestas, as cadeias neuronais possuem três neurônios

– ou inconscientes – cujas cadeias neuronais possuem apenas dois neurônios.

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4.1 Principais vias aferentes

As partes das vias aferentes são: receptor, que se caracteriza por uma terminação nervosa sensível ao estimulo;

trajeto periférico, que se caracteriza como nervo espinhal (ou craniano) e gânglio sensitivo; trajeto central,

onde as fibras se agrupam em feixes (tractos, fascículos e lemniscos); e a área de projeção cortical,

caracterizada pelo córtex cerebral (sensibilidade consciente) ou córtex cerebelar (sensibilidade inconsciente).

Figura 7 - Nóxios e receptores de dor


Fonte: Blamb, Shutterstock, 2020.

#PraCegoVer: Na imagem de fundo branco, temos os nóxios e os receptores de dor na pele, e as vias nervosas

para o cérebro através da medula espinhal e do tálamo.

Para maior compreensão, veja a seguir o quadro com as principais vias aferentes que penetram no sistema

nervoso central por nervos espinhais.

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Quadro 1 - Vias aferentes
Fonte: Elaborado pela autora (2020).

#PraCegoVer: O quadro descreve a classificação de cada via aferente.

A somestesia é a capacidade que as pessoas têm de receber informações sobre as diferentes partes do corpo

(tato, propriocepção, termossensibilidade e dor). Seguem elencadas as principais vias aferentes que penetram no

sistema nervoso central por nervos cranianos:

Vias Trigeminais

Via Gustativa

Via Olfatória

Via Auditiva

Vias vestibulares conscientes e inconscientes

Via Óptica

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As vias de sensibilidade visceral são os impulsos originados nas vísceras (normalmente inconscientes) e se

relacionam com atividade reflexa. Os impulsos que se tornam conscientes se relacionam com a dor visceral. As

vias de propriocepção inconsciente levam ao cerebelo os impulsos originados na musculatura e nos tendões. O

quadro a seguir demonstra a qual tracto pertencem e suas características:

Quadro 2 - Tractos do cerebelo


Fonte: Elaborado pela autora (2020).

#PraCegoVer: O quadro caracteriza os tractos espinocerebelares anterior e posterior e o tracto cuneocerebelar.

Aprofundando um pouco mais as vias aferentes cerebelares, podemos dizer que os impulsos aferentes

cerebelares se originam no centro do cérebro e do tronco cerebral e periférico ligado à medula espinal. A via

aferente cerebelar mais importante se origina nas áreas corticais motoras e pré-motoras, e em menor extensão

no córtex sensorial – é a chamada via córtico-ponto-cerebelar. Os impulsos que se originam no tronco cerebral

são o trato olivocerebelar, as fibras vestíbulo-cerebelares e as fibras retículo-cerebelares. Essas vias aferentes

cerebelares são as vias centrais.

As fibras pontinho-cerebelares constituem o maior contingente de fibras musgosas aferentes do

cerebelo e originam-se dos núcleos pontinos. Todo esse contingente de fibras e informações

sensoriais periféricas é enviado ao cerebelo ao nível subconsciente e é crucial para a função motora

normal junto aos gânglios da base. (ARRUDA, 2015, p. 169).

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Nas vias periféricas ou medulares temos as fibras trepadeiras, que são excitatórias e têm como

neurotransmissor o glutamato; as fibras musgosas que se originam nos sistemas motores e sensoriais da medula

espinal e do tronco cerebral, e as fibras monoaminérgicas, que se originam de estruturas do tronco cerebral.

4.2 Vias aferentes do hipotálamo

Antes de falarmos sobre as vias aferentes do hipotálamo, vamos retomá-lo: o hipotálamo contém centros

reguladores de temperatura corporal, de ingestão de alimento e de balanço hídrico. Ele também é uma glândula

endócrina que controla secreções hormonais (glândula hipófise).

As vias aferentes do hipotálamo relacionadas com o sistema nervoso autônomo provêm do sistema nervoso

central. As percepções de memória e de receptores periféricos chegam ao hipotálamo pelo fascículo

prosencefálico medial, que faz a conexão recíproca entre o sistema límbico e a formação reticular, estendendo-se

do segmento mesencefálico até a área septal. Nesse trajeto, ele passa na lateral do hipotálamo, onde suas fibras

terminam.

O fascículo prosencefálico medial controla as funções viscerolfativas, conduz informações sensoriais dos

mamilos e genitais, além de se relacionar com o núcleo do trato solitário. Assim, essa via é considerada a

principal composição aferente do sistema nervoso visceral. Além disso, há outras vias, como a Estria Terminal,

cujo papel principal é conduzir as fibras do complexo amigdaloide, ou seja, levar informações olfativas. A via

fórnix conecta ou hipocampo com o hipotálamo. A memória e as emoções refletidas com as reações viscerais

estão ligadas a esse sistema.

Existem, ainda, outras vias aferentes do hipotálamo, onde informações chegam para serem moduladas. Essas

informações estão localizadas no tronco encefálico e são visuais e auditivas: “[...] núcleos do tronco do encéfalo

atuam na regulação do sono e devem estar integrados com o núcleo do trato solitário para o controle

autonômico da respiração e da atividade cardiovascular durante o sono.” (COELHO NETO; MILANO, 2015, p.

165).

O córtex cerebral (ao nível do giro frontal superior, da ínsula e do córtex sensório-motor primário) também

alimenta o hipotálamo de informações, mas por meio da via do núcleo dorsomedial do tálamo. De acordo com

Coelho Neto e Milano (2015, p. 166): “o controle do ciclo circadiano é feito pelas fibras retino-hipotalâmicas que

chegam até o núcleo supraquiasmático e influenciam o controle do ciclo sono-vigília, os níveis de hormônios

esteroides no sangue e a função sexual.”

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4.3 Fibras aferentes de origem medular e pontina

As fibras aferentes de origem medular são representadas pelo tracto espinocerebelar anterior e pelo tracto

espinocerebelar posterior. Esses penetram no cerebelo através dos pedúnculos cerebelares superior e inferior, e

culminam no córtex paleocerebelo. As fibras do tracto espinocerebelar anterior são ativadas por sinais motores.

Nas do tracto espinocerebelar posterior, o cerebelo recebe sinais sensoriais vindos de receptores

proprioceptivos e de outros receptores somáticos. Isso permite a avaliação do grau de contração dos músculos,

posições e movimentos de partes do corpo.

[...] foi possível assim fazer o mapa sensorial do cerebelo, evidenciando-se uma representação do

corpo no lobo anterior e duas outras no lobo posterior. Convém lembrar, entretanto, que essas áreas

sensoriais do cerebelo são diferentes das que existem no córtex cerebral, pois os impulsos que aí

chegam não se tornam conscientes. (MACHADO, 2003, p. 221).

As fibras aferentes de origem pontina se originam nos núcleos pontinos, penetram no cerebelo pelo pedúnculo

cerebelar médio e se distribuem no córtex do neocerebelo. Essas fibras também são chamadas de ponto-

cerebelares e fazem parte da via córtico-ponto-cerebelar; é por via delas que as informações vindas do córtex de

todos os lobos cerebrais chegam até o cerebelo.

é isso Aí!
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• Aprender o funcionamento, a classificação e a estrutura do cerebelo como um todo.
• Entender as funcionalidades do diencéfalo e a importância do III ventrículo.
• Distinguir as atividades do tálamo, hipotálamo, epitálamo e subtálamo.
• Conhecer o telencéfalo e suas partes.
• Estudar as principais vias aferentes.

Referências
ARRUDA, W. O. Cerebelo. In: MENESES, M. S. Neuroanatomia Aplicada. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,

2015, p. 168-187.

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COELHO NETO, M.; MILANO, J. B. Sistema Nervoso Autônomo. In: MENESES, M. S. Neuroanatomia Aplicada. Rio

de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015, p. 165-179.

FRANCO, N. M. S. Descomplicando as práticas de laboratório de neuroanatomia: noções básicas. Rio de

Janeiro: N. M. S. Franco, 2005.

MACHADO, A. Neuroanatomia Funcional. São Paulo: Atheneu, 2003.

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