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Curso de

Observação de Aves

MÓDULO II

Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para
este Programa de Educação Continuada, é proibida qualquer forma de comercialização do
mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados a seus respectivos autores descritos
na Bibliografia Consultada.
MÓDULO II

1. INTRODUÇÃO
Como bem observou Sérgio de Almeida (2003), é inusitado e até mesmo
intrigante ver pessoas no campo, em rios ou matas, por horas a fio, atentas a qualquer
movimento. Ora permanecem escondidas, ora se deslocam daqui para lá e de lá para cá.
Ficam imóveis demoradamente, parecendo estar dissolvidas no ambiente, e de vez em
quando quebram o silêncio com palavras de empolgação e alegria, apontando para um
determinado ponto no meio da mata. São os observadores de aves.
A observação de aves é um hobby saudável que influi positivamente no
balanceamento físico e emocional almejado por tanta gente. Possibilita que as pessoas se
aproximem do meio natural, ao mesmo tempo em que praticam exercícios e estimulam o
aprendizado, chegando a transformar-se em trabalho formal (Almeida 2003).
Ao proporcionar o contato com a natureza, a observação de aves permite
testemunhar fatos únicos, emocionantes e ao mesmo tempo delicados da vida das aves,
resultando no envolvimento do praticante com a conservação ambiental para proteger
aquelas espécies que lhes trazem tanto prazer.
Este segundo Módulo apresenta informações sobre como praticar a observação
de aves, suas técnicas, equipamentos e dicas gerais de identificação em campo. É uma
complementação ao aprendido no Módulo I, com informações mais técnicas para auxiliar
a desenvolver a atividade.
É claro que se trata apenas de um embasamento teórico, pois a prática é
fundamental para o aprendizado. Assim, a partir deste momento, o aluno é convidado a
abrir sua janela e procurar pelo primeiro passarinho que passar, pois este ato vai
inaugurar sua vida como observador de aves!

2. AVE OU PÁSSARO? OBSERVAR OU PASSARINHAR?


Muita gente costuma se referir de forma geral às aves chamando-as de pássaros.
Também é comum vermos referências à “observação de pássaros” ao invés de
“observação de aves”. Se considerarmos o que aprendemos no capítulo 9 do Módulo I,
vamos lembrar que o termo “pássaro” se aplica melhor às aves pertencentes ao grupo

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dos Passeriformes, que pertence à Classe Aves. Ou seja, todo pássaro é uma ave, mas
nem toda ave é um pássaro.
Popularmente, não se considera errado usar o termo “pássaro”, mas recomenda-
se observar o contexto em que a palavra é usada para não causar mal-entendidos. Afinal,
vai parecer estranho dizer a alguém que se está “observando pássaros” com seu binóculo
apontado para uma ema, não é?
Os falantes da língua inglesa resolveram este problema adotando uma única
palavra para definir as aves: bird. Assim, quando dizem que estão praticando birdwatching
entende-se que podem estar observando desde um minúsculo beija-flor até um gavião ou
pingüim.
Outra palavra que aos poucos está mudando de significado é “passarinhar”. Os
criadores de pássaros são chamados popularmente de passarinheiros, mas nota-se que
cada vez mais observadores de aves livres têm usado esta palavra como sinônima de
observação de aves. Talvez a razão para isso seja a simplificação da língua, influenciada
pelo inglês (birding, birdwatching = observação de aves), mas o resultado final é que aos
poucos “passarinhar” vai se transformando em sinônimo de aves livres, ao invés de
prisioneiras de gaiolas. Interessante observar que esta palavra tenha caído muito mais no
gosto dos praticantes do que o termo “avistar”, mais parecido com a palavra ave, mas que
já possui um significado forte em português (ver, alcançar com a vista, ver ao longe,
enxergar).
Como todas as línguas, o português também é dinâmico, e neste caso, o
neologismo com certa influência do inglês é muito positivo, pois estimula a conservação
das aves ao invés de sua captura!

3. COMO COMEÇAR A OBSERVAR AVES?


Para começar a observar aves, desligue o rádio ou a televisão. Faça isto de
preferência pela manhã ou final da tarde. Aos poucos, seus ouvidos vão identificar os
cantos de algumas aves, misturados aos barulhos da cidade.

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Vá até a janela e observe a paisagem. Caso não consiga descobrir o dono da voz,
não desanime. Nem sempre é tão fácil encontrar estes bichos, que também precisam
aprender a se esconder dos predadores.
Dê uma volta pela rua, vá até o jardim ou praça mais próxima de sua casa e
sente-se em algum lugar tranqüilo. Logo alguma ave vai pousar por perto, ou passar
voando:
- Olha, é amarelo, parece que tem uma faixa preta nos olhos!! – Pode ser um
bem-te-vi... Sim, aquele que canta o próprio nome... Ele adora comer insetos!
- E aquele pequeno, não, são dois, meio cinza, meio azulado... Escuta, que canto
fininho e melodioso!! – É o sanhaço cinzento, sempre agitado, procurando frutinhos por aí.
- Ah, esse aí eu conheço! Esse aí é o pombo da cidade, tem em tudo que é lugar!
– Isso mesmo, é o pombo, uma ave cosmopolita, pois se adaptou tão bem às cidades que
praticamente só vivem nelas hoje em dia, comendo grãos e migalhas que estão pelo
chão...
- Pára, escuta! Presta atenção, que canto mais doce... Quem será? Olha lá, é
aquele pássaro maiorzinho ali, ao lado dos pardais (pardal eu também conheço!). Tem um
bicão e o peito enferrujado! – Sabiá-laranjeira... Como é lindo seu canto, sempre presente
nos jardins e praças da cidade.
E assim, num final de tarde, você já identificou cinco espécies diferentes. E
amanhã vai querer descobrir mais duas ou três, e quando perceber já conhecerá mais de
vinte espécies de aves que vivem perto de sua casa! (Pivatto, 2003)

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4. REQUISITOS PARA SER UM BOM OBSERVADOR
O requisito fundamental é “gostar” de aves. Mas aves em liberdade, nada de
gaiolas! O observador admira a liberdade destes animais, a beleza de suas cores, seu
comportamento. Também precisa ter curiosidade, paciência e gostar do ambiente natural,
pois muitas vezes vai se achar no meio do mato, escondido atrás de um arbusto e
rodeado de mosquitos apenas pelo prazer de admirar um passarinho por alguns
segundos por entre a ramagem!
Segundo Almeida (2003), um bom observador de aves deve ter os olhos e
ouvidos preparados, boa memória e um mínimo de conhecimento inicial. Não deve se
limitar ao preenchimento de listas com as espécies que encontra, mas aprender sobre a
inter-relação da ave com os elementos naturais.
O bom observador de aves estuda muito, e isto será um prazer. É como se fosse
um detetive anotando pistas em campo para depois pesquisar nos livros até eliminar as
dúvidas sobre identificação. Visita museus naturais e zoológicos para aprender detalhes
difíceis de observar no meio da mata.
Se você for capaz de seguir as dicas abaixo (WildBirds, 2008), você terá ótimas
experiências como observador de aves.
Tenha um guia de campo com as aves de sua região.
Use sempre o binóculo.
Junte-se a outros observadores nas saídas a campo
Filie-se a um clube de observadores de aves.
Estude antes a lista das aves locais.
Leia, estude sobre as aves, faça perguntas. Conheça o comportamento e horários de
atividade das espécies visadas.
Traga as aves para perto de você, plantando árvores e oferecendo água.
Faça anotações, fotografias e gravações sobre suas observações.
Divirta-se, mas sempre respeitando as aves!!

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5. EQUIPAMENTOS
Segundo Figueiredo (2003), a observação de aves pode ser feita em grande parte
pela sua simples visualização e escuta. Prova disto é que muitos moradores das áreas
rurais são grandes conhecedores das aves de sua região. Mas o uso de diversos
equipamentos poderá ser muito útil. Tudo dependerá do maior ou menor interesse pela
observação e aprofundamento em suas técnicas. Selecionamos aqui os principais
equipamentos para auxiliar esta atividade, destacando as qualidades necessárias em
cada um. Cabe lembrar que a escolha é uma opção pessoal ligada à disposição para o
investimento financeiro.

Binóculos
Todo observador de aves possui pelo
menos um bom binóculo (Figura 1).
Este equipamento é fundamental para
visualizar plumagem, bico e outros
detalhes que permitem a identificação
da espécie observada. Além disso,
oferece a vantagem de uma
aproximação eficaz sem perturbar a Figura 1. O binóculo é o melhor amigo do
vida das aves (Sigrist, 2006). observador de aves. Foto: Tietta Pivatto

As principais qualidades de um binóculo são: capacidade de aumento,


luminosidade, leveza, estabilidade de imagem e qualidade óptica (Sigrist, 2006).

Como escolher um binóculo


A relação de aumento x luminosidade no binóculo é indicada por um número
como 8x30. O aumento indica o quanto de proximidade ele permite, quer dizer, é como se
você estivesse oito vezes mais perto da ave observada. O segundo número indica o
diâmetro das lentes frontais do binóculo. Quanto maior o número, maior a luminosidade
que entra no equipamento.

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Quanto maior o aumento, mais instável, e quanto maior o diâmetro das lentes,
mais pesado é o binóculo. Além disso, muita luminosidade só é indicada para observação
em ambientes escuros como florestas fechadas ou mesmo à noite. Os modelos de
binóculos mais utilizados pelos observadores são os que possuem relação 8x30, 10x25 e
10x42 (Sigrist, 2006).
Outros fatores que devem ser levados em conta são a saída da pupila (diâmetro
das objetivas dividido pelo aumento do binóculo) e o campo de vista de um binóculo, ou
seja, a área a que se pode observar através do aparelho sem movimentar a cabeça.
Quanto maior for o campo de vista de um binóculo, melhores são as chances de se
enquadrar rapidamente pequenas aves em movimento em ambientes de vegetação densa
(Sigrist, 2006). Os mais indicados são os que permitem campo de 95 m e 135 m/1000 m
(Tabela 1).

Tabela 1. Principais características de alguns binóculos de acordo com a relação aumento x luminosidade,
segundo Sigrist (2006).

Modelo 8 X 32 8 X 42 8 X 56 10 X 25 10 X 42 20 X 60

Aumento 8X 8X 8X 10 X 10 X 20 X

Diâmetro das objetivas 32 mm 42 mm 56 mm 25 mm 42 mm 60 mm

Saída da pupila 4,0 m 5,25 m 7,0 m 2,5 m 4,2 m 3,0 m

Campo linear (m/1000 m)* 135 130 110 95 110 36

Distância mínima de foco* 3,2 mm 2,5 mm 5,0 mm 2,5 mm 2,5 mm 12,0 mm

Peso* 600 g 900 g 1050 g 240 g 900 g 1600 g

Interior de florestas densas ☺


Cerrados e matas abertas e
iluminadas ☺ ☺
Campos, praias e estuários ☺ ☺
Ambientes em horário de
crepúsculo ☺
• Valores aproximados que podem variar de acordo com o fabricante.

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Existem dois modelos de sistemas ópticos
para binóculos (Figura 2):
Roof: as objetivas são alinhadas com as
oculares, com os prismas se posicionando
exatamente um sobre o outro, é mais compacto.
Porro: as objetivas não são alinhadas com as
Figura 2. Modelos de sistemas
oculares. Permitem melhor óptica, embora sejam
ópticos do binóculo. Pivatto e
mais pesados.
Manço (2008).

A maioria dos binóculos possui um movimento central, que possibilita ajustar o


equipamento no seu rosto. Para escolher o melhor modelo, coloque-o em frente aos olhos
e dobre-o até enxergar uma imagem circular perfeita, circundada por um anel preto. Este
é o ajuste ideal para seu rosto.
Para ajustar o foco, aponte diretamente para algum objeto ou quadro na parede,
cerca de dez metros de distância. Feche seu olho direito e foque o objeto usando o ajuste
de foco (+ ou -). Em seguida feche os dois olhos e abra um por vez. O objeto deve ser
visto com foco, sem irregularidades em toda a área mostrada pelas lentes.
Agora olhe para um prédio cerca de 100 metros de distância e feche seu olho
direito. Aponte o binóculo para o prédio de forma que a borda do prédio fique na borda
esquerda do seu campo de visão. Feche o olho direito e abra o esquerdo. Se o binóculo
estiver alinhado, a imagem do prédio vai continuar na borda do campo de visão.
Para verificar a qualidade da imagem, foque em uma antena contra o céu. O
contraste entre as cores deve ser perfeito, sem franjas coloridas nas bordas da antena.
Isto fará muita diferença quando precisar diferenciar variações de cores das penas em
campo!
Verifique sempre todos estes detalhes antes de comprar um binóculo, pois este
equipamento será muito usado em campo, e sua qualidade deve ser a mais próxima do
ideal (Sankey, 2002).

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Cuidados com seu binóculo
Embora binóculos mais caros sejam mais resistentes e possuam proteção contra
poeira e umidade, é sempre importante cuidar deste equipamento. Seguem algumas
dicas (Victoria, 2004):
Evite quedas e batidas
Verifique as alças do binóculo, e troque caso estejam gastas ou rasgadas
Evite tocar as lentes com as mãos
Guarde os binóculos em local limpo, seco e longe do sol
Após o uso, limpe o equipamento completamente, com cuidado para não danificar
lentes e mecanismos
Se perceber a presença de fungos ou qualquer outro problema, leve o binóculo para
manutenção com profissionais habilitados
Utilize ar comprimido para eliminar a poeira acumulada nas lentes
Para partículas maiores, utilize um pincel de pêlo macio
Para remover marcas de dedos ou outras manchas, use um tecido macio e limpo, com
movimentos leves e circulares do centro para fora
Nunca use papel para limpar as lentes, pois podem arranhar
Em campo, se não for possível a limpeza, assopre sobre as lentes e limpe
delicadamente com um pano macio ou a ponta de uma camiseta limpa
Quando não estiver em uso, mantenha-o no estojo e em lugar seguro

Lunetas
Lunetas e telescópios permitem aumentos na faixa de 20 a 60 X, sendo muito
úteis para a observação de aves que permanecem pousadas a grande distância como
gaviões e aves aquáticas. Permitem ainda acompanhar ninhos à distância, sem interferir
no desenvolvimento dos filhotes.
Quando em grupos, é muito útil para que todos possam observar a ave focada,
auxiliando inclusive a eliminar dúvidas de identificação quando o aumento do binóculo não
é suficiente.

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As lunetas podem ter aumento fixo, com
zoom (15 a 45 X ou 20 a 60 X) ou com
intercâmbio de oculares de diferentes
aumentos fixos (tipos 20 X, 30 X, 40 X, 77
X), sendo muito importante acoplá-las a um
tripé estável, leve e de fácil manejo (Sigrist,
2006) (Figura 3). Figura 3: Luneta estabilizada com tripé.
Foto: Tietta Pivatto

Guias de campo
Guias de campo são livros ilustrados (desenhos ou fotos) com descrições das
aves de uma determinada região. Em geral contêm informações sobre hábitos, ambiente,
área de ocorrência e as marcas de campo, ou seja, o que confirma a identidade de uma
espécie comparando com outra. Seu objetivo é ajudar o leitor a identificar corretamente a
ave observada. É possível encontrar guias nos mais diversos formatos e abrangência:
continente, país, região, bioma, estado, cidade ou até mesmo um parque. Podem
abranger todas as aves ou apenas uma ordem, família ou um grupo específico (aquáticas,
migratórias, etc.).
A maioria dos guias é organizada em ordem taxonômica (ver capítulo 9 do Módulo
I), podendo variar em publicações mais antigas ou de países que não seguem a
classificação científica brasileira (ver CBRO, 2007). Apresentam o nome científico e
popular usado no país ou região de origem.
Ao escolher um guia de campo, é importante levar em consideração qual a área
de abrangência que você precisa e também sua afinidade com as ilustrações. Algumas
pessoas preferem desenhos, enquanto outras preferem fotografias. Há vantagens e
desvantagens nas duas opções.
Os primeiros guias foram ilustrados com desenhos, muitos feitos com espécimes
de museus, sem mostrar posição de vida ou cores originais de íris ou pele (muitas estão
desbotadas). Porém, o ilustrador destaca as características mais importantes da ave,
facilitando o reconhecimento em campo.

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Guias fotográficos costumam mostrar a
ave dentro de seu ambiente natural e com
o brilho de um animal vivo e em
movimento, mas dependendo das
condições de luz e da oportunidade do
fotógrafo, a imagem pode mostrar falsas
cores ou uma posição que não permite ver
detalhes do corpo todo da ave (Figura 4).
Tanto o desenho quanto a fotografia
são dependentes do talento dos autores e
do conhecimento ornitológico. Atualmente
existem guias com desenhos e fotografias
muito bons no mercado.
Antes de comprar seu guia de campo, é
importante manusear vários deles e
observar as ilustrações. Escolha uma ave
que você conhece e procure-a nos livros
que está avaliando. Veja em qual deles
você reconhece melhor as marcas de
campo e em qual deles as informações
Figura 4. Exemplo de um guia de campo.
são mais coerentes para seu
Fonte: Coelho et al. (2005)
entendimento.

Consulte outras pessoas que possuam estes livros e veja qual sua opinião sobre
os mesmos. Victoria (2004) sugere algumas dicas para avaliar um bom guia de campo:
Ter no início a apresentação do autor, objetivo da obra, instruções de como utilizar o
guia, significado dos símbolos usados nas pranchas.
Na introdução, explicar a seqüência de características usadas para descrever cada
ave, dados gerais sobre geografia e clima da região abrangida.

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Desenho com morfologia das aves, indicando os nomes usados para cada parte do
animal. É importante que todos os termos citados ao longo do guia estejam presentes
nesse desenho para facilitar a descrição da espécie.
Pranchas com as ilustrações das aves. Estas devem mostrar fielmente as
características distintivas. Observe se há ilustração das diferenças entre machos,
fêmeas, juvenis, variações regionais, fases, melanismo ou período reprodutivo. Para
algumas espécies como gaviões, falcões e urubus é recomendável que haja ilustração
da ave em vôo.
Texto com informações atualizadas sobre a história natural das aves e dicas de
identificação, tamanho, distribuição geográfica, hábitos, comportamento, vocalização,
biologia reprodutiva.
Indicação se a espécie é fácil, comum, pouco comum ou rara de se ver, indicando o
parâmetro para esta classificação.
Mapas de distribuição, de preferência localizado na mesma página das informações e
ilustração da ave.
Índice de nomes científicos, populares, inglês, etc., facilitando encontrar uma espécie
quando ainda não é possível ir direto às famílias do guia.
Por fim, verifique se o texto é claro, conciso e fácil de ler, letras em tamanho legível, se
você consegue identificar aves observadas em campo e se é fácil diferenciar espécies
similares.

Recomendamos que, além do guia de


campo, você tenha em casa um livro
com textos mais detalhados sobre as
aves, pois às vezes os detalhes são
suprimidos do guia devido à falta de
espaço. É quase impossível fazer um
Figura 5. O guia de campo deve ser sempre
guia completo e detalhado com mais
consultado em caso de dúvida na identificação
de 1800 espécies de aves ocorrendo das aves. Foto: Daniel De Granville
no Brasil!

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A compra do primeiro guia de campo sempre é especial e mais difícil de decidir,
mas com o tempo outros guias virão, e logo sua estante terá muitos livros dedicados à
ornitologia.
Como usar um guia de campo?
Primeiramente, proteja o livro com uma capa plástica, evitando que o mesmo se
estrague rapidamente (orvalho, chuva, praia, refrigerante, etc.). Caso molhe, coloque
papel toalha no meio das páginas e deixe absorver o máximo possível da água. Depois,
deixe-o sob um ventilador, cuidando para que as páginas não grudem (Victoria, 2004).
Antes de sair a campo, familiarize-se com o guia. Leia as páginas introdutórias e
as informações de como usá-lo. Aprenda o nome das partes da ave (morfologia, desenho
esquemático), a ordem de apresentação das famílias e quais as características principais
de cada grupo. Leia algumas descrições de espécies, observe o desenho e o mapa de
distribuição, estude os símbolos utilizados. Quanto mais se dedicar a estas
recomendações, mais fácil de manuseá-lo em campo.
Eventualmente você vai encontrar aves que não aparecem no seu guia, ou cuja
ilustração não se assemelha ao que está observando. Neste caso, é importante pesquisar
em outras fontes ou tirar dúvidas com especialistas.
Vários observadores arrancam as páginas ilustradas de livros maiores para
compor guias menores e fáceis de carregar em campo. Outra forma de facilitar o
manuseio é marcar páginas com etiquetas separando famílias, ou ainda fazer marcações
e anotações específicas sobre algumas aves, indicando onde foram observadas. Enfim,
use seu guia da melhor forma possível.

Lista de aves
Caso o local ou região que você vai visitar possua uma lista de aves, leve-a com
você, pois este material será muito útil para indicar o que esperar de sua atividade. Muitas
estão disponíveis na Internet, é só procurar.
A lista de aves costuma ser muito simples, apresentando a localidade abrangida,
autores, data da última atualização e a seqüência das aves, que pode ser taxonômica (a
mais comum) ou alfabética de nomes populares. Normalmente apresenta o nome
científico e o popular, podendo ter também a Família e o nome em inglês ou espanhol.

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Verifique qual é o modelo disponível ou de consulta mais fácil para seu grau de
conhecimento. No capítulo 13 apresentamos dicas de como montar sua própria lista de
aves.
Antes de sair a campo, estude a lista para familiarizar-se com os nomes e ordem
de classificação. Caso não conheça alguma espécie, estude-a no guia de campo, isto vai
facilitar a identificação.

Caderneta de anotações
Uma caderneta de campo deve ser usada para anotações diversas, mesmo que
num primeiro momento as informações não pareçam relevantes. Com o tempo estas
notas podem dar pistas que só serão entendidas quando você tiver mais experiência ou
conhecimento sobre as aves. Por exemplo, a observação casual de uma espécie que não
chamou sua atenção e depois você descobre tratar-se de uma raridade. Tudo o que for
anotado poderá contribuir para que os pesquisadores conheçam mais sobre ela, já que,
por ser rara, existem poucas informações sobre seu comportamento. Por isso, os
registros devem ser detalhados e fidedignos, visto que talvez não se possa repetir a
coleta de dados, e aqueles conseguidos precisem ser resgatados muitos anos depois,
quando a memória já os esqueceu (Almeida, 2003). Então, uma simples leituras os
trazem à lembrança.
Anote o local, data, horário da observação (início e fim), clima, descrição geral do
tipo de ambiente (praia, mata, borda de mata, etc.), aves observadas e companheiros de
atividade. Se o animal for desconhecido, uma breve descrição com a ajuda de um esboço
tornará mais eficiente a pesquisa.
Segundo Almeida (2003), de início o que se consegue anotar é apenas o tamanho
e o jeito da ave, sem prestar atenção nos olhos ou tarsos, por exemplo. Com o tempo a
cor da íris e se penas ou escamas recobrem os tarsos serão observações corriqueiras. Da
mesma forma é a descrição das atividades do animal. No princípio sabe-se apenas se ele
está empoleirado, nadando ou andando no chão, por exemplo. Depois será comum
questionar-se sobre o que a ave está fazendo na região naquele horário e naquela época
do ano e sua a função na cadeia alimentar. Até o tipo de fezes, substâncias regurgitadas,
pegadas e fragmentos de penas serão importantes.

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O estudo e o tempo de dedicação levam, naturalmente, ao progresso do nível de
detalhamento. Rever suas anotações é a melhor maneira de aumentar suas habilidades
de observação. É a forma de distinguir quais detalhes foram relevantes na identificação
de determinada espécie, associando-os às lembranças da experiência obtida no campo
quando daquela primeira anotação.
Cadernetas pequenas facilitam o
manuseio (Figura 6). As espiraladas são
mais práticas, pois se pode mantê-las
abertas. Use lápis ou lapiseira, pois se
molhar, não perderá as anotações (tinta de
caneta mancha). Encape sua caderneta
com plástico para proteger melhor. Depois
de cheia, guarde-a, mas não esqueça de Figura 6. Exemplo de caderneta de

sempre consultar suas anotações. campo. Foto: Tietta Pivatto

Vestimenta
Escolha as roupas de campo usando os seguintes critérios:
Conforto: tecidos leves para dias quentes, mais grossos para dias frios. Evite roupas e
calçados apertados. Escolha modelos com muitos bolsos, pois vai precisar de todos.
Proteção: a roupa, além de confortável, deve proteger contra espinhos, galhos, urtigas,
insetos, queimaduras de sol, animais peçonhentos. Use calças e camisas de manga
comprida, chapéu ou boné, perneiras, se possível calçado à prova d’água.

Discrição: use cores discretas, de acordo com o tom predominante do ambiente em


que vai visitar. Marrom, verde ou camuflado para ambientes de mata (Figura 7),
padrões de bege e marrom para cerrados e campos. Para a praia, tons de areia e
para neve, branco. Cores contrastantes são percebidas rapidamente pelas aves,
dificultando sua aproximação.

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Figura 7. Observe como o azul e o amarelo se destacam nesta imagem.
Foto: Daniel De Granville

Use duas ou mais camadas de roupas, pois a manhã fria pode transformar-se
num dia muito quente, aí é só ir tirando as peças de cima. Use sempre calçados fechados
e anti-derrapantes. Quando alguém recomendar “calçado velho” não quer dizer aquele
tênis tão gasto que o solado já está liso. Isto é um convite para um belo tombo! Entenda
“calçado velho” como aquele que você já usa há algum tempo e que é muito confortável,
evitando bolhas e dores nos pés. Jamais vá a campo com uma bota novinha, pois isto é
uma garantia certa de arrependimento! Botas novas devem ser usadas por várias
semanas na cidade antes de ir a campo para garantir que não vai te machucar.
Tenha sempre peças extras de roupas e calçados, pois estas podem se rasgar,
ficar molhadas ou sujas demais, tornando-se desconfortáveis. Por fim, leve uma capa de
chuva (verde, marrom ou azul marinho, nada de amarelo ou vermelho!!) e, no caso de
locais com muito vento, um anorak.

Outros equipamentos
Mochila: imprescindível para carregar todas as coisas! Prefira os modelos “ataque”,
menores que as de viagem, e com vários bolsos. Se possível, tecido à prova d’água e
cores discretas. Algumas pessoas preferem usar coletes (modelo fotógrafo ou
pescador) ao invés de mochilas.
Câmeras fotográficas, tripés, gravadores e tocadores de som: falaremos sobre estes
itens nos capítulos 8 e 9.

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Protetor solar: use mesmo em dias nublados. Rosto, mãos, nuca, orelhas. Não
esqueça o protetor labial também.
Repelente de insetos: nada mais desconfortável do que mosquitos picando suas mãos
enquanto tenta não se mexer para observar um passarinho! Mas cuidado com
excessos, pois o repelente pode danificar a película de proteção das lentes do
binóculo, lunetas e câmeras fotográficas.
Água e lanche: um cantil com água limpa e fresca, suco, frutas, lanche, chocolate...
Comida leve e saudável, guardada em um recipiente que evite vazamentos ou farelos
no meio do seu equipamento.
Material para limpeza de binóculo e câmera fotográfica: pincel macio, pano de
algodão, bombinha de ar comprimido.
Papel higiênico e saco plástico: para trazer de volta o papel usado, assim como restos
de lanche, etc.
Lanterna: principalmente para saídas noturnas ou no final da tarde. Não se esqueça
de ter sempre uma lâmpada e pilhas extras na mochila.
Kit com primeiros socorros: caso você precise tomar regularmente algum
medicamento, tenha-o sempre à mão. Se for alérgico a picadas de insetos, pólem,
poeira, não esqueça os anti-alérgicos. No mais, o recomendável é levar um
anticéptico, gaze e ataduras para escoriações, pomada para picadas de insetos ou
contusões.
Blind: trata-se de um esconderijo, pode ser feito com uma barraca de camping de
cores neutras ou mesmo uma rede pendurada em um galho. Muito útil para observar
com conforto bandos de aves ou ninhos sem ser visto pelas aves. Neste caso,
recomendam-se banquetas dobráveis e compactas ou panos para deitar-se ao chão.
Canivete, kit de costura, toalha, bússola, GPS, mapas, rádio HT, filmadoras, etc... Só
não deixe sua mochila pesada demais!!
Especialmente em expedições que envolvam viagens aéreas, considere os altos
preços cobrados pelo excesso de bagagem. Leve só o necessário!
No caso de visitar localidades desconhecidas, procure informar-se sobre as condições
de segurança do local. Os equipamentos sofisticados e caros usados na observação
de aves são um convite para roubos. Atividades em grupo ajudam a coibir ladrões.

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6. TÉCNICAS DE CAMPO
Segundo Figueiredo (2003), o observador de aves usa algumas técnicas próprias.
O andar deve ser cauteloso e silencioso. Descobriu-se que gestos rápidos assustam as
aves, ao passo que, andando "em câmera lenta", conseguimos nos aproximar bastante
delas. Andar direto em direção a uma ave pode assustá-la, mas se andarmos em zig-zag,
como se estivéssemos apenas passando perto dela, não as assusta tanto. Nunca apareça
de súbito por trás de um esconderijo, pois poderá assustá-la (Almeida, 2003). Converse o
mínimo possível e sempre em voz baixa e pausada.
É preciso levantar cedo. Para observar aves tem que pular da cama antes do
amanhecer e procurar pelas aves até o meio da manhã.
Este é o melhor intervalo. No final da tarde novamente
começa o movimento da passarada, mas é só o sol se
pôr que eles se aquietam, pra começar no dia seguinte.
Aí é a vez das corujas, urutaus e curiangos saírem de
seus esconderijos. (Pivatto, 2003).
Algumas épocas do ano são melhores para as
observações, como o período reprodutivo que se inicia no final do inverno e se estende
pela primavera e verão. Nesta época as aves estão muito ativas defendendo seus
territórios e construindo seus ninhos e em geral cantam muito. Mas também podem estar
mais estressadas, portanto evite aproximar-se demais ou por muito tempo.
Por questão de segurança e pelo companheirismo, sempre é bom fazer os
passeios de observação de aves acompanhado por uma ou algumas pessoas.
Principalmente se for sua primeira saída, é aconselhável ter alguém mais experiente (e
paciente) para auxiliar nas suas primeiras observações. Mas lembre-se, quanto mais
pessoas no grupo, maior a possibilidade de assustar as aves (Figueiredo, 2003).

7. IDENTIFICAÇÃO DE AVES EM CAMPO


Observar uma ave em liberdade é muito diferente de vê-la só por fotografia,
empalhada ou ainda em uma gaiola. Entretanto, poucas vezes você irá chegar perto o
suficiente para conseguir ver detalhes, aparecendo apenas partes dela no meio de um

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arbusto, um movimento por entre a folhagem ou ainda ter que se contentar com o pio ou
canto no alto da copa.
Não desanime, mesmo que sua primeira saída seja frustrante, lembre-se, é apenas
sua primeira saída. Aos poucos sua percepção vai aumentar, e você vai se surpreender
com a quantidade de aves que estão ao seu lado e nunca são percebidas pelas pessoas
“comuns”.
Segundo Omena-Junior (2008), você pode fazer observação de aves de duas
maneiras:
Observação parada, de escuta: o observador fica parado em determinado local,
ouvindo e observando a movimentação das aves na copa e nos estratos inferiores da
floresta, às margens de um lago ou à beira da mata. Em alguns casos, o uso de blinds
ou de esconderijos naturais pode ser importante para uma proveitosa observação!
Observação de percurso: o observador percorre cuidadosamente uma trilha, um
campo a pé ou num automóvel, ou ainda navegando em canoa.
Mesmo que suas saídas sejam no jardim, praça, parque da cidade ou outros
locais mais distantes, os procedimentos serão sempre muito parecidos.
Algumas características serão fundamentais para identificar as aves. Segundo
Cox (1999), existem cinco pistas básicas que ajudam a identificar uma ave: silhueta, tipo
de plumagem/coloração (marcas de campo), comportamento, tipo de hábitat e canto.
Embora pareça complicado, apenas algumas destas informações serão necessárias para
descobrir qual a espécie correta. Algumas vezes, o segredo é saber qual a pista que
primeiro devemos buscar quando observamos uma nova espécie. Mas não se preocupe.
Conforme seus conhecimentos forem aumentando, vai ficando mais fácil identificar quais
são as pistas certas. De modo geral, atente à característica que mais lhe despertou
atenção: um anel ocular marcante, pintas no peito, uma crista vermelha, pés azuis, etc.
Com certeza estas serão marcas de campo importantes (Figura 8).

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A seguir apresentamos uma série de
dicas importantes para aprender a
identificar as aves, completadas com
informações de Cox (1999), Sankey
(2002), Victoria (2004) e Omena-
Junior (2008).
Figura 8. A principal marca de campo do saí-
verde é sua máscara. Foto: Daniel De Granville

Ambiente
Embora mapas de distribuição indiquem que uma determinada espécie seja
amplamente distribuída, isto não significa que a ave ocorra em qualquer lugar. As aves
ocupam o ambiente de acordo com o tipo de vegetação e muitas vezes são seletivas
sobre o local que habitam, se alimentam ou fazem ninhos.
Onde você e a ave estão? Que tipo de bioma? Floresta Amazônica, Atlântica, Cerrado,
Caatinga, Pantanal ou Marinho?
Que tipo de paisagem? Mata fechada, aberta, capoeira, clareira, num campo, na praia,
às margens de um lago ou no meio do rio?
Que tipo de ambiente? Interior ou borda da mata primária ou secundária, araucária,
capoeira, campo de altitude, pedregoso, arenoso, campo sujo, campo limpo, caatinga,
restinga, banhado, mangue, lago, igapó, várzea, rio calmo ou de corrente, raso ou
fundo, cachoeira, corredeira, praia, mar?
Os observadores de aves iniciantes normalmente levam certo tempo até conseguir
associar as diversas espécies com os diferentes tipos de hábitat. A maioria dos guias de
campo apresenta essas informações, porém uma forma interessante de aprender é, além
de estudar as características principais de cada local, criar uma tabela simples com os
tipos de ambiente que você visitou e inserir em cada coluna as aves observadas, como na
tabela abaixo:

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Tabela 1. Exemplo de tabela separada por tipos de ambiente.
Beira do rio Floresta Borda da mata Campo
martim-pescador juruva bem-te-vi seriema
saracura pula-pula pitiguari perdiz
maçarico inhambu-chororó coruja-caburé anu-preto

Às vezes algumas espécies podem ocorrer ou serem observas em dois ou mais


ambientes diferentes, outras especificamente em um só local. É claro que isto é muito
mais complexo, mas o grau de dificuldade e detalhamento vai crescer junto com seu
aprendizado. Logo esta divisão será automática na sua mente, e poderá acontecer o
contrário: ao ler uma lista de aves de determinado local, você saberá que tipo de
ambiente o espera na tua viagem.

Silhueta
Observe a silhueta da ave, e tente associar com outras semelhantes. Parece mais
uma garça ou um pato? Um gavião ou um papagaio? Um pica-pau ou um martim-
pescador? Um sabiá ou um canário?

Esta informação já vai eliminar boa parte das


opções do seu guia de campo, reduzindo para uma
ou poucas Famílias, sendo possível até distinguir
algumas espécies de silhueta única.
Qual o tamanho da ave? Faça comparações com
espécies que você já conhece: é maior ou menor
que um pardal, pomba, papagaio? Verifique no
guia de campo o tamanho destas aves, e terá uma
“régua” mental para futuras comparações.
Figura 9. Silhueta de garça.
Foto: Daniel De Granville

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Marcas de campo
Em geral, as características que ajudam a distinguir as espécies são chamadas
de "marcas de campo". Estas incluem padrões de manchas no peito, barras nas asas,
anéis oculares, sobrancelhas, máscaras, etc. Podem distinguir Famílias e subgrupos
dentro das famílias. Algumas destas marcas são visíveis apenas com a ave em vôo
(gaviões, falcões, gaivotas).
Conhecer estes padrões vai auxiliar na busca quando vasculhar o guia de campo.
Observe a cabeça. Procure linhas, faixas, formato, cor do bico e dos olhos, pescoço,
garganta, fronte e coroa. Confira para ver se ela possui desenhos, manchas ou um
anel em volta do olho (Figura 10).

1 2
Figura 10. Para não confundir a cavalaria (1) com o cardeal (2), observe a gravata preta no primeiro e o
topete vermelho no segundo. Foto: Daniel De Granville

Observe o formato do bico e suas cores. Algumas aves possuem coloração diferente
na maxila e na mandíbula, além de cera, carúnculos, escudos, etc.
O peito é barreado, rajado, pintado ou de uma única cor? Quais as cores? Possui
colar? E a barriga, tem uma cor única ou com algum padrão?
Suas asas são curtas ou longas, largas ou finas, curvas ou retas? Possuem marcas,
coloração diferente? As penas de vôo são juntas ou separadas?
Qual é o comprimento e formato da cauda? Forquilhada, reta ou curva? A ponta é
arredondada ou em “V”? Quais as cores? Tem graduação ou faixas?

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E as pernas? Longas ou curtas? Qual a cor? Possuem plumagem? Os dedos são
longos? Consegue ver a disposição dos dedos (quantos para frente e quantos para
trás?) e se existe alguma unha mais longa?
As cores de uma ave podem pregar peças em você e podem parecer diferentes
quando ela estiver ao topo de uma árvore ao meio-dia ou ao pôr do sol (Figura 11).
Confira a cor principal de cada parte do seu corpo (cabeça, dorso, asas, cauda,
pernas). Compare a ave observada com as ilustrações existentes nas pranchas de seu
Guia de Campo.

Figura 11. As cores iridescentes do beija-flor podem confundir sua identificação.


Foto: Daniel De Granville

Comportamento
A forma como uma ave voa, procura comida, pousa ou caminha é uma boa pista
para identificação (Figura 12). Compare a postura altiva de um gavião com o caminhar
nervoso de uma saracura, ou agitado de uma cambacica. Pica-paus escalam troncos
buscando insetos, bem-te-vis saem de um poleiro e os capturam no ar, andorinhas
capturam enquanto voam. Garças pescam na beira d’água, biguás mergulham e o
martim-pescador se atira do ar para capturá-los.

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1 2
Figura 12. Enquanto a gralha-picaça é curiosa, barulhenta e anda em bando, o rapazinho-dos-chacos é
silencioso, calmo e solitário. Fotos: Daniel De Granville e Tietta Pivatto

Até o movimento pode ser indicativo. As mariquitas movem-se o tempo todo com
a cauda ereta, seriemas caminham calmamente, canários saltitam. O vôo dos pica-paus
tem um padrão ondulante, urubus planam, garças batem asas lentamente, papagaios
batem rapidamente. Observe o comportamento da ave:
Ela está sozinha, em par ou em grupo?
Ela procura comida no solo, em arbustos no sub-bosque, no estrato intermediário ou
na copa? Vasculha buracos nos troncos ou no chão?
Mantém-se na margem seca ou entra na água? Caminha ou flutua? Mergulha de
corpo inteiro ou apenas a parte da frente?
Do que ela está se alimentando? Ela quebra, descasca, ou engole inteiro?
Como ela se mantém no poleiro, debruçada ou ereta, quieta ou irrequieta?
Seu vôo é horizontal, direto ou para cima e para baixo como uma montanha-russa?
Ele é batido, planado ou a combinação dos dois?

Voz
Para tornar o trabalho de observação mais eficiente, é necessário também estar
familiarizado com o som emitido pelas aves (Almeida, 2003). Boa parte das vezes elas
não são vistas, mas bons observadores podem identificá-las ouvindo suas vocalizações.
É preciso aprender a escutar.
Embora ouvir gravações de cantos ajude muito a aprender e diferenciar alguns
cantos, incluindo variações geográficas (sim, algumas espécies possuem “sotaques” de

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acordo com a região de ocorrência), nada substitui a experiência adquirida em campo,
pois toda a situação quando se escuta a ave contribui para a memorização. Além disso,
existem tantas variações no canto de uma ave que é impossível ter todas elas gravadas
numa coleção.
Algumas Famílias possuem padrões de vozes semelhantes entre suas espécies,
sendo que algumas aves possuem cantos tão característicos que são inconfundíveis. As
guaracavas são morfologicamente muito semelhantes, e o canto é a melhor ferramenta
para diferenciá-las (Figura 13). Somente um bom especialista consegue identificá-las
apenas com uma rápida observação.

Figura 13. As guaracavas são muito semelhantes entre si, diferenciando-se pelo canto. Foto: Tietta Pivatto

Diversas espécies que ocorrem num mesmo local podem ter manifestações
sonoras muito parecidas, confundíveis para quem não tem um bom conhecimento e
prática de ouvir essas vozes no campo. Em Figueiredo (2008) é possível conhecer
algumas vozes consideradas “gêmeas”.
O canto das aves pode ser transformado em sílabas e registrado na caderneta.
Os guias de campo também se utilizam deste tipo de simbologia. Recomendamos que
você faça suas próprias anotações, inclusive comparando-as com outros cantos e sons
que já conhece. Por exemplo, o bentevizinho-de-asa-ferrugínea tem um canto semelhante
à primeira nota estendida do bem-te-vi. O canto do neinei, para algumas pessoas, parece
um carro sem bateria tentando funcionar. Bem mais fáceis são os nomes onomatopéicos,
como bem-te-vi, corocochó, curicaca, bentererê, etc.
Seguem algumas dicas para aprender a ouvir as aves (Zabirdstuff, 2005):

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Ouvidos antes dos olhos. Você sempre vai ouvir mais do que ver as aves. Concentre-
se no que você ouve e preste atenção a novos sons. Desenvolva o hábito de detectar
novos cantos em todo lugar que estiver.
Tente identificar todos os sons que ouvir. É preciso aprender a separar e identificar
cantos no meio dos ruídos que se ouve. Se você exercitar esta prática, aos poucos
será uma ação natural. Vai perceber sons de aves em todo lugar, e aos poucos vai
identificar muito bem os sons mais comuns. Isto possibilitará a comparação quando
ouvir um canto novo, diferente. Aos poucos o número de cantos desconhecidos vai
diminuir.
Organize os tipos de canto na sua mente. Toda vez que ouvir um canto pergunte-se: o
que este canto parece? A identificação dos sons é baseada nas diferenças e
comparações entre eles, e quanto mais perceber estas diferenças, mais fácil será de
organizá-los na memória, facilitando a lembrança e o reconhecimento. Tente fazer a
descrição silábica dele, ou associá-lo a uma palavra ou frase. Assim, ficará mais fácil
assimilá-lo.
Estude sempre! Aprender cantos de aves não é uma tarefa fácil, dependendo de muito
treino e constante contato com os sons. A melhor forma de aprender é ouvir, o que
nem sempre é fácil. Muitas vezes não será possível ver qual ave está cantando,
permanecendo a dúvida. Assim, quanto mais tempo dedicar a este estudo, mais fácil
ficará a identificação por canto.

Memorizando tudo isso.


Segundo Victoria (2003), podemos dizer que a identificação de aves é um
processo de eliminação. Começa com a inclusão de uma ave dentro de um provável
grupo, de maneira que se pode compará-la mais facilmente com outras aves dentro de
uma mesma sistemática. Deve-se começar com as aves mais comuns e mais fáceis de
distinguir, usando-as como referência para as outras. Claro que erros irão acontecer, mas
lembre-se que até o mais experiente observador também não está livre de errar,
principalmente se cair da armadilha de querer que tal ave seja “aquela” ave. Não invente
informações que você realmente não está vendo. Descreva fielmente o que está sendo
observado e anote ou desenhe na caderneta de campo para evitar esquecer de alguns

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detalhes que podem fazer toda a diferença entre uma espécie e outra, mas que no campo
não lhe chamaram atenção. Além disso, após a quarta, quinta ave, sua memória vai
começar a pregar peças, e aí você corre o risco de misturar informações, inventando um
novo passarinho- Frankenstein!
Seguem algumas dicas finais de Victoria (2003):
Toda vez que puder, pratique. Procure conhecer as aves mais comuns de sua região,
visto que muitas vezes são estas que causam mais dúvidas ao observador, que se
preocupa com aquelas mais raras. Por exemplo, você saberia dizer qual a cor das
asas do bem-te-vi? Ou como canta um pardal?
Preste atenção nas marcas de campo e outros detalhes, nunca se fixe a apenas em
uma característica distintiva. A marca de campo da garcinha são suas pernas negras
com pés amarelos, mas e se ela estiver em uma área úmida com outras garças, e
seus pés estiverem sujos de lama?
Lembre-se que as aves mudam a plumagem pelo menos uma vez por ano. A
plumagem também pode variar de acordo com a idade, época do ano ou período
reprodutivo. Assim, pode-se ver a mesma ave com padrões diferentes ao longo do
ano.
Estude bem a silhueta das aves, pois esta é uma forma eficiente para reconhecer
muitas famílias e até espécies. Se conseguir associar esta informação com o ambiente
em que ela se encontra, ficará mais fácil chegar a uma resposta definitiva.
Não se preocupe se não conseguir identificar uma ou mais espécies. Algumas famílias
são realmente muito difíceis, até mesmo para observadores mais experientes e
ornitólogos. Anote na caderneta de campo todas as informações que conseguir sobre
a espécie e continue a atividade, observando as outras aves e deixando as dúvidas
para resolver depois.

O texto abaixo foi baseado em Sankey (2002), e traz um interessante passo-a-


passo para aprender a identificar aves. O pardal foi escolhido por ser uma ave bastante
conhecida nas cidades, local onde reside a maior parte dos observadores de aves.
Observe um pardal macho (aquele com uma gravata preta no peito). Olhe para a
ponta do bico, então trace uma linha descritiva: bico grosso, cônico, preto, rodeado de

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preto na face. Mancha preta que começa como uma faixa no topo do bico, vai até acima
do olho e o rodeia, voltando quase no bico, e desce pela garganta, formando uma mancha
larga no peito (gravata). Sobrancelha fina e branca começando no bico e indo até atrás do
olho, onde é mais marcante. Testa e coroa cinza, costas, cauda e asas com marrom
predominante, manchas pretas e uma branca na asa. Bochechas e barriga brancas,
pernas de cor parda.
Em seguida, descreva a forma como se locomove, o que faz enquanto se
alimenta, a maneira como voa. Observe seu bater de asas, seus movimentos, como
interage com aves da mesma espécie e de espécies distintas. Preste atenção em sua
voz, que som emite em cada situação, e tente imitar ou escrever o que você está
escutando. Faça isso com os olhos fechados também. Em pouco tempo vai saber que é
um pardal cantando toda vez que ouvir um.
Depois de terminado, distraia-se com outras atividades não relacionadas às aves
e então repita novamente o exercício. Com isto você vai perceber vários pequenos
detalhes que você nunca prestou atenção em um simples pardal!!!
Repita todo o exercício tendo agora com a fêmea. Quanto se tornar um
especialista em pardal, faça o mesmo com outras aves de diferentes famílias que vivem
perto da sua casa. Com o tempo esta rotina de descrição vai se tornar automática,
auxiliando muito na identificação no campo, onde as aves são menos visíveis que no seu
quintal, praça ou outra área urbana.

8. GRAVANDO AVES
O principal objetivo em uma gravação é a identificação da espécie. Reproduzindo-
se o canto, pode-se “chamar” uma ave e confirmar sua identificação, gravar melhor seu
canto ou fotografar. A comparação entre cantos permite distinguir vozes muito parecidas,
e a documentação deste arquivo sonoro permite estudos mais precisos de bioacústica,
taxonomia e comportamento. Também pode-se utilizar estas gravações para divulgação,
disponibilizando-as na Internet ou em CDs.

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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
O canto
A principal função do canto é a comunicação entre aves de uma mesma espécie.
Por meio dele, pode-se descobrir muitas informações sobre a ave. Servem ainda para
avisar sobre a presença de um predador, que se é dono do território ou para atrair uma
fêmea (Victoria, 2003). A voz é tão característica quanto os aspectos morfológicos (Figura
14), e a capacidade auditiva das aves é grande, com uma percepção de resolução
acústica maior que a humana (Sick, 1997).

Figura 14. O melodioso canto do pássaro-preto é muito conhecido no Brasil. Foto: Daniel De Granville

O canto pode ser herdado, sendo inato às espécies, ou aprendido, como no caso
de papagaios, beija-flores e aves canoras, que formam repertórios, principalmente na fase
juvenil. Isto influencia no fato de que aves da mesma espécie, mas de regiões diferentes
possuam cantos variados (Victoria, 2003).
Além do canto, existe a música instrumental, feita com outros recursos que não a
siringe. É o caso do tamborilar dos pica-paus (batidas do bico em troncos de árvores), do
matraquear dos tuiuiús (batidas rápidas de mandíbula na maxila), estalar de bico das
corujas ou as batidas de asas das jacutingas.

Paisagem sonora
Paisagem sonora é o conjunto de vozes típicas de uma região. Os observadores
experientes conseguem identificar o tipo de ambiente e até a região geográfica ao ouvir
uma gravação que tenha capturado manifestações sonoras de uma comunidade de aves.

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Assim como um fotógrafo registra uma paisagem visual, o gravador faz o mesmo com o
som da paisagem.
Algumas espécies são muito marcantes, sendo indicadas por Sick (1997) como
vozes típicas de determinada paisagem (Figura 15) como o tropeiro para a Amazônia, a
seriema para o Cerrado, a gralha-cancã para a Caatinga e a araponga para a Mata
Atlântica.
A preservação de áreas naturais protege não apenas os aspectos físicos, mas
também os sons da paisagem (sem contar aromas, etc.). Além disso, gravação e
documentação dos cantos formarão uma base de dados com aplicação direta na ciência e
em ações de conservação e manejo de populações naturais das aves (González-García,
2008).

Figura 15. A seriema é a voz do Cerrado. Foto: Daniel De Granville

A imitação do canto – play-back


O objetivo da reprodução do canto é “provocar” a ave, de forma que esta
responda e se possa confirmar a espécie. Quando ouve outro canto semelhante, a ave
interpreta como sendo um invasor de seu território. Pode ser feita com a própria voz ou
assovio, seguida pelo uso dos “pios” (apitos de madeira).

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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
Atualmente a técnica mais usada é a reprodução de sons gravados, conhecido
como “play-back”. Vários equipamentos foram desenvolvidos para gravar, armazenar e
reproduzir os cantos, contando com arquivos em laboratórios de bioacústica, disponíveis
também em CDs e na Internet.
Estas gravações devem ser usadas com cuidado e respeito, evitando o excesso
de exposição. O play-back é um recurso para confirmação da espécie, devendo ser usado
o mínimo possível, especialmente perto de ninhos ou quando puder atrair predadores.

Gravadores analógicos
Gravadores analógicos foram utilizados por muito tempo em campo por
ornitólogos e observadores de aves. Ainda hoje muitas pessoas preferem estes
equipamentos, sendo que milhares de gravações ainda estão armazenadas em fitas.
Segundo Minns (2005), existem normas internacionais de calibração para garantir que
fitas gravadas em um equipamento tenham fidelidade quando reproduzidas em outro.
Segue descrição de alguns equipamentos (Minns, 2005).

Gravadores de mini-cassete: simples e baratos. O ideal é que tenham


entrada para microfone e saída que permita eventual digitalização.
Pode ser usado para registros das anotações de campo, junto com a
caderneta.
Cassete normal: Os mais conhecidos são o Sony TCM-59 V e o Sony
TCM 5000EV, usados por muitos ornitólogos. Outro modelo apreciado é
o Marantz PMD-221. O Sony TCM-5000EV apresenta o maior volume
de reprodução de som em seu alto-falante. As fitas de menor tempo de
duração e de ferro são preferíveis às de cromo, sendo melhor gravar de
um só lado. Sistemas de redução de ruído (Dolby ou DBX) não devem
ser utilizados, pois são prejudiciais à gravação de vozes de aves.

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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
Gravadores de rolo: têm fitas mais largas e velocidades lineares
maiores que os gravadores de K-7. Permitem maior amplitude de
freqüência, fidelidade e melhor relação sinal-ruído. O mais apreciado
dessa categoria é o Nagra IV-S devido à possibilidade de uso de fones
de ouvido durante a gravação, conectores especiais de entrada de
microfones, velocidade de gravação de até 15 ips (polegadas por
segundo), durabilidade, resistência à umidade e baixo consumo de
energia.

Gravadores digitais
São leves, pequenos, fáceis de usar e de armazenar o som. Rapidamente estão
substituindo os gravadores analógicos e tornando-se populares não só entre ornitólogos,
mas principalmente entre os observadores de aves. Segue descrição de alguns
equipamentos (Minns, 2005).

MD (MiniDisc): com capacidade de 74 minutos, utilizam discos ópticos


para armazenamento. A gravação em faixas permite rapidez na
localização de um arquivo e o modo de repetição contínua facilita a
realização de play-back. Por não captarem algumas freqüências, não
são apreciados pelos especialistas, em especial quando os sons são
gravados para finalidades científicas.
Hi-MD: são MiniDiscs que apresentam uma capacidade superior de
memória (1 Gb) e sua tecnologia de compactação sonora não acarreta
perda significativa de informação e freqüências sonoras, como no MD
tradicional. A transferência dos arquivos do Hi-MD pode ser feita
diretamente para o PC, por meio digital via cabo USB, com processo
mais rápido e sem perda de qualidade.

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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
Sound Devices: esta é a mais nova versão de gravadores. Dispensam
fitas ou CDs, gravando direto em um disco rígido de 40 GB, de onde
os arquivos podem ser repassados direto para o computador pelo
sistema Fire Wire. Gravam em formato wav.

Voice Recorder: gravador de voz, permite gravações curtas em


Memory Flash (ocupa menos espaço na memória do computador com
menor consumo de energia), sendo eficiente para play-back rápido em
campo. É de fácil manuseio, mas ainda é pouco utilizado.

Microfones
Os microfones podem ser classificados quanto à directividade da seguinte forma
(Wikipedia, 2008; ScienceProg, 2008):

Microfone unidirecional (shotgun): captam o som proveniente de


uma área restrita, conseguida através do tubo que envolve o
microfone. Quanto mais comprido o tubo, maior direcionabilidade.

Omnidirecionais: Captam o som da fonte não importando a direção


em que este chegue à sua cápsula.

Bidirecional (Figura 8): Captam o som igualmente no eixo da


cápsula (0º e 180º), rejeitando o som que chega a 90º e a 270º.

Cardióides: Captam melhor os sons emitidos na sua frente. Os sons


vindos de trás não são captados ou são captados com pequena
intensidade.

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Super e Hiper-Cardióides: Captam também parte dos sons emitidos
na parte de trás, sendo útil para aumentar o ganho do som, sem que
haja microfonia.

Parábola: o refletor parabólico concentra o som em um microfone


omni-direcional ou cardióide. A capacidade de amplificação
mecânica da parábola depende de seu diâmetro e do
posicionamento adequado do microfone no foco da parábola.
Dificuldade para captar sons de baixa freqüência (ondas largas).

Fones de ouvido (headphones): permitem que se ouça e monitore


apenas o som gravado e também para que se possa selecionar
algum canto sem assustar a ave. Existem vários modelos, mas os
melhores são os que permitem som estéreo e que isolem
completamente ruídos externos.

Registrando as gravações
Os dados de campo sobre cada gravação devem ser registrados para facilitar
posterior organização das informações. Pode ser feito na caderneta de campo ou na
própria gravação. O conteúdo anotado depende do objetivo. Quanto mais informações,
maior seu valor científico (Minns, 2003). Anote local, data, horário, hábitat, tipo de
equipamento utilizado (gravador, microfone), espécie gravada (sexo, jovem, casal em
dueto), se a voz é espontânea ou estimulada por play-back, outras vozes de fundo,
comportamento, se estavam em bando misto ou não, etc. O registro de vozes
espontâneas é sempre preferível àquelas estimuladas por play-back.
Sigrist (2006) cita um exemplo de como fazer um registro gravado: “Trogon viridis,
canto espontâneo nas copas de mata primária em floresta de encosta, em Juquiá, São
Paulo, às 13h35 do dia 15 de março de 2003, com tempo encoberto e chuvoso.
Demonstrou fraca resposta ao play-back”. O autor usou o nome científico do surucuá-de-
barriga-dourada, pois eles são fundamentais para os registros em arquivos sonoros. Mas
se no início for mais fácil usar nomes populares, use-os.

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Transferência das gravações para o computador
Segundo Minns (2005), o uso do computador para armazenar arquivos sonoros
facilita o acesso às gravações, a comparação entre vozes, a amplificação do canto com
redução de ruídos e a comunicação com outros observadores, além da pesquisa em
outros bancos de vozes.
A transferência pode ser feita pela conexão física do gravador com o computador,
utilizando-se cabos apropriados e um programa para edição de som (Minns, 2005). Neste
processo de transferência, mesmo de um MD, há alguma perda de qualidade, já que o
arquivo é transformado no computador em um arquivo com o formato wav. A transferência
é também em tempo real, ou seja, o som é tocado normalmente no gravador enquanto é
gravado no computador. Os softwares CoolEdit, Avisoft e Canary são os mais utilizados.

O formato wav exige muita memória, mas é bom em


termos de evitar perdas de qualidade. O mp3 exige pouca
memória, sendo bom para Internet e para tocadores de
mp3 como o iPOD (Figura 16), que permite armazenar as
gravações no programa iTunes. Este recurso tem sido
muito utilizado pelos observadores de aves pela facilidade Figura 16. O iPod tem

em se achar arquivos e por permitir vários tipos de listas sido muito utilizado para
armazenar de cantos.
(família, nome popular, nome científico, nome em inglês,
etc.) e a possibilidade de se inserir ilustrações da ave.

Técnicas de gravação
Embora para a maioria das pessoas baste gravar o canto de defesa do território, o
ideal é que se registrem todos os tipos de sons, seja ele alarme, filhotes pedindo comida,
cortejo, etc. Segundo González-García (2008), deve-se fazer seqüências longas de
gravação, em diferentes períodos do dia e do ano, pois existem muitas variações nos
cantos das aves. Com isso é possível perceber as variações geográficas de uma mesma
espécie.

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Seguem algumas dicas (Minns, 2005; González-García, 2008):
Separe todo o equipamento necessário para gravação antes de sair a campo.
Verifique a carga de pilhas recarregáveis.
Fique em apenas um local, ou faça caminhadas curtas. Procure um lugar onde possa
mover-se com facilidade e conforto junto com o equipamento.
Aguarde algum tempo até que as aves se acostumem com sua presença, em silêncio
e com poucos movimentos.
Antes de iniciar as gravações, registre as informações básicas sobre o local e a
atividade, no gravador ou na caderneta de campo, em voz baixa.

Aponte o microfone ou parábola firmemente em


direção ao som, tendo os fones nos seus ouvidos
(Figura 17). Mantenha os pés afastados para
facilitar movimentos para a direita ou esquerda.
Evite fazer barulho com os pés se precisar
caminhar. Tente afastar folhas secas para
Figura 17. Gravação de cantos
diminuir o ruído. com parábola improvisada.
Foto: Tietta Pivatto

Tente aproximar-se ao máximo da ave, ficando de costas para fontes de ruídos como
rios ou estradas. Use wind screens (protetores de vento adaptados ao microfone) e
porta-microfones.
Onde há muito ruído ambiental, pode-se valer de barreiras existentes no local, como
troncos de árvores, muros, pedras para reduzir o barulho.
Cuidado para não produzir ruídos com o cabo do microfone, roupa, respiração,
estômago, nem sempre são fáceis de eliminar na digitalização.
Fixe o microfone ou parábola em um tripé para diminuir a chance de ruídos.
Evite obstáculos entre você e a ave. Vegetação entre a fonte de som e o microfone
pode alterar a voz, principalmente para sons de alta freqüência.
Aproxime-se o máximo possível se estiver usando microfone unidirecional. Com a
parábola, aproxime-se o suficiente para evitar distorções na gravação.

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Não espere a ave começar a vocalizar para iniciar a gravação, evite vozes cortadas.
Continue gravando dez segundos após a ave parar de vocalizar.
Gravar os intervalos entre as vocalizações, no mínimo dois. Se for muito longo, pode-
se dispensar gravá-lo, desde que se registre sua duração.
Aponte o microfone diretamente para a ave que estiver vocalizando, segurando
firmemente na altura do seu rosto. Caso ela se mova, gire lentamente o braço em
direção a ela.
Se não estiver vendo a ave, procure o sinal mais forte movendo o microfone ou
parábola para cima e para baixo e da direita para a esquerda. Se o canto estiver perto
do chão, abaixe até o solo também, alinhando-se com ele.
Grave de forma contínua o quanto for possível e no tempo que durar a manifestação
sonora, pois esta pode ser uma oportunidade única.
Deixe cerca de cinco segundos entre uma gravação e outra para facilitar durante a
edição e digitalização do material.
Inclua as informações adicionais para auxiliar na documentação da espécie, como
nome, distância de gravação, e outras observações relevantes.
Numere sequencialmente as fitas e minidisc, crie um código e utilize-o sempre, de
forma a manter seus registros organizados.
No caso de gravadores analógicos, marque o número do contador junto ao nome da
espécie gravada. Para gravadores digitais, use o número de “track”.

9. FOTOGRAFANDO AVES
Observar aves foi o início da carreira de muitos fotógrafos de natureza, que
passaram do simples registro às fotografias profissionais. Segundo Almeida (2003),
muitos detalhes que não são observados em campo ficam registrados na fotografia, e
aves raras tornam-se populares devido à divulgação de suas imagens. O mesmo ocorre
com filmagens.

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Fotografar aves demanda paciência,
dedicação, domínio de equipamentos e
técnicas apropriadas de trabalho. Suportar as
dificuldades do ambiente natural (Figura 18),
sob condições adversas de luz, em terrenos
íngremes, sob sol forte, frio ou chuva e
Figura 18. Atolando o carro durante
suportar o assédio de mosquitos e carrapatos
expedição fotográfica no Pantanal.
em ambiente hostil (Sigrist, 2006). Foto: Daniel De Granville

A praticidade e a popularização das câmeras digitais estão permitindo que um


número cada vez maior de pessoas se dedique à fotografia, sendo que muitas optam por
temas naturais, especialmente as aves. Isto criou um novo momento na observação de
aves: formação de grupos de observadores-fotógrafos, que participam de pequenas
expedições com o objetivo de fotografar, identificar e divulgar as aves que observaram em
campo. Basta uma rápida busca na Internet para descobrir muitas páginas dedicadas ao
assunto.
Caso você não saiba fotografar, sugerimos fazer um curso básico de técnicas
fotográficas para aproveitar melhor. A fotografia de aves demanda aprendizado
específico, mas abordaremos aqui os principais equipamentos e algumas dicas
importantes para quem quiser se aventurar nesta atividade.

Introdução à fotografia
O termo “fotografia” tem origem em 2 palavras gregas (photos = luz) + (graphos =
escrever). Literalmente, significa “escrever com a luz”. É fácil lembrar, basta recordar de
palavras como “fotocópia” (“copiar com luz”) e
“datilografia” (“escrever com os dedos”).
Resumidamente, uma fotografia é formada pela luz
que atinge um objeto, é refletida por ele, passa pela lente da
câmera e reproduz uma imagem deste objeto no filme
fotográfico (ou no sensor da câmera digital). Se não há luz,

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não há fotografia.
É necessário controlar a quantidade de luz que atinge o filme ou sensor.
MUITA LUZ = FOTOGRAFIA MUITO CLARA
POUCA LUZ = FOTOGRAFIA MUITO ESCURA
Existem dois mecanismos na câmera que permitem este controle:
Tempo de exposição ou velocidade do obturador: indica por quanto tempo o
mecanismo da câmera fotográfica responsável por permitir a chegada da luz até o
sensor – o OBTURADOR – ficará aberto. É medido em frações de segundos (alguns
exemplos são 1/30s, 1/125s, 1/250s e até 1/8.000s).
Abertura do diafragma: é o quanto o mecanismo interno da lente se abrirá durante o
tempo em que o obturador ficar aberto. Ele pode ficar mais aberto (permitindo a
passagem de mais luz) ou mais fechado (permitindo menos luz).
Combinando os dois fatores – velocidade e abertura – o fotógrafo obtém a
exposição desejada (exposição pode ser definida como a intensidade da luz que atinge o
sensor da câmera e produz a foto). Lembre-se: “escrever com a luz”!
Por exemplo, uma fotografia feita com uma velocidade de 1/500 segundos e
abertura de f/5.6 (uma abertura grande) receberá a mesma quantidade de luz que a
mesma foto feita com uma velocidade de 1/250 segundos e abertura f/11 (cuidado para
não confundir: quanto menor for o número “f”, maior será a abertura!). Porém, apesar de
terem a mesma exposição (luminosidade), as duas fotos não são iguais! Variando os dois
fatores – velocidade e abertura – o fotógrafo obtém aqueles efeitos que vemos como uma
ave em destaque sobre um fundo desfocado, ou então um beija-flor onde podemos ver
suas asas “borradas”, dando a noção de movimento (Figura 19).

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Figura 19. Dois recursos fotográficos diferentes: o garibaldi com fundo desfocado e o vôo congelado do
beija-flor-preto. Fotos: Daniel De Granville

Câmeras
Atualmente é possível encontrar no mercado inúmeros modelos de câmeras
analógicas ou digitais, com regulagem manual ou automática. Embora câmeras
automáticas sejam mais práticas, nem sempre são adequadas para fotografar aves,
principalmente em meio à vegetação, visto que o foco pode ser desviado para galhos ou
folhas que estejam na frente. Neste caso, é recomendável optar por modelos que
permitam as duas opções, ficando para o fotógrafo decidir qual usar em determinado
momento.
As câmeras podem ser médio formato (6x6, 6x7, 6x9, para fotografias altamente
especializadas) ou 35 mm, sendo esta última mais comum (Sigrist, 2006). Muitos modelos
clássicos de câmeras analógicas foram lançadas em formato digital, sendo adotadas
pelos fotógrafos profissionais devido à redução de preços, melhoria da qualidade digital e
facilidade na edição das imagens.
Recomenda-se que a câmera apresente os seguintes recursos:
Fotômetro: permite a leitura da luz, indicando qual a abertura e tempo de exposição
necessários para a fotografia.
Auto-escalonamento (auto-bracketing): sistema automático de exposição que permite
variar exposições sucessivas de velocidade ou abertura a partir da leitura de luz pelo
fotômetro.
Disparo sequencial: quantidade de fotos por segundo que a câmera é capaz de fazer.
Quanto maior esse número, maior a chance de registros seqüenciais de cenas como
vôo ou corrida, por exemplo.

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Robustez: fotografar aves em campo exige muito do equipamento fotográfico,
geralmente bastante sensível a fatores como umidade e poeira. Ainda que mais caras,
câmeras e lentes mais resistentes durarão mais tempo e terão mais confiabilidade,
diminuindo o risco de apresentar problemas.
Prefira modelos que possibilitem a troca de lentes e o uso daquelas mais
adequadas à situação em campo. Evite usar a aproximação digital, pois a imagem perde
resolução. Da mesma forma, opte por visores tipo reflex (convencional), pois permitem
visão mais detalhada da imagem a ser fotografada. A imagem processada da tela dos
modelos comuns de câmeras digitais tem menos detalhes, dificultando o enquadramento
(Czaban, 2008).
Uma observação importante é quanto ao consumo de baterias, muito maior em
câmeras digitais. Assim, tenha sempre baterias extras quando for a campo, para evitar
ficar sem o equipamento. O mesmo vale para os cartões de memória, que embora
permitam um maior número de imagens, também têm um limite de armazenamento.
Tenha sempre cartões extras e crie uma rotina de salvar suas imagens em um CD ou no
computador assim que voltar do campo.

Objetivas
É a denominação correta para lentes fotográficas. Fotografar aves na natureza
exige sempre o recurso de aproximação da imagem. As aves são, em geral, pequenas,
ariscas, agitadas, e costumam ficar em locais que não temos acesso: copas de árvores,
árvores altas, áreas alagadas, penhascos, etc. Assim, é fundamental que tenhamos em
mãos objetivas que nos permitam aproximar a imagem que queremos eternizar (Czaban,
2008).
Existem dezenas de modelos de objetivas. Quanto maior o número, maior é a
capacidade de aproximação. Elas são nomeadas de acordo com sua distância focal (em
milímetros), sendo que quanto menor for este número, maior será o ângulo de abertura da
lente.

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Grandes angulares: são as objetivas de distâncias focais pequenas
(entre 17 mm e 50 mm), utilizadas principalmente para fotos de
paisagens por cobrirem um ângulo grande.

Normais: é o nome dado às objetivas com distância focal de 50 mm,


que cobrem aproximadamente o mesmo ângulo que o olho humano
enxerga.

Teleobjetivas: objetivas com distâncias focais acima de 50 mm. São


aquelas lentes enormes que aparecem na TV durante uma partida
de futebol. Logo, é fácil descobrir para que servem: fotografar
objetos que estejam longe. Estas são as lentes maiores, mais
pesadas e mais caras.
Macro: são objetivas que permitem uma grande aproximação do
objeto fotografado, mantendo o seu foco. Nas fotos feitas com estas
lentes, o objeto – insetos, aranhas, flores – aparece maior do que ele
é na realidade.

As objetivas podem ser “fixas” (quando têm uma só distância focal, por exemplo
35 mm) ou “zoom” (quando possuem um mecanismo que permitem variar sua distância
focal, como uma 28 -135 mm). Quanto maior for a luminosidade ou a abertura máxima
oferecida por uma teleobjetiva, maior o seu tamanho e peso e, consequentemente,
maiores serão as chances de ser obter imagens tremidas (Sigrist, 2006 – Tabela 2).

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Tabela 2. Relação entre o aumento e a luminosidade para algumas objetivas (Sigrist, 2006).
Luminosidade Desempenho
Teleobjetiva Aumento
(abertura máxima) Campo Florestas
400 mm 8x 5,6 bom médio
Leves
500 mm 10x 6,8 bom ruim
(“lentas”)
600 mm 12x 8,0 médio ruim
400 mm 8x 2,8 excelente excelente
Pesadas
500 mm 10x 4,0 excelente bom
(“rápidas”)
600 mm 12x 4,0 excelente excelente

Evite poeira, mofo, umidade, chuva, e pancadas em geral, principalmente se o


equipamento for digital, pois este é mais frágil que o analógico. São poucas as lojas
especializadas, as peças são escassas e o preço é alto (Czaban, 2008).

Flash
Acessório utilizado para compensar a ausência total ou parcial
de iluminação necessária à fotografia. Existem flashes que são
conectados diretamente na câmera e outros que são móveis, ligados por
meio de cabos, com regulagem para disparos em modo manual e
automático. Os flashes convencionais iluminam uma área de, no
máximo, 10m de distância. Entretanto, existem flashes profissionais que tem alcance
superior a 20 metros. Dentro da mata escura, é um acessório fundamental para que se
obtenha fotos com um colorido de qualidade, tanto para equipamento digital quanto
analógico. No trabalho de fotografar aves, o flash tem o inconveniente de (às vezes)
espantar a ave com o clarão que produz, e de exigir certo tempo entre um disparo e outro
(que varia de 4 a 12 segundos). Galhos, troncos e folhas em primeiro plano podem
confundir a leitura do ambiente e fazer com que o disparo seja demasiado fraco para se
iluminar o objeto principal da foto – a ave. É por isso que, na maioria das vezes, o
fotógrafo acaba optando pelo disparo manual. Esse disparo é com carga total do flash e
não depende da distância do objeto nem da leitura do fotômetro, transferindo para o
fotógrafo o trabalho de se determinar a abertura do diafragma compatível com a luz
utilizada (Czaban, 2008).

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Alguns modelos de flash emitem um raio de luz (“pré-flash”) milésimos de
segundo antes do disparo efetivo. Esta fração de tempo entre os dois disparos é
suficiente para estimular uma reação da ave, que pode voar ou abrir as asas.

Tripés
Servem para dar estabilidade ao equipamento,
especialmente no uso com as pesadas teleobjetivas ou em alguma
situação onde o fotógrafo precise utilizar um tempo de exposição
muito longo (que resultaria em uma foto tremida se ele usasse
somente as mãos para apoiar o equipamento).
Para Czaban (2008), o uso de um bom tripé, leve, firme e estável ou de um
monopé, é fundamental para que a câmera fotográfica não balance durante o click. Lentes
acima de 300 mm requerem o uso desses equipamentos. Atualmente diversos modelos
mais novos de lentes e câmeras possuem recurso de estabilização de imagem que
compensam parcialmente o “tremido”, permitindo fotografar com velocidades mais baixas
sem o uso de tripés.

Saindo a campo para fotografar aves


Para uma saída fotográfica simples, feita em ambiente urbano, parques ou na
praia, as recomendações são as mesmas para observação de aves, só que com um
pouco mais de equipamento. Para expedições fotográficas mais complexas, ou em
direção a locais de difícil acesso, torna-se necessário planejar com mais cuidado.
Dependendo do seu objetivo, terá que percorrer locais quentes ou frio demais, úmidos ou
muito secos, andar longas distâncias, escalar morros, afundar na lama, com risco de se
ferir ou danificar o equipamento.

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Portanto, lembre-se de vestir roupas adequadas (já
citadas no item Vestimentas, capítulo 5) e de
proteger seu equipamento: estojos para lentes e
corpos de câmera, bolsas para tripé, mochila
impermeável, capa de chuva, sacos plásticos
(muitos), tiras de borracha, barbante, fitas
adesivas, filme plástico de pvc (muito úteis para
impermeabilizar câmeras e objetivas durante uma
garoa), material de limpeza (pode ser o mesmo
citado para o binóculo), etc. (Figura 20).
Seguem algumas dicas para tornar sua expedição Figura 20. O fotógrafo e o

mais eficiente, (Sankey, 2002; Sigrist, 2006; “equipamento básico” de


campo... Foto: Guto Bertagnolli
Czaban, 2008):

Planeje cuidadosamente a viagem antes de sair. Pesquise caminhos, melhores locais


para fotografia, quais espécies existem no local. Verifique a necessidade de
autorização para fotografar o local visitado, horários de funcionamento e taxas.
Parques Nacionais costumam exigir autorização.
Faça uma lista de tudo o que pretende levar, inclusive protetor solar e repelente contra
insetos.
Não se esqueça de levar mochila de campo, pochete e colete; um fotógrafo precisa
sempre de muitos bolsos para ter todo o equipamento à disposição. Verifique sempre
se os bolsos estão fechados, evitando perder equipamentos menores.
Estude previamente as espécies que ocorrem na
região, comportamento, melhores horários para
observação, etc. Selecione as que são de seu
maior interesse, e planeje o roteiro de forma a
priorizar o encontro com estas.
A maioria das aves é ativa nas primeiras horas
da manhã e no final da tarde, no entanto, nestas horas a luz ambiente é tênue, o que
agrava o problema da falta de luz para fotografar espécies florestais. Ambientes

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abertos como beiras de rios, campinas, capoeiras e orlas de mata, permitem melhores
condições de se fotografar. Após a chuva costuma-se ter bons resultados,
independente da hora. Dias frios são melhores pra fotografar que dias quentes. Dias
nublados são melhores que dias com muito sol. Chuva e vento são péssimos para se
procurar por aves.
No campo, mantenha-se sempre alerta: olhos e ouvidos atentos e o equipamento
preparado. Nunca se sabe quando uma ave poderá cruzar o seu caminho, pois elas
surgem em momentos e em ocasiões inesperadas.
Caminhe sempre com a câmera e o tripé, juntos. Tão logo aviste uma ave, procure
aproximar-se o máximo que puder, devagar, nunca diretamente em sua direção.
Ao localizar uma espécie de interesse para fotografar, disponha seu equipamento
cuidadosamente, direcione a câmera à ave e fotografe para garantir. Se ela estiver
longe, tente se aproximar mais, faça nova seqüência até ficar satisfeito ou até que ela
fuja (o que acontecer primeiro).
Lembre-se de fotografar as espécies comuns também.
Depois das primeiras fotos de registro, observe o comportamento da ave para fotos
mais elaboradas. Interprete o que está acontecendo para poder compor uma imagem
que transmita o comportamento da ave. Pergunte-se o que espera da fotografia e o
que a ave está fazendo.
Faça testes com a profundidade de campo, luz, cores, contrastes, desfoque o fundo.
Depois será mais fácil selecionar a melhor imagem.
Evite centralizar o objeto fotografado, a composição fica melhor quando a ave está em
um dos quadrantes laterais da imagem. Da mesma forma, prefira aves entrando na
fotografia, e não saindo do quadro. Por fim, cuidado para não cortar bicos, ponta de
asas, cauda, pernas.

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O uso de uma tenda, de um abrigo natural
ou de uma manta camuflada permite
chegar bem perto das aves sem ser visto
e sem as perturbar. Estes são os meios
de aproximação mais éticos do fotógrafo,
especialmente se as aves estiverem no
ninho chocando ou alimentando suas
Figura 21: Abrigo improvisado com uma
crias (Figura 21). rede de descanso. Foto: Guto Bertagnolli

Após a atividade de campo, limpe todo seu equipamento, seguindo as mesmas


recomendações citadas para limpeza de binóculos.
Guarde os filmes ou cartões de memória em local protegido de poeira e umidade e,
assim que possível, revele ou salve as imagens no computador. No caso de imagens
digitais, é recomendado sempre ter uma cópia extra (back-up) de segurança de cada
foto, evitando perder a fotografia caso tenha algum problema no armazenamento.
Crie um código para registrar suas fotografias, em pastas específicas, facilitando a
localização das imagens. Veja o exemplo para uma foto de um tuiuiú feita no Pantanal:
“Jabiru mycteria Transpant MT 12jul2005 DDG 007”, onde aparece o nome científico,
local da fotografia, estado, data, fotógrafo e número da imagem.
Use programas como Adobe Photoshop ou The Gimp (gratuito), para editar imagens
no computador. Mas cuidado, editar imagens significa ajustar cor, contraste, melhorar
um corte, e não manipular de forma a alterar a realidade!

10. ONDE OBSERVAR AVES


Os melhores lugares para observar aves são os parques e áreas verdes da cidade
ou áreas perto de matas, que ainda conservam um pouco do ambiente natural. Informe-se
sobre estes lugares perto de sua casa, muitos já possuem atividades específicas para
observadores. Os clubes de observadores de aves sempre têm programas especiais para
os sócios.

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Diversas operadoras de turismo já
oferecem roteiros para observação de
aves. Muitos lugares estão se
preparando para receber este público
(Figura 22). No Brasil ainda são os
estrangeiros que mais procuram pela
atividade, mas pouco a pouco os
brasileiros também estão se dando Figura 22. Observando aves no Jardim

conta das mais de 1.800 espécies que Botânico de São Paulo. Foto: Daniel De
Granville
vivem no país.
As regiões mais procuradas são a Amazônia (Manaus, Presidente Figueiredo,
Parque do Cristalino), Pantanal (Transpantaneira, Estrada-Parque), Intervales, Ubatuba e
vários Parques Nacionais como Itatiaia, Serra da Canastra, Serra do Cipó, Emas,
Chapada dos Veadeiros, Serra dos Órgãos e muitos outros (Wheatley, 1995).

11. ATRAINDO AVES NA CIDADE


Uma forma bastante simples de começar a observar aves é fazendo isto em sua
própria casa, criando um ambiente favorável a elas. Existem muitas espécies que vivem
nas áreas urbanas, e que podem ser observadas todos os dias. A oferta de alimento,
abrigo e proteção contra predadores fizeram com que muitas espécies se adaptassem à
vida na cidade. É possível observá-las nas praças, parques, telhados, antenas, lagoas,
córregos, rios urbanos e até lixões.
Para trazer as aves mais perto, basta transformar seu jardim em “amigo das
aves”, com frutos e flores que sejam apreciados por elas. Este tipo de jardim é muito
comum em países como Inglaterra e Estados Unidos, onde se pratica o “bird gardening”,
ou jardim das aves. Além do prazer da observação, esta também é uma boa oportunidade
para fotografá-las.

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Como atrair aves para os jardins e quintais
Não importa o tamanho de seu jardim. Pode ser grande ou uma simples floreira
na janela; se a planta fornecer alimento, logo uma ave irá visitá-la. Tenha paciência, pois
pode demorar alguns dias para as aves acharem suas flores!
Dê preferência para espécies nativas que forneçam frutos, flores, néctar ou sementes
comestíveis, além de galhos favoráveis para construção de ninhos.
Alterne espécies diferentes, perenes e caducifólias, altas e baixas.
Disponibilize água e poleiros. Muitas espécies gostam de pousar próximo do
comedouro para verificar o local antes de se alimentar.
Além da limpeza constante dos bebedouros e comedouros, fique de olho nos
predadores urbanos como gatos, gambás, ratos e cachorros.
No Brasil existem diversas publicações
que indicam quais as melhores plantas para
atrair aves (ver capítulo 18), além de muita
informação na Internet. Seguem algumas
espécies atrativas para aves (nem todas
nativas): amora, mamão, acerola, jaboticaba,
ameixa, abacate, manga, pitanga, goiaba,
grevílea, hibisco, ipês, paineira, jacarandá, Figura 23. As bromélias fornecem

lantana, helicônia, camarão, bromélia (Figura néctar e água para as aves, além de
atrair insetos. Foto: Daniel De Granville
23), etc.
Mas até que estas plantas cresçam vai demorar um pouquinho... Em alguns
casos vários anos! Para não desanimar, um recurso interessante e provisório é fornecer
alimento, água e abrigo. A figura 24 mostra um exemplo de jardim ecológico (Pallazo-
Júnior e Both, 2001):

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Figura 24. Exemplo de jardim ecológico para as aves. Fonte: Pallazo-Júnior e Both (2001)

Fornecendo água
Tanto para beber como para banhar-se ou
refrescar-se, as aves sempre procuram água
em bebedouros e bromélias. Pode ser uma
bacia de barro ou plástico numa sacada ou no
jardim (Figura 25). Se tiver uma torneira
pingando ou uma bomba de aquário tanto
melhor, pois o movimento da água atrai as
aves. O ideal é que sejam bem rasas e com
Figura 25. Bebedouro improvisado
as bordas em declive leve, evitando que
para um bem-te-vi-pirata. Foto: Tietta
alguma ave se afogue caso caia em uma Pivatto
parte funda.
Lembre-se de limpar com freqüência estes bebedouros, mantendo a limpeza (as
aves não se importam em defecar dentro deles) e também evitando que o mosquito da
dengue coloque seus ovos na água.

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Bebedouros para beija-flores
Estes bebedouros têm a vantagem
de possibilitar a observação de beija-
flores muito de perto, vendo detalhes
de sua plumagem (Figura 26). Em
alguns locais, você poderá ver
também cambacicas, saíras e
sanhaços e até morcegos visitando
Figura 26. Beija-flores em bebedouro feito com
bebedouros. garrafa PET. Foto: Daniel De Granville

Além do néctar, os beija-flores complementam sua alimentação com pequenos


insetos e aranhas, sendo as plantas a fonte principal desta alimentação. Quando não for
possível colocar plantas no jardim, em vasos ou na sacada, os bebedouros podem ser
uma boa alternativa. Não coloque mel ou groselha, basta uma colher de café de açúcar
no copo do bebedouro. A concentração de açúcar indicada é de 20% (1 parte de açúcar
para 4 partes de água) por ser parecida com a concentração do néctar. Não coloque mais
nada além de água e açúcar. Limpe com freqüência, lavando com água e sabão.
Procedendo desta forma, não existirá qualquer risco para as aves.
Se adoçar demais, poderá atrair formigas e abelhas. Para evitar formigas, coloque
um pouco de graxa no fio que sustenta o bebedouro. Já para as abelhas, diminua a
concentração de açúcar e tire o bebedouro por alguns dias, até perceber que elas não
voltam mais. Se possível, troque o local.

Fornecendo frutas
As frutas podem ser oferecidas em pratos ou bandejas, espetadas em galhos ou
comedouros. Dê preferência as frutas nativas como goiaba, mas caso não haja
disponibilidade, ofereça banana, mamão, abacate, maçã, etc. As principais aves que são
atraídas pelas frutas são os sanhaços, saíras, tangarás, sabiás, bem-te-vi, periquitos e
tucanos, entre outros.

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Sempre que possível, evite deixar frutas
com sementes, evitando que as aves
dispersem plantas não nativas pelas
matas da região. As frutas devem ser
trocadas todos os dias para evitar mau
cheiro e atrair ratos e outros animais.
Eventualmente vão atrair insetos que
Figura 27. O mamão é muito apreciado por
também servirão de alimento para
aves como o sabiá-pardo. Foto: Daniel De
algumas aves (Figura 27). Granville

Fornecendo grãos
Pode ser quirela de milho, de arroz, amendoim, alpiste, painço, aveia, linhaça,
girassol, coco, misturas para pássaros, rações. Experimente quais deles são os preferidos
por suas aves. O comedouro pode ser uma simples lata, vasilha de plástico ou caixa de
madeira.
Pode-se também jogar os
grãos no chão (Figura 28), o que
deve ser evitado se houver risco de
gatos, baratas ou ratos. Plataformas
para grãos podem ser instaladas em
sacadas ou sobre uma estaca. Para
proteger da chuva pode-se instalar
um pequeno telhado ou fazer um Figura 28. Grãos diretamente no chão podem
caramanchão (Figueiredo, 2003). atrair gatos, colocando-as em risco. Foto: Daniel
De Granville

Da mesma forma que para as frutas, deve-se ter cuidado com limpeza e com o
armazenamento dos grãos, evitando que se estraguem ou embolorem, pois alguns fungos
são prejudiciais às aves.
As principais espécies atraídas por sementes e castanhas são pombas, rolinhas,
periquitos, canários, tico-ticos, pardais e periquitos, entre outros.

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Fornecendo ninho e abrigo
Corruíras e andorinhas podem
usar buracos nos muros ou vãos de
telhados para nidificarem. Árvores e
arbustos vão atrair espécies que usam
forquilhas e galhos para construção do
ninho. Caso não haja risco de queda,
mantenha as árvores mortas para
Figura 29. O ninho do joão-de-barro é visto em
serem usadas por pica-paus, muitas cidades, servindo de abrigo também
papagaios e periquitos (Figura 29). para outras aves. Foto: Daniel De Granville

Caixas para ninhos atrairão aves que usam cavidades. Devem fornecer abrigo
contra chuva, vento, sol direto e predadores, sendo instalados meio escondidos,
afastados de outros ninhos, mas não isolados. Faça a cobertura removível para facilitar a
limpeza após a saída dos filhotes. A impermeabilização deve ser feita somente por fora.
Se for fixar em árvores, apenas apóie e amarre sem pregar, não machuque a árvore. Ao
instalar o abrigo, evite circular por perto ou manipular a caixa, pois isto vai afastar as
aves.

Observando as aves do meu jardim


Após plantar flores e frutos, instalar comedouros e bebedouros é hora de observar
as aves do seu jardim. Da mesma forma que no campo, fique distante para não espantá-
las. Aos poucos elas vão se acostumar com sua presença, permitindo maior aproximação.
Faça silêncio, aproveite para treinar a identificação e descrição das espécies na
caderneta de campo, o uso do binóculo, gravador, câmera fotográfica.
Uma dica é construir bebedouros e comedouros de forma que fiquem camuflados
na vegetação ou feitos de tronco, dando um aspecto natural para as fotografias. Também
a construção de abrigos ou camuflagem pode facilitar a observação em áreas maiores,
evitando espantar as aves enquanto fotografa.

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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
12. REGISTRANDO AS AVES OBSERVADAS
Uma das maneiras de aprender a identificar aves é anotar todas as espécies que
você já viu, criando sua lista pessoal. Anote dados como data, local, horário e tipo de
ambiente na caderneta de campo, e depois crie sua própria lista. Se for possível
fotografar e gravar o canto, melhor ainda!
Se não, uma dica é desenhar a ave. Não é preciso ser-se artista para desenhá-
las, basta registrar as marcas de campo. Com lápis de cor desenham-se pormenores, em
vez de escrever notas extensas. Esboços da plumagem, dos padrões de vôo e notas
acerca do respectivo comportamento serão da maior utilidade para aprofundar os
conhecimentos do observador (Avespt, 2008). Indicação de tamanho, posição e como ela
se locomove também são importantes. Não precisa ser um desenho perfeito, basta que
tenha indicações para que você consiga encontrá-la em um livro de referência, internet ou
descrever para outra pessoa. Veja os exemplos abaixo:

Identificar uma ave é como bancar o detetive: todas as pistas são importantes.
Existem publicações e sites sobre o assunto para quem quiser se aprofundar mais e
quem sabe, tornar-se um artista no desenho das aves.

13. SUA LISTA DE AVES


A sua lista de aves será composta por todas as aves que você já observou. Você
pode criar uma lista própria ou anotar em uma lista da região, ou ainda no seu guia de
campo. Pode-se ainda subdividir a lista por regiões visitadas, hábitats, ano, etc. Tudo

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depende de como seu aprendizado ou memória funcionem melhor. Existem alguns
programas de computador e páginas na Internet que auxiliam na construção de listas de
aves.
Não se preocupe se você conhece apenas cinco ou seis nomes de aves. Elas já
serão a base de seu aprendizado. Liste estas espécies, e a cada dia, procure mais duas
ou três novas para aprender a reconhecer. Em um mês, sua lista terá mais de trinta
nomes, apenas com aves observadas perto de sua casa!!
A lista pode ser montada de maneira simples, só com os nomes populares
(priorize sempre os nomes usados em sua região), ou ainda com os nomes científicos e
as famílias. O importante é que ela seja fácil de consultar e que, no futuro, forneça
informações que facilite a identificação de outras espécies por comparação. Assim, uma
boa maneira de começar é listar em ordem alfabética de nomes populares, como mostra o
quadro abaixo:

Quadro 1. Modelo de lista de aves


Data: 01/04/2008 Local: Parque da Cidade Hora inicial: 7h15 Hora final: 11h20
Observadores: Maria e José Observações: dia quente, com vento no final da atividade
Nome Popular Nome Científico Família Local de observação
Anu-preto Crotophaga ani CUCULIDAE Campinho
Em vários locais, sempre em
Bem-te-vi Pitangus sulphuratus TYRANNIDAE
paisagem aberta
Coruja-buraqueira Athene cunicularia STRIGIDAE Campinho
Pardal Passer domesticus PASSERIDAE Na praça de piquenique
Periquito-verde Brotogeris tirica PSITTACIDAE Bosque
Pica-pau-do-campo Colaptes campestris PICIDAE Campinho
Quero-quero Vanellus chilensis CHARADRIIDAE Campinho
Sabiá-laranjeira Turdus rufiventris TURDIDAE No jardim da entrada
Sanhaçu-cinzento Thraupis sayaca THRAUPIDAE Borda da mata do bosque
Urubu-de-cabeça-preta Coragyps atratus CATHARTIDAE Sobrevoando o Parque

Mesmo que sua lista de campo seja em ordem alfabética de nomes populares, é
importante sempre colocar o nome científico e a família, pois aos poucos você vai se
familiarizando com estes termos técnicos. O ideal é que você tenha uma lista de

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referência em ordem taxonômica, assim fica mais fácil perceber quais aves são
aparentadas de outras, o que facilita o aprendizado. Com o tempo, fica mais fácil e
simples construir uma lista de aves.

14. OBSERVANDO COM ÉTICA


Quando saímos para uma atividade de observação de aves, devemos seguir
algumas regras de etiqueta, tanto para com os companheiros de campo quanto para com
o ambiente e as aves que visitamos. Isto evitará situações desagradáveis e impactos
negativos ao local visitado. A seguir apresentamos algumas recomendações importantes
(Victoria, 2004):
Use roupas adequadas e com cores que se harmonizem com o ambiente visitado,
evitando assustar as aves.
Mantenha-se sempre na trilha, evitando pisoteio da vegetação e acidentes.
Preste atenção onde pisa e onde coloca as mãos. Se observar algum perigo ou
situação de risco, avise aos demais.
Caso haja um guia, siga suas orientações. Jamais ande na sua frente, pois além de ter
menos conhecimento da região do que ele, você pode espantar as aves e impedir que
outras pessoas as vejam. Caso precise se afastar, avise o guia.
Não fale prontamente o nome das aves que identificou, aguarde um pouco, pois
algumas pessoas podem querer treinar a identificação também.
Ajude os demais a encontrar a ave caso tenham dificuldades.
Evite confrontos com algum integrante problemático do grupo. Caso sinta-se
incomodado, comunique ao guia do grupo.
Tenha autocrítica. Se não está bem de saúde ou sem condições para longas
caminhadas, fique em casa e recupere-se, evitando problemas em campo.
Fale com voz baixa e não faça barulho para não assustar as aves.
Leve água e alimento suficiente junto com seu equipamento.

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Evite ficar na frente de outros observadores quando encontrarem uma ave.
Só entre em propriedade privada com a devida autorização.
Jamais coloque em risco você ou os demais integrantes do grupo. Seja responsável.
Adote práticas de mínimo impacto que são utilizadas em qualquer passeio junto à
natureza (não deixar lixo, não coletar objetos, etc.)
Com relação às aves, seguem algumas dicas importantes:
Seja responsável no uso de play-back ou outras formas de atrair a atenção das aves.
Lembre-se que estes recursos vão interferir nas atividades e no comportamento das
aves. Nunca use play-back perto de ninhos.
Caso a ave se assuste com sua presença, não se mova e aguarde alguns minutos.
Provavelmente ela vai pousar por perto e você poderá observá-la.
Caso ela fique irritada e tentando atrair sua atenção sem se afastar muito, cuidado,
você pode estar perto do ninho. Afaste-se até uma distância que a ave considere
segura, ou seja, que ela se acalme. Não se aproxime do ninho, pois este movimento
pode ter despertado a atenção de predadores.
Respeite a distância que as aves permitem aproximação.
Dê preferência para locais onde as aves já estejam acostumadas à presença das
pessoas, como parques. Deixe que se acostumem à sua presença.
Não caminhe diretamente para a ave, ande para os lados ou em zigue-zague. Evite
surpreendê-las saindo de trás de um esconderijo ou cortar o trajeto que estejam
fazendo.
Especialmente para os fotógrafos, Czaban (2008) faz algumas recomendações
específicas:
Obedeça todos os regulamentos relativos à fotografia em áreas públicas e
particulares. Evite surpresas informando-se com antecedência.
Mantenha uma distância de pelo menos 10 metros de ninhos, poleiros, áreas de
exibição e alimentação. Jamais toque em ninhos ou filhotes, nem “arrume” o ninho
para fotografar, evite o risco dos pais abandonarem os filhotes.
Nunca interfira na atividade de uma ave. Se você precisa manter proximidade, use
uma tenda ou outro esconderijo.

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Nunca perturbe o hábitat quebrando árvores ou arbustos para ter uma visão melhor,
pois com isso, você também permitirá que os predadores tenham
facilidade em encontrá-los. Caso seja necessário afastar provisoriamente algum galho
ou folha que esteja impedindo a foto, faça-o utilizando um barbante ou similar,
recolocando tudo no lugar após fazer a foto.
Use luz artificial de flash com bastante cautela. Quanto mais próximo
chegar da ave, mais cautela você deve ter. Seja sempre um observador responsável.
Se você estiver em dúvida, não fotografe.
Evite ficar muito tempo fotografando uma ave, principalmente se perceber que ela está
próxima do ninho. Se necessário, afaste-se um tempo e volte depois, evitando
estressá-la demais.
Jamais faça barulhos para espantar as aves, principalmente em ninhais. O abandono
do ninho é a oportunidade que os predadores estão aguardando para comer os
filhotes. Não será sua melhor foto.

15. CÓDIGO DE ÉTICA DO OBSERVADOR DE AVES


Traduzido e adaptado do The American Birding Association’s Code of Birding
Ethics, por Dagoberto Pinheiro das Chagas. Fonte: Figueiredo (2003).
1. Promova o bem estar das aves e de seu ambiente;
a) apoiando a proteção de habitat importante para as aves;
b) evitando estressar ou expor as aves ao perigo, comportando-se de forma cuidadosa
quando em atividade de observação, fotografia, gravação sonora ou filmagem;
c) limitando a utilização de gravações ou outros métodos de atração de aves; nunca
usando esses métodos em áreas intensamente utilizadas para observação ou para
atrair espécies ameaçadas, em perigo de extinção ou, ainda, de ocorrência rara ou
restrita no local;
d) mantendo a distância adequada de ninhos, colônias de nidificação, dormitórios, arenas
de exibição ou locais importantes de alimentação. Nestas áreas sensíveis, se for
indispensável uma observação demorada, filmagem, fotografia ou gravação sonora,
tente usar um anteparo ou esconderijo, tirando proveito da cobertura natural;

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e) utilizando com moderação luz artificial ou flash, especialmente para tomadas de curta
distância;
2. Antes de comunicar a ocorrência de uma ave rara, avalie o potencial de perturbação
para a ave, para o ambiente e para as pessoas naquela localidade e somente prossiga
se o acesso à região puder ser controlado, a perturbação minimizada e, se for o caso,
tiver obtido a permissão do proprietário da área. Os locais de nidificação de aves raras
só devem ser divulgados às autoridades competentes
3. Permaneça nas estradas, trilhas e caminhos onde existirem, em caso contrário,
procure reduzir ao mínimo a perturbação ao habitat;
4. Respeite as leis e o direito alheio;
a) não penetrando em propriedade privada sem autorização explícita do proprietário;
b) seguindo todas as leis, normas e regulamentos relativos ao uso de estradas e áreas
públicas, tanto em seu país quanto fora dele;
c) sendo cortês em contato com as pessoas. Seu comportamento exemplar gerará boa
vontade tanto em relação a outros observadores de aves, quanto às demais pessoas;
5. Assegure-se que os alimentadores, as caixas de nidificação e outros ambientes
artificiais para as aves sejam seguros
a) mantendo os comedouros, os bebedouros, a água e os alimentos livres de impurezas,
deterioração ou doenças;
b) limpando e efetuando manutenção regularmente das caixas de nidificação ou ninhos
artificiais;
c) cuidando para que as aves não estejam expostas à predação por animais domésticos
e outros riscos artificialmente criados, caso esteja atraindo aves em uma determinada
área;
6. Observação de aves em Grupo, organizado ou não, requer cuidados suplementares.
Cada participante do Grupo, além das obrigações referidas nos itens 1 a 5 antes
mencionados, tem responsabilidades como integrante de um Grupo;
a) devendo respeitar os interesses, direitos e habilidades dos demais membros do
Grupo, bem como de outras pessoas que estejam praticando esportes ao ar livre;

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b) dividindo generosamente seu conhecimento e habilidade com os demais integrantes
do Grupo – com as cautelas previstas no item 2 acima – com especial atenção e
dedicação aos iniciantes;
c) na hipótese de identificar um comportamento pouco ético de um observador, após
avaliar a situação e se achar aconselhável, oferecer a adequada orientação no sentido
de fazer cessar a ação imprópria. Se, entretanto, não obtiver êxito, registre o fato e
comunique às pessoas e autoridades competentes.
7. Caso seja Líder ou Guia de Grupo, amador ou profissional, esteja ciente de suas
responsabilidades adicionais:
a) sendo um exemplo de comportamento ético, ensinando através da palavra e da
conduta;
b) formando o Grupo com a quantidade de participantes que limite o impacto ao
ambiente e que não interfira com outros utilizando a mesma área;
c) assegurando-se que todos os participantes do Grupo conheçam e pratiquem as regras
deste código;
d) identificando e informando ao Grupo sobre qualquer circunstância especial aplicável
ao local que está sendo visitado, como, por exemplo, a proibição de utilização de
gravadores sonoros.
e) reconhecendo que empresas de turismo têm a obrigação de colocar o interesse do
público e o bem estar das aves acima de seus objetivos comerciais;
f) mantendo registro das observações realizadas e documentando ocorrências incomuns
para submeter ao conhecimento de organizações apropriadas.

16. O QUE FAZER PARA PROTEGER AS AVES (Figueiredo, 2003)


Mantenha seus gatos dentro de casa. Nunca solte animais domésticos em parques e
áreas públicas. Eles são grandes predadores de aves e outros animais. Castre seus
animais para evitar filhotes abandonados.
Aproveite todo espaço disponível de sua propriedade para plantar plantas que servem
de alimento e abrigo para aves. Se tiver propriedades maiores, principalmente rurais,
respeite a exigência da Reserva Legal (parcela da propriedade onde devem ficar
preservados os hábitats naturais), além das áreas de preservação permanente, tais

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como topos e encostas de morros, entorno dos rios e lagoas, nascentes, etc. Faça
reflorestamentos utilizando espécies vegetais nativas da região. Não permita a caça
ou qualquer outra forma de perseguição à fauna em sua propriedade. Verifique a
possibilidade de constituir estas áreas como Reserva Particular do Patrimônio Natural,
que é uma modalidade de unidade de conservação constituída pelo próprio
proprietário e aprovada pelo IBAMA ou órgão ambiental estadual. Há diversas
vantagens neste procedimento além da preservação.
Desestimule a prática de manter animais silvestres em cativeiro como animais de
estimação. Muitas extinções ou ameaças de extinção de espécies se deram por sua
captura na natureza. Aprenda a admirá-los em liberdade. Denuncie aos órgãos
competentes o tráfico de animais silvestres.
Se tua residência tem grandes vidraças onde as aves colidem, coloque nelas silhuetas
de falcões, que servem para espantar as aves evitando as colisões.
Filie-se a entidades ornitológicas e ambientalistas onde poderá contribuir para a
preservação da natureza em geral e das aves em particular. Organize entidades
ornitológicas em sua cidade ou Estado.
Abomine a prática da caça, em especial a dita "esportiva". Convença amigos e
conhecidos caçadores a trocarem a caça pela simples contemplação da natureza:
observação de aves, "safári fotográfico", filmagens, etc.
Ajude a proteger as Unidades de Conservação. Denuncie às autoridades responsáveis
qualquer agressão aos processos ecológicos naturais que observar. Comporte-se
adequadamente ao visitar áreas naturais: vá em pequenos grupos, traga seu lixo de
volta, não colete qualquer material biológico ou inanimado, sem autorização da
autoridade ambiental, e deixe apenas suas pegadas. Se for com alguma empresa de
turismo ecológico, exija dos guias e responsáveis pela empresa estas mesmas
atitudes.

17. SEGURANÇA
Mesmo sendo uma atividade extremamente saudável em diversos aspectos, a
prática da observação de aves pode oferecer alguns riscos para a saúde. Como essa

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atividade implica geralmente em viagens e contato com áreas naturais, o observador de
aves poderá estar sujeito a alguns riscos (Figueiredo, 2003). Informe-se dos cuidados
necessários para visitar a área escolhida, desde presença de mosquitos, carrapatos,
vacinas, segurança, etc. Preste atenção às trilhas de maior dificuldade e mantenha-se na
trilha, sempre acompanhado e se possível também com um guia experiente.

18. ONDE ENCONTRAR MAIS INFORMAÇÕES


Segue uma lista com diversos livros, revistas, vídeos, CDs e sites com
informações complementares sobre o tema deste módulo. Existem muitas outras fontes
de consulta, basta uma busca na Internet para descobrir milhares de páginas dedicadas
ao tema.
A SOUND GUIDE TO NIGHTJARS AND RELATED NIGHTBIRDS – Richard Ranft & Nigel Cleere. Pica
Press/The British Library National Sound Archive. 1998.
A ÚLTIMA ARCA DE NOÉ – www.aultimaarcadenoe.com.
ARTIST’S PHOTO REFERENCE: BIRDS – Bart Rulon. Ohio: North Light Books.
AVES BRASILEIRAS E PLANTAS QUE AS ATRAEM – Johan Dalgas Frisch. São Paulo: Dalgas
Ecoltec Ltda.
AVES DA MATA ATLÂNTICA ON LINE – http://luck2105.multiply.com/journal/item/10.
AVES DAS MONTANHAS DO SUDESTE DO BRASIL – Luiz Pedreira Gonzaga & Gloria Castiglioni.
Arquivo Sonoro Prof. Elias Coelho. Manaus: SONOPRESS. 2001.
AVES DO BRASIL – www.aves.brasil.nom.br/frame.jsp?pageToShow=main.page.
AVES DO BRASIL, UMA VISÃO ARTÍSTICA – Tomas Sigrist. São Paulo: Ed. Avisbrasilis.
AVES DO PANTANAL – Jácques Vielliard. Manaus: SONOPRESS. 1999.
AVE DO PARQUE NACIONAL SERRA DA CAPIVARA. VOZES DE AVES DA CAATINGA – Jácques
Vielliard. Rio de Janeiro: Sony Music Entertaiment. 1995.
AVESFOTOS – www.avesfotos.com.br
AVISOFT – www.avisoft-saslab.com.
AVISTAR BRASIL –www.avistarbrasil.com.br.
BIRD SONGS FROM SOUTHEAST BRAZIL – Mark Elwonger. Ornifolks. 1999.
BIRD SONGS INTERNATIONAL – www.birdsongs.com.
BIRD OF THE WORLD ON POSTAGE STAMPS – http://www.bird-stamps.org.
BIRDWATCHING – J. Dunham. New York: Discovery Communications.
BRASIL 500 PÁSSAROS. Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A. Barueri: Videolar. 2000.
BRAZILIAN SOUDSCAPES – Eloisa Mathey & Jean C. Roche. Sittelle. 1993.
CANARY - www.ornith.cornell.edu/LNS.
CANTOS DE AVES DO BRASIL – Jacques Vielliard. Manaus: SONOPRESS. 1995.

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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
CANTOS DE AVES DO BRASIL – Johan Dalgas Frisch. (Vinil). 1961.
CENTRO DE ESTUDOS ORNITOLÓGICOS – www.ceo.org.br.
COMO DESENHAR AVES – David Brown. Editorial Presença.
CANTOS DE AVES NO ORKUT – www.orkut.com/Community.aspx?cmm=1191433
COOLEDIT – www.syntrillim.com.
CORNELL LIBRARY OF NATURAL SOUNDS – http://birds.cornell.edu/lns/index.html.
DIGISCOPING – http://paginas.terra.com.br/turismo/BRDigiscoping/avistar.htm.
FLORESTA ATLÂNTICA (PAISAGENS SONORAS DO PLANETA) – Beto Bertolini. Curitiba.
GARDEN BIRD FACTS: HOW TO ATTRACT BIRDS AND IDENTIFY THEM – Mike Everett. London:
Grange Books.
GOOD BIRDERS DON’T WEAR WHITE – Pete Dune (org). Boston: Houghton Mifflin Comp.
GRUPO BIRDWATCHINGBR – http://br.groups.yahoo.com/group/birdwatchingbr.
GUIA PRÁTICO DE JARDINAGEM ECOLÓGICA – José Truda Pallazo Jr e Maria do Carmo Both. Porto
Alegre: Editora Sagra Luzzato.
GUIA SONORO DAS AVES DO BRASIL – Jacques Vielliard. Manaus: SONOPRESS. 1995.
LIBRARY OF NATURAL SOUNDS – www.ornith.cornell.edu/LNS/.
LISTA BRASILEIRA DE OBSERVADORES DE AVES – www.yahoogrupos.com.br/birdwatchingbr.
MULTIPLY – www.multiply.com.
NATIONAL AUDUBON SOCIETY BIRDER’S HANDBOOK – S. W. Kress. New York: Dorling Kindersley
Book.
NATIONAL GEOGRAPHIC PHOTOGRAPHY FIELD GUIDE: BIRDS – Rulon E. Simmons e Bates
Littlehales. Washington: National Geographic.
OFICINA DE DESENHO DE AVES – AVISTAR/SESC.
http://avistarbrasil.com.br/desenho/folheto_desenho_aves.pdf
PHOTOINNATURA – www.photoinnatura.com.br.
RECOMENDAÇÕES PARA MINIMIZAR IMPACTOS À AVIFAUNA EM ATIVIDADES DE TURISMO DE
OBSERVAÇÃO DE AVES – Maria Antonietta Castro Pivatto e José Sabino. Revista Atualidades
Ornitológicas 127, pp.: 7-11, 2005.
REVISTA ATUALIDADES ORNITOLÓGICAS –. www.ao.com.br.
THE GIMP – editor de fotografias. www.gimp.org.
THE LANDBIRDS OF SOUTHEAST BRAZIL. Disc 2 – Furnarids to Sharpbill. Heinz Remold. GG
Software. (CD-ROM). 2001.
THE NATURE RECORDISTS LIST – www.egroups.com/group/naturerecordists
VOZES GÊMEAS – www.ceo.org.br/imag_sons/vozes_gemeas.htm.
WIKIPEDIA, A ENCICLOPÉDIA LIVRE – www.wikipedia.org.
WILDSOUNDS – www.wildsounds.co.uk.
XENO-CANTO – www.xeno-canto.org.

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19. GLOSSÁRIO
Anorak – jaqueta especial para cortar vento ou frio, mas não é impermeável
Back-up – cópia de segurança de arquivos ou fotografias
Bando misto – grupo de aves de diferentes espécies que procuram alimento juntas,
ficando mais atentas aos predadores
Bioacústica – estudo do comportamento de comunicação entre animais por meio de
sinais sonoros.
Birding, Birdwatching – observação de aves
Blind – esconderijo portátil camuflado usado para observar ou fotografar fauna
Caducifólias – plantas que perdem folhas na estação seca
Diafragma – dispositivo mecânico composto por laminas sobrepostas que formam um
orifício de tamanho variável, usado para limitar a abertura de uma lente ou de um
sistema óptico
Iridescente – que apresenta ou reflete as cores do arco-íris
Megapixel – equivale a um milhão de pixels em uma imagem, sendo que um pixel é o
menor elemento num dispositivo de exibição ao qual é possível atribuir-se uma cor
Melanismo – anomalia que se caracteriza pela cor mais negra ou escura em animais
Monopé – acessório de sustentação com apenas uma perna, utilizado para aumentar a
estabilidade da câmera fotográfica
Neologismo – palavra ou expressão nova numa língua. Significado novo que uma
palavra ou expressão de uma língua pode assumir
Obturador – dispositivo da câmara fotográfica que regula a duração da exposição à luz
do filme ou do sensor digital
Perenes – plantas que mantém a folhagem durante o ano todo
Porta-microfones – suporte adaptado para amortecer movimentos no microfone que
possam prejudicar uma gravação
Siringe – órgão responsável pela produção e emissão de sons nas aves.

------------------FIM DO MÓDULO II-----------------

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