Você está na página 1de 3

Revisão dos tempos do pretérito

A seguir, há uma entrevista. No final, complete com o verbo conjugado no pretérito.

Em casa
Miriam Gimenes
O jornalista, escritor e compositor Nelson Motta usou o período de isolamento para revisitar
sua trajetória, que, para ele, contou muito com a sorte

É da vista privilegiada de seu apartamento em Ipanema, no Rio de Janeiro, que o


jornalista, compositor, produtor e escritor Nelson Motta ‘vê a banda passar’. Essa
cena, retratada em foto que abre esta reportagem, pode servir de metáfora para o
que tem sido, durante 76 anos, a vida deste paulistano com alma carioca, que por
muitas vezes testemunhou, de camarote, grande parte do que de melhor foi
produzido na cultura popular brasileira, principalmente no quesito música. O que
para alguns pode ser atribuído ao seu trabalho incessante no setor, o que não deixa
de ser verdade, para ele é pura e simplesmente de responsabilidade de um fator: a
sorte.
Tanto que acaba de lançar um livro em que até o título coloca este substantivo feminino como principal
responsável pelas passagens mais incríveis de sua trajetória – De Cu pra Lua – Dramas, Comédias e
Mistérios de um Rapaz de Sorte. Escrita mais da metade durante o isolamento feito em razão da
pandemia pelo coronavírus, ao final de quase 500 páginas a única coisa que dá para pensar é que sua
vida serviria, sem a menor dúvida, como base para um interessantíssimo roteiro de filme.
“Isso começou quando eu comecei a estudar o fenômeno da sorte, esse foi o ponto de partida, e achei
muito interessante. E ouvi isso a vida inteira, até meus pais falavam, que eu tinha muita sorte. Mas não foi
só isso, o livro mostra bem. Sou igual a todos, tive momentos péssimos também, mas foi nos erros que eu
aprendi. E para contar da melhor forma como a sorte funciona, achei que o melhor jeito era contar de que
maneira ela age na vida de uma pessoa, que, no caso, foi a minha”, explica.

Para reviver sua trajetória, e munido de muita memória, resolveu escrevê-la em terceira pessoa. Ganhou
distanciamento do ‘cara sortudo’. “Assim podia brincar com o personagem, criticar, como fiz várias vezes,
debochar dele, até elogiar. Me distanciei completamente.”
Motta lembra da infância, do incentivo dos pais para que pudesse ser um jovem livre; dos primeiros artigos
de jornais que começou a publicar aos 20 anos; dos professores importantes que passaram pela sua
história, dos inúmeros artistas que conviveu, como João Gilberto e Tom Jobim; além dos que produziu –
Lulu Santos, Tim Maia, Marisa Monte, Elis. Motta também lembra dos amores e desamores, que não
foram poucos. Entre os nomes com quem se relacionou teve a própria Elis, e também casamentos com a
atriz Marília Pera e a papisa da moda, Costanza Pascolato.

Também trata, abertamente, sobre seu envolvimento com a droga, que o fez, por vezes, ir embora do
Brasil para se livrar do vício. Diz que foi tranquilo escrever sobre o assunto, o qual sempre tratou com
naturalidade. “Comecei a fumar maconha com 23 anos e, depois, sempre fumei na frente das minhas
filhas (Nina, Esperança e Joana). Qual foi a consequência disso? Uma não fuma nada, outra fuma de vez
em quando e outra fuma bastante. São três pessoas diferentes, não tem essa regra que é igual para
todos. Esse troço (droga) não recomendo a ninguém, muito menos às minhas filhas, falo só por mim. Para
outras pessoas funciona pessimamente mal, alguns perdem o rumo, ficam preguiçosos, desatentos. Para
mim faz bem porque tenho uma puta disciplina de trabalho.”

Tanto tem que todas as vezes em que foi escrever algum de seus inúmeros livros costumava ficar sozinho,
a exemplo deste último. “Gosto de ficar isolado, pelo menos durante um tempo para escrever. Vai mais
rápido, fico concentrado. Neste caso a quarentena foi uma maravilha, porque não tinha nada que fazer,
mas já tinha começado o livro. Escrevi mais da metade em dois meses e o resto do tempo fiquei entretido
fazendo revisão com editora – passou por cinco –, com o checador de fatos, trabalhei a pós muito
intensiva, a seleção das fotos, deu um trabalho danado.”

A publicação mostra também como o cenário musical mudou muito hoje em relação ao que Nelson ajudou
a construir. Ele é letrista de 300 músicas e sucessos como Dancin’ days e Como uma Onda. Mas o
compositor não se faz nostálgico. Ele gosta mesmo é de ‘andar para frente’.
“A qualidade da nossa música tem de ser vista em comparação com a música popular do mundo.
Nenhuma é boa em si mesma, tem de ter comparação com coisas. É difícil ter um outro Chico Buarque,
outro Bob Dylan. Vão aparecer coisas diferentes, a linguagem vai se transformando, as novas gerações só
entendem a nova linguagem. E ainda temos grandes artistas de outras gerações que estão vivos e
produzindo. A música brasileira não tem nada a reclamar”, analisa.
É preciso apreciar o que se vê com outras lentes. “Acho que a gente tem de viver cada dia com o que tem.
Veja hoje, você tem tudo, a maravilha do mundo digital, você pode ouvir tudo. A MPB que veio até ontem é
um tesouro incalculável. O Brasil continua um dos países com a MPB mais respeitada, principalmente pela
sua diversidade. Tem Tom Jobim, Jorge Ben Jor, Caetano e tem Anitta. Não há nada a reclamar. Quanto à
música que não se gosta não fale mal, apenas não ouça. Ninguém é obrigado.”
Foi esta filosofia que ____________ (consolidar) durante todo o período que ___________ (atuar) como
crítico de música nos jornais. Segundo ele, por o espaço já ser tão reduzido, deve-se falar apenas do que
vale a pena, do que tem de novo, e não utilizar as tão sagradas linhas para falar mal do trabalho alheio.

Ainda que tenha ditado as diretrizes de quem gosta de música, e continua ditando – ele permanece com a
coluna no Jornal da Globo, onde fala sobre música nacional e internacional – , Motta não se considera um
influenciador. “Acham que eu sou, mas não me comporto como um influenciador. Já _____________
(desistir) há muito tempo de convencer qualquer pessoa. Dou minha opinião sincera, responsável. Se
concordar, ótimo; se não concordar, ótimo também. Esta é a minha posição. ____________ (Trabalhar)
em jornal com coluna diária durante dez anos. Com censura, ditadura (chegou a prestar depoimento aos
militares) e ter meia página de jornal era uma preciosidade em uma época de liberdade restrita, era um
alto-falante. Simplesmente ____________ (decidir) que ia usar meu espaço muito bem estrategicamente,
era muito precioso. Era uma prestação de serviço para o leitor.”

amadurecimento
Ainda no começo do livro Nelson conta a história de uma professora, a dona Silvia, que o
_______________ (repreender) uma vez dizendo que jamais saberia escrever algo de qualidade.
__________ (Ficar) com raiva. Após já ser um jornalista consolidado, um dia estava caminhando pela
Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio, e ___________ (avistar) a mesma professora de longe. “Foi bom que eu
______________ (perceber) ali que havia amadurecido. A vi pisando duro, do outro lado da calçada. Até
_________ (pensar): ‘Vou dar um susto nela’. Mas daí eu __________ (refletir): ‘Coitada, está aí,
aguentando aluno chato e eu aqui, feliz da vida. Vai em paz, minha filha.” Motta nem _________ (falar)
com ela.
Muito dessa maturidade também se ____________ (intensificar) quando Nelson passou, recentemente,
por um problema sério de fístula medular, o que o _____________ (impossibilitar) até mesmo de andar.
Com a cirurgia, o medo era ficar paraplégico o que, ‘por sorte’ e tratamento médico adequado, não
aconteceu. Foi neste período que _____________ (encontrar) o último e atual amor, a baiana Adriana
Albuquerque.
Questionado sobre o que, para uma pessoa que ‘curtiu a vida adoidado’, ainda falta, Motta responde, de
pronto. “Viver até os 100, lúcido, senão seja lá o que Deus quiser. Não tenho medo de morrer.” Sorte é o
que não dá para pedir, certo?
FONTE: http://www.revistadiaadia.com.br/Noticia/740934/em-casa

Complete a canção

Nada do que ________ será Não adianta __________


De novo do jeito que já ________ um dia Nem mentir
Tudo ________, tudo sempre passará Pra si mesmo agora
Há tanta vida lá _________
A vida vem em __________
Aqui dentro sempre
Como um mar
Como uma onda no mar
Num indo e vindo infinito
Como uma onda no mar
Tudo que se vê não é Como uma onda no mar
Igual ao que a gente _______ há um segundo Como uma onda no mar
Tudo muda o tempo todo no mundo

Você também pode gostar