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PERGUNTAS SOBRE A MATÉRIA LECIONADA

1. DEFINA DIREITO CRIMINAL E DIGA QUAIS SÃO AS REAÇÕES PENAIS QUE ESTUDOU

Diz-se Direito Criminal o conjunto de normas jurídicas que fixam os pressupostos de aplicação
de determinadas reações legais: as reações criminais.
As reações legais englobam as penas e ainda medidas de outro tipo, entre as quais avultam as
chamadas medidas de segurança.
2. DEFINA DIREITO PENAL

Podemos definir o Direito Penal como sendo o conjunto de regras jurídicas que ligam uma pena
ao cometimento de certos factos, cabendo ao Estado o direito de punir.
3. DEFINA OU DIGA EM QUE CONSISTE A CRIMINOLOGIA E QUAL É O SEU OBJETO

A Criminologia é a ciência especialmente votada ao estudo das causas do crime.


Dito de forma simples, nas palavras singelas de Eduardo Correia, a criminologia é a ciência das
causas do crime. O crime é, pois, o objeto da criminologia.
Porém, como diz Mezger, “toda a criminologia recebe o seu objeto, o conceito de crime, da
ciência do direito penal”.
4. FAÇA A DISTINÇÃO ENTRE FINS DO DIREITO PENAL E FINS DAS PENAS CRIMINAIS
Os fins do direito penal são, sobretudo, a prevenção e a defesa da sociedade contra a violência.
As normas, em geral, incluindo as normas penais, têm por finalidade ordenar a vida social
conforme à justiça, ou, pelo menos com pretensão de justiça.
Ao invés,
As penas criminais, como as sanções jurídicas, em geral, ditam (impõem) uma consequência
desfavorável normativamente prevista para o caso de violação de uma norma e pela qual se
reforça a sua imperatividade.
5. DIGA QUAIS AS VIAS PELAS QUAIS BUSCA-SE A LEGITIMAÇÃO DAS SANÇÕES PENAIS
A busca da legitimação das sanções penais tem sido feita essencialmente por duas vias:
considerando que o mal da sanção não é um mal, antes um bem, porque nega o mal do crime
e restaura o Direito, ou
Considerando que o mal da sanção é um mal útil, um mal menor, um mal necessário.
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As orientações dominantes oscilam entre os dois extremos, sendo minoritárias as que entendem
absolutamente ilegítima qualquer espécie de sanção penal, o que consequentemente conduziria à
abolição do próprio direito penal.
6. DIGA O QUE SÃO E PARA QUE SERVEM AS SANÇÕES PENAIS
Já vimos acima que as sanções penais (penas e medidas de segurança) sãos meios de que se
serve o direito penal para realizar os seus fins de prevenção, são, por isso, instrumentais
relativamente ao direito penal; as sanções penais servem para reforçar os imperativos contido
nos preceitos das normas incriminadoras e têm, por isso, a natureza de meios ou medidas de tutela
jurídica.
As sanções penais são meios de tutela e de tutela repressiva, porque aplicáveis em
consequência da violação de uma norma jurídica.
7. DIGA QUAIS SÃO OS FINS IMEDIATOS E MEDIATOS DAS SANÇÕES PENAIS
A aplicação das sanções penais tem por fim imediato satisfazer os interesses originados pela
violação das normas (interesses que nas sanções penais não são, porém, os 4

próprios interesses ofendidos pelo ilícito, mas um interesse qualitativamente diverso, difusamente
nascido no meio social do facto de ter sido praticado o crime) e por fim mediato a realização dos
próprios fins que o direito penal se propõe e que são a defesa da sociedade contra a violência.
8. DIGA EM QUE CONSISTE A SANÇÃO PENAL E DIGA QUAL É A DIFERENÇA ENTRE PENA E
MEDIDA DE SEGURANÇA
A sanção pode ser definida como sendo toda a privação de bens imposta pelo Direito como
consequência da prática de um facto por ele proibido.
Distinguem-se na medida em que,
A pena traduz a reação jurídica à culpabilidade do delinquente pelo mal do crime. Enquanto
que,
A medida de segurança traduz a reação jurídica à perigosidade do delinquente.
9. SEGUNDO AS TEORIAS ABSOLUTAS, QUAIS SÃO OS FINS IMEDIATOS VISADOS PELAS
REAÇÕES CRIMINAIS?
De acordo com um deles (Teorias absolutas), a reação criminal é uma pura exigência de justiça,
corresponde a uma necessidade absoluta de afirmação, existente em si e por si.
As Teorias absolutas consideram a reação criminal derivada de uma exigência da própria
violação (a punição tem lugar «quia peccatum»), enquanto,
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10. SEGUNDO AS TEORIAS RELATIVAS, QUAIS SÃO OS FINS IMEDIATOS VISADOS PELAS
REAÇÕES CRIMINAIS?
(Teorias relativas) se afirma, pelo contrário, que a reação criminal tem em vista proteger certos
interesses, conservá-los e defendê-los, tirando a sua razão de ser da necessidade de evitar que
esses interesses venham a ser violados.
As Teorias relativas fazem derivar a razão de ser da sanção da necessidade de evitar futuras
violações (a punição tem lugar «ne peccetur»).

11. SEGUNDO AS TEORIAS MISTAS, QUAIS SÃO OS FINS IMEDIATOS VISADOS PELAS
REAÇÕES CRIMINAIS?
As Teorias mistas entendem que o fim ou razão de ser da sanção se cumpre ecleticamente (de
forma mista), reagindo-se contra o passado (exigência de justiça/ exigência da própria
violação) e procurando-se ao mesmo tempo evitar futuras violações (pune-se «quia peccatum ne
peccetur»).

12. NA ATUALIDADE, QUAIS SÃO AS TEORIAS E OS FINS FUNDAMENTAIS DAS SANÇÕES


PENAIS?
A perspetiva da prevenção geral significa que a efetiva aplicação da pena ao agente do crime
serve para afastar a generalidade dos cidadãos da prática de crimes, quer pelo temor do
castigo (prevenção geral negativa), quer pelo conhecimento e compreensão e consequente
orientação em ordem aos valores que o sistema jurídico consagra (prevenção geral positiva),
mostrando por um sinal visível o que é nocivo para a vida em comunidade.
Finalmente a doutrina da prevenção especial assenta sobre a ideia de que a aplicação da pena
ao agente do crime serve para evitar que esse agente cometa novos crimes no futuro.

13. QUANTO À NATUREZA, EM QUÊ É QUE SE TRADUZ A PENA?


Quanto à natureza, a pena traduz a reação à culpabilidade do delinquente pelo mal do crime e
é repressiva porque, originada no crime, se dirige não somente para o futuro, mas também para o
passado.

14. QUANTO À NATUREZA, EM QUÊ É QUE SE TRADUZ A MEDIDA DE SEGURANÇA?

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Diferentemente, quanto à natureza, a medida de segurança traduz a reação à perigosidade do
agente e, por isso, pode mesmo ser aplicada a agentes de factos objetivamente ilícitos, mas em
que o agente atua sem culpa, porque inimputável.
15. QUAL É A FINALIDADE DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA?
A finalidade da medida de segurança não seria nunca a de castigar, ainda que com objetivos
acessórios de cura, mas tem essencialmente uma finalidade curativa, de afastamento da
perigosidade do agente, revelada pela prática de factos tipicamente ilícitos que revelam o estado
de perigosidade criminal, e da sua recuperação social.
16. EM CABO VERDE, QUAIS SÃO OS FINS OU FINALIDADES DAS PENAS E DAS MEDIDAS DE
SEGURANÇA?
Em Cabo Verde,
A propósito de finalidade das medidas de segurança, tal como em relação às penas,
A nossa lei penal diz que a aplicação das medidas de segurança tem por finalidade a proteção de
bens jurídicos essenciais à subsistência da comunidade social e a reintegração do agente na vida
comunitária (art.º 47.º do Cód. Penal).

17. EM QUE SITUAÇÕES PODERÁ HAVER APLICAÇÃO DE MEDIDA DE SEGURANÇA A


IMPUTÁVEIS?
As medidas de segurança são aplicáveis tanto a delinquentes imputáveis como a inimputáveis
perigosos.
Exemplos de aplicação de pena e medida de segurança a imputável,
O caso condenação em pena de prisão por crime cometido mediante a utilização de arma de fogo,
acumulada com a decretação da cessação de licença de porte de arma (art.º 94.º); e
O decretar da cessação da licença de condução, na sequência de crime cometido no exercício da
condução de veículo motorizado ou com ela ligada (art.º 95.º).

18. FAÇA MENÇÃO AO ENTENDIMENTO DO SISTEMA MONISTA DAS REAÇÕES CRIMINAIS


QUANDO A PERIGOSIDADE DO DELINQUENTE IMPUTÁVEL EXCEDE OS LIMITES DA SUA
CULPA NO CASO CONCRETO, OU SEJA, QUANDO A PERIGOSIDADE DO DELINQUENTE
IMPUTÁVEL VAI PARA ALÉM DA SUA CULPA CONCRETA
Segundo o sistema monista das reações criminais, quando a perigosidade do delinquente
excede os limites da sua culpa no caso concreto, deve-se aplicar ao agente do crime uma só

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medida penal que realize simultaneamente os fins da pena e da medida de segurança
(sistema monista). Assim, o sistema monista atende particularmente à estrutura similar de
execução da pena de prisão e da medida de segurança privativa da liberdade.

19. FAÇA MENÇÃO AO ENTENDIMENTO DO SISTEMA DUALISTA DAS REAÇÕES CRIMINAIS


QUANDO A PERIGOSIDADE DO DELINQUENTE IMPUTÁVEL EXCEDE OS LIMITES DA SUA
CULPA NO CASO CONCRETO, OU SEJA, QUANDO A PERIGOSIDADE DO DELINQUENTE
IMPUTÁVEL VAI PARA ALÉM DA SUA CULPA CONCRETA
Segundo o sistema dualista das reações criminais, quando a perigosidade do delinquente
(imputável) excede os limites da sua culpa no caso concreto, deve-se aplicar ao agente do crime
medidas diversificadas, correspondentes à diferenciação da culpa e da perigosidade (sistema
dualista).
Assim sendo,
O sistema dualista atenta sobretudo na separação dos pressupostos da pena e da medida de
segurança (culpabilidade e perigosidade).

20. ATENDENDO AOS SISTEMAS MONISTA E DUALISTA DAS REAÇÕES CRIMINAIS,


MEDIANTE JUSTIFICAÇÃO DOUTRINAL E LEGAL, DIGA QUAL É A TENDÊNCIA NO NOSSO
CÓDIGO PENAL
Seguindo de perto o pensamento de Germano Marques da Silva e Figueiredo Dias, parece que o
Código Penal de Cabo Verde segue tendências monistas ao não permitir a aplicação ao mesmo
agente, pelo mesmo facto, de uma pena e de uma medida de segurança complementar privativa de
liberdade (art.º 48.º), e, ao mesmo tempo, parece seguir tendências dualistas ao prever, pelo
mesmo facto, (para além da pena) a aplicação de medidas de segurança desde que não privativas
da liberdade (art.º 94.º e ss), como ainda no de aplicar cumulativamente no mesmo processo, ao
mesmo agente embora por factos diversos, penas e medidas de segurança (art.º 89.º).
Nesta linha de pensamento, parece defensável tratar-se um sistema misto.

21. DIGA E EXPLICA QUAIS SÃO AS PERSPETIVAS EM QUE PODE SER VISTO O PRINCÍPIO DA
PROPORCIONALIDADE

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O princípio da proporcionalidade, também denominado princípio da proibição do excesso, é
um princípio geral do Direito e que pode ser visto em duas perspetivas:
Uma muito ampla e outra restrita.
Em sentido muito amplo, o princípio da proporcionalidade preconiza o justo equilíbrio entre
os interesses em conflito, obrigando o legislador, os juízes e demais operadores do direito a
ponderar os interesses em conflito para em função dos valores subjacentes e os fins prosseguidos
os resolver segundo medida adequada.
Em sentido restrito o princípio da proporcionalidade significa que os meios legais restritivos
da liberdade e os fins obtidos devem situar-se numa justa medida, determinada pela gravidade
do mal causado e censurabilidade do seu autor.
A proporcionalidade em sentido restrito exige, antes de mais, a limitação da gravidade da sanção,
gravidade do mal causado pelo crime, na base da adequação da pena ao fim que esta deve
cumprir.

22. APRESENTA OS SIGNIFICADOS DOS PRINCÍPIOS DA ADEQUAÇÃO E DA NECESSIDADE


O principio da adequação significa que as sanções penais legalmente previstas devem revelar-
se adequadas (apropriadas) para a prossecução dos fins visados pela lei.
O princípio da necessidade, que se concretiza no princípio da intervenção mínima, significa que
as sanções devem revelar-se necessárias, porque os fins prosseguidos pela lei não podem ser
obtidos por outros meios menos onerosos.
23. DIGA QUAL É O SIGNIFICADO DO CARÁTER SUBSIDIÁRIO DO DIREITO PENAL
O princípio da subsidiariedade
Fala-se do carácter subsidiário do direito penal para significar a ideia de que só deve recorrer-se
ao direito penal, como instrumento de tutela de bens jurídicos, quando a incriminação for não
só necessária, mas também adequada.
O princípio da subsidiariedade assim entendido constitui uma especificação no campo do direito
penal do princípio da proporcionalidade.
24. DIGA QUAIS SÃO AS DUAS ACEÇÕES A QUE PODE SER CONCEBIDO O PRINCÍPIO DA
SUBSIDIARIEDADE E FAÇA A SUA EXPLICAÇÃO
O princípio da subsidiariedade pode ser concebido em duas diversas aceções:

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Em sentido restrito, o princípio da subsidiariedade pretende assegurar que o recurso ao direito
penal é injustificado ou supérfluo quando a tutela do bem jurídico for eficaz mediante sanções
de natureza não penal; em paridade de eficácia dos instrumentos de tutela, o legislador deve
optar por aqueles que limitem menos os direitos das pessoas.
Porém, já,
Numa aceção mais ampla, o princípio da subsidiariedade pretende assegurar que a sanção
penal seria a preferível ainda nos casos de não absoluta necessidade, mas sempre que a função
estigmatizante própria do direito penal for útil para os fins de uma mais forte reprovação do
comportamento e consequente mais enérgica tutela do bem jurídico.
25. DIGA QUAIS SÃO AS DUAS PERSPETIVAS QUE PODE SER ANALISADO O PRINCÍPIO DA
FRAGMENTARIEDADE E FAÇA A SUA EXPLICAÇÃO
As duas perspetivas do princípio da fragmentariedade:
- Nem todos os factos socialmente danosos, lesivos de bens jurídicos, constituem crimes, mas só
aqueles que o legislador qualifica como tais (crimes), aqueles que o legislador considera de tal
modo graves para a vida social que justificam a sanção penal para quem os praticar.
Por exemplo:
A venda de cigarros não é crime, porém não deixa de ser lesiva para a saúde das pessoas e,
portanto, um dano social, lesivo do bem jurídico saúde pública.
Por outro lado, nem todo o comportamento lesivo dos bens que são objeto da tutela penal
constitui ilícito penal, mas só aquele que ocorra nos termos da previsão legal, isto é, só aquele
que corresponde ao modelo da previsão legal (que é previsto legalmente).
Só o facto típico é penalmente ilícito; não o é, pelo contrário, o facto não conforme ao tipo legal,
ainda que seja também lesivo de bens jurídicos que são objeto da proteção penal.
Por exemplo:
Praticar ato sexual consentido com menores de idade é crime, portanto é um comportamento
lesivo de um bem objeto de tutela penal, porém caso o menor tiver catorze ou mais de catorze
anos de idade já não é crime, a não ser que o agente prevaleça de alguma superioridade sobre
ele/ela ou lhe tiver sido confiado para educação ou assistência.

26. DIGA EM QUE SE TRADUZ, EM SEDE PENAL, O PRINCÍPIO DA LEGALIDADE

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Característica essencial do direito penal é também a legalidade (ter previsão legal/estar previsto
na lei) garantida pelos art.ºs 32.º, n.ºs 2, 3 e 4, da Constituição e consagrada pelo art.º 1.º do
Código Penal, segundo a qual ninguém pode ser sentenciado criminalmente senão em virtude
de lei anterior que declare punível a ação ou a omissão nem sofrer medida de segurança cujos
pressupostos não estejam fixados em lei anterior, nem ser aplicadas penas ou medidas de
segurança que não estejam expressamente cominadas em lei anterior.

27. DIGA EM QUE SE TRADUZ, EM SEDE PENAL, O PRINCÍPIO DA JURISDICIONALIDADE


Outra característica do direito penal é a jurisdicionalidade, também garantida, indiretamente,
pelos art.ºs 30.º, n.º 2, e 31.º, n.º 3, da Constituição.
O princípio da jurisdicionalidade significa que a competência para decidir a matéria penal e
aplicar penas e medidas de segurança é exclusivamente dos tribunais, portanto, da jurisdição.
A ideia de jurisdição está implícita a ideia de juiz imparcial e essa imparcialidade da entidade
competente para decidir a matéria penal e aplicar penas e medidas de segurança criminais
constitui uma garantia das pessoas.
28. APRESENTA O SIGNIFICADO DO PRINCÍPIO DA CULPABILIDADE
O princípio da culpabilidade significa que a pena se funda na culpa do agente pela sua ação
ou omissão, isto é, em um juízo de censura do agente por não ter agido em conformidade com o
dever jurídico, embora tivesse podido conhecê-lo, motivar-se por ele e realiza-lo.
A culpa pressupõe a consciência ética, isto é, a capacidade prática da pessoa de dominar e
dirigir os próprios impulsos psíquicos e de ser motivado por valores e a liberdade de agir em
conformidade, sem admissão das quais não se respeita a pessoa nem se entende o seu direito à
liberdade.
29. FAÇA MENÇÃO ÀS CONSEQUÊNCIAS DO PRINCÍPIO DA CULPABILIDADE QUE ESTUDOU
- A exigência de dolo ou negligência e consequente afastamento da responsabilidade
simplesmente objetiva;
-A necessidade de que a pena se refira a facto próprio (exclusão da responsabilidade coletiva ou
por facto de outrem);
- A necessidade de ter em conta a situação concreta em que o agente se encontrava ao tempo de
cometer o crime para que as circunstâncias concorrentes possam exercer o seu papel excludente
ou redutor da pena;

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- Exigência de que a pena seja proporcionada à culpa do agente, isto é, que entre o castigo e o
facto exista um equilíbrio.
30. DIGA QUAL É O SIGNIFICADO DO PRINCÍPIO DA HUMANIDADE DAS PENAS E DIGNIDADE
DA PESSOA ENQUANTO LIMITE DA DURAÇÃO E EXECUÇÃO DAS PENAS
A pena como ultima ratio das sanções jurídicas
A pena é uma amarga necessidade, um ato de força, a ultima ratio de que lança mão a
sociedade para fazer respeitar as suas normas. O poder punitivo deve ajustar-se ao
humanitarismo, que não deve entender-se como simples caridade ou benevolência, mas como
manifestação do respeito pela pessoa, e à necessidade social do castigo.
A dignidade da pessoa humana como limite de duração e da execução das penas
O princípio da humanidade das penas, enquanto limite do poder punitivo do Estado, é,
porventura o princípio que em maior medida carateriza a evolução do sistema penal
contemporâneo. O princípio da humanidade das penas é incompatível com sanções que
atinjam a própria dignidade da pessoa, como a pena de morte, as penas corporais e
infamantes, as penas privativas de liberdade de duração excessiva ou com caráter perpétuo ou
de duração ilimitada ou indefinida (art.ºs 28.º, n.º 2, e 33.º da CRCV).

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