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ESCOLA UBERABINHA
o espaço arquitetônico como estímulo
no crescer
Uberlândia | 2020
AGRADECIMENTOS
”
INDIVIDUAL,MAS UM SABER DA
SOCIEDADE. O QUE DESEJAMOS ?
05
SUMÁRIO
02
Introdução 08
PerspectivaRegional
Justificativa 09
A realidade escolar de Uberlândia 46
Objetivo Geral 09
Método
01
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A Escola Pública 60
Arquitetura Escolar
Os edifícios escolares no Brasil – Contextualização histórica 14
03
PROJETO
Área de estudo 72
Primeiro Estudo 95
08
e a analogia comparativa entre arquitetura prisional e escolar. O capítulo OBJETIVO GERAL
seguinte, “Perspectiva Regional”, aborda o cenário escolar na escala
regional de Uberlândia, além de analisar duas escolas de programas
O objetivo principal dessa pesquisa é o desenvolvimento de um
similares situadas na cidade. Por fim, no capítulo “Projeto” faz-se uma
projeto arquitetônico para uma Escola de Educação em nível
leitura urbanística inicial baseada nas análises e diagnósticos de áreas
Fundamental na cidade de Uberlândia. Visa-se dialogar a proposta
de intervenção possíveis para, posteriormente, proceder às proposições
arquitetônica com princípios metodológicos a serem implantados no
arquitetônicas.
ensino, provendo a ambiência adequada para a aprendizagem e
vivências no processo educacional.
JUSTIFICATIVA
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
A partir das transformações no modo de vida e no âmbito educacional
devido à globalização e modernização das relações sociais, surge o Elaborar uma breve retrospectiva histórica acerca das tipologias
interesse em se desenvolver a pesquisa na área de Arquitetura Escolar. arquitetônicas escolares, pontuando os aspectos positivos e negativos
O desafio e sensibilidade requerida em prol de se colocar a escala da dos edifícios e das épocas estudadas;
criança na abordagem do tema e no processo projetual, motiva a Identificar os parâmetros relacionados à qualidade do ambiente
visualização do espaço de uma maneira diferente do usual, além disso, escolar através de estudos de projetos similares;
justifica-se o trabalho proposto através da contribuição profissional Elaborar um estudo de projetos escolares eficientes acerca da boa
arquitetônica-urbanística acerca do desenvolvimento de um projeto que relação entre espaço arquitetônico e projeto pedagógico;
não só atenda às demandas escolares mínimas, mas que também Identificar as condicionantes físicas, econômicas, culturais e
encante os usuários e supere os problemas advindos da escola conceituais do entorno necessárias para a elaboração do programa
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Desenvolver um projeto arquitetônico de escola em nível
fundamental que atenda crianças e adolescentes de baixa renda.
MÉTODO
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Figura 1. Avenida São João em 1930, São Paulo.
Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/caderno-g/literatura/de-provincia-a-
metropole-livro-retrata-o-desenvolvimento-de-sao-paulo-9glir9cwkxhxd1rigarbi1cic/
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Continuando a retrospectiva histórica, a tipologia arquitetônica escolar A primeira escola graduada de ensino primário público surge no
começa a surgir quando as escolas primárias se organizam em classes estado de São Paulo em 1890. A partir disso, o primeiro edifício
sequenciais. Segundo um estudo abarcando as escolas primárias construído e projetado por Ramos de Azevedo, em meados de 1893
francesas do século XIX –que eram referências em ensino para o especificamente para a implantação de uma escola primária na capital
Brasil–, Bernard Toulier (1982) reforça a importância da do estado, foi denominado de Escola Modelo Luz (figura 3) e
monumentalidade das edificações escolares e aponta que essa posteriormente, Grupo Escolar Prudente de Moraes. (BUFFA; PINTO,
tipologia arquitetônica deve se diferenciar das demais de modo a 2002, p. 33)
encantar os olhos infantis.
No período republicano do Brasil destacam-se as
atuações dos seguintes arquitetos na construção dos
primeiros edifícios escolares: Victor Dubugras, José Van
Humbeeck, Manuel Sabater, Giovanni Battista e
principalmente, o brasileiro com formação na cidade
belga de Gand, Ramos de Azevedo. Nessa perspectiva, a
característica marcante das escolas primárias era o
projeto-tipo, ou seja, uma planta-tipo que seria possível
de se implantar em diferentes terrenos e diversas
cidades do interior do estado de São Paulo, mudando, na
maioria das vezes, somente o desenho da fachada,
adquirindo agilidade, redução de custo e replicação
Figura 3. Escola Modelo Luz, 1905, projetada por Ramos de Azevedo.
Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. rápida da tipologia arquitetônica.
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Assim, esses edifícios (figura 4) são majoritariamente térreos e Os projetos personalizados, adaptados à topografia, mais sofisticados
possuem simetria separando a edificação em duas alas (masculina e e com qualidade elevada dos acabamentos, adquirindo um caráter
feminina). Nas tipologias escolares com dois andares, a separação dos único, são mais comuns nas Escolas Normais, entretanto, eram
alunos por sexo se dá por pavimento, conforme as normas dos grupos compostos pelos mesmos ambientes das escolas primárias, acrescidos
escolares. A edificação possui basicamente oito salas de aula no total, de biblioteca, anfiteatro e laboratórios. Os edifícios de Escolas Normais
com metade do número para cada sexo e alguns ambientes destinados do período republicano que mais se destacam são: a Escola Normal
ao uso administrativo. O galpão e os banheiros são unidades anexas à situada na Praça da República e inaugurada em 1894, projetada por
escola e conectados a ela por corredores cobertos e são designados ao Ramos de Azevedo e a Escola Normal de São Carlos (SP), projetada por
recreio coberto, atividades de ginástica e festas cívicas. (BUFFA; PINTO, Carlos Rosencrantz, em 1911 (figura 5).
2002, p. 37)
Figura 4. Planta Grupo Escolar do Brás, São Paulo. Fonte: BUFFA. PINTO, 2002. Figura 5. Escola Normal Secundária de São Carlos, São Paulo.
1. sala de aula. 2. circulação. 3. hall de entrada Fonte: https://biblioteca.ibge.gov.br/biblioteca-catalogo.html?view=detalhes&id=443261
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O intuito do ensino elementar dos grupos escolares era pautado nas público se torna crescente, forçando alterações no projeto pedagógico
dimensões gerais sobre o homem, a sociedade e o mundo, abrangendo dos grupos escolares. Além disso, os materiais didáticos necessários
assim, a educação integral, física, intelectual e moral dos alunos. No ao ensino pautado nas “lições de coisas” se tornam cada vez mais
plano pedagógico, elaborado pelos responsáveis políticos e educadores escassos, dificultando a prática do método nas escolas. Assim, o grupo
da era republicana, se ausenta a doutrina cristã no ensino, explicado escolar começa a entrar em decadência em 1928 com o
pelo caráter laico da nova forma de governo do Brasil. A partir disso, tresdobramento² de turnos escolares, deixando de ser uma escola
vale ressaltar que a intenção dos políticos e educadores republicanos modelo selecionada e tornando-se uma instituição de ensino
era um projeto de educação popular, baseado nos princípios da massificada, assimilando as dificuldades contemporâneas
racionalidade, objetivando a expansão da escolaridade para as camadas familiarizadas. (INFANTOSI, 1983, p.121)
populares. Historiadores afirmam que a década de 1930 foi marcada por rupturas
O ensino intuitivo idealizado e idolatrado pelos grupos escolares políticas, econômicas, sociais e culturais no Brasil. A partir do ponto de
encontrava-se na segunda metade do século XIX difundido em larga vista político, explica-se esse acontecimento através do golpe de estado
escala na Europa, porém, no Brasil o método só se perpetuou em São por Getúlio Vargas, gerando uma queda na influência do coronelismo e
Paulo no final do século XIX e início do século XX. Tal método de ensino uma maior participação política por parte da população.
é baseado na observação, sendo conhecida como “lições de coisas” que Economicamente, se destaca o advento da industrialização, que gerou
consiste basicamente em experimentações, aulas práticas e estímulo impactos em todas as camadas da sociedade: política, econômica,
para a aprendizagem dinâmica das crianças. (RODRIGUES, 1930, p. 220- social e cultural, elevando a procura por educação escolar, devido às
221) necessidades de capacitação para as novas formas de trabalho.
Entretanto, a partir das novas formas de vida urbana-industrial¹ e o (BUFFA; PINTO, 2002, p. 65)
crescimento descontrolado da população, a demanda pelo ensino Conjuntamente com a fundação da Associação Brasileira de Educação
público
¹ A partir do século XX a população que antes viviam majoritariamente no campo ² Triplo turno das atividades escolares, os períodos destinados à essas atividades
começam a migrar para as cidades no então chamado êxodo rural. Esse fenômeno se tinham duração de três horas em cada turno.
17 dá em função da Revolução Industrial.
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(ABE), na década de 1920 surge um grupo de intelectuais dispostos a leitura e biblioteca que poderiam ter acesso público em períodos
modificar os métodos da educação tradicional. A reforma do ensino noturnos; assistência médica, dentária e higiênica; ambientes
também chamada de “Escola Nova” tinha como prioridade a criança administrativos anexos e de acordo com a lotação da escola. Em
como centro do processo de ensino-aprendizagem e a evolução dessa relação ao “estilo classicizante”, utilizado em larga escala no período
educação de modo que o indivíduo saberia lidar com as modificações republicano, as novas escolas são influenciadas pelos princípios da
constantes do mundo. Essa fase é marcada pelo aumento da arquitetura moderna. (BUFFA; PINTO, 2002, p. 47)
preocupação com as questões higiênico-sanitárias das edificações Ao contabilizar 11 edifícios dos grupos escolares paulistas no período
devido às epidemias, verminoses e doenças infantis fatais desse entre 1936 a 1938, essas edificações se mostram mais relevantes na
período. perspectiva arquitetônica do que as demais 400 obras encontradas no
Em 1936, o médico, professor e diretor de ensino Antonio de Almeida período de 1920 até 1950 (FERREIRA et al., 1998, p. 93). Assim,
Júnior lança alguns princípios arquitetônicos para os novos prédios dos identificam-se as inovações tecnológicas impulsionadas pelos
grupos escolares paulistas, tais como: soluções que priorizem a princípios modernos como a implantação do edifício de acordo com a
insolação e ventilação dos ambientes, localização adequada de acordo insolação e ventilação, separação entre estrutura e vedação, utilização
com a minimização dos ruídos sonoros, poluição, dimensionamento e do concreto armado, grandes caixilhos de ferro e vidro, elevação do
área ampla para abrigar espaço para educação física, pátio e jardins. edifício sob pilotis, entre outras características. Pode-se citar como um
Assim, nota-se que pela primeira vez, os aspectos construtivos das dos nomes mais importantes do período o engenheiro e arquiteto
escolas do Estado foram tratados por profissionais especializados e formado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) em
com a devida relevância. 1922: José Maria da Silva Neves.
Além disso, institui-se a implementação de auditório para diversas
funcionalidades como jogos, canto, cinema, festas, reuniões; sala de
.......................
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LEGENDA:
01. HALL E MUSEU 14. DIRETOR ÁREAS SÓCIO-PEDAGÓGICAS
02. SANITÁRIO MASCULINO 15. ARQUIVO
03. SANITÁRIO FEMININO 16. SECRETARIA
04. SALA DE AULA 17. VESTIÁRIO
05. GUARDADOS 18. PALCO ÁREAS DE ASSISTÊNCIA
06. BIBLIOTECA 19. GALPÃO
07. PROFESSORES 20. COZINHA
08. MATERIAL ESCOLAR 21. DISTRIBUIÇÃO
09. DENTISTA 22. NUTRICIONISTA ÁREAS TÉCNICO-ADMINISTRATIVAS
10. MÉDICO 23. DEPÓSITO
11. ASSISTENTE SOCIAL 24. SERVENTES
12. SALA DE ESPERA 25. ZELADORIA
13. ALMOXARIFADO 26. PÁTIO CIRCULAÇÃO
Figura 7. Projeto Arquitetônico do Grupo Escolar Visconde de Taunay. Autoria de Hélio Duarte. Análise Gráfica: Autora.
Fonte: https://docplayer.com.br/45801917-Convenio-escolar-utopia-construida.html
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Ao analisar a setorização (Figura 7) do projeto arquitetônico do Grupo funcionalidade. Em termos quantitativos, ainda se mostravam
Escolar Visconde de Taunay (1950), localizado no Bairro do Limão em insuficientes em relação ao número de vagas e a distribuição pelo
São Paulo, nota-se que o arquiteto Hélio Duarte organiza o conjunto território do Estado.
através de 3 blocos independentes. O bloco destinado às atividades A corrida entre o acelerado crescimento populacional e a construção
sócio-pedagógicas é composto por 12 salas de aula, evidenciando o insuficiente de escolas para atender essa demanda, além das medidas
núcleo hidráulico associado à circulação vertical que formam um adotadas que preconizavam o ensino nas escolas primárias perdura até
volume externo nesse único bloco que contém 2 pavimentos. Os outros 1971. O levantamento abordado no Relatório feito pela equipe do Fundo
dois blocos do conjunto são destinados às atividades técnico- Estadual de Construções Escolares expõe não só a insuficiência
administrativas e assistência, interligados por uma extensa área livre quantitativa das edificações escolares nesse período, mas também em
que comporta um palco para apresentações. termos qualitativos as mesmas se mostravam inadequadas, obtendo
O grupo Escolar Visconde apresenta, a partir do ponto de vista poucas escolas com ambientes para prática de esportes, oficinas e
arquitetônico, caráter funcional e apesar de se organizar através de 3 atendimento médico.
blocos independentes, esses volumes se conectam com a grande área O plano de ações do Fundo Estadual de Construções Escolares
social da escola, possibilitando encontros de profissionais e alunos. (FECE), consolidado em 1975, resultou na contratação de nomes
Em 1954 se dá o rompimento das atividades do Convênio, ficando a importantes como: Villanova Artigas e Paulo Mendes da Rocha para a
cargo do município as construções escolares, mantendo-se a construção das edificações públicas de São Paulo. Na arquitetura
obrigatoriedade da aplicação de verba mínima no ensino. Porém, o escolar disseminada pela chamada “Escola Paulista” critica-se a falta de
cenário que se tinha da arquitetura escolar em 1960 no estado de São diálogo entre arquitetos e profissionais da área pedagógica, fato que se
Paulo não era satisfatório, resultando-se em muitas construções pode explicar pela preocupação imediata do FECE em sanar o déficit
adaptadas e não necessariamente construídas para essa das vagas nas escolas. (BUFFA; PINTO, 2002, p. 140)
...............................
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Figura 8. Escola de Guarulhos projetada por Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi.
Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural
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No estado de Minas Gerais o processo se mostra semelhante. Para sanar o déficit escolar, o governo “Dois blocos paralelos, de um ou dois pavimentos
buscava soluções padronizadas e de rápida construção, assim, a atuação das autarquias denominadas cada, ligados por um terceiro bloco de circulação
horizontal (e vertical nos do segundo tipo). O espaço
Campanha de Reparo e Restauração dos Prédios Escolares do Estado (CARRPE) e a Comissão de
entre os dois blocos, com cerca de 10 metros de
Construção, Ampliação e Restauração dos Prédios do Estado (CARPE) se mostram importantes para o
largura, é utilizado como pátio de recreação. Para as
período entre 1958 à 1987. tipologias maiores, de uma forma geral, segue-se a
As chamadas Escolas de Lata³ nascem em 1960 da tentativa prática e rápida de solucionar a falta de seguinte distribuição: no térreo ficam dispostos os
vagas nas escolas públicas de Minas Gerais que, à princípio, funcionariam como estruturas sanitários, o refeitório, a cantina, o setor
provisórias. Após essa experiência, a CARRPE foi substituída pela CARPE no ano de 1968, que logo se administrativo, o setor pedagógico e três salas de aula.
aplicou em novas experimentações de caráter econômico e agilidade de construção, traduzindo-se em No segundo pavimento, ficam dispostas as demais
salas de aula. “ (CAMISASSA et al, 2013, p. 9)
elementos padronizados e técnicas construtivas pré-fabricadas. (SILVA; SANTOS, 2016 p. 180)
Ao substituir as instalações provisórias (escolas de lata, imóveis em condições inadequadas,
O projeto-padrão CARPE (figura 11) apresenta
alugados, etc.) surgem no Estado de Minas Gerais a partir de 1970, o projeto-padrão e modular,
soluções que indicam certa preocupação com a
descrito a seguir:
iluminação e ventilação natural. O sistema
construtivo de estrutura aparente apresenta vigas
e pilares pré-fabricados em concreto armado. A
vedação também aparente em alvenaria de tijolo
cerâmico maciço e cobertura feita com amplas
águas de telhas capa e canal conferem
austeridade à todo o conjunto arquitetônico.
Figura 9. Escola de Lata em Cachoeira Dourada, Minas Gerais. Figura 10. E. E. Eng. Amaro Ferreira, MG.
Fonte: http://www.ipatrimonio.org/cachoeira-dourada-escola-de-lata/ Fonte: : http://www.panoramio.com/ (CAMISASSA et al, 2013, p. 12)
³ Escolas que foram construídas utilizando um sistema construtivo baseado no aço, material presente nas estruturas
(pilares e vigas), nas vedações e na cobertura e apresentando uma impactante austeridade estética.
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A CARPE desenvolveu nove padrões arquitetônicos-construtivos à em 1987. A partir disso, a autarquia fundiu‐se à Compania de
serem replicados de acordo com as necessidades locais pelo território desenvolvimento urbano do Estado ‐ CODEURB, dando origem ao
mineiro. Em suma, os nove projetos padrões obtinham praticamente as Departamento de obras públicas do Estado ‐ DEOP que passou a
mesmas especificações, variando apenas algumas soluções de centralizar projetos e obras do Estado.
estrutura (alvenaria estrutural ou concreto armado aparente), cobertura A partir disso, nota-se que há uma predisposição ligada à
(telhas cerâmicas, amianto ou platibanda), quantidade de pavimentos e padronização de projetos arquitetônicos escolares no Brasil. Esse tipo
vedação (aparente ou revestida). As construções seguiam os preceitos de solução tem o intuito de adquirir agilidade e redução de custos que,
da arquitetura do Movimento Moderno no Brasil pelo caráter brutalista geralmente, são aspectos requeridos pelos órgãos públicos
aplicado e soluções projetuais pautadas na modulação, racionalização, responsáveis pela construção de edifícios escolares pelo país. Apesar
padronização, etc. (SILVA, 2016, p. 5 e 6) das escolas ilustradas datarem em meados da segunda metade do
Em meio à críticas do Plano Estadual de Educação e arquitetos locais século XX, analisa-se que mesmo na atualidade, muitos desses edifícios
relacionadas à padronização e massificação dos projetos escolares, a escolares se perduram ou seguem os mesmos preceitos dos projetos-
CARPE continuou atuando no estado de Minas Gerais até sua extinção padrões.
.........................
Figura 11. Escola Estadual Padrão do DEOP – em obras. Figura 12. Escola Normal Oficial de Montes Claros – Padrão CARPE.
Fonte: : SILVA, 2016 Fonte: : SILVA, 2016
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1.2. Relação entre as metodologias de ensino e artísticas, manuais, etc. A concretização da ideia de Anísio é dada
o ambiente construído parcialmente pela construção do Centro Educacional Carneiro Ribeiro
entre os anos de 1946 e1947 em Salvador. (BUFFA; PINTO, 2002, p.
Anísio Teixeira (1900-1971) abordava a educação como um processo 106)
de frequente reorganização e restruturação, não distinguindo vida e
escola, mas sim relacionando-as como um ciclo simultâneo e dando a
real importância à renovação desses conceitos no decorrer do tempo.
Para ele, o trabalho educacional desenvolvido no período republicano
brasileiro foi de grande valência, porém contesta que ao estabelecer a
escola primária democrática – mesmo com recursos insuficientes –, o
Estado de São Paulo simplificou as escolas, onde adquiriu-se apenas a
funcionalidade de alfabetizar as pessoas (TEIXEIRA, 1968, p.78).
Influenciado pelas viagens internacionais e para exemplificar seus
ideais metodológicos de ensino cita-se a diferenciação conceitual de
Anísio Teixeira entre instrução e educação. A proposta dele consistia na
implantação da escola-classe e escola-parque concomitantemente,
alternando-se os grupos de alunos em 4 horas diárias em cada uma.
Assim, na escola-classe se dava a instrução dos alunos por classes
mantendo-se a tradição, já na escola-parque adquiria-se os princípios da
Figura 13. Ambiente Educacional no Centro Educacional Carneiro Ribeiro, Salvador.
educação moderna com a realização de diversas atividades físicas, Fonte: Acervo IPAC.
mmmmmmm
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Além desse Centro Educacional, também conhecido como “Escola o ensino tradicional ultrapassado e as práticas educacionais modernas,
Parque da Bahia”, apontam-se outras obras importantes de Anísio onde não havia propostas inovadoras, como na arquitetura, para o
Teixeira, tais como: Escolinha de Arte do Brasil; Sociedade Brasileira sistema de ensino no Brasil.
para o Progresso da Ciência; Sociedade Pestallozzi do Brasil e A arquitetura escolar perde a força como instrumento de educação
Universidade do Distrito Federal. Ademais, vale ressaltar que os devido à falta de diálogo entre o ambiente de ensino e um planejamento
princípios pedagógicos do educador Anísio Teixeira influenciaram a Lei pedagógico eficiente e preocupado com as questões educacionais,
de Diretrizes e Bases (LDB, 1996) que provocou significantes avanços sociais e culturais. Logo, a arquitetura escolar está diretamente ligada
na qualidade do ensino no Brasil. (KOWALTOWSKI, 2011, p. 31) ao contexto cultural no qual se insere, cuja se dá em função de uma
A partir das ideias de Anísio Teixeira torna-se possível visualizar que proposta pedagógica antenada à esses aspectos. Sendo assim, as
ao decorrer da década de 1940 os profissionais da área de arquitetura e atividades estabelecidas e projetadas no plano pedagógico de uma
educação já obtinham o esclarecimento de que a escola não é apenas escola deve dar suporte na concepção conceitual e no programa de
um objeto propício a instruir o ser humano. Além disso, a Comissão necessidades para o projeto arquitetônico. (KOWALTOWSKI, 2011, p.
Executiva do Convênio afirmava que o ambiente educacional deveria 12)
funcionar como um centro comunitário irradiador de cultura. (BUFFA; O ensino fundamental e médio com a estrutura em que se conhece na
PINTO, 2002, p. 115) atualidade brasileira – 1º ao 9º ano no ensino fundamental e 3 anos de
Com o advento da industrialização, os alunos de classes sociais ensino médio – é relativamente recente. Após muitas reformas e
baixas começaram a ocupar lugares nas cadeiras das escolas dos adaptações no âmbito educacional ao longo dos anos estabeleceu-se
grupos escolares paulistas, tornando-se necessário a adequação do em 2006 pela lei 10.172/01 e pelo Plano Nacional de Educação (PNE) a
ensino para todos baseando-se nas experiências reais de vida e na estrutura do ensino básico como se estabelece até então, provocando
comunicação. Já na década de 1960, o que se tinha era a mistura entre muitas opiniões diferentes em decorrência da mudança curricular do
o ensino tradicional ultrapassado e as práticas educacionais modernas, mmmmmmmmm
onde não havia propostas inovadoras, como na arquitetura, para o
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sistema de ensino no Brasil.
01
ensino fundamental. pedagógicos cuja criança não desenvolve somente seu lado intelectual
O Brasil muito se referenciou no ensino aplicado no continente na escola, mas também entra em contato com aprendizados cotidianos.
europeu e, posteriormente, na América do Norte para estabelecer as O ensino das atividades domésticas no meio escolar é benéfico de
práticas educacionais vigentes. Porém, vale ressaltar métodos modo que se introduzem a individualidade e os meios de colaboração,
pedagógicos implantados na Ásia, mais especificamente no Japão e incentivando a criança a obter uma relação mais afetiva com o
Coreia, como exemplos de resultados satisfatórios no cenário atual. ambiente escolar e consequentemente uma maior valorização do
Ao abordar algumas metodologias empregadas na educação espaço.
nacionalmente e internacionalmente, evidencia-se a pedagogia Em relação ao projeto arquitetônico, indica-se que a arquitetura
concebida por Maria Montessori (1870-1952). O chamado “Método escolar que contempla o método pedagógico de Montessori deve
Montessori” possui um grande destaque voltado ao material didático prover-se de amplos e diversos armários ou prateleiras para o
elaborado especificamente para o ensino. .................... armazenamento do material didático, além de
Ele adquire tamanho, formas e texturas equipamentos e mobiliários para cozinha e
diferentes, estimulando o espaço espaços livres sem obstáculos físicos para que
arquitetônico a abrigar diversas as crianças possam manejar o também chamado
atividades simultaneamente, inclusive “material dourado”. Fundamentado nos conceitos
ações cotidianas como cozinhar, limpar, de liberdade, atividade e individualidade, o
guardar, etc. (KOWALTOWSKI 2011, p. 25) material foi especificamente pensado de modo a
Assim, torna-se possível analisar pontos estimular a atividade individual, onde o professor
positivos em relação ao “Método exerce um papel secundário de auxílio nas
Montessori” e aos demais planos Figura 14. Material didático do método Montessori. atividades e dúvidas quanto ao material didático.
Fonte: KOWALTOWSKI, 2017.
pedagógicos
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Nessa perspectiva, não há a dissociação entre o ambiente construído grandes. A justificativa para os resultados se dá através do
escolar e o plano pedagógico. O sistema educacional que se adota na distanciamento que existe para os alunos ao fundo da sala de aula e
escola condiciona diretamente o mobiliário, a organização espacial, os que gera uma perda do entendimento e audição ao que se discute na
materiais a serem utilizados em determinados ambientes para que parte frontal do ambiente, colaborando com o desinteresse dos alunos
receba atividades específicas, etc. Sendo assim, existem algumas nas discussões propostas.
indicações de qualidade em uma escola que podem ser observadas Problemas relacionados ao vandalismo em ambientes escolares
através da proposta pedagógica, a gestão e administração, o número de podem ser sanados por meio da analogia entre escola e comunidade,
alunos, além das dimensões e equipamentos no ambiente escolar. bem como escola e aluno. Alguns estudos mostram a complexidade em
(KOWALTOWSKI, 2011, p. 38) estabelecer as causas do problema de degradação desses espaços.
Através de um estudo baseado em técnicas da psicologia ambiental Campello e Engelsberg (1993), por exemplo, consideram como
apresentado por Barker e Gump (1964) é possível analisar que as condicionantes importantes os aspectos psicológicos do aluno que
escolas grandes em termos dimensionais com quantidade superior a desvaloriza o espaço, a localidade da escola no bairro e as
500 alunos não se sobressaem em relação às escolas menores nas características físicas da estrutura. Assim, os resultados da pesquisa
questões educacionais. As escolas menores, nesse sentido, possuem mostram que as referências afetivas em relação aos materiais e as
uma maior participação dos estudantes em atividades extras, como por soluções arquitetônicas e construtivas tornam o ambiente escolar
exemplo: o jornal da escola, grêmios, corais, entre outras. importante para os usuários daquela região.
Nesse contexto, Sommer (1969) fez uma análise em relação à Apesar da importância da humanização do projeto arquitetônico na
participação dos alunos em uma discussão nas salas de aula com produção de um espaço escolar confortável, gerando uma maior
organização tradicional em fileiras. As escolas pequenas tiveram afetividade dos usuários com o meio, pontua-se que somente essa
resultados potencialmente melhores do que as escolas médias e medida não exclui os atos de vandalismo no ambiente escolar.
vvvvvvvvvv ..............................
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Sendo assim, a qualidade construtiva da edificação não basta para a comunidade com o equipamento, além de várias outras ações, formam
exclusão do comportamento de degradação, cujas causas se mostram um conjunto na consolidação de uma escola que não só contribui para a
complexas e de difícil associação, porém o impacto de um ambiente profissionalização, mas também auxilie na formação de pessoas
educativo agradável e acolhedor é significativo para a redução desses humanitárias e conscientes.
atos. Entretanto, o que se observa na atualidade é a progressiva
desvalorização do profissional de educação e o aumento da tendência
ao ensino a distância que possui divergências de opiniões sobre a sua
eficácia. As inovações tecnológicas e a implementação das novas
formas de aprendizagem no âmbito educacional é benéfica, porém o
perfil dos alunos dentro de um ambiente escolar são inúmeros e
variados, fazendo-se necessária a minuciosa atenção e
acompanhamento do professor às necessidades específicas de cada
criança dentro de uma sala de aula.
Desse modo, Kumpulainen e Wray (2002) aconselham um número
Figura 17. Imagem demonstrativa do ato de vandalismo em escolas.
Fonte: http://www.itapevirealidade.com/2018/02/15/cemeb_vandalismo/ menor em torno de 15 alunos por classe quando se trata de crianças no
É incontestável que as condicionantes qualitativas de uma escola ensino fundamental. Já em relação ao ensino médio e superior reduz-se
ultrapassam o valor espacial que o projeto arquitetônico pode a quantidade de alunos para 8, de modo a se obter discussões mais
proporcionar. Aspectos como a valorização do profissional de ativas de cada pessoa do conjunto e um controle maior das atividades
educação, participação da família no processo educacional, cuidados por parte do professor. Logo, as proposições e princípios
físicos e psicológicos das crianças, a manutenção, o valor afetivo da metodológicos estudados servem de auxílio no desenvolvimento
nnnnnnnnnnnnnn nnnnnnnnnnnn
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conceitual de um projeto arquitetônico escolar, onde as teorias 1.3. A analogia tipológica entre as arquiteturas
metodológicas servem como base referencial para o conceito
escolar e prisional
educacional em que a instituição se propõe a implementar no ensino
das crianças e adolescentes.
Pode parecer inusitada a comparação entre a arquitetura escolar e
prisional, em um primeiro momento, devido às suas funcionalidades
distintas; porém, ao se atentar às tipologias arquitetônicas desses
equipamentos públicos podem-se notar as surpreendentes
semelhanças na configuração espacial e até mesmo nas condutas de
controle adotadas nessas instituições. Vale ressaltar a premissa de que
ambas concepções arquitetônicas têm caráter educativo, uma vez que o
sistema prisional geralmente obtém o papel de reinserção do infrator na
sociedade por meio da punição de um crime ou delito e a escola auxilia
no preparo social, cultural e intelectual do ser humano.
As inovações e tecnologias incorporadas no cenário construtivo,
principalmente a partir do século XX, pouco reverberaram no modo de
pensar o projeto arquitetônico dos presídios e escolas. Sendo assim, o
que se observa na atualidade são muitos edifícios seguindo os mesmos
preceitos das tipologias escolares e prisionais do século passado.
Segundo Foucault (1987), no sistema carcerário os equipamentos de
controle e segurança sempre foram priorizados em detrimento dos
bbbbbbbbbb
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01
elementos de higiene e aprendizagem, visto que o método educacional O modelo Panóptico idealizado por Jeremy Bentham em 1795 para
da pena no sistema prisional está relacionado à disciplina. Sendo assim, servir de matriz na construção de edificações com função prisional é
mesmo encontrando concepções projetuais alternativas e mais estruturado em uma circunferência perfeita com um pátio central, onde
“humanizadas” para edifícios que abrigam penitenciárias em variados se localiza a torre de vigilância. Foucault expõe seu ponto de vista em
países, essas medidas sempre divergem opiniões devido ao caráter relação ao modelo de Bentham da seguinte maneira:
punitivo dessas instituições.
Daí o efeito mais importante do Panóptico: induzir
no detento um estado consciente e permanente de
visibilidade que assegura o funcionamento
automático do poder. (Foucault, 1987, p. 224)
Figura 18. Foto externa da prisão de Halden na Noruega, considerada uma das mais Figura 19. Foto interna da prisão de Halden na Noruega, considerada uma das mais
confortáveis do mundo. Fonte: https://foreignpolicy.com/slideshow/the-super-lux- confortáveis do mundo. Fonte: https://foreignpolicy.com/slideshow/the-super-lux-
super-max/ super-max/
34
01
Nessa perspectiva, torna-se possível a analogia em relação ao modelo Sendo assim, faz-se uma analogia entre as tipologias prisionais e
panóptico e a arquitetura escolar, cujo pátio central nas duas tipologias escolares. A tabela comparativa tipológica 1 mostra a relação entre o
mencionadas cumpre o papel de fiscalização por um superior. No caso modelo panóptico das prisões com a tipologia de escola organizada a
da escola, o pátio também pode exercer a função recreativa, não partir de um pátio central. Vale ressaltar que nos dois modelos
excluindo seu papel de visibilidade do conjunto de salas de aula. Por apresentados, os princípios de vigilância e controle são dados em
intermédio de uma análise setorial envolvendo as duas tipologias função do ambiente central, no caso da penitenciária o instrumento
arquitetônicas, encontra-se a similaridade entre os modelos que obtêm remediador da vigilância é a torre central e no caso escolar: o pátio
o pátio central como distribuidor dos demais ambientes da edificação, central.
alternando as celas da arquitetura prisional pelas salas de aula das
instituições escolares.
TIPOLOGIA PANÓPTICA PÁTIO CENTRAL
35
01
Tabela 1. Analogia da arquitetura prisional panóptica e padrão escolar organizado a partir do pátio central.
Fonte: Autora.
Figura 21. Planta e corte esquemáticos do modelo panóptico. Figura 22. Concepção do modelo panóptico.
Fonte: COSTA, 2018, p.26 Fonte: COSTA, 2018, p.26
36
01
Nesse contexto, pode-se relacionar a organização setorial das Além disso, nota-se que a demonstração de poder no ambiente
escolas ao redor de um pátio central, que cumpre a função de reunir os escolar também se perpetua na escala da sala de aula tradicional. O
alunos no horário de intervalo entre aulas, mas também, se torna um professor, frequentemente, se situa na parte frontal do ambiente em
espaço propício à supervisão devido a distribuição das salas de aula se uma área com nível mais elevado do que os alunos, de modo a
convergindo para o pátio. A estruturação de ambientes em torno do supervisionar todo o espaço, essa organização do ambiente
claustro surge na Europa entre os séculos XII e XV devido as referências educacional estabelece uma relação distante e de superioridade do
de edifícios religiosos como mosteiros e conventos, assim entre os professor diante do aluno, dificultando o vínculo e aproximação dos
séculos XVI e XVIII a função do claustro se expande ao pátio escolar mesmos.
que também atende as questões higienistas de ventilação e iluminação Um estudo sobre a evolução do espaço penitenciário aponta que no
dos ambientes internos. (COSTA, 2018, p. 31) Brasil pode-se identificar quatro grupos de padrões projetuais distintos
.......................
Figura 23. Escola Básica Secundária Passos Manuel em Portugal vista a partir do pátio Figura 24. Penitenciária Feminina de Tupi Paulista vista a partir do pátio central.
central. Fonte: https://www.parque-escolar.pt/pt/escola/005 Fonte: http://www.saopaulo.sp.gov.br/
37
01
para a arquitetura prisional que se desenvolveu no país a partir da uma circulação mais fluída de modo a facilitar a organização dos
década de 1960. Além do modelo panóptico já citado, identifica-se a espaços comuns, se assemelhando a um Centro de Detenção Provisória
configuração chamada “espinha de peixe” ou “poste telegráfico”, o (Figura 25), porém com mais vagas para os detentos em regime
“estilo pavilhonar” e a estrutura “compacta” ou “sintética”. (CORDEIRO, fechado e ambientes como: cozinha, salas de aula, oficinas, etc.
2005, p. 3) Sendo assim, outra relação se torna possível através da configuração
A estrutura prisional em “espinha de peixe” ou “poste telegráfico” se em “poste telegráfico” e a tipologia de escolas que possuem um
configura na modulação das alas prisionais perpendicularmente a um corredor central distribuidor dos ambientes educativos. A tabela 2
corredor central que percorre todas as acomodações dos presos e o mostra a partir da planta arquitetônica escolar, a presença de um
“estilo pavilhonar” na construção de pavilhões isolados para corredor central que distribui os espaços da escola em comparação à
carceragem, cozinha, lavanderia, administração, etc. Já a estrutura tipologia prisional em “poste telegráfico” que possui os mesmos
“compacta” ou “sintética” possui uma proximidade maior dos módulos e princípios organizacionais, porém em uma escala maior e com múltiplos
pavilhões de celas ligados por uma circulação central onde se é feita a
vigilância dos detentos.
1 2 3 4
38
01
Tabela 2. Analogia da tipologia prisional em “poste telegráfico” e padrão escolar organizado a partir do
corredor central. Fonte: Autora.
39
01
quanto da necessidade de minimização acústica e visual nas salas de Logo, é possível verificar as semelhanças entre a tipologia
aulas de um ambiente escolar. arquitetônica escolar e prisional. As condições físicas de manutenção e
higiene podem se diferenciar, tornando-se potencialmente mais
precárias em ambientes carcerários, porém a estrutura organizacional
dos edifícios dessas instituições se assemelham devido à necessidade
prática de distribuição das celas nas penitenciárias e dos ambientes
educacionais nas instituições de ensino, além dos métodos de controle
e supervisão inevitáveis em ambas tipologias arquitetônicas.
A partir do ponto de vista econômico e técnico algumas dessas
tipologias tradicionais prisionais (mencionadas anteriormente), que
também são comumente encontradas em escolas, bibliotecas,
hospitais, comércios, edifícios executivos e entre outros ambientes com
funções sociais, tendem a atender satisfatoriamente às demandas
técnicas e funcionais das instituições. Além disso, esses modelos de
arquitetura, geralmente, respondem às questões higienistas de
ventilação e iluminação, sendo a concepção modular capaz de propiciar
uma economia e racionalização do projeto. Entretanto, ao se atentar ao
edifício escolar como parte da aprendizagem do aluno, essas tipologias
podem se mostrar limitadas e ultrapassadas.
No âmbito dessa discussão, a estrutura do ambiente escolar pode
Figura 30. Interior da penitenciária de São Paulo.
Fonte: http://www.sap.sp.gov.br influenciar positivamente ou negativamente na aprendizagem de jovens
..................
41
01
e crianças. Ao pensar o projeto arquitetônico de qualquer edificação, princípios de projeto de arquitetura não são valorizados como deveriam
entende-se como premissa os usos reais e atividades a serem nas tipologias estudadas, a partir dessa análise lista-se por conseguinte
desenvolvidas, portanto, questiona-se como as tipologias escolares e algumas premissas projetuais que objetiva-se aplicar no projeto
prisionais -que apresentam finalidades completamente distintas- podem arquitetônico escolar na busca de um espaço contribuinte para a
indicar semelhanças referentes às suas organizações espaciais. aprendizagem e vivência dos alunos.
Ainda que as tipologias prisionais e escolares apresentadas
anteriormente se mostrem econômicas e racionais, o projeto
arquitetônico escolar pode adotar medidas de modo a minimizar os
custos da construção, porém implementando soluções que o torne
único, flexível e funcional.
No entanto, a reflexão procurou validar-se em torno da recusa de o
projeto arquitetônico escolar seguir o caráter tipológico prisional.
Apesar do projeto arquitetônico escolar surgir em prol de necessidades
técnicas e funcionais, o mesmo deve promover a ambiência adequada à
educação, além de seguir princípios metodológicos atuais e modernos,
de modo a estimular a aprendizagem partindo de premissas conceituais
que valorizem a independência do aluno.
Através da análise comparativa das tipologias prisionais e escolares
entende-se que algumas soluções são benéficas do ponto de vista
econômico e funcional, como por exemplo a modulação e
racionalização do projeto. Em contrapartida, nota-se que alguns
..............
42
01
Figura 31. Lista de princípios importantes observados a partir da análise das tipologias.
43 Fonte: Autora
Figura 32. Praça Antônio Carlos ou Paço Municipal, atual Clarimundo Carneiro.
Fonte: http://www.museuvirtualdeuberlandia.com.br/site/praca-clarimundo-carneiro-antiga-antonio-carlos/
02
Colégio Brasil Central e o Colégio Nossa Senhora das Lágrimas, sendo Ginásios Estaduais, sendo as escolas governadas pelo município
essas particulares. Na década de 1930, criou-se o Grupo Escolar Minas aquelas situadas na zona rural em que o ensino se mostrava fraco e o
Gerais, Coronel Carneiro, Joaquim Saraiva e o Bom Jesus situado no professor não necessitava de formação para lecionar. Ademais, as
bairro Tabajaras. Além disso, conforme explica Silva, nesse período as estruturas arquitetônicas onde eram ministradas as aulas se
escolas públicas eram vistas como superiores perante às particulares. mostravam, majoritariamente, sem instalações higiênicas e em
(SILVA, 2008, p. 10) condições precárias de ensino que perdura para além da década de
O Estado ficava a cargo de manter os Grupos Escolares e os bons 1960 na zona rural do município de Uberlândia.
..........
.....................
Figura 34. Praça Dom Pedro II, atual Adolfo Fonseca com o Museu ao fundo. Uberlândia, MG. Figura 35. Ginásio Mineiro de Uberabinha em 1930. Uberlândia, MG.
Fonte: Acervo Público Municipal de Uberlândia. Fonte: Acervo Público Municipal de Uberlândia.
47
02
Muitas escolas surgem na região de Uberlândia no decorrer da década A partir dessa retrospectiva encontra-se atualmente, um cenário
de 1960, sendo essas com características comerciais de ensino. É regional de Uberlândia muito divergente do que se obtinha em relação
também nesse período que se estabelecem em Uberlândia as primeiras às décadas antecessoras. Com o crescimento virtuoso da região e o
instituições de ensino superior, sendo as de Direito e Filosofia pioneiras salto migratório de outros estados do país explicado, principalmente,
na cidade. Vale ressaltar que até meados de 1960, as escolas que através da federalização da Universidade de Uberlândia (UFU) a partir da
obtinham bons cursos médios, o Científico e o Clássico, eram capazes década de 1970, a dinâmica e o desenvolvimento urbano do território se
de preparar os alunos para o ingresso no ensino superior, realidade altera consideravelmente, ausentando-se do caráter de uma cidade do
pouco encontrada nas escolas públicas da atualidade. interior do estado de Minas Gerais para se tornar, na atualidade, uma
,,,,,,,,,,, referência para toda a região do Triângulo Mineiro e
Alto Paranaíba.
Conforme aponta um estudo realizado em 2018 pelo
Centro de Pesquisas Econômico-Sociais, a cidade
indica uma queda no seu crescimento demográfico,
porém ainda se mostra em um ritmo de
desenvolvimento acima da média brasileira e do
estado de Minas Gerais no qual se insere. Ademais, a
pesquisa analisa um aumento da população jovem-
adulta em comparação com as demais regiões
vizinhas, estimando-se um total de 704 mil habitantes
Figura 36. Sede provisória da Faculdade de Direito de Uberlândia em 1961. do meio urbano em agosto de 2018 para a cidade de
Fonte: Acervo Público Municipal de Uberlândia.
Uberlândia. (CEPES, 2018, p. 8)
48
02
Além disso, o Censo Demográfico de 2010 (IBGE) indicou o início do Sendo assim, o munícipio pode experimentar um evento demográfico
processo de decréscimo da população infanto-juvenil com idade entre capaz de permitir o desenvolvimento da educação infantil,
zero e 14 anos, independente do sexo, na cidade de Uberlândia. Essa possibilitando uma maior atenção às necessidades infanto-juvenis,
tendência deve se perpetuar pelos próximos anos devido ao avanço dos exemplificando-se com o ensino público de maior qualidade, além de
métodos contraceptivos no sistema de saúde e do planejamento políticas minimizadoras da pobreza e demais ocorrências prejudiciais
familiar. ao desenvolvimento das crianças e adolescentes.
Figura 37. Gráfico com os dados demográficos de Uberlândia por idade em 1991. Figura 38. Gráfico com os dados demográficos de Uberlândia por idade em 2010.
Fonte: Censo IBGE. Fonte: Censo IBGE.
49
02
A taxa de analfabetismo na cidade de Uberlândia também se encontra Segundo levantamento disponibilizado pela Secretaria Municipal de
em diminuição, caindo de 5,04% de acordo com o Censo 2000 (IBGE) Educação de Uberlândia, a cidade comporta 41 unidades de escolas
para 3,74% em 2010, se tratando da população com idade superior a 15 municipais de ensino fundamental e Educação de Jovens e Adultos
anos. Apesar da região se mostrar em desenvolvimento nas últimas (EJA) de um total de 241 instituições de ensino que abarcam toda a
décadas, ainda se observa a porcentagem de 12,41% do contingencial educação básica, além de escolas musicais e Organizações Não
populacional em situação de vulnerabilidade social e pobreza Governamentais (ONG-s) na zona urbana da cidade. Dos bairros que não
totalizando 74.553 habitantes que se encontram nesse cenário. possuem o equipamento público escolar destaca-se o Daniel Fonseca
por estar localizado em uma área central da cidade e os bairros do setor
oeste, tais como: Chácaras Tubalina e Quartel, Jardim Europa e Jardim
Holanda.
Os bairros que não possuem o equipamento escolar nos setores sul e
leste de Uberlândia não são evidenciados por se tratarem,
majoritariamente, de loteamentos de alto e médio padrão (Granja
Marileusa, Gávea, Jardim Karaíba, etc) não compartilhando dessa forma,
com a proposta de implantação deste projeto. Já no setor norte da
cidade não se encontram instituições de ensino no Distrito Industrial e
no Residencial Gramado. Sendo assim, as análises e levantamentos
expostos que abarcam a realidade regional englobando o cenário
escolar é de suma relevância para referenciar e justificar a escolha do
Figura 39. Gráfico indicando a taxa de analfabetismo de Uberlândia. local de intervenção que será abordada no próximo capítulo do trabalho.
Fonte: Censo IBGE.
50
02
Ademais, o que se encontra na realidade atual brasileira é uma A localidade da Escola da Criança é uma problemática para as
tendência à valorização das escolas particulares em função das escolas vivências urbanas por se tratar de uma área com uma quantidade
públicas, sendo essas portadoras de estruturas físicas e de ensino de considerável de condomínios fechados. Esses condomínios são
maior qualidade se comparadas com as escolas públicas. Em majoritariamente murados por toda sua extensão, dando margem ao
Uberlândia pode-se citar como qualidade de educação pública a Escola surgimento de “pequenas cidades” dentro de um meio urbano e as
Estadual Messias Pedreiro que contém um índice satisfatório no barreiras urbanas. Sendo assim, a Escola da Criança se trata de uma
ingresso de alunos do ensino médio na Universidade Federal de instituição de ensino que se insere nesse contexto, replicando a ideia de
Uberlândia (UFU) e a Escola de Educação Básica (ESEBA – UFU), se fechar para o exterior e manter no interior da edificação uma
localizadas nos bairros Cazeca e Nossa Senhora Aparecida, realidade à parte do seu entorno.
respectivamente. Já a escola particular de educação infanto-juvenil que
mais se destaca do ponto de vista educacional e de estrutura física em
Uberlândia é a Escola da Criança - Espaço do adolescer.
Localizada em uma área nobre de Uberlândia, a Escola da Criança é
um mundo à parte do entorno em que se insere, sendo a mesma
fechada intramuros. O acesso principal da escola se localiza em uma
via de alto fluxo de automóveis (Rua da Carioca) em um dos bairros
mais privilegiados da cidade: Morada da Colina. Assim, a edificação é
circundada por condomínios de alto padrão e pelos bairros mais nobres
da região, sendo os alunos da escola, aqueles que fazem parte da
classe média à alta de poder aquisitivo da população de Uberlândia.
51
Loteamentos abertos
de alto padrão
Escola da Criança
CITY UBERLÂNDIA
ALTAMIRA
CIDADE JARDIM
JARDIM COLINA
JARDIM KARAÍBA
MORADA
DA COLINA
RESERVA
DO VALE
VILLA DOS
IPÊS
Condomínios Fechados
de alto padrão
GÁVEA HILL
2.2. A Escola da Criança básicos. A partir desses eixos estruturantes organizam-se as quatro
áreas principais da escola dando ênfase para espaços como: a Praça da
A Escola da Criança se mostra como referência em ensino e estrutura terra, a Praça da água, a Praça do Fogo e a atual Praça do ar que antes
arquitetônica na cidade de Uberlândia e segue os preceitos de era ocupada pelo Circo. Essas áreas lúdicas em conjunto com o
aproximação do espaço educacional com a natureza. A escola projetada complexo escolar valorizam as experimentações infantis e naturais do
pelo escritório Andrade Guerra em 1993 conta com aproximadamente ser humano com o meio em que se insere.
3.019 m² de área construída e apresenta diversas formas, cores e
texturas em sua composição, além disso, sugere a contestação do
modelo tradicional de aulas expositivas e a organização escolar
padronizada e modular que tanto se difundiu nos equipamentos
educacionais.
A aproximação com a natureza proposta pela metodologia escolar da
instituição impulsiona o desenvolvimento dos alunos visando a
sensibilidade de se propor atitudes de preservação ao meio ambiente.
Essas ações são implantadas na rotina escolar por intermédio das
atividades de campo que tenha contato com a terra, animais, afazeres
domésticos rurais, entre outras. Sendo assim, nota-se que o programa e
a organização espacial da escola surge em função da metodologia
proposta.
Implantada em uma área privilegiada da cidade, a Escola da Criança é
Figura 41. Croqui dos autores do projeto arquitetônico da Escola da Criança.
uma instituição particular e seu projeto arquitetônico propõe dois eixos Fonte: http://www.andradeguerra.arq.br/wp-content/uploads/2016/05/revista_projeto172.pdf.
............
53
02
Figura 42. Projeto da Escola da Criança, feito pelo escritório Andrade Guerra em Uberlândia, MG. Análise Gráfica: Autora.
Fonte: http://www.andradeguerra.arq.br/wp-content/uploads/2016/05/revista_projeto172.pdf.
54
02
55
02
ano. Ademais, a escola também atende ao maternal que se situa na educação infantil é adequado ao uso de alunos de faixa etária inferior à
chamada “Fazendinha”, essa área não se configura como um espaço 6 anos e os demais adequados às idades das crianças que utilizam os
escolar comum, a proposta busca simular um ambiente próximo ao determinados espaços. As salas de aulas da Escola da Criança são
residencial para que as crianças mais novas não tenham uma ruptura arejadas e não fazem o uso de ar-condicionado devido às implicações
brusca entre o ambiente familiar e o escolar. do equipamento na saúde das crianças, as janelas amplas e armários
O mobiliário e equipamentos da instituição são adequados de acordo são dispostos na altura das crianças, favorecendo a autonomia e
com o crescimento das crianças, sendo assim, o bloco destinado à independência das mesmas.
..................
Figura 46. Foto externa do Bloco destinado ao fundamental I. Figura 47. Foto externa do Bloco destinado ao fundamental II.
Fonte: http://escoladacrianca.com.br/ws/estrutura/ Fonte: http://escoladacrianca.com.br/ws/estrutura/
56
02
Figura 48. Imagem do interior da sala de aula do 1º ano do Ensino Fundamental I. Figura 49. Foto da área externa à “Fazendinha”, Escola da Criança.
Fonte: Acervo da autora. Fonte: Acervo da autora
A circulação da escola é coberta por uma com determinados períodos do ano, além disso, atividades como
marquise em concreto, de forma a proteger plantar, colher, regar, ordenhar e cozinhar, fazem parte do plano
os alunos e profissionais das intempéries. pedagógico da escola.
Além disso, o projeto arquitetônico buscou O prédio que abriga as atividades administrativas e biblioteca é
a mínima movimentação de terra para a pintado na cor azul e possui forma cilíndrica com esquadrias redondas
construção da edificação, os taludes e que remetem ao tema náutico. Esse bloco possui dois pavimentos,
desníveis pelo terreno servem como sendo o térreo composto pela sala dos professores, direção,
brincadeira para as crianças. O contato coordenações, rádio, sala dos professores, sala de materiais e entre
com a natureza é diário e muito rico na outras, já o pavimento superior é ocupado pela biblioteca com 8 mil
Figura 50. Marquise. instituição, os alunos podem observar na exemplares, uma sala de apoio com equipamentos audiovisuais e um
Fonte: Acervo da autora
prática as mudanças naturais de acordo laboratório de robótica. A cobertura desse bloco é visitável e comum de
.......... .........
57
02
Figura 51. Imagem do bloco administrativo e biblioteca. Figura 53. Imagem da cobertura visitável do bloco azul.
Fonte: http://escoladacrianca.com.br/ws/estrutura/ Fonte: Acervo da autora.
58
02
Além disso, por se tratar de uma escola privada de alto padrão não
Portanto, nota-se com a visita na instituição de ensino Escola da
houve informações à respeito de projetos sociais para a população
Criança, o quanto o ambiente projetado e pensado conjuntamente com
menos favorecida por parte da instituição. As iniciativas sociais em
os profissionais de educação faz a diferença para a oficialização de
escolas com alunos da alta sociedade podem auxiliar no processo de
uma escola de qualidade. Com a experimentação do ambiente pôde-se
desenvolvimento de jovens adultos mais conscientes e preocupados
perceber a relação harmoniosa e de cuidado que os alunos e
com a realidade do país, favorecendo para a redução da desigualdade
profissionais têm com o espaço.
social disseminada no Brasil.
Em contrapartida, a escola não apresenta ricas relações entre edifício
e cidade, dessa forma, a edificação apresenta barreiras visuais por todo
o perímetro do terreno. Nessa perspectiva, os alunos não têm nenhuma
conexão com o exterior nos horários de aula, criando um mundo
particular e privado no interior da edificação, nesse meio quem se
encontra de fora do ambiente não visualiza, nem sequer participa do
que ocorre em seu interior, assim como quem se situa no interior
também não estabelece esse vínculo com o meio externo da edificação.
A falta da relação edifício-cidade na Escola da Criança pode ser
explicada pela exigência e garantia de segurança das crianças no
interior do ambiente educacional, porém essa segurança poderia ser
garantida e concomitantemente permitir relações visuais com o externo
por intermédio de soluções arquitetônicas que pode se exemplificar
através dos elementos de fechamento vazados.
59
02
60
02
1. ENTRADA
2. SECRETARIA
3. COORDENAÇÃO
4. SALAS DE AULAS
5. SANITÁRIOS
6. COZINHA
7. LABORATÓRIO CIÊNCIAS
8. SALA PROFESSORES
9. BIBLIOTECA
10. QUADRA ESPORTIVA
11. ARQUIBANCADA
12. ESPORTE AO AR LIVRE
13. PÁTIO DESCOBERTO
Figura 54. Croqui de memória da organização espacial da Escola Estadual Ângela Teixeira da Silva.
Fonte e elaboração: Autora.
61
02
aulas temáticas, além de salas amplas para atividades específicas em modelo padrão escolar". (Fala de Edileusa Souza)
Por fim, investiga-se quais são os espaços fundamentais para um que se obtenha êxito no
ensino de boa qualidade na opinião da supervisora, sendo listados os desenvolvimento projetual,
seguintes ambientes: salas específicas amplas, salas de multimídia, sendo assim, opta-se por
laboratórios devidamente equipados, anfiteatro para palestras e uma abordagem mais
espaços para brincadeiras das crianças. dinâmica e lúdica intitulada
A entrevista com o profissional de educação é fundamental no como “Oficina Escola dos
processo de diagnóstico para o projeto arquitetônico de escolar. desejos” para levantar os
Através da visita em escola pública pôde-se ter um panorama mais sonhos e lamentações dos
claro das deficiências da educação, além das dificuldades que os alunos em relação ao Figura 56. Autora à esquerda e supervisora
entrevistada Edileusa Souza.
profissionais vivenciam diariamente. Além disso, a opinião do público espaço socioeducativo. Fonte: Acervo da autora.
Figura 55. Imagem interna da Escola Estadual Ângela Teixeira da Silva. Figura 57. Quadra Esportiva da Escola Estadual Ângela Teixeira da Silva.
Fonte: Arthur Alves, Março 2019. Fonte: Arthur Alves, Março 2019.
63
02
2.4. Oficina “Escola dos Desejos” Nesse contexto a oficina se organiza a partir de dois objetivos
pautados no diagnóstico participativo: investigação dos sonhos e das
A partir da entrevista com o profissional de educação, verifica-se a lamentações dos alunos em relação ao ambiente escolar. A primeira
necessidade de ouvir os principais usuários do edifício escolar: os atividade trata-se da “árvore dos sonhos”, onde os alunos colam papéis
alunos. Desse modo, realizou-se uma oficina nomeada de “Escola dos em forma de folhagens e escritos com palavras que descrevem seus
Sonhos” com o 6º ano matutino do Ensino Fundamental da Escola sonhos para uma escola melhor, dando forma final à uma árvore dos
Estadual Ângela Teixeira, a ação foi aplicada no dia 20 de novembro de sonhos. O segundo passo é chamado de “muro das lamentações”, nele
2019, e implementada às atividades da Semana de Educação para a os alunos expressam suas queixas, de modo em que se obtenha um
vida. muro de lamentações, objetivando-se o diagnóstico dos maiores
O interesse em se aplicar a oficina para os alunos do ensino desafios coletivos que a escola precisa solucionar visando uma melhor
fundamental de uma escola pública surge em função de resgatar os qualidade do ambiente educativo.
principais desejos e desprendimentos em relação ao ambiente escolar, Ademais, buscou-se introduzir uma reflexão em torno do tema
segundo o ponto de vista infanto-juvenil. Assim, o espaço arquitetônico arquitetura para os participantes da oficina “Escola dos Desejos”,
deve surgir em prol das necessidades humanas, não se bastando informando-os sobre o papel do arquiteto e urbanista na sociedade. A
apenas nas propostas criativas dos arquitetos. Baseada no Wish Poem atividade foi realizada para 10 alunos na faixa etária entre 11 e 13 anos
(no original, em inglês) proposto por Henry Sanoff, a oficina “Escola dos do 6º ano e obteve-se uma participação ativa e empolgante dos
Desejos” trata-se de uma coparticipação orientada e assistida do estudantes. A partir disso, têm-se que a opinião e pontos de vistas das
público alvo, objetivando-se a participação dos mesmos nas diretrizes crianças se divergem consideravelmente em relação às necessidades
preliminares do processo projetual da escola. (CARVALHO, 2016, p. 112) apontadas pelos profissionais da escola.
64
Figura 58. Realização da oficina na Escola Estadual Ângela Teixeira da Silva.
Fonte: Acervo da autora.
02
66
Figura 64. Árvore dos sonhos, Oficina “Escola dos Desejos”.
Fonte: Acervo da autora.
Figura 65. Muro das lamentações, Oficina “Escola dos Desejos”.
Fonte: Acervo da autora.
02
69
Figura 66. Foto satélite com destaque para a área de estudo. Fonte: Google Earth
Elaboração: Autora
03
3.1. Área de estudo é preciso ir além das questões materiais, tornando-se essencial o
reconhecimento das questões que a tornam vulnerável, seja de ordem
financeira, de gênero ou dificuldades. Além disso, a análise territorial do
O desenvolvimento da urbanização no sistema capitalista gerou
lugar em que se instaura esse grupo de pessoas é de suma importância,
inúmeras eventualidades nas cidades brasileiras. Assim, como pode-se
de modo que as fragilidades locais intensificam a vulnerabilidade dessa
identificar o crescimento exacerbado e sem controle de diversos
população.
centros urbanos, também notam-se os processos de exclusão social
A partir de um estudo que identifica as áreas da cidade de Uberlândia
como pobreza, privação e perda de vínculos familiares em populações
classificando-as conforme os índices de baixíssima até altíssima
vulneráveis e vítimas de um desenvolvimento urbano pautado no
vulnerabilidade social, possibilitou-se a seleção da área de intervenção
consumo.
proposta para esse trabalho. A metodologia utilizada na pesquisa é
A problemática envolvendo a marginalização nas cidades brasileiras
pautada em cinco dimensões que abarcam as condições de
pode ser exemplificada através das inúmeras favelas existentes no país.
vulnerabilidade social, sendo elas: ambiental, cultural, econômica,
Essas pessoas, que são reféns do processo de marginalização, podem
jurídica e da segurança da sobrevivência, assim, o autor descreve o
sofrer com problemas sociais de diversas ordens, tais como fome,
estudo realizado da seguinte maneira:
mortalidade infantil e violência, sendo esses problemas influenciadores
dos fatores de vulnerabilidade, condições precárias de moradia, baixa
renda familiar, queda do nível de escolaridade, analfabetismo,
Para cada uma dessas dimensões foi produzido
criminalidade e entre outros aspectos. uma variável baseada em diversos indicadores de
vulnerabilidade, devidamente ponderadas pelos
A exclusão social pode-se configurar através da existência de pesquisadores segundo hierarquia de importância.
populações socialmente vulneráveis e que habitam locais vulneráveis. (LIMA, 2016, p. 35)
72
03
disponível. (LIMA, 2016, p. 38) Mapa 1. Uberlândia com a divisão dos bairros. Fonte: LIMA, F.A, 2015. Elaboração: Autora.
73
03
Mapa 2. Uberlândia segundo a classificação da vulnerabilidade social da população. Fonte: LIMA, F.A, 2015. Elaboração: Autora.
74
03
Sem Escala
Mapa 3. Uberlândia segundo a classificação da vulnerabilidade social da população. Fonte: LIMA, F.A, 2015. Elaboração: Autora.
75
03
76
03
Mapa 5. Uberlândia com a classificação da vulnerabilidade social da população e ampliação da área de intervenção. Fonte: LIMA ,
F.A, 2015. Elaboração: Autora
77
03
78
03
ABRANGÊNCIA
EMEI Planalto
LEGENDA
80
03
EQUIPAMENTOS URBANOS
LEGENDA
LEGENDA
GABARITO
LEGENDA
CHEIOS E VAZIOS
LEGENDA
TOPOGRAFIA
LEGENDA
MOBILIDADE
LEGENDA
TERRENO
87
03
POTENCIALIDADES
Presença do rio uberabinha
FRAGILIDADES
Impacto do edifício no meio
Localização estratégica natural
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72
74
73 Figura 71. Foto Satélite com destaque para a área de intervenção e Rio Uberabinha.
Fonte: Google Earth. Elaboração: Autora.
Figura 72 - 74. Fotos do terreno. Fonte: Acervo da Autora
03
REFERÊNCIA PROJETUAL
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03
Escola St. Nicholas
Campus Alphaville
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Eixo
ÁREAS DE ASSISTÊNCIA ÁREAS TÉCNICO-ADMINISTRATIVAS Figura 77. Planta Baixa St. Nicholas
Fonte: Archdaily.
92
03
INSOLAÇÃO E VENTILAÇÃO
A testada Nordeste do terreno A testada Noroeste recebe sol no A testada Sudoeste tem incidência A testada Sudeste tem incidência
recebe incidência solar no período período da tarde o ano todo, sendo solar durante a tarde toda no verão. solar durante a manhã toda no
da manhã no verão. No inverno essa insolação acrescida por um Sendo assim, no inverno recebe sol verão. Já no inverno recebe sol
recebe sol durante a manhã e início período da manhã no inverno. no período da tarde após ás 14 somente até às 8h45min.
da tarde. horas.
93
03
TOPOGRAFIA DO TERRENO
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03
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03
aluno se sinta empolgado com a aprendizagem e o mundo de Utilização de técnicas construtivas com baixo impacto ambiental.
descobertas que a instituição é capaz de proporcionar, na busca de um Valorização da vista panorâmica da cidade a partir do nível mais
ambiente propício a aprendizagem e as relações sociais. elevado do terreno;
A partir dessa premissa, o projeto arquitetônico escolar se propõe em Implementação de soluções de conforto ambiental, de modo a
garantir as condições necessárias para que as crianças se sintam reduzir o valor energético da edificação, além da implementação de
acolhidas e seguras no ambiente de ensino. Sendo assim, faz-se medidas para geração de energia solar.
necessário a implementação das medidas de segurança imprescindível
ao se tratar de crianças, sendo essas pautadas principalmente na PROGRAMA DE NECESSIDADES
proporção escala de privacidade e elevação do edifício. Assim, o nível
da edificação que se intregra ao parque linear do Rio Uberabinha O programa de necessidades básicas foi elaborado visando atender
adquire caráter coletivo e recreativo se propondo à abrir ao público aos as principais atividades da instituição de ensino, bem como áreas
finais de semana e o nível térreo se organiza pelo setor educacional que destinadas ao lazer e recreação dos usuários. Além disso, o programa
requer maior privacidade e segurança das crianças. implementa ao seu conteúdo os resultados da oficina “Escola dos
Nesse contexto têm-se os principais objetivos do objeto arquitetônico: Sonhos”, aplicada para crianças do sexto ano do ensino fundamental de
Promover a integração social e pedagógica entre o Parque Linear do uma escola pública, de modo que se integre ao projeto arquitetônico os
Rio Uberabinha e a instituição de ensino; principais anseios do público infantil em relação à escola.
Propor espaços de contemplação e descanso visual no interior das Sendo assim, o projeto trata-se de uma escola pública de educação
salas de aula de modo em que as crianças não se sintam fundamental completa para crianças com idades entre 6 e 14 anos. A
Promover a sustentabilidade como meio de desenvolvimento 225 alunos em cada período (matutino e vespertino) totalizando 450
educacional e social das crianças; estudantes. Para facilitar a composição da estrutura físico-funcional
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96
03
da escola, os ambientes são divididos em quatro setores básicos: sócio- Portanto, propõe-se a seguinte divisão dos setores por pavimentos:
pedagógico, assistência, serviço e técnico.
Subsolo (nível do parque): quadra esportiva, piscina, sala de aula de
dança e lutas, sala para aulas de teatro, área livre para brincadeiras,
SÓCIO-PEDAGÓGICO ASSISTÊNCIA
vestiários, área de suporte e depósito.
Quadra Esportiva Cozinha Térreo (nível Rua das Mangabeiras): setor administrativo (recepção,
Piscina Refeitório
Sala de dança Área de Estar de Funcionários direção, coordenação, secretaria, sala de materiais escolares, sala
Sala de lutas Sanitários de Adultos dos professores, sala de reuniões e rádio), sanitários adultos,
Área de brincar Sanitários Infantis
Área livre Depósitos refeitório, cozinha, despensa, câmara fria, vestiário funcionários,
Salas de aula Sanitário de Alunos copa de funcionários, área de estar para funcionários, área livre para
Sala multiuso
Ateliê de arte crianças e sanitários.
Laboratório de Tecnologia TÉCNICO-ADMINISTRATIVO 1º pavimento: 6 salas de aula (1º ao 4º ano), ateliê de arte,
Biblioteca
Relaxamento Recepção laboratório e sanitários.
Terraço Direção 2º pavimento: 5 salas de aula (5º ao 9º ano), laboratório, biblioteca,
Coordenação
SERVIÇO Secretaria espaço para relaxamento, terraço verde e sanitários.
Sala de Materiais Escolares
Despensa Sala dos Professores
Câmara Fria Sala de Reuniões A partir desse programa preliminar, desenvolveu-se os seguintes
Vestiário de Funcionários Rádio estudos: intervenções urbanas necessárias no local, setorização de
Copa de Funcionários
cada pavimento e um estudo das alturas dos pavimentos da edificação.
Figura 81. Programa proposto de acordo os setores básicos.
Fonte: Autora Vale ressaltar que esse é apenas um estudo inicial para o
desenvolvimento do projeto arquitetônico da escola.
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03
Escala Gráfica
LEGENDA
PROPOSTA SUBSOLO
Escala Gráfica
LEGENDA
PROPOSTA TÉRREO
ACESSO
SERVIÇO
ACESSO SOCIAL
Escala Gráfica
LEGENDA
Escala Gráfica
LEGENDA
Escala Gráfica
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03
104
PRÉ-DIMENSIONAMENTO DOS AMBIENTES (BASEADOS NO MANUAL DE ORIENTAÇÕES TÉCNICAS DO FNDE)
DIRETORIA 10 m² ÁREA= 10 m²
SALA DE AULA (OCUPAÇÃO MÁX. 28 ALUNOS) 1,50 m² por aluno ocupante da sala ÁREA= 42 m²
SALA DE MULTIMEIOS (ÁUDIO E VÍDEO) 1,50 m² por aluno ocupante da sala ÁREA= 42 m²
SALA DE ENSINO À DISTÂNCIA (EAD) 1,50 m² por aluno ocupante da sala ÁREA= 42 m²
1 bacia sanitária para cada 25 alunas; 1 bacia sanitária para cada 60 alunos; 1 mictório para cada 40 alunos e 1 lavatório para cada 40 10 cabines femininas; 4 cabines masculinas; 6 mictórios; 6 lavatórios femininos e 6 lavatórios
SANITÁRIOS DE ALUNOS
alunos(as); masculinos
HIGIENE SANITÁRIOS DE FUNCIONÁRIOS/ADULTOS 1 bacia sanitária e 1 lavatório para cada 20 funcionários 1 banheiro de funcionários
CANTINA Variável -
ALIMENTAÇÃO/ REFEITÓRIO 1,80m² por aluno considerando revezamento de 3 turmas por vez ÁREA= 150 m²
ATENÇÃO
SALA DE ACOLHIMENTO (ASSISTÊNCIA MÉDICA) 12 m² ÁREA = 12 m²
COPA 8 m² ÁREA= 8 m²
SERVIÇO
VESTIÁRIO DE FUNCIONÁRIOS 1 bacia sanitária; 1 lavatório para cada 20 funcionários e 1 chuveiro para cada 20 funcionários; 1 vestiário com cabine, lavatório e chuveiro
PÁTIO COBERTO 1/3 da soma das áreas das salas de aula ÁREA= 162 m²
ÁREAS LIVRES
PÁTIO DESCOBERTO 1/2 da soma das áreas das salas de aula ÁREA= 243 m²
CIRCULAÇÕES CORREDORES 1 m de largura para área administrativa e de serviço ; 1,50 de largura para área pedagógica -
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PISCINA
VESTIÁRIO FEMININO
PROPOSTA FINAL PAVIMENTO 01
VESTIÁRIO
MASCULINO Fig. 88. Perspectiva jardim interno.
Fonte: Autora.
OFICINAS
QUADRA DE
ESPORTES
Fig. 91. Perspectiva entrada térreo. Fig. 92. Perspectiva jardim interno térreo. Fig. 93. Perspectiva varanda.
Fonte: Autora. Fonte: Autora. Fonte: Autora. Fig. 94. Perspectiva pátio coberto.
Fonte: Autora.
PROPOSTA FINAL TÉRREO
REFEITÓRIO ENTRADA
SERVIÇO
BIBLIOTECA
ENTRADA
SOCIAL
AUDITÓRIO
Fig. 95. Perspectiva deck refeitório.
Fonte: Autora.
SALAS
PÁTIO
Fig. 98. Perspectiva externa. Todo o edifício foi pensado de modo à se aproveitar ao máximo as
Fonte: Autora.
visadas para o rio Uberabinha, valorizando o local no qual o projeto se
insere e estimulando a aprendizagem das crianças para que a escola
seja um ambiente convidativo e propício à abrigar as vivências e
crescimento dos usuários.
108
Fig. 99. Imagem Externa. Fonte: Autora
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