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EXCELENTÍSSIMA DESEMBARGADORA FATIMA RAFAEL, DIGNISSIMO

RELATORA DO MANDADO DE SEGURANÇA N. 0729376-86.2021.8.07.0000


0729376-86.2021.8.07.0000, CONSELHO ESPECIAL DO EGREGIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E TERRITORIOS,
BRASILIA, DF.

SINDICATO DOS MÉDICOS DO DISTRITO FEDERAL -


SINDMÉDICO-DF, neste ato por seu advogado, ambos já devidamente
qualificados nos autos supra, que move contra o Excelentíssimo Senhor
Presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal, Deputado RAFAEL
PRUDENTE (MDB), vem a presença de Vossa Excelência, em face das
informações prestadas no ID 29124057, prestar alguns esclarecimentos:
A legitimidade do impetrante está amplamente demonstrada na
peça inicial e a jurisprudência citada como paradigma pela autoridade
impetrada, não se aplica ao caso concreto, pois não estamos em processo
de tramitação de leis – tramitação, aprovação, publicação e veto – e sim, em
processo de instalação de Comissão Parlamentar de Inquérito, proposta
pela minoria, como assegura a Constituição Federal e LODF, não podendo o
Regimento Interno da CLDF estabelecer limitações que a Constituição Federal
e a LODF não tenha previsto.
O direito líquido e certo dos representados dos impetrante está de
forma clara e evidente, demonstrado na peça inicial, sendo que os médicos,
como profissionais da Saúde, necessitam de condições mínimas de trabalho,
para o exercício profissional e o que busca a CPI é apontar as irregularidades
do IGESDF, que como consequência, vem, funcionando como verdadeiro
parasita do sistema de saúde, pois vem sendo retirados recursos de outras
unidades de saúde, para fazer frente ao rombo milionário existente no IGESDF,
pela gestão temerária como demonstrado na peça inicial.
O que se discute na peça inicial, é a natureza da CPI, como
instrumento de minoria qualificada de 1/3 do parlamento, aonde a norma
constitucional e a LODF, não prevê, que para a instalação tenha que haver a
vontade da maioria dos membros da Casa Legislativa ou aprovação da vontade
da autoridade impetrada.
Nessas excepcionais situações, em que o vício de
inconstitucionalidade está diretamente relacionado a aspectos formais e
procedimentais da atuação legislativa, a impetração de segurança é admissível,
segundo a jurisprudência do STF, porque a corrigir vício já efetivamente
concretizado no próprio curso do processo de formação da norma, antes
mesmo e independentemente de sua final aprovação ou não. (...) (MS 32033,
Relator (a): Min. GILMAR MENDES, Relator (a) p/ Acórdão: Min. TEORI ZAVASCKI, Tribunal Pleno, julgado em
20/06/2013) (grifo nosso).

No voto que proferiu por ocasião do julgamento do MS n. º 22.494,


o Ministro Sepúlveda Pertence deixou assentado que a instalação de comissões
parlamentares de Inquérito é direito fundamental da minoria personalizam, na
medida em que firmam requerimento para investigação (Rel. Min. Maurício Corrêa, Plenário,
j. 19.12.1996, DJ de 27.06.1997)

Sendo instrumento da democracia, que tem se tornado


indispensável para que sejam apuradas as irregularidades nos poderes da
República e das Unidades Federadas.
A norma citada do caput do artigo 68 da LODF, se aplica, as
comissões temporárias cuja as definições estão no § 2º do mesmo artigo 68 da
LODF, sendo que a norma do § 3º do mesmo artigo 68 é uma norma especifica
para as Comissões Parlamentares de Inquérito, prevista no artigo 58, § 3º da
CRFB – redação atual editada pela a Emenda à Lei Orgânica de n. 97 de 16.05.2016 – cuja a
redação é:
§ 3º Às comissões parlamentares de inquérito aplica-se o seguinte:
I - são criadas mediante requerimento:
a) de um terço dos membros da Câmara Legislativa;
b) de iniciativa popular, com o mínimo de subscritores previsto no art. 76;
II - destinam-se à apuração de fato determinado e por prazo certo;
III - têm poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além
de outros previstos em lei e no regimento interno da Câmara Legislativa;
IV - o requerimento, atendidas as formalidades regimentais, independe de
aprovação;
V - a instalação de comissão parlamentar de inquérito de iniciativa popular
tem precedência sobre as demais e não pode ser inviabilizada em razão de
formalidades regimentais;
VI - suas conclusões, se for o caso, devem ser encaminhadas ao Tribunal de
Contas, ao Ministério Público ou à Procuradoria-Geral do Distrito Federal, para que
promovam, conforme o caso, a responsabilidade civil, criminal, administrativa ou
tributária do infrator.
§ 4º A omissão de informação às comissões parlamentares de inquérito,
inclusive as que envolvam sigilo, ou a prestação de informações falsas constituem
crime de responsabilidade, na forma da legislação pertinente.

Como se vê, tem normas especificas que inclusive, dispensam a


aprovação do Plenário ou da maioria, o que impede inclusive, o argumento da
autoridade impetrada de que a preferência para tramitação precisa do apoio da
maioria.
Por outro lado, os §§ 5º e 7º do Artigo 72 da LODF, violam
diretamente a Constituição Federal ao estabelece que a maioria pode alterar a
ordem das CPIs.
As alegadas CPIs em andamento, basta ver que a CPI da
Sonegação Fiscal do Sistema Financeiro do DF, foi instalada na data de 16 de
setembro de 2021, publicada na data de hoje (16.09.2021) demonstrando que
após a intimação para responder a presente Segurança, houve a instalação da
segunda CPI, para servir de prova no presente processo.

Por fim, é de se estranhar que a presidência da CLDF, alegue


ausência de perigo da demora, pois estamos falando da rede de saúde pública,
que atualmente, encontra-se sucateada, endividada e em especial, deixando
centena de pessoas morrerem ou incapacitadas todos os dias, em face da
omissão dolosa do poder legislativo, agora perpetrado pelas manobras para
evitar a instalação desta CPI.
A conduta omissiva do Exmº. Sr. Presidente da Câmara Legislativa
do Distrito Federal em face do Requerimento n. 2.381 está confessada nas
informações prestadas e nos argumentos apresentados, pois não há interesse
em instalar tal CPI, por parte da autoridade coatora, isto ficou evidente.
As Normas Constitucional Federal e da Lei Orgânica do Distrito
Federal, que é clara no sentido de que estando o requerimento de criação e
instalação de CPI, assinado por 1/3 dos membros da CLDF, destinada a apurar
fato determinado e por prazo certo, deve ser instalada e assegurado o
funcionamento da CPI, sem qualquer outro impedimento ou tipo de obstrução,
mesmo que seja regimental da CLDF, porque trata-se matéria de cunho
obrigatório assegurado as minorias no parlamento local.
O inquérito parlamentar consubstancia-se no principal instrumento
concretizador do encargo de investigar expressamente atribuído aos
parlamentos nacional, estadual, do distrito federal e dos municípios, por todas
as Constituições brasileiras posteriores à de 1891, com exceção da Carta de
1937. De sorte, que por conduta omissiva, o impetrado, VIOLA DIREITO
LIQUIDO E CERTO dos representados do Impetrante e demais membros da
sociedade do Distrito Federal – estes aqui não representados, mas apenas citados –
afigurando-se necessário a atuação contundente deste egrégio Tribunal de
Justiça do Distrito Federal, de modo a preservar a higidez do instituto CPI para
que esta tenha sua tramitação regularizada.
Isto posto, espera seja após ouvido a Procuradoria, seja concedida
a tutela na forma requerida.
Nestes Termos,
Pede e Espera Deferimento.
Brasília, 17 de setembro de 2021

Paulo Goyaz Alves da Silva


OAB/DF 5.214

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