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PAÍS | POLÍTICA

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Em livro, juiz associa governo Bolsonaro a


nazismo no uso de leis contra inimigos
Obra do magistrado e acadêmico Luis Manuel Fonseca Pires analisa como o
direito é usado por líderes mundiais para legitimar ações autoritárias

Por Jornal do Brasil

Publicado 03, Apr, 2021,07:04

Foi em 1933 que passou a ser aplicada na PUBLICIDADE

Alemanha a “Lei do Mexerico Malicioso”,


para punir quem criticasse o governo ou
agentes públicos. Parte da população gostou
da ideia porque, afinal, eram tempos difíceis
e havia inimigos comuns, como os
“comunistas”.

Na sequência vieram novas leis, decretos e


uma série de normas aprovadas pelos
operadores do direito da época que viriam a Abra um
sufocar garantias individuais de todos e X

dariam sustentação a um dos mais cruéis polo FAEL


regimes autoritários de todos os tempos, o
nazismo de Adolf Hitler.
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A descrição é parte dos exemplos contidos no livro “Estados de Exceção: A


Usurpação da Soberania Popular”, do juiz paulista Luis Manuel Fonseca Pires, para
apontar como o direito vem sendo usado ao longo da história para legitimar ações
de regimes autoritários —exatamente como, na visão do autor, vem ocorrendo com
o governo de Jair Bolsonaro.

Para Pires, a essência da “Lei do Mexerico Malicioso” ressurge agora com outras
roupagens, como as tentativas de punição ao youtuber Felipe Neto, ao sociólogo
Tiago Costa Rodrigues e ao ex-ministro Ciro Gomes (PDT) em razão de críticas ao clã
Bolsonaro, tendo o então ministro André Mendonça (que deixou a pasta da Justiça
nesta semana) como um dos “delatores”.

Felipe Neto, Rodrigues e Ciro foram acusados com base na Lei de Segurança
Nacional, gestada durante a ditadura militar (1964-1985), de fazer
X críticas
criminosas contra o presidente.

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Mais do que o sucesso das atuais tentativas, segundo o livro, a semelhança mais
perigosa entre a Alemanha de Hitler e o Brasil comandado por Bolsonaro é a
participação voluntária de parte da população na delação desses “crimes” e na
concordância com punições a críticos do capitão reformado do Exército, revelando
a existência de um campo fértil para a instalação de “estados de exceção”.

O sucesso da “Lei do Mexerico Malicioso” só foi possível nos anos 1930 porque
foram pessoas do povo que delataram à polícia pessoas do povo, afirma o juiz Pires.
“A servidão voluntária é a chave de interpretação do papel do direito nos estados
de exceção”, diz trecho da obra. “Para o tirano exercer o seu domínio é preciso
consentimento de quem sofre a sua injunção.”

Outro exemplo que estaria no livro, se não já estivesse pronto, seria o movimento
da entidade de promotores de Justiça, o MPPS (Ministério Público Pró-Sociedade),
que defende a intervenção federal nos estados e a decretação do estado de defesa
pelo presidente.

“Este livro não permite a resposta fácil e anticientífica que via de regra se
apresenta no campo jurídico: contra a barbárie, o direito. Pelo contrário, a barbárie
se faz com o direito”, resume o advogado e professor Alysson Leandro Mascaro,
que assina o prefácio.

A maioria dos exemplos da obra são tirados do período entre 2018 e 2020 e listam
os ataques sistemáticos do governo Bolsonaro à educação, cultura, liberdade de
imprensa e à democracia. O que inclui a lembrança do ex-secretário da Cultura
Roberto Alvim, que plagiou trechos de mensagens nazistas para justificar a busca
por uma arte "heroica" e "imperativa".

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“A minha expectativa é de algo contribuir à conscientização do grave processo em
curso de formação de estados de exceção no Brasil, sugerir e reforçar chaves de
interpretação que possam colaborar, a quem preza a democracia, a resistência e
confronto a regimes autoritários que usurpam a soberania popular”, diz o autor na
sua apresentação da obra.

Apoiada em pensadores e exemplos históricos, a obra de Pires afasta a ideia de que


o governo Bolsonaro seria um conjunto de improvisos e reações a erros em série.
Para ele, ao contrário disso, o presidente segue fielmente a cartilha de líderes
autoritários como Hitler e o fascista Benito Mussolini, da Itália, na implementação
de “estados de exceção”.

O uso do direito (em um sentido amplo) é um dos principais capítulos dessa


cartilha. Outros exemplos são apresentados ao longo da obra. Entre eles, a
utilização do afeto político: "medo, ódio, ressentimento, decepção, raiva e angústia,
todos eles capturados pelo soberano mediante narrativas pretensamente
racionais”.

De acordo com o livro, o medo coletivo, por exemplo, torna-se uma arma política de
comoção e faz com que as pessoas concedam direitos passivamente. As GLOs
(Garantia da Lei e da Ordem) implementadas no Rio de Janeiro são exemplo. A
presença das Forças Armadas, assumindo o papel de polícia, é aceita pela
população porque, no íntimo, todos temem serem mortos por criminosos.

Para Pires, isso também vale para o ódio que parte da sociedade sente por grupos
específicos, minorias, os "inimigos do povo", como os “comunistas” dos tempos de
Hitler. “Ódio enquanto afeto político a arregimentar adesão social, e para isso
inimigos, mesmo fictícios, precisam ser combatidos”, aponta o autor. Por isso, a
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necessidade constante do presidente em eleger inimigos, o tempo todo.

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Um dos inimigos fictícios criados por Bolsonaro, segundo a obra, foram as ONGs
acusadas por ele, em 2019, de serem responsáveis pelas queimadas na Amazônia,
mesmo tendo algumas delas o reconhecimento internacional de combater os
ataques na região.

Embora seja rica em exemplos do governo Bolsonaro, a obra não é só sobre ele.
Traz referências a outros líderes autoritários contemporâneos, na América Latina e
no mundo, para reforçar o padrão de comportamento de líderes nos estados de
exceção –no plural, por serem muitos os direitos “usurpados” da soberania popular.

Juiz, Pires atua na Vara da Fazenda Pública, é mestre e doutor em direito pela PUC-
SP, onde é livre docente em direito administrativo. Também é professor da Escola
Paulista da Magistratura. “Escrevo este livro como acadêmico, não como juiz”, diz.

A obra nasceu de um artigo encaminhado ao painel Tendências e Debates, da


Folha, que acabou não aproveitado. Os argumentos deram base, porém, a um
estudo mais aprofundado que viraram tese de livre-docência defendida e aprovada
por unanimidade junto à Faculdade de Direito da PUC-SP, em 2020.

“Senti a necessidade de desenvolver aquelas ideias com as quais já me ocupava nas


minhas pesquisas. Preparei e defendi a tese, e para ampliar o diálogo fiz adaptações
para este livro com o objetivo de alcançar leitores além do campo jurídico:
independente de suas formações, leitores preocupados com o perigoso e persistente
encaminhamento ao autoritarismo que o nosso país tem avançado a passos largos”,
afirma.(Folhapress)

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ESTADOS DE EXCEÇÃO: A USURPAÇÃO DA ?SOBERANIA POPULAR


Preço R$ 52 (184 págs.)
Autor Luis Manuel Fonseca Pires
Editora Contra Corrente

Obra do magistrado e acadêmico


Luis Manuel Fonseca Pires analisa
como o direito é usado por líderes
mundiais para legitimar ações
autoritárias

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Capa do livro (Foto: Reprodução)

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