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O Livro de Ferro
1-Não palavra
A anti-matéria da lavra
Esculpindo sentidos
Caça incessante no nada.
Escavacao na lava seca.
3-Scannaprint
II
Arte
Minhas identidades secretas, rupestres, quiméricas;
indiretas, auxiliares do espanto, na proporção necessária,
que atingem meu córtex cerebral e nesga meus frios suores.
De quem é este calor em minhas mãos, que não teu, minha mãe (Ars)?
III
Estou sempre com um pincel na mão querendo alcançar o cume das igrejas
Querendo medir o chão de rocas para saber o tamanho do céu
Querendo preencher os sulcos algarvios e barrocos
Eu sou uma espécie de “normal” do sexo comunista.
Estas posições extremas, emblemáticas, autênticas,
incômodas, bem substanciadas na oposição à que...(...)
Consideravelmente sempre contrárias ao pensamento raso se deve ao fato de...(...)
Que tudo que se move em mim, especialmente nos dias de cansaço;
é porque tenho em ti mãe, meu verdadeiro abrigo.
Mariuá e Anavilhanas
Mariuá e Anavilhanas
Tuas filhas capistranas
São tórias de tua nudez
de água e de maravilhas!
O maior arquipélago entre o sol e
O horizonte, fonte do que hoje
somos, barro do feito ontem.
Enquanto eu estiver cantando
Eu hei de saudar tuas ilhas:
De caboclos e ribeirinhos
E pedir a São Gabriel que ele
Guarde teus caminhos.
Clarindo de Tariana
e Zé Augusto Arapasso!
A história nunca se perde
Porque segue seu compasso.
Eu que pensava
Que meu coração
era o maior do mundo
É em teus campos benditos
que encontro maior afeição.
Do teu flagelo à tua glória
Por Nossa Senhora da Conceição
Guardo em ti a esperança de ainda
Sermos uma nação.
Pois ao mosaico do sonho
Para Barcelos, de Santa Isabel
Vim rimando por teus rios
Que iluminam mais o meu céu.
De Cuieras
Rios, Preto, Padauiri, Jurubaxi,
Araçá, Demeni e Cuiuni,
que vim eu a atravessar,
Sangradouros do Rio Negro,
Cá estou a ressalvar
A história da Amazônia
Proteção e Baloart
Fortaleza inabalável de Chico Mendes
O audaz,
que como todo seu povo
Foi valente pra lutar .
Anavilhanas, Baguaris
Plumagem de penas cinzentas
Quantas árvores caíram
em tuas margens barrentas
Quantas cinzas de teu povo
Hoje é vivo nas placentas
Quanto sangue virou ouro
Quantos rios à magenta
Na cor das nossas bandeiras
Na dor que de amor aumenta
A inflamar em meus pulmões
O incêndio sobre tuas terras
O olhar injusto e canhestro
Que teu próprio filho encerra
Minha alma se desnuda
Minha natureza fenece
Bem juntinho ao pé de planta
Que a ciência tanto enobrece
Morri junto com teu povo
de tantos de Manaus e Barés
que marcou a violência
dos portugueses nas galés.
Mas tu sempre altiva em brado
Defendeu teu Ayrão do abandono
Sem cacique, sem Pagé
Que a ti outorgasse um trono
Veio morta, mas andando
Pelas águas e iguapés.
Posso tudo, mas não somo
A maravilha que és!
Mestiçagem hegemônica
Ideológica nação
Canto puro entre os dentes
Caboclinho, meu varão!
Amo-te tanto minha Pátria
Que um dia, eu não sei não
Se vou logo pras cochadas
Da boca de um ribeirão
E de lá pinto meu rosto de urucum
e açafrão e pra cantar o meu mundo
Entôo em tupi meu refrão!
Cosmográfica leitura
de constelações nativas.
Em tu desmancho meu rosto
Porque és única diva
Contigo minha alma cresce
e meu amor não se esquiva
Da minha boca sai terra
quando o punhal a pala e criva
e quando o sangue me enterra
é porque ainda estou viva.
Tamanha patranha
Esconde-se na polaina sem escudo
Porque o povo é sua língua
E povo sem língua é mudo!
Da jusante de São Gabriel
Canto a tribo de Samoa
De onde ela embarcaria
Numa terra muito boa!
Mariuá e Anavilhanas
Um dia eu vou pra aí
E o canto da pavana
Eu vou ensinar a ti
Sem retirar-te pedaços
Ao seu lado eu vou dormir.
Porque não há mais
Fronteira entre o que sou
E o que és.
Deste-me a vida inteira
Meu quadrão de oito pés,
Sertanejo da ribeira
Caipira, Tapuio, Aimoré.
Adeus só se dá a terra
Quando esta não que te quer;
Como sei que tu me encerras
Vou a ti, de onde vier.
4-Saliência
5-Coisa
II
III
Ir a nada
é tudo rompendo
Ir a tudo é azul
de outra cor
é palavra de água
Vai a tanto que borbulha!
Chega a esquecer-se em (ar)
Ir só sem olhar
pra trás é mudo
O tudo fala
o de sempre e muda.
O nada mais já havia
Mas foi retirado.
IV
A eternidade é em mim
O avião de aço
leva meu corpo,
agora sem natureza.
O céu descansa as vistas
do homem que cochila
ao meu lado
ele nem sabe o quanto
eu estou querendo
a fechadura de aço
em sua mala.
Receita de mar
Esboço
Soneto da Palmeira
Rua lua
Umedece ao calor
das mulheres nos becos
Transcende aos nomes,
E guarda todos os segredos
de minerva do Império.
Minha rua
sei teu nome.
É a Rua São Luiz!
Onde me tornei eterna
Onde fiz muito que quis.
Realçado teu silêncio
Dorme em paz, oh minha rua.
Ao som dos trilhos do trem
E ao som de quem te quer bem.
14-Estrela de rua
Num dia
Entrei numa rua estranha
De pedra, só,
Pedregulhos pra ser exata
Pedregulho, terra e pó.
Ali a lua brilhava deixando tudo verdinho,
O céu era uma cascata de brilhos no meu caminho
Agradeci nesta noite
À Deus
Criador do Universo
Pelo presente da rua
Com quem eu tanto converso
E a mais naquele dia
Eu me senti contemplada, como se eu fosse da rua.
Uma garota levada.
Arruaesceu e doeu.
A minha estrela perdida
O meu sonho machucado
A dor de um bocado de vida
Doeu-me pelas janelas
De jardineiras rosadas e pelas ruas acesas
O filmar da pomarada
Pedra
Pedra Chora
Amor vai embora
__Amor volta Pedra, chora não!
Pedra mansa
Leito imune de mágoas
Casa de sereias
Porto antigo das águas
O Rabugento
Impertinentemente
Rabuja o rabujão
Em seu ranço aparente
Alguém num tropeção
Tropeça gentilmente
nos olhos do brigão
E ai que a moça bonita
Preenche lhe de emoção
E o mapa do tesouro,
por lá esquecido há anos,
Fica atrás de uma roseira
Toda vestida do pano
Granito
Trovas
Eu peco só um pouquinho
Aprendi tudo na escola
Quem paga o amor que eu tenho
São as cordas dessa viola
Mulher casada às antigas
Num sabe o que é desvario
Mais difícil é ela mudar
Do que o curso do rio