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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO

CAMPUS ANGICOS/RIO GRANDE DO NORTE


CURSOS BCT (noturno e integral); BSI 2021.1
Profa. Maria das Neves Pereira

NOÇÕES DE GÊNEROS TEXTUAIS OU DISCURSIVOS – RELATÓRIO E


FICHAMENTO

1 ABORDAGEM GERAL
Para iniciarmos os estudos sobre os gêneros textuais acadêmicos,
selecionados para as discussões em nossas aulas, partiremos da concepção de alguns
teóricos, que concentraram suas pesquisas no âmbito da linguística textual ou linguística
de texto, corrente linguística que teve o seu apogeu a partir da década de 60. Nesse
contexto, citaremos, o pensador russo Bakthin (1992) e Ingedore Koch (2006),
brasileira, falecida, recentemente e Marchuschi (2006), também, em memória, professor
da UFPE, linguista brasileiro renomado. Na concepção desses pesquisadores, a
linguagem, língua e fala, no seu processo natural, constituem o objeto de estudo da
linguística, conceituada, em geral, como a ciência que estuda a linguagem humana em
toda sua dimensão, seja escrita ou falada.

A linguística de texto é uma vertente dessa ciência que “estuda as


operações/manifestações linguísticas e cognitivas reguladoras e controladoras da
produção, construção, funcionamento e recepção de textos escritos ou orais”
(MARCUSCHI, 1983 p. 12-13). Nesta linha de pensamento, encaixa-se o estudo dos
gêneros, as diversas formas de uso ou práticas de texto, conforme a situação sócio
comunicativa em que o falante/ouvinte está inserido.

Todos, nós, falantes/ouvintes, escritores/leitores, construímos ao longo da nossa


existência, uma competência metagenérica que diz respeito ao conhecimento de gêneros
textuais, caracterização e função e que nos propicia a escolher adequadamente o que
vamos produzir textualmente em situações comunicativas de que participamos. Daí
porque nessas situações escolhemos um bilhete, uma poesia, carta, uma lista de compra,
uma anotação (lembrete), um requerimento, um relatório, um e-mail, um relatório, ou
outra forma qualquer de texto. Por isso, segundo Koch (2006), não contamos piada num
velório nem cantamos o hino do nosso time de futebol numa conferência acadêmica.

Segundo Bakhtin (1992), pensador russo, precursor das pesquisas atuais sobre gêneros
textuais:

“Todas as esferas da atividade humana, por mais variadas que sejam, estão
relacionadas à língua.” “Não é de surpreender que o caráter e os modos dessa
utilização sejam tão variados como as próprias esferas da atividade humana
[...].” “Tudo o que produzimos textualmente reflete as condições específicas e
as finalidades de cada uma dessas esferas, não só pelo conteúdo temático e
estilo verbal, mas também, e, sobre tudo, por sua construção composicional.”
(Apud, KOCK, 2006).
Desta forma, podem-se denominar GÊNEROS TEXTUAIS, como todas as nossas
produções ou práticas comunicativas, quer orais, quer escritas baseadas em
formas-padrão, relativamente estáveis, de estruturação de um todo. Um relatório,
por exemplo, é uma dessas práticas comunicativas de que fazemos uso em nossas
situações de comunicação tanto na escola, na academia, quanto nos trabalhos seculares,
bem como, o fichamento, o resumo acadêmico ou escolar, a resenha e um artigo
científico.

Estudaremos, introdutoriamente, a partir dos conceitos apresentados, acima, dois


gêneros textuais considerados relevantes no contexto acadêmico: o relatório e o
fichamento.

1.1 RELATÓRIO1

O gênero relatório trata de um relato de informações que visa a historiar o


desenvolvimento de uma pesquisa, atividade de trabalhos científicos ou não, situado
num determinado período de tempo. Para isto, há modelos específicos para a produção
desse tipo de trabalho, porém há características indissociável a esse gênero de texto.

Os relatórios de pesquisa, assim como relatórios de outras atividades, não devem ser
confundidos com Memorial (outro gênero textual também bastante usado no âmbito da
academia). O relatório, além de se referir a um projeto ou a um período em particular,
visa pura e simplesmente a historiar seu desenvolvimento, muito mais no sentido de
apresentar os caminhos percorridos, de descrever as atividades realizadas e de apreciar
resultados – parciais ou finais – obtidos. Obviamente, deve sintetizar suas conclusões e
os resultados até então conseguidos, sem, no entanto, necessidade de conter análises e
reflexões mais desenvolvidas, como é o caso de Memorial.

Perfil do Relatório:
(a) inicia-se com a identificação do relatório (ou conforme ou modelo proposto), ou com
a identificação do relator;
(b) retomada dos objetivos;
(c) depois passa à descrição das atividades;
(d) às vezes pode ser encerrado com um cronograma ou programação das etapas da
continuidade da pesquisa (quando tratar de uma pesquisa);
(e) considerações finais e, assinatura do(s) redator(es) ou coordenador.

Quanto à estrutura, esta poderá se apresentar em formulários, próprios para esse fim, ou
se constituir de um texto continuado, contendo tópicos que caracterizem ou
identifiquem o gênero relatório.
1
REFERÊNCIAS (sobre relatório)
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICA. Informação e Documentação – artigo em
publicação periódica científica impressa. Rio de Janeiro: ABNT, 2003c.
MAIA, Fernando dos Santos; OLIVEIRA, Marcus Vinícius de Faria. Princípios Normas e Técnicas.
Natal: CEFET/RN, 2006.
SEVERINO, Joaquim Antônio. Metodologia de Trabalho Científico. 22. ed. rev. e ampl. São Paulo:
Cortez, 2002.
Manual de Normalização Bibliográfica para elaboração de Artigo Científico. Natal: UnP/RN,
2006.p.6.
MODELO DE RELATÓRIO2

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL


MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO

RELATÓRIO DE ATIVIDADES

1 IDENTIFICAÇÃO DO ALUNO (RELATOR)

Nome:

Matrícula:

PROFESSOR(a) ORIENTADOR(a): Profa. Maria das Neves Pereira

Órgão de Exercício: UFERSA/CENTRO MULTIDISCIPLINAR DE ANGICOS(CMA)

2 IDENTIFICAÇÃO DA ATVIDADE E OBJETIVOS

2 *
Há vários modelos de relatório, mas este deverá ser o modelo padrão para a realização dos relatórios de
leitura e/ou de viagem do Componente curricular “Análise e Expressão Textual, proposto para as turmas
dos cursos de LCI/BSI e BCT (Noturno/UFERSA-Angicos). Profa. MARIA DAS NEVES PEREIRA.
INÍCIO: TÉRMINO:
TOTAL DE HORAS:

3 DESCRIÇÃO SUMÁRIA DA ATIVIDADE

3.1 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

Nesta parte deve constar as fontes ou referências que o auxiliaram na composição do relatório.
.

3.2 RESUMO (síntese com informações básicas da atividade, escrito com as próprias
palavras do relator), contendo 150 a 200 palavras). Num parágrafo único.

3.3 EXPOSIÇÃO DO CONTEÚDO

Datas (registro da Atividades (Identificação da parte da obra que foi lida, ou outra atividade,
sequência da comentários pessoais e ideações (se se tratar da leitura de obra) ou partes
leitura ou da distintas da tarefa realizada, seja uma viagem de estudo, participação de um
atividade) seminário, exibição de um filme ou relatório de pesquisa.

.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

Resultado da leitura/atividade e comentário geral, apresentando algumas ideias novas a respeito


do tema (opcional).

DATA:____/_____/_______.

ASSINATURA DO ALUNO (RELATOR)

1.2 FICHAMENTO3

“FICHAMENTO” é uma forma de investigação que se caracteriza pelo ato de fichar


(registrar), arquivar todo o material necessário à compreensão de um texto ou tema.
Para isso, é preciso usar arquivos/pastas que facilitam a documentação e preparam a
execução do trabalho. Não só, mas é também uma forma de estudar / assimilar
criticamente os melhores textos / temas de sua formação acadêmico-profissional.  

Um fichamento completo deve apresentar os dados seguintes.

a) INDICAÇÃO BIBLIOGRÁFICA – mostrando a fonte da leitura (cf. ABNT)

b) RESUMO – Resumo breve de caráter informativo sobre o conteúdo da obra.


Trabalho que se baseia no esquema (na introdução pode fazer uma pequena
apresentação histórica ou ilustrativa), bem como indicar o objeto de estudo e os itens
investigados na obra ou no texto em estudo.

3
FONTE BIBLIOGRÁFICA

HUHNE, L.M. Metodologia científica. 7a. ed. Rio de Janeiro: Agir, 2000. pp.64-65.

MEDEIROS, J.B. Redação Científica. São Paulo: Ática, 1991.


c) DISCUSSÕES COM PEQUENAS CITAÇÕES – apresentação de transcrições
significativas da obra, entre aspas ou em itálico, indicando a(s) páginas (p.).

d) COMENTÁRIOS FINAIS (parte do fichamento em que pode se chamar de


CONCLUSÃO OU CONSIDERAÇÕES FINAIS), resultado da leitura reflexiva,
expressando a compreensão crítica do texto, baseando-se ou não em outros autores e
outras obras.

Ideação: colocação em destaque das novas ideias que surgiram durante a leitura
reflexiva.

OBSERVAÇÃO (1)

Medeiros (1991) propõe que o fichamento pode ser realizado pelo estudioso com
diferentes funções, das quais derivam variados tipos de fichas: ficha de indicação
bibliográfica; ficha de assunto; ficha de transcrição; ficha de resumo; ficha de
comentário. De acordo com esse autor, a ficha de resumo “apresenta uma síntese das
idéias do autor” (op. cit., p, 55). Essa definição, geralmente, confunde-se com a de
resumo que o mesmo autor oferece. Afinal, não fica claro se a síntese das ideias do
autor registra-se como um fichamento ou como um resumo.

ESTRUTURA DE FICHAMENTO

IDENTIFICAÇÃO BIBLIOGRÁFICA: NOME DO AUTOR, pré-nome. Obra.


Local: Editora, ano de publicação (s/d). p. 1-30. (ABNT)

I PARTE: apresentação objetiva das idéias do autor (objeto de estudo, do que


se trata): RESUMO

1.1 Resumo (baseado no esquema)

1.2 Pequenas citações (entre aspas e páginas)

II PARTE: elaboração de comentários pessoais sobre a leitura


(CONCLUSÃO)

2.1 Comentários (parecer e crítica)

2.2 Ideação ( novas perspectivas )

INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
MODELO DE FICHAMENTO (1)

REFERÊNCIA (S) NOME DO AUTOR, Pré-nome. Obra. Local de


publicação: Editora, ano.

Resumo breve de caráter informativo sobre o conteúdo


da obra. Trabalho que se baseia no esquema (na
1. RESUMO introdução pode fazer uma pequena apresentação
histórica ou ilustrativa). Bem como indicar o objeto de
estudo e os itens investigados na obra ou no texto em
estudo.

2.1 Se houver tópicos, enumerá-los.

“Apresentar as transcrições significativas da obra, entre


aspas, indicando as páginas; tecer comentários críticos,
2.DISCUSSÕES explicitando o posicionamento do autor” (p. 65).
/CITAÇÕES E
COMENTÁRIOS Comentário:

2.2 Se houver mais tópicos, registrá-los de forma


continuada...

3 CONCLUSÃO / Expressando a compreensão crítica do texto, baseando-


CONSIDERAÇÕES se ou não em outros autores ou em outras obras;
FINAIS elaboração de comentários pessoais sobre a leitura.
Ideação: apresentação de novas perspectivas sobre o
tema.

NOTA: O FICHAMENTO PODERÁ SER PRODUZIDO SEM O USO DESSA


TABLEA, PORÉM SEGUINDO O MESMO ROTEIRO.

nevespereira@ufersa.edu.br

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