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AV2 – PRÁTICA SIMULADA IV

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA CÍVEL DA


COMARCA CIDADE-UF

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Processo n. XXXXXXXXXXXXXX

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MARIONETE (SOBRENOME), devidamente qualificada nos autos do processo em epígrafe, em


contenda com OXY S.A. na qualidade e primeira demandada e LOJAS GERALDÃO LTDA, na
qualidade de segunda demandada, igualmente qualificados, vem por seu advogado, inconformado com
a sentença de fls ..., nos autos da AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS, vem à
presença deste D. Juízo interpor o presente:

RECURSO DE APELAÇÃO

para o Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, com fundamento no Art. 1.009 e ss do CPC,
com nas rações de fato e de direito a seguir expostas.

Requer-se, que após o cumprimento das formalidades, inclusive intimação da parte Apelada para
apresentação de contrarrazões, seja o presente recurso recebido em seu duplo efeito e remetido ao E.
Tribunal de Justiça, para reapreciação da matéria.

Espera deferimento.
Local e data.

ADVOGADO

OAB/UF n.º XXXX


RAZÕES DO RECURSO DE APELAÇÃO

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Apelante: MARIONETE (SOBRENOME)

Primeiro Apelado: OXY S.A.

Segundo Apelado: LOJAS GERALDÃO LTDA

Ação: AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS

Processo n. XXXXXXXXXX

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EGRÉGIO TRIBUNAL,

ILUSTRES DESEMBARGADORES

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I. SÍNTESE DOS FATOS

A apelante adquiriu em 05/06/2020, dentre outros eletrodomésticos, uma airfryer do


fabricante Oxy S.A., pelo valor de R$ 500,00 (quinhentos reais). Todavia, após funcionar
normalmente por 30 dias, o aparelho em questão, ao ser ligado, queimou em razão de o cabo de
energia ter derretido assim que ligado à energia elétrica.

Não obstante a reclamação apresentada em 15/06/2020 aos apelados, ambos


permaneceram inertes, deixando de oferecer qualquer solução. Tendo a apelante, em 01/11/2020,
ajuizado demanda perante a Vara Cível desta comarca, em face tanto da fabricante, quanto da loja
em que adquiriu o aparelho, requerendo a substituição do eletrodoméstico, por outro do mesmo
modelo ou superior, em perfeito estado e indenização por danos morais na monta de R$ 10.000,00
(dez mil reais), em virtude de a situação não ter sido solucionada em tempo razoável, motivo pelo
qual a família ficou impossibilitada de se utilizar o eletrodoméstico.

Ocorre que, o Exmo. Juiz acolheu preliminar de ilegitimidade passiva, arguida em sede de
contestação pelo segundo apelado, excluindo-a do polo passivo da referida demanda, com
fundamento nos Arts. 12 e 13 do Código de Defesa do Consumidor.

Em prejudicial de mérito, o douto juízo reconheceu a decadência do direito de


demandante, alegada em preliminar de contestação pelo primeiro apelado, com fundamento no
Art. 26, II, do CDC, considerando que decorreram mais de noventa dias entre a data do
surgimento do defeito e o ajuizamento da demanda.

Ante aos fatos expostos, passa a defender a reforma da decisão proferia em sede de
primeiro grau.

II. DA TEMPESTIVIDADE E DO PREPARO

Insta salientar, que o referido recurso é cabível na presente demanda por força do Art.
1.009, do CPC, uma vez que, houve prolação de sentença com resolução de mérito nos moldes do
Art. 487, I, do CPC, dando por encerrada a fase de cognição.

O presente recurso foi tempestivamente interposto, conforme disposto no Art. 1.003, §5º,
do CPC, assim descrito:

Art. 1.003. O prazo para interposição de recurso conta-se da data em que os advogados,
a sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério
Público são intimados da decisão.
(...)
§ 5º Excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor os recursos e para
responder-lhes é de 15 (quinze) dias.

A apelante é parte legítima para interposição do referido recurso de apelação, visto que é
parte vencida no processo de conhecimento, como determina o Art. 996, do CPC, tendo, por fim,
sido devidamente recolhido o preparo, conforme guia acostada aos autos.

III. DAS RAZÕES DO PEDIDO DE REFORMA

III.I DA RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA ENTRE FORNECEDOR E FABRICANTE

A sentença prolatada que acolheu a preliminar de ilegitimidade passiva do segundo


apelado requer reforma, uma vez que, os fornecedores de produtos duráveis respondem
solidariamente por vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados
ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor. No caso em tela, o vício apresentado
pelo produto impossibilita sua utilização, ensejando, portanto, a responsabilidade solidária, nos
termos do Art. 18, do CDC, in verbis:

Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem


solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou
inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por
aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da
embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes
de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas.

O Código de Defesa do Consumidor adota concepção ampla do sentido de fornecedor,


sendo considerado este, dentre outras possibilidades, quem comercializa o produto, se
enquadrando, portanto, o segundo apelado na condição de fornecedor, nos moldes do Art. 3º, do
CDC, nestes termos:

Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou


estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de
produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação,
distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.

Na hipótese de vício apresentado e não sanado no prazo de 30 dias, pode o consumidor


exigir do fornecedor a substituição por outro de mesma espécie e em perfeitas condições, nos
termos do Art. 18, §1º, I, do CDC, assim descrito:

Art. 18. (...)

§ 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor
exigir, alternativamente e à sua escolha:

I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de


uso;

Ante ao exposto, configurado o vício do produto e caracterizada a responsabilidade


solidária do segundo apelado, requer a reforma da decisão proferida, integrando-o à relação
processual e condenando-o à substituição do equipamento por outro de mesma espécie e em
perfeitas condições.

III.II INEXISTÊNCIA DE DECADÊNCIA QUANTO AO PEDIDO DE SUBSTITUIÇÃO DO


PRODUTO DEFEITUOSO

Na sentença proferida, o Exmo. Juiz reconheceu a decadência do direito da autora, com


base no Art. 26, I, do CDC, considerando que decorreram mais de noventa dias entre a data do
surgimento do defeito e a do ajuizamento da demanda.

Acontece que, conforme documento fiscal acostado aos autos, a aquisição do produto se
deu em 05/06/2020, tendo a apelante formulado reclamação administrativa junto aos apelados em
15/06/2020. Em razão da reclamação formulada ante aos apelados, resta prejudicada a
decadência, uma vez que, configura causa obstativa da contagem do prazo decadencial, conforme
Art. 26, § 2º, I, do CDC, ipsis litteris:

§ 2° Obstam a decadência:

I - a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de


produtos e serviços até a resposta negativa correspondente, que deve ser transmitida de
forma inequívoca;

Do exposto, tempestiva a reclamação apresentada pela apelante junto aos apelados, não se
configura o instituto da decadência.
III.III DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS

Por fim, a apelante, em razão de vício do produto, suportou danos morais em virtude do
constrangimento sofrido pela mesma e seus familiares, ante a impossibilidade de utilização do
eletrodoméstico adquirido.

O pleito indenizatório tem fundamento no fato do produto, estando, portanto, sujeito a


prazo prescricional de cinco anos, a contar do conhecimento do dano, nos termos do Art. 27, do
CDC, assim descrito:

Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato
do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do
prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria.

Do exposto, faz-se necessária a justa reparação pelos danos suportados pela apelante e
seus familiares.

IV. PEDIDO DE NOVA DECISÃO

ANTE AO EXPOSTO, a apelante, vem, com o devido acatamento, perante, V.Exa,


REQUERER:

a) O afastamento do acolhimento de decadência, por se tratar de responsabilidade pelo fato do


produto;

b) O Reconhecimento da responsabilidade solidária e inclusão do segundo apelado no polo


passivo da demanda;

c) A reforma da decisão, julgando procedentes os pedidos deduzidos na inicial;

d) A intimação dos apelados para apresentar contrarrazões.

Nestes termos,
Pede deferimento

Local e data.

ADVOGADO

OAB/UF n.º XXXXX

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