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DIREITO CIVIL V – COISAS – 7º SEMESTRE – 1º BIMESTRE PROF.

SOANE LOPES

DIREITO DAS COISAS X DIREITOS REAIS

DIREITO DAS COISAS

• CONCEITO: É um complexo de normas que regulamenta as relações existentes entre a


pessoa humana e coisas apropriáveis.

Há uma relação de domínio exercido pelo sujeito ativo (pessoa) sobre o objeto (coisa).
Não há um sujeito passivo determinado, sendo este, toda a coletividade (ERGA OMNES).

• FUNDAMENTAÇÃO: livro III – arts. 1196 a 1510 CC – Livro “Direito das Coisas”.

Direito das Coisas ou Direitos Reais?

DIREITOS REAIS

• CONCEITO: relações jurídicas estabelecidas entre as pessoas e coisas determinadas, tendo


como fundamento a propriedade seja plena ou relativa.

• CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS REAIS X DIREITOS PESSOAIS

• Direitos Reais:

• Relação jurídica entre uma pessoa e uma coisa;

• Sujeito passivo indeterminado;

• Princípio da publicidade (tradição e registro) – quem não registra, não é dono.

• Efeito erga omnes;

• Rol taxativo (NUMERUS CLAUSUS) – só é direito real aquilo que está previsto
no art. 1225 – (propriedade, superfície, servidões, usufruto, uso, habitação,
direito do promitente comprador do imóvel, penhor, hipoteca, anticrese,
concessão de uso especial para fins de moradia, concessão de direito real de
uso e os direitos oriundos da imissão provisória na posse, quando concedida à
União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios ou às suas entidades
delegadas e respectiva cessão e promessa de cessão.

• Direito sequela – direito que o proprietário da coisa tem de


requerer/reivindicar aquilo que lhe foi tirado injustamente.

• Caráter permanente;

• Instituto jurídico – a propriedade

• Direitos Pessoais de Cunho Patrimonial

• Relação jurídica entre pessoas: sujeito ativo (credor) e sujeito passivo


(devedor);

• Sujeito passivo: devedor;


• Princípio da autonomia privada (liberdade)

• Efeitos inter partes;

• Rol exemplificativo (números apertus) –art. 425 CC = criação dos contratos


atípicos;

• Os bens do devedor respondem;

• Caráter transitório;

• Instituto típico: contratos.

• POSSE

• Conceito: posse é exercício de fato pleno ou não, de alguns dos poderes inerentes
à propriedade.

• POSSUIDOR: é aquele que exerce os poderes inerentes a propriedade. (Gozar,


reinvidicar, usar e dispor) (art. 1.196 CC).

• Todo proprietário é possuidor, mas nem todo possuidor é proprietário.

3.1. TEORIAS JUSTIFICADORAS

• Teoria Subjetivista ou Subjetiva (Friederih Carl Vom Savigny) Posse: CORPUS +


ANIMUS DOMINI

• A Teoria Subjetiva de Savigny, acredita que a posse é a união de dois


elementos: o corpus, que seria a possibilidade de disposição da coisa, e
o animus, que resulta da vontade e a intenção do possuidor de ter a coisa
como sua.

• Teoria Objetivista ou Objetiva (Rudolf Von Ihering) Posse = CORPUS

• A Teoria de Ihering, não acredita no elemento subjetivo animus para que a


posse seja configurada. Justifica o autor da teoria que o animus, por ser um
elemento subjetivo, é de difícil comprovação, e assim, somente seria
necessário o elemento objetivo, o corpus, pois o possuidor agiria da mesma
forma que o proprietário.
• Essa é a Teoria adotada pelo Código Civil.

• NATUREZA JURÍDICA DA POSSE

Fato ou Direito? – Art. 1196 CC

• Conclusão doutrinária: a posse não é um simples fato, mas sim, um direito, um direito
real.
• SUJEITOS DA POSSE: qualquer pessoa física ou jurídica (pode ser representado ou
assistido)

• OBJETO DA POSSE:

• 1ª corrente: a posse só é exercida sobre coisas corpóreas.

• 2ª corrente: qualquer coisa que possa ser objeto de propriedade, também pode sê-lo
da posse. (+ aceitável)

• PRINCIPAIS CLASSIFICAÇÕES DA POSSE

• Quanto à relação pessoa/coisa

• Direta (1.197 CC) - é a posse em que a pessoa está na coisa, usufruindo dela.
Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder,
temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a
indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto
defender a sua posse contra o indireto.
• Indireta – tem o domínio, mas no momento a posse está diretamente com
outra pessoa. Exemplo: locatário.

• Quanto à presença de vícios

• Justa (1.200 CC) - Art. 1.200. É justa a posse que não for:

• Violenta (usa-se da força);


• Clandestina (é uma posse mais sutil);
• Precária (a pessoa entra na posse de forma justa mas depois ela se
torna injusta, pois a pessoa se nega a devolver a coisa);
OBS: cessando os efeitos da violência e a clandestinidade, pode-se
ingressar com a usucapião.
• Injusta

• Quanto à boa fé subjetiva

• Boa Fé (1201 CC) – a pessoa está de boa-fé até o momento em que ela não em
conhecimento da verdade real.
Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o
obstáculo que impede a aquisição da coisa.
Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a presunção
de boa-fé, salvo prova em contrário, ou quando a lei expressamente
não admite está presunção.
• Má fé

• Quanto à presença de títulos

• Com título (jus possidendi ou posse causal) – É o direito à posse, conferido ao


portador de título devidamente transcrito, bem como ao titular de outros
direitos reais.

• Sem título (jus possessionis ou posse formal) – É a posse derivada de uma


posse autônoma, independentemente de qualquer título, quando alguém se
instala e se mantém em um imóvel por mais de ano e dia, criando uma
situação possessória, que lhe proporciona direito à proteção. Ou seja, a pessoa
tem a posse, mas não tem um título.

• Quanto ao tempo

• Posse nova é aquela com menos de um ano e um dia. Na posse nova pode-se
pedir liminar. = 364 dias

• Posse velha é aquela com mais de um ano e um dia. Não se pode pedir
liminar. = 366 dias

OBS: Nesse sentido, sendo a posse nova, aplica-se o rito especial, caso
contrário, sendo posse velha aplica-se o rito comum ordinário. No que tange
ao rito especial é possível o autor em seu pedido requerer liminar para
reintegração ou manutenção de sua posse. Já pelo rito ordinário tal
requerimento se mostra impossível, cabendo, eventualmente, tutela
antecipada.

• Quanto aos efeitos

• Posse Ad interdicta (interdito possessório) – A posse ad interdicta é aquela


que pode ser defendida pelos interditos através das ações possessórias
bastando a posse ser justa, mas que não conduzem a usucapião.
• Posse Ad Usuapionem (usucapião) - é aquela que prolonga-se pelo tempo
definido em lei e que dá ao seu titular a aquisição do domínio, ou seja, a que
enseja o direito de propriedade. Precisa preencher requisitos estabelecidos,
como o de ter o animus de dono, por exemplo, para que se configure.

ATENÇÃO

Composse - A composse se configura quando duas ou mais pessoas são possuidoras da


mesma coisa. Ocorre, por exemplo, quando um casal, em comunhão de bens adquirem uma
coisa comum. Qualquer um deles pode usar remédios possessórios frente a terceiros.

Condomínio - possui mais de um dono.

Possuidor – Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de
algum dos poderes inerentes à propriedade.

Detentor – está na coisa, mas não tem a posse. Exemplo: caseiro.


Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de
dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em
cumprimento de ordens ou instruções suas.
Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve
este artigo, em relação ao bem e à outra pessoa, presume-se detentor, até que
prove o contrário.
FORMAS DE AQUISIÇÃO DE POSSE

• AQUISIÇÃO ORIGINÁRIA

• Conceito: é a aquisição que independe de translatividade.

• Modos: arts. 1196, 1204 e 1263 CC

Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício,
pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.

1.204. Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o


exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade.

Art. 1.263. Quem se assenhorear de coisa sem dono para logo lhe adquire a
propriedade, não sendo essa ocupação defesa por lei.

• AQUISIÇÃO DERIVADA

• Conceito: é aquela que requer existência de uma posse anterior, ou seja, que é
transmitido ao adquirente.

• Modos:

• Tradição – entrega da coisa.

• Efetiva ou Real – entrega da coisa. Exemplo: CARRO.

• Simbólica ou Ficta – entrega de algo que representa a coisa.


Exemplo: CHAVE DO CARRO.

• Consensual

• Traditio Longa Manu – posse adquirida em uma


tradição. Longa manu significa até a onde vista
alcança. Esse tipo de posse não existe mais.

• Traditio Brevi Manu – ocorre quando a pessoa que


possuí em nome alheio passa a possuir em nome
próprio. Ex: locatário que possui casa em nome alheio
e compra a casa passando a possuir em nome próprio.
Nesse caso, a cláusula será da traditio brevi manu.

• Constituto Possessório ou Cláusula Constituti – art. 1267 – trata-se de uma operação


jurídica que altera a titularidade na posse, de maneira que aquele que possuía em
nome próprio, passa a possuir em nome alheio. Exemplo: vendo uma casa que
possuía em nome próprio, e coloco no contrato de compra e venda uma cláusula que
prevê a minha permanência na casa na condição de locatário. Essa cláusula é
constituti.
Art. 1.267. A propriedade das coisas não se transfere pelos negócios
jurídicos antes da tradição.
Parágrafo único. Subentende-se a tradição quando o transmitente
continua a possuir pelo constituto possessório; quando cede ao
adquirente o direito à restituição da coisa, que se encontra em poder de
terceiro; ou quando o adquirente já está na posse da coisa, por ocasião
do negócio jurídico.

• Acessão – é uma forma de aquisição de bens.

• Sucessão Universal = Legítima – garantida aos herdeiros.

• Sucessão Singular = Legatários – ocorre quando o falecido dispõe em


testamento que deixará para alguém (legatário) um bem.

Art. 1.206. A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do


possuidor com os mesmos caracteres.
Art. 1.207. O sucessor universal continua de direito a posse do seu
antecessor; e ao sucessor singular é facultado unir sua posse à do
antecessor, para os efeitos legais.

• QUEM PODE ADQUIRIR? – art. 1205 CC

• Própria pessoa que a pretende

• Represente ou procurador de quem quer possuir

• Terceiro sem procuração – dependendo de ratificação

Art. 1.205. A posse pode ser adquirida:


I - pela própria pessoa que a pretende ou por seu
representante;
II - por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação.

• NÃO ENSEJA POSSE – segundo o art. 1.208 do Código Civil, “não induzem posse os
atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os
atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a
clandestinidade”.

• ACESSÓRIOS – Art.. 1.209. A posse do imóvel faz presumir, até prova contrária, a das
coisas móveis que nele estiverem.

EFEITOS DA POSSE
O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho,
e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.
Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de outro
direito sobre a coisa.
• RESISTÊNCIA À TOMADA DA POSSE
• O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua
própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não
podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse.
• ALEGAÇÃO DE OUTREM
• Quando mais de uma pessoa se disser possuidora, manter-se-á
provisoriamente a que tiver a coisa, se não estiver manifesto que a obteve de
alguma das outras por modo vicioso.
• AÇÃO DE ESBULHO
• O possuidor pode intentar a ação de esbulho, ou a de indenização, contra o
terceiro, que recebeu a coisa esbulhada sabendo que o era.
• NÃO APLICAÇÃO
• O disposto nos itens antecedentes não se aplica às servidões não aparentes,
salvo quando os respectivos títulos provierem do possuidor do prédio
serviente, ou daqueles de quem este o houve.
• FRUTOS
• O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos.
• Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser restituídos,
depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também
restituídos os frutos colhidos com antecipação.
• Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos, logo que
são separados; os civis reputam-se percebidos dia por dia.
• O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos,
bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento
em que se constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio.
• PERDA OU DETERIORAÇÃO
• O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, a
que não der causa.
• O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa, ainda
que acidentais, salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando
ela na posse do reivindicante.
• INDENIZAÇÃO
• O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e
úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-
las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de
retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis.
• Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias;
não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de
levantar as voluptuárias.
• As benfeitorias compensam-se com os danos, e só obrigam ao ressarcimento
se ao tempo da evicção ainda existirem.
• O reivindicante, obrigado a indenizar as benfeitorias ao possuidor de má-fé,
tem o direito de optar entre o seu valor atual e o seu custo; ao possuidor de
boa-fé indenizará pelo valor atual.
PERDA DA POSSE
Art. 1.223. Perde-se a posse quando cessa, embora contra a vontade do possuidor, o
poder sobre o bem, ao qual se refere o art. 1.196.
Art. 1.224. Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o esbulho,
quando, tendo notícia dele, se abstém de retornar a coisa, ou, tentando recuperá-la, é
violentamente repelido.

DA USUCAPIÃO DE BENS IMÓVEIS

• CONCEITO: forma de aquisição da propriedade através do uso (posse).

• É uma prescrição aquisitiva.

• REQUISITOS GERAIS

• Posse mansa (PM); posse pacífica (PP), posse ininterrupta (PI); animus domini
(AD), por determinado tempo.

ESPÉCIES:

Extraordinária: duas espécies.


Usucapião Extraordinária I: PM + PP + PI + AD + 15 anos.
Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem
oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade,
independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que
assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no
Cartório de Registro de Imóveis.

Usucapião Extraordinária II: PM + PP + PI + AD + 10 anos + função social.

Art. 1.238 - Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo


reduzir-se-á a dez anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a
sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter
produtivo.

Ordinária: duas espécies.

Usucapião Ordinária I: PM + PP + PI + AD + 10 anos + Justo título (título que não é perfeito, é


um título viciado) + boa-fé.
Art. 1.242. Adquire também a propriedade do imóvel aquele que,
contínua e incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir por
dez anos.

Usucapião Ordinária I: PM + PP + PI + AD + 5 anos + justo título adquirido onerosamente com


base no registro em cartório, cancelado posteriormente + boa-fé + função social.
Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o
imóvel houver sido adquirido, onerosamente, com base no registro
constante do respectivo cartório, cancelada posteriormente, desde que
os possuidores nele tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado
investimentos de interesse social e econômico.

Especiais: urbana e coletiva urbana.

Usucapião Rural: PM + PP + PI + AD + 5 anos.

OBS: Só de imóveis rurais com no máximo 50 hectares, desde que


cultivada pela própria família (função social), e não pode ser
proprietário de nenhum outro imóvel no Brasil.
Art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou
urbano, possua como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição,
área de terra em zona rural não superior a cinqüenta hectares,
tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela
sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.

Usucapião Urbana Pro Moradia - PM + PP + PI + AD + 5 anos + imóveis urbanos c/ máx.


250m²; não pode ter nenhum outro bem imóvel no Brasil. Somente pode usucapir única vez.

Art. 1.240. Aquele que possuir, como sua, área urbana de até duzentos
e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem
oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-
lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel
urbano ou rural.
§ 1o O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao
homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil.
§ 2o O direito previsto no parágrafo antecedente não será reconhecido
ao mesmo possuidor mais de uma vez.

Usucapião Urbana Coletiva – Lei. 10257/2001 – Estatuto da Cidade.

• PM + PP + PI + AD + 5 anos; de imóvel urbano com mais de


250m²; litisconsórcio ativo de pessoas de baixa renda; a
ocupação será indivisível entre os usucapientes, não
constituirá uma porção para cada, será um condomínio. Foi
criada para regularizar as favelas.

Usucapião marital:
Art. 1.240-A. Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente
e sem oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano
de até 250m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja
propriedade divida com ex-cônjuge ou ex-companheiro que
abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família,
adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de
outro imóvel urbano ou rural.
§ 1o O direito previsto no caput não será reconhecido ao mesmo
possuidor mais de uma vez.

Usucapião indígena:

• PM + PP + PI + AM + 10 anos + área rural de até 50 hectares.


• Além do Código Civil, a Lei 6.001/1973, chamada Estatuto do
Índio, estabelece a usucapião especial indígena,
modalidalidade diversa da prevista naquela lei. Em seu artigo
33, tal legislação dispõe que “o índio, integrado ou não, que
ocupe como próprio, por dez anos consecutivos, trecho de
terra inferior a cinquenta hectares, adquirir-lhe-á a
propriedade plena”, sendo assim, caso o indígena ocupe
imóvel por 10 anos também poderá adquirí-lo por meio da
usucapião.

• A posse é definida segundo a visão de Savigny, ou seja, qualificada com o ANIMUS


DOMINI (ânimo de dono)
• Lapso temporal: 5, 10 e 15 anos de posse ininterrupta e contínua.
• Bens públicos: art. 102 CC, 191, p.ú CF
Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião.
Art. 191/CF - Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão
adquiridos por usucapião

• Capacidade subjetiva: capacidade da parte de requerer a Exceção da Usucapião.

OBS: a posse precária não dá o direito da usucapião. Somente a posse primária dá direito a
usucapião. Exemplo: relação de locatário e locador.

DIREITO DE PROPRIEDADE

• Conceito: “ é um direito complexo que se instrumentaliza pelo domínio, possibilitando


ao seu titular o exercício de um feixe de atributos consubstanciados nas faculdades de
usar, gozar, dispor e reivindicar a coisa que lhe serve de objeto (art. 1228 CC)” –
Cristiano Chaves.

“Propriedade é um poder de senhora que uma pessoa exerce sobre uma coisa, dela
excluindo qualquer atuação de terceiro” – Marco Aurélio B. de Mello

• Direito Fundamental protegido pelo art. 5º caput, XXII CF/88

• Gozar
• Reivindicar ou buscar
• Usar ou utilizar
• Dispor ou alienar

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
XXII - é garantido o direito de propriedade;

• Principais Classificações da propriedade:


• Plena (com os 4 atributos) – não se limita no tempo, ou seja, não tem um prazo de
duração previsto. A propriedade será plena se ela não for limitada por um direito
real de terceiro (usufruto, hipoteca, penhor, etc). Não pode sofrer limitação
temporal ou direito real de terceiro

• Limitada (divisão atributos. Ex: usufruto) – sofre restrições temporais ou de direito


real de terceiro. É uma propriedade resolúvel. Exemplo: alienação fiduciária (o
devedor transfere ao credor a propriedade de um bem em garantia de uma dívida;
a propriedade do credor é resolúvel, uma vez que, assim que a dívida for paga, ele
deixa de ter a propriedade).

• Nua propriedade: é uma espécie de propriedade limitada; o dono fica despido


do domínio útil, do poder de usar e fruir. Exemplo: união/reserva indígena.

• Restrições à propriedade limitam os direitos de usar, de fruir e de dispor. Podem ser


impostas por lei, cujo fundamento vai ser a função social da propriedade.

• Restrições legais: meio ambiente, patrimônio histórico artístico;


• Restrições Voluntárias: aparecem, principalmente, nas doações e
testamentos.
• Cláusulas de inalienabilidade e impenhorabilidade visa proteger a coisa dos
credores do dono.

• Principais Características do Direitos de Propriedade:

• Direito Absoluto (regra)


• Direito Exclusivo – 100% do dono.
• Direito Perpétuo – só deixa de ser perpétuo quando aliena ou perece.
• Direito Completo
• Direito Fundamental

FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE

A partir do momento em que o ordenamento jurídico reconhece que o exercício dos poderes
do proprietário não deveria ser protegido tão somente para a satisfação de seu interesse, a
propriedade tornou-se social, sob três aspectos:

• Privatização de determinadas faculdades;

• Criação de um complexo de condições para que o proprietário possa


exercer seus poderes;

• Obrigação de exercer certos direitos elementares de domínio, a


funcionalização da propriedade se resolveria entre espécies particulares de
bens, classificados mediante critérios econômicos e pela modificação das
normas que disciplinam a atividade do proprietário.

Fundamentação:

• Art. 170 CF/88


Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho
humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência
digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes
princípios:
I - soberania nacional;
II - propriedade privada;
III - função social da propriedade;
IV - livre concorrência;
V - defesa do consumidor;
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento
diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e
de seus processos de elaboração e prestação;
VII - redução das desigualdades regionais e sociais;
VIII - busca do pleno emprego;
IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte
constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e
administração no País.
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer
atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos
públicos, salvo nos casos previstos em lei.

• Art. 182, §2º, §4º CF/88


§ 2º A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às
exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano
diretor.
§ 4º É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica
para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal,
do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não
utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena,
sucessivamente, de:
I - parcelamento ou edificação compulsórios;
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana
progressivo no tempo;
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública
de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de
resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas,
assegurados o valor real da indenização e os juros legais.
• Art. 186 CF/88
Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural
atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência
estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:
I - aproveitamento racional e adequado;
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e
preservação do meio ambiente;
III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho;
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos
trabalhadores.

• Estatuto das Cidades – Lei 10.257/2001

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