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1312 RELATO DE EXPERIÊNCIA | CASE STUDY

Educação Permanente em Saúde e atenção


psicossocial: a experiência do Projeto Rede
Sampa
Permanent Health Education and psychosocial care: the experience of
the Projeto Rede Sampa

Christiane Mery Costa1, Claudia Regina de Moraes Abreu1, Paulo Amarante1, Felipe Rangel de
Souza Machado1

DOI: 10.1590/0103-1104202012726

RESUMO Este artigo relata uma experiência de formação em saúde mental desenvolvida no município
de São Paulo entre os anos de 2013 e 2016. Denominado Projeto Rede Sampa – Saúde Mental Paulistana,
direcionou-se a trabalhadores de diversas categorias profissionais e diferentes pontos da Rede de Atenção
Psicossocial, tendo sido elaborado e executado utilizando estratégias que garantiram a participação dos
distintos atores na construção de conteúdos de aprendizagem, a abordagem da singularidade das redes
territoriais e o registro do percurso formativo das turmas. A partir da metodologia construcionista social,
procurou-se discutir a relevância das interações dialógicas para o fortalecimento do trabalho em rede e a
importância do alinhamento com a atenção psicossocial como modelo ético de cuidado.

PALAVRAS-CHAVE Educação continuada. Sistemas de apoio psicossocial. Atenção à saúde. Saúde mental.

ABSTRACT This article reports on a training experience in mental health developed in the city of São Paulo
between 2013 and 2016. Named Projeto Rede Sampa – Saúde Mental Paulistana, it was aimed at workers
from different professional categories and different points of the Psychosocial Care Network, having been
elaborated and executed using strategies that ensured the participation of the different actors in the con-
struction of learning contents, the approach to the singularity of territorial networks and the registration
of the training path of the classes. Based on the social constructionist methodology, we sought to discuss the
relevance of dialogical interactions for the strengthening of networking and the importance of alignment
with psychosocial care as an ethical model of care.

KEYWORDS Education, continuing. Psychosocial support systems. Health care (public health). Mental health.

1 Fundação Oswaldo Cruz


(Fiocruz) – Rio de Janeiro
(RJ), Brasil.
chriscosta28@hotmail.com

Este é um artigo publicado em acesso aberto (Open Access) sob a licença Creative
Commons Attribution, que permite uso, distribuição e reprodução em qualquer
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Introdução Paulistana (PRS) que conjugou os campos da


saúde mental com o da formação dos traba-
Entre avanços e retrocessos no campo das po- lhadores da saúde como uma possibilidade de
líticas públicas no Brasil desde a instituição do engajar os trabalhadores da Raps na atenção
Sistema Único de Saúde (SUS), movimentos de psicossocial e de fazer frente aos retrocessos
trabalhadores, usuários e familiares em torno da que se prenunciam pelo incentivo às políticas
reforma psiquiátrica e da luta antimanicomial de atendimento que resgatam o modelo asilar.
vêm reafirmando a adoção do modelo de atenção Com base nas premissas da atenção psicos-
psicossocial, orientado por uma ética emanci- social e da EPS, no ano de 2013, a prefeitura de
patória, centrada no acolhimento à experiência São Paulo firmou parceria com a Secretaria de
singular da existência dos sujeitos e pautada Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde
no investimento em práticas sociais capazes (SGTES) do Ministério da Saúde (MS), bus-
de modificar as concepções acerca da doença e cando promover a qualificação dos profis-
diminuir o preconceito social, transformando sionais da saúde do SUS atuantes na Raps. O
territórios de vida em lugares de cuidado. PRS evidenciou a possibilidade de construção
O estabelecimento da Rede de Atenção coletiva do saber, aproximando trabalhadores e
Psicossocial (Raps) pela Portaria nº 3.088/20111 facilitando a criação de novas redes de sociabi-
institui a diversificação de estratégias de lidade necessárias ao funcionamento da Raps.
cuidado para pessoas com sofrimento ou Este relato de experiência é fruto de uma
transtorno mental, objetivando alcançar a pesquisa2 que procurou compreender os sen-
integralidade pela ampliação e articulação tidos da educação permanente para os profis-
de diferentes pontos de atenção. A proposi- sionais de saúde que participaram do projeto.
ção de estabelecer fluxos assistenciais que O recorte foi realizado considerando as ações
envolvam a atenção básica, psicossocial, hos- desenvolvidas entre os anos de 2014 e 2016,
pitalar, urgência e emergência, estratégias de abrangendo os cursos de curta duração, com
residencialidade, desospitalização e inclusão carga horária de 60 horas, na modalidade semi-
pelas vias do trabalho e cultura requer que os presencial, sendo 32 horas de atividades pre-
profissionais incluam o paradigma psicossocial senciais e 28 horas de atividades no Ambiente
no rol de referências reconhecidas e validadas Virtual de Aprendizagem (AVA). O uso do AVA
por eles em todos os pontos da rede. incluiu a elaboração de narrativas coletivas
A formação dos trabalhadores em processos como trabalho de conclusão de curso, que teve
de Educação Permanente em Saúde (EPS), por objetivo apresentar a interface entre o
conforme preconizado pela Política Nacional conteúdo discutido e o território de trabalho
de Educação Permanente em Saúde (PNEPS), do ponto de vista dos alunos/trabalhadores.
deve tomar experiências e vivências como Trata-se de pesquisa qualitativa, com abor-
geradoras de aprendizagem significativa. No dagem hermenêutica e utilização da meto-
modelo das Redes de Atenção à Saúde (RAS), dologia construcionista social, que analisou
ela pode ser recurso que suscite movimentos a interação e o compartilhamento de saberes
dialógicos e estratégias de negociação entre os ocorridos nos percursos formativos, discutindo
agentes de saúde com vistas ao estabelecimen- a importância das interações dialógicas para
to de relações solidárias, ao reconhecimento e aprimorar a organização da rede de cuida-
constituição de parcerias formais e informais dos e a produção de sentido na validação das
nos territórios, à composição das alternân- práticas de trabalho. Foram realizados grupos
cias no continuum do cuidado, à validação dos focais e entrevistas com alunos, docentes e
novos saberes e aprendizagens. coordenadores que dele participaram. A pes-
Neste artigo, debruçamo-nos sobre a expe- quisa foi autorizada pelos Comitês de Ética
riência do Projeto Rede Sampa – Saúde Mental em Pesquisa da instituição formadora (CAAE:

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91285818.9.0000.5241 – Parecer: 2.804.408) significativa, mediando um caminho que deve


e da Secretaria Municipal de Saúde de São colocar em análise a prática dos trabalhadores,
Paulo (CAAE: 91285818.9.3001.0086 – Parecer: estimulando a reflexão crítica e a construção
2.858.118). de novos conhecimentos.
O grupo condutor do convênio no muni-
cípio compreendia as ações de EPS como
Delineando um projeto de recursos estratégicos para a gestão e orga-
formação para o trabalho nização da atenção à saúde, devendo seguir
uma lógica ascendente, descentralizada e
em rede transdisciplinar, conforme definido por
Ceccim e Feuerwerker 3 . Assim, no ano
Em dezembro de 2012, na transição dos go- de 2013, um novo plano de capacitações
vernos municipais, a Secretaria Municipal da foi elaborado, com ampliação do escopo
Saúde de São Paulo celebrou convênio com a do projeto, para cursos de curta duração,
SGTES para a realização de oficinas de atua- aprimoramentos e especializações em saúde
lização dos trabalhadores no campo da saúde mental voltados a profissionais de níveis de
mental com transferência de recursos finan- escolaridade e formações diversificadas.
ceiros para a execução da municipalidade. Avaliações de processo formativo e produção
Como, à ocasião, o município não havia de cadernos temáticos pelos trabalhadores
estruturado um projeto de EPS para a Raps, da saúde também foram previstas na propos-
optou-se estrategicamente, no sentido de ga- ta denominada Projeto Rede Sampa – Saúde
rantir o recebimento dos recursos, por aderir Mental Paulistana (PRS).
a um projeto do MS em fase de implantação Os objetivos do PRS eram a qualificação
que envolvia basicamente a realização de três dos trabalhadores das redes de atenção para
oficinas para capacitação dos trabalhadores o cuidado em saúde mental com foco na ma-
para o cuidado em saúde mental: nutenção dos vínculos sociais e familiares e
na minimização do sofrimento psíquico; a
• Saúde Mental da Infância e Adolescência; integração e a articulação intersetorial dos
diversos serviços no fortalecimento da Raps
• Atenção às Situações de Crise em Saúde no município; e a promoção do cuidado em
Mental; rede na busca da integralidade na atenção à
saúde da população a partir da reorganização
• Atualização em saúde mental e traba- dos processos de trabalho.
lho em rede: demandas relacionadas ao O ponto de partida para a redefinição das
consumo de álcool e outras drogas. ações foi a realização do levantamento das
necessidades de capacitação em saúde mental
Grande parte das capacitações produzidas percebidas pelos trabalhadores dos distintos
pelo MS à ocasião tinham seu planejamento pontos da Raps por meio de instrumental,
realizado de maneira centralizada, sendo ela- identificando temas considerados relevantes.
boradas por conteudistas a partir de questões A tarefa de transformar essas necessidades
pertinentes a todo o território nacional. Os do- em conteúdo didático-pedagógico passa pela
centes, selecionados regionalmente, recebiam construção dos referenciais teórico-conceitu-
capacitação pedagógica e acesso ao material ais, elaboração de conteúdos e definição de
didático a ser utilizado, formato contraditó- metodologias de aprendizagem. O foco do PRS
rio aos pressupostos pedagógicos da PNEPS no fortalecimento da Raps objetivou transfor-
que preveem o uso de metodologia proble- mar a organização territorial em elemento a
matizadora como geradora da aprendizagem ser incluído nos debates entre os trabalhadores

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em sala de aula, tendo no docente um me- e o planejamento dos cursos de curta duração
diador das discussões. Era importante que o se deu com a constituição de Grupos de
conteúdo, embora presente e norteador, fosse Formadores, compostos por coordenadores
permeável a novas questões emergentes do e docentes de uma mesma área, responsáveis
encontro entre docentes e alunos, permitindo pela elaboração (e reelaboração) das aulas
a ressignificação constante das problemáticas no decorrer do curso (quadro 1). Essa estra-
e das potencialidades territoriais. tégia exigiu encontros rotineiros do grupo
Os temas apontados pelos trabalhadores e impulsionou um importante apoio mútuo
foram agrupados em quatro áreas temáticas, para o fortalecimento da docência.

Quadro 1. Principais características do trabalho do grupo de formadores

Características Coordenador de Área Docente


Modo de Seleção Notória especialidade. Edital de seleção pública.
Experiência necessária Acadêmica e em coordenação de Docência e atuação na Rede de Aten-
cursos. ção Psicossocial.
Atribuições Elaborar ementas de curso a partir Ministrar aulas.
da necessidade identificada pelos
trabalhadores. Indicar os referenciais
teóricos e bibliografia.
Participar de Rodas de Conversa _
Regionais, discutindo questões dos
diferentes territórios de trabalho.
Coordenar reuniões de capacitação Participar das reuniões com os Coor-
inicial com docentes, elaborando os denadores de Área.
planos de aula.
Desenvolver material para a Plata- Acompanhar e estimular o desenvol-
forma Moodle® e as questões dis- vimento das atividades no Ambiente
paradora da produção do texto das Virtual de Aprendizagem.
Narrativas Coletivas.
Realizar acompanhamento mensal Apresentar no grupo de formadores
com os docentes fazendo ajustes no as reflexões acerca dos conteúdos
conteúdo a partir de indicações dos trabalhados e sua correlação com
docentes. a rede territorial local, colaborando
nos ajustes da ementa e dos planos
de aula.

Segundo Ceccim e Feuerwerker, As diversas estratégias adotadas devem,


sob essa perspectiva, partir de uma compre-
[...] os saberes formais devem estar implicados ensão de teoria e prática como elementos
com movimentos de autoanálise e autogestão indissociáveis.
dos coletivos da realidade, pois são os atores Antecedendo o início de cada um dos
do cotidiano que devem ser protagonistas da cursos, foram realizadas ‘rodas de conversas
mudança de realidade desejada pelas práticas regionais’ – encontros entre o coordenador
educativas3(62). de área e os trabalhadores de macrorregiões
municipais – com objetivo de apresentar as

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principais abordagens propostas para os cursos Construindo bases teórico-


e acolher dos trabalhadores as particularidades conceituais para validação
territoriais, principais determinações sociais
de saúde, modos de organização dos servi-
da atenção psicossocial
ços e da rede. Os tópicos emergentes dessas
rodas foram posteriormente incorporados às A perspectiva construcionista social, base me-
ementas dos cursos. todológica da pesquisa que procurou investigar
Dando início aos cursos propriamente os sentidos da educação permanente no PRS,
ditos, as turmas de alunos/trabalhadores compreende o conhecimento como resultado
foram constituídas de modo heterogêneo de uma construção social, e não como reflexo
tanto em relação à escolaridade quanto à for- da apreensão do mundo tal qual ele se apre-
mação e inserção nas unidades de trabalho. senta. Segundo Souza4, o status de real de um
Dependendo da avaliação regional no que dado fenômeno é conferido por critérios de
se refere à pertinência de ativação das redes legitimidade assumidos como verdade por
intersetoriais, também foi possibilitada a par- uma comunidade.
ticipação de profissionais externos à saúde, Enquanto empreendimento interativo,
tais como defensores públicos, conselheiros as práticas sociais em uso pelos indivíduos
tutelares, profissionais da assistência social e passam de maneira constante por movimentos
educação, em um exercício de ampliação na de significação e de ressignificação que ora
problematização da rede de cuidados. as ratificam, ora as retificam. É a ‘produção
de sentido’ que valida o conhecimento cons-
É um curso na área de saúde mental, mas que não truído no coletivo a partir de movimentos de
era só pra Caps. Permite ferramentas e instrumen- desfamiliarização com rituais tomados como
tos ao trabalhador de qualquer equipamento – da óbvios nos grupos sociais. Por meio de jogos
UBS, ou do CER, ou do Caps – ele se apropria disso e de posicionamentos nos grupos, constituem-se
pode repensar sua intervenção. Pelo menos pra você os acordos que validam verdades e legitimam
refletir o que você faz, e internalizar ao seu estilo o conhecimento5.
aquilo que você tá aprendendo. (Trabalhador 2). Validar a atenção psicossocial em toda a
Raps implica, portanto, a discussão e o ques-
O território de trabalho foi o ponto de tionamento das práticas asilares em uso pelos
convergência do olhar de docentes e alunos/ profissionais em todos os pontos de atenção
trabalhadores, singularizando o processo e reelaboração de novo tecido de significados
formativo de cada turma, sendo facilitador para o cuidado. Como afirma Rotelli6(43):
para a caracterização coletiva das vulnerabi-
lidades e principais determinações sociais do Devemos partir do pressuposto de que no
sofrimento psíquico, para o reconhecimento mundo ainda existem milhões de pessoas
dos recursos formais e informais disponíveis dentro dos hospitais psiquiátricos, que existem
na organização do cuidado e apresentação de novas formas de internação através de condicio-
estratégias e intervenções inovadoras capazes namentos farmacológicos pesados. Existe um
de potencializar o trabalho em rede. internamento farmacológico quando, através
Os cursos foram ofertados em módulos dos remédios, nós reduzimos o corpo de uma
independentes, ou seja, sem se constituírem pessoa a corpo inerte. Existe um internamento
pré-requisitos sequenciais entre si. Organizá- psicológico quando reduzimos a pessoa a sua
los em áreas temáticas pretendeu tecer um fio doença. Contra todas estas formas de interna-
condutor entre eles, produzindo um sentido de mento temos uma luta infinita ainda a ser feita
continuidade a partir de referenciais teórico- e a estratégia para combate nesta luta se dá
-conceituais comuns ao campo psicossocial. através dos profissionais que devem aprender

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os novos saberes, que devem aprofundar-se A ‘dimensão teórico-conceitual’ constitui as


neste tema da complexidade das relações do bases epistemológicas do desenvolvimento do
corpo social. campo enquanto ciência. Basaglia, citado por
Amarante8, destaca que a psiquiatria separa o
Costa-Rosa7(144) analisa as concepções das objeto fictício, a doença, da existência global e
práticas em saúde mental em duas esferas complexa dos sujeitos e do corpo social, sendo
indissociáveis e distintas entre si: a esfera ela, a doença, e não o sujeito que a vivencia, o
político-ideológica e a teórico-técnico. Para objeto de seu desenvolvimento científico. O
ele, só campo psicossocial se direciona a colocar ‘a
doença entre parênteses’ como uma nova pos-
é possível considerar que dois modelos de sibilidade de produzir conhecimento a partir
atuação no campo da saúde mental são alter- da implicação com a experiência do sujeito, o
nativos se são contraditórios. E dois modelos que não significa negar a doença como produ-
serão contraditórios se a essência das suas tora de sofrimento, e, sim, direcionar o foco
práticas se encaminhar em sentidos opostos epistêmico aos sujeitos e sua trajetória de
quanto a seus parâmetros basilares. vida, construída por determinações sociais,
históricas, culturais que reafirmem múltiplas
O autor ressalta ainda que o resgate da dig- possibilidades de ser e de viver8.
nidade e da cidadania abordado no modelo A ‘dimensão técnico-assistencial’ refere-
psicossocial, que tem sido amplamente refe- -se aos espaços de produção de cuidado, que
renciado pelos movimentos antimanicomiais, devem se voltar a analisar os problemas do
insere-se na dimensão político-ideológica. cotidiano e intervir neles: relações pessoais,
No entanto, é de fundamental importância sociais, trabalho, lazer, moradia. Os servi-
elucidar o paradigma psicossocial também ços assistenciais são compreendidos como
nos seus aspectos teórico-técnicos, pensan- “dispositivos estratégicos, com o lugares de
do nos modos de respostas construídos para acolhimento, de cuidado e de trocas sociais
fazer frente às abordagens do que ele nomeou [...] lugares de sociabilidade e produção de
modelo asilar. subjetividade”8(69).
Amarante8(63) salienta que a saúde mental A ‘dimensão jurídico-política’ se constitui
deve ser considerada como um processo social enquanto campo de disputa estratégica na
construção de cidadania, sendo impulsionada
complexo [que] se constitui enquanto entrela- pelos movimentos sociais no tensionamento
çamento de dimensões simultâneas, que ora se de agendas governamentais e na consolidação
alimentam, ora são conflitantes; que produzem de marcos legais e mecanismos garantidores
pulsações, paradoxos, contradições, consensos, dos direitos humanos.
tensões. Por fim, a ‘dimensão sociocultural’ tem
como horizonte a constituição de um novo
Essa concepção remete a movimento, projeto de sociedade, uma real possibilidade
transformação, percurso em que se reafirmam de transformação social, visto que se funda-
paradigmas ou se estruturam rupturas que menta no envolvimento de toda a sociedade
fazem caminhar a compreensão da loucura na discussão sobre o paradigma da loucura. A
enquanto fenômeno e delinear as bases da criação de projetos culturais e espaços coleti-
atenção psicossocial em contraposição ao vos de convivência traz grande contribuição
modelo manicomial. O autor define quatro para a alteração do lugar social dos sujeitos
dimensões inerentes a esse processo: teórico- em sofrimento psíquico. Segundo Basaglia9,
-conceitual, jurídico-política, técnico-assis- a relação da sociedade com esses sujeitos não
tencial e sociocultural. deve ser fundamentada em sentimentos de

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tolerância, mas na evocação de sentidos de áreas temáticas, desenvolvendo, no período


reciprocidade e solidariedade. de análise, nove cursos de curta duração.
Com o intuito de abranger todas essas A tabela 1 apresenta as áreas, os cursos e o
dimensões, os cursos de curta duração do quantitativo de turmas e de trabalhadores
PRS se configuraram em torno de quatro participantes.

Tabela 1. Atividades do Projeto Rede Sampa – Saúde Mental Paulistana


Nº de Nº de
Área Temática Cursos turmas participantes
Atenção à saúde mental da Atendimento familiar. 28 822
infância e adolescência Vulnerabilidades e situações de risco psicossocial na infân- 18 252
cia e adolescência: abordagem e linhas de cuidado integral.
Atenção à saúde mental Manejo e conceituação ampliada da crise em saúde men- 20 496
do adulto e às situações tal.
de crise Psicopatologia, Psicofarmacologia e Medicalização. 18 514
Atenção à saúde dos Histórico e Epidemiologia do uso de drogas: da visão redu- 24 652
usuários de Substâncias cionista da doença à Política de Atenção à Saúde Mental,
Psicoativas álcool e outras drogas.
A Redução de danos: conceituação, mitos e estratégias de 19 339
ação no território e com população vulnerável.
Rede de atenção Psicos- O SUS, a Reforma Psiquiátrica e os desafios para o fortale- 20 547
social cimento da Rede de Atenção Psicossocial.
Matriciamento.* 25 2.896
Linhas de cuidado integral e Projeto Terapêutico Singular.* 22 2.435
Total 194 8.953
Fonte: Elaboração própria.
* O número corresponde ao total de profissionais que estiveram presente em cada um dos oito encontros da atividade que se configurou
em torno da organização da rede singular de cada território

O paradigma psicossocial do atendimento familiar e principais vulnera-


permeando o trabalho bilidades territoriais nos primeiros ciclos de
vida, abordando o sofrimento psíquico a partir
na Raps: a construção de das determinações sociais e identificando a
sentidos no PRS interface entre os diversos setores sociais nos
quais os usuários se inserem.
Os entrevistados da pesquisa referiram que
o projeto abrangeu múltiplas dimensões do É uma dimensão não só individual, do sofrimento
processo referido por Amarante, partindo psíquico: a ideia de um sofrimento que também tem
da compreensão das determinações sociais, causas, motivos, nos traumas sociais, na retrau-
históricas, culturais do sofrimento psíquico e matização, nas experiências de desenraizamento,
considerando que a produção de cuidado deve migração, [...] reconhecer que o sofrimento psíquico
permear uma rede de sustentação constituída é de alta complexidade. Não pode ser lido numa
na intersetorialidade. interpretação exclusivamente bioquímica ou moral.
A área de ‘Atenção à saúde mental da in- (Docente 2).
fância e da adolescência’ discutiu as temáticas

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Na área de ‘Atenção à saúde mental do Os debates promovidos pelos docentes


adulto e as situações de crise’, foram abordados que atuaram na área da ‘Rede de Atenção
os temas de conceito e manejo da crise, assim Psicossocial’ abordaram a dimensão jurídi-
como da psicopatologia, psicofarmacologia e co-política, discorrendo sobre a importância
medicalização. Verifica-se, nas entrevistas, dos movimentos da reforma sanitária na
a compreensão da loucura e do sofrimento constituição do SUS, a reforma psiquiátrica e
psíquico como parte da existência do sujeito o modelo de trabalho da Raps. Na abordagem
e, a partir dela, as múltiplas possibilidades de do ‘Matriciamento’ e ‘Linha de cuidado’,
cuidado que se apresentem como alternativa houve mudança na estratégia de trabalho,
aos processos de patologização e de medi- iniciando um debate sobre a rede no terri-
calização da vida. Relatos de trabalhadores tório a partir de suas determinações e po-
entrevistados apontam que essas abordagens tencialidades, conduzindo trabalhadores de
tiveram repercussão nas equipes, mesmo me- diferentes unidades à formação de coletivos.
diante a cultura medicamentosa dos serviços. Essa metodologia de trabalho abordou a
dimensão sociocultural, apoiando-se em
É possível cuidar de uma paciente sem medicação? conteúdos estruturados radicalmente sobre
Foi uma temática que gerou bastante problemati- a realidade territorial, suas redes formais,
zação, em sala de aula, porque o professor trouxe informais, ativas e passíveis de serem ati-
alguns exemplos de experiências internacionais: vadas, tendo como pano de fundo as teorias
acompanhar o usuário num quadro psicótico sem que sustentam a atenção psicossocial.
intervenção medicamentosa [...]. Isso também
serviu um pouco pra gente na realidade de Caps O que estava presente como eixo condutor era
pensar nos usuários que não aceitam intervenção a construção da rede. Não havia um conteúdo
medicamentosa estão em crise e a gente vai pelo específico... teve uma variação muito maior que
vínculo, no cuidado de uma forma mais ampliada. dependeu do território [...] a ideia de construção de
(Trabalhador 2). rede que estava na base da relação com os outros,
a relação entre os equipamentos e as formas de
Em ‘Atenção à saúde dos usuários de cuidado. (Docente 2).
Substâncias Psicoativas’, foram abordadas as
intervenções centradas em aspectos proibi- A disseminação dessas discussões acerca
cionistas, apresentando a redução de danos das dimensões da atenção psicossocial aos
como possibilidade de enfoque no cuidado a trabalhadores das unidades de saúde de di-
partir do respeito às escolhas individuais. ferentes complexidades, em especial para as
equipes da Atenção Básica, permitiu direcio-
Uma coisa que a gente discutiu bastante foi a nar o olhar para a compreensão das queixas,
legalização das drogas. Tinha evidentemente as sofrimentos e dores tão comuns no cotidiano
pessoas que eram a favor e contra ali, mas a gente de trabalho dos profissionais.
foi colocando quais seriam as possibilidades se você Nesse sentido, os processos formativos
pudesse ter outro contexto. Então ninguém estava devem possibilitar não somente a discussão
forçando ninguém a mudar de ideia, mas como sobre a abordagem individual do cuidado,
seria o usuário que poderia chegar ao Caps sem mas também impulsionar o debate sobre
vergonha, ou sem medo porque ele estava usando as múltiplas determinações do sofrimento
crack. [...] Outra coisa que a gente discutiu muito e interrogar a implicação de suas práticas
foi a droga como um negócio na nossa sociedade, nos modos de produzir saúde pública e
um negócio como outro qualquer, como o capita- coletiva, na reprodução dos processos de
lista da indústria farmacêutica. (Trabalhador 2). patologização e de medicalização da vida
e mercantilização da saúde.

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Sistematizando o de cuidado por meio da construção coletiva do


conhecimento em conhecimento, como destaca a entrevistada:

narrativas coletivas O curso teve essa potência de convocar ao debate,


a um posicionamento em relação aos saberes e re-
O objetivo de fortalecimento da Raps orientou- cuperar o lugar do sujeito que está sendo cuidado...
-se pelo estímulo à constituição de uma rede que o profissional pudesse questionar seus refe-
viva e à produção de conexões que ampliassem, renciais teóricos, ideológicos pra poder ver quem
para os trabalhadores dos diferentes serviços, ele está cuidando de outra forma. (Docente 2).
oportunidades d e encontros, estabelecimento
de compromissos e validação de novas práticas Reconhecer a interação social como espaço
baseadas na atenção psicossocial. Os proces- de legitimação do conhecimento implica con-
sos dialógicos foram considerados estratégias siderar os processos dialógicos como articula-
geradoras de sentido para o coletivo, visto dores dos jogos de posicionamentos nos grupos
que possibilitavam a reinterpretação dos que dão sentido às experiências humanas e
fenômenos e a reflexão, convocando sujei- sustentam as práticas sociais5. A linguagem
tos a um posicionamento e possibilitando a é aqui compreendida não como sistema de
institucionalização e a socialização de novas representação de fatos e fenômenos, mas como
práticas sociais2. atividade humana produtora de realidade em
Um dos efeitos positivos do PRS foi colocar si, produtora de verdade.
em contato direto sujeitos que se relaciona- Desse modo, a elaboração de um texto,
riam apenas institucionalmente. Machado, nomeado ‘narrativa coletiva’, foi o processo
Guizardi e Lemos10(6) chamam atenção para de sistematização do saber comum às turmas
o fato de que são as dinâmicas relacionais que dos cursos, possibilitando aos profissionais
constituem “redes de sociabilidades nas quais que participaram do PRS registrar a media-
se ancora, de modo sempre instável e singular, ção dialógica entre conteúdos e referenciais
os modos de funcionamento institucional”. desenvolvidos nos cursos, território de traba-
Relatos dos entrevistados ressaltaram esse lho e práticas de cuidado ali desenvolvidas. A
aspecto, mencionando que a criação de novos abertura desse espaço narrativo possibilita a
vínculos permitiu a melhoria na condução do reconstrução das experiências de forma refle-
trabalho em rede. xiva, a compreensão do seu fazer, de seu estar
no mundo, teorizando a própria experiência11.
Ali na sala de aula a gente conseguia ver acontecer Constituídos na modalidade semipresencial,
o que se espera que aconteça fora da sala de aula: os cursos de curta duração do PRS tiveram
a rede se organizar e se potencializar a partir de nas aulas presenciais o ambiente de encontro
uma discussão de caso, ou de um conceito que os e constituição de dialogicidade. O AVA se es-
provocavam a pensar. Neste sentido, as pessoas tabeleceu como recurso com baixa exigência
se conectavam, pessoas que não se conheciam, de tarefas, sendo encarado como repositório
serviços que não se conheciam [...] essa diversidade virtual de vídeos, slides, filmes, artigos, links,
sempre foi muito potente no Rede Sampa, e eu artigos, referências bibliográficas, enfim, todo
acho que isso precisa ser sustentado em todos os material didático-pedagógico. Também no
cursos: desde a ACS até o médico, dialogando. AVA, foram elaboradas as ‘narrativas coletivas’.
(Docente 2). A ferramenta Wiki, disponível na Plataforma
Moodle®, é voltada à construção de trabalhos
Os espaços de formação constituídos no PRS colaborativos. A partir de questões abordadas
objetivaram ampliar essas redes de sociabili- na aula presencial, perguntas disparadoras
dade na perspectiva de questionar as formas foram colocadas na plataforma para que os

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Educação Permanente em Saúde e atenção psicossocial: a experiência do Projeto Rede Sampa 1321

participantes escrevessem suas reflexões pes- liberdade, ampliação da contratualidade social


soais, tendo em vista uma aproximação entre e, por outro, a institucionalização, a segrega-
o conteúdo da aula e a vivência do trabalho. ção ou o isolamento social e a invalidação de
Construídos no decorrer do curso, esses re- produções subjetivas. As discussões acerca
gistros possibilitaram a elaboração final de dos paradigmas do cuidado em saúde mental
uma Narrativa alusiva à caracterização das nem sempre estão presentes nas trajetórias
principais vulnerabilidades territoriais, recur- dos trabalhadores da atenção básica, das uni-
sos disponíveis, reconhecimento de parceiros dades hospitalares ou das especialidades, o
formais e informais na efetivação do cuidado, que aponta para a necessidade de discutir o
apresentação de intervenções construídas modelo de atenção que embasa as práticas de
pelos trabalhadores e pelas comunidades, trabalho nesses serviços. Questões como o uso
conferindo contorno e materialidade ao co- de substâncias psicoativas, medicalização e
nhecimento comum àquele grupo. patologização da vida carregam uma grande
Indo além da execução da tarefa proposta carga de estigmas e de preconceitos, mesmo
de registro do trabalho, pudemos observar que entre profissionais da saúde.
as Narrativas se constituíram como espaço am- Assim, do ponto de vista de fortalecimento
pliado de ensino-aprendizagem, visto que aden- da atenção psicossocial pelos diversos pontos
traram o espaço da sala de aula e revelaram-se de atenção da rede, as ações desenvolvidas
ferramenta do trabalho do docente, produzindo possibilitaram aos trabalhadores o reconheci-
reflexão sobre a práxis instituída e possibilitan- mento dos parceiros do território de trabalho,
do novos modos de pensar o cuidado12. a apresentação das problemáticas comuns, a
elaboração de encaminhamentos conjuntos
e de novas estratégias alinhadas ao modelo
Conclusões psicossocial considerando, para além de
determinantes biológicos, a abordagem das
O PRS foi elaborado a partir de uma diversida- determinações sociais, econômicas, culturais,
de de ações, reunindo grupos heterogêneos de afetivas do sofrimento psíquico.
trabalhadores de diferentes níveis de atenção; Materializando a importância conferida
e, a partir das diretrizes estabelecidas pela aos saberes construídos no cotidiano dos
PNEPS, desenvolveu ações em abordagens territórios, as narrativas coletivas fizeram a
transdisciplinares, embasadas nas necessi- interface teoria/prática, configurando-se como
dades de aprendizagem identificadas pelos uma possibilidade de extensão do espaço das
trabalhadores no seu fazer cotidiano. salas aulas, bem como apresentando cuidado,
Do ponto de vista pedagógico, a elaboração respeito e valorização dos saberes construídos
das aulas realizada de forma aberta e proces- no cotidiano pelos profissionais da rede.
sual produziu movimentos de coautoria entre A formação dos trabalhadores em proces-
coordenadores e docentes, facilitou a permea- sos de EPS com enfoque nas necessidades
bilidade do currículo às práticas dos profissio- das equipes de saúde pode ser diversificada e
nais e às singularidades das redes territoriais favorecer a articulação dos diferentes pontos
e estabeleceu espaços de acolhimento, escuta de atenção a partir de metodologias de ensino
e troca para o grupo de formadores. que considerem a heterogeneidade profis-
O campo da saúde mental, pela caracte- sional, a natureza diversa dos serviços e as
rística de questionamento acerca da norma- singularidades territoriais. Esses processos
tividade social constituinte dos paradigmas formativos permitem que os grupos possam
psicossocial ou asilar, envolve debates que compreendem fenômenos, conferir sentido às
apresentam, por um lado, possibilidades de experiências, constituir referenciais comuns e
acolhimento a modos plurais de viver, direito à validar o conhecimento produzido no coletivo

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1322 Costa CM, Abreu CRM, Amarante P, Machado FRS

em espaços de mobilização, compartilha- concepção, planejamento, análise e interpre-


mento de saberes e estabelecimento de novas tação dos dados. Abreu CRM (0000-0003-
práticas sociais. 0654-663X)* contribuiu para a aprovação
da versão final do manuscrito. Amarante P
(0000-0001-6778-2834)* e Machado FRS
Colaboradores (0000-0002-5028-8888)* contribuíram para a
revisão crítica do conteúdo e para a aprovação
Autores tiveram tarefas distintas: Costa CM da versão final do manuscrito. s
(0000-0001-8105-995X)* contribuiu para a

Referências

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Educação Permanente em Saúde e atenção psicossocial: a experiência do Projeto Rede Sampa 1323

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saúde. Trab. educ. saúde. 2019; 17(3):1-26.
Recebido em 13/11/2019
Aprovado em 18/09/2020
Conflito de interesses: inexistente
11. Cunha MI. Conta-me agora! As narrativas como al-
Suporte financeiro: não houve

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