Você está na página 1de 8

Direito Administrativo | Luciano Franco

ESTADO, GOVERNO, ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA;


CONCEITOS E FONTES DO DIREITO ADMINISTRATIVO

Buenas meu povo! Vamos aprender aqui uma básica diferença entre três
conceitos que volta e meia caem em provas de concurso, seja de forma direta ou
de forma indireta, até mesmo, em outras matérias, como o nosso sagrado direito
constitucional. Então vamos lá!

Estado, Governo e Administração Pública

Estado é uma sociedade organizada politica e juridicamente, ocupando um


território definido, normalmente onde a lei máxima é uma Constituição escrita, e
dirigida por um Governo que possui soberania reconhecida tanto interna quanto
externamente. O Estado é responsável pela organização e pelo controle social,
pois detém, o poder da força, o chamado ius imperi.

Nosso ordenamento jurídico conceitua o Estado como uma PESSOA JURÍDICA DE


DIREITO PÚBLICO EXTERNO, com prerrogativas especiais, para que possa ser
atingida a finalidade de interesse público.

O fim do Estado é assegurar a vida humana em sociedade. O Estado deve garantir


a ordem interna, assegurar a soberania na ordem internacional elaborar as regras
de conduta e distribuir a justiça.

ATENÇÃO: É Nesse contexto, que insere-se o Direito Administrativo, como ramo


autônomo do Direito Público, tendo como finalidade disciplinar as relações entre
as diversas pessoas e órgãos do Estado, bem como entre este e os administrados.

Elementos do Estado

Um Estado soberano é sintetizado pela máxima "Um governo, um povo, um


território", sendo assim, são elementos do Estado, portanto: povo, território e
governo soberano.

focusconcuros.com.br
1
Direito Administrativo | Luciano Franco

O povo é o elemento humano, formado pelo conjunto de pessoas submetidas à


ordem jurídica estatal. Não se confunde com população por esta ser uma
quantidade de pessoas em uma região por um determinado tempo.

O território é o elemento material, espacial ou físico do Estado, é a sua base


geográfica, compreendendo a superfície do solo que o Estado ocupa, seu mar
territorial e o espaço aéreo, enfim, todo e qualquer espaço delimitado e
dominado pelo Estado.

Já o Governo é a organização necessária ao exercício do poder político, sendo


composto de pessoas escolhidas conforme a Carta Política que rege o Estado. O
governo define o futuro político da sociedade, com prioridade de políticas
públicas e atenção especial para assuntos sensíveis ao povo.

Organização do Estado

O Estado pode ser organizado de várias formas, levando-se em consideração a


sua extensão territorial, a estruturação de seus Poderes e a subdivisão em
unidades menores. Estados de tamanhos variados podem ter vários níveis de
governo: local, regional e nacional. Assim, o Estado pode ser:

a) Unitário ou simples - quando só existe um núcleo de comando, que é no âmbito


nacional, estendendo-se uniformemente sobre todo o seu território. (França,
Bélgica, Itália, Portugal e Uruguai são unitários)

b) Composto - como o Estado Federado, onde há a reunião de vários Estados


Membros que formam a Federação. Existem várias núcleos de comando, cada um
com autonomia política, bens próprios, renda e responsabilidades entregues pela
Carta Política. (Alemanha, Suíça, Brasil e EUA são federados).

IMPORTANTE: Seguindo orientação constitucional, para o Direito


Administrativo, a expressão “Estado”, em sentido amplo, abrange a União, os
Estados-membros, o Distrito Federal e os Municípios.

MUITO IMPORTANTE: O Estado, em suas relações internacionais, possui


soberania; ao passo que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
nas suas relações internas, possuem, apenas, autonomia.

focusconcuros.com.br
2
Direito Administrativo | Luciano Franco

Poderes do Estado

De acordo com o artigo 2º. Da CF/88 são Poderes da União, independentes e


harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo, e o Judiciário.

Cada um desses Poderes do Estado exerce predominantemente uma função


estatal específica, porém, não há uma separação absoluta de funções,
assegurando o sistema de freios e contrapesos.

Assim, os Poderes irão desempenhar funções típicas (principais) e funções


atípicas (não-principais). Assim temos:

Poder Legislativo é aquele que tem como principal função legislar (fazer leis!),
ou seja, inovar o ordenamento jurídico, estabelecendo regras gerais e abstratas,
criando comandos a todos os cidadãos, visto que ninguém será obrigado a fazer
ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.

Poder Executivo é aquele que tem como principal função executar, administrar
a coisa publica, dentro dos limites impostos pela lei em sentido amplo, com a
finalidade de atender ao interesse público.

Poder Judiciário é aquele que tem como principal função julgar, solucionar
conflitos de interesses entre as partes, dizer o direito, aplicar a lei nos casos
concretos. Tal poder não se acha em todas as esferas, como os anteriores, dado
que os municípios não possuem Poder Judiciário próprio.

MUITA ATENÇÃO: Pelo exposto acima, percebemos que a função administrativa


(objeto do Direito Administrativo) é exercida tipicamente (principal) pelo Poder
Executivo, porém, os demais Poderes também irão desempenhá-la, só que de forma
atípica (não-principal).

focusconcuros.com.br
3
Direito Administrativo | Luciano Franco

Conceito de Governo

A direção geral das políticas públicas e da macro economia é dada pela cúpula
diretiva do Estado, a qual chamamos de GOVERNO! Governar é o poder de regrar
uma sociedade política e o aparato pelo qual o corpo governante funciona e
exerce autoridade.

ATENÇÃO: Governo é elemento do Estado, mas Governo não implica


necessariamente a existência de Estado, assim, pode ter Governo sem Estado, mas
nunca Estado sem Governo!

O Governo é o conjunto de órgãos e Poderes responsáveis pela função política


do Estado, abrangendo as funções de comando e de estabelecimento de
objetivos e diretrizes do Estado, de acordo com as suas atribuições
constitucionais.

Conceito de Administração Pública

A expressão “Administração Pública” abarca diversas concepções. Inicialmente,


temos que Administração Pública em sentido amplo (lato sensu), como o
conjunto de órgãos governamentais (com função política de planejar, comandar
e traçar metas) e de órgãos administrativos (com função administrativa,
executando os planos governamentais).

Num sentido estrito (stricto sensu), podemos definir Administração Pública como
o conjunto de órgãos, entidades e agentes públicos que desempenham a função
administrativa do Estado. Ou seja, num sentido estrito, a Administração Pública é
representada, apenas, pelos órgãos administrativos.

ATENÇÃO: Para fins de prova, é mais comum que as bancas examinadoras exijam
do candidato o conceito de Administração Pública num sentido objetivo e num
sentido subjetivo.

a) Sentido objetivo ou material ou funcional de Administração Pública

Nesse sentido, a administração pública confunde-se com a própria função


(atividade) administrativa desempenhada pelo Estado.

focusconcuros.com.br
4
Direito Administrativo | Luciano Franco

O conceito de Administração Pública está relacionado com o objeto da


Administração. Não se preocupa aqui com quem exerce a Administração, mas
sim com o quê faz a Administração Pública.

IMPORTANTE: A função administrativa é exercida predominantemente pelo


Poder Executivo, porém, os demais Poderes também a exercem de forma atípica.

ATENÇÃO: A doutrina majoritária entende que as atividades administrativas


englobam: a prestação de serviço público, a polícia administrativa, o fomento
e a intervenção administrativa.

b) Sentido subjetivo ou formal ou orgânico de Administração Pública:

A expressão Administração Pública confunde-se com os sujeitos que integram


a estrutura administrativa do Estado, ou seja, com quem desempenha a função
administrativa. Assim, num sentido subjetivo, Administração Pública
representa o conjunto de órgãos, agentes e entidades que desempenham a
função administrativa.

ATENÇÃO: Os meios de atuação da Administração Pública serão analisados


posteriormente de forma detalhada, mas de forma sucinta, teremos os Entes,
Entidades e Órgãos e seus Agentes, assim temos:

• Entes políticos – União, Estados, Distrito Federal e Municípios (todas com


personalidade jurídica de Direito Público) e possuem além das autonomias
administrativa, financeira e gerencial, a autonomia POÍTICA.
• Entidades Administrativas – São as autarquias, fundações públicas,
empresas públicas e sociedades de economia mista (todas com
personalidade jurídica de Direito Público e/ou Privado), NÃO possuindo a
autonomia POLÍTICA e se ligando a algum dos ENTES políticos.
• Órgãos Públicos: são centros de competência, despersonalizados,
integrantes da estrutura de uma pessoa jurídica, incumbidos das
atividades do Ente ou da Entidade a que pertencem.

focusconcuros.com.br
5
Direito Administrativo | Luciano Franco

• Agentes Públicos: são todos aqueles que exercem, ainda que


transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação,
designação, contratação ou qualquer forma de investidura ou vínculo,
mandato, emprego ou função pública.

RESUMINDO

Sentido objetivo ou material ou funcional = atividade administrativa (O quê


faz?!?)

Sentido subjetivo ou formal ou orgânico = órgãos + agentes + entidades (Quem


faz?!)

CONCEITO DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Por ser uma matéria eminentemente doutrinária, postamos os mais variados


conceitos dos nossos doutos escritores pátrios, os quais definem o Direito
Administrativo assim:

a) Barros Jr.: é um conjunto de princípios jurídicos que disciplina a organização


e a atividade do Poder Executivo, inclusive dos órgãos descentralizados, bem
como as atividades tipicamente administrativas exercidas pelos outros poderes.

b) Celso Antônio Bandeira de Mello: é o ramo do Direito Público que disciplina


a função administrativa e os órgãos que a exercem.

c) Mário Mazagão: é o conjunto dos princípios que regula a atividade jurídica do


Estado, exceto a judiciária e a instituição dos meios e órgãos de sua ação geral.

d) Maria Sylvia Di Pietro: é o ramo do direito público que tem por objeto os
órgãos, os agentes e pessoas jurídicas administrativas que integram a
Administração Pública, a atividade jurídica não contenciosa que exerce e os bens
de que se utiliza para a consecução de seus fins, de natureza pública.

e) José Cretella Jr.: é o ramo do Direito Público Interno que regula a atividade
jurídica do Estado, não contenciosa e a constituição dos órgãos e meios de sua
ação geral.

focusconcuros.com.br
6
Direito Administrativo | Luciano Franco

f) Hely Lopes Meirelles: é o conjunto harmônico de princípios jurídicos que rege


os órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta
e imediatamente os fins desejados pelo Estado.

MUITA ATENÇÃO: Para efeito de informação, como citado em aula, temos dois
grandes ramos do DIREITO, conforme novamente demonstrado abaixo.

Por mais que seja irrelevante para efeito de provas da matéria ora trabalhada, é
importante que tenhas este conhecimento.

FONTES DO DIREITO ADMINISTRATIVO

As fontes do Direito Administrativo são a lei (em sentido amplo, abrangendo desde
a Constituição Federal até os atos normativos), a doutrina, a jurisprudência e os
costumes (a praxe administrativa).

• DIRETA, PRIMÁRIA OU ORIGINÁRIA: É aquela fonte que inova o direito, que


tem o condão de criar e modificar relações jurídicas. Dentro desta
classificação se encontra a LEI no sentido genérico, abrangendo esta
expressão desde a Constituição até os regulamentos executivos.
• INDIRETA, SECUNDÁRIA OU DERIVADA: É aquela fonte que não inova o
direito, apenas o interpreta e o complementa. Aqui temos a DOUTRINA,
que é a opinião dos juristas emanada em livros, revistas e demais
publicações; Os COSTUMES ainda influenciam e são sim fonte do Direito
Administrativo, dada que a praxe administrativa é por vezes seguida nos
mais variados setores da administração pública; A JURISPRUDÊNCIA é o
conjunto de decisões proferidas pelos tribunais pátrios, consolidas muitas
vezes nas chamadas SÚMULAS.

focusconcuros.com.br
7
Direito Administrativo | Luciano Franco

MUITO IMPORTANTE: Para provas, adote o entendimento que as SÚMULAS


VINCULANTES publicadas pelo STF são também FONTES PRIMÁRIAS!!! Mesmo
sendo uma derivação da fonte jurisprudencial.

IMPORTANTE: No Brasil, as decisões administrativas não têm o efeito de coisa


julgada, visto que as decisões definitivas só ocorrem no âmbito do poder judiciário.

ATENÇÃO: A doutrina trata os PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO como fontes


do Direito Administrativo também. Conteúdo pouco abordado em prova de
concurso, mas, caso apareça a alternativa e nada mais se pareça como viável,
recomenda-se marque como correta.

É isso meu povo, concluímos com sucesso nosso encontro preambular sobre o
Direito Administrativo, e espero que com êxito rs.

Pratique exercício, releia e assista a aula sempre que puder, para cada dia mais
consolidar o conhecimento.

Lembre-se, a repetição é pressuposto lógico da perfeição.

JUNTOS ATÉ PASSAR!!!

focusconcuros.com.br
8

Você também pode gostar