Prof.

Dercides Pires da Silva

Prof. Colaborador Lázaro Praxedes
 LISTA DE ABREVIATURAS

Catec. Catecismo da Igreja Católica

CT Catechesi Tradendae
EN Evangelii Nuntiandi
RM Redemptoris Missio
TEB Tradução Ecumênica

“O Espírito do Senhor está sobre mim, porque

me ungiu; e enviou-me para anunciar a boa
nova aos pobres, para sarar os contritos de
coração. (Lc 4,18)”

CURSO ANUNCIA-ME
AULA 04 – ANUNCIAR A BOA NOVA COM TESTEMUNHO

Professores Dercides Pires da Silva e Lázaro Praxedes

 AULA 04 - ANUNCIAR A BOA NOVA COM TESTEMUNHO

“Não podemos nos calar sobre o que vimos e ouvimos.” (At 4,20 )
O pregador é, antes de tudo, uma testemunha qualificada do que viu, ouviu
e experimentou de Deus.
Karl Rhaner chegou a afirmar que “o cristão do futuro ou será um místico, ou
seja, alguém que experienciou alguma coisa, ou não será cristão”. O futuro
mencionado por Rhaner é agora, é exatamente o tempo no qual estamos vivendo.
Apresentaremos nesta aula o testemunho como eficaz meio de
evangelização.
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Demonstraremos que os Apóstolos, mais que pregadores, foram testemunhas,

pois foi a eles que o Senhor disse em primeiro lugar: “Sereis minhas testemunhas” (At
1,8). Por isso, quando eram questionados pelas autoridades do Templo de Israel,
podiam responder com toda segurança: “Não podemos deixar de falar das coisas que
temos visto e ouvido” (At 4,20).
Veremos o que vem a ser o testemunho cristão, a sua força. Também, os seus
passos e como realizá-lo na pregação.
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CONCEITO DE TESTEMUNHO
a. Testemunho é o ato de testemunhar.
 É uma declaração, um depoimento sobre algo que se viu e/ou ouviu.
 É demonstração definitiva, plena, com a qual se prova um fato.
 É também uma afirmação fundamentada.
b. Testemunhar é narrar o que se viu e/ou ouviu.
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 Com o testemunho afirma-se, comprova-se, publica-se, defende-se a

verdade que você conhece, a respeito de uma pessoa ou fato
ocorrido.
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CONCEITO DE TESTEMUNHO
c. Ser testemunha é ser prova pessoal de um acontecimento.
 Assim, pelo Espírito que recebemos, somos chamados a testemunhar
em favor de Jesus Cristo, em favor de sua pessoa, de sua doutrina,
de sua revelação, de suas obras e de suas palavras.
 Porque o pregador viu, conheceu e experimentou, dá provas; e
torna-se testemunha de Jesus.
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d. O Testemunho verdadeiro brota de uma profunda

experiência pessoal com a pessoa de Jesus de Nazaré.
 Quanto maior for a intimidade, maior será a força do testemunho.
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SEREIS MINHAS TESTEMUNHAS

a. “E sereis minhas testemunhas”. (Atos 1,8)

b. Os testemunhos dos primeiros cristãos são chaves para o
entendimento do Livro dos Atos dos Apóstolos, e também
para compreender a força da evangelização da Igreja
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Primitiva:
 At 1,8; 2,32.40; 3,15; 4,33; 5,32; 10,39-43; 13,31; 18,5; 20,24;
22,14-20; 23,11; 26,16.22; 28,23.
“Não há verdadeiro anúncio da ressurreição de Jesus,
sem testemunho.”
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SEREIS MINHAS TESTEMUNHAS

c. Testemunho e anúncio são inseparáveis.

d. Quando escolheram o substituto de Judas, o critério principal
que Pedro utilizou foi que o substituto (Matias) era
testemunha da ressurreição de Jesus (At 1,21-22).
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 “Ser testemunha de Cristo é ser ‘Testemunha da sua ressurreição’”

(Catec., Nº 995).
e. O autor dos Atos, que tanto admirava o Apóstolo Paulo, fez
questão de lembrar como o Espírito Santo o impulsionava a
testemunhar Jesus (At 23,11; 26,15-18).
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SEREIS MINHAS TESTEMUNHAS

f. Importância de ser testemunha.
 Papa Paulo VI, em Evangelii Nuntiandi, 41: “O homem contemporâneo escuta
com melhor boa vontade as testemunhas do que os mestres, dizíamos ainda
recentemente a um grupo de leigos, ou então, se escuta os mestres, é porque
eles são testemunhas.”
 Portanto, a Boa-Nova deve ser proclamada, em primeiro lugar, pelo
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testemunho.
 “Evangelizar é, antes de tudo, dar testemunho, de um modo simples e direto,
de Deus revelado por Jesus Cristo mediante o Espírito Santo” (EN, 26).
 “E vistas bem as coisas, haveria uma outra forma melhor de transmitir o
Evangelho, para além da que consiste em comunicar a outrem a sua própria
experiência de fé? Importaria, pois, que a urgência de anunciar a Boa Nova
às multidões de homens, nunca fizesse esquecer esta forma de anúncio, pela
qual a consciência pessoal de um homem é atingida, tocada por uma
palavra realmente extraordinária que ele recebe de outro” (EN, 46).
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SEREIS MINHAS TESTEMUNHAS

g. “Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, que procede do
Pai, ele dará testemunho de mim. Também vós dareis testemunho
porque estais comigo desde o princípio” (Jo 15,26-27).
 Anunciar a Boa-Nova é vocação fundamental do cristão confiada por Jesus a
seus discípulos; anunciar mediante o testemunho, é aceitar o meio eficaz
escolhido pelo próprio Senhor.
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 Há DOIS TIPOS DE ANUNCIO: o implícito e o explícito. O implícito é dar

testemunho de Jesus Cristo com a vida, sem falar diretamente o nome de
Jesus. O explícito é anunciar claramente o nome de Jesus, narrando aquilo
que já experimentou da salvação de Jesus, bem como os frutos da vida
nova; da vida com Jesus. De qualquer forma, o testemunho nunca pode
faltar.
 “Crer verdadeiramente no que anuncia, viver o que crê e pregar o que vive”
( Cf. EN, 76).
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A FORÇA DO TESTEMUNHO

a. Força que uma testemunha pessoal tem num processo judicial:

Prova é prova! Contra fato não há argumentos.
 O Testemunho é uma grande força para convencer, para confirmar.
 Força semelhante tem o favor de Jesus durante a evangelização.
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b. Testemunhos arrastam, convencem, animam e alimentam a fé.

 Quando o querigma é apresentado não por “mestres e doutores”,
mas por autênticas testemunhas, desafia os ouvintes a
experimentarem a graça de Deus, além de lhes abrirem à fé, para
se entregarem a Jesus Salvador.
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A FORÇA DO TESTEMUNHO

c. Em um testemunho manifesta-se não o que nós fizemos pelo

Senhor, mas sim o que ele realizou em nossas vidas.
d. Um exemplo maravilhoso de um testemunho evangelizador é
o daquele homem que Jesus libertou e a quem ensinou a dar
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testemunho: “Vai para casa, para junto dos teus e anuncia-

lhes tudo o que o Senhor fez por ti, e como se compadeceu
de ti” (Mc 5,19).
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PARTES DO TESTEMUNHO PESSOAL

 ANTES: Como a testemunha (pregador ou pregadora) era antes de encontrar
Jesus, e como estava necessitada de salvação? Aqui se sublinha a vida longe do
Senhor e como Ele foi tecendo o caminho para encontrar a testemunha (Jr 2,3-14).
 DURANTE: O encontro pessoal com Jesus pela fé. Apresenta-se o que ocorreu e
como a testemunha aceitou a salvação de Jesus, centrando-se na misericórdia
de Deus que tomou a iniciativa para encontrá-la (pode ter sido diretamente ou
por meio de pessoas, fatos ou circunstâncias).
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 DEPOIS: Depois de encontrar Jesus, o que mudou em sua vida, principalmente

as coisas que enumerou no “ANTES”, acima citado. A testemunha não se
apresenta como perfeita, senão como simples testemunhas nas quais Deus
realizou sua obra salvífica (II Cor 4,16).
 MOTIVAÇÃO PARA EXPERIÊNCIA DE SALVAÇÃO: Conclui-se o testemunho motivando os
ouvintes, explicitamente, a experimentarem a graça de Deus: “Se fez em mim e por mim,
fará em ti e por ti”.
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PASSOS PARA UM BOM TESTEMUNHO

 As linhas mestras para um bom testemunho pessoal
 Tenha a mesma atitude de Cristo: atitude de humildade e de serviço.
 Prepare-se plenamente pela oração. Busque em Jesus a unção do
Espírito Santo: unção de sabedoria, de poder, de amor, de
simplicidade, de humildade, de verdade...
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 Organize o seu pensamento na forma de anotações.

 Que o seu testemunho tenha, nitidamente, princípio, meio e
fim.
 Guarde a simplicidade.

 Seja natural.
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PASSOS PARA UM BOM TESTEMUNHO

 Evite pormenores desnecessários que podem desviar a
atenção da mensagem básica.
 Esteja vigilante quanto à terminologia empregada na sua
alocução.
 Tenha cuidado para não atingir a reputação de alguém,
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revelando seus pecados ou falhas de caráter.

 Submeta previamente o seu testemunho a algum líder de
equipe para melhor discernimento em relação aos pontos
mais sensíveis.
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PASSOS PARA UM BOM TESTEMUNHO

 Lembre-se do ABC: alegre, breve e centrado em Cristo.

 Peça intercessão a Nossa Senhora e conte com ela.

 Seja ousado. Apresente publicamente Jesus diante do

mundo, Ele fará o mesmo por você diante dos anjos de
Deus. (Cf. Lc 12,8)
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O MELHOR TESTEMUNHO
 O melhor testemunho é o de cada um, isto é, é o seu,
valorize-o.
 Um testemunho pode ser veículo de bênção para muitas
pessoas.
 Uma boa forma de valorizar o testemunho é testemunhar
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em locais além daqueles relacionados com as reuniões de

oração, por neles haver muitas pessoas necessitadas de
Jesus.
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PERORAÇÃO
Enfim, digamos que o anunciador é uma testemunha que apresenta
um fato real: sua vida foi transformada por Jesus Cristo. Ele é uma testemunha
da experiência de Deus e deve poder dizer como os Apóstolos: ‘O que nós
contemplamos, ou seja o Verbo da vida ( ... ) nós vo-Lo anunciamos” (1 Jo 1, 1-
3). Ele deve ser prova pessoal da salvação de Jesus em sua pessoa, narrando
o que “vê e ouve” do Senhor em seu coração e também por meio da Sagrada
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Escritura, bem como o que experimenta da parte de Deus: Pai, Filho e Espírito
Santo (cf. RM, 9,1). O Testemunho verdadeiro vem de uma profunda
experiência pessoal com a pessoa de Jesus de Nazaré e é capaz de arrastar
as pessoas, pois lhes convence e anima, alimentando-lhes a fé.
Didaticamente, o testemunho tem três partes: antes da graça,
durante o acontecimento da graça, depois da graça e a motivação para
Jesus (incentivar as pessoas a fazerem a própria experiência).
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PERORAÇÃO
O bom testemunho percorre os seguintes passos: orienta-se por um
norte formado pela humildade e o serviço, em genuíno esforço para imitar
Nosso Senhor Jesus Cristo, além de buscar a unção do Espírito Santo por meio
da oração. Em seguida deve: ser organizado; ter princípio, meio e fim; ser
simples; ser natural; despido de pormenores desnecessários; não atingir a
reputação de alguém; ser alegre, breve e centrado em Cristo; contar com a
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intercessão de Nossa Senhora; ser ousado.

Afinal, o melhor testemunho é o seu, valorize-o, pois não há
verdadeiro anúncio sem testemunho. Anúncio e testemunho são inseparáveis. É
por isso que Jesus diz aos pregadores: “E sereis minhas testemunhas, e os
exorta por meio da Igreja a “Crer verdadeiramente no que anuncia, viver o
que crê e pregar o que vive” (Cf. EN, 76).
Deus os abençoe!
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SAIBA +
 PAPA PAULO VI. Exortação Apostólica, Evangelii Nuntiandi, ao episcopado,
ao clero, aos fiéis de toda a igreja, sobre a evangelização no mundo
contemporâneo. Vaticano.1975. Números 26; 41-46; 76.
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 CONCÍLIO VATICANO II, Constituição Dogmática Lumen Gentium. Números

31-38.