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PROLETÁRIOS DE CASACA

TRABALHADORES DO COMÉRCIO CARIOCA (1850-1911)


PREFÁCIO
A autora inicia contextualizando geográfica e temporalmente o tema que irá tratar:
Cidade do Rio de Janeiro, século XIX-XX, Campo de Santana
“Desçamos pela Rua Visconde do Rio Branco, em direção à Praça da Constitui~~ao,
ou Praça Tiradentes pois já se foi a monarquia”
A autora vai apresentando o comércio na região onde hoje é o centro do rio de janeiro,
falando sobre a Rua do Lavradio e a Rua Riachuelo
“Como ele tantos outros trabalhadores do comércio, amarrados nas teias do
paternalismo dos patrões, moradores nas mesmas vendas e botequins em que
trabalham, proprietários por perto, a vigiar diuturnamente, a querer dulcicssima tal
exploração atroz”
A autora apresenta a falta de consciência de classe dos empregados do comércio carioca
que não organizam associações combativas sendo incapazes de perceber os interesses
políticos comuns que os unem à classe operário
2 capítulos:
1. Disseca a historiografia nacional
2. Argumentos dos caixeiros para lutar pelo fechamento das portas aos domingos e
pela limitação da jornada do trabalho
Explicando o segundo capítulo, diz-se que os caixeiros recorreram a motivos religiosos
para que pudessem descansar aos domingos, com a republica reivindicaram a cidadania
social e clamaram pela intervenção do estado no controle das relações de trabalho
Fala-se muito sobre paternalismo patronal

INTRODUÇÃO
A autora inicia a introdução dizendo que o livro aborda aspectos da vida dos
trabalhadores do comercio do rio de janeiro, cujo trabalho misturava-se entre lazer e
sociabilidade.. Abrangindo desde 1850 até a primeira década do século XX.
O livro tratará dos empregados do comércio que construíram sua luta política em torno
de uma identidade de classe.
Primeira republica: vivencia dos trabalhadores na belle époque brasileira.
“Na década de 1870, a tática reivindicativa dos caixeiros baseava-se nas relações de
troca que o ambiente paternalista das casas comerciais permitia”
Em 1880 eles passaram a exigir a intermediação dos poderes públicos nas relações de
trabalho, assim os pequenos negociantes se indignaram ao que eles chamaram de
infidelidade
A autora fala sobre uma disputa que se seguiu em torno do papel dos poderezs na
regulamentação do trabalho que que pode ser vista como a introdução de um problema
que passa a ser central
Empregados que exigiram intervenção dos poderes públicos nas questões sociais x
Comerciantes que professariam uma retórica liberal tentando impedir interferência
externa nos seus negócios.
Apesar da contínua exclusão dos comerciantes após a proclamação da republica ainda
houveram canais de comunicação .
A autora apresenta que os legisladores, vereadores e governantes deveriam ceder as
pressões dos movimentos populares, uma vez que o dialogo com os cidadãos da
republica deveria ser diferente de como era feito no império.
Esperança de que haveria uma inclusão dentro da repubica foi com que os empregados
do comercio permanecessem no campo legal.
As greves caixeirais estouraram em 1906 após idas e vindas, reivindicões, promessas etc
os caixeiros foram as ruas exigindo o fechamento imediato das portas.
A autora fala da importância do jornal O Paiz, que publicou o resumo do discurso do
advogado Raphael Pineiro que disse que os caixeiros eram “proletários de casaca” e
estavam dando “Provas evidentes de indivodialidade, cônscios de um direito a exigir”
“Republicanos como Silva Jardim viam nos caixeiros que ensaiavam sua melhor
vestimenta, reunidos nos salões de suas enidades associativas, homens capazes de
representar a si mesmos e a sua classe no regime que eles esperavam estabelecer”
Após a Proclamação o movimento caixeiral ensaiou outras formas de engajamento, não
por ter uma falsa consciência de sua situação de classe ou sustentar principior que não
eram o seu.
“Respaldados pelos avanços conseguidos pelo movimento operário, os empregados no
comercio muniram-se da comparação com a legislação de proteção ao trabalhador da
indústria e da fabrica para exigir sua parte do progresso e da civilização alardeados
no Rio de Janeiro no Inicio do Século”
“O período compreendido entre 1850 e 1911 doi, portanto, determinante na formação
de uma identidade de classe dos trabalhadores no comércio”
1º capítulo: pretende fazer uma abordagem das discussões bibliográficas localizando o
ambiente social em que viviam os empregados que encontramos na pesquisa. Mosra
também que o rio de janeiro do séc XIX para XX acolheu e transformou o sonho de
afrancesamento que alguns tinham para a capital da republica.
2º capítulo: procura acompanhar e analisar a atuação política e institucional dos
caixeiros, partindo da orfanização das primeiras sociedades beneficentes, no início da
década de 1850 até a aprovação da lei que regulamentava os horários de fechamento do
comércio e de trabalho dos empregados no Rio de Janeiro em 1911, tendo, na segunda
parte do capítulo o movimento francês como referencial comparativo para uma análise
mais detida das estratégias da classe caixeiral no Brasil.
3º capítulo: revela os percalços e riquezas relacionados as pesquisas que tem como
fonte os processos criminais
“Essa tomada de consciência dos caixeiros a respeito de sua condição social foi o
germe da sua organização em torno de objetivos comuns e, em seguida, da formação de
associações de classes comprometidas com posicionamentos políticos e manifestações
reivindicativas mais aressivas”

CAPÍTULO I
DOMINGO DE TRABALHO E COMPRAS
Funções e Hierarquia no trabalho do comércio
Caixeiro:: derivado de caixa, o empregado da caixa de uma casa comercial
Neste capítulo, Fabiane apresenta a historiadora Lenira Menezes Martinho que fez
importante contribuição para a compreensão da situação dos caixeiros cariocas no
período da independência, observando o conflito entre portugueses e brasileiros, uma
vez que os portugueses haviam uma ascensão social privilegiada. A rivalidade entre
lusos e brasileiros se dava pela escolha de portugueses nas casas comerciais.
“Os caixeiros sabiam ler, escrever e fazer contas, e vinham de Portugal bastante
jovens para trabalhar na casa de um parente ou conhecido da família”
Caixeiro como indivíduo que é obrigado a trabalhar para que venda muito, trabalha 14,
15 ou mais horas, encostado no balcão ou escrivaninha
O caixeiro atendia ao balcão, pesava, embrulhava, vendia, organizava e carregava as
mercadorias, fazia entregas e cobranças aos fregueses e era responsável pelos livros de
contas e letras. Um estabelecimento poderia empregar mais de um caixeiro, sendo estes:
o primeiro o que cuidava das finanças, o segundo que era o caixeiro do balcão e o
terceiro que seria chamado de “vassoura” que também poderia assumir a função das
entregas.
Ao apresentar como exemplo de uma peça de Martins Pena, mostra-se que os dois
últimos caixeiros eram subordinados ao primeiro.
“Todas essas construções tem, em menor ou maior grau e em diferentes cores e formas,
sua correspondência na realidade. Portanto, a dificuldade de analisar esse grupo
provém justamente da heterogeneidade de trabalhadores que são designados pelo nome
de ‘caixeiros’ ou ‘empregados no comércio’. Tão diversas quanto suas ocupações,
atribuições, seu local de trabalho, o cargo ocupado e o salário recebido foram os
estereótipos criados ao longo do tempo a respeito desses trabalhadores: num extremo,
caixeiros arrivistas que procuravam aparentar serem bem-sucedidos pequenos-
burgueses, e, no outro, jovens pobres que viviam à mercê do patrão, sem proteção legal
e com salários diminutos ou inexistentes.”
A diversidade de categorias do emprego no comércio
Jornal O Paiz: Patrões e caixeiros - a regulamentação das horas de trabalho
Segundo Carla Siqueira, o jornal O Paiz era governista e não muito crítico do regime
Em uma das edições do jornais sobre o 15 de novembro um dos trabalhadores escreve
“Nesse glorioso dia, porém, V.S., de um passeio pelo nosso Rio de Janeiro, que há de
ver que, mesmo à noite, todos os estabelecimentos estão abertos, muito embora, dentro
deles, atrás dos balcões pulsem corações patriotas. Patriotas, mas, escrevizados... Por
isso, sr. Redator, precisamos e precisamos muito que os poderes públicos olhem com
mais interesse a questão do fechamento de portas”
A abordagem do Paiz era pra ser uma conciliação dos interesses das partes e a
construção pacidfica e ordeira de um contrato consensual entre elas.
“Apoiava-se a causa caixeiral mas se procurava evitar confrontações classistas”
Assunto do fechamento das portas passa a ser abordado por O Paiz
A ideia de que eram 80 mil caixeiros no rio de janeiro era constantemente repetida
Havia dificuldade em se definir quais eram os trabalhadores que poderiam ou não ser
incluídos na categoria empregados do comercio, e essa nomenclatura foi tomando o
lugar do termo caixeiro.
“em 1906 eram 12 mil os empregados no comércio carioca, pois esse teria sido o
número de ‘corações decepcionados’ pelo veto ao projeto de fechamento das portas”
“Trabalha-se assim nos armazéns de 15 a 16 horas por dia, cegando esse número até
22, no fim e principio do mês [...]. Esse estado de coisas, essa situação da fatalidade
dos empregados de armazéns, sob qualquer ponto de vista que seja encarada, é tão
tremenda que, em confronto com o grau de progresso a que chegou a cidade é
vergonhoso revela-lo nas colunas de um jornal e mostra-lo a publico
Entre empregados e operários
Devem ser consideradas as relações de aproximação e estranhamento entre empregados
e operários.
A historiografia brasileira relegou os empregados ao esquecimento, a autora aponta
como pssiveis causas uma categoria de difícil definição ou o fato de não demonstrarem
engajamento politico necessário ou ideal
A figura do empregado é geralmente construída a partir da oposição à do operário
A literatura brasileira usava de tom preconceituoso para apontar o ridículo de caixeiros
do comérico
O vestir-se criou uma distinção ideológica entre as categorias de empregados e as de
operários
Empregados recebiam salário mensal ou anual e operários ganhavam por serviço ou
diária.
Colar line
Colarinho branco: oportunidade de receber uma renda exercer algum tipo de poder e
gozar de certo prestígio
Enquanto a proporção de trabalhadores necessários a extração e produção de bens
diminui, a proporção necessária a prestação de serviços, distribui
Para Mills, a origem da distinção empregados x operários se relaciona com o
desenvolvimento do sistema capitalista industrial.
A inclusão de grupos tão diferentes entre si nas definições de classe média baixa deve-
se à necessidade que os contemporâneos encontraram de preencher um vão existente na
polarização da sociedade em dois campos hostis.
A pequena classe media gero uma cultura e um estilo de vida próprios, como um gosto
distinto no vestir, na escolha da mobília e da alimentação.
A pequena burguesia formava uma massa essencialmente inculta de indivíduos.
Nova e antiga pequena burguesia.
A Antiga era representada por artesãos proprietários das suas próprias ferramentas de
trabalho e a Nova por uma crescente classe de assalariados empregados por grandes
estabelecimentos (pequenos proprietários e seus empregados)
Para ele, as classes médias têm, sim, consciência de classe claramente definida, mas
seria uma consciência “em si” e não “para si” como mostram os exemplos da historia
francesa.
Diferença no crescimento das classes médias como entre os EUA - que não leva ao
nascimento de uma ideologia nazifascista - e Alemanha e Itália - onde isso acontece.
Isso se da pelas particularidades na formação histórica e escolhas políticas e sociais.
Aponta o comportamento politico fluido da pequena borguesia como um fator que
possibilita a transformação desta em uma massa de manobra
Os acontecimentos de 1930 são vistos como o rompimento entre as oligarquias ligadas a
um modelo feudal ou semifeudal de relações de produção e omodelo capitalista
desejado pela burguesia industrial ascendente.
“Na verdade, o único motivo para os grupos médios latino-americanos serem descritos
como ‘classe média’ é por estarem no meio, entre a aristocracia tradicional e os
camponeses e trabalhadores”
Autor Owensby concentra nos esforços das classes medias urbanas de meados do século
XX no brasil para alcançar a posição social de seus superiores.
“Uma vez que a cultura poderia fazer o homem - e muito ocasionalmente a mulher
estava quebrado o monopólio da elite, e transformado em algo que qualquer um com
uma boa educação e emprego poderia reivindicar
Insistente recusa em participar de movimentos e organizações tipicamente operários
criou outras formas de luta e organização que são qualificadas como inapropriadas ao
potencial da categoria e mesmo como ineficazes na obtenção de melhorias
significativas.
Parker afirma que o problema dos estudos sobre o papel das classes medias na américa
latina é a cisão das interpretações em dois campos: ium deles mostraria a classe media
como uma força de mudança real e o outro como um leal apêndice das classes mais altas

Ley del Empleado (Peru): assegurando o direito à previdência, indenização em caso de


acidente no trabalho e a obrigatoriedade do aviso prévio
No Brasil a istoria da classe operária tem alguma contradição na utilização de conceitos
homogeneizantes que tendem a inserir os trabalhadores em determinados modelos de
comportamento considerados ideais do ponto de vista da organização sindical e da
consciência de classe.
Mobilidade social e movimento operário
Queixa dos caixeiros em relação a uma proletarização, que já estava presente em muitos
discursos, dando atenção ao declínio das possibilidades de ascensão.
Visão de Lenira Menezes Martinho: caixeiros como única profissão onde houve um
processo de mobilidade social, uma vez que estavam inseridos no mundo do patrão,
tendo suas aspirações voltadas para uma realidade de seus superiores
“O emprego no comércio, em particular, trazia muitos privilégios civis e políticos, e
era quase totalmente dominado pelos portugueses”
As possibilidades de ascensão social mitigavam as condições de exploração, embora a
imagem deles estivesse relacionada a imagem da multidão de trabalhadores mais ou
menos qualificados do rio de janeiro
Impactos de proletarização:
1. Fim do sonho de ascensão social através do trabalho no comércio
2. O atraso em relação aos ganhos sociais que o operariado havia começado a
conquistar.

Mudança que se dá entre o momento em que o caixeiro tem uma proximidade com o seu
patrão - fazendo com que seja possível uma mobilidade - para o momento no qual os
patrões passam a estar tão distantes que não conhecem os empregados e já vem de uma
posição mais alta (acionistas, capitalistas, etc) - ser caixeiro passando de ser um meio
para ser um fim, trazendo a necessidade de se emancipar de uma tutela que não tem
razão de ser.
“A relação entre o aprendiz e o mestre artesão na oficina é comparada às relações de
trabalho nas casas de comércio> o patrão passava a ensinar o ofício ao jovem
empregado”
“O autor do texto finalmente afirma que o primeiro passo no caminho para sair dessa
mistura de proletarização e escravidão seria criar sindicatos que admitissem apenas
trabalhadores” (p.63)
Militancia operaria esperava atrair os caixeiros para suas fileiras. “Afinal,
argumentavam, não fazia mais sentido suportar as agruras de uma condição
comparável à do escravo quando ela deixa de ser transitória”
PROLETARIZAÇÃO
Modelos de “civilização”
Virada do século XIX para o XX falava-se em progresso e civilização
Crescimento da classe trabalhadora e a intensificação da militância operaria também
eram motivo de preocupação para as autoridades.
Tentou-se, por parte de cidadãos mais radicais, uma participação popular maior nos
rumos da política, entretanto isso não aconteceu uma vez que o cidadão republicano
continuava tendo uma visão mais de súdito do que de cidadão.
Campanha de vacinação antivariólica.
O “moderno” comércio carioca
Industria e comercio como dois dos mais importantes caminhos da civilização e do
progresso.
Casa Raunier - endereço mais chique da cidade - Rua do Ouvidor. Com 253
empregados foi escolhida para exemplificar m modelo justo e ideal de regime de
trabalho no comércio.
Uma das representantes brasileiras dos grandes magazines franceses
Contendas(RELER)
Casa Dol - a historia dessa loja era o exemplo de mobilidade social no trabalho do
comércio, onde vários empregados portugueses haviam galgado os degraus do sucesso
pessoal e individual.
Os caixeiros definiam sua sorte nos acordos diretos com os patrões

CAPÍTULO 2
“DEIXEM-NOS O DOMINGO” Protesto social e regulamentação do trabalho no
comércio
A luta pela regulamentação do trabalho no comércio.
A autora inicia esse capítulo tratando de uma lei que dizia que a partir de tal dia de
publicação dela, qualquer loja em São Paulo só poderia abrir aos domingos caso o
proprietário apresentasse um pedido de autorização ao poder publico, e essa
determinação é muito criticada.
Um artigo d’O Estado de São Paulo, no entento, afirma que ninguém é obrigado a
trabalhar aos domingos.
Essa situação apresentada, segundo a autora, é parecida com a situação do comércio
carioca “atual”, apresentando o DIEESE de março e abril de 1999, destaca-se as
assertivas dos empresários a respeito da capacidade de geração de empregos com base
na iniciativa de fazer funcionar o comércio aos domingos. Assim, apresenta-se que esta
é uma questão antiga, dando como exemplo um texto da virada do século XIX para o
século XX
A primeira tentativa de redigir e aprovar uma postura regulando o horário do
fechamento do comércio na Câmara Municipal do Rio de Janeiro foi em 1852. O
movimento intensificou-se em 1911
A autora aponta pra ideia de que a similaridade da argumentação entre o artigo de 2003
e o de 1899 não foram coincidência.
“A marca dos movimentos contestatórios, organizados pelos empregados no cmércio,
teria sido o caráter muitas vezes legalista e reformista da longa campanha pela
regulamentação e diminuição das hroas de ttrabalho e pelo descanso semanal”
Atuação legalista criticada por militantes socialistas
Para os revolucionários, os grandes problemas da organização caixeiral eram o espírito
reformita como o senso de hierarquia social
Prejuízo da população no caso do fechamento: O próprio publico se habituou a
comprar aos domingos por trabalhar no dia da semana, os nobres proprietários diziam
que o fechamento dos comércios prejudicaria as classes mais pobres
“Para alguns, a situação atual dos comerciários é consequência de uma estratégia
reivindicativa consntantemente apontada como legalista, depois reformista e,
finalmente, amarela”
Processo de proletarização vivido pelos caixeiros como momento de conscientização a
respeito de sua própria situação como grupo social e força como coletividade.
Nesse momento do texto passa-se a acompanhar a construção de estratégias de luta
organizadas pelos caixeiros enquanto entidades de classe.
Práticas legalistas e de pedido de apoio a políticos e a imprensa como constante na
história das reivindicações caixeirais.
Domingos e dias santos na Igreja
Commercial Sociedade Caixeiral (1826) - primeira instituição beneficente para a classe
caixeiral.
1852: vereador Duque estrela com um projeto que pedia para que todas as casas
comerciais fechassem aos domingos, quintas e sextas santas, assim como no Natal e
Corpus Christi (exemplo de demandas anteriores)
1870: alguns caixeiros enviaram à Câmara uma representação que pedia uma lei que
determinasse a suspensão de trabalhos no domingo e nos dias santificados.
Tipos de justificativa para o descanso aos domingos:
1. Os domingos deveriam ser reservados para a igreja
2. Necessidade de um dia de descanso ao corpo para entrar de novo no exercício e
nos trabalhos da vida.
3. Com tempo para descanso e estudo diminuiria o numero de criminosos na
sociedade

Final da década de 1870 nova discussão estoura na imprensa


Em 1879 o presidente da câmara Adolpho Bezerra de Menezes propôs o seguinte
projeto de postura
“As casas de comércio que não vendem gêneros alimentícios ou farmácias, não se
abrirão aos domingos e dias santificados”
Artistas, barbeiros e cabeleireiros também passaram a exigir direitos
“Percebe-se que o comerciante está revoltado com a ideia de intervenção dos poderes
públicos no que imaginava serem negócios particulares: sua casa comercial, seu
dinheiro e seus caixeiros”
Outro argumento utilizado pelos caixeiros em favor do fechamento do comércio era a
economia na iluminação da loja.
1880 - postura de obrigação do fechamento das portas das casas comerciais, mas ainda
assim comerciantes continuavam com as vendas dominicais
Ainda em 1880 há a suspensão da execução da postura sobre o fechamento das portas
"Nós, os caixeiros, nada pedimos à Camara Municipal. Nem mesmo queremos receber
esmolas de mãos imputas. Nós pertencemos a uma classe pobre, é verdade, mas
estamos habituados ao trabalho, somos honestos e não queremos comprar a nossa
liberdade de descansar aos domingos, d'aqueles para quem trabalhamos que em todo
caso eestão muito acima de uma municipalidae feita a cacetes e navalhas"
Dignos cidadãos republicanos
Após a Proclamação da republica a luta pelo fechamento aos domingos acrescenta uma
outra reivindicação: passam a exigir a regulamentação das horas de trabalho diário
20 de novembro aprovada a medida que determinava o fechamento do comércio aos
domingos em Sacramento, São José, Candelária, Santa Rita, Santana, Santo Antônio,
Espírito Santo e Glória.
O movimento também enfrenta resistência dos patrões
Sociedade União dos Comerciantes Varejistas de Secos e molhados condenaram a
postura do fechamento das portas dizendo que ela era “atentatória da liberdade de
comercio, indústria e profissão, garantidos pela Constituição do país que devia ser
mantida e respeitada em toda sua plenitude como garantia de direito”
E, 1897 os proprietários voltam a lutar contra a lei que mandava fechar todos os
estabelecimentos comerciais ao meio dia, aos domingos.
“muitas reivindicações tiveram êxito graças à utilização de um discurso que recorria a
uma bem conhecida lógica paternalista, tanto nas relações com os patrões quanto com
o poder público”
Dominação paternalista - “os subordinados adotavam um comportamento de
deferência perante os poderosos enquanto tratavam de discernir suas reais intenções e
seu estado de espírito” - estratégia de agir conforme a regra para conseguir seus
objetivos.
A autora aconselha a olhar para as relações de poder paternalistas não apenas como
degradantes e sem opção para o dominado mas como um campo de disputa
“Esperava-se fidelidade incondicional do caixeiro em troca de favores concedidos pelo
patrão. Alguns momentos de folga podiam, portanto, depender de uma (ao menos
aparente) dedicação total aos negócios da casa”
Autora volta para o caso francês no momento de reivindicação nas ruas pelos
empregados do comérico, citando Robert Beck, diz que o autor especula que a
diminuição das possibilidades de ascensão social possa ter estimulado o
desenvolvimento do movimento dos empregados.
Manifestações parecidas com a da França ocorreram no Rio de Janeiro em 1906: “Além
do direito ao descanso aos domingos, os empregados exigiam o fechamento das portas
às 8 horas da noite durante a semana.” - isso foi aceito, apenas duas ou três casas que
não aderiram
Criação do Syndicato dos Empregados de Barbeiro e Cabeleireiro.
Elaboração do projeto de lei “Projeto Tertuliano Coelho” - impôs um limite de 12 horas
de trabalho diário mas sem especificação
Medo de que, ao estarem fechados, o freguês fosse comprar o produto em lugares que
estariam abertos ao invés de esperar o horário de abertura no dia seguinte
Movimentos sociais: uma comparação
Interesse pela cultura francesa generalizado. - uso de referencias francesas por
empregados para legitimar suas reivindicações
“os argumentos passaram a ser o civismo e um acentuado grau de patriotismo”
Regulamentação e condições do trabalho no comércio francês.
No rio e na França a principal reivindicação dos empregados no comercio francês era o
repouso semanal.
1868 nasce o prmeiro sindicato, Société des Employés du Commerce.
“Ressaltar que todas e quaisquer melhorias sociais - entre elas a legislação de proteção
ao trabalho - foram q serão obtidas a partir da pressão dos trabalhadores”
Organizações de classe e movimento social na década de 1910
Naquele momento, remeter-se aos movimentos sociais franceses como referencia
parecia bastar,
União dos Empregados do Comércio do Rio de janeiro (1908) era de linha mais
combativa e opunhace a AEC. Contava com 1160 membros.
Ano de 1911 marcado por disputas acirradas entre as sociedades caixeirais.
Uma verdadeira agitação em torno da questão da regulamentação do trabalho dos
empregados que O Paiz atribuía a sua enquete-campanha
AEX era contra as manifestações abertas e os comícios de rua.

CAPÍTULO 3
VIDA DE BOTEQUIM - CAIXEIROS NOS PROCESSOS CRIMINAIS ENTRE 1890
E 1911
Fiado não
No capítulo será feita a analise dos processos criminais e outras fontes para encontrar os
caixeiros de mais baixa renda e situação social. A autora coloca os processos crime
como bons lugares para encontrar as classes populares que são vistas como perigosas.
A autora fala sobre espécie de justiça com as próprias mãos feita por caixeiros
insatisfeitos.
Fala do caso de um caixeiro que levou dinheiro da casa do patrão e sumiu
A autora começa a falar do caso do Botequim, sendo o lugar de encntro das classes
trabalhadoras em geral.
No botequim aconteciam brigas com agressão física entre trabahadores.
Cumplicidade de caixeiro e patrão
“Este capítulo pretende, portanto, ser uma reflexão a respeito da experiência de vida e
trabalho de uma categoria de trabalhadores que se inclui entre os chamados
‘empregados do comércio’, mas que pouco ou nada tinha em comum com a vida que
levavam os empregados qualificados que encontramos no primeiro capítulo. Veremos
que os caixeiros de estalagem, de botequim e de secos e molhados eram
desprivilegiados com relação aos outros e que para eles a ascensão social nunca (ou
quase nunca) chegava, era apenas um sonho distante no início do século XX”
Imigração e disputa pelo mercado de trabalho
Aqui a autora fala sobre distinção entre empregados qualificados e empregados não
qualificados, o qe foi modificando as relações de trabalho no comércio.
Grande fatia do mercado de trabalho brasileiro: homens brancos, livres e pobres.
Estudada por Gladys Sabina Ribeiro
Ribeiro, a partir da documentação do registro dos imigrantes portugueses tenta
reconstituir histórias possíveis para as pessoas que chegaram aqui pós independência:
muitos já vinham com emprego garantido
Caso da padaria do nº 13 da rua do lavradio: acusando Joao Ferreira de Oliviera,
caixeiro de fora, segundo outros empregados chegou bêbado no dia 11 de maio de 1911
e começa a implicar com o cozinheiro, depois atacou outro funcionário e tiveram que
recorrer a polícia. O crime ficou provado mas João foi absolvido porque estava
embriagado
A ocupação mais citada pelos recém chegados das regiões de Portugal era, de longe, a
do trabalho no comércio
“Os portugueses, mesmo quando vinham para trabalhar no campo ou em outras
regiões menos populosas, desembarcavam no Porto do Rio de Janeiro e muitas vezes
acabavam ficando por ali”
“A maioria dos portugueses que vinham para se empregar como caixeiro sabia ler e
escrever, o que podia fazer grande diferença na disputa no mercado de trabalho da
Corte”
Mercado de trabalho carioca: disputado por imigrantes, escravos libertos e escravos de
ganho.
Solução de promover a vinda do imigrante branco como força de trabalho perfeitamente
compatível com a ideologia de embranquecimento que grassava entre pensadores e
políticos do império.
Os caixeiros eram dispensados do serviço militar.
Carnaval: elemento de aglomeração e disputas políticas
Grandes sociedades carnavalescas surgindo em 1855 como uma tentativa de inserção
social (sobretudo por imigrantes que eram endinheirados mas sem posição social)
“Implicancia dos trabalhadores nacionais para com a marcante presença dos portugueses
no mercado de trabalho vinha de muito tempo”
“Para esse autor, a imigração portuguesa, inicialmente pensada para civilizar o aís
traria uma ambiguidade: a existencia de europeus pobres, rebaixados ao nível dos
escravos, exercendo atividades e personificando formas de decadência social que
pareciam ser o apanágio de negros e mestiços, iria formar o proletariado urbano,
processo que fora retardado pela escravidão”
Saber ler, escrever e fazer contas eram requisitos importantes para a escalada na
profissão do comércio.
“Verdadeiro elegante” ou “trabalhador morigerado”?
Esteriotipo de caixeiro pretensioso e arrivista que adotava hábitos não condizentes com
a sua condição social de trabalhador
Pretensão do caixeiro de se apresentar como smart.
“Essas duas imagens construídas a respeito dos caixeiros, uma por um memorialista
nostálgico, outra por jornalistas que ansiavam pela modernização supostamente
consequente da adoção de costumes e hábitos europeus são dois lados da mesma
moeda”
Uma amostra de empregados e proprietários
Caixeiros e empregados do pequeno comercio como considerável parcela dos
trabalhadores pobres do rio de janeiro
Facilidade para encontra-los nos processos criminais de ofensas físicas
Autora utiliza de uma selação de 1112 processos-crime de ofensas físicas e omicidos
referentes às freguesias urbanas de Santana e santo antonio nas décadas de 1890 e 1900
Ambas ficavam na Cidade Nova que foi bastante abalada durante as campanhas pelos
fechamentos de portas em 1906
Traz dados demográficos sobre a população do rj dando destaque a santo antonio e
Santana, tendo santo antonio uma concentração maior no pequeno comercio

A autora faz também uma comparação na media das idades dos caixeiros e dos guarda
livros, sendo os caixeiros mais novos.

A autora cita Jose Murilo de Carvalho que fez uma analise dos dados referentes a
ocupação dos habitantes do Rio de Janeiro nos censos de 1890 e 1906 e viu um grande
numero de indivíduos classificados como comércio e apontou o comercio como
categoria mais problemática: poderia abranger operários e proprietários e está na
categoria intermediária.
Demonstra confusão ao utilizar as nomenclaturas nos inquéritos

“Por causa da abrangência e da diversidade dos termos, muitos se diziam ligados ao


trabalho no comércio sem de fato exercer função alguma nesse setor”

Porcentagem de empregados casados: níveis mais altos - maior porcentagem, casamento


enquanto símbolo de status
“O argumento de que os caixeiros não tinham vida proprie e independente na casa do
patrão era importante elemento na imagem de exploração construída pela imprensa
operária e caixeiral”

Morar na casa do patrão restringia as oportunidades de vida privada, lazer e amor

A autora aponta que portugueses estavam presentes em maior quantidade no comércio

“Os portugueses vinham para o Brasil com o objetivo de enriquecer e voltar para
Portugal e realizavam tarefas em posições de trabalho que em sua própria terra não
assumiriam”

Entre o balcão e a high life

Em 1889 existiam 362 botequins onde se vendiam café, bebidas e se jogava bilhar desde
a ponta do Caju ao Jardim Botanico

Café do Rio: onde se discutiam questões econômicas, negócios e política

High life nome da casa de shows inaugurada em 24 de junho de 1900 na Rua do


Lavradio

Mulher como fator complicador no ambiente que é tanto de diversão quanto de trabalho
para os caixeiros.

Lazer e trabalho feminino no comércio

Processos criminias de defloramento para analisar a construção de noções de


comportamento aceitável para as mulheres das classes trabalhadores e suas práticas

Para mulheres pobres os padrões de sociabilidade eram diferentes do que se


estabeleceram como moralmente aceitáveis para juízes e legisladores Mulheres pobres
tinham acesso a lugares de diversão considerados masculinos

“As mulheres pobres pareciam ter mais acesso à partilha desse tipo de diversão, e não
eram necessariamente prostitutas, ainda que pudessem assumir um status de
sexualmente disponível para os homens”

O trabalho feminino nos estabelecimentos comerciais estava bem onge de ser fato
corriqueiro. O que demonstra a marcante ausência de mulheres caracterizadas como
caixeiras ou empregadas nos processos consultados

Da exemplo do homem que bateu na mulher por ela chegar em casa bêbada e com outro
homem, segundo ele

“Maria parecia desafiar todas as expectativas de Sande de que ela vivesse dependente
de sua proteção e ele estava visivelmente dfrustrado com aquela independência: tendo
Maria demonstrado a intenção de trabalhar como caixeira, ele proibil que tal coisa se
verificasse”
“A diferença entre homens e mulheres, quando se tratava do emprego no comércio,
era, portanto, a amoralidade a que estavam sujeitas, bem como, é claro, a natural
fragilidade feminina que era posta a prova em tao massacrante trabalho”

“O eco clangoroso do progresso” e a questão das moradias populares

- Urbanização do Rio de Janeiro: os endinheirados deixavam o velho centro, e, como


nos estrangeiros porocuravam lugares mais afastados, de clima ameno e longe de
sujeira, do apinhamento edo calor, mesmo que isso os obrigasse a fazer viagens diárias”
Com isso, o centro da cidade era reformulado a moda francesa

As elites vibravam e apoiavam as obras do prefeito

Haviam reclamações sobre coisas como falta de agua e de habitações populares,


reclamavam sobre prioridade dadas a lugares como parques, jardins, fachadas, teatros
etc

Bota abaixo desordenado do prefeito

“A grande massa de trabalhadores pobres procurava alternativas para sobreviver a esses


contúnuos movimentos de expulsão não apenas de suas moradias mas do seu lugar de
cidadãos”

“A grande maioria dos empregados no pequeno comércio viveu experiências de


exploração, solidariedades e conflitos ligados ao trabalho e ao lazer. Muito poucos
conheceriam a liberdade que, dizia-se, deveria ser alcançada pelo trabalho duro e por
uma vida ascética e morigerada. Caixeiros de vendas, botequins, secos e molhados,
quitandas e mercearias, casas de cômodos e estalagens raramente foram contemplados
com a possibilidade da mobilidade social prometida pelo sonho de ascensão no
trabalho do comércio, e viveram ao lado de outros trabalhadores pobres no Rio de
Janeiro do inicio da Primeira Republica”

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