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A trajetória de um artesão em Vila Rica do Ouro Preto, no século XVIII:

Eusébio da Costa Ataíde em busca da mercê de Deus

CRISLAYNE GLOSS MARÃO ALFAGALI*

“Mulher de mercador que fia,


escrivão que pergunta pelo dia,
oficial que vai a caça,
não há mercê que lhe Deus faça”1.

Em 30 de junho de 1792, aos 35 anos, a escrava Bárbara crioula procurou


arrematar sua liberdade após a morte do senhor, Baltazar Gomes de Azevedo. Para
tanto, negociou pagamentos no decorrer de um ano e meio e ofereceu mais $300
(trezentos réis) sobre a quantia de 40$000 (quarenta mil réis) com que foi avaliada no
inventário. A fim de garantir o sucesso do empreendimento, apresentou, para estar
“debaixo de fiança”, ao quartel-mestre Eusébio da Costa Ataíde, por ser “muito abonado
e suficiente como é notório”. O juiz de órfãos, diante do requerimento, aprova o fiador
sem “nenhuma dúvida”, o que permite lançar, ao menos, duas premissas: Bárbara
conhecia as estratégias e estruturas narrativas necessárias para convencer as autoridades
de que arcaria com seu compromisso; o nome do fiador a ajudou porque era
notadamente reconhecido naquela sociedade. A atenção, nesse texto, se voltará para o
segundo aspecto – as formas de inserção econômica e social articuladas por Costa
Ataíde2.
Um fator conhecido liga Eusébio ao ex-senhor de Bárbara, Baltazar: ambos são
oficiais de ferreiro aprovados pela Câmara. Chegaram a ser mestres após passarem pelo
percurso burocrático a que um artesão deveria se submeter. Do mesmo modo,
receberam provisões para escrivão ou juiz de ofício, estavam habilitados a examinar

*Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Mestranda na linha de História Social da Cultura, sob
o financiamento da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).
1
Adágio português citado no termo “oficial” do dicionário do Padre Raphael Bluteau. Verbete Oficial. In:
BLUTEAU, Raphael. Vocabulário Português e Latino, 10 v. Lisboa/ Coimbra: Colégio da Cia. de
Jesus, 1712- 1728. Disponível em: www.ieb.usp.br.
2
As informações constam no inventário de Baltazar. Arquivo Histórico do Museu da Inconfidência
(AHMI), Inventário de Baltazar Gomes de Azevedo, 2º ofício, códice 57, auto 643, ano de 1792, fl.
27. O fiado e a dívida, nas Minas do século XVIII, representavam estratégias fundamentais para a
circulação de mercadorias e também colocavam em jogo relações de compadrio, de amizade e/ou
familiares. Júnia Furtado afirma em relação aos grandes comerciantes por ela estudados: “O
mecanismo de endividamento que a população se encontrava em relação aos comerciantes era
enorme” (FURTADO, 1999: 120).

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candidatos que pretendiam estabelecer a própria loja ou tenda. Baltazar aparece nos
livros camarários de 1750 a 1783 (uma vez como escrivão e oito como juiz de ofício) e
a participação de Eusébio é registrada de 1786 a 1799 (seis vezes como juiz de ofício)3.
Nota-se que no interior das oficinas há uma certa hierarquia em que o mestre ocupa
posição de destaque, é o oficial examinado pelo juiz e escrivão de cada ofício. Entre
seus obreiros e aprendizes, encontra-se um importante fator para esse estudo: o trabalho
escravo.
Se, por um lado, as trajetórias desses dois ferreiros se cruzam devido aos
benefícios alcançados por exercerem a mesma ocupação, por outro, eles têm de lidar
com diferentes heranças. Baltazar Gomes de Azevedo era natural da Vila dos Cabeçais,
bispado do Porto, filho legítimo de Silvestre Gomes e de sua mulher Maria Paes, ambos
já falecidos à data de seu testamento, em 1789. Já Eusébio nasceu na freguesia de Ouro
Preto de Vila Rica, seu pai é incógnito e sua mãe era Francisca Mendonça, de nação
Mina4.
A marca da ascendência africana e a ligação com o trabalho manual foram
excluídas por Bárbara em sua descrição de Eusébio, provavelmente porque essas
informações não mostravam o prestígio de seu fiador, que foi indicado na menção à
patente – quartel-mestre. As categorias de pardo e oficial mecânico poderiam ser
consideradas empecilhos à honra e à dignidade, valores nobiliárquicos importantes
numa sociedade permeada por padrões de Antigo Regime e pela busca do acúmulo de
riquezas, mas em Vila Rica, como em outras localidades, esses padrões assumem
matizes específicos. Isso se deve a um conjunto de variáveis como o dinamismo
econômico teria conferido maior mobilidade social para os egressos da escravidão e
seus descendentes.

3
São 1103 registros de cartas de exame e provisões de ofício para Região de Vila Rica, de 1722 a 1801.
Os oficiais do ferro (ferreiros, ferradores, serralheiros) perfazem 32 % (352) dos registros, o segundo
maior grupo. Os ofícios que mais se destacam são aqueles ligados ao vestuário (como alfaiates e
sapateiros), com 36% (397). Arquivo Público Mineiro (APM), Câmara Municipal de Ouro Preto
(CMOP), códices 57, 58,108 e 115.
4
Testamento de Baltazar Gomes de Azevedo, ano de 1789. Casa dos Contos, Arquivo Judiciário. Rolo
04, Volume 12, fl. 69v-71. AHMI, Testamento de Eusébio da Costa Ataíde, ano de 1806. Livro de
Registro de Testamentos, 1805-1807, a partir da fl.18. Não é mais possível encontrar o último
documento no AHMI, logo agradeço a Marco Antonio Silveira e Daniel Precioso pelo acesso à
transcrição. Com referência à ausência do nome do pai de Eusébio, destaca-se que a ilegitimidade era
freqüente em Vila Rica, no século XVIII; de acordo com Renato Pinto Venâncio, dois entre três livres
eram ilegítimos (VENÂNCIO, 1986: 107-123).

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É possível localizar as aspirações da nossa personagem na síntese apresentada
por Marco Antônio Silveira quando destaca que entre os grupos que desejavam
distinguir-se, “talvez os pardos representassem mais vivamente esta tendência, se bem
que tenham ascendido de muitas formas diferentes, sua cor sempre acusava a origem
escrava” e acrescenta que esse segmento se dedicava “(...) quase exclusivamente aos
ofícios, muito embora não monopolizassem o setor, pois os brancos e negros tinham aí
sua importância”5 (SILVEIRA, 1997: 169). Os recursos materiais de que dispunham
como trabalhadores mecânicos eram revertidos em simbólicos, garantindo a conquista
de prestígio.
O cabedal de Eusébio, que contribuiu para a sua boa estima perante seus pares,
foi adquirido por “sua indústria e trabalho”, e não por herança. Expressão corriqueira
com que muitos testadores afirmavam o valor de seus esforços na configuração do lugar
social que alcançaram - no caso, após enfrentar os possíveis entraves da impureza de
sangue, apresentados acima. Entre seus imóveis, constam oito casas, inclusive a que
vivia na Ladeira de Ouro Preto, onze escravos, um serviço de tirar pedras de topázio no
morro da Saramenha e duas tendas de ferreiro (“com tudo o necessário e duas pequenas
bigornas”6), acumulando, junto com outras posses mais módicas, um monte-mor de
2:570$000 (dois contos e quinhentos e setenta mil réis). Apesar de seus 77 anos, em
1804 (dois anos antes de sua morte), continua atuando como ferreiro e serralheiro, com
“loja aberta”, e residindo na Freguesia do Ouro Preto, sendo que “ainda era o mais
solicitado entre todos os profissionais de sua especialidade”7.
O trabalho seria reconhecido, nessas circunstâncias, como um valor moral. Laura
de Mello e Souza enuncia o problema: “„tolerava-se o mendigo, mas odiava-se o
vagabundo‟, (...), referindo-se a esse momento histórico em que começava a se esboçar
uma lei moral do trabalho”. Roberto Guedes Ferreira considera, da mesma forma, os

5
Vale pontuar, que a historiografia sobre a América portuguesa chama a atenção para as adaptações que
sofreram os critérios normatizadores da metrópole transpostos para a colônia, principalmente em
relação à mobilidade social de egressos do cativeiro e seus descendentes. Na América portuguesa,
“percepções e atitudes estereotipadas e negativas em relação a indivíduos de origem africana não
desapareçam, mas o pragmatismo forçou a mão das autoridades metropolitanas e coloniais (...), foram
levadas a reconhecer como era indispensável a contribuição de gente de cor para a defesa da Colônia
contra os inimigos externos e a preservação da „boa ordem na República‟”. (RUSSEL-WOOD, 2000:
119).
6
Testamento de Eusébio da Costa Ataíde, ano de 1806. AHMI, Livro de Registro de Testamentos, 1805-
1807, fl.18.
7
Dados do recenseamento de 1804, realizado em Vila Rica. (MATHIAS, 1969: XXIII e 98).

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aspectos não-depreciativos do trabalho manual, destaca sua preocupação em estudar o
conceito de trabalho em cada região e temporalidade particular. Em suas palavras:
“julgo importante ressaltar nuances que as noções de trabalho tiveram na
colônia/império, pois, se o rebaixamento social oriundo do defeito mecânico sucedia,
isto não se aplica a todas as áreas, a todos os tempos e, mormente, a todos os grupos
sociais, às vezes nem mesmo às elites”8. Todavia, a utilização da mão-de-obra escrava,
empregada por Ataíde nas suas tendas e loja, poderia ser uma forma de dissociar sua
imagem do trabalho braçal, que seria realizado pelos cativos e, apenas, supervisionado
pelo mestre9.
O ferreiro encontra espaços de atuação exercendo sua perícia e apostando em
diferentes negócios. Associou à ferraria o ofício de serralheiro como muitos outros
trabalhadores de mesma lide que se empregaram, simultaneamente, enquanto
caldeireiros ou ferradores, por exemplo. Pode-se considerar que a indiferenciação das
ferramentas usadas por esses artesãos fosse um dos motivos que causou a dissolução das
fronteiras entre as citadas profissões. Esse constante trânsito entre ofícios do ramo de
metais é recorrente em outras localidades. Carlos Lima, se detendo ao estudo dos
artífices do Rio de Janeiro, descreve que “ao longo do período 1791-1808, [esse setor]
recebeu 2/3 do número de novos mestres do setor de vestuários, e no entanto teve quase
três vezes mais deslocamentos internos”. Lima aventa que isso demonstraria também “a
estreiteza técnica do trabalho”10 (LIMA, 2008: p.136).
Pouco tempo depois de entrar na confraria de São José, Eusébio arremata as
encomendas “de ferrages [...] para a capela do patriarca” e o “conserto do sino” da
mesma - recibos de 1762 e 1755-56. Em 1801, realiza obras e consertos no Palácio dos

8
SOUZA, 1986: 53 e 54. GUEDES, 2006: 386. Mais adiante o autor conclui: “até aqui se constata que as
elites locais, no Rio, em São Paulo, em Itu e em Porto Feliz se dedicavam ao comércio e/ou ao
artesanato e podiam não ter uma ideologia negativa sobre o trabalho” (Idem, p. 395).
9
Ao que parece, ainda que o viver na colônia tenha permitido um afastamento da noção de defeito
mecânico, os preconceitos de algum modo permaneciam. No momento de marcar a sua posição na
estratificação social, os artesãos procuravam o padrão das atividades liberais dos nobres e, quando
destacavam que exerciam o ofício, se diferenciam dos “aprendizes” por serem peritos, oficiais
aprovados pela Câmara. Carmen Bernand aponta idéias próximas para a América hispânica. Para a
autora, a situação multirracial e, sobretudo, a escravidão, reforçariam o estigma, visto que a atividade
manual que requer a mecânica do corpo é contrária às atividades nobres, que desenvolveriam a
inteligência. (BERNAND, 2002: 395).
10
Um exemplo, em Vila Rica, Baltazar Gomes de Azevedo, já citado, apresenta tendas de ferreiro e
caldeireiro e aparece, em 1782, como juiz do ofício de ferreiro e serralheiro.

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governadores de Vila Rica – “uma grade com oito balaustres novos”11 (PRECIOSO,
2010: 183). Tal como a maioria dos oficiais manuais, foi beneficiado pela construção
civil e religiosa que tornou Vila Rica um verdadeiro canteiro de obras, na segunda
metade do século XVIII12. O que não impediu o ferreiro de investir, igualmente, no
fornecimento de pedra e ferragem, no aluguel de suas casas e na aquisição de escravos.
Diversificar fontes de renda era uma escolha bem sucedida em Minas colonial.
Douglas Libby e Carla Almeida constatam que alguns tipos de produção manufatureira
começaram a encontrar lugar significativo na economia, sobretudo no final do século
XVIII e início do XIX. Período em que a economia mineira convivia, primeiramente, de
1750-1779, com o auge-minerador e em seguida, a fase de 1780 a 1822, com uma
acomodação evolutiva. Nessa última etapa, a diversificação das atividades produtivas
(aquelas além da mineração do ouro, como a agricultura e os ofícios mecânicos)
colocava em evidência o crescimento de um mercado interno que caminhava em direção
a auto-suficiência13. Trazendo o enfoque para a temática enunciada, conclui-se que os
artesãos “que não mineram as minas se envolvem em serviços diversificados em um
espaço histórico de indistintas fronteiras entre o rural e o urbano, entre o tradicionalismo
da produção e a adaptabilidade criativa, na emergência de viver do ofício fabril”
(MENESES, 2003: p.222).
A oficialidade militar e a participação na confraria dos pardos de São José são
outros pontos interessantes da vida de Eusébio, lidos, aqui, como formas de adquirir
“fama pública”, pois as irmandades e as tropas seriam ambientes da formação de
identidades para indivíduos de origem africana. Desde seu ingresso na confraria, em
1750, até a sua morte em 1806, o ferreiro fez parte da direção da irmandade,

11
A confraria de São José dos Bem Casados dos Homens Pardos de Vila Rica foi estudada por Daniel
Precioso, que encontrou vários irmãos oficiais mecânicos, inclusive Eusébio da Costa Ataíde. As
obras realizadas no Palácio são listadas em: A Coleção da Casa dos Contos de Ouro Preto. Rio de
Janeiro: Arquivo Nacional, 1966, p.260.
12
Trata-se de momento posterior à transitoriedade e à precariedade material dos primeiros agrupamentos
humanos do início da ocupação dos arraiais que dariam origem a Cabeça de Comarca, sede político-
administrativa da Capitania de Minas Gerais. Como forma de normatizar, organizar e representar
simbolicamente o poder do Estado na Colônia, edifícios públicos foram construídos e conformaram
Vila Rica. Pontua-se também que muitas irmandades estavam construindo seus templos particulares.
13
Subdivisões propostas por Carla Almeida ao analisar o período entre 1750 e1850 em sua dissertação de
mestrado. (ALMEIDA, 1994). Libby objetiva apreender as várias atividades que constituem o
território mineiro no século XIX, privilegiando o estudo do papel da mão-de-obra escrava e
analisando desde oficinas artesanais, passando por pequenas e médias manufaturas, até as fábricas de
ouro, ferro e tecidos. (LIBBY, 1988).

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participando seis vezes da composição administrativa, sendo juiz outras quatro e uma
vez escrivão. São dados que levam Daniel Precioso lançar a hipótese de que Costa
Ataíde tinha traços de ascendência nobre, ainda que seu testamento silencie sobre o
nome do pai. “Prova disso é que, apenas dois anos após seu assento como irmão,
ocupou o cargo de mesário, provando que já gozava de prestígio e que tinha pecúlios
para arcar com as mesadas”14 (PRECIOSO, 2010: 182).
Costa Ataíde foi o ferreiro do Estado-Maior do Regimento de Cavalaria de
Minas, cargo criado com interesse de apoiar as forças militares reduzindo, por exemplo,
os gastos com peças bélicas. Ao lado de outros especialistas, como o armeiro Manoel
João Pereira, teriam fabricado as primeiras espingardas confeccionadas inteiramente na
América portuguesa. A designação quartel-mestre dos pardos é relevante, já que para os
que participavam de terços e tropas auxiliares o fato de ter patente “(...) consistia em um
poderoso recurso simbólico, capaz de rearranjá-los em melhores posições da hierarquia
social” (Idem, p. 20). Dito de outra maneira, certo é que esses indivíduos se associavam
aos redutos de sociabilidade parda para se distinguirem dos que consideravam
inferiores, cativos e negros.
Apesar de diferentes origens, os próprios confrades de São José adotaram a
designação “homens pardos”. Muitos estudiosos têm analisado a polissemia dos termos
que aparecem nas fontes setecentistas, que ora determinariam a cor da tez, ora a
condição social. Considera-se importante compreender como a terminologia se
desenvolveu em situações históricas específicas. Nesse sentido, Silvia Lara pondera que
a associação entre cor e condição social “(...) não caminhava de modo direto, mas
transversal, passando por zonas em que os dois aspectos se confundiam ou se
afastavam, e em que critérios díspares de identificação social estavam superpostos”
(LARA, 2007: 13).
Mesmo procurando se distanciar da experiência escrava herdada pelo sangue, no
âmbito da convivência com cativos, lado a lado nas oficinas, Eusébio não teria forjado
uma “relação escravista menos desnivelada e mais solidária”?15 Entre sua escravaria,

14
Irmão de mesa em 1752, 1758, 1760, 1774, 1789 e 1796; Escrivão em 1754; e Juiz em 1772, 1773,
1783 e 1784 (Idem, p.107 e 108). “No ano de 1758, data do envio da petição para uso do espadim à
cinta, Eusébio foi irmão de mesa da irmandade. Dentre aqueles que foram apresentados na carta ao rei
como mestres de ofício, que tinham subordinados oficiais e aprendizes, incluía-se este irmão”. (Idem,
p. 182).
15
“A situação desses oficiais mecânicos que se transformam em senhores de escravos é, no mínimo,

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três cativos têm ocupações definidas: Francisco crioulo, com 50 anos (em 1804), oficial
de ferreiro quartado por 50$000 (cinqüenta mil réis); Adão crioulo, filho de Francisco,
oficial ferreiro, que não consta no censo de 1804, talvez por não contar com mais de
dois anos; e Francisco pardo, com 10 anos (1804), aprendiz de serralheiro. Há apenas
duas escravas, Madalena Angola, de 68 anos (1804) e Francisca crioula, de 38 anos
(1804), com a ocupação de cozinheira. Os demais cativos, “que não são oficiais,
ocupam-se em hir ao carvam, e a lenha, e tam bem em tirar algua pedra”16.
Grande parte desses escravos foi agraciada pelo testador com liberdade imediata
ou progressiva, mediante pagamentos e obrigações - quatro foram alforriados e seis
foram quartados. Francisca crioula devia a Eusébio a obrigação de “morar em
companhia de [sua irmã] Eva Joana Pereira” durante o tempo de três anos, e caso não
cumprisse com os pagamentos da quartação (153$600 – cento e cinqüenta e três mil e
seiscentos réis) seria “puxada ao cativeiro”, ameaça que aparece somente com respeito a
ela. Seu filho com Francisco crioulo (quartado), Adão crioulo, que não teria mais de
quatro anos na época da escritura do testamento (em 1806), fugiu com seus pais, no ato
da fatura do inventário (1823), já que a graça da alforria não o alcançou. A fuga da
família é esclarecida abaixo pelo inventariante, Manoel Rodrigues Pereira, irmão de
Costa Ataíde, em 1823:

(...) um filho destes de nome Adão Crioulo que no ato da fatura do inventário
se não avaliou, por ter fugido com os ditos quartados seus pais, muito antes
da descrição dos bens; e porque o dito Crioulo não foi contem citado na
graça facultada a seus pais, e como cativo, que nasceu em vida de seu
testador deve vir ao Monte do Inventário para entrar na Partilha, o que
necessariamente se vai proceder, para ultimação das contas17.

Adão Crioulo é preso em 10 de julho de 1825, depois de dois anos refugiado em


companhia de sua mãe, nas “partes da Boa Morte ou Paraopeba”, com cerca de vinte e

contraditória: se o trabalho braçal é para a sociedade escravista ato de escravo e se o senhor de


escravo, normalmente não utiliza as mãos para o trabalho, como seria a relação desse senhor de
escravo que trabalha como oficial mecânico? E que estatuto teria, nessa relação, o escravo artesão
semi-especializado, ou mesmo, especializado? (...) Supõe-se, de forma preliminar, que a relação entre
esses homens, artesãos de mesmo ofício ou de ofícios distintos, localizados em estratos sociais que
tendiam a opor-se um ao outro e, por fim, unidos por laços da relação escravista, era menos
desnivelada e mais solidária, quando comparada a de outros senhores e escravos sem especialização”.
(MENESES, 2003: 330).
16
MATHIAS, 1969: 98. AHMI, Testamento de Eusébio da Costa Ataíde, Livro de Registro de
Testamento, 1805-7, ano de 1806, fl. 18.
17
AHMI, Inventário de Eusébio da Costa Ataíde - 1º ofício, códice 340, auto7107, ano de 1823, [fl.1].

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dois anos, identificado como “ex-oficial de ferreiro”. Após a apreensão, é enfim
arrematado no valor de 200$000 (duzentos mil réis) pelo Tenente Antonio Gomes
Lisboa18. As trajetórias descritas matizam a idéia há pouco enunciada de que oficiais
mecânicos senhores construiriam uma relação mais solidária com seus escravos. A
família temendo a separação, que no fim veio a acontecer, diante da partilha dos bens e,
antes mesmo da descrição das posses, vê a fuga como a maneira de se manter unida.
Escravos especializados, tais como “oficiais ferreiros”, têm sido uma temática
recorrente na historiografia porque teriam maior valor em comparação com escravos
sem habilidades definidas. O ofício para um escravo poderia representar um meio de
acumular pecúlio e, assim, adquirir a liberdade19. Procuraremos construir hipóteses a
partir das fontes consultadas para traçar a biografia de Eusébio. José Marques
Guimarães, inventariante de Baltazar Gomes de Azevedo (o ferreiro contemporâneo de
Eusébio), com o objetivo de não prejudicar os credores e o valor total dos bens, requer
que se proceda a uma nova avaliação dos escravos dos ofícios de ferreiro e caldeireiro,
isso em fevereiro de 179220.
Segundo o inventariante de Baltazar, os louvados não haviam conferido o
“legítimo valor” aos cativos por não “serem da profissão dos ditos”. Somente “pessoas
que [entendiam] dos ofícios respectivos” emitiriam o parecer correto; para tanto cita
quatro nomes: como caldeireiros Domingos Gomes Ferreira e Manoel José Machado, e
como ferreiros Manoel João Pereira e Manoel Rodrigues Rosa21, exímios oficiais em

18
“Auto de arrematação que faz Antonio Dias Monteiro de um escravo crioulo de nome Adão avaliado
em 200$000 com [?] para pertencer ao Tenente Antonio Gomes [Lisboa] com 100$000 a vista e o
resto fiado por um ano (...)”. Inventário de Eusébio da Costa Ataíde, 1º ofício, códice 340, auto 7107,
ano de 1823, fl. 47. Adão possivelmente herdou do pai o aprendizado do ofício de ferreiro, a
expressão “ex-oficial” indicaria, ainda que de modo preliminar, que durante os anos de fuga assumiu
outra ocupação.
19
“Escravos de artesãos e de donos de vendas também tinham muitas oportunidades para comprar sua
liberdade. (...) Escravos com tais talentos não só atingiam, no mercado de escravos, preço mais
elevado que seus companheiros sem especialização como eram, também, muitíssimo procurados.”
(RUSSEL-WOOD, 2005: 62). Carlos Lima duvida da hipótese de que a alforria poderia ser mais
acessível para cativos especializados, dizendo que “a valorização de escravos mediante a imposição
aos mesmos de habilidades e de um treinamento próprios da sociedade senhorial circundante não
constituía um ganho, exceto para o senhor (...) É de se duvidar mesmo que a qualificação profissional
fosse condição para a alforria”. Um dos seus argumentos se sustenta na impossibilidade de afirmar
que os cativos de todos os ofícios tinham as mesmas chances de formar pecúlios necessários à
manumissão. (LIMA, 2008: 142).
20
Episódio descrito no Inventário de Baltazar Gomes de Azevedo, 2º ofício, códice 57, auto 643, ano de
1792, fl. 14-14v.
21
O nome de Manoel Rodrigues Rosa consta como juiz do ofício de ferreiro e serralheiro, em 1787.

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sua comunidade. Todos os escravos submetidos ao exame pelos novos avaliadores
tiveram seus valores aumentados em, no mínimo, 10% em relação à primeira louvação.
Informações que levam a acreditar que a capacidade, o talento de um oficial mecânico
eram apreciados e, até mesmo, encorajados, independente de sua condição social. O que
não permite igualar o status do cativo oficial ao do mestre senhor de mesmo ofício,
porém abre margem para afirmar que o ofício permitiu-lhes desfrutar de melhores
condições de vida, apesar de lidarem com circunstâncias completamente diferentes.
Se nem sempre uma vida de dedicação ao mestre garantia o sucesso das
estratégias empreendidas, como no caso da família de Adão, o trato de Eusébio com
outros escravos traz novos elementos que tencionam as relações entre senhor e cativo. O
testador deixa o “rapaz Francisco pardo” em poder de sua irmã, Eva Joana Pereira,
juntamente com sua carta de liberdade. No entanto, a alforria só seria entregue quando
Francisco se achasse com “suficiência completa de poder trabalhar pelo seu ofício de
serralheiro (...) que se acha aprendendo”. Eusébio não determina apenas a emancipação
e a aprendizagem do cativo, também lhe concede um legado: quando Francisco “se
achar com a dita suficiência se lhe dará uma tenda mais pequena (sic) que tenho por
esmola que lhe faço pelo ter criado”22.
Talvez esse benefício advenha do envolvimento do senhor com a criação do
escravo, entretanto o mesmo favor alcança Pedro Congo e José Benguela, para os quais
foi legado o serviço de tirar pedras de Saramenha, com seus ranchos e carros, além da
liberdade. Ressaltamos que as benesses concedidas por Costa Ataíde foram extraídas de
um momento extremo, em que o testador se encontrava “gravemente enfermo de cama”.
Visto que o caráter do testamento é também espiritual além de material ou temporal, as
motivações do mestre ferreiro poderiam resultar de outra fórmula comum nesses
documentos – “para aliviar sua consciência”. Trata-se de uma fonte que, na maioria das
vezes, não possibilita acompanhar as relações do testador com seus escravos ao longo
do tempo. Os argumentos levantados levam a refletir que escravos com qualificação
conquistaram espaços importantes seja enquanto cativos – por meio das relações de

Homem pardo, filho de “Filho natural de Antonia de Nação Angola, escrava que era do R.do
Francisco de Moura e de pai incógnito”. Também foi irmão da Confraria de São José dos Bem
Casados dos Homens Pardos. Testamento de Manoel Rodrigues Rosa, ano de 1809. AHMI, 1º ofício,
códice 147, auto 7229.
22
AHMI, Testamento de Eusébio da Costa Ataíde, ano de 1806. Livro de Registro de Testamentos, 1805-
1807, a partir da fl.18.

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compadrio e proteção, por exemplo -, ou quando conseguiram adquirir a liberdade –
herdando bens do senhor, como ocorre com Francisco pardo. Isso não exclui a presença
de conflitos, pois mestres e cativos usaram de subterfúgios, táticas e acordos para
concretizarem seus interesses.
***
Por fim, cabe ressaltar um episódio derradeiro da longa vida do nosso biografado
– 79 anos, 1727-1806. Seu nome aparece nos Autos da Inconfidência Mineira porque
hospeda um dos inconfidentes, o civil Crispiniano da Luz Soares, que foi preso por
conversar com Salvador Gurgel “à porta da casa de Eusébio” (JARDIM, 1988, p.242-
243). Crispiano era um homem mulato, alforriado e alfaiate. Declara que: “viera das
bandas do Sabará, por ocasião da Semana Santa deste corrente ano a esta, (5 a
12/04/1789) e que nela fora hóspede de Eusébio da Costa Ataíde, onde sempre residiu
até que se retirou”23. Supomos que não se trata de um envolvimento isolado com a
devassa. O já conhecido Baltazar Gomes tinha como um de seus credores João
Rodrigues de Macedo24, e pelo período considerado, pode-se aventar que seria o
“famoso banqueiro” dos inconfidentes. Ligações no mínimo intrigantes.
Infere-se, que os oficiais mecânicos das Minas, como os tipógrafos analisados
por Robert Darnton, “podiam manipular os símbolos, em sua linguagem própria, com a
mesma eficácia que os poetas, estes em letra impressa” (DARNTON, 1986: 135). Em
outras palavras, estavam integrados a um debate político que não se restringiu à elite.
Por lidarem com o ferro, poderia existir mais um agravante. O ferro, em barras,
ou já obrado, fazia parte de um grupo de mercadorias necessárias e não disponíveis na
Capitania: como o aço, o chumbo, o cobre e o estanho. A taxação sobre esse produto era
lucrativa para a Coroa e abusiva para os colonos chegando a se pagar em “um quintal de
ferro o mesmo que costumam pagar fazendas finas (tecidos finos), de grande valor, em
igual proporção de peso”25 (CALÓGERAS, 1905: 55). As proibições à produção e

23
Autos da devassa da Inconfidência Mineira, 2ª edição, Brasília: Câmara dos Deputados/ Belo
Horizonte: Imprensa Oficial de Minas Gerais, 1978, v. II, p. 212.
24
“João Rodrigues de Macedo – o maior banqueiro de Minas Gerais, talvez o homem mais rico da
Capitania e, sem embargo, o maior devedor entre os mineiros à Fazenda Real – pagou para não ser
preso”. (JARDIM, 1988, p. 164-170).
25
Fabricar e comercializar ferro na Capitania das Minas se tornou uma questão constante para autoridades
tanto metropolitanas quanto coloniais. O governador de 1780-1783, D. Rodrigo José de Meneses
declara: “se em toda parte do mundo é este metal necessário, em nenhuma o é mais, que nestas Minas;
qualquer falta que dele se experimente cessa toda qualidade de trabalho: seguem se prejuízos

Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH • São Paulo, julho 2011 10
comercialização de produtos de ferro seriam mais uma razão para esses simples
ferreiros se envolverem nas principais questões políticas de seu tempo.
Soma-se a isso, a participação do irmão do Intendente Câmara (empreendedor
das fábricas de ferro nas Minas), o Dr. José de Sá Bitencourt Câmara. Foi denunciado,
por Silvério dos Reis, “porque uns diziam que sabia fundir o ferro, outros que era da sua
arte a manipulação do salitre e o fabrico da pólvora, operações das suas faculdades, [foi]
logo suspeito de inconfidência”. José Bitencourt fugiu para a Bahia, mas foi preso,
trazido para as Minas, julgado e absolvido. Voltou para a Bahia, e por fim declara: “não
dando exercício algum a minha faculdade, e não querendo mesmo ser por ela
conhecido, uma vez que era crime o apelido de naturalista”. (CÂMARA, 1897: 601).
O debate sobre a alta taxação do ferro e as restrições à produção e
comercialização de produtos obrados, associado às outras questões que foram colocadas
em pauta com a Inconfidência, mobilizou esses agentes, seja através dos estudos das
artes liberais - como no caso de José Câmara -, seja no fazer diário de um oficial
mecânico do ferro.
***
Ao contrário de outros confrades da irmandade de São José dos Homens Bem
Casados, Eusébio da Costa Ataíde falece em 1806, solteiro, sem herdeiros forçados –
mulher e filhos. Aderir a uma família e ao matrimônio aparentava um “reto
procedimento”, conformidade com as instituições pilares da cristandade, logo uma
maneira de se construir boa imagem, de se diferenciar dos demais26. Como procuramos
apresentar, Eusébio lançou mão de outras estratégias para garantir que fosse
notadamente “muito abonado e suficiente”, nos termos da escrava Bárbara. Nos
bastidores de um período crucial da história de Minas, como mestre ferreiro, pardo,
homem de bens e proprietário de escravos articulou os recursos que tinha ao seu alcance
procurando vencer a incerteza em relação ao resultado de suas ações, tentando obter

irreparáveis, e é uma perdição total”. Exposição do Governador D. Rodrigo José de Menezes sobre o
estado de decadencia da Capitania de Minas - Geraes e meios de remedia-lo. 04/08/1780. Revista do
Arquivo Público Mineiro, Ouro Preto, n º 2, ano 1897, p. 311-327. O fim das restrições ao fabrico de
ferro só viria em 1795.
26
Eusébio possivelmente adotou a prática comum na América portuguesa, o concubinato. A própria
escassez de mulheres brancas em uma sociedade majoritariamente masculina tornou generalizada a
prática de “tratos ilícitos” entre homens brancos e mulheres de ascendência africana.

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maior controle sobre seu horizonte de expectativa27. Esse oficial manual se esforçou
com sua “indústria e trabalho”, não “foi à caça” como o ditado português condena,
tornou-se perito em seu ofício e, quando gasta parte dos bens com missas pela alma dos
pais, dos escravos, da sua própria, buscava, enfim, a mercê de Deus.

FONTES E BIBLIOGRAFIA

Fontes manuscritas

Arquivo Histórico do Museu da Inconfidência (AHMI)

Inventário de Baltazar Gomes de Azevedo, 2º ofício, códice 57, auto 643, ano de 1792.
Inventário de Eusébio da Costa Ataíde, 1º ofício, códice 340, auto 7107, ano de 1823.
Testamento de Manoel Rodrigues Rosa, ano de 1809. 1º ofício, códice 147, auto 7229.
Testamento de Eusébio da Costa Ataíde, ano de 1806. Livro de Registro de
Testamentos, 1805-1807, a partir da fl.18.

Arquivo Público Mineiro (APM)

Câmara Municipal de Ouro Preto (CMOP), Livros de registro de cartas de exame,


códices 57, 58,108 e 115.

Fontes impressas
A Coleção da Casa dos Contos de Ouro Preto. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 1966.

Autos da Devassa da Inconfidência Mineira. 2ª edição, Brasília: Câmara dos


Deputados/ Belo Horizonte: Imprensa Oficial de Minas Gerais, 1978, v. I e II.

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da Cia. de Jesus, 1712- 1728. Disponível em: www.ieb.usp.br.

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Rica – 104. Rio de Janeiro: Ministério da Justiça/ Arquivo Nacional, 1969.

CALÓGERAS, João Pandiá. As Minas do Brasil e Sua Legislação. Rio de Janeiro:


Imprensa Nacional, v. II, 1905.

CÂMARA, José de Sá Bitencourt. Memoria mineralogica do terreno mineiro da


Comarca de Sabara. In: Revista do Arquivo Público Mineiro, Ouro Preto: Imprensa
Oficial de Minas Gerais, 1897, v. 2, fascículo 4, p. 599-609.

27
Um controle evidentemente limitado. Não tentamos imputar-lhe uma racionalidade ilimitada. Segundo
o conceito de racionalidade seletiva de Fredrick Barth, deve-se considerar a posição de cada membro
da sociedade estudada, pois seus comportamentos não são determinados de forma mecânica por um
sistema de normas, antes resultam de estratégias empreendidas por sujeitos históricos. (ROSENTAL,
1998).

Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH • São Paulo, julho 2011 12
Exposição do Governador D. Rodrigo José de Menezes sobre o estado de decadencia da
Capitania de Minas - Geraes e meios de remedia-lo. 04/08/1780. Revista do Arquivo
Público Mineiro, Ouro Preto, n º 2, ano 1897, p. 311-327.

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