Você está na página 1de 105

Instituto Tecnológico

do Estado de Goiás
REDE ITEGO

Governador do Estado de Goiás


Marconi Ferreira Perillo Júnior

Secretário de Desenvolvimento Econômico, Científico e Tecnológico


e de Agricultura, Pecuária e Irrigação
Francisco Gonzaga Pontes

Superintendente Executivo de Ciência e Tecnologia


Mauro Netto Faiad

Chefe de Gabinete de Gestão de Capacitação e Formação Tecnológica/


Coordenadora Geral - PRONATEC
Soraia Paranhos Netto

Coordenadora Adjunto - PRONATEC


Sônia Maria Barros Galvão

Coordenador Pedagógico - PRONATEC


José Teodoro Coelho

Coordenadora Administrativa - PRONATEC


Andréa Gonçalves Fonseca

Legislação Ambiental e Meio Ambiente


Esta Apostila compõe-se da compilação de tex-
tos extraídos das obras citadas nas Referências
Bibliográficas com algumas alterações e adapta-
ções necessárias a sua organização.
Meio Ambiente e
Educação Ambiental

Instituto Tecnológico do Estado de Goiás


5

Lista de Ícones

Dicas Vamos Refletir Vocabulário


Este baú é a indicação de onde Este quebra-cabeças indica o O dicionário sempre nos ajuda a
você pode achar informações momento em que você pode e compreender melhor o significado
importantes na construção e deve exercitar todo seu potencial. das palavras, mas aqui resolvemos
no aprofundamento do seu Neste espaço, você encontrará dar uma forcinha para você e
conhecimento. Aproveite, destaque, reflexões e desafios que tornarão trouxemos, para dentro da apostila,
memorize e utilize essas dicas para ainda mais estimulante o seu as definições mais importantes na
facilitar os seus estudos e a sua vida. processo de aprendizagem. construção do seu conhecimento.

Saiba Mais Vamos Relembrar Fique Atento


Aqui você encontrará Esta folha do bloquinho A exclamação marca tudo
informações interessantes autoadesivo marca aquilo que aquilo a que você deve estar
e curiosidades. devemos lembrar e faz uma atento. São assuntos que
Conhecimento nunca é recapitulação dos assuntos mais causam dúvida, por isso
demais, não é mesmo? importantes. exigem atenção redobrada.

Hiperlinks de texto

Mídias Integradas aTIVIDADES de HIPERLINKS CONTEÚDO


Aqui você encontra dicas aprendizagem As palavras grifadas INTERATIVO
para enriquecer os seus Este é o momento em amarelo levam Este ícone indica
conhecimentos na área, de praticar seus você a referências funções interativas, como
por meio de vídeos, conhecimentos. externas, hiperlinks e páginas com
filmes, podcasts e outras Responda as como forma de hipertexto.
referências externas. atividades e finalize aprofundar um
seus estudos. tópico.
6

Sumário Lista de Ícones 5

Sumário 6

Apresentação 7

Meio Ambiente e Educação Ambiental 8


A importância do Meio Ambiente 8
Biodiversidade brasileira 9
Biomas brasileiros 12
Políticas públicas ambientais no Brasil 13
Impactos ambientais 15
Degradação ambiental 16
Educação ambiental como instrumento de mudança
 16
A influência do mercado consumidor 18
Os benefícios do sistema de gestão ambiental 20
Desenvolvimento Sustentável 21
Conceito e perspectiva histórica 21
Aplicação do conceito 22

Referências 25

Gabarito 27

Conteúdo Interativo
Essa apostila foi Pré-requisitos:
construída com recursos
que possibilitam a Para acessar a salve o arquivo
interatividade tais como interatividade no computador
ou
utilize o e abra-o no
hiperlinks e páginas com
Internet Acrobat
hipertexto. Explorer, Reader.
7

Apresentação
E mpreendedorismo, inovação, iniciativa, criatividade e habilidade para
trabalhar em equipe são alguns dos requisitos imprescindíveis para o
profissional que busca se sobressair no setor produtivo. Sendo assim, destaca-se o
profissional que busca conhecimentos teóricos, desenvolve experiências práticas
e assume comportamento ético para desempenhar bem suas funções. Nesse
contexto, os Cursos Técnicos oferecidos pela Secretaria de Desenvolvimento
de Goiás (SED), em parceria com o Governo Federal, por meio do Programa
Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), visam garantir o
desenvolvimento dessas competências.
Com o propósito de suprir demandas do mercado de trabalho em qualificação
profissional, os cursos ministrados pelos Institutos Tecnológicos do Estado de
Goiás, que compõem a REDE ITEGO, abrangem os seguintes eixos tecnológicos,
nas modalidades EaD e presencial: Saúde e Estética, Desenvolvimento Educacional
e Social, Gestão e Negócios, Informação e Comunicação, Infraestrutura, Produção
Alimentícia, Produção Artística e Cultural e Design, Produção Industrial, Recursos
Naturais, Segurança, Turismo, Hospitalidade e Lazer, incluindo as ações de
Desenvolvimento e Inovação Tecnológica (DIT), transferência de tecnologia e
promoção do empreendedorismo.
Espera-se que este material cumpra o papel para o qual foi concebido: o de
servir como instrumento facilitador do seu processo de aprendizagem, apoiando
e estimulando o raciocínio e o interesse pela aquisição de conhecimentos,
ferramentas essenciais para desenvolver sua capacidade de aprender a aprender.

Bom curso a todos!


SED – Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Científico e
Tecnológico e de Agricultura, Pecuária e Irrigação
8

Ecologia

Meio Ambiente
e Educação Ambiental
Objetivos
• Reconhecer a importância do meio ambiente para o desenvolvimento humano;
• aprender sobre as características ambientais do Brasil;
• ser capaz de discutir e opinar sobre o futuro do meio ambiente;
• aprender sobre os benefícios da implantação de um sistema de gestão ambiental;
• refletir sobre a necessidade de mudança nos padrões de produção de bens de consumo.

A importância do Meio Ambiente

P or que estudar o meio ambiente? Porque


isso não pode mais ser encarado apenas
como lição para entreter crianças. Falar
sobre esse tema vai muito além de contar
histórias sobre bichos e árvores e pedir para
que elas façam desenhos, redações etc. O
meio ambiente é muito importante para
ser negligenciado e relegado apenas à visão
romântica. Todos os processos produtivos 1
conhecidos têm como fonte de matéria- Mata ciliar
prima a natureza, desde os processos https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/45/Rio_Paraíba_do_Sul_-_1.jpg

considerados mais simples, como produção


de bolos, até os processos das grandes indústrias –
Vocabulário
por isso é importante que os trabalhadores das mais
diferentes áreas tenham a oportunidade de estudar a A vegetação
questão ambiental. presente ao longo
das margens dos rios
Até meados da década de 1970, a poluição industrial
é conhecida como mata ciliar. Sua função
era vista como sinal de progresso, por isso era muito é proteger as águas e abrigar os animais.
bem-vinda para muitos políticos e cidadãos em geral. Por lei, ela é protegida, porém não é isso
Na época, não se levava em conta o aspecto ambiental. o que acontece na maioria das vezes, visto
Nos tempos atuais, há uma necessidade de que a vegetação nativa costuma dar lugar a
mudança de pensamento por parte de quem plantações e áreas de pasto.
produz e principalmente de quem compra, pois nós,
consumidores, somos o termômetro do mercado, e as empresas, sejam elas pequenas ou gigantes, buscam
agradar aos clientes. Voltaremos a discutir esse assunto, pois o objetivo deste módulo é que fique clara a
importância do meio ambiente como fator importante da nossa rotina diária pessoal e profissional e também
como norteador de grandes decisões políticas e empresariais.
Durante milhares ou mesmo milhões de anos, a natureza esteve em equilíbrio. É comum dizermos que
ela se autorregulamenta, pois tudo o que acontece dentro de uma floresta, por exemplo, tem um porquê.
9

Mesmo casos de incidentes graves, como queimadas


Saiba mais
ocasionadas por raios e quedas de árvores provocadas
por fortes ventanias, podem causar danos que levam um No ano de 2005, a
Floresta Amazônica,
tempo para se restaurar, porém a floresta se recupera
que tem como uma
sem precisar da interferência humana. O homem, não de suas características as fortes chuvas, sofreu
atrapalhando, já ajuda – ou seja, o que podemos e aquilo que os pesquisadores chamam de
devemos fazer é não interferir, uma árvore que não for super tempestade. Uma chuva com ventos de
perturbada por ação humana, poderá sobreviver por mais de 140 km/h matou aproximadamente
centenas ou mesmo milhares de anos na natureza. 500 milhões de árvores. Apesar de ser um
Agilizamos esse processo em caso de necessidade, número assustador, a floresta sobreviveu e
vai se recuperar, daqui a alguns anos – é só o
mas lembrando que ela surge exatamente por erros
homem não piorar a situação.
nossos ao não cuidarmos do meio ambiente. Por
exemplo: ao cortar a mata ciliar, os rios estão sujeitos
ao assoreamento, que é o processo de aumento da largura dos rios devido ao desmoronamento das encostas, o
que, consequentemente, alterará a vazão da água. Em casos extremos, conseguimos atravessar de uma margem
para outra a pé, de tão raso que se tornou o rio. Sendo assim, precisamos dar uma força para a natureza e
plantar mudas de árvores ao longo dos rios, recompondo a mata ciliar, pois ao se desenvolverem, as raízes das
árvores tem o poder de fixar o solo das margens, impedindo que o mesmo se solte e vá para o rio.
Atualmente são poucos os lugares na Terra que não sofreram algum tipo de atividade antrópica
(desenvolvida pelo homem) e isso só acontece por serem regiões de difícil acesso, como o fundo dos oceanos.
Contudo, mesmo o peixe que vive a muitos metros da superfície pode sofrer com a ação humana, já que tudo
está interligado: o homem polui as águas e afeta o desenvolvimento dos peixes de superfície, que servem de
alimentos para espécies maiores. Estes, ao morrerem,
deixam suas carcaças de alimento para os animais das
profundezas. Quando os peixes da superfície sofrem
com a poluição das águas, toda a cadeia se rompe.
Tentar entender o que se passa com o ecossistema
não é exatamente tarefa das mais fáceis, são muitas
as variáveis, são inúmeras as conexões. Basta nos
lembrarmos de conceitos como protocooperação,
simbiose e outros termos estudados na escola. Lá 2
aprendemos que os animais, incluindo o homem, Seca prolongada, reflexo do desequilíbrio ambiental
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/43/Seca_em_Sobradinho_05.jpg
dependem direta ou indiretamente uns dos outros. Esse
emaranhado de ações que se sucedem nos permite
mÍDIAS INTEGRADAS
notar que a natureza é complexa, envolta em uma
engenharia incomparável – o que acontece em um Caro aluno, a mata ciliar é
indispensável para a manutenção
determinado ponto do planeta tem consequências em
do equilíbrio ambiental e
outro continente.
sua proteção não pode ser
negligenciada, para saber mais, não deixe de
Biodiversidade brasileira acessar o link a seguir:
https://www.youtube.com/watch?v=XykQKo4yPKA
Quando o assunto é meio ambiente, estão envolvidos
fatores como uso racional dos recursos naturais e proteção da fauna e da flora. Desse modo, o Brasil, que
apresenta uma grande variedade de plantas e animais, torna-se centro das atenções, é claro.
Em razão de suas dimensões territoriais, o Brasil é conhecido como país continente, possuindo vasta
biodiversidade, o que gera um desafio para nossos governantes e estudiosos, uma vez que cada região demanda
um cuidado especial. De norte a sul, vemos espécies diferentes de animais, vegetais e também de recursos
10

minerais e hídricos. Mas é importante notar que uma


Vocabulário
mesma ação não pode ser adotada para a preservação
dos Pampas Gaúcho e para o Cerrado Goiano. Os Biodiversidade é o
objetivos são os mesmos – a preservação dos recursos conjunto de todas
as espécies de seres
naturais e o respeito ao meio ambiente –, porém as
vivos existentes na natureza.
ações de proteção adotadas serão diferentes, pois são
ambientes distintos, com fauna e flora discrepantes,
que necessitam de cuidados específicos.

Vamos refletir Saiba mais


Para facilitar nossa visualização O Brasil é o
e nosso entendimento do quinto maior país do
tamanho do desmatamento, mundo em território.
precisamos compreender o Vejamos a lista dos dez primeiros: 1º Rússia,
conceito de quilômetro quadrado 2º Canadá, 3º China, 4º Estados Unidos, 5º
(km²). Basta imaginarmos um Brasil, 6º Austrália, 7º Índia, 8º Argentina,
quadrado com 1 km de lado: isso é um km². Agora 9º Cazaquistão, 10º Sudão. Lembrando que
reflita sobre o fato de que quase 20 mil desses essa lista considera apenas as áreas dos
quadrados de florestas foram derrubados por ano. países, se fôssemos analisar economia ou
Trata-se de uma área enorme, não é mesmo? população o top 10 seria outro.

Segundo o estudo Biodiversidade brasileira (BRASIL,


2002), o Brasil possui em seu meio ambiente a maior
biodiversidade do planeta. O país abriga aproximadamente
524 espécies de mamíferos, 517 de anfíbios, 1.677 de aves,
468 de répteis e um incontável número de espécies de
insetos. Além disso, grande parte dessas formas de vida é
endêmica, ou seja, existem apenas em território brasileiro,
não é encontrada em nenhum outro lugar do mundo. São
131 espécies de mamíferos, 294 de anfíbios, 191 de aves e
468 de répteis são exclusivas do Brasil. Os pesquisadores
acreditam que o número conhecido de plantas represente
de 60% a 80% das que realmente existem no país, pois
todo ano novas espécies são descobertas. O Brasil também
é extremamente rico em recursos hídricos, possuindo 12%
de toda água doce superficial do planeta.
Essa abundante variedade de vida eleva o Brasil ao
posto de principal nação entre os 17 países megadiversos,
aqueles que apresentam maior biodiversidade. São eles,
por continente: América do Sul e do Norte (Brasil, Colômbia, 3
México, Venezuela, Equador, Peru, Estados Unidos), África Bromélia sobrevivendo no galho de uma árvore
https://pixabay.com/pt/parasita-brom%C3%A9lia-ramo-estrada-66196/
(África do Sul, Madagascar, República Democrática do
Congo), Ásia (Indonésia, China, Índia, Malásia, Filipinas) e Oceania (Austrália, Papua Nova Guiné).
Porém, ao mesmo tempo, o Brasil foi o líder mundial de desmatamento de florestas tropicais, cortando
19.500 km² por ano entre 1996 e 2005. Quando se derruba uma árvore, ela não é a única a sofrer, inúmeras
outras espécies são prejudicadas. É o caso das bromélias, que vivem “agarradas” aos troncos e que fazem da
árvore o seu lar. Então, ao se preservar uma árvore, muitas outras espécies são beneficiadas.
11

Clique nas imagens e conheça mais sobre a diversidade animal

Aves Peixes Moluscos

Insetos Anfíbios Répteis

No reino animal, estão presentes


muitas outras espécies. Estas
aqui citadas representam alguns
exemplos daquelas que estamos mais
Mamíferos acostumados a ver no dia a dia.
12

Biomas brasileiros

O Brasil é formado por seis biomas de características distintas: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica,
Pampa e Pantanal. Cada um desses ambientes abriga diferentes tipos de vegetação e de fauna. Vamos conhecer
um pouco mais sobre cada um deles.

Clique nas imagens e


conheça mais sobre
cada um dos biomas

Bioma Amazônia

Bioma Cerrado Bioma Caatinga

Bioma Pantanal Bioma Pampa Bioma Mata Atlântica


13

Por fim, o Bioma Costeiro é formado por vários


ecossistemas que compõem o litoral brasileiro. São
manguezais, restingas, dunas, praias, ilhas, costões
rochosos, baías, brejos e recifes de corais, entre outros.
Por abranger toda a costa brasileira, suas características
variam de um lugar para outro. Por isso, as espécies
animais, vegetais e os aspectos físicos são diferentes em
cada um de seus ecossistemas. 4
Já sabemos que o Brasil possui inúmeras espécies Região costeira
Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/aa/Almost_deserted_beach.jpg
de animais, mas não podemos de forma alguma pensar
que a extinção de uma entre essas milhares de espécies
não fará diferença, pois todas as espécies têm sua
importância dentro do ecossistema e a eliminação de
uma delas pode causar um desequilíbrio ecológico.
O que explica essa situação? Por que as espécies
estão sendo extintas? Infelizmente, isso é reflexo das
ações predatórias do homem, que age em nome de um
suposto desenvolvimento, destruindo o habitat natural 5
de inúmeros animais e plantas. Árvores isoladas em meio ao desmatamento
Fonte: https://www.flickr.com/photos/ana_cotta/2845200593
É importante salientarmos uma questão: a extinção de
uma espécie animal, principalmente aquelas mais bonitas
e que chamam a atenção, como os grandes felinos, causa Vamos refletir
um desequilíbrio na natureza e, consequentemente, gera
Você sabia que um
uma comoção junto à população. Entretanto, dezenas cidadão não pode realizar
de novas espécies de animais de pequeno porte são o corte de uma árvore
descobertas constantemente, sendo que isso acaba não sem autorização, mesmo
noticiado, pois são animais que não possuem apelo junto que ela esteja no quintal
ao grande público. Essa seletividade deve ser eliminada: de sua casa? Antes é necessário formalizar
todos os animais e plantas, independentemente de sua junto à prefeitura uma solicitação com o
motivo do corte. Então, tome cuidado, pois,
exuberância, devem ser protegidos, pois cada um tem
ao derrubar uma árvore sem autorização
um papel a desempenhar na natureza. prévia, você cometerá um crime ambiental e
estará sujeito à penalização.

Políticas públicas ambientais no Brasil


Vamos refletir
Visando defender essa riqueza, a legislação ambiental
Vamos analisar um
brasileira é uma das mais rigorosas e restritivas do exemplo: um produtor
mundo. O código florestal, que é o conjunto de leis derruba a mata ciliar
que tem por objetivo proteger nossos recursos naturais, para plantar algo, o
serve de exemplo mundial, entretanto isso acontece que é proibido por lei.
apenas na teoria. A punição para aqueles que causam Ele recebe uma multa,
danos à natureza geralmente é uma multa, que pode porém o lucro obtido com a venda da produção
é muito maior do que a multa. O que você
chegar à casa dos milhões de reais, dependendo do
acha que acontecerá? Ele parará de plantar ou
impacto causado ao meio ambiente. De acordo com a continuará plantando, lucrando e pagando a
Lei de Crimes Ambientais (nº 9.605 de 1998), que versa multa que não afetará seu ganho final?
sobre as sanções penais e administrativas derivadas
14

de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, o


fique atento
valor da multa varia de um mínimo de R$ 50,00 até o
máximo de R$ 50 milhões. Porém, é importante salientar É preciso tomar cuidado
que essas multas podem ser cumulativas, ou seja, uma com a diferença entre
políticas públicas e decisões
empresa pode receber 4 multas máximas ao mesmo
políticas. O primeiro item
tempo, totalizando 200 milhões de reais. refere-se às políticas que são formuladas
No Brasil, a Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que depois de muito debate, visando minimizar
estabeleceu a Política Nacional para o Meio Ambiente, uma situação existente de problema
diz que entre as medidas adotadas está a exigência do ambiental; o segundo item refere-se a ações
Estudo de Impacto Ambiental e o respectivo Relatório realizadas todos os dias e em grande número
de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) para a obtenção de pelos administradores públicos, atendendo
às solicitações das circunstâncias.
licenciamento em qualquer atividade modificadora do
meio ambiente. Esses documentos analisam o impacto
que um empreendimento causará ao ser realizado.
Vamos pegar como exemplo a construção de um grande condomínio residencial: a área foi escolhida, porém
é necessário analisar quantas árvores terão que ser cortadas, quantos animais dependem dessas árvores e quem
será prejudicado pelo corte delas. Há algum curso d’agua correndo risco de ser poluído? Para ser aprovada a
construção, o EIA tem que convencer os órgãos competentes de que os impactos serão mínimos e não alterarão
de maneira significativa o meio ambiente.
Essa etapa pode durar anos, como foi no caso da Vocabulário
duplicação da estrada da Serra do Cafezal, um trecho
Subsídio é um
da rodovia BR-116 que liga São Paulo a Curitiba. Para valor monetário
essa duplicação, cortou-se uma grande área de Mata fixado e concedido
Atlântica, o que gerou muito debate e atrasou o início pelo Estado, ou outra corporação, para
das obras. Existem leis federais que regulamentam uma obra de beneficência ou de interesse
o uso e a proteção do meio ambiente, porém seria público, que represente papel importante
interessante que os municípios também dispusessem de para a economia do país. É uma subvenção
(auxílio monetário concedido pelos poderes
seus próprios mecanismos, uma vez que as leis federais
públicos).
são muito abrangentes e cada município possui a sua
particularidade.
A preocupação com o meio ambiente teve reflexo na política e na estrutura de administração do patrimônio
natural brasileiro. Se antes havia apenas o Ministério do Meio Ambiente, hoje há uma divisão de tarefas, com
a criação de órgãos específicos para cada área, como por exemplo: Agência Nacional de Águas (ANA), criada
em 2000, Serviço Florestal Brasileiro (SFB), criado em 2006, e Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade (ICMBio), criado em 2007.
Barbieri (2007) define políticas públicas ambientais como o conjunto de objetivos, diretrizes e instrumentos
de ação que o poder público dispõe para produzir efeitos desejáveis sobre o meio ambiente.
Mudanças de postura por parte das empresas, buscando a adequação a um modelo de produção sustentável,
exigem tempo e estudo. Ao governo cabe promover debates a fim de convencer os empresários sobre a
necessidade de alterações. Às grandes organizações cabe negociar benefícios (como, por exemplo, diminuição
gradual de impostos para as empresas que adotarem práticas ecologicamente corretas em seu processo de
produção) e selos institucionais (como, por exemplo, de empresa amiga do meio ambiente), que agregam valor
ao seu produto final e subsídios variados.
Entre as propostas mais acessíveis à população em geral, a reciclagem é a mais divulgada, pois é de fácil
aplicação. Toda residência tem condições de realizar a separação dos materiais que podem ser reciclados e em
praticamente todas as cidades há trabalhadores recolhendo esses materiais para venda ou distribuição entre as
cooperativas e usinas de reciclagem, evitando, assim, que o lixo seja descartado de maneira incorreta, poluindo a
cidade ou indo parar em lixões mal planejados, o que culmina em impactos ao meio ambiente.
15

Impactos ambientais

O conceito de impacto ambiental é definido pela Resolução CONAMA (n°001, de 23 de janeiro de 1986, p. 1) como:

Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente,


causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que,
direta ou indiretamente, afetam:
I - A saúde, a segurança e o bem-estar da população;
II - As atividades sociais e econômicas;
III - A biota;
IV - As condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
V- A qualidade dos recursos ambientais.

É importante compreendermos que a ideia


de impacto não se traduz apenas como algo
negativo, há também o impacto positivo, que
favorece o meio ambiente, como especifica
a definição de impacto ambiental da ABNT
ISO 14001 (2004,p. 2): “qualquer modificação
do meio ambiente, adversa ou benéfica (...)”.
Nesse perfil, se encaixam: reflorestamento de
áreas degradadas, gerenciamento de reservas
florestais etc.
Todos os dias, os jornais e os noticiários divulgam
6
notícias de acontecimentos catastróficos, como
Grande deslizamento de terra
temporais, secas prolongadas, derretimento das Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/e/ea/Angra_dos_Reis-Morro_da_Carioca-2010-01-04.jpg

geleiras, invasões das regiões costeiras pelo mar,


furacões e outros desastres climáticos.
É comum o uso de imagens impactantes como casas destruídas por ventos, enchentes, desmoronamento
de encostas, entre outros. A exploração dessas cenas é recorrente como forma de alerta sobre os perigos do
aquecimento global. No Brasil, estamos acostumados com as imagens assustadoras da seca na região Nordeste e,
nos últimos anos, enchentes na região Sul, principalmente no estado de Santa Catarina, que comprovam a força
da natureza.
Quando vemos um bairro inteiro sendo arrasado por uma enchente, devemos estudar todo o contexto:
não se pode simplesmente afirmar que é culpa da natureza e do aquecimento global, o primeiro fator a ser
analisado é a localização do bairro. Por exemplo, é preciso pesquisar se quando ele foi se instalando já se
sabia que ali era uma área sujeita à inundação. Então, se ocorrer uma enchente, a culpa não é da natureza,
e sim dos responsáveis que permitiram a construção do bairro naquele local.
A enchente também nos obriga a repensar sobre o avanço desenfreado das cidades. Como já falamos,
em décadas passadas, a presença de indústrias era motivo de satisfação para os políticos e as ruas asfaltadas
eram sinônimo de desenvolvimento. Contudo, a área urbana foi crescendo de maneira desordenada, o solo
foi se tornando impermeabilizado, sobrando, assim, pouco espaço para escoamento da água da chuva. A
ausência de áreas verdes, além do drama da enchente, também reflete na falta de conforto e bem-estar dos
moradores. Parques e praças são locais onde o clima é diferenciado do resto da cidade, com temperaturas
mais amenas, ar limpo e tranquilidade para quem busca refúgio em meio à correria das grandes cidades.
A figura 13 ilustra bem o que estamos descrevendo. Nela podemos observar que os problemas sociais
estão intimamente ligados à questão do meio ambiente. A população sofre com a falta de moradias e
de terrenos para construção, reflexo de anos de má administração pública, o que a obriga a se arriscar,
erguendo casas em regiões consideradas ambientalmente instáveis.
16

Degradação ambiental

Para o IBAMA (1990), a degradação de uma área ocorre quando a vegetação nativa e a fauna são destruídas,
removidas ou expulsas; quando há remoção da camada fértil do solo; e quando há alteração na qualidade ou
no regime de vazão do sistema hídrico.
Especificando melhor, podemos afirmar que a degradação ambiental gera perda de terras destinadas à
agricultura, o que obriga os produtores a abrirem novas áreas, por vezes de maneira ilegal; diminuição ou
perda total dos mananciais que abastecerão os grandes rios provedores das regiões metropolitanas; além de
apresentar resultados negativos, como a perda de biodiversidade (riscos de extinção) e os riscos ou danos à
saúde humana, animal e vegetal.
A degradação causada pelos furacões, tornados, tsunamis e queimadas naturais é um impacto de origem
natural, ou seja, de causas naturais, e não propriamente resultado da ação do homem sobre o ambiente. A
exploração de petróleo, agropecuária, mineração e a construção de hidrelétricas são ações humanas e, caso
sejam mal planejadas, acarretam grave degradação ambiental.
Infelizmente, ao longo do século passado, e também no atual, a humanidade foi testemunha de vários
acidentes envolvendo essas atividades. No Brasil, podemos comentar sobre os impactos da construção de
usinas hidrelétricas. Segundo Fenilli (2002 apud MAGALHÃES, 2006, p. 11),

os principais impactos socioeconômicos provocados pela implantação de barragens


hidrelétricas são: criação de expectativas, alteração do cotidiano da população, alteração
demográfica, intensificação do tráfego, alteração no quadro de saúde, perda de terras e
benfeitorias, desestruturação da unidade de produção familiar e interferência no fluxo
turístico da região.

Acrescenta-se a este quadro os


empregos temporários, que geram uma
falsa sensação de prosperidade local, pois,
na maioria das vezes, a população local é
recrutada para trabalhos braçais, com riscos
de acidentes. Enquanto que, para funções
específicas, as empresas contratam mão de
obra especializada de outros estados.
Além dos agravantes sociais, há a questão
ambiental. A construção de hidrelétricas
gera um enorme impacto no meio ambiente
local, como podemos observar na figura 14. 7
A figura 14 é uma foto aérea da famosa Usina de Itaipu
Usina de Itaipu no Paraná. O grande lago https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/8e/Itaipu_Aerea.jpg

formado inundou uma extensa área. Muitas árvores ficaram embaixo d’água e morreram. Houve uma força
tarefa por parte do governo para capturar os animais da região e transferí-los para outros lugares que não
fossem atingidos pela água, infelizmente, pelo número elevado de bichos, muitos não foram transferidos e
também não conseguiram fugir.

Educação ambiental como instrumento de mudança

Para que possamos começar a mudar o pensamento do brasileiro em relação ao meio ambiente,
é necessário um trabalho de base que acompanhe as novas gerações durante todo o período
17

escolar. No caso dos adultos, é preciso inserir nas grades curriculares dos cursos profissionalizantes módulos
sobre ecologia, legislação ambiental etc.
A Constituição Federal Brasileira de 1988 foi a primeira no mundo a incluir um capítulo sobre meio ambiente
(Capítulo VI – Do meio ambiente). Além disso, caracterizou a educação, em seu artigo 6º do Capítulo II (Dos
direitos sociais), como “o direito social de todos e dever do estado e da família, que deve ser promovida com
a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento do indivíduo e seu preparo para o exercício
da cidadania”. Em seu artigo 225, determinou que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à ótima qualidade de vida, impondo-se ao poder público
e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
A educação ambiental deve se constituir em um processo permanente, contínuo e integrador. Toda
sociedade civil deve ser educada e ouvida, sem distinção de classe social. Infelizmente, há um julgamento
errôneo entre os extremos da pirâmide social de que os menos favorecidos não têm tempo para pensar nessas
questões e o rico não se importa com a origem do produto, quer apenas comprá-lo. A educação ambiental
constitui um processo ao mesmo tempo informativo e formativo dos cidadãos, com o objetivo de melhorar a
sua qualidade de vida e de toda a sociedade.

Educação ambiental é um processo de educação política, é formar atitudes que predisponham


à ação. Portanto, iniciativas como a organização de cursos de formação voltados à temática
ambiental, a elaboração de material educativo, o uso de técnicas e jogos cooperativos, visitas
a museus e caminhadas em trilha são atividades educativas que apoiam o processo e podem
contribuir para o processo, mas não o substituem e, sozinhos, não levam à ação transformadora
pretendida (PELICIONI, 2005, p. 595).

Não se trata de impor leis e padrões, mas sim de trazer a população para o diálogo, para que todos tenham
o direito de opinar sobre uma situação que gera reflexos em toda a sociedade.

A educação ambiental, então, além de ser um processo de mudança e de formação de valores,


bem como de preparo de exercício da cidadania, constitui-se em um conjunto de ideias
contrárias às ideias prevalentes no sistema social atual, contrárias às ideias de egoísmo e de
individualismo, a favor da transformação social com ética, com justiça social e com democracia.
É uma luta a favor, portanto, de novas ideias e de valores éticos, em que deve prevalecer a
melhoria da qualidade de vida para todos (PELICIONI, 2005, p. 596-597).

No Brasil, foi instituída, em 1999, a Política Nacional de Educação Ambiental que traz em seus dois primeiros
artigos as seguintes ponderações:

Art. 1º Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a
coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências
voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia
qualidade de vida e sua sustentabilidade.
Art. 2º A educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional,
devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo
educativo, em caráter formal e não formal.

“É fundamental que os colaboradores de uma empresa reconheçam na educação ambiental um novo fator de
progresso pessoal, não a confundindo com treinamento profissional, muito embora os dois se complementem
no âmbito da organização” (VALLE, 2002, p. 32).
Quanto maior for a conscientização da população em relação à questão do meio ambiente, maior será a
cobrança por mudanças. Precisamos formar cidadãos conscientes, que entendam o seu papel como agentes
transformadores e que saibam identificar todos os elos da corrente, para que assim possam cobrar melhorias
das pessoas certas.
18

Vamos refletir
O mundo nunca esteve tão rico economicamente e farto de alimentos – novas
tecnologias possibilitaram o aumento da produção agropecuária. Contudo, essa
riqueza não está ao alcance de todos, pois a desigualdade entre os mais ricos e os
mais pobres também não para de crescer. Muito se fala em suprir as necessidades
humanas, porém é importante defini-las e trabalhar com o fato de que elas podem
mudar de país para país. As necessidades da população na Noruega, considerada
por muitos o melhor país para se viver, não são as mesmas dos haitianos, que vivem
em um país pobre que ainda sente os reflexos do grande terremoto que devastou
seu território em 2010. E, em relação ao Brasil, com seu imenso território e
diversidades sociais, culturais e econômicas, como é possível estabelecer quais sãos
as necessidades humanas que englobam os mais de 200 milhões de habitantes?

A influência do mercado consumidor

Agora, voltemos a discutir os processos de produção, os produtos ecologicamente corretos e a mudança de


postura do mercado consumidor. Em séculos passados, o pensamento predominante era de que a Terra seria
capaz de nos fornecer tudo o que precisávamos para produzir nossos bens de maneira indefinida. Achávamos que
nunca iriam nos faltar as matérias-primas, então explorávamos os recursos naturais de maneira descontrolada.
Como sabemos hoje, esse pensamento é totalmente equivocado, pois existem os conceitos de bens
renováveis e não renováveis – não podemos simplesmente ir retirando tudo o que a natureza nos oferece
sem tomar cuidado para que não nos falte nada no futuro. Porém, como conciliar isso com a crescente
demanda de produtos por parte da sociedade? Como saciar a sede de bens materiais de uma população
mundial que não para de consumir e exige cada vez mais e mais novidades comerciais?
O que fazer nesse caso? Não há solução em curto prazo, mas sim um longo trabalho de conscientização
a ser feito. Há uns vinte anos, alimentos produzidos de maneira orgânica eram coisa de hippie, tratados
como algo exótico, com pouca oferta nos supermercados e com preços exorbitantes. Hoje, cada vez mais
os alimentos orgânicos compõem a mesa de muitas famílias brasileiras, embora o preço ainda seja um fator
limitante, o que acaba por afastar a população de menor renda.
Produtos ecologicamente corretos estão na moda, mas, infelizmente, muitos compram pelo status e
não pelos benefícios à natureza e à sociedade. Nesse caso, não há uma mudança de pensamento, e sim
a necessidade de seguir uma tendência, uma moda lançada por algum artista famoso e afirmar que esta
antenado com o que há de mais moderno. O correto seria que o consumo desses produtos se baseasse em
seus benefícios ao meio ambiente, pois moda é algo passageiro – de qualquer forma, já ajuda um pouco.
Essa moda é conhecida como onda verde, movimento em que o mercado é invadido por produtos
com selos de “empresa amiga do meio ambiente”, o que significa dizer que essa empresa alega fazer uso
sustentável de matéria-prima e insumos. Porém,
é fácil observarmos algumas contradições. Vamos
Vocabulário
tomar como exemplo as indústrias que produzem
chocolate e que alegam usar cacau orgânico. Muitas Insumo é tudo
aquilo que usamos
vezes essa matéria-prima é cultivada utilizando mão
durante o processo
de obra infantil de baixa remuneração, mas, mesmo
de produção de um determinado produto.
assim, essas empresas vendem o produto a um preço No caso da agropecuária, podemos citar
elevado por conter o selo de alimento orgânico. sementes, adubos, defensivos agrícolas
O conceito ambientalmente sustentável é explorado (herbicidas, inseticidas, fungicidas), ração,
hoje como uma marca, um slogan. É vendido pelo apelo, vacinas para o gado etc.
não necessariamente pelos seus benefícios. Isso fica
19

claro pelos preços, que afastam parcela da população. As classes sociais de menor poder aquisitivo também
querem fazer sua parte e ajudar o meio ambiente, mas, com esses preços, como poderiam?
Mas não sejamos tão pessimistas, há sim um movimento muito grande em favor da compra e uso de produtos
ambientalmente sustentáveis baseado apenas no reconhecimento da necessidade de mudanças dos padrões de
consumo. A população mundial vive assombrada pelo fantasma do aquecimento global. O cenário apocalíptico
que nos aguarda no futuro, segundo alguns estudiosos – não todos, porque a teoria do aquecimento global não
é unânime, muitos pesquisadores questionam o aquecimento –, foi o suficiente para estimular a procura por
bens produzidos de maneira ecologicamente correta. As empresas não ficaram paradas frente a essa mudança,
sentiram a necessidade de repensar seus processos produtivos.

O consumo sustentável envolve a escolha de produtos que utilizaram menos recursos naturais
em sua produção, que garantiram o emprego decente aos que os produziram, e que serão
facilmente reaproveitados ou reciclados. Significa comprar aquilo que é realmente necessário,
estendendo a vida útil dos produtos tanto quanto possível. Consumimos de maneira sustentável
quando nossas escolhas de compra são conscientes, responsáveis, com a compreensão de que
terão consequências ambientais e sociais – positivas ou negativas (BRASIL, 2016).

O que é exatamente esse conceito de ambientalmente


Saiba mais
correto? A população está mais acostumada a ouvir
falar sobre orgânicos, porém toda a cadeia de produção Para aprofundar
necessita ser avaliada. Do que adianta ser orgânico se seus conhecimentos
sobre os selos verdes,
para abrir os canteiros de sua horta o produtor desmatou
não deixe de assistir a reportagem e acessar os
uma grande área? Se ele não é responsável com o uso da demais links:
água? https://www.youtube.com/
Então, ao explorar a ideia de ambientalmente correto, watch?v=7Xwr2JXdsJM
são muitas as variáveis que precisam ser avaliadas: a
http://oglobo.globo.com/sociedade/ciencia/
produção é prejudicial para alguma espécie animal ou revista-amanha/selos-verdes-contribuem-
vegetal, por menor que ela seja? Coloca em risco as para-praticas-sustentaveis-9623393
águas (nascentes, rios, lagos)? O descarte dos resíduos http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/
gerados durante o processo produtivo é realizado de desenvolvimento/conteudo_298573.shtml
maneira correta?
http://meioambiente.culturamix.com/
Ottman (1994 apud ALMENDRA, 2012, p. 21) define
natureza/selo-ambiental-brasileiro-conheca-
uma tendência a respeito do comportamento de compra alguns
que tende a se ampliar. Para ele,

os indivíduos estão agindo de acordo com seus valores por meio do poder de suas escolhas
[...]. Numa tentativa individual de se proteger e de protegerem o planeta, esses consumidores
estão moldando uma nova tendência denominada consumerismo ambiental, só comprando
produtos que consideram verdes e deixando produtos não verdes na prateleira.

Existe também uma forte pressão para que sejam revistas as fontes de energia. No Brasil, a eletricidade que
chega em nossas residências tem como origem, em sua maioria, as hidrelétricas, que em sua construção causam
grande impacto na natureza, por alagar grandes áreas florestais e até mesmo cidades inteiras. Uma alternativa
que agrada aos ambientalistas é o uso de energia solar e eólica (do vento). Os engenheiros estão estudando
mecanismos que tornem essas fontes acessíveis para toda a população, pois a instalação de painéis solares, que
captam e convertem os raios de sol em energia, e aerogeradores (moinhos de vento), que aproveitam a força do
deslocamento do ar, ainda é uma opção muito cara para a maioria dos brasileiros.
20

8
Usina eólica instalada no meio do oceano
Fonte: https://pixabay.com/pt/natureza-montanhismo-brasil-653908/

9
Painéis de captação de energia solar
Fonte: https://pixabay.com/pt/painel-solar-energia-solar-painéis-1175819/

Os benefícios do sistema de gestão ambiental

A resposta das empresas a essas pressões foi a implementação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA).
Segundo Nascimento (2008, p. 107),

um Sistema de Gestão Ambiental é definido como o conjunto de procedimentos que irão


ajudar a organização a planejar, organizar, controlar e diminuir os impactos ambientais de
suas atividades, produtos e/ou serviços. Para isso, uma etapa anterior precisa ser cumprida:
diagnosticar. Com base nessas informações, será possível o planejamento de ações e seu
posterior monitoramento.

O diagnóstico, comentado anteriormente, é o ato de analisar a cadeia de produção e definir quais pontos
precisam de mudanças.
Para a implementação de um Sistema de Gestão Ambiental, o primeiro passo deve ser a formalização da
mudança por parte da direção da empresa, deixando claras suas intenções e enfatizando seus benefícios.
Contudo, o desenvolvimento e a implantação desse tipo de sistema têm enfrentado uma série de problemas
que vão desde o baixo envolvimento da alta direção até a dificuldade de interpretação de procedimentos
escritos, destacando-se aqueles relacionados aos recursos humanos: baixo nível de escolaridade e treinamento,
desmotivação e resistência à mudança. “A gestão ambiental consiste em um conjunto de medidas e
procedimentos bem definidos que, se adequadamente aplicados, permitem reduzir e controlar os impactos
introduzidos por um empreendimento sobre o meio ambiente” (VALLE, 2002, p. 72).
A organização que decide implantar uma política ambiental deve estar preparada para rever seus critérios
de atuação e eliminar tradições, tendo como possível resultado a perda na participação de mercado e a
21

consequente queda nos lucros em um primeiro momento, para só depois haver benefício com essa mudança.
Pensando exclusivamente pelo lado financeiro, um benefício imediato na cadeia de produção é a redução
nos custos devido ao uso mais racional dos insumos, como por exemplo:

l redução do consumo de água e energia;


l reciclagem, venda e aproveitamento de resíduos;
l redução de multas e penalidades por poluição;
l substituição de matérias-primas (como vidro no lugar do alumínio, pois o primeiro pode ser utilizado mais
vezes e é facilmente higienizável).

Você pode pensar que isso faz parte de uma realidade fora do seu alcance, entretanto é importante
salientar que tudo o que estamos estudando tem aplicação na menor das empresas, pois esse conceito de
“ambientalmente sustentável” pode ser justamente o diferencial que o seu produto necessita para ganhar
espaço no mercado. Uma fábrica de doces caseiros será apenas mais uma entre as centenas que existem, mas,
ao apresentar seu produto como ecologicamente correto, despertará o interesse de uma fatia do mercado
consumidor que está à procura desse tipo de alimento e de comportamento social.

mídias integradas
Existem muitos documentários interessantes que tratam do assunto que estamos
estudando. Um dos mais famosos se chama Uma verdade inconveniente (2006), que
fala sobre o aquecimento global, dirigido por Al Gore, ex-vice-presidente dos Estados
Unidos. Outro bem conhecido é A última hora (2007), dirigido por Nadia Conners e
Leila Conners. Ambos fazem uso de imagens impactantes, muitos números e gráficos.
Porém, cuidado, não baseie seus estudos apenas nesses filmes, nunca deixe de ler
outras opiniões. Uma voz contrária à ideia do aquecimento global é a do pesquisador
brasileiro Luís Carlos Molion. Muitas palestras dele estão disponíveis na internet,
reserve um tempo para assisti-las e tire suas próprias conclusões.

Desenvolvimento Sustentável

Conceito e perspectiva histórica

Conciliar desenvolvimento econômico com preservação ambiental nunca foi tarefa simples. Durante anos,
o primeiro fator passou por cima do segundo, pois prevalecia a ideia de que acima de tudo era necessário
produzir bens de consumo, visto que a população não para de crescer. Porém, tornou-se necessário discutir
essa relação e ir além, pois o desenvolvimento sustentável abrange ainda os setores políticos, sociais e culturais.
Contudo, antes de mais nada, vamos ver do que se trata exatamente o termo desenvolvimento sustentável?
O conceito mais difundido de desenvolvimento sustentável, apresentado no Relatório Brundtland, fala do
“desenvolvimento que satisfaz a necessidade do presente sem comprometer a capacidade de as futuras gerações
satisfazerem suas próprias necessidades” (COMISSÃO Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, 1991, p. 9).
22

O que extraímos desse conceito? Nós, geração


saiba mais
atual, temos o direito de produzir de maneira a
satisfazer as nossas necessidades, porém de modo A questão
tal que não impeçamos as gerações futuras de fazer ambiental começou
a ganhar mais destaque a partir da década de
o mesmo, o que significa dizer que não podemos
1970, momento em que os países passaram
explorar os recursos naturais de maneira predatória e a organizar encontros a fim de debater
irresponsável até que eles acabem. medidas a serem tomadas para minimizar os
Dentro ainda desse contexto, chegamos à ideia impactos humanos na natureza.
de qualidade de vida, porém o que isso quer dizer Com base nos estudos propostos nesses
nos dias de hoje? Para muitas pessoas, qualidade de encontros, a ONU publicou o documento
vida é ter condições de comprar tudo o que desejam, intitulado Nosso Futuro Comum, também
conhecido como Relatório Brundtland, em
para outras é simplesmente estar bem. Então, assim
homenagem à primeira-ministra da Noruega
como comentamos anteriormente em relação às Gro Harlem Brundtland, que chefiou a equipe
necessidades humanas, o conceito de qualidade de responsável pelo documento. O conceito de
vida é variável, não existindo um modelo pronto e desenvolvimento sustentável apresentado
aplicável a todas as pessoas. nesse documento é o mais utilizado no
Muitas vezes, desenvolvimento é confundido com mundo.
crescimento econômico, que depende do consumo
crescente de energia e recursos naturais. Esse tipo de desenvolvimento tende a ser insustentável, pois leva ao
esgotamento dos recursos naturais dos quais a humanidade depende. Segundo Batista e Albuquerque (2007, p. 6),

a real implementação de políticas públicas ambientais que promovam efetivamente o


desenvolvimento sustentável representa um dos maiores desafios a serem enfrentados
por toda a sociedade. Se considerarmos que a degradação ambiental é resultante de
um processo social, determinado pelo modo como a sociedade apropria-se dos recursos
naturais, observamos que as mudanças necessárias à sustentabilidade só irão ocorrer frente
a novos comportamentos e novos processos sociais.

Aplicação do conceito

A viabilidade do desenvolvimento sustentável está alicerçada no tripé: setor governamental, setor


empresarial e sociedade civil. Cabe ao setor governamental propor leis que favoreçam as empresas e criar
mecanismos que estimulem o setor empresarial a investir em sustentabilidade. Os empresários devem
expandir sua visão de negócio e propor modelos de produção menos agressivos ao meio ambiente. Por
fim, a sociedade civil deve rever suas necessidades, dando preferência a produtos e serviços que tenham
o selo de ambientalmente correto. Ainda em relação à sociedade civil, como vimos anteriormente,
é necessária a expansão do ensino de educação ambiental, para que isso passe a ser um assunto ao
alcance de todos.
Segundo Sachs (1993 apud BARBOSA, 2008, p. 8), são cinco os pilares de sustentação do desenvolvimento
sustentável:
Sustentabilidade ecológica – refere-se à base física do processo de crescimento e tem
como objetivo a manutenção de estoques dos recursos naturais, incorporados às atividades
produtivas;

Sustentabilidade ambiental – refere-se à manutenção da capacidade de sustentação dos


ecossistemas, o que implica a capacidade de absorção e recomposição dos ecossistemas em
face das agressões antrópicas;

Sustentabilidade política – refere-se ao processo de construção da cidadania para garantir a


incorporação plena dos indivíduos ao processo de desenvolvimento;
23

Sustentabilidade social – refere-se ao desenvolvimento e tem por objetivo a melhoria da


qualidade de vida da população. Para o caso de países com problemas de desigualdade e de
inclusão social, implica a adoção de políticas distributivas e a universalização de atendimento
a questões como saúde, educação, habitação e seguridade social;

Sustentabilidade econômica – refere-se a uma gestão eficiente dos recursos em geral e


caracteriza-se pela regularidade de fluxos do investimento público e privado.

O fato é que o modelo atual de produção – aqui é importante salientar que não estamos falando apenas
das grandes indústrias, mas sim de qualquer processo produtivo – não é sustentável. Obviamente, a tendência
é que as indústrias gerem maior impacto, porém a necessidade de mudanças atinge a todos.
Segundo Portilho (2010 apud ALMENDRA, 2012, p. 18), os ambientalistas acreditam que “o consumo das
sociedades ocidentais modernas, além de socialmente injusto e moralmente indefensável, é ambientalmente
insustentável”.
Os grandes conglomerados industriais aceleraram seu ritmo de produção, o que implica em maior consumo
de matérias-primas, pois o perfil do mercado consumidor mudou ao longo dos anos, visto que comprar virou
sinônimo de poder.
Entre os países impera uma disputa: quem produz mais garante poder de negociação e maior
representatividade mundial. Hoje, quem domina esse cenário são os Estados Unidos, um país que, assim como
o Brasil, possui um enorme território e uma rica biodiversidade. Os Estados Unidos servem de modelo de
país rico e desenvolvido para algumas nações, porém, se todos os países resolverem copiá-lo, o planeta não
suportará e teremos um colapso ambiental jamais visto – exatamente por isso outras nações consideram os
americanos os grandes vilões.
Não há uma receita pronta para impor o desenvolvimento sustentável. Sabemos onde queremos chegar,
que é o equilíbrio entre desenvolvimento econômico e preservação do meio ambiente, mas as medidas a
serem tomadas variarão entre os países e ao mesmo tempo não podem ser encaradas como algo isolado. A
discussão deve ser global, os benefícios devem atingir a todos e, para isso acontecer, só com muito diálogo e
cooperação.
Então, qual a dificuldade? Voltamos à questão do poder que cada nação tem. Os europeus estão dispostos
a abrir mão de um estilo de vida e do status para trabalhar em conjunto com os países menos desenvolvidos?
Dados apresentados por Portilho (2010 apud ALMENDRA, 2012, p. 17) demonstram essa diferença entre o
consumo dos países considerados ricos (hemisfério norte), em relação aos países mais pobres (hemisfério sul).
Segundo esses dados, 20% da população mundial, que habita principalmente o hemisfério norte, consome
80% dos recursos naturais e da energia do planeta, ao mesmo tempo em que produz por volta de 80% da
degradação e poluição total do planeta. Os demais 20% de recursos que restaram ficam disponíveis para os
80% da população global, localizados em sua maioria no hemisfério sul.
Enfim, desenvolvimento sustentável é uma realidade que está ao alcance de todos, cada um pode incorporar
e colocar em prática esse conceito. Se você, ao fim desse curso, resolver virar um empreendedor, reflita sobre
essa questão e sobre tudo o que conversamos anteriormente. Coloque em prática ações que gerem apenas
impactos positivos ao meio ambiente. Caso vá trabalhar no setor privado, conheça sua empresa, pense em
ações que possam resultar em um menor impacto durante o processo produtivo e, por fim, comece por você
mesmo, reveja suas ações diárias e o que pode fazer para ajudar a natureza.
24

Atividade de aprendizagem
Com a ajuda da internet, pesquise mais sobre a evolução do desmatamento na
Amazônia e defina em qual período houve aumento e quando ocorreu queda no
índice. Depois, discuta com os colegas o que interfere nessa variação ao longo dos
anos. Dica: procure por gráficos que o(a) auxiliem na visualização dessas informações.

Vamos relembrar
Chegamos ao fim deste módulo. Aqui pudemos refletir sobre a importância
do estudo do meio ambiente no cenário global atual e concluir que cada vez mais
devemos levar em conta esse aspecto na tomada de decisão das organizações.
O Brasil é um país com enorme potencial para explorar um setor da economia
que não para de crescer, que é o de procura por produtos ecologicamente
sustentáveis, por isso se justifica a educação ambiental como ferramenta, seja nas
grades curriculares de escolas, seja com cursos voltados para colaboradores das
grandes empresas – o objetivo é atingir o número máximo de pessoas possível.
Somente com uma mudança profunda no pensamento da população, em
torno desse assunto, é que poderemos almejar um futuro promissor para nós e
as próximas gerações.
25

Referências
ALMENDRA, Fernanda Barbosa. Consumidor verde: estudo de caso sobre perfil e características do mercado.
2012. Monografia (Pós-graduação “lato-sensu” especialização em gestão ambiental). Centro de Ciências
e Tecnologia – UFSCAR. São Carlos, 2012. Disponível em: <http://www.stratmarket.com.br/publicacoes/
Consumidor_Verde.pdf>. Acesso em: 10 maio 2016.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS- ABNT. NBR ISO 14001. [2004]. Disponível em: <http://www.
labogef.iesa.ufg.br/labogef/arquivos/downloads/nbr-iso-14001-2004_70357.pdf>. Acesso em: 26 abr. 2016.

BARBIERI, José Carlos. Gestão ambiental empresarial: conceitos, modelos e instrumentos. São Paulo: Saraiva,
2007.

BARBOSA, Gisele. O desafio do desenvolvimento sustentável. [2008]. Disponível em: < http://www.fsma.edu.
br/visoes/ed04/4ed_O_Desafio_Do_Desenvolvimento_Sustentavel_Gisele.pdf >. Acesso em: 4 mar. 2016.

BATISTA, Ieda Hortêncio; ALBURQUERQUE, Carlossandro C. de. Desenvolvimento sustentável: novos rumos
para humanidade [2007]. Disponível em:< http://www.revistas.uea.edu.br/old/abore/artigos/artigos_3/
Ieda%20Hortencio%20Batista.pdf>. Acesso em: 3 mar. 2016.

BRASIL. Constituição [1988]. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado, 1988.

_______. Ministério do Meio Ambiente. Biodiversidade brasileira. [2002]. Disponível em: <http://www.mma.
gov.br/estruturas/chm/_arquivos/biodivbr.pdf>. Acesso em: 27 abr. 2016.

______. Ministério do Meio Ambiente. O que é produção sustentável. [2016]. Disponível em: <http://
www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/producao-e-consumo-sustentavel/conceitos/producao-
sustentavel >. Acesso em: 4 mar. 2016.

______. Ministério do Meio Ambiente. Programa Nacional de Educação Ambiental. Brasília, DF: Ministério do
Meio Ambiente, 1999.

_______. Ministério do Meio Ambiente. Resolução CONAMA 001/86. [1986]. Disponível em: <http://www.
mma.gov.br/port/conama/res/res86/res0186.html >. Acesso em: 27 abr. 2016.

COMISSÃO Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Nosso futuro comum. Rio de Janeiro: Fundação
Getúlio Vargas, 1991.

INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS - IBAMA. Manual de
recuperação de áreas degradadas pela mineração: técnicas de revegetação. Brasília: 1990.

MAGALHÃES, Sandra da Cruz Garcia. Estudo dos impactos sociais e ambientais decorrentes dos projetos
hidrelétricos de Jirau e Santo Antônio - Reflexões preliminares [2006]. Disponível em: <http://www.
gpers.unir.br/docsgpers/Artigo%20Analise%20dos%20Impactos%20sociais%20e%20ambientais%20das%20
hidreletricas%20de%20Jirau%20e%20Santo%20Antonio.pdf>. Acesso em: 27 abr. 2016.
26

NASCIMENTO, Luis Felipe. Gestão ambiental e sustentabilidade [2008]. Disponível em: <http://www.ufjf.
br/engsanitariaeambiental/files/2012/09/Livrotexto_Gestao_Ambiental_Sustentabilidade.pdf >. Acesso em: 4
mar. 2016.

PELICIONI, Maria Cecília. Educação ambiental: evolução e conceitos. In: PHILIPPI JR, Arlindo. Saneamento,
saúde e ambiente: fundamentos para um desenvolvimento sustentável. São Paulo: Editora Manole, 2005.

PHILIPPI JR, Arlindo. Saneamento, saúde e ambiente: fundamentos para um desenvolvimento sustentável. São
Paulo: Editora Manole, 2005.

PROJETO Prodes – Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite. Taxas anuais do desmatamento
- 1988 até 2013. [2013]. Disponível em: < http://www.obt.inpe.br/prodes/prodes_1988_2013.htm >. Acesso
em: 16 mai. 2016.

VALLE, Cyro Eyer do. Qualidade ambiental: ISO 14000. 10 ed. São Paulo: Editora Senac, 2002.
27

Gabarito
O desmatamento da Amazônia começou a ser monitorado apenas em 1988, porém é importante salientar
que esse processo é mais antigo, ainda que não haja uma data precisa de quando ocorreu a primeira derrubada
de uma árvore em território amazônico.
De pouco mais de 500 anos de história do Brasil, apenas nos últimos 28 anos temos dados referentes a
esse assunto tão importante. Isso se justifica, em parte, pela dificuldade de se obter dados confiáveis para uma
região tão extensa, uma vez que o Brasil não possuía tecnologia para esse fim. Contados a partir de 1988, o
bioma perdeu 402.663 mil km² de vegetação – área equivalente a 265 cidades do tamanho de São Paulo ou
48 milhões de campos de futebol (PRODES, 2013).
O gráfico a seguir, elaborado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE, 2013), ilustra a evolução
do desmatamento da Amazônia.
Por meio do gráfico, podemos notar
ciclos de queda e aumento no índice
de desmatamento. Isso acontece em
razão da situação econômica do país
no momento, pois o desmatamento
está intimamente relacionado ao
avanço da agropecuária – a floresta é
desmatada para dar lugar a plantações,
principalmente de soja, e pastagens, 15
então, quanto mais estiver aquecida Taxa de desmatamento anual na Amazônia Legal
Fonte: INPE (2013) http://www.obt.inpe.br/prodes/prodes_1988_2013.htm (aba - Amazônia)
a economia, mais os produtores irão
investir em novas áreas, o que culmina em desmatamento.
Porém, essa situação se inverteu nos últimos anos, como podemos observar no gráfico. Desde 2004 o
índice vem caindo, com exceção dos anos de 2008 e 2013, visto que nesse período a economia do país esteve
em alta. Isso se deve ao fortalecimento de políticas públicas, com leis mais duras, e maior fiscalização com
emprego de novas tecnologias de monitoramento, que passaram a inibir os desmatadores.
ANEXOS

Caro aluno, a mata ciliar


é indispensável para a
manutenção do equilíbrio
ambiental e sua proteção
não pode ser negligenciada,
para saber mais, não deixe
de acessar os seguintes links:
Conservação da mata ciliar

VOLTAR
ANEXOS

Répteis
Os répteis (do latim reptare, ‘rastejar’) abrangem
cerca de 7 mil espécies conhecidas. Eles
surgiram há cerca de 300 milhões de anos, tendo
provavelmente evoluído de certos anfíbios. Foram
os primeiros vertebrados efetivamente adaptados
à vida em lugares secos, embora alguns animais
deste grupo, como as tartarugas, sejam aquáticos.
A Terra já abrigou formas gigantescas de
répteis, como os dinossauros. Hoje esse grupo é
representado por animais de porte relativamente
menor, como os jacarés, tartarugas, cobras e
lagartos.

Saiba Mais

VOLTAR
ANEXOS

Mamíferos
Os cuidados com a prole são os mais desenvolvidos
do reino animal e atingem o seu ápice com a
espécie humana. São, ainda, extremamente
adaptáveis, modificando o seu comportamento de
acordo com as condições do meio. Alguns grupos,
principalmente primatas, formam sociedades
muito complexas. Todos (com raras exceções)
apresentam o corpo coberto de pêlos e têm
temperatura interna constante.

Saiba Mais

VOLTAR
ANEXOS

Peixes
Os peixes representam a maior classe em número
de espécies conhecidas entre os vertebrados.
Acredita-se que os peixes tenham surgido por volta
de 45 milhões de anos atrás. Ocupam as águas
salgadas dos mares e oceanos e as águas doces
dos rios, lagos e açudes. O tamanho médio dos
peixes pode variar de um centímetro a até cerca de
18 metros. Desde que surgiram, já ocupavam com
sucesso os ambientes aquáticos salgado e doce, e
continuam assim até hoje.

Saiba Mais

VOLTAR
ANEXOS

Anfíbios
Os anfíbios não são encontrados no ambiente
marinho, apenas na água doce e em ambiente
terrestre. O nome do grupo, anfíbios (do grego,
amphi = dos dois lados + bios = vida), foi dado em
razão da maioria de seus representantes possuírem
a fase larval aquática (girinos) e de respiração
branquial e uma fase adulta, de respiração
pulmonar e cutânea (através da pele), que habita o
meio terrestre úmido.

Saiba Mais

VOLTAR
ANEXOS

Aves
São reconhecidas aproximadamente 9.000
espécies de aves no mundo. A principal
característica das aves é a homeotermia -
capacidade de manter a temperatura corporal
relativamente constante. Essa característica
permitiu às aves, juntamente com os mamíferos,
a invasão de qualquer ambiente terrestre. As aves
variam muito em seu tamanho, dos minúsculos
beija-flores a espécies de grande porte como o
avestruz e a ema.

Saiba Mais

VOLTAR
ANEXOS

Insetos
Cientistas afirmam que os primeiros surgiram
há cerca de 500 milhões de anos. Atualmente,
existem milhares de espécies e, entre elas,
podemos destacar: borboletas, moscas, traças,
abelhas, vespas, besouros, formigas e muitas
outras. O corpo de todos eles divide-se em três
partes: cabeça, tórax e abdome. Os insetos
possuem também seis pernas anexas ao tórax e,
nesta região, pode haver também duas asas ou,
em alguns casos, quatro delas.

Saiba Mais

VOLTAR
ANEXOS

Moluscos
Os moluscos têm uma composição frágil, são
animais de corpo mole, mas a maioria deles possui
uma concha que protege o corpo, conforme o
animal aumenta de tamanho, novo material é
acrescentado à concha, ela é importante para
proteger esses animais e evitar a perda de água,
é produzida por glândulas localizadas sob a pele,
uma região chamada de manto. Nesse grupo,
encontramos o caracol, o marisco e a ostra. Há
também os que apresentam a concha interna e
reduzida, como a lula, e os que não têm concha,
como o polvo e a lesma, entre outros exemplos.

Saiba Mais

VOLTAR
Introdução à
Legislação Ambiental
Vanessa Medeiros Corneli

Curso Técnico em Meio Ambiente

ISBN: 978-85-8018-005-3
Introdução à
Legislação Ambiental
Vanessa Medeiros Corneli

Cuiabá-MT
2010
Presidência da República Federativa do Brasil
Ministério da Educação

Secretaria de Educação a Distância

© Universidade Tecnológica Federal do Paraná


Este caderno foi elaborado em parceria entre a UTFPR e a
Universidade Federal de Mato Grosso para o Sistema Escola Técnica Aberta do
Brasil – e-Tec Brasil.
Comissão Editorial
Profª Drª Maria Lucia Cavalli Neder - UFMT
Profª Drª Ana Arlinda de Oliveira - UFMT
Profª Drª Lucia Helena Vendrusculo Possari - UFMT
Profª Drª Gleyva Maria Simões de Oliveira - UFMT
Prof. M. Sc. Oreste Preti - UAB/UFMT

Designer Educacional
Oreste Preti

Diagramação
T. F. Oliveira/UFMT

Revisão
Germano Aleixo Filho

Projeto Gráfico
e-Tec/MEC

Ficha Catalográfica

C814i
Corneli, Vanessa Medeiros.
Introdução à Legislação Ambiental./ Vanessa Medeiros Corneli.
Cuiabá: UAB/ UFMT; 2010.

ISBN: 978-85-8018-005-3

1.Direito Ambiental. 2.Legislação Ambiental. 3.Política Nacional do


Meio Ambiente. 4.Recursos Hídricos. 5.Código Florestal. 6.Crimes
Ambientais. I.Título.

CDU 349.6
Apresentação e-Tec Brasil

Prezado estudante:

Bem-vindo ao e-Tec Brasil!


Você faz parte de uma rede nacional pública de ensino, a Escola Técnica
Aberta do Brasil, instituída pelo Decreto nº 6.301, de 12 de dezembro 2007,
com o objetivo de democratizar o acesso ao ensino técnico público, na moda-
lidade a distância. O programa é resultado de uma parceria entre o Ministério
da Educação, por meio das Secretarias de Educação a Distancia (SEED) e de
Educação Profissional e Tecnológica (SETEC), as universidades e escolas técni-
cas estaduais e federais.
A educação a distância no nosso país, de dimensões continentais e grande
diversidade regional e cultural, longe de distanciar, aproxima as pessoas ao
garantir acesso à educação de qualidade, e promover o fortalecimento da for-
mação de jovens moradores de regiões distantes, geograficamente ou econo-
micamente, dos grandes centros.
O e-Tec Brasil leva os cursos técnicos a locais distantes das instituições de ensi-
no e para a periferia das grandes cidades, incentivando os jovens a concluir o
ensino médio. Os cursos são ofertados pelas instituições públicas de ensino e
o atendimento ao estudante é realizado em escolas-polo integrantes das
redes públicas municipais e estaduais.

O Ministério da Educação, as instituições públicas de ensino técnico, seus ser-


vidores técnicos e professores acreditam que uma educação profissional quali-
ficada – integradora do ensino médio e educação técnica, – é capaz de promo-
ver o cidadão com capacidades para produzir, mas também com autonomia
diante das diferentes dimensões da realidade: cultural, social, familiar, esporti-
va, política e ética.

Nós acreditamos em você!


Desejamos sucesso na sua formação profissional!
Ministério da Educação
Janeiro de 2010

Nosso contato
etecbrasil@mec.gov.br
Indicação de ícones

Os ícones são elementos gráficos utilizados para ampliar as formas de lin-


guagem e facilitar a organização e a leitura hipertextual.

Atenção: indica pontos de maior relevância no texto.

Saiba mais: oferece novas informações que enriquecem o


assunto ou "curiosidades" e notícias recentes relacionadas ao
tema estudado.

Glossário: indica a definição de um termo, palavra ou expressão


utilizada no texto.

Mídias integradas: remete o tema para outras fontes: livros,


filmes, músicas, sites, programas de TV.

Atividades de aprendizagem: apresenta atividades em


diferentes níveis de aprendizagem para que o estudante possa
realizá-las e conferir o seu domínio do tema estudado.
Sumário

Apresentação da disciplina 9

Aula1 - Momentos históricos da questão ambiental no


Brasil e no Mundo 11

1. Momentos históricos da questão ambiental 11


2. Os princípios do Direito Ambiental 14
3. O artigo 225 da Constituição Federal de 1988 16

Aula 2 - A política nacional do meio ambiente 19

1. Os instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente 20


2. Estrutura do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) 23
3. Licenciamento Ambiental - Resolução CONAMA 237/97 24
4. Um pouco sobre o instrumento de licenciamento ambiental 30

Aula 3 - O código florestal brasileiro


e a lei de crimes ambientais brasileira 33

1. O Código Florestal Brasileiro 33


2. A Lei de Crimes Ambientais 38

Aula 4 - A política nacional de recursos hídricos e o


programa nacional de controle da qualidade do ar 47

1. Programa Nacional de Controle da Qualidade do


Ar Resoluções CONAMA n. 005/1989 e n. 003/1990 53

Considerações finais 57

Referências 58

Gabarito 59

Currículo da professora-autora 65

7 e-Tec Brasil
Apresentação da disciplina

Caro estudante:

Você está matriculado no curso técnico em Meio Ambiente, e a disciplina


de Introdução à Legislação Ambiental abordará temas que você aplicará em
todos os campos de sua atividade profissional.

Você sabia que a Legislação Ambiental brasileira é uma das mais avançadas do
mundo e que nossa Constituição Federal tem um capítulo inteiro dedicado ao
meio ambiente?

Para facilitar seu estudo, organizamos o material em quatro aulas:

• 1. Momentos Históricos da Questão Ambiental no Brasil e no Mundo

• 2. A Política Nacional do Meio Ambiente

• 3. O Código Florestal Brasileiro e a Lei de Crimes Ambientais Brasileira

• 4. A Política Nacional de Recursos Hídricos e o Programa Nacional de


Controle da Qualidade do Ar.

Na aula 1, você conhecerá alguns momentos históricos que marcaram o cená-


rio nacional e internacional no que se refere aos compromissos com a questão
ambiental. Conhecerá os princípios do direito ambiental e, ainda, o que a
Constituição Federal de 1988 prevê em relação ao meio ambiente.

Na aula 2, é o momento de você estudar algo sobre a Política Nacional do


Meio Ambiente (PNMA), estabelecida através da Lei n. 6.938, de 1981. Dare-
mos destaque ao Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA) que são os
órgãos responsáveis por efetivar a PNMA e também abordaremos os instru-
mentos da PNMA, em especial o Licenciamento Ambiental.

Já na aula 3, você estudará o Código Florestal Brasileiro e a Lei de Crimes Ambi-


entais. Em relação ao Código Florestal, teceremos alguns comentários relati-
vos às áreas classificadas como áreas de preservação permanente e áreas de

Introdução à Legislação Ambiental 9 e-Tec Brasil


reserva legal. Já para a lei de crimes ambientais, você ficará conhecendo quais
atividades lesivas ao meio ambiente são consideradas crimes ambientais.

Finalmente, na última unidade, você conhecerá a Política Nacional de Recur-


sos Hídricos, a qual estabelece diretrizes quanto ao uso racional desses recur-
sos. Estudará também o Programa Nacional de Controle da Qualidade do Ar
(PRONAR), cujo objetivo é determinar ações que garantam os padrões de
qualidade do ar necessários à sadia qualidade de vida.

Nosso intento é que você, ao final do estudo desta disciplina, possa:

• ter visão geral a respeito dos principais acontecimentos mundiais que


envolveram a questão ambiental, assim como dos princípios do direito
ambiental;

• compreender a Política Nacional de Meio Ambiente e seus instrumentos.

• entender o Código Florestal Brasileiro e a Lei de Crimes Ambientais.

• conhecer a Política Nacional de Recursos Hídricos e o Programa Nacional


de Controle da Qualidade do Ar.

Vamos então dar início à nossa jornada. A você, muito sucesso nesta nova
etapa do curso.
Aula 1 - Momentos históricos da questão
ambiental no Brasil e no Mundo

Baseada na figura disponível em: <http://costaleal.files.wordpress.com/2009/04/011.jpg>.

Objetivos
Esperamos que, ao final desta unidade, você seja capaz de:
• conhecer alguns eventos históricos de abrangência nacional
e internacional que contribuíram para o atual cenário da
legislação ambiental.
• entender os princípios do direito ambiental
• interpretar o artigo 225 da Constituição Federal de 1988.

Nesta aula, você estudará alguns momentos históricos que marcaram o cená-
rio nacional e internacional no que se refere aos compromissos com a questão
ambiental. Conhecerá os princípios do direito ambiental e, ainda, o que a
Constituição Federal de 1988 prevê em relação ao meio ambiente.

1. Momentos históricos da questão


ambiental Baseada na figura disponível em:
Na sequência, apresentaremos os principais acontecimentos históricos que <http://www.suppidesigns.com.br/
moda/wp-
marcaram o cenário da questão ambiental do Brasil e no Mundo. content/uploads/pergaminho.jpg>

Introdução à Legislação Ambiental 11 e-Tec Brasil


• 1º Momento histórico: A Conferência Mundial sobre Meio Ambiente, reali-
zada em Estocolmo no ano de 1972

É a partir dessa conferência que as questões ambientais passam a fazer parte


de todas as temáticas internacionais.

Na conferência foi elaborado um documento intitulado como: Declaração de


Estocolmo, o qual é composto por 26 princípios. Destes, o mais importante é o
princípio que estabelece o meio ambiente como direito fundamental.

Reflexos da Conferência Mundial sobre Meio Ambiente foram sentidos no


Brasil já no ano seguinte. Em 1973, o governo brasileiro criou a Secretaria de
Meio Ambiente.

• 2º Momento histórico: a criação da Comissão Mundial de Meio Ambiente


de Desenvolvimento, em 1897

Foi esta comissão que produziu o Relatório: “Nosso Futuro Comum” -- no


qual aparece. pela primeira vez, o conceito de Desenvolvimento Sustentável,
ou seja, um desenvolvimento que atenda às necessidades do presente sem
comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas pró-
prias necessidades.

Na prática é o consumo dos recursos naturais por essa geração sem compro-
meter o direito de uso pelas futuras gerações.

• 3º Momento histórico: no ano de 1988 é promulgada a nova Constituição


Federal Brasileira

A Constituição Federal de 1988 ficou conhecida como a “Constituição Ver-


de”, por ser a primeira Constituição a trazer uma abordagem inovadora para a
questão do “meio ambiente”.

Na verdade, a Constituição de 1988 destina um capítulo exclusivamente para


“Meio Ambiente”. Em seu artigo 225 fica estabelecido:

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso


comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder
público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes
e futuras gerações.

e-Tec Brasil 12 Curso Técnico em Meio Ambiente


• 4º Momento histórico: em 1992, acontece a Conferência Mundial de Meio
Ambiente na cidade do Rio de Janeiro, conhecida popularmente como
RIO-92

Nesta conferência é emitida a “Declaração sobre Meio Ambiente e Desenvol-


vimento Sustentável”, enfatizando a necessidade de adotar processos produ-
tivos que tenham como política a prática do desenvolvimento sustentável.

Durante a Rio–92 foram estabelecidas várias convenções. Dentre elas, desta-


ca-se a “Convenção sobre Diversidade Biológica -- um quadro sobre: mudan-
ças climáticas”, considerada o passo inicial para o que mais tarde, em 1997, Protocolo de Kyoto
É um acordo internacional para
originou o Protocolo de Kyoto. reduzir a emissão de gases-
estufa dos países
industrializados e para garantir
Além da redução da emissão de gases, o Protocolo de Kyoto estabelece outras um modelo de desenvolvimento
medidas, como o estímulo à substituição do uso dos derivados de petróleo limpo aos países em
desenvolvimento. O documento
pelo da energia elétrica e do gás natural. prevê que, entre 2008 e 2012,
os países desenvolvidos
reduzam sua emissão em 5,2%
O tratado foi estabelecido, em 1997, em Kyoto - Japão, e assinado por 84 países. em relação aos níveis medidos
em 1990.

• 5º Momento histórico: a Conferência da Cúpula Mundial para o Desenvolvi-


mento Sustentável, 2002

A Organização das Nações Unidas (ONU) promoveu, em Johanesburg, na


África do Sul, a Conferência da Cúpula Mundial para o Desenvolvimento
Sustentável, denominada Rio+10 (10 anos depois da Rio-92). O objetivo era
fazer um balanço das lições aprendidas e resultados práticos obtidos a partir
dos acordos firmados entre os países que participaram da Rio-92.

• 6º Momento Histórico: em 2009, ocorreu a Conferência Climática de Cope-


nhagen – Dinamarca

A Conferência de Copenhagen, conhecida como a COP-15 – A 15ª Conferên-


cia das Partes se deu entre os dias 7 e 18 de dezembro de 2009, em Copenha-
gen, capital da Dinamarca.

Era para ser considerado o encontro mais importante da história recente dos
acordos multilaterais ambientais, pois tinha por objetivo estabelecer o tratado
que substituirá o Protocolo de Kyoto, vigente de 2008 a 2012.

Uma atmosfera de expectativa envolvia a COP-15, não só por sua importân-


cia, mas pelo contexto da discussão mundial sobre as mudanças climáticas.

Introdução à Legislação Ambiental 13 e-Tec Brasil


A reunião das Nações Unidas sobre o clima chegou ao fim e produziu um docu-
mento, batizado informalmente de "Acordo de Copenhague".

O texto promete esforços dos países para evitar que a temperatura média do
planeta não suba mais do que 2ºC. O documento prevê a criação de um fundo
emergencial de US$ 30 bilhões pelos próximos três anos, para ajudar países
pobres a combater causas e efeitos das mudanças do clima.

No entanto, o acordo saiu de uma reunião dos Estados Unidos com Brasil,
África do Sul, Índia e China, não sendo reconhecido por vários países. Além
disso, ele não explicita quanto cada país vai reduzir sua emissão para atingir a
meta de temperatura.

"Vários grupos de ambientalistas criticaram o resultado da reunião, dizendo


que muito pouco foi decidido. Já algumas pessoas, como o presidente ameri-
cano, Barack Obama, defendem que, por mais imperfeito que seja o acordo
assinado, ele é o começo de um processo e pode evoluir em um compromisso
maior contra as mudanças climáticas (BBC Brasil, 2009)."

2. Os princípios do Direito Ambiental


Na sequência, apresentaremos os seis princípios, aceitos pela maioria dos
doutrinadores como os Princípios do Direito Ambiental.

• 1º Princípio: meio ambiente ecologicamente equilibrado

Baseada na figura disponível em: É conhecido como o princípio matriz da Constituição Federal, na qual o meio
http://centrodeestudosambientais
.files.wordpress.com/2009/12/5a ambiente aparece como direito fundamental.
bbcf80e67bd3e57e6085893f623
8d1203a_da5214.jpg>.
Vale ressaltar que um meio ambiente ecologicamente equilibrado, ao qual a
Constituição faz menção, é aquele que proporcione sadia qualidade de vida,
ou seja, livre de poluição, por exemplo.

• 2º Princípio: desenvolvimento sustentável

É o princípio que se refere ao atendimento às necessidades da presente gera-


ção sem comprometer as necessidades das gerações futuras, ou seja, um
consumo racional e sustentável dos recursos naturais.

Na prática, é aliar atividades econômicas com proteção ambiental, garantindo


assim o direito de todos a um meio ambiente ecologicamente equilibrado.

• Subprincípio: responsabilidade intergeracional

e-Tec Brasil 14 Curso Técnico em Meio Ambiente


Este subprincípio do direito ambiental é conhecido como um princípio ético, o
qual se refere à responsabilidade com as presentes e futuras gerações.

• 3º Princípio: função socioambiental da propriedade

Este princípio se refere às funções que uma propriedade, seja ela rural seja
urbana, tem para com a sociedade e o meio ambiente. Ou seja, ser dono de
uma propriedade não me dá o direito de fazer dela o que quiser e como quiser
– ela deve cumprir sua função socioambiental.

Vejamos dois exemplos.

• Por lei, uma propriedade rural deve respeitar a área destinada à Reserva
Legal, ou seja, não depende da vontade do proprietário, há uma imposi-
ção legal;
• Uma propriedade urbana deve respeitar o Plano Diretor do Município.

• 4º Princípio: princípio da prevenção

É o princípio que prima por agir, antecipadamente, diante de um risco conhe-


cido. O conhecimento prévio do risco pode estar vinculado a estudos científi-
cos ou a acontecimentos anteriores

Sabe-se, por exemplo, que a atividade minerária – garimpo: extração de ouro,


manganês, bauxita -- é causadora de significativo impacto ambiental. Por isso,
preventivamente se exigem estudos como o Estudo Prévio de Impacto Ambi-
ental e o Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA). Ou seja, adotam-se medi-
das preventivas no intuito de minimizar os impactos ambientais da atividade.

• 5º Princípio: princípio da precaução

É conhecido como o princípio da prudência, ou seja, diante de um risco incer-


to, desconhecido, age-se com cautela.

O risco nesse princípio é caracterizado como incerto por não haver informa-
ções suficientes para verificar a existência e o potencial do dano.

Vejamos um exemplo.

Organismos Geneticamente Modificados (OGM): até o momento não se sabe


quais são exatamente os impactos do cultivo e consumo de produtos geneti-

Introdução à Legislação Ambiental 15 e-Tec Brasil


camente modificados. Assim, age-se com o princípio da precaução, limitando
áreas de plantio, pre-estabelecendo usos, entre outras medidas.

• 6º Princípio: princípio do poluidor-pagador

É conhecido como o principio econômico do direito ambiental.

A legislação ambiental prevê que aquele que desempenhar qualquer ativida-


de econômica deve arcar com os custos com tratamento de gases, efluentes,
resíduos, etc. que, por ventura, sejam gerados no processo produtivo.

Vejamos um exemplo.

Uma fábrica que libera de seu processo produtivo para o ambiente efluentes,
emissão atmosférica, resíduos sólidos... Ela deve inserir em seu custo de pro-
dução os gastos com gerenciamento – tratamento destes impactos.

A legislação ambiental ainda prevê que, na ocorrência de dano ambiental,


mesmo com medidas de tratamento, o poluidor deve arcar com os danos
causados.

3. Artigo 225 da Constituição Federal


de 1988
Nesta seção apresentaremos o artigo 225 da Constituição Federal de 1988, o
qual se refere ao direito que todos temos a um meio ambiente ecologicamen-
te equilibrado.

A constituição de 1988 é popularmente conhecida como a Constituição Ver-


de, por ser a constituição que encerra uma abordagem inovadora para a ques-
Baseada na figura disponível em: tão do “meio ambiente”, ao dispor um capítulo inteiro a essa questão, o cap.
http://www.almg.gov.br/CEDIS/
cartilha/modulo%20vermelho/ VI – Do Meio Ambiente.
imagens/CONSTITUI%C3%87%
C3%83O.GIF>
O artigo que se refere diretamente à questão ambiental é o 225. Leia o texto
na íntegra:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equili-


brado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de
vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defen-
dê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder
público:

e-Tec Brasil 16 Curso Técnico em Meio Ambiente


I. preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o
manejo ecológico das espécies e ecossistemas;
II. preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do
País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação
de material genético;
III. definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e
seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a
alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada
qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos
que justifiquem sua proteção;
IV. exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade
potencialmente causadora de significativa degradação do meio
ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará
publicidade;
V. controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas,
métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a quali-
dade de vida e o meio ambiente;
VI. promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a
conscientização pública para a preservação do meio ambiente;
VII. proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas
que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extin-
ção de espécies ou submetam os animais a crueldade.
§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o
meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigi-
da pelo órgão público competente, na forma da lei.
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções
penais e administrativas, independentemente da obrigação de
reparar os danos causados.
§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar,
o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio
nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de con-
dições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive
quanto ao uso dos recursos naturais.
§ 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Esta-
dos, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecos-
sistemas naturais.
§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localiza-
ção definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas.

Introdução à Legislação Ambiental 17 e-Tec Brasil


Alguns comentários sobre o artigo 225.

Na Constituição Federal de 1988, o meio ambiente passou a ser tratado de


maneira inédita, como direito de todos, bem de uso comum do povo, e essen-
cial à qualidade de vida.

Devemos, no entanto, nos ater para o fato de que o artigo 225 da Constitui-
ção Federal expressa que é dever do poder público e a da coletividade, juntos,
defender e preservar o meio ambiente para as presentes e futuras gerações.

A Constituição ainda faz menção às obrigações do poder público, a fim de


garantir que o direito constitucional a um meio ambiente ecologicamente
equilibrado seja cumprido.

Resumo
Nesta unidade, pudemos conhecer um pouco mais sobre os momentos histó-
ricos que marcaram a questão ambiental no âmbito nacional e internacional.
Estudamos os seis princípios do direito ambiental e suas aplicações.

Por fim, pudemos conhecer o artigo 225 da Constituição Federal, o qual faz
menção ao direito que todos temos de um meio ambiente ecologicamente
equilibrado.

Atividades de aprendizagem
1 Como você avalia as decisões resultantes da Conferência Climática de
Copenhagen?

2. Cite três momentos históricos que marcaram as discussões mundiais e/ou


nacionais referentes à questão ambiental.

3. Quais são os princípios do direito ambiental?

4. Diferencie o princípio da prevenção do princípio da precaução.

5. O que é desenvolvimento sustentável?

6. Por que a Constituição Brasileira de 1988 ficou conhecida como a


“Constituição Verde”?

7. Explique o caput do artigo 225 da Constituição Federal, isto é, o pará-


grafo inicial, o enunciado deste artigo. O que você entendeu?

8. Cite no mínimo três obrigações do Poder Público para com o meio ambi-
ente, estabelecidas no artigo 225 da Constituição Federal de 1988.

e-Tec Brasil 18 Curso Técnico em Meio Ambiente


Aula 2 - A política nacional
do meio ambiente

Baseada na figura disponível em:


<http://1.bp.blogspot.com/_sb789UcbJRE/SwZ4LcKbQvI/AAAAAAAAARQ/TBxEMtKvBOo/s320/brasil.jpg>

Objetivos
Esperamos que, ao final desta unidade, você seja capaz de:
• conhecer a Política Nacional do Meio Ambiente
• adquirir noções básicas dos instrumentos da Política Nacio-
nal do Meio Ambiente
• entender a estrutura do Sistema Nacional de Meio Ambiente
• compreender o instrumento de licenciamento ambiental

Nesta unidade, você estudará a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA),


estabelecida por meio da Lei n. 6.938, de 1981. Daremos destaque ao Sistema
Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA) que são os órgãos responsáveis por
efetivar a PNMA e também abordaremos os instrumentos da PNMA, em espe-
cial o Licenciamento Ambiental.

A Política Nacional do Meio Ambiente tem como objetivo a preservação,


melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando asse-

Introdução à Legislação Ambiental 19 e-Tec Brasil


gurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses
da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana.

A seguir, apresentaremos alguns conceitos estabelecidos pela PNMA:


• Meio ambiente: o conjunto de condições, leis, influências e interações de
ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em
todas as suas formas.
• Degradação da qualidade ambiental: a alteração adversa das características
do meio ambiente.
• Poluição: a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades
que direta ou indiretamente:

• a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;


• b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
• c) afetem desfavoravelmente a biota; (fauna e flora);
• d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
• e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambi-
entais estabelecidos.

• Poluidor: a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável,


direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental.
• Recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subter-
râneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da
biosfera, a fauna e a flora.

A Política Nacional do Meio Ambiente, em seu texto, apresenta os instrumen-


tos de gestão ambiental que o poder público fará uso a fim de efetivar o que
está previsto no objetivo da PNMA.

1. Os instrumentos da Política Nacional do


Meio Ambiente
A seguir, os instrumentos utilizados para executar a política nacional do meio
ambiente.

• O estabelecimento de padrões de qualidade ambiental

Este instrumento se caracteriza pelo estabelecimento de padrões para o lança-


mento, por exemplo de gases, efluentes, etc. O poder público, através do
Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA), estabelece padrões de
lançamento e de qualidade ambiental.

• O zoneamento ambiental

e-Tec Brasil 20 Curso Técnico em Meio Ambiente


O objetivo desse instrumento é disciplinar o uso e ocupação do solo, por exem-
plo determinar áreas prioritárias para industriais, atividades agrícolas, áreas de
conservação e preservação ambiental, entre outras.

• A avaliação de impactos ambientais

Este instrumento prevê a avaliação de impactos ambientais e estabelecimen-


tos de medidas mitigadoras para atividades ou empreendimentos potencial-
mente poluidores ou que façam uso de recursos naturais.

• O licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente


poluidoras

O objetivo deste instrumento é estabelecer a localização, a instalação, a


ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de
recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras,
ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental.

• Os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou


absorção de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental

Este instrumento tem caráter gerencial, voltado para as empresas que buscam
a prática do desenvolvimento sustentável. Assim, o poder público cria “facili-
dades”, como linhas de credito vantajosas, taxas de juros menores para orga-
nizações que apresentam compromissos socioambientais.

• A criação de espaços territoriais especialmente protegidos, tais como áreas de


proteção ambiental, de relevante interesse ecológico e reservas extrativistas

O objetivo desse instrumento é garantir a preservação e a conservação de


espaços territoriais que apresentem relevante interesse ecológico. Este instru-
mento foi regulamentado pela Lei 9.885, de 2000, que criou o Sistema
Nacional de Unidades de Conservação – SNUC.

• O sistema nacional de informações sobre o meio ambiente (SINIMA)

O objetivo desse instrumento é gerenciar informações sobre o meio ambiente.


Reunir as informações dos órgãos ambientais e sistematizá-las através de
programas computacionais.

• O Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumento de Defesa Ambiental

Introdução à Legislação Ambiental 21 e-Tec Brasil


Esse instrumento se caracteriza como um censo dos profissionais que trabalham
ou emitem parecer na área ambiental. Estes profissionais devem estar inscritos
no Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumento de Defesa Ambiental.

• As penalidades disciplinares ou compensatórias pelo não cumprimento das


medidas necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental

Instrumento que objetiva o estabelecimento de penalidades disciplinares ou


compensatórias pelo não cumprimento das medidas necessárias à preserva-
ção ou correção da degradação ambiental.

• A instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado


anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais
Renováveis (IBAMA)

Esse instrumento estabelece ao IBAMA a responsabilidade de divulgar anual-


mente um Relatório de Qualidade do Meio Ambiente.

• A garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente, obri-


gando-se o Poder Público a produzi-las, quando inexistentes

Esse instrumento estabelece a obrigatoriedade do poder público em produzir


informações sobre o meio ambiente.

• O Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou


utilizadoras dos recursos ambientais

O objetivo deste instrumento é controlar as empresas que causam poluição ou


utilizam recursos ambientais, as quais devem estar inscritas neste cadastro.

• Os instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambien-


tal, seguro ambiental e outros

Concessão florestal – Obter autorização para explorar, direta ou indire-


tamente, florestas públicas, com coleta de sementes; atividades turísticas.
Servidão ambiental – Quando o proprietário rural renuncia à explora-
ção total ou parcial dos recursos naturais de sua propriedade. A área
destinada à servidão não pode ser inferior ao percentual destinado à
área de reserva legal.
Seguro ambiental - Seguro contra acidentes ambientais, por exem-
plo. No entanto, este instrumento se encontra ainda pendente de regu-
lamentação.

e-Tec Brasil 22 Curso Técnico em Meio Ambiente


2. Estrutura do Sistema Nacional do Meio
Ambiente (SISNAMA)
A seguir, a estrutura do SISNAMA, composta por órgãos e por entidades da
União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, bem
como as fundações instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela proteção
e melhoria da qualidade ambiental, ou seja, responsáveis por efetivar a Política
Nacional do Meio Ambiente.

O sistema nacional do meio ambiente apresenta a seguinte estrutura:


• Órgão superior – o Conselho de Governo, com a função de assessorar o
Presidente da República na formulação da política nacional e nas diretrizes
governamentais para o meio ambiente e os recursos ambientais;
• Órgão consultivo e deliberativo – o Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA), com a finalidade de assessorar, estudar e propor, ao Conselho
de Governo, diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e
para os recursos naturais, e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre
normas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equi-
librado e essencial à sadia qualidade de vida;
• Órgão central – a Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República,
com a finalidade de planejar, coordenar, supervisionar e controlar, como
órgão federal, a política nacional e as diretrizes governamentais fixadas
para o meio ambiente;
• Órgãos executores – o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis, com a finalidade de executar e fazer executar, como
órgão federal, a política e diretrizes governamentais fixadas para o meio
ambiente;
• Órgãos seccionais – os órgãos ou entidades estaduais responsáveis pela
execução de programas, projetos e pelo controle e fiscalização de ativida-
des capazes de provocar a degradação ambiental;
• Órgãos locais – os órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo con-
trole e fiscalização dessas atividades, em suas respectivas jurisdições;

Vamos procurar entender quais são as atribuições de cada um desses órgãos.

• Órgão superior: Conselho de Governo

É a reunião de ministros de Estado e secretários especiais que auxiliam o


Presidente da República na formulação de diretrizes governamentais para o
meio ambiente e os recursos naturais.

Introdução à Legislação Ambiental 23 e-Tec Brasil


• Órgão consultivo e deliberativo: Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA)

É um conselho de caráter consultivo e deliberativo, que reúne representan-


tes do governo federal, estadual, municipal, sociedade civil e o setor
Caráter consultivo: assessorar, empresarial. Seu objetivo é estabelecer normas gerais de proteção ao meio
estudar e propor, ao conselho de ambiente.
governo, diretrizes.

Caráter deliberativo: deliberar • Órgão central: a Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República.
sobre normas e padrões para um
meio ambiente ecologicamente
equilibrado – através das Seu objetivo é planejar, coordenar, supervisionar e controlar a Política Nacio-
Resoluções. (Exemplo –
Licenciamento Ambiental:
nal do Meio Ambiente.
Resolução CONAMA 237/97.)
• Órgãos executores

Representados pelo IBAMA responsável por executar e fazer executar a PNMA.

Como exemplo das atribuições do IBAMA, podemos citar o procedimento


administrativo de licenciamento ambiental para atividades que afetam mais
de um estado, ou fronteiras.

• Órgãos seccionais

Representados pelos órgãos estaduais. Como exemplo podemos citar o Insti-


tuto Ambiental do Paraná (IAP), que tem atribuições como efetivar e realizar o
licenciamento ambiental que envolve mais de um município, fazer cumprir o
Código Florestal, emissão de autorização para corte, supressão de vegetação,
emitir outorga para uso dos recursos hídricos, entre outras.

• Órgão locais

Representados pelos órgãos municipais de meio ambiente devidamente insti-


tuídos. Como exemplo de atribuição está o licenciamento ambiental de ativi-
dades com impactos nos limites do município.

3 Licenciamento Ambiental - Resolução


CONAMA 237/97
O Licenciamento Ambiental é um procedimento administrativo pelo qual o
órgão ambiental competente licencia a localização, a instalação, a ampliação
Baseada na figura disponível em: e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambi-
http://www.rc.unesp.br/semageo
/Mao_plantando.jpg>. entais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras, ou daquelas que,

e-Tec Brasil 24 Curso Técnico em Meio Ambiente


sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as
disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso.

Por sua vez, a licença ambiental é o ato administrativo pelo qual o órgão ambien-
tal competente estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambi-
ental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica,
para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades utiliza-
doras dos recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluido-
ras, ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental.

Exemplos de atividades que estão sujeitas ao licenciamento ambiental:

• Extração e tratamento de minerais, indústria metalúrgica, indústria de mate-


rial elétrico, eletrônico e comunicações, indústria de madeira, indústria de
papel e celulose, indústria de borracha, indústria química.

• Serviços de utilidade: transmissão de energia elétrica, estações de tratamen-


to de água e tratamento de esgoto sanitário, tratamento e destinação de
resíduos industriais (líquidos e sólidos), tratamento e destinação de resíduos
sólidos urbanos.

• Atividades agropecuárias como a criação de animais, o uso de recursos natu-


rais como a silvicultura e exploração econômica da madeira ou lenha e sub-
produtos florestais

Em um processo de licenciamento ambiental, há três tipos de licença ambien-


tal. Vamos conhecê-las!

Para cada etapa do processo de licenciamento ambiental, é necessária a licen-


ça adequada no planejamento de um empreendimento ou de uma atividade,
a licença prévia (LP), na construção da obra, a licença de instalação (LI) e, na
operação ou funcionamento, a licença de operação (LO).

A Licença Prévia (LP)

A LP deve ser solicitada na fase preliminar do planejamento da atividade. É ela


que atestará a viabilidade ambiental do empreendimento, aprovará sua locali-
zação e concepção e definirá as medidas mitigadoras e compensatórias dos
impactos negativos do projeto.

Para as atividades consideradas efetiva ou potencialmente causadoras de


significativa degradação ambiental, a concessão da licença prévia dependerá

Introdução à Legislação Ambiental 25 e-Tec Brasil


de aprovação de estudo prévio de impacto ambiental e respectivo relatório de
impacto sobre o meio ambiente (EIA/Rima).

É nesta fase que

• são levantados os impactos ambientais e sociais prováveis do empreendimento;


• são avaliadas a magnitude e a abrangência de tais impactos, são formuladas
medidas que, uma vez implementadas, serão capazes de eliminar ou atenu-
ar os impactos;
• são ouvidos os órgãos ambientais das esferas competentes e os órgãos e
entidades setoriais, em cuja área de atuação se situa o empreendimento;
• são discutidos com a comunidade, caso haja audiência pública, os impactos
ambientais e respectivas medidas mitigadoras e compensatórias;
• é tomada a decisão a respeito da viabilidade ambiental do empreendimen-
to, levando-se em conta sua localização e seus prováveis impactos, em con-
fronto com as medidas mitigadoras dos impactos ambientais e sociais.

A Licença de Instalação (LI)

Antes do início de qualquer obra, deve-se solicitar a licença de instalação no


órgão ambiental, que verificará se o projeto é compatível com o meio ambien-
te afetado. Essa licença dá validade à estratégia proposta para o trato das
questões ambientais durante a fase de construção.

Ao conceder a licença de instalação, o órgão gestor de meio ambiente terá:

• autorizado o empreendedor a iniciar as obras;


• concordado com as especificações constantes dos planos, programas e
projetos ambientais, seu detalhamento e respectivo cronograma de imple-
mentação;
• verificado o atendimento das condicionantes determinadas na licença prévia;
• estabelecido medidas de controle ambiental, com vista a garantir que a fase
de implantação do empreendimento obedecerá aos padrões de qualidade
ambiental estabelecidos em lei ou regulamentos e fixadas as condicionantes
da licença de instalação (medidas mitigadoras e/ou compensatórias).

A Licença de Operação (LO)

A licença de operação autoriza o interessado a iniciar suas atividades. Tem por


finalidade aprovar a forma proposta de convívio do empreendimento com o
meio ambiente e estabelecer condicionantes para a continuidade da operação.

e-Tec Brasil 26 Curso Técnico em Meio Ambiente


Sua concessão é por tempo finito. A licença não tem caráter definitivo, por-
tanto sujeita o empreendedor à renovação.

A licença de operação se reveste de três características básicas:

• é concedida após a verificação, pelo órgão ambiental, do efetivo cumpri-


mento das condicionantes estabelecidas nas licenças anteriores (prévia e de
instalação);
• contém as medidas de controle ambiental que servirão de limite para o
funcionamento do empreendimento ou atividade; e
• especifica as condicionantes determinadas para a operação do empreendi-
mento, cujo cumprimento é obrigatório, sob pena de suspensão ou cance-
lamento da operação.

Procedimentos para a obtenção da Licença Ambiental

• 1ª Etapa – Identificação do órgão ambiental competente para licenciar

A tarefa de licenciar é, em regra, dos Estados. Cabe ao IBAMA o licenciamento


de atividades e obras com significativo impacto ambiental, de âmbito nacional
ou regional, e será competência dos municípios licenciar quando se referir a
florestas públicas de domínio do município, unidades de conservação criadas
pelo município e casos que lhe forem delegados por convênio ou outro instru-
mento admissível, ouvidos, quando couber, os órgãos competentes da União,
dos estados e do Distrito Federal.

• 2ª Etapa – Licença Prévia

Para a obtenção da licença prévia de um empreendimento, o interessado


deverá procurar o órgão ambiental competente ainda na fase preliminar de
planejamento do projeto.

Inicialmente, o órgão ambiental definirá, com a participação do empreende-


dor, os documentos, projetos e estudos ambientais necessários ao início do
processo de licenciamento.

Em seguida, o empreendedor contratará a elaboração dos estudos ambien-


tais, que deverão contemplar todas as exigências determinadas pelo órgão
licenciador.

Nessa fase ainda não é apresentado o projeto básico, que somente será elabo-
rado depois de expedida a licença prévia.

Introdução à Legislação Ambiental 27 e-Tec Brasil


O pedido de licenciamento deverá ser publicado em jornal oficial do ente
federativo e em periódico regional ou local de grande circulação.

Depois de receber a solicitação de licença e a documentação pertinente, o


órgão ambiental analisará o processo e realizará, se necessário, vistoria técni-
ca no local emque será implantado o empreendimento

Finalizada a análise, o órgão licenciador emite parecer técnico conclusivo


decidindo pelo deferimento ou indeferimento do pedido de licença, dando-se
a devida publicidade.

Ao expedir a licença prévia, o órgão ambiental estabelecerá as medidas miti-


gadoras que devem ser contempladas no projeto de implantação.

O cumprimento dessas medidas é condição para solicitar e obter a licença de


instalação.

Após pagamento e retirada da licença prévia, o empreendedor deve publicar


informativo comunicando a concessão no diário oficial da esfera de governo
que licenciou e em jornal de grande circulação.

Para a obtenção da licença prévia de um empreendimento, o interessado


deverá procurar o órgão ambiental competente ainda na fase preliminar de
planejamento do projeto.

Inicialmente, o órgão ambiental definirá, com a participação do empreende-


dor, os documentos, projetos e estudos ambientais necessários ao início do
processo de licenciamento.

Em seguida, o empreendedor contratará a elaboração dos estudos ambien-


tais, que deverão contemplar todas as exigências determinadas pelo órgão
licenciador.

Nessa fase ainda não é apresentado o projeto básico, que somente será elabo-
rado depois de expedida a licença prévia.

O pedido de licenciamento deverá ser publicado em jornal oficial do ente


federativo e em periódico regional ou local de grande circulação.

• 3ª Etapa – Elaboração do Projeto Básico

e-Tec Brasil 28 Curso Técnico em Meio Ambiente


De posse da LP, o próximo passo do empreendedor é elaborar o projeto básico
do empreendimento (projeto de engenharia).

O projeto deve possibilitar a avaliação do custo da obra e a definição dos méto-


dos e do prazo de execução.

A elaboração do projeto básico antes da concessão da licença prévia não deve


ser adotada.

Ao solicitar essa licença, o empreendedor não tem garantia de que ela será
outorgada.

Também é possível que, para a licença ser autorizada, o projeto tenha que
sofrer modificações em itens como localização e solução técnica.

Por isso, não faz sentido gastar recursos com a elaboração de projeto básico
que pode não ser autorizado ou possivelmente tenha de ser modificado em
sua essência.

• 4ª Etapa – Licença de Instalação

Quando da solicitação da licença de instalação, o empreendedor deve:

• comprovar o cumprimento das condicionantes estabelecidas na licença prévia;


• apresentar os planos, programas e projetos ambientais detalhados e respec-
tivos cronogramas de implementação;
• apresentar o detalhamento das partes dos projetos de engenharia que
tenham relação com questões ambientais.

Após análise, é elaborado parecer técnico com posicionamento a favor ou


contra a concessão da licença de instalação.

Concluída a análise, o empreendedor efetua o pagamento do valor cobrado


pela licença, recebe-a e publica anúncio de sua concessão no diário oficial da
esfera de governo que concedeu a licença e em periódico de grande circula-
ção na região onde se instalará o empreendimento.

• 5ª Etapa - Licença de Operação

Com base nos documentos, projetos e estudos solicitados ao empreendedor,


em pareceres de outros órgãos ambientais porventura consultados e em visto-

Introdução à Legislação Ambiental 29 e-Tec Brasil


ria técnica no local do empreendimento, o órgão elabora parecer técnico
sobre a possibilidade da concessão da licença de operação.

Em caso favorável, o interessado deve efetuar o pagamento da licença e


providenciar a publicação de comunicado a respeito do fato no diário oficial
da esfera de governo que licenciou e em jornal regional ou local de grande
circulação.

Você pode estar se perguntando: existem prazos para todas essas etapas?

Existem, sim. Vamos conhecê-los:

• I. Licença Prévia (LP)

Deverá ser, no mínimo, o estabelecido pelo cronograma de elaboração dos


planos, programas e projetos relativos ao empreendimento ou atividade, não
podendo ser superior a cinco anos.

• II. Licença de Instalação (LI)

Deverá ser, no mínimo, o estabelecido pelo cronograma de instalação do


empreendimento ou atividade, não podendo ser superior a seis anos.

• III. Licença de Operação (LO)

Deverá considerar os planos de controle ambiental e será de, no mínimo,


quatro anos e, no máximo, dez anos.

A renovação da Licença de Operação (LO) deverá ser requerida com antece-


dência mínima de 120 dias da expiração de seu prazo de validade, ficando
este automaticamente prorrogado até a manifestação definitiva do órgão
ambiental competente.

4. Um pouco mais sobre as licenças ambientais


O órgão ambiental competente, mediante decisão motivada, poderá modifi-
car os condicionantes e as medidas de controle e adequação, suspender ou
cancelar uma licença expedida, quando ocorrer:

• I. violação ou inadequação de quaisquer condicionantes ou normas legais.


• II. omissão ou falsa descrição de informações relevantes que subsidiaram a
expedição da licença.

e-Tec Brasil 30 Curso Técnico em Meio Ambiente


• III. superveniência de graves riscos ambientais e de saúde.

Você pode estar se perguntado: “E no caso de um empreendimento ou ativi-


dade utilizadora de recursos ambientais, considerada efetiva ou potencial-
mente poluidora, ou aquela que, sob qualquer forma, possa causar degrada-
ção ambiental que não possui licença ambiental, o que ela deve fazer para
regularizar sua situação?

Vamos estudar, rapidamente, esta situação de regularização de empreendi-


mento não licenciado devidamente.

Caso as obras se iniciem sem a competente licença de instalação ou as opera-


ções comecem antes da licença de operação, o empreendedor incorre em
crime ambiental.

Para permitir a regularização de empreendimentos, foi estabelecido pelo art.


79-A da Lei de Crimes Ambientais (introduzido pela Medida Privisória 2.163-
41, de 23 de agosto de 2001) o instrumento denominado Termo de Compro-
misso, que serve exclusivamente para permitir que as pessoas físicas ou jurídi-
cas responsáveis por empreendimentos irregulares promovam as necessárias
correções de suas atividades, mediante o atendimento das exigências impos-
tas pelas autoridades ambientais competentes.

Será emitida a licença de instalação, sem a necessidade de recorrer ao licencia-


mento prévio. Ao celebrar o Termo, o empreendedor se beneficia da suspensão
da multa porventura aplicada em decorrência da ausência de licenciamento.

Resumo
Ao longo desta unidade, você estudou a Política Nacional do Meio Ambiente
e, assim, pode conhecer seus objetivos, seus instrumentos, o Sistema Nacional
de Meio Ambiente (SISNAMA) e as etapas que fazem parte de um Licencia-
mento Ambiental.

Atividades de aprendizagem
1. Qual lei estabelece a Política Nacional do Meio Ambiente e qual seu
objetivo?

2. Cite dois exemplos de instrumentos apresentados na Política Nacional do


Meio Ambiente.

3. O que é o SISNAMA?

Introdução à Legislação Ambiental 31 e-Tec Brasil


4. Quais são os órgãos que fazem parte da estrutura do SISNAMA?

5. Conceitue Licenciamento Ambiental.

6. Quais tipos de empreendimentos ou atividades estão sujeitos ao Licenci-


amento Ambiental? Cite dois exemplos.

7. Quais são os tipos de licenças que fazem parte de um processo de Licen-


ciamento Ambiental?

8. Em que situações o órgão ambiental competente poderá suspender ou


cancelar uma licença expedida?

e-Tec Brasil 32 Curso Técnico em Meio Ambiente


Aula 3 - O Código Florestal Brasileiro e a
Lei de Crimes Ambientais Brasileira

Baseada na figura disponível em:


<http://www.dialogoflorestal.org.br/media/imagens/15_fot.jpg>.

Objetivos
Esperamos que, ao final desta unidade, você seja capaz de:
• entender o que são áreas de preservação permanente e de
reserva legal.
• identificar ações lesivas ao meio ambiente que são conside-
radas crimes ambientais.

Prezado estudante:

Nessa aula, você estudará o Código Florestal Brasileiro e a Lei de Crimes Ambi-
entais. Em relação ao Código Florestal teceremos alguns comentários sobre
áreas classificadas como áreas de preservação permanente e áreas de reserva
legal. Já para a lei de crimes ambientais, você ficará conhecendo quais ativida-
des lesivas ao meio ambiente são consideradas crimes ambientais.

1. O Código Florestal Brasileiro


A Lei 4.771, de 15-9-65, estabeleceu o atual Código Florestal Brasileiro, o
qual dispõe as regras de uso, preservação e conservação das florestas e outras

Introdução à Legislação Ambiental 33 e-Tec Brasil


formas de vegetação em propriedades rurais utilizando duas figuras básicas:
Áreas de Preservação Permanente e a Reserva Legal. Vamos estudar cada
uma delas?

Área de preservação permanente - APP

Segundo o Código Florestal Brasileiro, considera-se área de preservação perma-


nente a área protegida nos termos dos arts. 2º e 3º desta Lei, coberta ou não por
vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a
paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e
flora, proteger o solo e assegurar o bem estar das populações humanas.

Áreas de preservação permanente (APPs) foram estabelecidas por lei como


alternativas mitigadoras dos impactos da ação antrópica, funcionando como
reguladores do fluxo de água, sedimentos e nutrientes, formando ecossiste-
mas estabilizados às margens de rios, lagos e nascentes, atuando na diminui-
ção e filtragem do escoamento superficial e do carregamento de sedimentos
para o sistema aquático.

São consideradas áreas de preservação permanente:

• a) ao longo dos rios ou de qualquer curso-d´água

• de 30 metros para os cursos-d´água de menos de 10 metros de


largura;
• de 50 metros para os cursos-d'água que tenham de 10 a 50
metros de largura;
• de 100 metros para os cursos-d'água que tenham de 50 a 200
metros de largura;
• de 200 metros para os cursos-d'água que tenham de 200 a 600
metros de largura;
• de 500 metros para os cursos-d'água que tenham largura superior
a 600 metros.

• b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios-d'água naturais ou artificiais;


• c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados "olhos-d'água",
qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50
metros de largura;
• d) no topo de morros, montes, montanhas e serras;
• e) nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45°, equivalen-
te a 100% na linha de maior declive;

e-Tec Brasil 34 Curso Técnico em Meio Ambiente


• f) nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues;
• g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do
relevo, em faixa nunca inferior a 100 metros em projeções horizontais;
• h) em altitude superior a 1.800 metros, qualquer que seja a vegetação.

Baseada na figura disponível em:


<http://www.dialogoflorestal.org.br/media/imagens/15_fot.jpg>.

Consideram-se, ainda, de preservação permanente, quando assim declaradas


por ato do Poder Público, as florestas e demais formas vegetação natural
destinadas:

• a) a atenuar a erosão das terras;


• b) a fixar as dunas;
• c) a formar as faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias;
• d) a auxiliar a defesa do território nacional, a critério das autoridades militares;
• e) a proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico ou histórico;
• f) a asilar exemplares da fauna ou flora ameaçados por extinção;
• g) a manter o ambiente necessário à vida das populações silvícolas;
• h) a assegurar condições de bem-estar público.

As áreas de preservação permanente se distinguem das áreas de Reserva


Legal, por não serem objeto de exploração de nenhuma natureza, como
pode ocorrer no caso da Reserva Legal, a partir de um planejamento de
exploração sustentável.

Introdução à Legislação Ambiental 35 e-Tec Brasil


Área de Reserva Legal (RL)

É a área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, excetuada a


de preservação permanente, necessária ao uso sustentável dos recursos
naturais, à conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à
conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção de fauna e flora nativas.

O Código Florestal Brasileiro estabelece como área de reserva legal:

As florestas e outras formas de vegetação nativa, ressalvadas as situadas em


área de preservação permanente, assim como aquelas não sujeitas ao regime
de utilização limitada ou objeto de legislação específica, são suscetíveis de
supressão, desde que sejam mantidas, a título de reserva legal, no mínimo:

• I. 80%, na propriedade rural situada em área de floresta localizada na


Amazônia Legal;
• II. 35%, na propriedade rural situada em área de cerrado localizada na
Amazônia Legal, sendo no mínimo vinte por cento na propriedade e
quinze por cento na forma de compensação em outra área, desde que
esteja localizada na mesma microbacia.
• III. 20%, na propriedade rural situada em área de floresta ou outras formas
de vegetação nativa localizada nas demais regiões do País;
• IV. 20%, na propriedade rural em área de campos gerais localizada em
qualquer região do País.

Na sequência, temos um exemplo em que é possível visualizar o cumprimento


e o não cumprimento do código florestal ao que se refere a área de
preservação permanente e reserva legal em uma propriedade rural.

Figura 1 — Utilização da propriedade pelo proprietário

Fonte: PROCHNOW (org.) - APREMAVI (2008).

e-Tec Brasil 36 Curso Técnico em Meio Ambiente


• A - Proprietário rural utilizando toda a sua propriedade com agropecuária.
Situação contrária à legislação
• B - Propriedade rural usando a APP para compor os 20% da RL.
• C - Propriedade cumprindo a legislação ambiental vigente.

A seguir um exemplo de uma propriedade ideal:

Fonte: PROCHNOW (org.) - APREMAVI (2008).

1 - Prática de sistemas agroflorestais.


2 - O reflorestamento com árvores exóticas, fora das Áreas de Preservação
Permanente.
3 - Estradas e construções localizadas em lugares seguros, fora das Áreas de
Preservação Permanente.
4 - Vegetação ciliar são Áreas de Preservação Permanente e não devem ser
desmatadas.
5 - Área de Reserva Legal de, no mínimo, 20% da área da propriedade.
6 - O reflorestamento com arvores nativas, para corte futuro, deve ser feito
fora das Áreas de Preservação Permanente.
7 - Prática de piscicultura, agricultura e pecuária não devem ser realizadas
em Áreas de Preservação Permanente.
8 - Toda propriedade ou parte dela pode ser transformada em Reserva Parti-
cular do Patrimônio Natural.

O Governo Federal através do Decreto n. 7.029/2009, instituiu o Programa


Federal de Apoio à Regularização Ambiental de Imóveis Rurais, denominado Se quiser saber mais sobre isto,
acesse
“Programa Mais Ambiente”, cujo objetivo é promover e apoiar a regulariza- http://www.presidencia.gov.br/
ção ambiental de imóveis, com prazo de até três anos para a adesão dos bene- legislacao/.

Introdução à Legislação Ambiental 37 e-Tec Brasil


ficiários. A adesão ao “Programa Mais Ambiente” deve ser feita pelo benefi-
ciário no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Reno-
váveis – IBAMA, ou qualquer órgão ou entidade vinculado ao Programa.

2. A Lei de Crimes Ambientais


A Lei de Crimes Ambientais, Lei n. 9.605/98, dispõe sobre as sanções penais e
administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente,
e dá outras providências.

Para a imposição e graduação da penalidade, a autoridade competente


observará:

• I. a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas conse-


quências para a saúde pública e para o meio ambiente;
• II. os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de
interesse ambiental;
• III. a situação econômica do infrator, no caso de multa.

A lei de crimes ambientais abrange crimes contra a fauna e a flora, a poluição,


crimes contra o ordenamento urbano, o patrimônio cultural e a administração
ambiental.

Vamos, então, conhecer um pouco quais as atividades lesivas ao meio ambi-


ente que são tidas como crimes ambientais pela Lei 9.605/98.

1 – Crimes contra a fauna

São considerados crimes contra a fauna os seguintes comportamentos:

• a) Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre,


nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autori-
zação da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida.
• b) Exportar para o exterior peles e couros de anfíbios e répteis em estado
bruto, sem a autorização da autoridade ambiental competente.
• c) Introduzir espécime animal no País, sem parecer técnico oficial favorável
e licença expedida por autoridade competente.
• d) Praticar ato de abuso, maus tratos, ferir ou mutilar animais silvestres,
domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos.
• e) Provocar, pela emissão de efluentes ou carreamento de materiais, o pere-
cimento de espécimes da fauna aquática existentes em rios, lagos, açu-
des, lagoas, baías ou águas jurisdicionais brasileiras.

e-Tec Brasil 38 Curso Técnico em Meio Ambiente


• f) Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares interdita-
dos por órgão competente.
• g) Pescar mediante a utilização de:
• I. explosivos ou substâncias que, em contato com a água, produ-
zam efeito semelhante;
• II. substâncias tóxicas, ou outro meio proibido pela autoridade
competente.

A lei de crimes ambientais estabelece que não seja crime o abate de animal,
quando realizado:

• I. em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua família;


• II. para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória ou des-
truidora de animais, desde que legal e expressamente autorizado pela
autoridade competente;
• III. por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo órgão com-
petente.

A seguir, apresentaremos dois relatos que caracterizam crimes ambientais


contra a fauna.

1º Caso - Guarda Municipal flagra homem caçando pássaros silvestres

O acusado responderá por crime contra a fauna, conforme o artigo 29 da Lei de


Crimes Ambientais, e poderá ser detido por até um ano, além de pagar multa.
FONTE: Prefeitura do Município de Itatiba – São Paulo – Disponível em:
<http://www.itatiba.sp.gov.br/imprensaoficial/noticias/descricao/8453>

2º Caso - agosto de 2008 - A Polícia Militar Ambiental procura a origem do


vazamento de óleo que atingiu centenas de pinguins no litoral de Florianó-
polis. Desde o último domingo, mais de cem animais vivos sujos de óleo

Introdução à Legislação Ambiental 39 e-Tec Brasil


chegaram em praias da ilha de Santa Catarina. Quase 200 foram encontra-
dos mortos.

Segundo o sargento Marcelo Duarte, da Polícia Ambiental, o óleo provavel-


mente foi despejado por um barco de grande porte com vazamento de com-
bustível. O vazamento está previsto na lei de crimes ambientais, e a multa
para o dono da embarcação pode chegar a R$ 50 milhões.
FONTE: ClicRBS. Disponível em: <http://www.clicrbs.com.br/especiais/jsp/default.jsp?
newsID=a2144421.htm&template=3847.dwt&section=Not%EDcias&espid=21>

2 – Crimes contra a flora

São considerados crimes contra a flora os seguintes comportamentos:

• a) destruir ou danificar floresta considerada de preservação permanente,


mesmo que em formação, ou utilizá-la com infringência das normas de
proteção, ou destruir ou danificar vegetação primária ou secundária, em
estágio avançado ou médio de regeneração, do Bioma Mata Atlântica,
ou utilizá-la com infringência das normas de proteção.
• b) cortar árvores em floresta considerada de preservação permanente, sem
permissão da autoridade competente.
• c) Causar dano direto ou indireto às Unidades de Conservação e às áreas
de que trata o art. 27 do Decreto n. 99.274, de 6 de junho de 1990,
independentemente de sua localização.
• d) provocar incêndio em mata ou floresta.
• e) fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar
incêndios nas florestas e demais formas de vegetação, em áreas urbanas
ou qualquer tipo de assentamento humano.
• f) extrair de florestas de domínio público ou consideradas de preservação
permanente, sem prévia autorização, pedra, areia, cal ou qualquer espé-
cie de mineral.

e-Tec Brasil 40 Curso Técnico em Meio Ambiente


• g) cortar ou transformar, em carvão, madeira de lei, assim classificada por
ato do Poder Público, para fins industriais, energéticos ou para qualquer
outra exploração, econômica ou não, em desacordo com as determina-
ções legais.
• h) receber ou adquirir, para fins comerciais ou industriais, madeira, lenha,
carvão e outros produtos de origem vegetal, sem exigir a exibição de
licença do vendedor, outorgada pela autoridade competente, e sem
munir-se da via que deverá acompanhar o produto até final beneficia-
mento.
• i) impedir ou dificultar a regeneração natural de florestas e demais formas
de vegetação.
• j) destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qualquer modo ou meio, plan-
tas de ornamentação de logradouros públicos ou em propriedade priva-
da alheia.
• k) destruir ou danificar florestas nativas ou plantadas ou vegetação fixado-
ra de dunas, protetora de mangues, objeto de especial preservação ou
desmatar, explorar economicamente ou degradar floresta, plantada ou
nativa, em terras de domínio público ou devolutas, sem autorização do
órgão competente.
• l) comercializar motossera ou utilizá-la em florestas e nas demais formas
de vegetação, sem licença ou registro da autoridade competente.
• m) penetrar em Unidades de Conservação conduzindo substâncias ou ins-
trumentos próprios para caça ou para exploração de produtos ou sub-
produtos florestais, sem licença da autoridade competente.

A seguir, dois relatos que caracterizam crimes ambientais contra a flora.

1º caso - IBAMA apreende 15 mil árvores derrubadas ilegalmente em Mato


Grosso

Introdução à Legislação Ambiental 41 e-Tec Brasil


O IBAMA fechou quatro serrarias: uma não tinha nenhum registro para funci-
onar. As outras três não apresentaram comprovante de origem da madeira.
Em outra, a quantidade de toras era 200% maior que o volume autorizado
para corte.

Essa madeira pode ter vindo de um desmatamento ilegal, de uma terra indí-
gena, de um parque ou até roubada de uma propriedade rural - comenta
Rodrigo Dutra, chefe de fiscalização do IBAMA em Mato Grosso.
FONTE: Jornal Hoje – Edição do dia 27/08/2009. Disponível em:http://g1.globo.com/jornalhoje/0,,MUL1282872-
16022,00 IBAMA+FECHA+QUATRO+SERRARIAS+ILEGAIS+EM+MATO+GROSSO.html

2º caso - dezembro de 2009 - Polícia Militar Ambiental fecha carvoaria ilegal


em Cassilândia - MS

Policiais Militares Ambientais de Cassilândia, em operação nas propriedades


rurais do município, fecharam uma carvoaria que funcionava sem autoriza-
ção ambiental. A carvoaria pertencia a Sebastião da Silva Freitas e mantinha
sete fornos funcionando.
FONTE: Hojems - Grupo AGITTA Comunicação Disponível em: http://www.hojems.com.br/hojems/0,0,00,5603-
48430-PMA+FECHA+CARVOARIA+ILEGAL+EM+CASSILANDIA.htm

3 – Crimes vinculados a poluição e a outros crimes ambientais

Segundo a lei de crimes ambientais, são consideradas crime ambiental


as seguintes ações:

• a) causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou


possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mor-
tandade de animais ou a destruição significativa da flora.
• b) Executar pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem a compe-
tente autorização, permissão, concessão ou licença, ou em desacordo
com a obtida.

e-Tec Brasil 42 Curso Técnico em Meio Ambiente


• c) produzir, processar, embalar, importar, exportar, comercializar, fornecer,
transportar, armazenar, guardar, ter em depósito ou usar produto ou
substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao meio ambi-
ente, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou em seus
regulamentos.
• d) construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte
do território nacional, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmen-
te poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais compe-
tentes, ou contrariando as normas legais e regulamentares pertinentes.
• e) disseminar doença ou praga ou espécies que possam causar dano
à agricultura, à pecuária, à fauna, à flora ou aos ecossistemas.

A seguir são apresentados dois relatos que caracterizam crimes


ambientais.

1º caso: operação Arco de fogo fecha garimpos e prende sete pessoas.

Dois garimpos de ouro, clandestinos, foram fechados hoje na região de Peixo-


to de Azevedo(distante 690 km ao norte de Cuiabá) por equipes da operação
'Arco de Fogo'.

Os garimpos funcionavam de forma precária e ilegal, sem respeitar os princípi-


os de preservação ambiental.

A operação Arco de Fogo é uma ação permanente e conjunta da Polícia Fede-


ral, Ibama e Força Nacional no combate de crimes ambientais na região ama-
zônica. (5-5-09).
FONTE: Folha Online. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u560806.shtml.

2º caso: extração ilegal de areia é infração ambiental campeã na Paraíba

A extração de minerais (areia e barro) sem a competente autorização, permis-

Introdução à Legislação Ambiental 43 e-Tec Brasil


são, concessão ou licença da autoridade ambiental competente ou em desa-
cordo com a obtida, é a infração ambiental mais flagrada na Paraíba, neste
primeiro mês de janeiro de 2010.

FONTE: Home IG – Minha Notícia – Meio Ambiente. Disponível em:


http://minhanoticia.ig.com.br/editoria/Meio_Ambiente/2010/01/26/extracao+
ilegal+de+areia+e+infracao+ambiental+campea+na+paraiba+9376268.html.

4 – Crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural

São considerados crime contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural


os seguintes comportamentos:

• Destruir, inutilizar ou deteriorar:

• I. bem especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão


judicial;
• II. arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca, instalação científica
ou similar protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial.

• Alterar o aspecto ou estrutura de edificação ou local especialmente protegi-


do por lei, ato administrativo ou decisão judicial, em razão de seu valor pai-
sagístico, ecológico, turístico, artístico, histórico, cultural, religioso, arqueo-
lógico, etnográfico ou monumental, sem autorização da autoridade com-
petente ou em desacordo com a concedida;
• Promover construção em solo não edificável, ou em seu entorno, assim con-
siderado em razão de seu valor paisagístico, ecológico, artístico, turístico,
histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental, sem
autorização da autoridade competente ou em desacordo com a concedida;

• Pichar, grafitar ou, por outro meio, conspurcar edificação ou monumento


urbano.

e-Tec Brasil 44 Curso Técnico em Meio Ambiente


5 – Crimes ambientais contra a administração ambiental

São consideradas crime ambiental contra a administração ambiental as


seguintes ações:

• Fazer o funcionário público afirmação falsa ou enganosa, omitir a verdade,


sonegar informações ou dados técnico-científicos em procedimentos de
autorização ou de licenciamento ambiental; Se quiser saber mais sobre
isto, acesse
• Conceder o funcionário público licença, autorização ou permissão em desa- http://wwwpresidencia.gov.br/
cordo com as normas ambientais, para as atividades, obras ou serviços cuja legislacao/
realização depende de ato autorizativo do Poder Público;
• Deixar, aquele que tiver o dever legal ou contratual de fazê-lo, de cumprir
obrigação de relevante interesse ambiental;
• Obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do Poder Público no trato de ques- O Decreto n. 6.514, de 22
tões ambientais. de julho de 2008, dispõe
sobre as infrações e sanções
• Elaborar ou apresentar, no licenciamento, concessão florestal ou qualquer administrativas ao meio
outro procedimento administrativo, estudo, laudo ou relatório ambiental ambiente, estabelece o
processo administrativo
total ou parcialmente falso ou enganoso, inclusive por omissão. federal para apuração destas
infrações, e dá outras
providências.
Resumo
Nesta unidade, você estudou o Código Florestal Brasileiro, pôde aprender o
que são áreas de preservação permanente e área de reserva legal. Ainda,
estudou a lei de crimes ambientais e pôde conhecer quais as atividade lesivas
ao meio ambiente que são consideradas crime ambiental.

Atividades de aprendizagem
1. Qual a lei que estabeleceu o Código Florestal Brasileiro?
2. Defina o que é área de preservação permanente e área de reserva legal?
3. Qual deve ser a área de preservação permanente respeitada para rios que
tenham menos de 10 metros de largura?
4. Quais são os valores referentes à reserva legal que devem ser respeitados
no território nacional?
5. Em relação a lei de crimes ambientais, para a imposição e graduação da
penalidade, o que a autoridade competente observará?
6. De acordo com a Lei de Crimes Ambientais, quais são as situações em que
o abate de animais não é considerado crime?
7. Cite um exemplo de crime ambiental que caracterize crime contra a fauna,
a flora, a poluição, contra o ordenamento urbano, o patrimônio cultural e a
administração ambiental, respectivamente.

Introdução à Legislação Ambiental 45 e-Tec Brasil


Aula 4 - A política nacional de recursos
hídricos e o programa nacional de
controle da qualidade do ar

Objetivos
Esperamos que, ao final desta unidade, você seja capaz de:
• conhecer a Política Nacional de Recursos Hídricos e seus
instrumentos.
• entender a importância do Programa Nacional de Controle
da Qualidade do Ar.

Nesta unidade, você conhecerá um pouco da Política Nacional de Recursos


Hídricos, que estabelece diretrizes quanto ao uso racional dos recursos hídri-
cos. Estudará também o Programa Nacional de Controle da Qualidade do Ar,
o PRONAR, cujo objetivo é determinar ações que garantam os padrões de
qualidade do ar necessários à sadia qualidade de vida.

Vamos, então, conhecer os fundamentos da Política Nacional de Recursos


Hídricos?

Introdução à Legislação Ambiental 47 e-Tec Brasil


• I. a água é um bem de domínio público;
• II. a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico;
• III. em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o con-
sumo humano e a dessedentação de animais;
• IV. a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo
das águas;
• V. a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política;
• VI. a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a
participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades.

São objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos:


• I. assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de
água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos;
• II. a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o trans-
porte aquaviário, com vista ao desenvolvimento sustentável;
• III. a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem
natural ou decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais.

A fim de garantir que os objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos


sejam alcançados, o poder público faz uso dos seguintes instrumentos:

• a) os Planos de Recursos Hídricos;


• b) enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos pre-
ponderantes da água;
• c) a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos;
• d) a cobrança pelo uso de recursos hídricos;
• e) o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos.

Vamos entender cada um desses instrumentos.

a) Os planos de recursos hídricos

São planos de longo prazo, que visam fundamentar e orientar a implementa-


ção da Política Nacional de Recursos Hídricos e o gerenciamento dos recursos
hídricos.

Faz parte do conteúdo mínimo dos planos: diagnóstico da situação atual dos
recursos hídricos; balanço entre disponibilidades e demandas futuras dos
recursos hídricos, em quantidade e qualidade, com identificação de conflitos
potenciais; propostas para a criação de áreas sujeitas a restrição de uso, com
vista à proteção dos recursos hídricos;

e-Tec Brasil 48 Curso Técnico em Meio Ambiente


De acordo com o texto da Política Nacional de Recursos Hídricos, os Planos de
Recursos Hídricos devem ser elaborados por bacia hidrográfica, por Estado e
para o País.

b) o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos


preponderantes da água

Visa a:

• I. assegurar às águas qualidade compatível com os usos mais exigentes a


que forem destinadas;
• II. diminuir os custos de combate à poluição das águas, mediante ações
preventivas permanentes.

c) a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos;

A Política Nacional de Recursos Hídricos faz menção à outorga de direitos de


uso de recursos hídricos, estabelecendo que esta tenha como objetivos asse-
gurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água e o efetivo exercí-
cio dos direitos de acesso à água.

A água tem diversos usos: abastecimento humano, dessedentação animal,


irrigação, indústria, geração de energia elétrica, preservação ambiental,
paisagismo, lazer, navegação, etc. Para que esses usos sejam utilizados de
forma organizada é necessário que o Estado, por meio da outorga, realize
sua distribuição observando a quantidade e a qualidade adequadas aos atua-
is e futuros usos.

Assim, o instrumento de outorga é necessário para o gerenciamento dos


recursos hídricos, pois permite ao administrador (outorgante) realizar o
controle quali-quantitativo da água, e ao usuário (requerente) a necessária
autorização para implementação de seus empreendimentos produtivos. É
também um instrumento importante para minimizar os conflitos entre os
diversos setores usuários e evitar impactos ambientais negativos aos cor-
pos hídricos.

Tipos de Outorga

• Outorga Prévia: Ato administrativo com finalidade de declarar a disponibili-


dade de água para os usos requeridos, não conferindo o direito de uso de
recursos hídricos e se destinando a reservar a vazão passível de outorga.

Introdução à Legislação Ambiental 49 e-Tec Brasil


• Outorga de Direito: Ato administrativo que o Poder Público outorgante
faculta ao outorgado o uso de recurso hídrico, por prazo determinado nos
Outorga de direito de uso termos e nas condições expressas no respectivo ato.
de recursos hídricos
É o ato administrativo
mediante o qual o poder A outorga se destina a todos que pretendam utilizar, para as mais diversas
público outorgante (União,
Estado ou Distrito Federal) finalidades, as águas de um rio, lago ou mesmo de águas subterrâneas,
faculta ao outorgado devendo solicitar uma Outorga ao Poder Público. Os usos mencionados se
(requerente) o direito de uso
de recurso hídrico, por prazo referem à captação de água para o abastecimento doméstico, para fins indus-
determinado, nos termos e triais ou para irrigação; ao lançamento de efluentes industriais ou urbanos, à
nas condições expressas no
respectivo ato administrativo. construção de obras hidráulicas como barragens e canalizações de rio, ou,
O ato administrativo utilizado ainda, a serviços de desassoreamento e de limpeza de margens.
pela Agência Nacional de
Águas (ANA) para emissão
das outorgas, como também De acordo com o artigo 12º da Lei Federal n. 9.433/97, estão sujeitos à outor-
para os demais atos
normativos, é a Resolução. A ga pelo Poder Público os direitos dos seguintes usos de recursos hídricos:
Resolução de outorga contém
a identificação do outorgado,
as características técnicas e as • Derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo-d'água
condicionantes legais do uso para consumo final, inclusive abastecimento público, ou insumo de proces-
da água autorizado. A ANA
publica no Diário Oficial da so produtivo;
União somente o extrato da • Extração de água de aquífero subterrâneo para consumo final ou insumo de
resolução contendo o seu
número, o nome do processo produtivo;
requerente, a validade da • Lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos ou
outorga, o município, a
finalidade e o manancial de gasosos, tratados ou não, com o fim de sua diluição, transporte ou disposi-
intervenção. ção final;
• Uso de recursos hídricos com fins de aproveitamento dos potenciais hidrelé-
tricos;
• Outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água
existente em um corpo de água.

Usos que independem de outorga de direito de uso de recursos hídricos

• O uso de recursos hídricos para a satisfação das necessidades de pequenos


núcleos populacionais, distribuídos no meio rural;
• As derivações, captações e lançamentos considerados insignificantes, tanto
do ponto de vista de vazão como de carga poluente;
• As acumulações de volumes de água consideradas insignificantes.

Usos que não são objeto de outorga de direito de uso de recursos hídricos,
mas, obrigatoriamente, de cadastro, em formulário específico disponibilizado
pela Agência Nacional de Águas:

• Serviços de limpeza e conservação de margens, incluindo dragagem, desde

e-Tec Brasil 50 Curso Técnico em Meio Ambiente


que não alterem o regime, a quantidade ou qualidade da água existente no
corpo de água;
• Obras de travessia de corpos de água que não interferem na quantidade,
qualidade ou regime das águas, cujo cadastramento deve ser acompanha-
do de atestado da Capitania dos Portos quanto aos aspectos de compatibili-
dade com a navegação; e
• Usos com vazões de captação máximas instantâneas inferiores a 1,0 L/s ou
3,6m3/h, quando não houver deliberação diferente do CNRH.

Mais algumas características da outorga de uso de água

• A outorga efetivar-se-á por ato da autoridade competente do Poder Execu-


tivo Federal, dos Estados ou do Distrito Federal.
• A outorga não implica a alienação parcial das águas, que são inalienáveis,
mas o simples direito de seu uso.
• Toda outorga de direitos de uso de recursos hídricos far-se-á por prazo não
excedente a trinta e cinco anos, renovável.

Segundo a PNRH, a outorga de direito de uso de recursos hídricos poderá ser


suspensa parcial ou totalmente, em definitivo ou por prazo determinado, nas
seguintes circunstâncias:

• não cumprimento pelo outorgado dos termos da outorga;


• ausência de uso por três anos consecutivos;
• necessidade premente de água para atender a situações de calamidade,
inclusive às decorrentes de condições climáticas adversas;
• necessidade de prevenir ou inverter grave degradação ambiental;
• necessidade de atender a usos prioritários, de interesse coletivo, para os
quais não se disponha de fontes alternativas;
• necessidade de serem mantidas as características de navegabilidade do
corpo de água.

d) a cobrança pelo uso de recursos hídricos

Segundo a Agência Nacional de Águas (ANA), em função de condições de


escassez em quantidade e/ou qualidade, a água deixou de ser um bem livre e
passou a ter valor econômico. Esse fato contribuiu com a adoção de novo
paradigma de gestão desse recurso ambiental, que compreende a utilização
de instrumentos regulatórios e econômicos, como a cobrança pelo uso dos
recursos hídricos.

Introdução à Legislação Ambiental 51 e-Tec Brasil


A experiência em outros países mostra que, em bacias que utilizam a cobran-
ça, os indivíduos e firmas poluidores reagem internalizando custos associados
à poluição ou outro uso da água. A cobrança pelo uso de recursos hídricos,
mais do que instrumento para gerar receita, é indutora de mudanças pela
economia da água, pela redução de perdas, pela gestão com justiça ambien-
tal. Isso porque se cobra de quem usa ou polui.

Assim a cobrança pelo uso de recursos hídricos objetiva reconhecer a água


como bem econômico e dar ao usuário uma indicação de seu real valor e
incentivar a racionalização do uso da água:

• obter recursos financeiros para o financiamento dos programas e interven-


ções contemplados nos planos de recursos hídricos.

Dos valores a serem cobrados pelo uso dos recursos hídricos devem ser obser-
vados, entre outros, nas derivações, captação e extração de água, o volume
retirado e seu regime de variação e nos lançamentos de esgotos e demais
resíduos líquidos ou gasosos, o volume lançado e seu regime de variação e as
características físico-químicas, biológicas e de toxidade do afluente.

e) O Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos

O Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos é um sistema de coleta,


tratamento, armazenamento e recuperação de informações sobre recursos
hídricos e fatores intervenientes em sua gestão.

São objetivos do Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos:

• I. reunir, dar consistência e divulgar os dados e informações sobre a situa-


ção qualitativa e quantitativa dos recursos hídricos no Brasil;
• II. atualizar permanentemente as informações sobre disponibilidade e
demanda de recursos hídricos em todo o território nacional;
• III. fornecer subsídios para a elaboração dos Planos de Recursos Hídricos.

Integram o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos:

• I. o Conselho Nacional de Recursos Hídricos;


• II. Agência Nacional de Águas;
• III. os Conselhos de Recursos Hídricos dos Estados e do Distrito Federal;
• IV. os Comitês de Bacia Hidrográfica;
• V. os órgãos dos poderes públicos federal, estaduais, do Distrito Federal e

e-Tec Brasil 52 Curso Técnico em Meio Ambiente


municipais cujas competências se relacionem com a gestão de recursos
hídricos;
• VI.as Agências de Água.

Objetivos do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos:

• I. coordenar a gestão integrada das águas;


• II. arbitrar administrativamente os conflitos relacionados com os recursos
hídricos;
• III. Implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos;
• IV. planejar, regular e controlar o uso, a preservação e a recuperação dos
recursos hídricos;
• V. promover a cobrança pelo uso de recursos hídricos.

A seguir, vamos estudar um pouco sobre o Programa Nacional de Controle da


Qualidade do Ar.

1. Programa Nacional de Controle da


Qualidade do Ar Resoluções CONAMA
n. 005/1989 e n. 003/1990
A poluição do ar é um fenômeno recorrente, principalmente da atividade
humana, em vários aspectos. Entre os quais, podemos destacar:

• Rápido crescimento populacional, industrial e econômico


• Concentração populacional e industrial
• Hábitos da população
• Grau de Controle (medidas adotadas para o controle da poluição).

Nossos três recursos naturais básicos (solo, ar e água) sempre foram capazes de
diluir a concentrações aceitáveis de todas as substâncias neles lançados por
processos naturais normais. Contudo, as emissões antropogênicas começam a
ameaçar nosso planeta pelo esgotamento desta capacidade de autodepuração.

A decisão do ser humano de viver cada vez mais nos centros urbanos aumenta
a quantidade de resíduos lançados, aumentando os níveis de poluição.

Tais fatos, associados à não solução concomitante dos problemas decorrentes


do atendimento dessas necessidades naturais ou criadas, levaram-nos aos
grandes desafios que enfrentamos atualmente.

A poluição do ar pode ser definida como o resultado da alteração das caracte-

Introdução à Legislação Ambiental 53 e-Tec Brasil


rísticas físicas, químicas e biológicas normais da atmosfera, de forma a causar
danos ao ser humano, à fauna, à flora, aos materiais, ou restringir o pleno uso
e gozo da propriedade, ou afetar negativamente o bem-estar da população
(Universo Ambiental, 2007).

Assim, com o objetivo de proteger a saúde e o bem-estar das populações,


melhorar a qualidade de vida e permitir o desenvolvimento econômico e
social do país de forma ambientalmente segura, pela limitação dos níveis de
emissão de poluentes por fontes de poluição atmosférica, com vista a uma
melhoria na qualidade do ar, o atendimento aos padrões estabelecidos e o
não comprometimento da qualidade do ar em áreas consideradas não degra-
dadas, o Conselho Nacional do Meio Ambiente, através da Resolução
CONAMA n. 5, de 1989, instituiu o Programa Nacional de Controle da Quali-
dade do Ar – PRONAR.

É estratégia básica do PRONAR, limitar em nível nacional, as emissões por


tipologia de fontes e poluentes prioritários, reservando o uso dos padrões de
qualidade do ar como ação complementar de controle.

Vamos conhecer alguns conceitos apresentados nas Resoluções CONAMA n.


005/1989 e n. 003/1990

Poluente atmosférico

É qualquer forma de matéria ou energia com intensidade e em quantidade,


concentração, tempo ou características em desacordo com os níveis estabele-
cidos, e que tornem ou possam tornar o ar:

• I. impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde;


• II. inconveniente ao bem-estar público;
• III. danoso aos materiais, à fauna e flora.
• IV. prejudicial à segurança, ao uso e gozo da propriedade e às atividades
normais da comunidade.

Portanto, a poluição ocorre quando a alteração resulta em danos reais ou


potenciais. Dentro desse conceito, pressupõe-se a existência de níveis de refe-
rência para diferenciar a atmosfera poluída da atmosfera não poluída. O nível
de referência sob o aspecto legal é denominado Padrão de Qualidade do Ar.

Na Resolução CONAMA n. 03, de 28/06/1990, estão descritos os padrões para


todo o território nacional. Os poluentes considerados foram: partículas totais

e-Tec Brasil 54 Curso Técnico em Meio Ambiente


em suspensão (PTS), dióxido de enxofre (SO2), monóxido de carbono (CO),
ozônio (O3), fumaça de partículas inaláveis e dióxido de nitrogênio (NO2).

Os padrões de qualidade do ar são concentrações de poluentes atmosféricos


que, ultrapassadas, poderão afetar a saúde, a segurança e o bem-estar da
população, bem como ocasionar danos à flora e à fauna, aos materiais e ao
meio ambiente em geral.

Padrões Primários de Qualidade do Ar

São as concentrações de poluentes que, ultrapassadas, poderão afetar a


saúde da população - podendo ser entendidos como níveis máximos toleráve-
is de concentração de poluentes atmosféricos.

Padrões Secundários de Qualidade do Ar

São as concentrações de poluentes abaixo das quais se prevê o mínimo efeito


adverso sobre o bem-estar da população, assim como o mínimo dano à fauna,
à flora, aos materiais e ao meio ambiente em geral, podendo ser entendidos
como níveis desejados de concentração de poluentes.

Território nacional

Enquadramento das áreas de acordo com os usos pretendidos:

Classe I: Áreas de preservação, lazer e turismo, tais como Parques Nacionais e


Estaduais, Reservas e Estações Ecológicas, Estâncias Hidrominerais e
Hidrotermais.

Nestas áreas, deverá ser mantida a qualidade do ar em nível o mais próximo


possível do verificado sem a intervenção antropogênica.

Classe II: Áreas onde o nível de deterioração da qualidade do ar seja limitado


pelo padrão secundário de qualidade.

Classe III: Áreas de desenvolvimento onde o nível de deterioração da quali-


dade do ar seja limitado pelo padrão primário de qualidade.

Algumas fontes de Poluição do Ar

As fontes de poluição são entendidas como qualquer processo natural ou

Introdução à Legislação Ambiental 55 e-Tec Brasil


artificial que possa liberar ou emitir substâncias para a atmosfera de forma a
torná-la poluída.

Entre as fontes antropogênicas de poluição do ar, podemos destacar:

Processos e operações industriais;

• Queima de combustíveis;
• Queimadas;
• Incineração de lixo.

Alguns tipos de indústrias se caracterizam pela emissão principalmente de


material particulado (como a mineração). Outras, pela emissão de gases e
vapores (indústrias químicas e petroquímicas) (Universo Ambiental, 2007).

Resumo
Nesta unidade, você estudou a Política Nacional de Recursos Hídricos e os
instrumentos de que o Poder Público faz uso para garantir a sustentabilidade
deste recurso natural.

Estudou também o Programa Nacional de Controle da Qualidade do Ar, o qual


estabelece limites de emissões de poluentes para todo o território nacional.

Atividades de aprendizagem
1. Quais são os instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos?

2. O que é outorga de direito de uso de recursos hídricos?

3. Em que circunstâncias a outorga para uso da água poderá ser suspensa?

4. Qual é a unidade territorial para implementação da Política Nacional de


Recursos Hídricos?

5. Quais usos de recursos hídricos estão sujeitos à outorga pelo Poder Público?

6. O que é um poluente atmosférico?

7. Cite três impactos negativos causados pela emissão de poluentes.

8. O que é Padrão Primário e Padrão Secundário de Qualidade do ar?

e-Tec Brasil 56 Curso Técnico em Meio Ambiente


Considerações finais
Caro estudante:

Os problemas ambientais que assolam o planeta são muitos. Têm causas


diversas e podem acabar com o planeta.

Agora, você conhece um pouco a Legislação Ambiental e, ao fazer uso destes


conhecimentos, poderá contribuir para a melhoria de sua vida, da vida das
pessoas que o cercam e da sociedade.

Faça a sua parte!

O mundo está em nossas mãos!

Introdução à Legislação Ambiental 57 e-Tec Brasil


Referências
AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS. A ANA na Gestão das Águas. Disponível
em: <http://www.ana.gov.br/gestaoRecHidricos/Outorga/default2.asp>
Acesso em: 30 mar. 2010.

BBC BRASIL. Acordo de Copenhague. Disponível em: <http://newsforums.


bbc.co.uk/ws/pt/thread.jspa?forumID=10761>. Acesso em: 30 mar. 2010.

BRASIL. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. Cartilha de licenciamento ambien-


tal. Tribunal de Contas da União; com colaboração do Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. 2. ed. Brasília: TCU, 4ª
Secretaria de Controle Externo, 2007.

CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Resolução n. 237, de 19 de


dezembro de 1997. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/
port/conama/legiabre.cfm?codlegi=237>. Acesso em: 30 mar. 2010

CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Resolução n. 005 de


1989.Disponível em: http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?
codlegi=81. Aceso em: 30 mar. 2010.

CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Resolução n. 003 de 1990.


Disponível em:http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res90/res0390
html. Aceso em: 30 mar. 2010.

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988. Disponível


em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/_Constitui%C3%A7
aoCompilado.htm> Acesso em: 30 mar. 2010.

FOLHA ON LINE. Protocolo de Kyoto prevê redução de emissão de gases-


estufa. Disponível emhttp://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u
9263.shtml. Acesso em: 30 mar. 2010.

INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS.


Sistema Informatizado de Licenciamento Ambiental Federal. Disponível em: <
http://www.ibama.gov.br/licenciamento/ > Acesso em: 30 mar. 2010.

INSTITUTO AMBIENTAL DO PARANÁ. Sistema de manutenção, recuperação e


proteção da reserva florestal legal e áreas de preservação permanente. Dispo-
nível em:<http://www.iap.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?
conteudo=287>. Acesso em: 30 mar. 2010.

LEI n. 6.938, DE 31 DE AGOSTO DE 1981. Política Nacional do Meio Ambiente.


Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/LEIS/L6938compilada.
htm>. Acesso em: 30 mar. 2010.

LEI n. 4.771, DE 15 DE SETEMBRO DE 1965. Código Florestal Brasileiro. Dispo-

e-Tec Brasil 58 Curso Técnico em Meio Ambiente


nível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L4771compilado.htm.
Acesso em 30 mar. 2010.

LEI n. 9.433, DE 8 DE JANEIRO DE 1997. Política Nacional de Recursos Hídri-


cos. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/LEIS/L9433.htm.
Aceso em: 30 mar. 2010.

LEI n. 9.605, DE 12 DE FEVEREIRO DE 1998. Lei de Crimes Ambientais. Dispo-


nível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil/leis/L9605.htm. Acesso em 30
mar. 2010.

PROCHNOW, Miriam. Matas Legais (Org.). Planejando Propriedades e Paisa-


gens. Rio do Sul: APREMAVI, 2008.

SUPERINTENDÊNCIA DE DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS E


SANEAMENTO AMBIENTAL. Outorga de Uso de Recursos Hídricos. Disponível
em: http://www.suderhsa.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?
conteudo=10. Acesso: em 30 mar. 2010.

UNIVERSO AMBIENTAL. Introdução ao Controle da Poluição Atmosférica.


Disponível em:<http://www.universoambiental.com.br/novo/artigos_ler.php?
canal=5&canallocal=6&canalsub2=16&id=44>. Acesso em: 30 mar. 2010.

Gabarito
Aula 1

1. Resposta: As decisões resultantes da Conferência Climática de Copenha-


gen foram bastante limitadas, ou seja, não foram estabelecidas ações
concretas a fim de minimizar a emissão de poluentes atmosféricos.

2. Resposta: A Conferência Mundial sobre Meio Ambiente, realizada em


Estocolmo no ano de 1972. A criação da Comissão Mundial de Meio Ambi-
ente de Desenvolvimento, em 1897. No ano de 1988, é promulgada a
nova Constituição Federal Brasileira.

3. Resposta: Princípio do meio ambiente ecologicamente equilibrado;


desenvolvimento sustentável; responsabilidade intergeracional; função
socioambiental da propriedade; princípio da prevenção; princípio da pre-
caução e princípio do poluidor pagador.

4. Resposta: Princípio da Prevenção: É o princípio que prima por agir anteci-


padamente, diante de um risco conhecido. O conhecimento prévio do
risco pode estar vinculado a estudos científicos ou a acontecimentos ante-
riores. O Princípio da Precaução: É conhecido como o princípio da prudên-
cia, ou seja, diante de um risco incerto, desconhecido, age-se com cautela.

Introdução à Legislação Ambiental 59 e-Tec Brasil


O risco nesse principio é caracterizado como incerto por não haver infor-
mações suficientes para verificar a existência e o potencial do dano.

5. Resposta: Refere-se a atender as necessidades da presente geração sem


comprometer as necessidades das gerações futuras, ou seja, um consumo
racional e sustentável dos recursos naturais. Na prática é aliar atividades
econômicas com proteção ambiental, garantindo assim o direito de todos
a um meio ambiente ecologicamente equilibrado

6. Resposta: Por ser a constituição a trazer uma abordagem inovadora para


a questão do “meio ambiente” e a dispor um capítulo inteiro a essa ques-
tão, o cap. VI – Do Meio Ambiente.

7. Resposta: O caput do artigo 225 faz menção ao direito que todos temos,
ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, assim como da responsa-
bilidade do poder público e da coletividade em defendê-lo e preservá-lo
para as presentes e futuras gerações.

8. Resposta: I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e


prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas;

II. preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e


fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e à manipulação de material
genético;

III. exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmen-


te causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo pré-
vio de impacto ambiental, a que se dará publicidade.

Aula 2

1. Resposta: A Lei n. 6.938, de 1981. A Política Nacional do Meio Ambiente


tem como objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade
ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desen-
volvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à
proteção da dignidade da vida humana.

2. Resposta: O estabelecimento de padrões de qualidade ambiental, o zone-


amento ambiental, a avaliação de impactos ambientais, o licenciamento e
a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras.

3. Resposta: É o Sistema Nacional do Meio Ambiente.

4. Resposta: Órgão superior – Representado pelo Conselho de Governo;


Órgão consultivo e deliberativo – Representado pelo Conselho Nacional
do Meio Ambiente (CONAMA);Órgão central – Representado pelo Minis-
tério do Meio Ambiente;Órgãos Executores – Representados pelo Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA)

e-Tec Brasil 60 Curso Técnico em Meio Ambiente


e pelo Instituto Chico Mendes - de conservação da biodiversidade;Órgãos
Seccionais – Representados pelos órgãos estaduais;Órgão Locais – Repre-
sentados pelos órgãos municipais.

5. Resposta: O Licenciamento Ambiental é um procedimento administrativo


pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação,
ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de
recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras, ou
aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental.

6. Resposta: Empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambi-


entais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras, ou aquelas
que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental. Exem-
plos de atividades que estão sujeitas ao licenciamento ambiental: Extração
e tratamento de minerais, Indústria metalúrgica, Indústria de material
elétrico, eletrônico e comunicações, Indústria de madeira, Indústria de
papel e celulose, Indústria de borracha, Indústria química.

7. Resposta: Para cada etapa do processo de licenciamento ambiental, é


necessária a licença adequada no planejamento de um empreendimento ou
de uma atividade, a licença prévia (LP); na construção da obra, a licença de
instalação (LI); e na operação ou funcionamento, a licença de operação (LO).

8. Resposta: O órgão ambiental competente, mediante decisão motivada,


poderá modificar os condicionantes e as medidas de controle e adequa-
ção, suspender ou cancelar uma licença expedida, quando ocorrer:

I. Violação ou inadequação de quaisquer condicionantes ou normas


legais.
II. Omissão ou falsa descrição de informações relevantes que subsidiaram
a expedição da licença.
II. Superveniência de graves riscos ambientais e de saúde.

Aula 3

1. Resposta: A Lei 4.771, de 15-9-1965, estabeleceu o atual Código Flores-


tal Brasileiro.

2. Resposta: Segundo o Código Florestal Brasileiro, considera-se área de


preservação permanente a área protegida nos termos dos arts. 2º e 3º
desta Lei, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de
preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a
biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar
o bem-estar das populações humanas. Área de reserva legal é a área locali-
zada no interior de uma propriedade ou posse rural, excetuada a de preser-
vação permanente, necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, à
conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da
biodiversidade e ao abrigo e proteção de fauna e flora nativas.

Introdução à Legislação Ambiental 61 e-Tec Brasil


3. Resposta: de 30 metros para os cursos-d'água de menos de 10 metros de
largura;

4. Resposta: De 80%%, na propriedade rural situada em área de floresta


localizada na Amazônia Legal; de 35%, na propriedade rural situada em
área de cerrado localizada na Amazônia Legal, sendo no mínimo vinte por
cento na propriedade e quinze por cento na forma de compensação em
outra área, desde que esteja localizada na mesma microbacia; de 20%, na
propriedade rural situada em área de floresta ou outras formas de vegeta-
ção nativa localizada nas demais regiões do País; e de 20%, na proprieda-
de rural em área de campos gerais localizada em qualquer região do País.

5. Resposta: a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e


suas consequências para a saúde pública e para o meio ambiente; os ante-
cedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de interesse
ambiental e a situação econômica do infrator, no caso de multa.

6. Resposta: em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de


sua família; para proteger lavoura, pomar e rebanho da ação predatória ou
destruidora de animais, desde que legal e expressamente autorizado pela
autoridade competente, e por ser nocivo o animal, desde que assim carac-
terizado pelo órgão competente.

7. Resposta: Crime contra a fauna: Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar


espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida
permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desa-
cordo com a obtida. Crime contra a flora: destruir ou danificar floresta consi-
derada de preservação permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la
com infringência das normas de proteção; Poluição: causar poluição de qual-
quer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à
saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destrui-
ção significativa da flora. Ordenamento urbano e patrimônio cultural: -
Pichar, grafitar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento
urbano. Administração ambiental: Fazer o funcionário público afirmação
falsa ou enganosa, omitir a verdade, sonegar informações ou dados técnico-
científicos em procedimentos de autorização ou de licenciamento ambiental;

Aula 4

1. Resposta: A fim de garantir que os objetivos da Política Nacional de Recur-


sos Hídricos sejam alcançados, o poder público faz uso dos seguintes ins-
trumentos: os Planos de Recursos Hídricos; o enquadramento dos corpos
de água em classes, segundo o uso preponderante da água; a outorga dos
direitos de uso de recursos hídricos; a cobrança pelo uso de recursos hídri-
cos e o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos.

2. Resposta: É o ato administrativo mediante o qual o poder público outor-


gante (União, Estado ou Distrito Federal) faculta ao outorgado (requerente)

e-Tec Brasil 62 Curso Técnico em Meio Ambiente


o direito de uso de recurso hídrico, por prazo determinado, nos termos e
nas condições expressas no respectivo ato administrativo.

3. Resposta: Segundo a PNRH, a outorga de direito de uso de recursos hídri-


cos poderá ser suspensa parcial ou totalmente, em definitivo ou por prazo
determinado, nas seguintes circunstâncias:
- não cumprimento pelo outorgado dos termos da outorga;
- ausência de uso por três anos consecutivos;
- necessidade premente de água para atender a situações de calamidade,
inclusive às decorrentes de condições climáticas adversas;
- necessidade de prevenir ou inverter grave degradação ambiental;
- necessidade de atender a usos prioritários, de interesse coletivo, para os
quais não se disponha de fontes alternativas;
- necessidade de serem mantidas as características de navegabilidade do
corpo de água.

4. Resposta: A bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação


da Política Nacional de Recursos Hídricos.

5. Resposta: De acordo com o artigo 12º da Lei Federal n. 9.433/97, está


sujeito à outorga pelo Poder Público os direitos dos seguintes usos de
recursos hídricos: derivação ou captação de parcela da água existente em
um corpo-d'água para consumo final, inclusive abastecimento público, ou
insumo de processo produtivo; extração de água de aquífero subterrâneo
para consumo final ou insumo de processo produtivo; lançamento em
corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, tratados
ou não, com o fim de sua diluição, transporte ou disposição final; uso de
recursos hídricos com fins de aproveitamento dos potenciais hidrelétricos e
outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água
existente em um corpo de água.

6. Resposta: É qualquer forma de matéria ou energia com intensidade e em


quantidade, concentração, tempo ou características em desacordo com os
níveis estabelecidos, e que tornem ou possam tornar o ar: impróprio, noci-
vo ou ofensivo à saúde; inconveniente ao bem- estar público; danoso aos
materiais, à fauna e flora ou prejudicial à segurança, ao uso e gozo da pro-
priedade e às atividades normais da comunidade.

7. Resposta: A poluição do ar pode ser definida como o resultado da altera-


ção das características físicas, químicas e biológicas normais da atmosfera,
de forma a causar danos ao ser humano, à fauna, à flora, aos materiais, ou
restringir o pleno uso e gozo da propriedade, ou afetar negativamente o
bem-estar da população.

Introdução à Legislação Ambiental 63 e-Tec Brasil


Curso técnico em meio ambiente

Caro estudante:

Os avanços tecnológicos na área de informática e comunicação, associados a


modelos pedagógicos apoiados no uso de tecnologia, deram origem à moda-
lidade de ensino chamada Ensino a Distância (EaD). A característica desse
modelo é a separação física entre aluno e professor. Para suprir a distância, a
interação entre o aluno e o professor é mediada tanto por recursos tecnológi-
cos quanto pelo material impresso. Nessa modalidade de ensino, o material
impresso, juntamente com recursos de vídeo, videoconferência e um Ambien-
te Virtual de Aprendizagem são as bases tecnológicas, às quais você terá aces-
so durante sua formação.

Todos esses recursos são meios de comunicação entre professor e aluno. Cada
recurso possui característica própria e necessita de canal específico de comu-
nicação. Para assistir aos vídeos, participar de videoconferência ou realizar as
atividades do Ambiente Virtual de Aprendizagem você precisará ter acesso a
computadores e a Internet. Porém, tais recursos tecnológicos nem sempre
estão disponíveis em tempo integral, por isso, a importância do material
impresso, que permitirá a você ter acesso ao conhecimento independente de
possuir a sua disposição as tecnologias de informática e de comunicação.

Aliado às atividades presenciais e às atividades a distância, o material impresso


irá também apoiá-lo na realização das atividades de estudos, estimulando-o a
participar de forma mais ativa no seu processo de ensino-aprendizagem, cons-
truindo, progressivamente, conhecimento de maneira interativa. Assim, o
professor deixa de ser a única fonte de informação. O distanciamento físico
não será impedimento para o processo de cooperação e interação entre você
e o professor da sua instituição, responsável pela oferta da disciplina no curso.
Esse professor criará oportunidades para que você participe de forma ativa
durante seu processo de aprendizagem.

O material foi elaborado visando a formação de Técnicos em Meio Ambiente,


segundo os parâmetros do Catálogo Nacional de Cursos Técnicos. O profissio-
nal formado deverá ter qualificação para atender à demanda regional em
consonância com as tendências tecnológicas. Deverá ser capaz de coletar,
armazenar e interpretar informações, dados e documentações ambientais,
colaborar na elaboração de laudos, relatórios e estudos ambientais, auxiliar na
elaboração, acompanhamento e execução de sistemas de gestão ambiental,
atuar na organização de programas de educação ambiental, de conservação e
preservação de recursos naturais, de redução, reuso e reciclagem, bem como
identificar as intervenções ambientais, analisar suas conseqüências e operaci-
onalizar a execução de ações para preservação, conservação, otimização,
minimização e remediação dos seus efeitos.

Introdução à Legislação Ambiental 145 e-Tec Brasil


Além disso, deve estar ancorado em uma base de relacionamento interpessoal
e comunicação oral. Deve também ter pensamento crítico e racional, capaci-
dade para resolver problemas de ordem técnica, capacidade criativa e inova-
dora, capacidade de gestão e visão estratégica. Essa base o tornará competiti-
vo no mercado de trabalho. Mas, isso somente não é suficiente, você também
deve demonstrar: honestidade, responsabilidade, adaptabilidade, capacidade
de planejamento, ser ágil e ter capacidade de decisão. Além de ser possuidor
de um espírito crítico, uma formação tecnológica generalista e uma cultura
geral sólida e consistente.

Foi pensando nessa formação que equipes de professores da rede pública


federal de educação elaboraram seu material. Professores que atuam no ensi-
no médio e no ensino superior. Todos profissionais conceituados em suas
respectivas áreas de atuação. O objetivo desses profissionais é auxiliar você na
sua formação profissional.

Os recursos didáticos pedagógicos e os profissionais envolvidos fazem parte


do projeto Escola Técnica Aberta do Brasil, e-TecBrasil. Um projeto que estabe-
lece parceria entre Instituições de Ensino Público Federal, no papel de forma-
dores, e município, ou estado, que disponibilizam os pólos que receberão os
cursos oferecidos na modalidade de EaD.

Mas, lembre-se, simplesmente ter acesso aos recursos didáticos e tecnológi-


cos, além de ter a disposição uma equipe especializada de profissionais não é
suficiente. É necessário que esse material seja utilizado intensamente, de
forma a tornar-se fonte de conhecimento que o auxiliará em todos os momen-
tos de sua formação.

Cientes de que esse também é o seu desejo, a equipe do e-TecBrasil deseja a


todos um ótimo processo de aprendizagem.

Atenciosamente,

Equipe de formadores da Escola Técnica Aberta do Brasil


da Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

e-Tec Brasil 146 Curso Técnico em Meio Ambiente


Currículo da professora-autora

Meu nome é Vanessa Medeiros Corneli, graduada em Tecnologia Ambien-


tal e Especialista em Gerenciamento e Auditoria Ambiental pela Universidade
Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Mestre em Engenharia Urbana e Dou-
toranda em Geografia pela Universidade Estadual de Maringá (UEM).

Em meio às experiências profissionais anteriores, tenho o trabalho com siste-


ma de gestão integrado em organização privada. Atualmente, sou professora
da Universidade Tecnológica Federal do Paraná - Campus Campo Mourão -
PR, responsável pelas disciplinas de Sistema de Gestão Ambiental e Auditoria
Ambiental.

Introdução à Legislação Ambiental 65 e-Tec Brasil


ISBN: 978-85-8018-005-3

Você também pode gostar