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É difícil julgar-me a mim próprio, mas, pelo menos até onde vejo,
certas atitudes que tomo em público não são brincadeiras. Pelo
contrário. Em algumas ocasiões lanço mão do riso para me
defender, porque, como sertanejo, não gosto de ser visto dominado
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Quando eu quis que o uniforme que uso agora fosse feito por uma
costureira e uma bordadeira do Recife, Edite Minervina e Cicy
Ferreira, estava levando em conta a distinção estabelecida por
Machado de Assis e uma frase de Ghandi que li aí por 1980, e que
me impressionou profundamente. Dizia ele que um indiano
verdadeiro e sincero, mas pertencente a uma das duas classes
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mais poderosas de seu país, não deveria nunca vestir uma roupa
feita pelos ingleses. Primeiro, porque estaria se acumpliciando com
os invasores. Depois, porque estaria, com isso, tirando das
mulheres pobres da Índia um dos poucos mercados de trabalho
que ainda lhes restavam.
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Acho que todo escritor, quando menino, lendo outro que tenha
afinidade com ele, detém-se, assim, diante de certas imagens e
palavras, apossa-se delas e as incorpora para sempre a seu
universo interior. José de Alencar era 23 anos mais moço do que
meu Patrono Porto-Alegre. Posso, então, imaginar que,
adolescente, ele tenha lido o começo de “Colombo”, incorporando
à profundeza noturna de sua intuição criadora aquela imagem da
sombra ensanguentada de Almansor saindo do seu jazigo
“poento”, e não simplesmente “poirento”. Foi aí, talvez, que
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centauro.
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centauro bronco.
Foi de meu pai, João Suassuna, que herdei, entre outras coisas, o
amor pelo sertão, principalmente o da Paraíba, e a admiração por
Euclides da Cunha. Posso dizer que, como escritor, eu sou, de
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Nem posso sofrer que se maldiga do seu sol, desse sol que é a
coroa radiante do nosso martírio, mas que também envolve, nas
“bolandeiras” irisadas dos seus halos, as nossas horas de
abastança e alegria.
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Pode-se então imaginar a emoção com que, anos mais tarde, li, a
respeito de Suassuna, as seguintes palavras, nas quais Rachel de
Queiroz, evocando o testemunho de seu pai, via o meu como um
cavaleiro sertanejo:
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– Esse não! Não diga que ele foi um político, assim no meio dos
outros! Esse viveu como um herói e morreu como um guerreiro.
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Por outro lado, corrigido o erro, poderia ser levado adiante até o
socialismo – e sempre através daquela indiscutível soberania que
Suassuna tinha visto no povo – o Pré-Socialismo que um
Conselheiro profético estabelecera como centro e ponto de apoio
da organização social de Canudos. Com isso, e como não sou
marxista, evitava-se aquela política inferior dos decalques, da qual
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9/8/1990
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