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31/08/2021 AVA UNINOVE

A Mais-Valia - A Luta entre Capital e 


Trabalho pelo Excedente Produtivo
O objetivo deste tópico consiste em esclarecer, segundo Marx, de que forma ocorre
a exploração dos trabalhadores na sociedade capitalista. Ou seja, de que maneira o
excedente produtivo gerado pela sociedade não retorna para ela.

NESTE TÓPICO

Tópico

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COMO OCORRE A EXPLORAÇÃO NA


SOCIEDADE CAPITALISTA?
A maioria dos trabalhadores sente que é
explorada, mas não compreende o que seja a
exploração, uma vez que é na circulação da
mercadoria e não na sua produção que tudo
acontece. Procuraremos discutir e explicitar ao
longo deste tópico discutir e explicitar de que
forma ocorre a ocultação da exploração do 
trabalho, ou seja, a apropriação do excedente
produtivo do trabalhador.

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A EXPLORAÇÃO DO TRABALHADORA

A teoria marxiana do valor e da mais-valia foi


exposta no livro primeiro de O CAPITAL,
publicado em 1867. Trata-se de uma contribuição
definitiva de Karl Marx.

Para Marx (1984), a mercadoria foi considerada a


forma mais simples e abstrata do modo de
produção capitalista. Ela é ao mesmo tempo valor 
de uso e valor de troca.  Como valor de uso vale
por sua utilidade, a de satisfazer as necessidades
humanas, sejam do estômago ou da fantasia. Esse
valor de uso se efetiva no consumo como valor de
troca, parece valor pelo seu preço de mercado.
Nem sempre as coisas úteis se tornam
mercadorias, o que não se consome no mercado
não tem valor de troca.

O valor de uma mercadoria é determinado pelo


tempo socialmente necessário investido na sua
produção e é expresso na sua circulação como
preço. As mercadorias são trocadas conforme a
quantidade de trabalho socialmente necessário
para a produção de cada uma delas. Essa é a lei do
valor. Ela ocorre em um período histórico
determinado, no marco da produção mercantil
capitalista.

Para Marx (1984), “ o sistema capitalista é aquele


no qual se aboliu da maneira mais completa
possível a produção com vistas à criação de
valores de uso imediato, para o consumo do
produtor: a riqueza só existe agora como processo
social que se expressa no entrelaçamento da
produção e da circulação.”

A lei do valor é o único regulador efetivo da



produção e da repartição do trabalho.

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O valor de troca de uma mercadoria tem como


medida comum o tempo de trabalho que envolve
toda a sociedade. O produtor da mercadoria ( os
trabalhadores) recebe do capitalista um salário,
mediante a utilização de sua mão de obra por uma
jornada de trabalho (oito horas) que corresponde
à quantidade necessária e suficiente para a
produção e reprodução do trabalhador. No
decorrer dessa jornada, a força de trabalho produz
mais valor que o valor requerido para a sua

reprodução; é desse valor excedente ( a mais-
valia) que o capitalista se apropria.

Para exemplificar, vamos supor que para fabricar


uma unidade de mercadoria qualquer, um
trabalhador necessite de oito horas de trabalho.
Supondo que o preço dessa unidade seja R$ 32,00,
o valor de cada hora de trabalho seria R$ 4,00.
Quando verificamos qual é o salário desses
trabalhadores, descobrimos que não é R$ 32,00,
mas sim R$ 16,00. O salário deveria corresponder
ao uso da força de trabalho num determinado
período de tempo. A força de trabalho consiste na
capacidade física e intelectual de se exercer uma
atividade, abstrata ou concreta, que permita
produzir uma mercadoria. Há, portanto, quatro
horas de trabalho que não foram pagas, apesar de
estarem incluídas no preço final da mercadoria.
Essas quatro horas não pagas, ou R$ 16,00
constituem a mais –valia, que no processo da
circulação da mercadoria corresponderia ao lucro,
dependendo da flutuação de mercado ( demanda e
oferta) no momento de sua venda.
Conceitualmente, a mais-valia são as horas a mais
trabalhadas e não pagas, nas quais os
trabalhadores geram um excedente produtivo que
é apropriado privadamente pelo capitalista. 

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De fato, o tempo de trabalho se desdobra em duas


partes: o tempo de trabalho necessário, aquele
que cobre a reprodução da mão de obra; e o
tempo de trabalho excedente, que corresponde à
mais-valia. A relação entre o trabalho necessário
e o trabalho excedente fornece a taxa de mais-
valia, que é decorrente da taxa de exploração do
trabalho pelo capital (m’ = m/v).

Portanto, a mercadoria não é uma coisa, como 


aparece, mas é trabalho social, tempo de trabalho
incorporado à mercadoria mediante trabalho
humano. E, não se trata de qualquer trabalho, mas
tempo de trabalho não pago, expropriado pelo
capitalista, que justifica essa exploração por ser
dono dos meios de produção, do espaço físico, da
matéria-prima, ou seja, tudo é propriedade do
capitalista. O trabalho assalariado, mediante o
contrato de trabalho, produz a falsa noção de que
o salário remunera todo o trabalho, ou seja,
trabalha-se um número x de horas e recebe-se o
equivalente a essas horas trabalhadas; no
entanto, o trabalhador recebe bem menos.

A força de trabalho é uma mercadoria como outra


qualquer, no entanto ela possui uma
peculiaridade, que faz dela uma mercadoria
especial, é a única que pode produzir mais riqueza
do que seu próprio valor de troca, ou seja, ela cria
valor – ao ser utilizada cria mais valor que o
necessário para reproduzi-la, gera um valor
superior ao que custa. O salário representa um
montante de valor, sempre inferior ao produzido
na jornada de trabalho.

No entanto, segundo Marx(1984), “a força de


trabalho não foi sempre mercadoria, o trabalho
não foi sempre trabalho assalariado, isto é,

trabalho livre. O escravo (...) é uma mercadoria,
mas sua força de trabalho não é uma mercadoria

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que lhe pertença. O servo da gleba só vende parte


de sua força de trabalho, (...) mas é o proprietário
do solo que recebe dele um tributo. Mas o
trabalhador livre se vende a si mesmo e, ademais,
vende-se em partes. Leiloa 8,10,12, 15 horas de
sua vida, dia após dia (...) ao proprietário de
matérias-primas, instrumentos de trabalho e
meios de vida, isto é, ao capitalista.”

A transformação da força de trabalho em


mercadoria, segundo Marx (1974), é uma

alienação da natureza do homem que o deforma e
o mutila. Essa força de trabalho adquirida pelo
capitalista, mediante a troca, o valor excedente
que ela produz trona-se propriedade do
capitalista.

O que importa ao capitalista é o tempo de


trabalho excedente. Um modo de estender esse
tempo consiste na ampliação da jornada de
trabalho (para dez, doze, 20 horas) sem alteração
do salário, ou seja, mantendo a mesma
quantidade de trabalho necessário. Esse modo de
incrementar a produção é denominado de mais-
valia absoluta.

A extensão da jornada encontra dois limites: um


de natureza fisiológica, que esbarra no limite da
resistência física; e outro de natureza política, ou
seja, a resistência e a luta dos trabalhadores
contra a jornada estendida.

A introdução de inovações tecnológicas e de


gestão das forças produtivas contribui para o
aumento do tempo de trabalho excedente sem a
ampliação da jornada de trabalho. Essa
alternativa é denominada de mais-valia relativa.

As inovações tecnológicas, introduzidas em um 


período relativamente curto, em virtude da
concorrência, logo se generalizam diminuindo o

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valor da força de trabalho.

A fórmula do valor é: capital constante (meios de


produção) + capital variável (força de trabalho) +
mais-valia. A taxa de lucro é expressa pela
fórmula : taxa de lucro= mais-valia/constante+
capital variável.

A concorrência obriga cada capitalista,


individualmente, no seu setor produtivo, a
introduzir de forma constante inovações 
tecnológicas que reduzam o tempo de trabalho
necessário à produção de sua mercadoria, tendo
dessa maneira uma maior inserção de mercado,
na medida em que seus custos tendem a ficar
menores e seu produto de melhor qualidade.
Quanto mais se eleva o coeficiente do capital
constante, maior é a composição orgânica do
capital, e por consequência há um aumento da
produtividade do trabalho. Mas, assim que os
outros capitalistas do mesmo setor produtivo
adotarem o mesmo método, cairá o sobrelucro
obtido no mercado, e as vantagens competitivas
desparecerão, há então a necessidade da
implantação de novas tecnologias.

A elevação da composição orgânica da


composição orgânica do capital é a raíz do avanço
histórico do capitalismo enquanto sistema
econômico. Porém, segundo a lei tendencial da
queda da taxa de lucro, se o capital total
aumentar em proporção maior do que o capital
variável, a taxa de lucro, enquanto relação do
lucro com o capital total, deverá diminuir. Ou
seja, a produção capitalista em seu
desenvolvimento engendra obstáculos estruturais
à sua expansão.

Marx considerou a lei da queda da taxa média de



lucro como lei tendencial, ou seja, não existe uma
relação determinista de causa e efeito. Na história

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do modo de produção capitalista vemos a


burguesia permanentemente desenvolvendo
meios para aumentar e conservar a taxa de lucro.
Elas se resumem às seguintes possibilidades: a)
barateamento dos elementos do capital
constante; b) ao aumento do tempo de
sobretrabalho; c) a intensificação do trabalho e;
d) a redução dos salários diretos e indiretos.

Não podemos esquecer que essas contradições se



expressam no nível sócio-político e histórico
como um processo específico de luta de classes.
Essa contradição se expressa no antagonismo
entre a burguesia e o proletariado, na busca pelo
produto social, invariavelmente apropriado
privadamente pelo capitalista.

Quiz
Exercício

A Mais-Valia - A Luta entre Capital e Trabalho pelo Excedente Produtivo

INICIAR 

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Referências
GORENDER,JACOB. MARXISMO SEM UTOPIA.

MANDEL, ERNEST. A CRISE DO CAPITAL. São Paulo: Ensaio/Unicamp,1990.

MARX, KARL. MANUSCRITOS: ECONOMIA Y FILOSOFIA. Madrid: Alianza


Editorial, 1974.

MARX, KARL. O CAPITAL. São Paulo: Abril Cultural, 1984, volume I,II e III.

NETTO, JOSÉ PAULO & BRAZ, MARCELO. ECONO9MIA POLÍTICA: UMA


INTRODUÇÃO CRÍTICA. São Paulo: Cortez, 2009 ( Biblioteca básica de
Serviço social, v. 1).

SWEEZY, PAUL M. TEORIA DO DESENVOLVIMENTO CAPITALISTA. Rio de


Janeiro: Zahar, 1962.


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