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31/08/2021 AVA UNINOVE

Contexto de surgimento da 
Sociologia
Demonstrar como os eventos histórico-sociais da Idade Moderna, tendo como
proeminentes a Revolução Industrial e a Revolução Francesa, estão intrinsecamente
ligados aos movimentos teóricos que levarão ao entendimento da sociologia como
ciência.

NESTE TÓPICO
 Os saberes e a
religião
 O Renascimento

 O mundo no século
XVIII Marcar

 A Revolução tópico
Francesa





A Sociologia surge no século XIX e, em geral, é
entendida como a tentativa de compreender
cientificamente como se deram as profundas
mudanças pelas quais passou o mundo no período
conhecido como Idade Moderna (século XVI ao
XVIII), mais especificamente na Europa e,
também, os resultados das mesmas na
configuração das novas relações sociais. Por isso,
é imprescindível conhecer as condições sociais e
históricas que antecederam a constituição da 
Sociologia enquanto ciência e, compreender como

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estas transformações são os marcos de um novo


período, a Idade Contemporânea, com a
instituição da sociedade capitalista.

A Idade Moderna é considerada uma era de


transição na história do mundo ocidental. É
pensada assim porque compreende um período
significativamente mais curto que as eras
passadas, como a Idade Antiga e a Idade Média e
mais importante, nesse período encontramos o

velho e o novo, seja na política, na economia e na
cultura. Isso significa dizer que a Inglaterra fazia
suas revoluções derrubando o poder absoluto de
seu rei e implantando uma monarquia
constitucional enquanto que na França e outros
países europeus, os reis gozavam do poder
máximo consagrado pelo clero. A mesma França,
quando da Revolução de 1789, ainda vivia como
na Idade Média, baseada na servidão no campo,
enquanto que na Inglaterra a máquina a vapor já
atraia a população para o mundo urbano e para as
fábricas.

Em uma rápida pesquisa na internet você poderá


verificar que a Idade Moderna é o palco de muitos
eventos. Estamos falando de cerca de 300 anos
(1501 a 1800) em que ?outro mundo surgiu? com
as Grandes Navegações; a imprensa foi
inventada;  a Igreja Católica perdeu relativo
poder e uma nova religião cristã foi instituída, o
Protestantismo; as artes floresceram bem como a
Filosofia Moderna possibilitando o surgimento do
que chamamos de ciência; o Absolutismo caiu; a
Teoria dos Três Poderes fez surgir o Executivo,
Legislativo e Judiciário; revoluções
aconteceram...é muita coisa! E todos esses
eventos estão interligados num movimento que é
próprio da história da humanidade. 

Os saberes e a religião
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A busca do homem pela libertação do reino da


necessidade, da tirania e da superstição já era
uma bandeira antiga, que data da Idade Média.
Até aquele momento, o saber considerado como
capaz de libertar os homens era essencialmente
de caráter teológico. A Igreja Católica mantinha o
monopólio da formação intelectual, bem como
estavam em suas mãos a política, a jurisprudência
e todas as outras ciências.  Existência desse
monopólio não impediu a resistência. Engels

(1989) afirma que a oposição atravessa toda a
ordem feudal, ora como heresia ora como
insurreição armada.

A heresia, interpretação, doutrina ou sistema


teológico rejeitado como falso pela Igreja,
expressava as necessidades camponesas e
plebeias. Cabia aos plebeus expor as contradições
da sociedade da época, no combate, ao mesmo
tempo, ao feudalismo e à pequena burguesia
nascente. (Engels,1989)  Assim, o movimento
proletário moderno tem raízes na Idade Média,
sobretudo na Alemanha, quando as lutas dos
camponeses livres coincidem com as lutas dos
servos e vassalos pela destruição da dominação
feudal.

Os dogmas e a constituição da Igreja Católica,


foram atacados por Lutero pela primeira vez em
1517, quando ele ainda expressava um "vigoroso
temperamento camponês".

No entanto, já em 1520, dizia Lutero "à nobre


nação alemã" que a evolução deveria ser pacífica e
a resistência passiva, desfazendo-se claramente
dos elementos populares do movimento e unindo-
se à burguesia. Essa orientação de Lutero definiu
as instituições e dogmas que deveriam ser 
mantidos ou reformados e estabeleceu um
ambiente de negociações que deram origem aos

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fundamentos do luteranismo, em 1530,


apresentados pelo imperador Carlos V no
Congresso de Absburgo. A partir daí, reconhece-se
que a confissão evangélica tinha os mesmo
direitos que a católica.

Essas negociações que levaram ao


reconhecimento da confissão evangélica mostram
o caráter pequeno burguês da Reforma oficial, que
tem em Lutero seu representante declarado, que

pregava o progresso legal e tinha razões para isso.
Contudo, as negociações não conseguiram evitar a
eclosão da guerra camponesa em relação à qual
Lutero tentou assumir uma posição conciliadora
no início. O movimento estendeu-se rapidamente,
atingindo até regiões em que os príncipes,
senhores e cidades eram protestantes.

Diante disso, Lutero ao traduzir a Bíblia tinha


colocado à disposição do movimento plebeu um
poderoso instrumento, que permitia a
contraposição do cristianismo simples dos
primeiros séculos, ao cristianismo feudalizado da
época. Conforme Engels (1989), os camponeses
fizeram uso desse instrumento contra príncipes,
nobres e padres.

No entanto, Lutero se uniu à monarquia absoluta,


pregando a subserviência passiva e a servidão
sancionada pela Bíblia. A insurreição camponesa
e toda a rebelião contra a autoridade clerical e
laica foram renegadas por Lutero e, com isso,
tanto o movimento popular quanto o burguês
foram traídos em favor dos príncipes.

Além das disputas religiosas pelo centro do saber


e pela configuração de uma nova sociedade na
Idade Média, são formuladas teorias filosóficas
que buscam valorizar uma visão antropocêntrica e 
baseada na razão. Com esse ideário, surge no

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século XV, na Europa, um movimento de


renovação cultural conhecido como
Renascimento.

Os renascentistas questionam os dogmas da


Igreja Católica e a conduta de vida baseada neles,
ou seja, os moldes da cultura medieval. Ao longo
da Idade Média, vão imprimindo uma visão de que
o mundo deveria ser compreendido e explicado
por meio da reflexão e assim renunciam a uma

visão sobrenatural que imperava na época.

As guerras motivadas pela religião e a


consolidação dos estados nacionais dão impulso
fundamental ao Renascimento, que vai ganhando
autonomia em relação à teologia, num mundo que
se caracterizou de forma crescente pela
secularização e pela autonomia do saber. São
exemplos significativos das ideias renascentistas
o projeto de educação humanista e a defesa da
república como forma de governo, ambos com
base no retorno aos clássicos da Antiguidade.

O Renascimento
O ideário renascentista não se configurou em
grandes sistemas metafísicos, mas estabeleceu
novas questões e conceitos que marcariam o
desenvolvimento da filosofia moderna mediante a
indagação de três temas fundamentais: a
natureza, o homem e a sociedade.

O lugar do homem no novo mundo descrito pela


ciência se constituiu no ponto central do
heterogêneo grupo de pensadores chamados
tradicionalmente de humanistas. Eles
compartilharam a rejeição aos preceitos da
escolástica (corrente de formação que buscava

conciliar a fé cristã com um sistema de
pensamento racional), o desejo de recuperar e
reorganizar os valores culturais da antiguidade
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clássica e o interesse pela estética e a retórica.


Em linhas gerais, na configuração dos
pensamentos dessa época, prevaleceram o
humanismo cristão e a tendência à revalorização
de Platão e de Aristóteles.

Para os humanistas, segundo Lefort (1999, p.


210): ?a filosofia do renascimento se sobrepõe à
Reforma e à Idade Moderna, chegando ao século
XVIII a partir de seu desdobramento no

Iluminismo?. Este teve início na Inglaterra e na
França, mas se estendeu por toda a Europa. Para
esses pensadores, as formas de pensar a
sociedade, baseadas na tradição e na autoridade
religiosa, deveriam ser modificadas, assim como a
organização da sociedade, por meio de
instituições justas, com base nos ideais de
liberdade, igualdade e fraternidade, que iriam
marcar a Revolução Francesa.

Nesse sentido, os iluministas combatiam o Estado


absoluto que surgiu na Europa do século XV,
portanto, ainda no fim da Idade Média. Nesse
sistema de governo, o rei concentrava todo o
poder em suas mãos e governava se intitulando
um representante divino na terra, uma voz de
Deus, a qual até a igreja, não raramente, se
sujeitava. A ruptura da ordem feudal criou a
necessidade de estabelecer critérios adequados
para a organização das novas sociedades, o que
encorajou o desenvolvimento do pensamento
político e social.

Surgem as ideias de Nicolau Maquiavel (1469?


1527), que defendia a primazia da razão de
estado, e Thomas More (1478?1535), que era
partidário do universalismo ético e que via na
virtude a base do "estado ótimo". Ainda nessa 
época, Hugo Grotius (1583?1645) criou o direito
natural e Thomas Hobbes (1588?1679)

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desenvolveu sua ideia central, que era a defesa do


absolutismo e a elaboração da tese do contrato
social.

A difícil conciliação entre necessidade política e


lei moral constituiu desde o Renascimento uma
questão central na teoria política. Nesse aspecto,
a reflexão sistemática sobre a sociedade e suas
instituições teve a contribuição de outros autores,
como Voltaire (1694?1778), filósofo que defendia
a razão e combatia o fanatismo religioso, de Jean-

Jacques Rousseau (1712?1778), que buscou
evidenciar as causas das desigualdades e defendia
a democracia, e de Montesquieu (1689?1755), que
em sua crítica ao absolutismo, defendia a criação
de poderes separados (legislativo, judiciário e
executivo). Esses poderes, segundo ele, dariam
maior equilíbrio ao Estado, uma vez que não
haveria centralidade de poder na mão do
governante.

O Iluminismo, além de um movimento intelectual


e filosófico surgido no chamado "século das luzes",
que enfatizava a razão e a ciência como formas de
explicar o universo, foi também um dos
movimentos impulsionadores do capitalismo e da
sociedade moderna. Se os renascentistas e os
iluministas foram responsáveis por importantes
mudanças na esfera do pensamento, as
Revoluções Francesa e Industrial encarregaram-se
de colocar muitos desses pensamentos em ação,
transformando, na prática, a sociedade.

O mundo no século XVIII


Eric Hobsbawn (1991), considerado um dos
maiores historiadores de todos os tempos, faz
uma excelente análise do contexto histórico que 
antecede a Revolução Industrial e a Revolução
Francesa, ambas ocorridas na década de 1780

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demonstrando como as transformações do


período Iluminista foram surpreendentes. No que
se refere a quantidade e a rapidez com que
aconteceram, modificando o modo de ser da
população, predominantemente europeia, a partir
de exemplos do cotidiano.

"Entre a década de 1760 e o final do século, a


viagem de Londres a Glasgow foi reduzida de 10
ou 12 dias para 62 horas." (Hobsbawn, 1991, p.) A
distância entre as duas cidades é de 670 km e hoje

sabemos que é possível fazer esse percurso em
poucas horas. No entanto, o que é significativo é
pensar que em cerca de 40 anos a velocidade do
transporte aumentou quatro vezes. Do mesmo
modo, o serviço postal e o transporte marítimo
também ganharam em velocidade. O mundo nesse
período era considerado menor geograficamente
porque uma pessoa comum raramente saía de seu
vilarejo durante sua vida. Poucas pessoas
conheciam lugares mais distantes e, ainda assim,
o mundo conhecido era pequeno.

O que é aceitável é temporal, como  descreve o


sistema de comunicações e de ferrovias, como
sendo muito rápido no  século XVIII. Em 20 anos
(1760 e 1780)uma viagem que durava 10 ou 12
dias teve seu tempo diminuído para 62 horas (3
dias e 2 horas). Havia regularidade e rapidez nas
comunicações por correio. No entanto, em razão
do alto grau de analfabetismo, as cartas serviam a
poucos, que dirá o ato de viajar. Ninguém viajava,
ninguém conhecia outras terras, a não ser
comerciantes e homens de negócios.

Os portos sim, eram a grande atração para os


negócios, eram a porta para o mundo. Por mar as
distancias eram diminuídas, tudo chegava por

mar.

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Ninguém mudava de cidade/vilarejo, mas, por isso


mesmo, era incalculavelmente grande. Os jornais,
escritos pela elite e para a elite, eram lidos por
poucos, as notícias chegavam ao povo pelas mãos
dos mercadores. Além disso, o mundo era rural.

Na Rússia, Bálcãs e na Escandinávia, 90 a 97% era


área rural. Mesmo na Inglaterra, a população
urbana só ultrapassou a rural em 1851, quase cem
anos apos a Revolução Industrial. No entanto, só 
é possível falar em urbano ao se tratar de 2
cidades grandes (Londres, com 1 milhão de
habitantes) e Paris (1/2 milhão de habitantes) e
algumas outras cidades menores.

A população urbana detinha profundo desprezo


pela população rural e a tudo o que se referia ao
campo. A distinção era visível na religião, nas
atividades, nas roupas e até na aparência física.
Os urbanos eram mais altos e mais magros,
igualmente mais letrados e mais rápidos, mas
praticamente tão ignorantes a respeito do mundo
quanto os camponeses. No entanto, o campo
bancava a cidade, uma vez que a economia girava
em torno da agricultura. As cidades eram
prósperas a custa do campo.

A cultura feudal, no que se refere a privilégios de


uma nobreza,  permanecia neste período, ainda
que a economia fosse bem diferente. O sistema
agrário de alguns países já funcionava como
empresa na Inglaterra, através de médias
propriedades e de trabalhadores livres. Mas, na
maior parte da Europa, o progresso na agricultura
era lento e os obstáculos enormes.

No entanto, na esfera do comércio as coisas eram


bem diferentes: nos portos, mercadores e 
armadores eram os mais ricos, semelhante aos

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financistas. Havia um precoce capitalismo


industrial: o mercador comprava dos vilarejos
para vender nos mercados.

A ciência, não fragmentada, tinha como objetivo


solucionar problemas do mundo, em especial do
comércio e da indústria. O Iluminismo trouxe a 
convicção no progresso, na racionalidade, no
controle da natureza que voltou-se para o
progresso na produção, no comércio e na
racionalidade econômica. Além disso, as ideias

iluministas embasaram a teoria por trás do
progresso capitalista:  as ideias liberais. A ideia
de liberdade individual revolucionou o mundo,
rejeitando todas as prerrogativas feudais. Aqueles
que adotaram a ?teoria? mostraram-se menos
preocupados com a discussão filosófica das ideias
do que com o lucro e riqueza que tais slogans
possibilitaram.

Mesmo de posse desses ideais, a monarquia nunca


conseguiu ultrapassar o seu tempo, nunca
conseguiu revolucionar/transformar a sociedade.
Exemplo disso é que todos concordavam em
acabar com a escravidão mas, somente a
Revolução Francesa assegurou tal feito.

É no continente europeu e em algumas regiões


específicas que se observam essas características
provenientes "do triunfo do capitalismo liberal
burguês". Trata-se da dupla revolução (Francesa e
Inglesa), como lembra Hobsbawn, que se torna
uma revolução mundial estendendo-se para fora
da Inglaterra e da França na forma de uma
expansão européia e de conquista do resto do
mundo.

É importante salientar o impacto que a


consolidação da sociedade capitalista significava.

As novas formas de vida (urbana e de trabalhador
assalariado) e em um ritmo muito mais acelerado,

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levava as culturas tradicionais (com seus


costumes, formas de pensar e de se orientar na
vida) a processos de ?desintegração?, as
colocando sob a ameaça de desaparecimento.
Estamos referindo-nos a modos de vida
compartilhados pela maior parte da população
ocidental. Dessa forma, a Sociologia é pensada
como a ciência que ajudaria a explicar todos esses
processos e, por que não, auxiliando na
manutenção da ordem. 
Antes de adentrarmos no papel científico da
Sociologia em si, vamos entender um pouco quais
as transformações que as duas revoluções
trouxeram para o mundo ocidental.

A Revolução Francesa
A Revolução Francesa, que é datada como um
evento de 1789, é acompanhada por um longo
período de transformações em seu país (1789-
1799) e também em outros, tanto na Europa
quanto nas colônias além-mar, inspirando "outros
povos a derrubarem a tirania e a abraçarem a
liberdade, sofrendo como consequência a
oposição de forças conservadoras e
revolucionárias" (HOBSBAWN, 1991, p. 96).

Em termos políticos, a Revolução Francesa pôs


fim à Idade Média, redesenhou o mapa político da
Europa, dando lugar ao Estado moderno com
fronteiras claramente definidas, áreas governadas
por uma só autoridade e administradas por leis.

Fora da Europa, a Revolução Francesa inspirou os


movimentos de libertação colonial. Hobsbawn (p.
109) afirma que "sabia-se agora que a revolução
social era possível, que as nações existiam

independentemente das classes governantes". A
Revolução Francesa fez com que os Estados
Unidos, ex-colônia britânica que havia se tornado
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independente politicamente em 1776, caminhasse


no sentido de sua independência econômica.
Como dito antes, alguns países sofreram os ecos
da Revolução Francesa mas, em algumas regiões
da própria Europa a vida das pessoas continuava
como se nada tivesse acontecido.

Mas a Revolução Francesa significou também, a


ruptura e degradação de uma sociedade: de um
dia para o outro se acabaram todas as instituições

que configuravam a sociedade absolutista: as
ordens, as corporações, as confrarias, as
companhias, e o indivíduo se viu sozinho diante
do Estado.

No período em que estamos analisando o Ancient


Régime francês foi destruído. Isso significa dizer
que os privilégios da nobreza e do clero caíram,
ou seja, o voto eixou de ser censitário (mas,
somente masculino), a educação tornou-se
gratuita e universal enquanto o país estava sob o
governo dos jacobinos. Em 1790, a supressão das
ordens religiosas expulsou os monges, os edifícios
que os abrigavam foram abandonados e diversos
livros e manuscritos foram perdidos, o que pode
representar uma perda intelectual importante
para o mundo ocidental. Em 1794, os girondinos
assumem o poder e muitos dos privilégios são
retomados. No entanto, a ordem antiga,
absolutista e feudal, foi destruída pela Revolução
Francesa.

Fora do continente, esse período significou para a


Grã-Bretanha a expansão da economia com o
estímulo dado à produção industrial, com a
eliminação dos seus maiores competidores ? os
franceses ? e a captura de novos mercados. A
Revolução Industrial operada por esse país, teve 
início algumas décadas antes da Revolução
Francesa.

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Revolução Industrial
Tratamos a Revolução Industrial como o processo
iniciado por volta de 1760 na Grã-Bretanha que
modificou radicalmente o modo de produção,
impactando o mundo ocidental inicialmente e
hoje, de alcance global.

Essa revolução tem suas origens em outras duas



revoluções ocorridas no território britânico: a
Revolução Puritana (1642) e a Revolução Gloriosa
(1688). Ambas possibilitaram que o modelo
político fosse modificado e contribuísse para a
implantação do liberalismo político e econômico.
Sendo assim, a Grã- Bretanha tornou-se uma
Monarquia Constitucional, cujos poderes de
legislar estavam nas mãos da burguesia
ascendente com o comércio colonial.

Os lucros das transações, inclusive daquelas


realizadas pelas colônias, eram destinados às
comunidades mercantis europeias. Mais
fortalecida, a burguesia passou a investir também
no campo e criou grandes propriedades rurais,
novos métodos agrícolas para incrementar a
produtividade e racionalização do trabalho.

Os camponeses deixaram de ter trabalho no


campo ou foram expulsos de suas terras e se
dirigiram às cidades, onde foram incorporados
pela indústria nascente.

Manchester teve um papel primordial na


Revolução Industrial. Nessa cidade da Grã-
Bretanha, foi aplicada a máquina a vapor à
indústria têxtil pela primeira vez em 1789. Mas foi
em Manchester que vimos, em relação aos
trabalhadores, um processo que também se

expandiu para todo o mundo que se
industrializava.

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Eric Hobsbawn (1991) explica que o período de


1789 a 1848, tem seu triunfo não na indústria
especificamente, mas na indústria capitalista, na
sociedade burguesa liberal e em determinada
região geográfica do mundo: a Europa e alguns
trechos da América do Norte.

Segundo Hobsbawn (1991, p. 17 e 20), "a força


histórica do capitalismo revolucionário e da
ideologia comunista" é explicada pela reação às 
condições impostas pelo sistema capitalista e não
existiriam da mesma forma se o capitalismo não
tivesse se constituído e se expandido como o fez
naquele momento.

Mesmo com a expansão do modelo industrial


britânico para outros países da Europa e para os
Estados Unidos, a Grã-Bretanha continuou, até
1850, a ser o país mais industrializado do mundo.
Dois processos iniciados em solo britânico
ganharam âmbitos maiores: mudanças
progressivas no consumo com a introdução de
novos produtos no mercado e o deslocamento de
populações do campo para as cidades,
ocasionando grandes concentrações urbanas.

A descrição das condições dos trabalhadores no


início do século XIX expressa que as duas
revoluções tinham sido vitoriosas em alguns de
seus objetivos, mas tinham falhado na promessa
da emancipação do gênero humano. Tinham
falhado ao terem acenado com a libertação do
reino da necessidade, da tirania e da superstição.
(Engels, 1989).

A bandeira mais alta levantada nesse período, a


bandeira da razão em favor do homem, em vez de
promover a felicidade universal, levou a 
humanidade a vários tipos de regressões. Esse

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descompasso entre a promessa e sua realização


será tema de estudos de vários campos das
Ciências Humanas, inclusive da Sociologia.

Quiz
Exercício Final


Contexto de surgimento da Sociologia

INICIAR 

Referências
ENGELS, F. A situação da classe operária na Inglaterra, em Fernandes F.
(org.) Marx e Engels, Col. Grandes Cientistas Sociais/História. São Paulo:
Ática, 1989.

HOBSBAWN, E. A Era das Revoluções: Europa 1789¿1848. São Paulo: Paz e


Terra, 1991.

LEFORT, C. "Formação e autoridade: a educação humanista", em Desafios da


escrita política. São Paulo: Discurso Editorial, 1999.

MARTINS, C. B. O que é Sociologia? São Paulo: Brasiliense, 2002 .

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Tópico avaliado!
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