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JUNÇÃO NEUROMUSCULAR
o É a ligação entre a parte terminal de um axônio motor com uma placa motora (ou sinapse
neuromuscular).
o Porção terminal e não mielinizada do neurônio motor;
o Os nervos ligam-se aos músculos na junção neuromuscular. Aqui, as terminações das fibras nervosas
ligam-se a regiões especiais, localizadas na membrana do músculo, denominadas placas motoras
terminais. Essas placas contêm receptores que permitem ao músculo responder à acetilcolina, o
mensageiro químico (neurotransmissor) liberado pelos nervos para transmitir um impulso nervoso
através da junção neuromuscular.
o Quando o nervo estimula um músculo nessa junção, um impulso elétrico passa pelo músculo,
provocando assim a sua contração. Depois de transmitir o impulso, a acetilcolina é rompida, para não
continuar a estimular o músculo.
o Tóxico ou metabólico:
Botulismo;
Hipermagnesemia;
Drogas;
Intoxicação por pesticidas organofosforados;
Cobra, aranha e escorpião;
LEMS
o A síndrome de Eaton-Lambert geralmente precede certos tipos de câncer, principalmente do pulmão em
homens, ou ocorre conjuntamente ou se desenvolve depois da doença.
Idade média de início com tumor de pequenas células associado – 60 anos (MAIORIA HOMENS).
o Os médicos suspeitam de síndrome de Eaton-Lambert com base nos sintomas, mas, para estabelecer o
diagnóstico, é necessário realizar uma eletromiografia.
o Sintomas:
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Fadiga;
Boca seca;
Queda das pálpebras;
Dor nos braços e nas coxas;
Distúrbio autonômico (boca seca);
Arreflexia;
Os homens podem ter disfunção erétil;
o Fisiopatologia:
Anticorpos que interferem na liberação da acetilcolina (em vez de atacar os seus receptores
como na Miastenia Gravis);
Produção de anticorpos contra os canais de cálcio voltagem dependentes da placa pré-sináptica
prejudicam a transmissão neuromuscular através da inibição da entrada de cálcio e
subsequentemente da liberação de acetilcolina na fenda sináptica.
Dificuldade de liberar acetilcolina não estimula a fenda pré-sináptica.
90% dos casos os anticorpos contra os receptores de canal de cálcio voltagem dependentes
estão presentes;
o Diagnóstico Eletromiografia;
Quando fazemos o estímulo proximal, a medida que aumentamos o choque, o potencial de ação
sobre até um determinado limite (normal);
Nos pacientes com essa patologia, podem ser encontrados potenciais de fibrilação, ondas
agudas positivas de curta duração e baixa amplitude de potenciais.
o Tratamento:
Tratamento do tumor quando presente e manejo sintomático;
AChE inhibitors não são efetivos;
3,4-diaminopyride (3,4-DAP) 10mg 3x/dia (80mg = dose máxima);
Corticosteroides e plasmaferese podem ser úteis em alguns casos;
o Lembrar dessa doença em casos de fraqueza muscular proximal que com o tempo evolui para fraqueza
generalizada, mas dificilmente pega face;
MIASTENIA GRAVIS
o Doença autoimune progressiva da junção neuromuscular;
o Doença rara (7-23/1000000);
o Idade bimodal de distribuição
Pico por volta dos 30 anos nas mulheres e 50 anos nos homens;
Miastenia gravis neonatal, forma transitória em neonatos, relacionada com a passagem via
placentária de anticorpos maternos.
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o Classificação:
Clínico (ocular X generalizado);
Severidade da doença;
Tipo do anticorpo;
Associado a patologia tímica (se tiver timoma fazer timectomia; geralmente o paciente
melhora da doença);
Idade de início;
o Clínica:
Fraqueza da musculatura esquelética com padrão flutuante e fatigável (o paciente acorda bem e
a medida que vai fazendo suas atividades vão aparecendo os sintomas);
Melhora com o repouso e piora após exercícios.
Movimentos repetitivos no final do dia.
Diplopia;
Disfagia
Ptose palpebral;
Debilidade facial ao mastigar e/ou falar;
Dificuldade para levantar-se;
Dificuldade de manter os braços acima dos membros;
Quedas frequentes;
o Apresentação inicial:
> 50% iniciam com sintomas oculares, ptose ou diplopia;
15% iniciam com sintomas bulbares, disartria, disfagia e fadiga na mastigação;
< 5% iniciam com fraqueza proximal de membros isolada;
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o Evolução:
Inicialmente os sintomas são transitórios e novos sintomas costumam aparecer em meses a
anos;
Dentre os com forma ocular isolada 50% irão desenvolver a forma generalizada em 2 anos
(presença de auto anticorpos e decremento na estimulação nervosa repetitiva na
eletromiografia, não são indicativos de progressão da doença);
Classicamente se divide em 3 fases:
Fase ativa:
o Muitas flutuações e com manifestações severas, que ocorrem até 5-7 anos de
doença.
o A maioria das crises miastênicas acontecem aqui.
Fase com sintomas presentes, porem mais estáveis.
o Piora normalmente ocorre seguida de infecções, gravidez, etc.
Fase tardia:
o Onde pode ocorrer a remissão, em pacientes livres de sintomas com
imunoterapia ou mesmo com a retirada completa da medicação.
o Na fase tardia, alguns paciente lá pelos seus 50 anos conseguem até ficar sem
medicação.
o Crise miastênica:
Situação muito grave, que necessita de rápido diagnóstico e tratamento;
Cerca de 10-20% dos pacientes com miastenia apresentam ao menos 1 episódio de crise
miastênica durante a vida;
Acontece na maioria das vezes nos primeiros anos do diagnóstico da miastenia, por esta ser a
fase mais ativa da doença;
Manifesta-se com fraqueza generalizada subaguda, incluindo musculatura respiratória, bulbar e
apendicular, quase sempre necessitando de suporte ventilatório;
Frequentemente é desencadeada por infecções, uso de medicamentos, estresse físico e
emocional, calor excessivo e gestação.
o Diagnóstico:
Exame clínico anamnese compatível;
Exame físico:
Fraqueza muscular, reflexos miotativos normais ou diminuídos;
Teste de Simpson e Gorelick:
o Simpson ptose quando ficar olhando para cima por muito tempo;
o Gorelick no olho em que ficou com ptose fazemos abertura forçada, então o
outro olho cai.
Ice Pack teste (teste do gelo) – sensibilidade 80% - colocar gelo sobre o olho ptótico por
2 minutos:
o Quando o olho abre - 92% = miastenia gravis;
o Quando o olho não abre = não miastenia gravis;
Teste com edrofonio – inibidor da acetilcolinesterase de início de ação rápido e curta
duração.
Laboratorial:
Descartar outros possíveis diagnósticos;
Anti-AChR (85% GMG – 50% OMG);
o 85% dos pacientes com a forma generalizada tem esse anticorpo positico;
o 50% dos pacientes com a forma visual isolada;
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Anti-MUSK (2- 10%); - quando tem MUSK + a doença costuma ser mais agressiva!!!
o Caro;
o Só pedir se Anti-AChR for negativo;
LRP4 (1-20%);
TC/RM de mediastino:
Quando anticorpos positivos 75% de chance de alteração no timo;
o Tratamento:
Inibidor da colinesterase:
Maestinon;
Piridostigmina 60mg, início de ação 15-30 min, pico de ação em 2h, efeito por 3h.
o Adolescente/adultos: iniciar com 30mg 3x ao dia, com ajustes conforme
resposta clínica dose máxima de 120mg a cada 4h.
o Crianças: Iniciar com 0,5-1mg/Kg a cada 4-6h.
o Efeitos colaterais Dor abdominal, diarreia, salivação excessiva, aumento da
secreção brônquica, náusea, sudorese e bradicardia. Efeitos nicotínicos, como
fasciculações e câimbras podem ocorrer.
Neostigmina EV, pode ser utilizado como teste terapêutico, com necessidade de
monitoramento hospitalar.
Imunossupressão:
Prednisone;
Cyclosporine;
Azathioprine (imuran);
A droga mais usada é azatioprina, mas demora cerca de 6 meses para iniciar o efeito. Por isso
começamos com corticoide e depois de 6 meses vamos tirando e deixamos só azatioprina.
Cirúrgico Timectomia (para ajudar nos casos que são resistentes a imunomoduladores);
Com timoma, sem duvida, faz timectomia.
Com hiperplasia e sem doença controlada é indicado.
Cada vez está se fazendo mais.
o Considerações especiais:
Idade de início dos sintomas:
>60 anos Menor benefício com timectomia
Crianças terapia individualizada, uso com cautela de glicocorticoides, azatioprina,
ciclosporina e Micofenolato de mofetil;
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Gravidez e puerpério:
Piora clínica no primeiro trimestre e no primeiro mês pós-parto;
Não modifica o desfecho a longo termo;
Imunização:
Influenza e pneumocócica;
Imunodeprimidos evitar vacina com agente atenuado;
CASO CLÍNICO
o Mulher, 53 anos, fraqueza proximal nas pernas com 4 meses de evolução. Refere também boca seca,
dificuldade para deglutir e perda de 5kg;
Nenhum diagnóstico de início;
6 meses depois – câncer de pulmão;
Sintomas de fraqueza melhoraram após cirurgia e QMT para o câncer;
Diagnóstico = LEMS;