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Aula de 12/2/21

Sumário: Continuação da leitura do conto em análise. Noção de ironia e de personagem tipo.


Revisão dos tempos compostos.

Ponto de situação: Devido ao adormecimento de Clio, os árabes do século XII e os lisboetas do


século XX aparecem frente a frente. Perante esta situação, Yussuf tem uma reação emotiva,
quer rezar; Muftar tem uma atitude racional, dá uma ordem que impede a anarquia e a
confusão – “que ninguém se mexesse” e procura compreender o que se passa antes de tomar
uma decisão.

Temos caraterização física de Muftar (direta): barbicha afilada.

As explicações de Muftar para o que se está a passar têm a ver com a forma como se via e
entendia o mundo na Idade Média. Para estes homens a explicação dos factos e dos
fenómenos com base na magia e no fantástico não tinha nada de irracional. Eles acreditavam
que o mundo estava cheio de seres mágicos e os milagres aconteciam a todo o momento.
Ainda não era comum o pensamento racional e científico como o conhecemos agora, por isso
as explicações de Muftar, parecendo-nos estranhas hoje, são adequadas a um homem daquele
tempo. Ele coloca várias hipóteses, todas do lado fantástico, mágico ou transcendente (para
além da realidade concreta).

O polícia Manuel Reis Tobias é uma personagem secundária, introduzida pelo autor para
criticar, através da ironia como descreve a sua atitude perante esta situação, a atuação de
algumas forças policiais ou de autoridade.

Ironia: Expressão ou gesto que dá a entender, em determinado contexto, o contrário ou algo


diferente do que significa. Assim, quando o narrador refere que o polícia tem “propósito sábio
e louvável de surpreender contraventores aos semáforos”, tendo em conta a sua atitude
percebemos que o que ele quer dizer é que o propósito não é sábio, não é inteligente, não é o
adequado, nem louvável, pelo contrário é criticável.

O polícia é membro de uma força que deve cuidar da segurança da população e não de multar.
Estando ele de serviço junto de um semáforo, a sua preocupação base seria impedir que as
pessoas passassem no vermelho e isso conseguir-se-ia com a sua presença, mostrando-se ele
poderia dar segurança e fazer com que as pessoas não tomassem atitudes irrefletidas. Mas ele
está escondido. A sua única preocupação é passar multas, é esperar que as pessoas não
cumpram para depois passar uma multa. Ora esta atitude não é sábia e muito menos louvável.
Por isso é que temos aqui a ironia.

Personagem tipo - personagem que se considera representativa dos comportamentos e das


características físicas e psicológicas de uma classe ou de um grupo social. Figura humana que
representa um determinado tipo de comportamento.

Neste caso, o polícia representa as figuras de autoridade que estão mais interessadas em
penalizar do que em garantir a segurança das pessoas. A crítica aqui presente é dirigida a este
polícia em particular enquanto representante da maneira de agir e de pensar de um
determinado grupo de polícias ou de autoridade.

Neste polícia também é criticada a sua linguagem pouco clara, o artificialismo, o excesso de
elementos, o uso de uma linguagem “cifrada”, isto é quase em código. Reparem que o que
temos é um resumo.
Tempos compostos:

Os tempos compostos formam-se com um verbo auxiliar e o verbo principal. O verbo auxiliar é
Ter ou Haver e o verbo principal aparece no particípio passado.

1) No modo indicativo:

a) Pretérito perfeito - composto – O verbo auxiliar encontra-se no presente do


indicativo. Indicando um facto que tem ocorrido com frequência ultimamente. O pretérito
perfeito composto dá a ação como tendo início num momento anterior ao momento em que é
dito, prolongando-se até esse momento, e, consoante o significado lexical do verbo, exprime
que a ação ocorreu um certo número de vezes (valor frequentativo).

Ex.

Eu tenho estudado demais ultimamente.

Eu tenho encontrado muitos erros.

Nós temos visto muitas coisas.

b) Pretérito mais – que - perfeito composto – O verbo auxiliar encontra-se no pretérito


imperfeito do indicativo. Indica um facto passado, anterior a outro igualmente passado.

Ex.

Eu tinha encontrado muitos erros.

Nós tínhamos visto muitas coisas.

c) Futuro composto – O verbo auxiliar encontra-se no futuro simples do indicativo. O


futuro composto dá a ação como posterior a um ponto de referência relativo, indicando a ação
como terminada:

Ex.

Nessa altura, eu terei encontrado muitos erros.

Nós teremos visto muitas coisas.

-ex. uma ação futura será concluída antes de outra:

Quando o inspetor chegar, já terei acabado a prova.

- ex. a possibilidade de ter ocorrido um facto passado.

Terá sido de Rui Barbosa essa declaração?


d) Condicional composto – O verbo auxiliar encontra-se no condicional.

Ex.

Eu teria encontrado muitos erros.

Nós teríamos visto muitas coisas.

e) Gerúndio composto – O verbo auxiliar encontra-se no gerúndio.

Ex.

Eu tendo encontrado muitos erros.

Nós tendo visto muitas coisas.

Nota: O verbo intervir conjuga-se como o verbo vir, isto é, por exemplo o presente do verbo vir
é:

Eu venho, tu vens… então o presente do verbo intervir será eu intervenho, tu intervéns.

Assim, se o particípio passado do verbo vir é vindo, o do verbo intervir será intervindo.

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