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FFLCH-USP

Gabriel Henrique Borges

Nº USP: 10764381

Turno vespertino

História Ibérica I – Dra. Ana Paula Torres Megiani

Trabalho de conclusão do semestre

Análise e síntese da fonte “Tratado dos feitos de Vasco da Gama e seus


filhos na Índia”, COUTO, Diogo do.

Parte A: Síntese do texto


A fonte aqui estudada no presente trabalho inicia-se, antes da narrativa biográfica
propriamente dita, com duas partes de fundamental importância na totalidade da
São Paulo
2018
obra, que são uma dedicatória e uma epístola. Na dedicatória, Diogo do Couto
anuncia a natureza do seu tratado biográfico desde já exaltando a figura de seu
homenageado: Dom Vasco da Gama, primeiro conde da Vidigueira, almirante do
mar da Índia. Aqui também ele anuncia quem é seu interlocutor, o bisneto de Vasco,
Dom Francisco da Gama, e a si próprio enquanto cronista e autor da obra.

A epístola que vem a seguir trata-se de um diálogo direto com Dom Francisco onde
se expressa uma opinião bastante crítica do autor com relação aos herdeiros de
Vasco da Gama até aquele momento. Ele se mostra grandemente indignado com o
fato de nunca ter sido ordenada qualquer escrita em memória dos grandes feitos de
Vasco da Gama, alegando que isso seria uma imensa irresponsabilidade e
fundamentando sua crítica com descrições de tais feitos e fazendo comparações
com grandes figuras da história clássica. Ao fim, em sua última recomendação ao
destinatário, Couto mostra claramente seu objetivo com essa fonte, que concerne ao
fato de que ela seja como uma espécie de cartilha que perpetue na casa da
Vidigueira para que os herdeiros futuros possam se inspirar no exemplo de seu
fundador.

A narrativa, por sua vez, possui uma forma e um conteúdo bastante diferentes das
etapas iniciais da fonte. Aqui, o autor deixa de lançar um olhar crítico e passa a
descrever os acontecimentos da viagem de Vasco da Gama de forma quase épica e
heroica, vindo de encontro coerentemente com seu objetivo de estabelecer uma
relação de modelo a ser seguido entre ele e seus herdeiros. No primeiro capítulo ele
narra os prelúdios do que viria a ser a grande expedição de Vasco, mostrando,
também em forma de exaltação, como o rei Manuel conseguiu levar adiante a ideia
de procurar uma rota nova para as Índias mesmo com a oposição de muitos
membros de sua corte.

No segundo capítulo, o autor começa agora a narrar os preparativos e as


cerimônias na partida de Vasco da Gama ao mar, sua relação com o Rei e,
finalmente, sua jornada até o Cabo da Boa Esperança. Aqui ele versa sobre os
ordenamentos e missões incumbidas a Vasco, dos suprimentos e recursos dos
quais a esquadra teria a seu dispor, e, já na viagem, das primeiras relações com os
povos africanos que os navegadores encontraram nos portos a caminho. Dentro
dessa narrativa quase épica, o capítulo terceiro abre um momento de tensão e
novidade, pois descreve os primeiros acontecimentos de Vasco para além do Cabo
da Boa Esperança, nomeadamente, no Moçambique, onde até então o homem
europeu jamais havia chegado. Nessas terras encontram nativos que já aparentam
ter algum contato anterior com especiarias, metais preciosos e com as próprias
Índias, fato que é demonstrado em uma conversa com alguns nativos que, em
árabe, falam sobre naus de comerciantes. Os capítulos quarto e quinto encerram
esse arco de aparente otimismo narrando como Vasco vai negociar alguns pilotos e
mantimentos para a viagem até os portos indianos com o xeque daquele povo,
entretanto, sendo traído no processo. A dimensão de conflito ganha força na
narrativa com diversas reviravoltas que colocam em perigo real a esquadra,
passando da fuga do Moçambique para Mombaça e, finalmente, o estabelecimento
da paz após o temor por parte dos africanos. O sexto e último capítulo narra a
chegada dos portugueses em Melinde, onde se dá a procura por um novo piloto
capaz de guia-los até Calicute. Uma vez conseguido tal feito por meio de um tratado
de paz com o rei desse local, a esquadra parte para o porto indiano e, segundo o
autor, se cumpre a vontade divina que os guiou ao longo da viagem e os salvou de
uma alegada vilania dos africanos.

Parte B: Análise da fonte


A princípio, qualquer estudo de fonte não deve se desmembrar, antes de qualquer
coisa, de uma rigorosa análise do contexto no qual o documento foi produzido e,
principalmente, quais as mentalidades em vigência naquele tempo e espaço que
influíram sobre a consciência de seu autor. Trata-se de conceber aqui qual era o seu
espaço de experiência como forma de metodologia de análise 1. O tratado biográfico
de Diogo do Couto, datado do final do século XVI e escrito em Goa, na Índia
portuguesa, oferece um indicador de prima serventia para essa análise em sua
epístola, pois é onde ele toma uma posição clara e crítica acerca da natureza de sua
obra, o que nos revela certos aspectos que permitem desdobrar mentalidades e
concepções de mundo em seu repertório. Como já descrito anteriormente, na
epístola há uma grande exaltação dos feitos de Vasco da Gama com o intuito
explicitamente modelar, no sentido de preservar uma memória passada que possa
iluminar a consciência de uma posteridade que retorne a valores e virtudes desse
1
KOSELLECK, Reinhard, Futuro passado. Contribuição à semântica dos tempos históricos. Rio
de Janeiro: Contraponto Editora; Editora PUC Rio, 2006, cap. XIV: “Espaço de experiência”,
“horizonte de expectativa”: duas categorias históricas. pp, 309-314.
homem grandioso, segundo a construção da figura de Vasco da Gama. Aqui se
revela muito mais que um objetivo que parte do texto e encerra-se em si mesmo,
mas concretamente há uma concepção cíclica da história implícita, em que após um
passado glorioso e um período intermediário de estagnação, encontramos no
presente a necessidade de um retorno, mentalidade essa legitimada pelo apelo da
autoridade de Sêneca como um previsor dos feitos de Vasco da Gama. Expandindo
o campo de visão, é inevitável não perceber que o autor está escrevendo segundo a
lógica renascentista que vigorava no mundo letrado naquele tempo e espaço 2.

Para além do espaço de experiência do autor, uma segunda escala de observação


que nos revela mais sobre a obra é a linguagem e o encadeamento de ideias que
ele constrói ao longo das páginas, pois, antes mesmo de adentrar no conteúdo, é
necessário compreender porque Couto se expressa de tal ou qual maneira e o que
esse caráter de sua escrita pode querer dizer. Como também já brevemente
exposto, a exaltação de personalidades é um recurso largamente utilizado pelo
autor, principalmente em duas personagens, o rei Dom Manuel e Dom Vasco da
Gama, notadamente que a primeira subordinada à segunda. Evidentemente essas
escolhas também revelam mais da visão de mundo predominante naquele espaço
de experiência, que é uma visão humanista de que os grandes feitos são resultados
das virtudes e da inspiração divina sobre grandes homens, mas há nisso também
uma estratégia retórica pautada no próprio objetivo do texto, isto é, na proposta de
um retorno a Vasco da Gama. Entretanto, Couto vai além e engendra uma proposta
de engrandecimento ousada ao ponto que a própria autoridade clássica dos valores
greco-romanos é posta como superada pelos feitos de Vasco da Gama, por
exemplo, nas comparações entre a sua expedição com a lendária viagem de Jasão
e os Argonautas. Tal proposta vai bastante de encontro com Luís de Camões que
oferece uma visão de mesma espécie quando versa que “Cesse tudo o que a Musa
antiga canta;/ Que outro valor mais alto se alevanta” (7-8) 3.

Finalmente, no conteúdo do texto, algumas passagens levantadas pelo autor


implicam discussões que devem ser aqui analisadas. Sobretudo no primeiro
capítulo, Couto apresenta uma espécie de gênese da nação portuguesa pautada em

2
FALCON, Francisco J. C., Tempos Modernos. Ensaios de História e Cultura. Descobrimentos,
mentalidades e cultura. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000, pp.199-207.
3
CAMÕES, Luís de, Os Lusíadas. São Paulo: Martin Claret, 2012. – (Coleção a obra prima de cada
autor; 33), canto primeiro. pp, 18.
aspectos bastante interessantes para se compreender aquela sociedade, sendo
esses a dilatação da fé católica em função do combate ao Islã que dominava uma
vasta região ao sul da Península ibérica. Essa afirmação é dotada de sentido ao
levar-se em consideração o papel da Reconquista, isto é, da luta contra o Islã, na
constituição de um mito unificador da Cristandade ibérica que resultou na formação
de uma ideia de nação com uma missão histórica de expandir a religião cristã por
todo o mundo4. Além da formação desse ideário de um destino revelado por Deus
aos ibéricos, a Reconquista teve suas consequências materiais bastante claras no
que concerne a um novo conceito de exercício de poder e de organização da
sociedade sempre voltados para a guerra contra o mouro e o fortalecimento da
Cristandade, o que fica claro no tratado de Couto em momentos bastante
específicos como a seguir:

[...] porque os intentos daqueles bem aventurados reys forão


todos fundados na dilatação da fee cathollica e estripação da falca
ceita de Mafamede que hia acendendo o mundo com suas
labaredas e assim deitarão de todo aquelle Reyno todos os
mouros [...] e de todos os felicíssimos reys o que mais dezejou
levar aquella vos do Evangelho the os fins da terra e de se fazer
ser conhecido por toda ella o nome de Jezus foi el rey Dom Ioão o
segundo [...] (COUTO, 1599, pp 31).

Uma vez compreendida essa mentalidade de gênese, a descrição do rei Dom


Manuel parece se encaixar muito coerentemente com um ideal de expansão da Fé
católica e da presença portuguesa em todo o mundo como prioridade da política
ultramarina em Portugal, embora seja possível constatar algumas características
particulares da Coroa justamente quando a posição do Rei encontra resistência de
sua corte quanto a uma disputa sobre investir ou não em uma nova rota para as
Índias. Essa passagem se mostra bastante reveladora ao conceber-se a ideia de
que os interesses da Coroa não são os mesmos de sua corte, e que a característica
de um império cosmopolita é um reforço da autoridade real, uma vez que qualquer
pretensão de aumento do poder real no seu próprio território entra em choque com
tendências particularistas tradicionais da nobreza portuguesa que compõe a corte5.
Por outro lado, a posição tomada pela corte também é bastante significativa sob

4
RUCQUOI, Adeline, História Medieval da Península Ibérica. Lisboa: Estampa, 1995, cap II: A
Reconquista como mito unificador. pp. 215-216.
5
BARBOSA, F°, Rubens, Tradição e Artifício. Iberismo e barroco na formação americana. Belo
Horizonte/Rio de Janeiro: Ed. UFMG/UFPERJ, 2000. cap. VI, Absolutismo e neotomismo na Ibéria
do século XVI. pp. 259-278.
esse ponto de vista, pois mostra que seu conservadorismo na ideia de manter as
rotas comerciais até as Índias pela via egípcio-mameluca e pelo Levante pode não
ter se dado apenas por uma questão de essa rota ser bastante estável e construída
historicamente como uma alternativa que visava justamente um caminho pacífico
para o Oriente6, mas como uma estratégia política de limitar os poderes reais
crescentes. Ademais, uma expansão cosmopolita até a Índia através da circum-
navegação da África significava romper com o monopólio que as repúblicas italianas
mantinham sobre as especiarias orientais, e daria a Portugal um novo contorno de
nação comercial independente das tradicionais negociações com os italianos 7. À
altura de uma construção de hegemonia sobre cada vez mais produtos, a Coroa
assumia uma política econômica centralizadora quer por domínio absoluto das
riquezas, quer por concessões de exploração com porcentagens sobre o lucro dos
arrendatários, quer por impostos alfandegários 8. A passagem desse tratado que
narra esses conflitos é, então, fundamental para extrair importantes características
de práticas e interesses de grupos governantes do Império português na época de
Vasco da Gama e como seu papel e importância não escapam da mentalidade do
cronista.

Outra linha de força muito importante no meio político português que aparece no
tratado é a Ordem de Cristo, no momento anterior à partida de Vasco da Gama
quando ele precisa fazer um juramento perante Deus e o Rei. Dessa forma, a
narrativa de Diogo do Couto não deixa de, por um lado, apresentar o caráter de
missão divina atribuído à expedição de Vasco da Gama, mas também a total
inserção dos poderes eclesiásticos, em especial as Ordens religiosas, dentro do
aparato do Estado português, o que também não se desvincula das tendências e
interesses envolvidos na complexa relação de forças em Portugal 9. É ainda nessa
região do tratado que se mostra com força uma outra mentalidade do período como
forma de justificativa místico-religiosa das expedições atlânticas: a procura do Preste
João. Como mostra Boxer (1969):

6
GODINHO, Vitorino Magalhães, A Expansão Quatrocentista Portuguesa. Lisboa: Publicações D.
Quixote, 2007. cap. III, Os Turcos Otomanos e a gênese da expansão europeia. pp. 71-88.
7
BOXER, Charles Ralph, O Império marítimo português (1415-1825). Lisboa: Edições 70, 1969.
Cap I: O ouro da Guiné e o Preste João. pp 39.
8
BOXER, Charles Ralph, O Império marítimo português (1415-1825). Lisboa: Edições 70, 1969.
Cap XIV: Mercadores, monopolistas e contrabandistas. pp 307-315.
9
PALOMO, Federico, A Contra-Reforma em Portugal 1540-1700. Lisboa: Livros Horizonte, 2006,
pp. 30-55.
Mas em Portugal, como em toda a parte, acreditava-se
indubitavelmente que esse misterioso rei-sacerdote, uma vez
localizado em definitivo, seria um aliado inestimável contra os
Muçulmanos, quer fossem eles Turcos, Egípcios, Árabes ou
Mouros. No que diz respeito aos Portugueses, esperavam
encontrá-lo numa região africana, onde poderia ajudá-los contra
os Mouros. (p. 37-38)

A menção a Preste João mostra, além da natureza da expedição vinculada a


interesses reais, mercantis, hegemônicos e de inspiração divina, uma reminiscência
do passado cruzadístico que ocupa um grande espaço no imaginário cultural
português. A crescente influência muçulmana, da qual Couto na época da escrita
deste documento já fora testemunha de sua maior ascensão, é um fator de notável
inquietude na Cristandade europeia, principalmente na Península Ibérica, pois, as
complexas relações com esses povos abalavam princípios fundamentais do modo
de vida e do ideário cristão. A época quatrocentista é um momento crucial em que o
domínio muçulmano sobre os cristãos já não é mais pela via armamentista, mas pela
via geográfica, controlando as principais rotas comerciais orientais 10. A visão que
Couto lança sobre os muçulmanos da costa leste do continente africano nos
capítulos subsequentes parece ser bastante demonstrativa de um certo desdém ao
muçulmano, visto que dentro da narrativa, os homens de Moçambique e Mombaça
principalmente, são representados como vingativos, traidores e indignos de
confiança, contribuindo para a complicação heroica da história.

Apesar disso, Diogo do Couto não deixa de lançar luz a um elemento fundamental
nas relações entre cristãos e muçulmanos que é o intercâmbio tecnológico e
científico entre ambos, característica essa que, em linhas gerais, fundou o projeto de
navegação em dimensões maiores uma vez que irradiada para o Atlântico 11. Nesse
sentido, o diálogo entre Vasco da Gama e o piloto de Melinde é uma excelente
representação da própria história das Grandes Navegações.

Em conclusão, o documento de Diogo do Couto perpassa sua própria natureza, com


objetivos e destinatário específicos, e torna-se um importante reflexo de aspectos de
suma importância da história de Portugal, como a formação de mentalidades,
concepções de poder, instituições, linhas de força política e, enfim, das relações

10
Idem referência 6, pp 75-88.
11
GODINHO, Vitorino Magalhães, Os Descobrimentos e a Economia Mundial. Lisboa: Presença,
1981-19803. 4 v. Introdução.
entre a Cristandade e os mais encarniçados inimigos e contribuidores de sua
história. Diogo do Couto enquanto autor é também digno de nota, pois ao se
esmiuçar as suas escolhas, suas impressões, suas críticas e seu estilo de
expressão, abre-se uma perspectiva de análise sobre o que era o homem português
naquele período e quais eram seus espaços de experiência e horizontes de
perspectiva, ou, em outras palavras, como se dava sua inserção naquele tempo
histórico em meio a determinadas mentalidades e concepções de mundo.

Bibliografia
BARBOSA, F°, Rubens, Tradição e Artifício. Iberismo e barroco na formação
americana. Belo Horizonte/Rio de Janeiro: Ed. UFMG/UFPERJ, 2000. cap. VI,
Absolutismo e neotomismo na Ibéria do século XVI. pp. 259-278.
BOXER, Charles Ralph, O Império marítimo português (1415-1825). Lisboa:
Edições 70, 1969. Cap I: O ouro da Guiné e o Preste João. pp 39.

BOXER, Charles Ralph, O Império marítimo português (1415-1825). Lisboa:


Edições 70, 1969. Cap XIV: Mercadores, monopolistas e contrabandistas. pp
307-315.

CAMÕES, Luís de, Os Lusíadas. São Paulo: Martin Claret, 2012. – (Coleção a obra
prima de cada autor; 33), canto primeiro. pp, 18.

COUTO, Diogo do. Tratado dos feitos de Vasco da Gama e seus filhos na Índia
(manuscrito 1559). Edição Cosmos, Lisboa:1998 – Epístola e cap. 1-6.

FALCON, Francisco J. C., Tempos Modernos. Ensaios de História e Cultura.


Descobrimentos, mentalidades e cultura. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
2000, pp.199-207.

GODINHO, Vitorino Magalhães, A Expansão Quatrocentista Portuguesa. Lisboa:


Publicações D. Quixote, 2007. cap. III, Os Turcos Otomanos e a gênese da
expansão europeia. pp. 71-88.

GODINHO, Vitorino Magalhães, Os Descobrimentos e a Economia Mundial.


Lisboa: Presença, 1981. Introdução.

KOSELLECK, Reinhard, Futuro passado. Contribuição à semântica dos tempos


históricos. Rio de Janeiro: Contraponto Editora; Editora PUC Rio, 2006, cap. XIV:
“Espaço de experiência”, “horizonte de expectativa”: duas categorias
históricas. pp, 309-314.

PALOMO, Federico, A Contra-Reforma em Portugal 1540-1700. Lisboa: Livros


Horizonte, 2006, pp. 30-55.

RUCQUOI, Adeline, História Medieval da Península Ibérica. Lisboa: Estampa,


1995, cap II: A Reconquista como mito unificador. pp. 215-216.

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