Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Departamento de História
2º AVALIAÇÃO
Questão A) Compare a maneira como dois desses autores articulam suas visões sobre
as relações entre sujeito/agente/indivíduo e sociedade.
Tanto Lévi-Strauss como Pierre Bourdieu são expoentes das ciências sociais do
século XX que compreendem que para analisar a dimensão do social entre grupos
humanos não basta pensá-los como agrupamentos de indivíduos independentes entre si,
mas antes, como um complexo de relações que envolvem tanto elementos humanos
como instituições, acontecimentos históricos e, fundamentalmente, símbolos e sistemas
de representação.
1
LÉVI-STRAUSS, Claude. Antropologia Estrutural. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1967. pp. 34-41.
2
BOURDIEU, Pierre. Campo Intelectual e projeto criador. In: POUILLON, Jean et al. Problemas do
Estruturalismo. Rio de Janeiro: Ed. Zahar, 1968. pp. 136-139.
Embora haja esse chão comum entre os autores, é a partir do aprofundamento da
ideia do subconsciente social que ambos vão cada vez mais se distanciando, sobretudo
quando se lança o foco na relação do indivíduo com a sociedade. Lévi-Strauss, em
contraposição a certas tradições funcionalistas, vai colocar a importância de as ciências
sociais levarem em conta o fator humano, uma vez que “os fatos sociais não são
redutíveis a fragmentos esparsos, eles são vividos por homens e esta consciência
subjetiva, bem como seus caracteres objetivos, é uma forma de sua realidade”3. Não
obstante, é justamente contra uma suposta passividade do indivíduo diante de certas
condições determinantes em Strauss que Bourdieu constrói sua teoria do agente, em
franca oposição ao sujeito straussiano4.
8
BOURDIEU, Pierre. Op. cit., 1968. pp. 143.
9
BOURDIEU, Pierre. Op. cit., 1968. pp. 105-113.
10
Como exemplo disso, Bourdieu evoca o caso da literatura: “É por isso que uma obra é sempre
orientada objetivamente em relação ao meio literário, as suas exigências estéticas, as suas categorias de
percepção e de pensamento” (BOURDIEU, 1968, pp. 143).
11
BOURDIEU, Pierre. Op. cit., 2004. pp. (24-25).
12
BOURDIEU, Pierre. Esquisse d’une théorie de la pratique. Genebra: Droz, 1972. pp. 174-175.
apropriar ou recusar tal ou qual possiblidade13. Logo, ao invés de uma estrutura sempre
estruturante, que rege a atuação do indivíduo, Bourdieu trabalha com a capacidade do
agente de transformar a estrutura estruturante em estrutura estruturada, de enxergar o
agente como um “operador prático de objetos”, como aquele que ao invés de seguir
invariavelmente regras estruturais, elabora estratégias para delas se apropriar14.
Bibliografia
BOURDIEU, Pierre. Campo Intelectual e projeto criador. In: POUILLON, Jean et al.
Problemas do Estruturalismo. Rio de Janeiro: Ed. Zahar, 1968.
______, Coisas ditas. São Paulo: Braziliense, 2004. pp. 20.
______, Esquisse d’une théorie de la pratique. Genebra: Droz, 1972.
______, Por une sciense des oeuvres. In: Raisons Pratiques. Seuil, Paris, 1972.
13
BOURDIEU, Pierre. Por une sciense des oeuvres. In: Raisons Pratiques. Seuil, Paris, 1972. pp. 71.
14
BOURDIEU, Pierre. Op. cit., 2004. pp. 24-26.
LÉVI-STRAUSS, Claude. Antropologia Estrutural. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro,
1967.
LÉVI-STRAUSS, Claude. Antropologia Estrutural dois. Rio de Janeiro: Tempo
Brasileiro, 1993. 4ª ed.