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RESUMO
Esse artigo propõe uma análise da Universidade Corporativa como vantagem estratégica que
as organizações vêm utilizando para impulsionar os seus negócios e ao mesmo tempo
desenvolver talentos e competências para se manter num mercado e alcançar bons resultados
para a organização. A educação corporativa surge como um modelo capaz de atender as
exigências desse cenário, porque o treinamento tradicional não mais atende aos novos
requisitos pelos padrões do mercado, desta forma há que se buscar novas técnicas e/ou táticas,
aproveitando as novas tecnologias disponíveis que irão propiciar um treinamento integrado e
contínuo. De cunho qualitativo e descritivo, utilizou-se como estratégia de pesquisa o estudo
do case Universidade Algar (UNIALGAR), contextualizando o tema de acordo com o
processo de desenvolvimento de pessoas, como uma experiência prática de sucesso.
ABSTRACT
1
*Administradora - Centro Universitário do Triângulo – UNITRI. Especialista em Gestão de Pessoas
– Universidade Federal de Minas Gerais – UFU Endereço eletrônico: kamilarp2003@yahoo.com.br
2
1 INTRODUÇÃO
2 UNIVERSIDADE CORPORATIVA
funcionário, com a finalidade de ajudá-lo a atuar mais efetiva e eficazmente na sua vida
institucional.
A educação continuada faz parte de um sistema de educação por meio do quais os
recursos humanos são aperfeiçoados para a vida e por meio dos mecanismos globais da
cultura, de forma sistemática, e por meio da educação formal, não formal e informal, de forma
sistemática.
Os programas de educação corporativa destacam-se como um sistema de
desenvolvimento de pessoas e talentos humanos alinhado às estratégias de negócio, que
evidenciaram como poderosa fonte de vantagem competitiva. Ou seja, tais programas devem
construir a ponte entre o desenvolvimento das pessoas e as estratégias de negócio da empresa,
visando a uma vantagem competitiva.
No site Profissão Online3 universidade corporativa é definido como uma organização
que tem como finalidades principais desenvolver, armazenar e transmitir o conhecimento
necessário ao sucesso permanente da Empresa. Cria, aprimora e estimula qualificações,
competências, habilidades, atitudes e desempenhos individuais e de grupos. Busca
continuamente o conhecimento adequado aos integrantes da empresa, tanto interna como
externamente, organizando-o de forma objetiva, e o transmite a todos os colaboradores e
parceiros, fornecedores, clientes, revendedores, etc, com o objetivo de conseguir excelentes
resultados de acordo com as melhores práticas do negócio. Investe e cuida da gestão do
capital intelectual da corporação, fazendo-o com a maior atratividade econômica ao seu
alcance. Tem usado ultimamente recursos de aprendizagem à distância, via Internet, e
ambiente virtual de aprendizagem.
chairman da GE, Ralf Cordiner, tinha um plano de descentralizar a companhia. Seu objetivo
era oferecer mais autonomia aos líderes. Mas, para realizar essa mudança, ele percebeu que
precisava de um projeto de treinamento para preparar esse pessoal. Foi então que comprou o
Instituto de Gestão Hopf, no vale do Rio Hudson, e o rebatizou de Crotonville. De acordo
com Bartlett (2005) a General Eletric nos Estados Unidos, é considera por alguns estudiosos a
primeira iniciativa do tipo no mundo, tornou-se referência mundial no desenvolvimento de
talentos, e formação de líderes, e sua Universidade corporativa Crotonville fundada então em
1955, é a primeira que se tem registro no mundo, mas atuou com total ênfase em 1970. Mas
há uma pequena polêmica envolvida nas origens do modelo, uma vez que a rede de fast-food
McDonald’s afirma ter criado a Universidade do Hambúrguer em 1961.
Para Boog (2001), a UC é um dos principais instrumentos de apoio ao alcance dos
objetivos organizacionais, por meio da criação e gestão de processos de aprendizagem na
organização Cabe à organização assegurar a efetividade da UC, identificando e
compartilhando a visão estratégica da gestão do conhecimento com um propósito maior
(ABREU, 2006). Ressalta-se que a UC torna-se efetiva, especialmente, por meio da aplicação
e uso de recursos de TI. Nesse sentido, Boog (2001) ressalta a revolução de hábitos provocada
pela Internet, que potencializa os meios de comunicação e, conseqüentemente as diversas
formas de treinamento, estabelecendo uma forte ligação entre a informação e o treinamento.
Ainda segundo o mesmo autor, o incremento nas tecnologias interativas de treinamento é
caracterizado pelo WBT-Web Based Training ou Elearning.
Para Boog (2001), o E-learning proporciona às organizações redução de custos,
aprendizado mais rápido, clara responsabilidade dos envolvidos, liberdade de estudo no ritmo
de cada indivíduo, feedback imediato, melhoria contínua e rápida dos seus currículos e
ampliação do Conhecimento e das competências humanas. Entretanto, o E-learning não
substitui a educação e o treinamento presenciais (LOPES, 2001), sendo um dos meios
inovadores de educação corporativa. Neste sentido, Boog (2001) argumenta que a organização
deve reconhecer que se trata de mais um tipo de recurso para facilitar o processo de
aprendizagem. Fato relevante é o exposto por Abreu (2006), de que há valorização da adoção
da metodologia de ensino à distância na UC quando o foco está no T&D de natureza técnica e
ênfase nas metodologias face a face, quando o T&D visa promover mudanças
comportamentais.
São Paulo 36 69,2 ABN AMRO, Abril, Accor, Alcatel, Alcoa, Ambev, Amil, BankBoston, Bic,
Bristol, Carrefour, Elektro, Embraer, Facchini, Ford, GM, Globo, Illy Café,
McDonald’s, Metrô, Microssiga, Motorola, Natura, Nestlé, Orbital, Sabesp,
Serasa, Siemens, Tam, Transportadora Americana, Ultragás, Unimed,
UniDistribuição, Unisys, Visa, Volkswagen
Rio Janeiro 5 9,6 BNDES, Embratel, Leader Magazine, Petrobrás, Souza Cruz
Distrito Federal 4 7,6 Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Correios, Eletronorte
Total 52 100
1999 5 -
2000 48 9,60
Universidade tradicional deve, aqui, ser entendida como o espaço físico que pode
oferecer cursos presenciais e a distância e que abriga estudantes para o ensino regulado pelo
poder público. Também deve, aqui, ser entendida como o termo pelo qual designam-se
universidades propriamente ditas, centros universitários, faculdades e institutos superiores.
Embora, legalmente, estes termos sejam distintos, para efeito deste artigo serão tomados como
sinônimos, todos abrigados no conceito de instituições de ensino superior. Universidade
tradicional é aberta ao público em geral.
Universidade corporativa é um conceito inspirado no tradicional conceito de
universidade, é abrigado pelo ambiente empresarial e diz respeito ao desenvolvimento de
funcionários, clientes, fornecedores, franqueados e até da comunidade. Tal desenvolvimento
significa absorção ou ampliação de informações, habilidades e competências exigidas ao
exercício de um cargo, função ou atividade, devendo estar alinhado à missão, aos objetivos e
às estratégias do negócio de uma empresa específica e ser contínuo. É uma maneira de formar,
integrar e consolidar a base de conhecimentos da empresa, tornando tal base acessível a seus
funcionários. Pressupõe que a comunicação torna-se mais eficaz pelo uso do código comum
de referência, tornando a responsabilidade pelos resultados compartilhada.
A universidade corporativa tenciona realizar internamente o propósito institucional de
universidade: transmitir e gerar o saber. Entende que esse propósito não se pode realizar
plenamente para o público externo, com funcionários pouco qualificados, desmotivados, que
não conhecem o negócio de sua organização nem seus produtos e que não conseguem agilizar
processos internos, portanto, funcionários sem condições de responder às demandas de um
mundo em grandes e velozes mudanças.
Universidades corporativas não oferecem qualquer diploma ou certificado com
validade acadêmica, a menos que a empresa ofereça seus cursos em parceria com uma
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uma empresa tende a ser reativo, descentralizado e serve a uma ampla audiência; enquanto
que a universidade corporativa tem orientação pro ativa e centralizadora para o
encaminhamento de soluções de aprendizagem para cada negócio dentro da empresa.
Departamentos de treinamento em geral, propõem programas de treinamento à medida que
estes se tornam necessários, sendo muitas vezes identificada a sua necessidade no contexto de
um departamento especifico. Já nas universidades corporativas, os programas de educação e
treinamento são permanentes e orientados com visão de futuro, antecipando e gerando
necessidade de melhoria, privilegiando os objetivos organizacionais, ainda que orientado para
cada negócio dentro da empresa.
A definição proposta para as universidades corporativas por Alperstedt (2003)
privilegia não apenas a formação estratégica de desenvolvimento de competências essenciais
ao negócio da empresa, mas também, paralelamente, a detenção de duas características
fundamentais. Uma dessas características refere-se à não restrição dos serviços educacionais
aos empregados, com destaque para abertura ao publico externo em geral, a outra se refere ao
estabelecimento de parcerias com instituições de ensino superior, com destaque para a
avaliação dos créditos cursados e a possibilidade de outorga de diploma, ou ainda, a outorga
de diplomas de forma independente.
A necessidade de desenvolver programas de treinamento e aprendizado dentro das
organizações visa o aumento da produtividade a partir do momento em que seus
colaboradores recebem capacitação, desenvolvam aptidões para tomar decisões, solucionar
problemas e enfrentar situações em constantes mudanças que possam intervir para melhoria
de qualidade dos processos, produtos e serviços. Dessa forma torna-se possível atrair e reter
pessoas com talento, ao passo que proporciona um ambiente agradável de trabalho onde todos
desenvolvam suas tarefas com responsabilidade e comprometimento e conheçam a sua
importância no processo de alcance dos objetivos organizacionais.
Vários fatores e estratégias externas estão refletindo dentro das organizações e
necessidade de mudanças no campo da administração principalmente na função humana de
treinamento e desenvolvimento. No novo contexto de gestão, as empresas têm,
obrigatoriamente, que reagir quebrando paradigmas tradicionais e trazendo para si a
responsabilidade da coordenação do aprendizado e da educação educacional tradicional, seja
para atrair e reter talentos, seja para atender à gestão do seu capital intelectual.
Junqueira e Viana (2003) afirmam que uma forte evolução qualitativa da tradicional
área de treinamento e desenvolvimento a qual, longe de caracterizar um rótulo, uma
embalagem redesenhada, ou muito menos um modismo, virá representar um poderoso
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instrumento viabilizador de uma base humana que sustente o desenvolvimento estratégico das
empresas.
A figura 1 mostra essa mudança de paradigma na qual o foco do treinamento vai além
do funcionário isoladamente para o desenvolvimento da capacidade de aprendizado da
organização. Enquanto no passado os participantes assistiam às aulas, hoje equipes de
trabalho colaboram para tornar-se uma comunidade de estudantes.
ANTIGO PARADIGMA DE PARDIGMA DA APRENDIZAGEM
TREINAMENTO NO SECULO XXI
em expansão no ensino superior, numa visão de que a base geradora da riqueza das nações
encontra-se na sua organização social e no conhecimento. O apoio das organizações no que se
refere ao desenvolvimento do conhecimento de modo intensivo dos seus profissionais,
contribuindo significativamente para o aumento da satisfação com o trabalho e para a
produtividade e competitividade da organização. Um processo de desenvolvimento de
pessoas, que envolva a universidade corporativa é mais eficiente com relação ao
reconhecimento da capacidade humana de aprender.
A universidade corporativa é uma das ferramentas de grande relevância para a criação
e o desenvolvimento do conhecimento, fator fundamental a qualquer organização no contexto
atual. Eboli (2004, p.48) refere-se à UC como um sistema de desenvolvimento de pessoas “na
geração de negócios, promovendo a gestão do conhecimento organizacional, [...], por meio de
um processo de aprendizagem ativa e contínua”. Nos últimos anos, o T&D vem buscando
ampliar suas ações, no sentido de aproveitar ao máximo o capital humano. Nesses processos o
RH deve buscar a real necessidade de cada profissional/área, ser flexível e descentralizar, para
a efetivação de programas realmente voltados para a solução. O treinamento tende a ser
reativo, descentralizado, buscando atingir um grande público, com uma razoável variedade de
programas abertos, nem sempre voltados para a solução de problemas do negócio. É preciso
transformar o Treinamento, alargar os seus horizontes, para gerar receita (JUNQUEIRA,
2007).
Um conceito ainda recente no Brasil, essas universidades instaladas (física ou
virtualmente) nas organizações apresentam algumas características específicas para atender as
necessidades da organização, que as diferenciam de áreas de treinamento e desenvolvimento
(T&D): são pró-ativas, com suas ações completamente voltadas ao ambiente de negócio de
cada organização; atuam no desenvolvimento de competências essenciais, são inovadoras nas
formas de entrega do conhecimento; têm como premissa a disseminação do conhecimento
"em qualquer momento, em qualquer lugar"; atuam no desenvolvimento e gerenciamento de
ferramentas que propiciem de forma intensa a captação do conhecimento presente na
organização (através de seus profissionais, clientes, fornecedores e comunidade) e sua
adequada disseminação para fácil utilização sempre que necessário; têm público alvo amplo,
não se restringindo ao público interno, mas entendendo que o conhecimento é desenvolvido e
utilizado por toda a rede de profissionais, que envolve cada organização; e, finalmente,
procuram acompanhar a utilização prática do conhecimento, ou seja, a transformação do
conhecimento em vantagem competitiva, gerando capital intelectual para as organizações.
Além disso, as universidades corporativas, quando contarem com um público mais
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amplo e com ações mais bem dimensionadas, representam não um centro de custo para a
organização, mas sim uma redução de custos nos programas de educação continuada, um
entendimento de que devem ser auto-sustentáveis, e uma visão, já presente em algumas
organizações, de que devem ser um centro de lucro.
Pode-se dizer que a visão mais ampliada da formação contínua é utópica para a
realidade brasileira nos dias de hoje, pois até a década de 80, segundo Mundim (2002), a
educação continuada era uma exclusividade acadêmica, para um grupo privilegiado de
pessoas que apresentava condições de se atualizar. Atualmente a educação continuada não é
mais uma exclusividade acadêmica, mas uma imposição do mercado de trabalho, motivada
principalmente pelas mudanças tecnológicas e econômicas. Por isso ela deixa de ser somente
uma atualização para ser incorporada também com o conceito de requalificação.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
4 O CASE UNIALGAR
A Origem
A Algar Universidade de Negócios começou a ser concebida em 1996, a partir da
manifestação de um antigo desejo do presidente do Grupo, Dr. Luiz Alberto Garcia. de ter
uma escola. Engenheiro de formação, Dr. Luiz Garcia tornou-se um apaixonado pelas ações
educacionais e queria oferecer aos associados programas de educação formal, de excelente
nível.
A Busca
O conceito de Universidade Corporativa começava a ser discutido nos Estados Unidos,
onde se desenvolveu a partir dos anos 90, mas poucas empresas, no Brasil, mesmo entre as
multinacionais norte-americanas, trabalhavam com esse conceito.
Nas viagens dos executivos do grupo Algar ao exterior, o então Diretor Corporativo de
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importante registrar, que para obter resultados eficazes a UNIALGAR, tem abandonado a
idéia da "semana de boas vindas" e adotado um conjunto de atividades multidisciplinares
(incluindo jogos, vivências, atividades experienciais, projetos e até psicodrama). A
UNIALGAR construiu um campus de outdoor training visando aumentar o mix de
metodologias utilizadas para o desenvolvimento dos associados. O fato de permitir a
experimentação é um fator positivo para a fixação de conhecimentos ou mudança de atitudes.
Um dos fatores mais importantes para a construção de uma empresa longeva é a coesão de
pessoas por meio de valores proclamados com nitidez e devidamente assimilados pelas
pessoas.
Por essa via, a gestão de pessoas das empresas Algar deixa de lado o discurso pouco
efetivo e antes praticado e assimila o discurso de negócios e da organização, conquistando
uma atuação proativa, integrada ao negócio e bem avaliada até o momento pela holding.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Tecnologias da Informação e da Comunicação
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
EBOLI, M. Educação Corporativa no Brasil: mitos e verdades. São Paulo: Editora Gente,
2004.
FRANÇA, Luiz de. Universidades corporativas crescem 2.400% em dez anos. Documento
eletrônico. Disponível em: htpp:// www.veja.com . Acesso em: 15 de maio de 2010.
LOPES, M. E-learning sem riscos. Revista T&D Desenvolvendo Pessoas, São Paulo, n. 108,
p. 22-23, dez 2001.
SOUZA, C. O fim da educação de executivos... tal como a conhecemos hoje. São Paulo:
Schmukler, 1999