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DOUTORADO
Florianópolis
2018
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Florianópolis
2018
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AGRADECIMENTOS
RESUMO
ABSTRACT
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE INFOGRÁFICOS
LISTA DE GRÁFICOS
LISTA DE QUADROS
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO...................................................................... 27
1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA............................................... 33
1.2 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA DA PESQUISA............ 36
1.3 PERGUNTAS DE PESQUISA................................................ 44
1.4 PROBLEMATIZAÇÃO DA PESQUISA................................ 45
1.5 PRESSUPOSTOS DA PESQUISA.......................................... 46
1.6 OBJETIVOS............................................................................. 47
1.6.1 Objetivo geral......................................................................... 47
1.6.2 Objetivos específicos...............................................................47
1.7 ASPECTOS DE INOVAÇÃO E CONTRIBUIÇÃO
CIENTÍFICA DA PESQUISA................................................. 48
1.8 DELIMITAÇÃO E LIMITES DA PESQUISA....................... 50
1.9 ESTRUTURA DA TESE......................................................... 52
2 REFERENCIAL TEÓRICO................................................. 55
2.1 A ARQUITETURA INSTITUCIONAL.................................. 55
2.1.1 Contribuições Históricas Europeias......................................55
2.1.2 Contribuições Históricas Brasileiras.................................... 61
2.1.3 ECA e o Acolhimento Institucional.......................................69
2.1.4 Abrigo Institucional................................................................77
2.2 A INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA........................................ 83
2.2.1 Mudanças Partilhadas........................................................... 84
2.2.2 Mudanças Provocadas por Subgrupos: Teoria do
Desenvolvimento Ecológico 86
2.2.3 Mudanças Provocadas por Eventos Particulares:
Separação Familiar................................................................ 91
2.3 O AMBIENTE CONSTRUÍDO............................................... 95
2.3.1 Espaço e Lugar....................................................................... 95
2.3.2 Reguladores Espaciais e a Construção da Ambiência.......101
2.3.3 A Relação da Criança e do Adolescente com o
Ambiente Construído........................................................... 108
2.3.4 Habitar Doméstico................................................................ 112
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.......................127
3.1 ESTUDO DE CASO ÚNICO................................................. 127
3.2 PESQUISA MULTIMÉTODOS............................................ 130
3.2.1 Etapa introdutória................................................................ 132
3.2.2 Etapa 01................................................................................. 134
3.2.2.1 Observação participante......................................................... 134
3.2.2.2 Roteiro de caracterização........................................................138
26
1 INTRODUÇÃO
5
No Brasil as principais vulnerabilidades que acometem as crianças e os adolescentes são
os riscos inerentes aos problemas relacionados ao alcoolismo e conflitos entre casais, que
tornam crianças testemunhas de agressões e de toda forma de violência. Os riscos
relacionados ao lugar de moradia incluem a precariedade da oferta de instituições e
serviços públicos, a falta de disponibilidade dos espaços destinados ao lazer, as relações
de vizinhança e a proximidade da localização dos pontos de venda controlados pelo
tráfico de drogas. Além de todos esses riscos, podem-se destacar os riscos do trabalho
infantil e o da exploração da prostituição de crianças. Ademais, a personalidade e o
comportamento de crianças e adolescentes podem torná-los mais vulneráveis aos riscos
do envolvimento com drogas, gravidez precoce e prática do roubo. Considera-se que o
indivíduo poderá também possuir um favorecimento genético para dependência química e
vulnerabilidade psico-fisiológica ao efeito de drogas (SIERRA; MESQUITA, 2006, p.
148-155).
6
Institui o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo e regulamenta a execução
das medidas socioeducativas destinadas aos adolescentes que pratiquem ato infracional.
Altera as Leis nos 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente);
7.560, de 19 de dezembro de 1986, 7.998, de 11 de janeiro de 1990, 5.537, de 21 de
novembro de 1968, 8.315, de 23 de dezembro de 1991, 8.706, de 14 de setembro de
29
8
Considera-se os seguintes materiais produzidos que abordam o ambiente construído:
“Orientações Técnicas: Serviços de Acolhimento para Crianças e Adolescentes” (2009b)
e “Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e
Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária” (2006a).
9
O termo “psicossocial” refere-se à natureza humana como somatório de influências
psicológicas e sociais. Afinal, o homem como ser pensante não pode viver isolado,
precisa da interação com seus semelhantes a fim de buscar autoconhecimento.
31
10
SAVI, Aline Eyng. Abrigo ou lar? Um olhar arquitetônico sobre os abrigos de
permanência continuada para crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade
social. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro
Tecnológico, Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo, Florianópolis,
2008.
37
11
Proteção integral corresponde a todos os direitos atribuídos pela Constituição brasileira
e conforme artigo 03 do ECA, trata-se: “A criança e o adolescente gozam de todos os
38
12
São cartilhas desenvolvidas e em uso: “Orientações Técnicas: Serviços de Acolhimento
para Crianças e Adolescentes” (2009b); “Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa
do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária” (2006a).
Ressalva-se que também órgãos de classe, como a Associação de Magistrados do Brasil
(AMB), na campanha “Mude um Destino”, foram responsáveis por documentos que, de
alguma forma, pensavam o ambiente construído, mas nenhum deles são documentos
legais.
40
13
Entende-se por categoria física: infraestrutura do ambiente construído (e.g. layout,
mobiliário e acabamentos) e dimensão comportamental aspectos relacionados à
habitabilidade no habitar doméstico (e.g. privacidade, autonomia e territorialidade).
44
1.6 OBJETIVOS
14
Conforme parágrafo primeiro do artigo 92 do ECA, “O dirigente de entidade que
desenvolve programa de acolhimento institucional é equiparado ao guardião, para todos
os efeitos de direito” (BRASIL, 1990).
51
2 REFERENCIAL TEÓRICO
15
O Código de Hamurabi é uma compilação de 282 leis da antiga Babilônia, redigido por
volta de 1772 a.C.. É considerado a legislação mais antiga de que se tem conhecimento.
16
Édipo é um personagem da mitologia grega, famoso por matar o pai - Laio - e casar-se
com a própria mãe - Jocasta.
17
Este subcapítulo considera Marcílio (2006) como a principal referência, porque o autor
tem pesquisas consistentes no tema de assistência à criança e ao adolescente.
18
Nesse período histórico, a Igreja Católica torna-se um dos redutos de poder organizado
56
e mantenedor de certa manifestação da cultura através das bibliotecas. Como tal, regula e
cria normas de conduta, entre elas as apresentadas no parágrafo.
19
Masmorra é o nome dado às prisões localizadas no subterrâneo, principalmente de
antigos castelos; eram locais escuros, sombrios e lúgubres.
20
O nome “Roda” provém do dispositivo de madeira onde se depositava o bebê. De
forma cilíndrica e com uma divisória no meio, esse mecanismo era fixado no muro ou na
janela das instituições. No tabuleiro inferior, na parte externa, o expositor colocava a
criança que enjeitava, girava a Roda e puxava um cordão com uma sineta para avisar o
vigilante – ou “rodeira” – que um bebê acabara de ser abandonado, retirando-se
furtivamente do local, sem ser reconhecido. A origem desses cilindros rotatórios vinha
dos átrios ou vestíbulos de mosteiros e de conventos medievais, usados para outros fins,
como o de depositar mantimentos, evitando o contato de religiosos com o mundo exterior
(MARCÍLIO, 2006, p. 57).
57
21
Disponível em: <https://en.wikipedia.org/OspedaleSantoSpiritoSassia>. Acesso em 21
jan. 2016.
22
Denominação usada na época para caracterizar as crianças abandonadas ao nascer ou
em tenra idade.
58
26
A enfermeira publicou o livro Notes on Matters Affecting the Health, Efficiency and
Hospital Administration of the British Army” em 1858, que tratava da administração dos
espaços hospitalares e estabeleceu um novo modelo de espaço para a internação de
enfermos, servindo para a implantação de hospitais até as primeiras décadas do século
XX.
60
27
A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) foi aprovada em 1948 na
61
28
Denominação adotada na época para caracterizar a criança em situação de abandono,
63
31
GUIMARAES, Joao Ribeiro. Dissertação sobre a hygiene dos collegios. Rio de
Janeiro: Typ. Imparcial de J.M.N. Garcia, 1858. Tese da Faculdade de Medicina do Rio
de Janeiro, p.65. In: MARCÍLIO, Maria Luiza. História social da criança abandonada. 2.
ed. São Paulo: Hucitec, 2006. 331 p.
66
33
O CBIA tem por objetivo formular, normalizar e coordenar, em todo território
nacional, a Política de Defesa de Direitos da Criança e do Adolescente, prestando
assistência técnica a órgãos e entidades que executam esta política.
34
Período em que o Brasil foi governado pelos militares e que perdurou entre 1964 e
1985. Caracterizou-se pela falta de democracia, supressão de direitos constitucionais,
censura, perseguição política e repressão aos que eram contra o regime.
70
35
A Assembleia Nacional Constituinte foi instalada no Congresso Nacional, em Brasília,
a 1º de fevereiro de 1987, com a finalidade de elaborar uma constituição
democrática para o Brasil, após vinte e um anos sob regime militar.
71
36
Embora pouco difundida no Brasil, esse serviço encontra-se consolidado em outros
países, especialmente nos europeus e da América do Norte. Do ponto de vista legal, assim
como os serviços de acolhimento institucional, organiza-se segundo os princípios e
diretrizes do ECA, especialmente no que se refere à excepcionalidade e à provisoriedade
do acolhimento; ao investimento na reintegração à família de origem, nuclear ou extensa;
à preservação da convivência e do vínculo afetivo entre grupos de irmãos; à permanente
articulação com a Justiça da Infância e da Juventude e a rede de serviços. Trata-se de um
serviço de acolhimento provisório, até que seja viabilizada uma solução de caráter
permanente para a criança ou adolescente – reintegração familiar ou, excepcionalmente,
adoção (BRASIL, 2009b).
75
37
O PIA estrutura as necessidades e atividades que auxiliam no desenvolvimento
psicossocial da criança/adolescente individualmente, sendo temas abordados: saúde
(física e mental), educação formal, cultural, lazer, espiritualidade (quando há esse
interesse pelo abrigado), relações familiares e aspectos jurídicos. Ele é um instrumento de
intervenção dinâmico, estando sempre em processo de avaliação e estruturado por
diversos técnicos como: psicólogos, médicos, pedagogos e assistentes sociais (BRASIL,
2009b).
38
O “Levantamento Nacional de Crianças e Adolescentes em Serviços de Acolhimento” é
resultado de uma pesquisa realizada pelo Centro Latino Americano de Estudos de
Violência e Saúde Jorge Careli (Claves/Ensp/Fiocruz) em 1.229 municípios brasileiros,
com o objetivo de subsidiar o planejamento de ações do Ministério do Desenvolvimento
Social e Combate à Fome referentes ao Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa
do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária.
39
O Ministério de Desenvolvimento Social distingue o porte dos municípios da seguinte
forma: pequeno porte I = até 20.000 habitantes; pequeno porte II = de 20.000 a 50.000;
médio = de 50.000 a 100.000; grande = de 100.000 a 900.000; e metrópole = acima de
900.000 habitantes.
77
40
ABNT NBR-9050: Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos
urbanos. Associação Brasileiras de Normas Técnicas, Rio de Janeiro; ABNT, 2015.
82
41
A classificação adotada pela pesquisa é de infância e adolescência, compreendendo por
aquela de zero aos doze anos e por essa, de doze aos dezoito anos incompletos, como
descrito no ECA (BRASIL ,1990).
84
objeto, mas age de maneira diferente em relação àquilo que vê. Assim, é
alcançada uma condição em que a criança começa a agir
independentemente daquilo que vê”. No brincar, a ação surge das ideias,
não das coisas. A criança se relaciona com o significado em questão e
não com o objeto concreto que está ao seu alcance, por exemplo: uma
caixa de papelão pode se transformar num veículo ou num castelo. Essa
separação acontece de maneira espontânea e não consciente.
Compreendendo que os traços do desenvolvimento humano são
multifatoriais e dependentes dos fatores genéticos e ambientais, a
experiência espacial humana acontece tanto em razão das características
biológicas, quanto das capacidades subjetivas, possibilitando ao
indivíduo desenvolver diversas maneiras de conhecer os espaços onde
vive ou pelos quais se move. Nesse entendimento, a Teoria do
Desenvolvimento Ecológico avalia a importância do contexto ambiental
no desenvolvimento humano, conforme apresentado a seguir.
43
Urie Bronfenbrenner (1917-2005) fez doutorado na Universidade de Michigan em
1942. Proeminente ecologista humano, buscou o equilíbrio entre homem e ambiente e
lutou para que os direitos humanos atentassem para a gravidade das condições ecológicas
de vida principalmente de crianças e adolescentes.
87
44
Em 1953, René Spitz (1887-1974) apresentou uma pesquisa onde descrevia a
“Depressão Anaclítica” como resultado da privação afetiva.
94
45
Neuroticismo é um termo que indica indivíduos que, a longo prazo, possuem uma
maior tendência a um estado emocional negativo, como estados depressivos, sentimento
de culpa, inveja, raiva e ansiedade de forma mais acentuada – quando comparados a
outros traços de personalidade.
46
O conceito de open plan é americano, do final da década de 1950, e foi considerado um
grande avanço na concepção de espaços de trabalho de escritórios. O sistema facilitava e
permitia maior rapidez nas comunicações, apresentava ótima flexibilidade tanto
individual quanto em grupo, reduzindo as diferenças hierárquicas. Atualmente, é
incorporado nos projetos residenciais, especialmente nas áreas sociais.
47
A Teoria do Apego é um estudo interdisciplinar que abrange os campos das
teorias psicológica, evolutiva e etnológica. Foi formulada por Edward John Mostyn
Bowlby (1907-1990) e descreve aspectos a curto e longo-termo de relacionamentos entre
humanos e entre outros primatas. Seu princípio mais importante declarava que um recém-
nascido precisa desenvolver um relacionamento com, pelo menos, um cuidador primário
112
49
Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
(UNESCO), “[...] Cultura pode ser considerada como o variado conjunto de
características espirituais, materiais, intelectuais e emocionais de uma sociedade ou grupo
social”. Para o antropólogo Geertz (1989), consiste num sistema de concepções herdadas,
expressas de forma simbólica e pelas quais se comunica quem se é. O geógrafo Milton
Santos (2002) afirma que além da herança, é uma forma de comunicação do indivíduo e
do grupo com o universo. Dessa maneira, ainda que não haja uma única definição sobre o
termo, é possível compreende-lo como um conjunto partilhado de valores e padrões
necessários para a relação entre o grupo e com o meio.
116
(1998, p. 24) corrobora afirmando que por mais variados que sejam os
tipos de habitação humana, em termos geográficos e etnográficos, há a
ideia de “concha inicial em toda a moradia”; “o germe da felicidade
central, segura, imediata”, fazendo importante reconhecer a
universalidade da casa no sentido físico – material, como o princípio de
“cabana” e “ninho”, com os cantos onde se quer recolher.
A proteção no habitar doméstico surge com o entendimento de
estabelecer limites “visíveis” e “imediatos”, através de conceitos
nitidamente separados: espaço exterior – “grande, geral” – e interior –
“privado”. Dessa maneira, o exterior é compreendido como desafiador e
o interior como refúgio - seja dos rigores das intempéries, do assédio de
quem não se deseja, da agressão física ou de algo menos concreto,
porém não menos invasivo, a vida social (CAMARGO, 2007). A
privação do habitar doméstico e a existência apenas no espaço exterior,
implicariam numa vida de eterna fuga, na qual o homem seria um eterno
perseguido (BOLLNOW, 2008). A narrativa “A Construção” do escritor
Kafka (2009, p. 63-64) corrobora ao utilizar o conceito de casa como
abrigo físico e emocional.
objetivas relacionadas a ela, bem como subjetivas. Isso porque, “[...] por
essa estrutura física e cercados dos objetos que trazemos do mundo
exterior e nela inserimos, encontramos apoio no nosso dia-a-dia
doméstico; sentimo-nos, enfim, em casa” (CAMARGO, 2007, p. 64).
Além da proteção, a casa permite a análise também, do
intangível, compreendido no sentido da integração do homem com esse
ambiente construído, ou seja, a realidade vivida, onde atuam
concomitantemente a vida e a cultura, os interesses espirituais e as
responsabilidades sociais. Zevi (2002) ao tratar do assunto, afirma que
na Arquitetura, diferente das Artes Plásticas, a dimensão subjetiva das
emoções e impressões psicológicas não seria uma qualidade própria do
objeto, mas um “fenômeno totalmente distinto e concreto”, que requer
experimentação para que aconteça, afinal o espaço arquitetônico sem
uso não desperta sensações. Quando o homem estabelece aproximações
com a casa, mesmo quando apresenta aspectos materiais, há associações
emocionais e psicológicas que envolvem as experiências vividas nesse
espaço. Como reforça Camargo (2007, p. 67-68):
possamos viver em nosso habitar lá fora, não raro, precisamos dar “um
passo atrás” e avaliar – em privacidade – o que elas realmente
significam para nós” (GIFFORD, 1997, p. 182).
Gifford (1997) observa que as crianças também, necessitam de
intimidade física. À medida que elas crescem, aumenta a necessidade de
reserva (de estar a sós). O conflito entre a necessidade de privacidade e a
falta de autonomia para alcançá-la é na pré-adolescência, entre os oito e
doze anos. Na adolescência, a compreensão vai além da solidão para a
possibilidade de intimidade com outras pessoas. Marcus (1995)
corrobora, apontando a função dos esconderijos que a criança inventa no
exercício de criar privacidade, escondendo-se embaixo de mesas, por
exemplo. “Tenham esses esconderijos sido “achados” ou construídos,
todos eles servem a propósitos sociais e psicológicos semelhantes: são
lugares nos quais a separação dos adultos foi buscada” (MARCUS,
1995, p. 24-25). Segundo Marcus (1995), é nesse momento que se dá
início ao entendimento do habitar doméstico com o reconhecimento da
necessidade humana de reivindicar um espaço, um lugar no mundo. A
privacidade e também, o território doméstico ainda são relacionados à
preservação de particularidades subjetivas – do desenvolvimento da
identidade, da liberação de emoções, do cultivo de relações afetivas.
É importante destacar que há um período de tempo para a pessoa
reconhecer-se no espaço – abrigo - e transforma-lo em lugar - casa.
Tuan (1983) completa que não é algo instantâneo, mas um processo
resultante do conjunto singular de experiências, as quais se repetem
cotidianamente. Afirma-se que a permanência no local, é um importante
elemento para a constituição da ideia de lugar, especialmente quando há
experiências com os objetos. “Com o tempo uma nova casa deixa de
chamar nossa atenção; torna-se confortável e discreta como um velho
par de chinelos” (TUAN, 1983, p. 203). O mesmo autor ressalva que a
ausência de determinadas pessoas no local em que se vive, pode fazê-lo
perder o significado de lugar, sendo a permanência motivo de tristeza e
irritação, ao contrário de conforto. Relph (2004 apud Camargo, 2007)
completa que: não considera suficiente a lista de características
materiais, normalmente associadas à ideia de lugar. Para o autor (2004
apud Camargo, 2007), implica também em ideias imateriais, de se “estar
aqui e não lá; seguro, ao invés de ameaçado; envolvido, ao invés de
exposto, à vontade, ao invés de estressado”. Ainda em relação à dialética
de Relph (2004 apud Camargo, 2007) definem-se duas categorias
relacionadas à questão do habitar doméstico: “insideness” e
“outsideness”.
124
familiar e que nessa pesquisa, não será abordado por entender que laços
familiares, de origem ou construídos, não podem ser garantidos num
abrigo institucional, mesmo que haja relações interpessoais saudáveis; e
também, estão além dos alcances da Arquitetura.
A casa, enquanto lugar de apego, intimidade protegida, carregada
de significados e lembranças, é capaz de confortar o homem. É um lugar
onde a hierarquia dos espaços corresponde às necessidades; onde uns se
preocupam com os outros; um espaço fechado e humanizado, dotado de
valores e sentimentos. Assim, para descobrir como a Arquitetura pode
contribuir para que os abrigos institucionais se tornem casas que
efetivamente acolham, fazendo crianças e adolescentes sentirem-se
pertencentes a um lugar, mesmo que provisoriamente, o capítulo a
seguir descreve os procedimentos metodológicos utilizados
especialmente no estudo de caso.
127
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
50
Segundo Yin (2005), o estudo de caso é uma estratégia de pesquisa que se apropria de
uma série de instrumentos e permite examinar acontecimentos contemporâneos sem
manipular comportamentos. A decisão de caso único é justificável quando é: (a) um teste
crucial da teoria existente; (b) uma circunstância rara ou exclusiva, ou (c) um caso típico
ou representativo, ou quando o caso serve a um propósito (d) revelador ou (e)
longitudinal. Considera-se essa pesquisa incluída no item “c”, como é apresentado no
corpo do texto.
129
51
Segundo Aristóteles, a “phronesis” é a sabedoria prática. Um esforço de reflexão, uma
ciência que não se limita ao conhecimento, pois pretende melhorar a ação do homem,
tendo como objetivo descrever claramente os fenômenos das atividades humanas,
principalmente pelo exame dialético das opiniões dos homens sobre esses fenômenos e
não apenas, descobrir os princípios imutáveis dos atos humanos e as suas causas. Isto é,
considera que, a partir da opinião é possível atingir o conhecimento (ARISTÓTELES,
1973).
131
52
Destaca-se que por solicitação dos participantes, há a denominação genérica. O estudo
de caso é denominado INSTITUIÇÃO e os participantes como: ADULTO 01, 02, ou
CRIANÇA 01, 02, etc.
53
A INSTITUIÇÃO responde legalmente pelas crianças e adolescentes
institucionalizados, dessa forma há um termo assinado pelo representante legal,
permitindo que se realizem as pesquisas com todos os usuários.
133
pesquisa, foram 05 dias consecutivos, cada dia por uma hora, que
alternaram entre manhãs e tardes.
Durante essas visitas de aproximação, a pesquisadora participou
das atividades de lazer que aconteciam, por exemplo: assistindo
televisão, brincando de bola; das atividades de estudo, ensinando algum
conteúdo escolar, fazendo trabalhos manuais; da preparação das mesas
para os lanches, auxiliando os funcionários. Ressalva-se que sua
participação aconteceu quando requerida. No primeiro dia, só ouve
solicitação no término do período de visita, sendo feita por um dos
funcionários, para que se juntasse ao grupo e brincasse. Nos demais, a
participação era solicitada no início da visita, tanto por internos, quanto
por funcionários. Nesse período, não foram feitas perguntas referentes
ao ambiente construído para nenhum dos usuários (crianças,
adolescentes ou funcionários); e a pesquisadora não levava consigo
nenhum objeto de registro, como máquinas fotográficas, pranchetas e
cadernos.
A postura participativa, mas sem ser invasiva, da pesquisadora
nas atividades do cotidiano, auxiliou também, no reconhecimento e
entendimento do ambiente construído, facilitando o trabalho (posterior)
de preenchimento dos quadros de levantamento do Roteiro de
Caracterização. Além disso, fez com que, ao término desses cinco dias,
alguns internos identificassem a pesquisadora como um funcionário e,
portanto, pediam sua participação para auxiliar ou servir de companhia.
Os funcionários, por sua vez, conversavam sobre amenidades e também,
apontavam questões do ambiente construído, visto que já estavam
cientes da formação da pesquisadora e de seu objeto de estudo.
Há de se ressaltar que não foi interesse da pesquisadora fazer-se
parte efetiva do grupo, afinal como reitera Whyte (1971), a
transformação do pesquisador em “nativo” não se verificará, ou seja, por
mais que se pense inserido, sobre ele paira sempre a “curiosidade”,
quando não a desconfiança. Por conseguinte, nessa pesquisa, é possível
destacar a curiosidade inicial que foi transformada em empatia,
permitindo a passagem para a próxima etapa de trabalho, a aplicação das
Etapas 01 e 02, apresentadas a seguir.
3.2.2 Etapa 01
54
A escolha do livro: “Sociedade de esquina: a estrutura social de uma área urbana pobre
e degradada” (original de 1943), de William Foote Whyte como referência para a
Observação Participante ocorre porque o autor trabalha o método num contexto e com um
universo de vulnerabilidade social, permitindo aproximações com o objeto dessa
pesquisa.
55
Na pesquisa, “conflito” é compreendido como toda alteração na dinâmica do cotidiano
ou de uma atividade em realização, podendo haver ou não brigas em razão deste fato, por
exemplo: todos assistem a um programa de televisão sentados no sofá; e uma criança
brinca de maneira isolada.
136
deles.
O controle deste instrumento ocorreu a partir da periodicidade.
Definiu-se que as observações aconteceriam durante três eventos: (01)
cotidiano semanal sem visitas, (02) cotidiano semanal com visitas e (03)
cotidiano com datas especiais (e.g. aniversários e dia das crianças).
Delimitou-se, também, o horário e o tempo de observações: manhãs
(entre 07h00min e 09h00min) e tardes (12h00min e 14h00min). A
escolha desses períodos, permitiu observar as atividades de
permanência, as chegadas e as partidas, além das refeições,
contemplando o cotidiano doméstico e avaliando os diferentes
contextos: o “dia comum” e o “dia especial”. Registra-se que não houve
autorização para presença noturna e nem nos finais de semana56.
As observações duraram um mês, num total de vinte visitas
ininterruptas (cinco vezes por semana, nos dias úteis, e em períodos
alternados entre manhã e tarde). Para delimitar a suficiência dos dados e
encerrar a aplicação do método, foi utilizado o “critério de saturação”
(POLIT; HUNGLER, 1995), que considera cessado os trabalhos no
momento em que as informações se mostram reincidentes, dando sinais
de exaustão. Ao término da terceira semana, quando se procedeu o
início das leituras do material, a saturação foi afirmada, através da
repetição de conflitos (por exemplo: discussões acerca dos lugares na
mesa durante as refeições). Optou-se mesmo assim, por realizar a quarta
semana e observações, confirmando a saturação. Registra-se que se
considera as visitas anteriores realizadas na etapa introdutória - sem
comprometimento com a investigação – como fundamentais para
habituar os usuários da presença da pesquisadora e por isso, as
informações coletadas foram consideradas válidas e relevantes desde o
primeiro dia da aplicação do instrumento.
Destaca-se que o mês antecedente ao início da aplicação desse
método, e as visitas introdutórias permitiram determinar que: (01) o
início das observações ocorreria a partir dos conflitos; (02) que todos os
usuários deveriam ser considerados; e (03) que o controle seria pela
periodicidade. Outra decisão foi que durante a aplicação do método, a
pesquisadora permanecesse no ambiente, apenas observando ou
interagindo com algum usuário (criança, adolescente ou funcionário),
quando este solicitava a atenção. A intervenção em algum conflito,
ocorreria apenas em caso de risco à criança ou ao adolescente, ou por
56
A noite e nos finais de semana, o número de funcionários se altera em razão das
atividades realizadas. Por isso, a INSTITUIÇÃO preferiu que as observações ocorressem
nos períodos diurnos e nos dias úteis.
137
O diário foi composto por uma parte descritiva dos fatos e das
atividades, com algumas falas dos usuários e também, as sensações do
pesquisador perante os conflitos observados (e.g. incômodo, alegria). A
parte reflexiva possui comentários pessoais da pesquisadora, incluindo
pontos a serem esclarecidos nos meses seguintes, e algumas reflexões
sobre os usuários para serem consideradas nos procedimentos
metodológicos que ainda seriam aplicados. Essa postura permitiu
perceber que os métodos da Etapa 02 deveriam ser mais dinâmicos e
com maior ludicidade, visto que as crianças e os adolescentes
respondiam positivamente às atividades cotidianas com essas
características.
Os itens observados e registrados consideraram as ações (e.g.
higiene), onde aconteciam (e.g. banheiro), quais conflitos aconteciam
(e.g. necessidade de privacidade e de auxílio para tomar banho), porque
aconteciam (e.g. falta de mobiliário ergonômico) e quem as fazia (e.g.
criança). A leitura dos dados obtidos na Observação Participante, foi
feita considerando a frequência de cada um dos registros, por exemplo:
quantas vezes as ações ocorriam, sendo apresentado em forma de
gráfico de frequência e por representação escrita (MARCONI;
LAKATOS, 2010), criticamente embasada pela teoria, como será
apresentado no capítulo seguinte.
3.2.2 Etapa 02
57
Christopher Alexander, arquiteto nascido na Áustria em 1936, cresceu e desenvolveu
sua formação como matemático e arquiteto na Inglaterra. Em 1958, mudou-se para os
Estados Unidos e obteve o título de Doutor em Arquitetura junto à Harvard University.
No livro, “Uma linguagem de Padrões: A Pattern Language” de 1977, Alexander aborda
diferentes escalas nos padrões, sempre com vista no usuário; e indo além da edificação,
abordando o uso e a apropriação do espaço. Segundo Alexander (2013), cada “pattern”
descreve um problema que ocorre diversas vezes e por isso, apresenta-se uma solução de
maneira que se pode usa-la repetidamente e em diferentes contextos.
146
58
Disponível em: <http://www.gettyimages.pt/license/548914219>. Acesso em: 2 jan.
2017.
59
As crianças e os adolescentes têm rotinas de idas e vindas entre a casa de origem e a
instituição. Há casos em que o interno permanece alguns dias na instituição, retorna para
casa de origem e pouco tempo depois (dias ou semanas), é novamente institucionalizado.
Os motivos são variados, mas essa é uma situação corriqueira.
150
4 ESTUDO DE CASO
60
A fiscalização é mensal e ocorre através de visita de membros da Vara da Infância e da
Juventude da Comarca a que pertence a INSTITUIÇÃO. Tal procedimento é comum a
qualquer abrigo institucional.
162
Figura 12 - Varanda
Figura 17 - Berçário
Figura 19 - Cozinha
CRIANÇA 01
“Eu fiz uma casa assim com cores. Porque cores são legais numa casa. Ela também tem
porta e janela, grande e pequena, para todo mundo olhar. [...] Coloquei uma piscina do
lado. Eu queria ter uma piscina.”
Fonte: Criança 01 (2017).
61
O círculo central corresponde ao ECA, considerado fundamental e obrigatoriamente
cumprido pelos abrigos institucionais. O intermediário considera a categoria física e a
dimensão comportamental (privacidade e territorialidade). O círculo externo corresponde
à dimensão ambiental, considerando questões de conforto térmico, acústico e lumínico. A
dissertação apresentou critérios e diretrizes projetuais para a dimensão legal (círculo
central), visto que nesse período não havia nenhum outro instrumento de controle do
ambiente construído. Dessa maneira, esse critério possuía maior urgência de reflexão
(SAVI, 2008).
196
62
A palavra diretriz provém do latim “directio”, “arranjo em linha reta, ato de endireitar”,
relacionado a “derigere”, “alinhar, tornar reto, guiar” [grifo nosso], formado por “de”,
“fora”, mais “regere”, “guiar, governar”.
198
ambiente;
Utilizar vegetação ornamental e funcional de fácil manutenção,
segura (sem espinhos e toxidade) e também, que sirva de
aprendizagem, por proporcionar variações de texturas, de
iluminação, de temperatura e sons, etc. A vegetação escolhida
auxilia no processo de aprendizagem, como as espécies cuja
floração em estações distintas exalam cheiros diferentes e
agradáveis que despertam o imaginário;
Viabilizar conexões visuais através de terraços e áreas
avarandadas, permitindo apropriação;
Na organização e na setorização das áreas de vivência e
recreação, prever espaços cobertos (como varandas) que possam
oferecer a oportunidade de utilização em dias chuvosos ou a
flexibilidade de uso para atividades diferenciadas. Essas áreas
cobertas com forma e posição também, devem considerar a
canalização dos ventos e a insolação, porque ambos são
prejudiciais em excesso;
Proporcionar diferentes espaços para apropriação espontânea e
diversificada, por exemplo, para brincar de teatro, de dança, ou
simplesmente conversar. É interessante que as áreas externas
sejam abastecidas com objetos ou equipamentos soltos,
permitindo aos internos desenvolverem sua tendência natural
infanto-juvenil de fantasiar, a partir da associação com objetos,
pessoas e o ambiente;
Oferecer áreas mais reservadas que permitam, em certos
momentos, a preservação da individualidade ou o atendimento à
necessidade de concentração e isolamento;
Propor áreas pavimentadas para brincadeiras em piso
regularizado, além de espaço amplo e sem obstáculos para usos
variados de brincadeiras, socialização ou permanência
individual;
Quando for adotado o uso de equipamentos de parque infantil,
como balanços e gangorras, preferir pisos emborrachados ou
caixas de areia. Ainda, os aparelhos devem atender às normas
de segurança do fabricante e ser objeto de conservação e
manutenção periódicas;
É ideal que os terrenos sejam planos, mas em caso de
topografias acidentadas, trabalhar com a associação de platôs e
rampas para criação de ambientes externos de apropriação
acessíveis;
205
interpessoal;
As áreas expositivas de trabalhos com maior personalização do
ambiente (Figura 28);
O mobiliário que preveja a variação de público atendida.
das aprendizagens nos ambientes vêm das interações das crianças e dos
adolescentes com artefatos e materiais disponibilizados pelos adultos e a
partir dos exemplos vistos. A participação estimula a posse, a
apropriação e consequente, o sentido de pertencimento ao lugar, que
auxiliam no sentimento de sua preservação (Figura 32). Para efetivar a
participação, deve-se observar:
O mobiliário confortável, ergonômico e variações de mesas,
cadeiras e outros assentos e apoios. O envolvimento direto na
organização, pode ser facilitado pela utilização de móveis e
divisórias leves e fáceis de manusear;
A participação dos internos na preparação e distribuição dos
alimentos, para promover sentimento de pertencimento nas
atividades cotidianas e até mesmo, no ensinamento de hábitos
saudáveis de alimentação;
Há ainda, a necessidade de preparar os internos mais velhos
para o desligamento da instituição, quando completam a
maioridade. Para isso, o acesso deve ser irrestrito à cozinha,
com infraestrutura suficiente e adequada, além do
monitoramento passivo.
Diretriz 14 - Refúgios
Diretriz 17 - Controle
Diretriz 18 - Complexidade
Diretriz 19 - Restauração
Diretriz 20 - Legibilidade
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BOWLBY, John. Apego e perda. São Paulo: Ed. Martins Fontes, 1984.
3 v. 520 p.
CORRÊA. Mariza. A cidade de menores: uma utopia dos anos 30. In:
FREITAS, Marcos César de (org.). História social da infância no
Brasil. São Paulo: Ed. Cortez, 1997. p. 81-99.
245
______. Amos. House form and culture. Upper Saddle River, NJ:
Prentice-Hall, 1969. 150p.
252
2) Descrição:
Esta pesquisa é realizada pela pesquisadora responsável/orientadora
Marta Dischinger e pela pesquisadora principal/orientanda Aline Eyng
Savi junto ao Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo
(Pós-ARQ) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), na linha
de pesquisa Projeto e Tecnologia do Ambiente Construído, como
requisito parcial à obtenção do grau de Doutora em Arquitetura e
Urbanismo.
INSTITUIÇÃO
63
O artigo 170 é oferecido na forma de bolsa de estudos aos alunos economicamente
carentes pelo Estado de Santa Catarina, Brasil, de acordo com as Leis complementares nº
281/2005 e nº 296/2005.
269
PÁGINA 01 – DIA 01
270
PÁGINA 02 – DIA 01
271
272
273
274
Leitura:
Ambiente: social ou íntimo
Atividade: individual, relativa calma
Predomínio de cores escuras
Contraste de claro e escuro – nicho de luz
Dimensionamento aconchegante – nicho infantil
Indivíduo realiza atividade sozinho – gradiente
de intimidade
Aparente conforto – lareira
Fonte: Ulrike Schmitt-Hartmann, 201764. Relação interior e exterior – vistas, aberturas
naturais e janela com pinázios
Leitura:
Ambiente: social ou íntimo
Atividade: em conjunto, relativa calma
Predomínio de cores claras
Espaço de convívio – espaço físico congruente
espaço de convívio
Cobertura envolvente - Nicho infantil - Variação
de pé-direito
Ambiente junto a janela - Janela saliente para a
Fonte: Christopher Hopefitch, 201765. rua - Nicho de luz - Abertura natural - Luz
natural interna - Vistas – orientação solar para o
espaço externo
Janela com pinázios
Gradiente de privacidade com layout de conjunto
Leitura:
Ambiente: serviço
Atividade: em conjunto (adulto ajuda criança),
relativa ação
Predomínio de cores claras
Ambiência para as refeições
Luz natural interna
Diversidade de usuários
Materiais apropriados
Fonte: Karina Mansfield, 201766.
64
Disponível em: <http://www.gettyimages.pt/license/532777277>. Acesso em: 02 jan.
2017.
65
Disponível em: <http://www.gettyimages.pt/license/548914219>. Acesso em: 02 jan.
2017.
66
Disponível em: <http://www.gettyimages.pt/license/122128218>. Acesso em: 02 jan.
2017.
284
Leitura:
Ambiente: social ou íntimo
Atividade: em conjunto (criança ajuda criança),
relativa ação
Predomínio de cores quentes
Nicho infantil – escala do mobiliário
Sequência de nichos
Parede agradável ao tato
Fonte: H. Armstrong
Roberts/ClassicStock, 201770.
67
Disponível em: <http://www.gettyimages.pt/license/143800545>. Acesso em: 02 jan.
2017.
68
Disponível em: <http://www.gettyimages.pt/license/598308279>. Acesso em: 02 jan.
2017.
69
Disponível em: <http://www.gettyimages.pt/license/479632417>. Acesso em: 02 jan.
2017.
70
Disponível em: <http://www.gettyimages.pt/license/563943071>. Acesso em: 02 jan.
2017.
285
Leitura:
Ambiente: social ou serviço
Atividade: em conjunto, relativa ação
Predomínio de cores claras
Espaço físico congruente espaço de convívio
Ambiência para as refeições
Gradiente de intimidade – aglomeração
Aberturas naturais – orientação solar para o
espaço externo – luz natural interna
Fonte: Tim Macpherson, 201771. Diversidade de usuários
Leitura:
Ambiente: social ou serviço
Atividade: em conjunto, relativa ação
Predomínio de cores claras
Espaço físico congruente espaço de convívio
Ambiência para as refeições
Gradiente de intimidade – aglomeração
Aberturas naturais – orientação solar para o
espaço externo – luz natural interna
Fonte: Persson, Magnus, Per, 201772. Diversidade de usuários
Leitura:
Ambiente: íntimo
Atividade: em conjunto (adulto ajuda criança),
relativa ação
Ambiente sem variação de cores
Nicho para dormir
Diversidade de usuários
Materiais apropriados
71
Disponível em: <http://www.gettyimages.pt/license/91531630>. Acesso em: 02 jan.
2017.
72
Disponível em: <http://www.gettyimages.pt/license/97432761>. Acesso em: 02 jan.
2017.
73
Disponível em: <http://www.gettyimages.pt/license/92568270>. Acesso em 02 jan.
2017.
286
74
Os internos costumam chamar de “tia” os funcionários da INSTITUIÇÃO.
287
CRIANÇA 01
“Eu fiz uma casa assim com cores. Porque cores são legais numa casa. Ela também tem porta e
janela, grande e pequena, para todo mundo olhar. [...] Coloquei uma piscina do lado. Eu queria
ter uma piscina.”
CRIANÇA 02
“Minha casa tem muita cor! É assim que eu gosto! Ela tem de parecer uma casa feliz! Cheia de
coisa e de gente!”
293
CRIANÇA 03
“Minha casa tem janelas grandes, para a gente ver a rua!”
CRIANÇA 04
“Minha casa é grande para caber todo mundo. As janelas são pequenas porque as vezes eu
queria ter mais lugar de criança aqui. Lugar onde cabe só uns poucos amigos. Tem piscina
também. Deve ser legal ter piscina”.
294
ADOLESCENTE 06
“Minha casa é grande. Igual essa daqui. Ela tem flor e jardim. Aqui não tem flor. Eu gosto de
flor porque deixa a casa bonita. A casa é colorida. Porque casa colorida é casa feliz, que tem
gente morando. Eu não desenhei porta. Para a gente ficar aqui dentro, protegido”.
ADOLESCENTE 07
“Essa casa é colorida. A casa precisa ser assim! Ter coisas coloridas. Isso mostra que muitos
fazem parte. Colocam suas coisas. Tudo igual não é casa. As flores deixam tudo mais bonito!
Fiz um sótão! Ali podia ser o meu lugar.”
295
externa coberta, permitindo atividades mesmo em dias de chuva. A ideia de ter diferentes
escalas para a criança se apropriar do ambiente é maravilhoso e pensar num ambiente
flexível seria fundamental, visto que muitas crianças ficam até com medo dos corredores
do quarto quando eles ficam sem muito uso. Afinal são menos iluminados e para as
crianças parece grande, longo (ADULTO 06).
temos dificuldade de monitorar a distância tudo o que acontece. Afinal a gente entende
que o isolamento as vezes é necessário, mas nesse cenário, fica difícil permitir. Outra
coisa é pensar nas funcionárias. A única que efetivamente tem possibilidade de
privacidade é quem cuida da cozinha. Porque ali as crianças acessam apenas pelo
passa-prato ou quanto é autorizado o acesso, percorrendo a área de serviço. As demais
funcionárias, vivem o coletivo da casa. Sem privacidade nenhuma (ADULTO 06).
3. Áreas comuns articuladas e com uso de convívio (129 - “common areas at the
heart”)
Aqui temos a sala que é articulada, com diferentes usos. Isso é muito importante. Nos
permite valorizar o convívio coletivo, as relações pessoais. Essa é uma questão muito
importante num lugar como este (ADULTO 02).
Acho que a sala é perfeita em seu tamanho e também concordo que ela deveria ter mais
coisas que lembrassem o mundo infantil ou juvenil, seja como a gente trate. Afinal aqui,
eles [órgãos fiscalizadores] dizem que não deve ser uma casa de permanência, dessa
maneira entendo que poderíamos deixar pelo menos a sala, mais próximo desse modo
infantil de ver o mundo (ADULTO 03).
Sim a sala seria o nosso espaço de uso comum articulado. É aqui que as principais
atividades da casa acontecem. Ela é tem um tamanho bom. Só penso que podia ser mais
alegre e com mobiliários mais bonitos, que lembrassem um pouco esse universo infantil
(ADULTO 04).
Acho que essa articulação de espaços da sala é extremamente importante para a
socialização dos internos. Acho que a única coisa que completaria seria uma área
coberta, como uma varanda, porque essa que tínhamos, nós fechamos. Acho que se ela
voltasse a ser aberta, seria interessante. Teríamos assim, um local integrado para
interno e outro com ligação para a rua, para a área externa da casa, como um jardim. E
a convivência integrada, mas com diferentes possibilidades de estares é muito importante
num local que recebe crianças e adolescentes com tão distintas idades e perfis (ADULTO
06).
(ADULTO 03).
Criar esses ambientes é muito importante para o acolhimento. Tentamos fazer isso
especialmente nos quartos, com as camas. Acho também que os ambientes aqui na casa
são muito claros para que servem, sala, cozinha, banheiro e quartos (ADULTO 04).
Essa ideia de criar ambientes é muito importante. Penso que na escala da casa talvez já
conseguimos, apesar de também concordar com a importância de alguns ambientes
serem um pouco mais coloridos. Penso que onde podemos evoluir é criar ambientes para
a escala infantil. Eles gostam desses cantinhos e isso também, é importante para a
formação psicológica deles (ADULTO 05).
Concordo muito com essa ideia da escala da criança. Não é possível em todos os
ambientes, mas se faz necessária para que eles possam se sentir pertencentes a essa
casa, mesmo que eles saibam que por curtos períodos de tempo (ADULTO 06).